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E ATUAIS DE MOLDAGEM
EM PRÓTESES FIXAS
Ricardo Alexandre Zavanelli
Adriana Cristina Zavanelli
Jaqueline Barbosa Magalhães
Wagner Nunes de Paula
Leandro Carvalho Cardoso
Gláuberton Ricardo Barbosa Lima
Bruno Rodrigues Gonçalves de Oliveira
Caroline Cantieri de Melo
José Vitor Quinelli Mazaro
INTRODUÇÃO
A obtenção de sucesso clínico traduzido pela longevidade das restaurações indiretas está in-
timamente relacionada a todos os procedimentos de execução técnica da prótese dentária.1
As fases clínicas e laboratoriais de confecção da prótese parcial fixa (PPF) atuam como o
elo de uma corrente, e, caso algum elo se rompa, a corrente estará fragilizada, ocorrendo
da mesma forma com todas as etapas de confecção da prótese, que poderão fracassar caso
alguma fase seja negligenciada.2,3
ESQUEMA CONCEITUAL
Moldagem, molde e modelo
Moldagem digital
Conclusão
Figura 1 – Ilustração referente à individualização Figura 2 – Ilustração do molde obtido, cujo trans-
do transferente de moldagem do munhão universal ferente do munhão universal personalizado com
com resina acrílica duralay vermelha na região do resina duralay vermelha foi arrastado no molde e,
dente 21 para moldagem do perfil de emergência posteriormente, será inserido o análogo desse pilar,
do provisório já condicionado; também é possível que será vazado com gesso para a obtenção do mo-
visualizar a inserção do fio de afastamento gengival delo de trabalho da PPF. Observa-se que a técnica
inserido na região cervical em forma de costura com de moldagem utilizada foi a moldagem simultânea,
auxílio de espátula apropriada (espátula de inserção em que o material pesado foi manipulado e inseri-
de fio da Ultradent). do na moldeira de estoque e o material fluido foi
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. inserido no interior do sulco gengival, ao redor dos
dentes preparados e do transferente de moldagem
para que, em seguida, receba a moldeira carregada
e execute uma única tomada.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Vale ressaltar que a moldagem não se limita ao ato em si de moldar, mas envolve também
todas as etapas prévias à obtenção do molde, como:
§ o correto posicionamento do paciente e do profissional em relação à cadeira odonto-
lógica;
§ a seleção adequada da moldeira e a sua individualização em relação à arcada (caso
isso seja necessário);
§ o preparo, o proporcionamento e o manuseio adequados do material de moldagem;
§ o carregamento da moldeira selecionada com o material de moldagem;
§ a introdução, centralização, aprofundamento, manutenção da posição e a remoção
da moldeira da boca do paciente;
§ as orientações que devem ser dadas previamente ao paciente sobre o procedimento,
para que ele tenha menos desconforto durante o ato de moldar.
Dessa forma, o resultado da moldagem será o molde (cópia negativa) da arcada dentária e
das estruturas adjacentes (tecido mole e rebordo alveolar), sobre o qual será vazado o gesso,
normalmente um gesso do tipo IV ou V, que apresenta alta dureza, e o modelo obtido
será denominado de modelo de trabalho.6,7,9-13
O modelo de trabalho também pode ser obtido de forma individual, de um único dente
preparado ou de um conjunto de dentes preparados, como forma de facilitar a execução
das etapas laboratoriais de enceramento e confecção das estruturas metálicas ou metal
free pelo técnico de prótese dental (TPD), modelo de gesso individual conhecido com
troquel.9,12,14-19 O troquel poderá ser obtido no momento do vazamento do molde ou pos-
teriormente ao vazamento, recebendo o nome de troquelização do molde ou do modelo de
trabalho (Figuras 5 e 6).9,12,14-17
Em algumas situações clínicas (como, por exemplo, PPF de região anterior e dentes com
coroa clínica curta), será necessário posicionar o término cervical de forma subgengival para
se obter estética e melhor retenção friccional da PPF, e, nesses casos, deve-se ter máxima
atenção e cooperação do paciente na manutenção adequada da remoção da placa bac-
teriana, sob pena de desenvolvimento de processo carioso nessa região, que é a principal
causa de fracasso de uma PPF.2,22,25
Ainda nesse contexto de domínio e realização das técnicas de moldagem, é digno de nota
ressaltar que o crescente, amplo e sedimentado uso dos implantes osseointegrados para a
reabilitação bucal dos pacientes com as próteses sobre implantes (PSIs) tem criado situações
clínicas envolvendo a confecção de PPFs associadas às PSIs no mesmo procedimento de molda-
gem, e, diante desse fato, o profissional deverá associar técnicas de moldagem para obter o
molde com o máximo de exatidão, pois a técnica irá envolver o afastamento gengival asso-
ciado à colocação de transferentes de moldagem dos implantes ou de pilares intermediários.
