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PPA 2024-2027
Orçamento e Finanças
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conteudista/s
Flávia Pedrosa Pereira (Conteudista, 2023).
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – A importância do modelo lógico como técnica de
planejamento
Unidade 1: A importância do planejamento governamental.............................. 6
1.1. Questões fundamentais do planejamento governamental.................................. 6
1.2. Instrumentos de planejamento e orçamento do Governo Federal................... 10
Unidade 2: O modelo lógico como técnica de planejamento............................ 16
2.1. Conceitos básicos e reflexões sobre a abordagem do Planejamento
Estratégico Situacional ................................................................................................... 16
2.2. A importância do Modelo Lógico ........................................................................... 18
Unidade 3: As camadas estruturais da cadeia causal........................................ 22
3.1. As camadas da cadeia causal integrantes do Modelo Lógico:
insumos, ações, produtos, resultados e impactos...................................................... 22
Unidade 4: A utilização do modelo lógico como referência para elaborar
programas do PPA.................................................................................................. 26
4.1. O desenho de um programa para resolver os problemas identificados.......... 26
Planejamento
Mediação para o futuro que permite aproveitar oportunidades
ou minimizar problemas. Aprender com o passado. Orientar a
ação a partir do conhecimento, reflexão técnica, política e social.
Coerência nas ações parciais dos diversos atores em prol de um
resultado global. (Matus, 1993).
Vigência do PPA
Foi um período que o Congresso Nacional teve seus poderes bastante reduzidos,
e o planejamento normativo da época, expresso nos Planos Nacionais de
Desenvolvimento (PND), mostrou-se relativamente eficaz para lidar com uma
sociedade menos complexa, social e politicamente contida.
Segundo Garcia, 2015, de maneira geral, quando analisamos os temas do PPA e dos
orçamentos, podemos dizer que:
Com a Redemocratização:
Nesse sentido, conforme prevê o art. 165, §4º, da CF, “Os planos e programas
nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em
consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional”.
Por sua vez, o art. 165, §1º, da CF, disciplina que “A lei que instituir o plano
plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da
administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes
e para as relativas aos programas de duração continuada”.
Percebe-se que o PPA é justamente o plano definido com o caráter coordenador das
despesas governamentais.
Assim, a LDO e a LOA devem estar em consonância com o PPA. Sendo o PPA um
documento de planejamento de médio prazo, dele derivam as Leis de Diretrizes
Orçamentárias e as Leis de Orçamento Anuais. Desse modo, constata-se a
centralidade do PPA no âmbito do sistema de planejamento, bem como sua natureza
de plano orçamentário, ao definir diretrizes, objetivos e metas para as despesas da
administração federal.
Para ser realista, o PPA deve ter lastro orçamentário. Assim, os objetivos e as metas
CAPÍTULO V
Pode-se dizer que a Teoria do Programa é uma abordagem teórica e prática que visa
analisar e compreender os programas sociais e as políticas públicas. Ela visa investigar
como os programas são concebidos, implementados e avaliados, com foco especial
nos resultados e impactos alcançados. Procura, ainda, identificar os mecanismos
e processos que explicam a relação de causa e efeito entre as intervenções e os
resultados obtidos e entender como os programas são planejados, implementados
e avaliados, destacando a importância dos resultados e impactos alcançados.
Essa teoria fornece uma estrutura conceitual e metodológica para promover o
aprimoramento e a efetividade dos programas governamentais.
O modelo lógico é aplicado para estabelecer uma cadeia lógica de conexões entre as
atividades realizadas, os produtos ou serviços entregues, os resultados alcançados
e o impacto desejado na sociedade. Ele ajuda a visualizar a relação de causa e efeito
entre os diferentes elementos envolvidos.
(Brasil, 2018).
+ Insumos
São os meios ou recursos necessários para a execução da política pública.