Diante do exposto, o objetivo deste artigo é discorrer sobre as principais técnicas de molda-
gens utilizadas em PPFs e as suas associações com outras situações clínicas, além de relatar,
objetivamente, a classificação dos materiais de moldagens utilizados apenas em PPFs e dis-
cutir algumas de suas propriedades com aplicabilidade clínica, a fim de elucidar as frequen-
tes dúvidas dos profissionais e tornar esse procedimento o mais exato possível e o menos
estressante.
Quadro 1
CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS DE MOLDAGEM COM RELAÇÃO À ELASTICIDADE E AO
TIPO DE PRESA
Fonte: Adaptado de Cunha e colaboradores (2014);4 Martins e Chain (2013);5 Chu e colaboradores (1997);22 Cranin
e colaboradores (1965);31 Donovan e Chee (2004);32 Rubel (2007);33 Solomon (1975);34 Solomon (1973).35
Porém, vale ressaltar que os elastômeros também podem ser empregados em rebordos
totalmente desdentados. Este artigo irá abordar apenas os materiais elásticos do tipo elas-
tômeros (polissulfetos ou mercaptanas, poliéteres, silicones de condensação e silicones de
adição) quando indicados para as PPFs.
Tempo de Até uma hora Até sete dias Imediato De uma hora
vazamento (a seco) até sete dias
Fonte: Adaptado de Cunha e colaboradores (2014);4 Martins e Chain (2013);5 Donovan e Chee (2004);32 Rubel
(2007);33 Solomon (1975).34
Ressaltam-se, nesse momento, duas características que os autores julgam necessárias que os
materiais elastoméricos apresentem para a obtenção de moldagem-molde-modelo adequa
da: tixotropia e hidrofilia balanceada.
CARACTERÍSTICAS DE UM MATERIAL
DE MOLDAGEM IDEAL
Para a obtenção de uma moldagem adequada, é necessário que o material de moldagem
contemple, positivamente, os pacientes (proporcionando uma experiência positiva e me-
nos traumática), o profissional e o seu auxiliar (por dispor de um ambiente com poucos
acessórios, com fácil manipulação e tempo curto de presa, além de bom custo-benefício), e
o TPD (sendo estável em trânsito até chegar ao laboratório, apresentando possibilidade de
segundo vazamento e fácil remoção dos modelos de gesso), além de preencher os seguintes
requisitos:4,5,22,31-35
§ o material deve ser inócuo ou atóxico aos tecidos bucais e apresentar odor neutro;
§ o tempo de presa deve ser satisfatório, permitindo um tempo de trabalho e presa em
curto período de tempo, sem escoar demasiadamente ou causar ânsia de vômito;
§ após a presa, a cor do material deve diferenciar e identificar os detalhes do preparo
e do término cervical;
§ o material deve ser de fácil remoção da boca e do modelo de gesso, e não deve sofrer
distorções ou rasgamento após a remoção;
§ o material deve apresentar estabilidade dimensional frente às mudanças de t emperatura;
§ o material deve apresentar compatibilidade com os materiais de vazamento;
ATIVIDADE
1. O que é moldagem?
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4. Por que a indicação clínica dos materiais anelásticos é restrita aos pacientes desdentados
totais?
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Figura 8 – Sequência ilustrativa da técnica de moldagem com o uso de casquete para promover o afasta-
mento gengival de forma mecânica. A) Observa-se o molde parcial obtido antes da cimentação da coroa
provisória e o seu respectivo modelo de gesso da região do dente 22; B-F) é possível observar a confecção do
casquete de resina acrílica incolor sobre o modelo de gesso, que recebeu uma evidenciação e delimitação da
região do término cervical, alívio com cera e confecção propriamente dita do casquete.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
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Figura 9 – Sequência ilustrativa da técnica de moldagem com o uso de casquete para promover o afastamen-
to gengival de forma mecânica. A) Observa-se a prova do casquete reembasado com resina acrílica duralay
vermelha já em posição; B) nota-se a aplicação do adesivo no interior do casquete; C) ilustra-se o casquete
em posição com o material de moldagem de consistência regular do tipo poliéter; D) observa-se o molde com
o casquete já arrastado e pronto para receber o processo de troquelização ilustrado em (E) e já com o pino
de troquel fixado ao molde com o auxílio de alfinetes.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
D E F
G H
Figura 10 – A-C) Nota-se a imagem de quatro fios de retração da empresa FGM (Pro-Retract, FGM Produ-
tos Odontológicos, Joinville, Santa Catarina). A linha é composta por sete fios com espessuras diferentes,
variando de #0000 (ultra ultrafina de cor azul marinho), #000 (ultra extrafino de cor branco com preto), #00
(extrafino de cor amarelo com preto), #0 (fino de cor violeta com preto), #1 (médio de cor azul com preto), #2
(grosso de cor verde com preto) e #3 (extragrosso de cor vermelha com preto). Esses fios da FGM são confec-
cionados com fibra de algodão não impregnados e com alto poder de absorção. D) Observam-se três frascos
da linha de fios de retração da empresa Ultradent do Brasil (Ultrapak, Ultradent do Brasil, Indaiatuba, São
Paulo). A empresa disponibiliza seis frascos de numeração #000 (cor preta), #00 (cor amarela), #0 (cor rosa),
#1 (cor azul), #2 (cor verde) e #3 (cor vermelha). Esses fios de retração devem ser cortados adequadamente
e impregnados com as soluções químicas. Há várias soluções químicas disponíveis; no entanto, o cloreto de
alumínio se destaca pela ação adstringente, não apresentando epinefrina e promovendo o controle da umi-
dade e do sangramento sem interferir na polimerização do material de moldagem, como ocorre com outras
substâncias, como o sulfato férrico. E-G) Assim, a maioria dos fabricantes disponibiliza a solução de cloreto
de alumínio a 25%. H) É possível visualizar a espátula de inserção de fio de retração (espátula de inserção da
Ultradent) que auxilia na inserção adequada do fio, sem traumatizar os tecidos.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
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Fonte: Adaptado de Cunha e colaboradores (2014);4 Martins e Chain (2013);5 Pádua (1998);10 Chu e colaboradores
(1997);22 Cranin e colaboradores (1965);31 Solomon (1975);34 Solomon (1973).35
Figura 12 – A-B) Imagem ilustrativa de um exemplo de marca comercial de pasta adstringente para a rea-
lização do afastamento gengival pelo método químico. Essa pasta da empresa 3M (pasta adstringente para
afastamento gengival, 3M Espe) é aplicada sobre a região cervical gengival na qual está localizado o término
cervical do preparo dental e ficará em posição por dois minutos. Decorrido esse período, deve-se removê-la
com o auxílio de jatos de ar-água e realizar o procedimento de moldagem pela técnica da moldagem única
ou dupla. É possível a associação da pasta com o fio de retração gengival. A pasta irá proporcionar um campo
seco e limpo devidamente apropriado para a moldagem.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
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Uma descrição mais aprofundada das possibilidades das técnicas de moldagem, do tipo e
da extensão da moldeira utilizada, da necessidade de abertura bucal ou não, da pressão
exercida sobre os tecidos, do uso de transferentes de moldagem da posição dos implantes
ou dos pilares intermediários e do número de passos ou etapas foi relatada por Chu e cola
boradores,22 e segue, a seguir, ilustrada nas Figuras 14 a 19, sendo resumida e adaptada no
Quadro 4.
A B C
Figura 14 – Imagem ilustrativa das principais moldeiras metálicas e plásticas de estoque. A) Nota-se o kit
de moldeiras metálicas não perfuradas do tipo vernes e feitas em aço inox; B) observa-se o kit de moldeiras
metálicas perfuradas do tipo AG e feitas em alumínio; ambos os kits são indicados para a obtenção de molda-
gens e modelos de estudo, de transferência ou de trabalho; para as moldagens e transferência da posição dos
implantes ou de pilares intermediários pela técnica do arrasto com os transferentes indicados em moldeiras
abertas, indicam-se as moldeiras de plástico ou as moldeiras individuais de resina acrílica, como ilustrado em
(C). C) Identificam-se as moldeiras parciais, indicadas para a obtenção de modelos intermediários requeridos
para a confecção dos casquetes de resina acrílica.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Figura 16 – Imagem ilustrativa do pilar intermediário denominado de minipilar cônico com o seu respectivo
transferente de moldagem indicado para a moldagem com moldeira aberta (plástica de estoque ou individual
de resina acrílica) – “b”, que será perfurada para o acesso ao parafuso do transferente que será arrastado
com o molde. É possível observar, também, o análogo do respectivo minipilar cônico – “d”, e seu cilindro de
fundição laboratorial – “f”, componente que será usado em laboratório para a confecção da futura estrutura
da PSI, juntamente com o respectivo parafuso de fixação. Os marcadores “a”, “c” e “e”, representam os
minipilares intermediários para os implantes de HE-“a”, HI-“c”, CM-“e”.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Assim, essa rotina de passos e etapas deverá ser seguida para todos os casos de molda-
gem, independente da técnica de moldagem selecionada.