Os insumos se desdobram em financeiros, infraestrutura (equipamentos,
materiais, instalações), humanos (perfil e quantitativo da força de trabalho
requerida), suporte institucional, condicionantes normativos, etc.;
+ Ações
Correspondem ao conjunto de procedimentos necessários para viabilizar
a implementação da política pública. O ideal é que essas ações possam
ser desenhadas na forma de processos, ou seja, atividades encadeadas,
passo a passo, ou materializadas na forma de projetos. Por sua vez, cada
atividade ou projeto corresponde a um conjunto de insumos necessário
à sua consecução.
+ Produtos
Compreendem as consequências diretas e quantificáveis das atividades
e projetos realizados no âmbito do programa, que podem ser entregues
à sociedade. Nesta categoria, inserem-se bens, serviços, medidas
normativas ou qualquer outra entrega que contribua para a consecução
dos objetivos da política.
+ Impactos
São efeitos relacionados ao fim esperado das ações públicas. Representam
as evidências detectadas, usualmente em prazo mais longo, das mudanças
ocorridas na sociedade. Podem ser definidos como as consequências
geradas a partir dos resultados atribuídos a um conjunto de intervenções.
Devem ser mensuráveis e possuir relação de causalidade verificável.
Possuem natureza abrangente e multidimensional.
Essas categorias são úteis, pois facilitam a tarefa de organizar as etapas de intervenção
governamental. Entretanto, além delas, é preciso considerar a melhor forma de
medir o desempenho das políticas públicas por meio de indicadores adequados.
+ Economicidade
Medem os custos envolvidos na utilização dos insumos (materiais,
humanos, financeiros, etc.) necessários às ações que produzirão os
resultados pretendidos.
+ Eficiência
Medem a relação entre os produtos ou serviços gerados com os insumos
utilizados. Possuem estreita relação com produtividade, ou seja, o
quanto se consegue produzir com os meios disponibilizados. Assim, a
partir de um padrão ou referencial, a eficiência de uma ação será tanto
maior quanto mais produtos ou serviços forem entregues com a mesma
quantidade de insumos, ou quando os mesmos produtos/serviços forem
obtidos com menor quantidade de recursos.
+ Eficácia
Medem o grau com que um programa governamental atinge as metas
e os objetivos planejados, ou seja, uma vez estabelecido o referencial
(linha de base) e as metas a serem alcançadas, avalia-se se elas foram
atingidas ou superadas.
+ Efetividade
Medem os efeitos positivos ou negativos na realidade que sofreu a
intervenção. Indicam se houve mudanças socioeconômicas, ambientais
ou institucionais decorrentes dos resultados produzidos pela intervenção
governamental. É a chave variável para aferir os efeitos de transformação
social.
+ 5. Alocação de recursos
Nessa fase, são determinados os recursos necessários para a
implementação das atividades do programa. Isso inclui recursos
financeiros, humanos, materiais e tecnológicos. Uma análise criteriosa
dos recursos disponíveis é realizada, visando a alocação eficiente
e o planejamento para a sustentabilidade do programa a longo
prazo. Caso necessário, são buscadas fontes adicionais de recursos.
+ 6. Monitoramento e avaliação
Estabelece-se um sistema de monitoramento e avaliação para
acompanhar o progresso do programa. Indicadores de desempenho são
definidos para mensurar os resultados e o impacto do programa. Dados
relevantes são coletados e os indicadores são monitorados regularmente.
A avaliação contínua permite a obtenção de informações valiosas para
tomadas de decisão e ajustes necessários ao longo do tempo.
+ 7. Implementação e gestão
Nessa etapa, o programa é colocado em prática, garantindo-se uma
gestão eficaz e a coordenação adequada das atividades. Comunicação
regular com as partes interessadas, monitoramento do progresso das
atividades, ajustes quando necessários e resolução de desafios que
possam surgir são aspectos cruciais para o sucesso da implementação.
Sendo o PPA é um plano de médio prazo, sua vigência tem início a partir do segundo
ano de mandato do chefe do Poder Executivo e termina no primeiro ano do mandato
subsequente. No tocante à sua elaboração, em geral, os governantes são eleitos com
base em propostas apresentadas no período eleitoral, as quais devem constar do
Plano de Governo elaborado para a eleição. É razoável supor que, em boa medida, o
governante deseje incluir tais propostas em seu PPA. Além disso, na elaboração do
PPA no âmbito do Executivo Federal, cada novo governo deve considerar os planos
setoriais dos ministérios e as várias políticas públicas em andamento. Boa parte
dessas políticas estão definidas em Lei, constituindo-se nas “despesas obrigatórias”.
+ Governabilidade
• Relação entre as variáveis que o ator controla e não controla no processo
de governo.
• Visando maior governabilidade, o plano deve ser objeto de discussão
coletiva, para: i) legitimar as aspirações coletivas da sociedade; ii) verificar
a solidez dos procedimentos técnicos.
• O Plano deve considerar os problemas dos distintos setores produtivos
e sociais: busca-se uma intervenção concertada.
• Um setor prejudicado pode minar a legitimidade do plano e a autoridade
do Governo. Este deve comunicar a racionalidade e as motivações do
plano, explicitando os benefícios para a sociedade.
• Na sua estratégia para a formulação e implementação do Plano, o
Governo pode se valer de autoridade,cooptação, negociação, confronto
e dissuasão.
+ Capacidades de Governo
• Refere-se a técnicas, métodos, destrezas, habilidades e experiências que
um ator e sua equipe de governo possuem para conduzir o processo de
alcance dos objetivos declarados.
Constituição Federal
Constituição Federal
Constituição Federal
Art. 35, § 2º, inc. I — O projeto do Plano Plurianual, para vigência até o final do primeiro
exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até
quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido
para sanção até o encerramento da sessão legislativa.
Ressalte-se, ainda, que o processo de elaboração do PPA não pode ser objeto de
medida provisória ou lei delegada (CF, art. 62, § 1º, I, “d” e art. 68, § 1º, III).
Art. 165
§7º. “Os orçamentos previstos no §5º, I e II, deste artigo (Fiscal e de Investimento das
Estatais), compatibilizados com o Plano Plurianual, terão entre as suas funções
a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.”
(grifos nossos)
• Orçamento da União;
• Fundos Constitucionais de Financiamento Norte, Nordeste e Centro-
Oeste;
• Fundos de Desenvolvimento da Amazônia, do Nordeste e do Centro-
Oeste;
• Programas de desenvolvimento regional de bancos públicos federais;
• Incentivos e benefícios de natureza financeira, tributária ou creditícia;
• Outras fontes de recursos nacionais e internacionais.
Com esse trabalho espera-se não apenas ter planos regionais alinhados ao PPA e
ao novo programa de investimentos, mas também que as entregas do PPA reflitam
atributos tidos como prioritários, numa sinergia de esforços para alcançar o objetivo
comum de redução das desigualdades regionais.
Por exemplo:
Esses são apenas alguns exemplos de países que adotam o Plano Plurianual
como instrumento de planejamento governamental. É importante destacar
que as características e nomenclaturas podem variar de acordo com cada país,
mas a essência é estabelecer diretrizes e metas de médio prazo para a atuação
governamental.
A imagem a seguir ilustra o Sipof. Cabe ressaltar que os Órgãos Setoriais possuem
Unidades Orçamentárias (UO) responsáveis pela proposta orçamentária no seu
âmbito de atuação.
O PPA e os orçamentos anuais devem ser integrados, como estabelece o art. 165 da
Constituição Federal de 1988. O PPA deve definir as diretrizes, os objetivos e as metas
para as despesas da administração federal. Por outro lado, o planejamento deve
estar lastreado nas estimativas e informações orçamentárias. Assim, é necessário
que a integração dos processos de planejamento e orçamento seja fortalecida. É
importante que as informações geradas pelo planejamento sejam consideradas
nos processos orçamentários, e vice-versa, num fluxo de “mão dupla”. Para tanto, é
importante também intensificar a comunicação entre as duas equipes, sobretudo
nas etapas de elaboração do PPA, LDO e LOA.