14. O processo de desinfecção deve ocorrer antes do vazamento do molde com solução
química apropriada, como o hipoclorito de sódio a ............................... ou com ácido
.........................., que será borrifado sobre o molde e armazenado em recipiente fe-
chado por .................................. Em seguida, o profissional deve fazer a opção pelo
troquelamento pré ou pós-vazamento. Assinale a alternativa que contém as opções que
preenchem corretamente as lacunas:
A) 0,1% por 10 minutos; peracético; 10 minutos.
B) 0,1% por 5 minutos; acético; 5 minutos.
C) 1% por 5 minutos; peracético; 10 minutos.
D) 1% por 10 minutos; acético; 5 minutos.
Resposta no final do artigo
Dessa forma, um preparo dental homogêneo, bem definido e com acabamento adequado,
a correta execução do procedimento de moldagem e o seu respectivo afastamento do tecido
gengival irão proporcionar a exposição do término cervical e o TPD terá todas as condições
ideais para se confeccionar a PPF com a melhor adaptação possível.
O casquete de moldagem deve ser confeccionado com resina acrílica incolor ativada quimi-
camente sobre um modelo de gesso dos preparos dentais previamente obtido sob o qual os
casquetes serão confeccionados. Também existe a possibilidade de se confeccionar os cas-
quetes de moldagem a partir das coroas provisórias; no entanto, poderá ocorrer contração
de polimerização. O modelo de gesso deve receber um alívio em cera nas paredes axiais e
oclusal ou incisal do preparo, salvo a região cervical, para prover espaço interno no casquete
e, por conseguinte, ao material de moldagem.
Em adição, existem pacientes que são alérgicos ao uso do monômero da resina acrílica,
o que impossibilitaria a sua utilização para o reembasamento do casquete. Nesses casos, e
como alternativa ao reembasamento da resina acrílica na boca do paciente, o casquete será
realizado no modelo de gesso e reembasado com silicone denso, seguido pelo silicone de
alta fluidez para o refinamento do molde.39
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Figura 24 – Sequência de um caso clínico de laminados cerâmicos em que a paciente se queixava de dentes
curtos e desnivelados. A) Nota-se o aspecto inicial do caso; B) os dentes 11, 12, 21 e 22 foram preparados
de forma minimamente invasiva e já com o fio de retração gengival inserido; C-D) é possível observar o fio
de retração já removido e a inserção do material de consistência leve ou fluida. Nota-se que, após a inserção
do material leve, deve-se jogar leves jatos de ar para distribuir o leve e minimizar a presença de bolhas; E)
ilustra-se o carregamento da moldeira de estoque com o material pesado e sobre ele foi aplicado o material
leve, e ambos foram levados em posição, para a realização da moldagem simultânea (técnica de passo único)
com o material de moldagem da empresa Heraeus, chamado de Flexitime (F), um silicone de adição com
ótimas propriedades de hidrofilia e tixotropia; G-H) observam-se os laminados cerâmicos confeccionados; I)
apresenta-se o aspecto final do caso.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
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Figura 26 – Silicone de condensação da marca Nova Figura 27 – Silicone de adição da marca Ivoclar Viva-
DFL, denominado de Clonage, que também pode dent, denominado de Virtual, que também pode ser
ser utilizado (assim como os outros silicones de con- utilizado (assim como os outros silicones de adição
densação – Optosil/Xantopren da Heraeus; Perfil da – Express XT da 3M; Silagum ou Honigum da DMG;
Vigodent; Precise SX da Dentsply) para a realização Flexitime da Heraeus) para a realização da molda-
da moldagem pela técnica de passo único ou na téc- gem pela técnica de passo único ou na técnica de
nica de dois passos. Vale ressaltar que as proprieda- dois passos. Vale ressaltar que as propriedades dos
des dos silicones de condensação são muito inferio- silicones de adição são muito superiores em relação
res em relação aos de adição (ver Quadro 2). aos de condensação (ver Quadro 2).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Os fios são embebidos por substâncias químicas e colocados no interior do sulco gengival,
abaixo do nível do término cervical do dente preparado, criando espaço para o material de
moldagem. Essas soluções promovem a diminuição do fluido sulcular e o sangramento local,
fato essencial para a obtenção de um campo seco e uma correta cópia da região de interesse.
A solução de cloreto de alumínio tem sido melhor usada, considerando a sua eficácia
e a sua ausência de efeitos colaterais, como taquicardia, aumento da pressão arterial e da
frequência cardíaca. Vale ressaltar que há outras soluções químicas, como o sulfato férrico,
que podem interferir na reação de presa dos materiais de moldagem e por isso são menos
utilizadas.
A seleção da espessura do fio deve ser selecionada de acordo com o biótipo presente,
somado à profundidade do sulco e à quantidade de gengiva inserida. Os fios da Ultrapak-
Ultradent possuem seis numerações (sendo os números #0, #00 e #000 os mais usados e
correspondendo à espessura de 1,2mm, 0,8mm e 0,5mm). Pode-se inserir um ou dois fios
de retração, que devem ser selecionados de acordo com a situação clínica.
Ao mesmo tempo em que se manipula o material leve, deve-se manipular o material denso,
que é colocado em toda a extensão da moldeira de estoque previamente selecionada, assim
como uma pequena camada de material leve. Essa técnica é conhecida como dupla mistura
ou moldagem simultânea ou moldagem única, cujos materiais – denso e leve – são prepara-
dos e manipulados em um só tempo.
A introdução da moldeira com o material de moldagem deve ser feita de forma uniforme
(aprofundada em um único sentido) para não ocorrer distorções, inserção essa diferente da
realizada com os alginatos, que ocorre normalmente da região posterior para a anterior.
Essa técnica de moldagem também poderá ser realizada em dois tempos clínicos, ou seja,
uma primeira etapa executada apenas com o material denso (que pode ser aliviado, pos-
teriormente ou no momento de sua introdução, com movimentos de entrada e saída para
proporcionar espaço ao material leve), e, em seguida, a aplicação do material de consistên-
cia leve, que será usado para a cópia dos detalhes do término cervical e das áreas retentivas.
Essa primeira etapa da moldagem realizada apenas com o denso poderá ser executada so-
bre a restauração provisória (não havendo a necessidade de alívio posterior do material
denso) ou utilizando sobre o pesado (antes de sua inserção) um espaçador do tipo papel
celofane, que irá promover o alívio necessário ao material leve. Esse alívio também pode
ser realizado após essa primeira etapa de moldagem, após a reação de presa do material
denso e o uso de broca maxicut ou algum instrumental cortante que irá remover as áreas
retentivas e promover o espaço para que o leve possa copiar os detalhes do término cervical
e do preparo dental.
Com o molde obtido, procede-se ao vazamento com o auxílio de gesso especial e o labo-
ratório poderá realizar o procedimento de troquelização dos dentes preparados no mo-
mento do vazamento ou posteriormente ao vazamento.
ATIVIDADE
17. Por que a técnica de moldagem com casquete recebe diversas contestações?
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18. Quais são os elastômeros indicados para a técnica de moldagem simultânea ou dupla
moldagem? Por quê?
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19. Na técnica de moldagem com fio retrator, ele deverá respeitar as distâncias médias do
sulco gengival e epitélio juncional de .................. e ........................., respectivamente,
para não causar iatrogenia e dano a essas estruturas. Assinale a alternativa que contém
as opções que preenchem corretamente as lacunas.
A) 0,97mm; 0,69mm.
B) 0,79mm; 0,96mm.
C) 0,69mm; 0,97mm.
D) 0,96mm; 0,79mm.
Resposta no final do artigo
20. Explique a ordem de inserção, localização e tipo de fio utilizado na técnica de moldagem
com dois fios de retração.
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Para essa transferência, poderá ser utilizada uma moldeira fechada ou aberta, de acordo
com a preferência do profissional em relação ao arrasto ou à reposição dos transferentes,
ou seja, caso sejam utilizados transferentes de arrasto, deve-se utilizar uma moldeira de
estoque de plástico ou uma moldeira individual de resina acrílica, que deverá ser perfurada
para permitir a passagem do parafuso na região do transferente de arrasto.
C D
Figura 28 – Sequência ilustrativa de moldagem com moldeira aberta, uso de silicone de condensação (Clona-
ge da Nova DFL) e transferentes de arrasto. A) Nota-se a importância do correto proporcionamento do mate-
rial pesado para que não haja interferência no tempo de presa do material; B) o catalisador é proporcionado
sobre o pesado de acordo com as recomendações do fabricante; C) o complemento da técnica de moldagem
simultânea, cujo material pesado é empregado sobre a moldeira e o leve é dispensado ao redor dos trans-
ferentes de moldagem e também sobre o pesado, que já está sobre a moldeira para que, em seguida, esse
conjunto seja levado em posição; D) após presa do material, desparafusam-se os transferentes e remove-se
a moldeira para a obtenção do molde. Essa sequência foi ilustrada com um silicone de condensação por se
tratar de hands on de treinamento laboratorial.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B C
Caso o profissional opte pelo uso de moldeira individual de resina acrílica, pode-se
utilizar um elastômero à base de polissulfeto ou poliéter, tomando-se o cuidado
de escolher um elastômero com pequena resistência ao rasgamento, uma vez que
estará sendo realizada a transferência de regiões retentivas e, dessa forma, poderá
causar desconforto ao paciente pela dificuldade de remoção da moldeira.
Quadro 5
PRINCIPAIS ERROS DA TOMADA DAS MOLDAGENS
B C
A D E
F G
Figura 31 – Sistema de automistura da empresa 3M Espe, denominado Pentamix. A) Pode-se verificar a má-
quina utilizada para proporcionar a automistura do material de consistência pesada; B) nota-se a montagem
da máquina com a colocação da ponta misturadora no aparelho; C) apresentam-se os cartuchos ou “salsi-
chões” utilizados; D) notam-se os cartuchos carregados na máquina e o auxiliar do profissional iniciando a
mistura e dispensando a primeira, para, em seguida, carregar a moldeira selecionada; E-G) nota-se a inserção
do material de consistência leve no interior do sulco gengival e sobre o pesado já carregado, e que será levado
em posição na técnica da moldagem simultânea para a obtenção do molde.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B D
E F G
MOLDAGEM DIGITAL
A automatização da produção odontológica e a realização da moldagem digital tornaram-se
possíveis a partir do desenvolvimento dos Sistemas CAD/CAM. Esses sistemas, que inicial-
mente eram utilizados principalmente nas indústrias aeroespacial e automobilística,44 foram
adaptados para acelerar e otimizar a produção odontológica.29,45 Alguns procedimentos
básicos da PPF, como a confecção de um modelo mestre ou até mesmo a aplicação de
inúmeras camadas de porcelana, puderam ser facilitados ou completamente substituídos
por ferramentas e dispositivos totalmente computadorizados.8
E, por último, uma máquina denominada de fresadora, que é a responsável pela materializa
ção ou fresagem de todo o planejamento realizado no software46 (Figura 36).
Apesar das inúmeras vantagens advindas a partir da introdução dos Sistemas CAD/CAM,
será detalhada apenas a incorporação das moldagens digitais na Odontologia, com aponta-
mento das principais vantagens e desvantagens da digitalização dos preparos den-
tários por meio dos métodos intraorais, discorrendo rapidamente a respeito dos escâneres
disponíveis no mercado odontológico e os seus mecanismos de ação.
Do mesmo modo, também estão disponíveis os escâneres que atuam por meio de diferen-
tes mecanismos de ação. De uma forma simples e rápida, existem aqueles como o Cerec
Bluecam (Sirona), por exemplo, que capturam as imagens fundamentados no princípio de
triangulação da luz, nos quais a intersecção de três feixes de luz linear é utilizada para
localizar um determinado ponto no espaço.
No entanto, se a luz emitida for dispersada de maneira irregular ou não refletir uniforme-
mente, pode comprometer a fidelidade das estruturas escaneadas. Por esse motivo, na
maioria dos sistemas que atuam por meio desse mecanismo, o fabricante recomenda a
Outros sistemas, como o iTero (Cadent), realizam as capturas das imagens por intermédio
do princípio da imageologia confocal paralela, na qual o escâner irá emitir um feixe de
luz para a superfície do dente a ser escaneado e apenas o objeto que estiver a distância focal
correta irá refletir a luz emitida por meio do dispositivo de filtragem.53
Ou, ainda, aqueles que, assim como o Lava C.O.S. (3M Espe), realizam o escaneamento
a partir da tecnologia de amostragem de frente de onda ativa. Nesses sistemas, os tecidos
duros e moles são iluminados por 192 luzes azuis de LED, sendo a luz refletida transmitida
por meio de 22 lentes e finalmente as imagens são capturadas por sensores CCD separados.
Dessa forma, por meio de um sistema de algoritmo as imagens são reconhecidas e até
mesmo corrigidas pelo sistema, de acordo com o escaneamento que vai sendo realizado em
cada elemento dentário. Nesse caso, o fabricante também recomenda a aplicação de um pó
de contraste, a fim de facilitar a sobreposição das imagens obtidas para a confecção do
modelo virtual e planejamento no software.6
Entre outros mecanismos de ação dos escâneres intraorais disponíveis no mercado odon-
tológico, para a realização da moldagem digital, o importante é ressaltar que todos estão
em busca do mesmo objetivo: eliminar os problemas advindos da realização de uma
moldagem convencional.
Contudo, realizando-se a moldagem digital, não são gerados modelos de gesso, que mui-
tas vezes impossibilitam ou dificultam a aplicação da cerâmica de cobertura, que poderá
comprometer o sucesso de um tratamento reabilitador, principalmente em regiões de alta
exigência estética. Nesses casos, alguns profissionais optam por realizar, após a moldagem
digital, uma moldagem convencional com material de moldagem hidrocoloide irrever-
sível que permitirá a confecção de um modelo de gesso a ser troquelado.
A partir dessa breve discussão em relação à moldagem digital, nota-se que é uma
tendência que vem sendo cada vez mais desenvolvida e utilizada na rotina da clí-
nica odontológica. Por esses mesmos motivos, apesar de atualmente ainda ser
necessário um alto valor de investimento inicial para a aquisição de Sistemas CAD/
CAM capazes de realizar a moldagem digital, já se percebe uma redução nesses
valores, que tende a tornar cada vez mais favorável o custo-benefício da utilização
desses sistemas e a digitalização de algumas etapas clínicas e laboratoriais.
22. Sobre os principais erros da tomada das moldagens, numere a segunda coluna de acor-
do com a primeira.
(1) Presença de estrias de mistura do mate- ( ) Polimerização incompleta
rial leve e/ou pesado, material não po- ( ) Uso de moldeiras incorretas
limerizado. ( ) Uso de material vencido
(2) Presença de vazios, bolhas, marcas de ( ) Movimentação da moldeira
arrasto ou distorção, separação do ma- ( ) Remoção prematura da moldagem
terial leve e pesado. ( ) Não uso de adesivos
(3) Rasgamento do material de moldagem. ( ) Endurecimento muito rápido
(4) Separação do material da moldeira. ( ) Volume inadequado de material
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) 4, 3, 2, 1, 4, 1, 2, 3.
B) 3, 4, 1, 2, 1, 4, 2, 3.
C) 3, 4, 1, 2, 1, 4, 3, 2.
D) 4, 3, 2, 1, 4, 1, 3, 2.
Resposta no final do artigo
23. Os Sistemas CAD/CAM contam com três componentes básicos, responsáveis por todas
as etapas de um processo de produção odontológica. Aponte-os.
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24. Por meio da moldagem digital são eliminadas algumas desvantagens inerentes à confec-
ção de um modelo de gesso. Indique-as.
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CONCLUSÃO
Considerando o assunto abordado e as limitações deste artigo à luz da literatura científica,
pode-se concluir que:
§ o uso da técnica de moldagem única ou da dupla moldagem com moldeira de es-
toque, empregando-se o método químico-mecânico com fio retrator para o afasta-
mento gengival e aliado aos materiais elastoméricos do tipo silicones de adição, pode
agilizar o processo sem diminuir a precisão, a estabilidade e a reprodução de detalhes
nas restaurações que serão confeccionadas;
§ os elastômeros à base de poliéteres também apresentam propriedades positivas para
a obtenção de um modelo de trabalho com fidelidade e precisão; no entanto, re-
querem o uso de moldeiras individuais para a obtenção dos moldes e modelos de
trabalho em PPF;
§ os elastômeros à base de polissulfeto e os silicones de condensação apresentam me-
nor número de pontos positivos relacionados à sua precisão, mas também poderão
ser empregados, desde que se respeitem as propriedades e características desses
materiais, nos quais o polissulfeto está indicado para as moldagens com moldeira in-
dividual e os silicones de condensação para as moldagens com moldeira de estoque;
§ a realização da moldagem digital pode proporcionar uma experiência positiva aos
pacientes, com a diminuição do estresse e desconforto proporcionados pelas técnicas
de moldagens convencionais, mas o procedimento de escaneamento digital ainda
requer mais estudos científicos comprobatórios da técnica.
Atividade 5
Resposta: D
Comentário:
Quadro 2
TIPO DE MATERIAL ELÁSTICO, MARCAS COMERCIAIS E PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS
MATERIAIS ELASTOMÉRICOS
Tempo de Até uma hora Até sete dias Imediato De uma hora
vazamento (a seco) até sete dias
Fonte: Adaptado de Cunha e colaboradores (2014);4 Martins e Chain (2013);5 Donovan e Chee (2004);32 Rubel
(2007);33 Solomon (1975).34
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: De nada adianta um material de moldagem possuir excelentes características
de precisão se não possuir compatibilidade com os gessos odontológicos, materiais usados
para a confecção dos modelos.
Atividade 8
Resposta: D
Comentário: Existem quatro tipos de afastamento gengival indicados para a realização das
técnicas de moldagem em PPF. Os mais utilizados são os meios químico-mecânicos, em que
há o uso de fios de afastamento gengival que são embebidos em soluções químicas, como
o cloreto de alumínio, e que promovem a obtenção de um campo seco e sem sangramento.
Atividade 10
Resposta: B
Comentário: Há diversos tipos de moldeiras, sendo as de estoque metálicas (perfuradas ou
lisas) e as de plástico como os principais modelos. Existem também as moldeiras parciais
de estoque. Há também as moldeiras individuais, usadas principalmente para os pacientes
totalmente desdentados, mas também podem ser utilizadas em casos de PSI ou nas molda-
gens de transferência.
Atividade 14
Resposta: A
Comentário: O processo de desinfecção deve ocorrer antes do vazamento do molde com
solução química apropriada, como o hipoclorito de sódio a 0,1% por 10 minutos ou com
Atividade 15
Resposta: C
Comentário: Há basicamente três tipos de modelos em PPF. O principal é o modelo de traba-
lho, que será enviado ao LPF para a confecção das coroas protéticas da PPF. Os outros dois
são modelo de estudo e modelo de transferência.
Atividade 16
Resposta: C
Comentário: É prudente que os casquetes de resina acrílica sejam confeccionados 24 horas
antes do procedimento, pela sua contração de polimerização.
Atividade 19
Resposta: C
Comentário: O fio retrator deverá respeitar as distâncias médias do sulco gengival e epitélio
juncional de 0,69mm e 0,97mm, respectivamente, para não causar iatrogenia e dano a
essas estruturas.
Atividade 22
Resposta: B
Comentário: Mais detalhes sobre o assunto abordado na questão podem ser conferidos no
Quadro 5.
Quadro 5
PRINCIPAIS ERROS DA TOMADA DAS MOLDAGENS
REFERÊNCIAS
1. Baba NZ, Goodacre CJ, Jekki R, Won J. Gingival displacement for impression making in
fixed prosthodontics: contemporary principles, materials, and techniques. Dent Clin North
Am. 2014 Jan;58(1):45-68.
2. Goodacre CJ, Bernal G, Rungcharassaeng K, Kan JY. Clinical complications in fixed prosth-
odontics. J Prosthet Dent. 2003 Jul;90(1):31-41.
3. Mesquita VT, Rodrigues RA, Dias AHM, Azevedo CM, Batista AUD. Materiais e técnicas
de moldagem em prótese fixa: revisão de literatura. Saber Cient Odontol. 2012 Jan-
Jun;2(1):45-54.
4. Cunha CO, Rezende CE, Pegoraro LF. Moldagem e modelo de trabalho. In: Pegoraro LF.
Fundamentos de prótese fixa. São Paulo: Artes Médicas; 2014.
5. Martins BKL, Chain MC. Materiais para moldagem. In: Chain MC, editor. Materiais den-
tários. São Paulo: Artes Médicas; 2013.
6. Sears AW. Hydrocolloid impression technique for inlays and fixed bridges. Dent Digest.
1937;43:230-4.
Zavanelli RA, Zavanelli AC, Magalhães JB, Paula WN, Cardoso LC, Lima GRB, et al. Téc-
nicas convencionais e atuais de moldagem em próteses fixas. In: Associação Brasileira de
Odontologia; Pinto T, Verri FR, Carvalho Junior OB, organizadores. PRO-ODONTO PROTÉSE
E DENTÍSTICA Programa de Atualização em Prótese Odontológica e Dentística: Ciclo 7.
Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2016. p. 119-76. (Sistema de Educação Continuada
a Distância; v. 2).