Assim, para garantir que o plano continue retratando, de forma fidedigna, a efetiva
disponibilidade de recursos destinados ao financiamento das políticas públicas, é
necessário serem feitas atualizações periódicas no cenário fiscal adotado por este
e, consequentemente, a referida atualização de seus atributos. Há convergência
A atualização periódica pressupõe, assim, não apenas que o PPA incorpore revisões
de estimativas macroeconômicas, mas também que procure ajustar a programação
nele contida às alterações orçamentárias (como aprovação de créditos adicionais,
por exemplo) que costumam ocorrer ao longo do exercício financeiro.
3 Pilares metodológicos,
metodologia e estrutura do PPA
2024–2027 do governo federal
Unidade 1: Os pilares metodológicos do PPA
2024 – 2027
+ 1. Aperfeiçoamento Metodológico
Dessa forma, visa-se estruturar o PPA para dialogar de forma mais precisa
com as camadas estruturais da cadeia causal.
Dimensão Estratégica
Dimensão Tática
A dimensão tática consiste nos programas com seus objetivos, objetivos específicos,
indicadores, metas, entregas, investimentos plurianuais e medidas institucionais e
normativas.
A seguir, são comentados aspectos importantes dos Programas, que devem ser
observados pelos gestores da administração federal, por ocasião da elaboração e
implementação da proposta do PPA.
Não seria factível esperar que os Programas do PPA fossem tradução exata dos
planos setoriais. Entretanto, quanto melhor o alinhamento, maior será a capacidade
do PPA em refletir as escolhas, preferências e decisões dos órgãos e entidades
governamentais. Desta forma, é reforçado durante o processo de elaboração do
PPA que os órgãos setoriais proponham programação convergente com planos
nacionais, regionais e setoriais relativos à sua área de atuação.
Por sua vez, consideramos que os Planos Estratégicos Institucionais (PEI) devem
estar alinhados ao PPA e aos planos nacionais, regionais e setoriais, em moldes
semelhantes ao previsto no art. 22, §2º, da Lei 13.971/2019.
Dimensão Operacional
A dimensão operacional compreende o conjunto de ações orçamentárias incluídas
na Lei Orçamentária Anual (LOA), bem como ações não orçamentárias presentes
nos Programas Finalísticos do PPA.
Para cada indicador será atribuída uma meta a ser atingida ao final do PPA. A Meta é
um marco para avaliar se os resultados e impactos estão sendo atingidos de acordo
com o planejado. As Metas devem ser desafiadoras, e, ao mesmo tempo, realistas.
+ Denominação
Nomeia o indicador de forma sucinta e clara. Usualmente podem ser
usados termos como taxa, índice, percentual, coeficientes, dentre outros,
a depender do tipo de indicador. Exemplos de denominação são “taxa de
analfabetismo funcional”, “produto interno bruto”, “taxa de cobertura do
programa bolsa família”.
+ Órgão
Aponta qual organização ou organizações são responsáveis por calcular
o indicador, independentemente dos responsáveis por produzir os dados
de suas variáveis. Sugere-se informar, inclusive, a unidade responsável
dentro de cada organização responsável.
+ Unidade de Medida
Unidade de medição determinada para o indicador. São exemplos: %,
quilômetros construídos, projetos concluídos, crianças atendidas, etc.
+ Data de Referência
Data a que se refere o Índice de Referência.
+ Descrição
Explica a racionalidade por trás do indicador, dando significado técnico
preciso à sua existência em determinado contexto.
+ Data de Divulgação/Disponibilização
Data em que normalmente os dados do indicador são divulgados/
disponibilizados em mídias eletrônicas, bancos de dados governamentais,
pesquisas, entre outros. Deve deixar claro o delay entre o período ou
data a que se refere o indicador e sua divulgação. Exemplo: junho do ano
seguinte ao ano a que se refere o indicador; 30 dias após a data a que se
refere o indicador, etc.
+ Periodicidade
Define de quanto em quanto tempo há valor atualizado disponível para
o indicador (ou para o conjunto de suas variáveis). Deve ter como base
racional a frequência com que os dados são coletados.
+ Polaridade
O sentido desejado de variação do indicador em termos do desempenho
esperado para o programa ou política. É dividido em “quanto maior
melhor”, “quanto menor melhor” e “não se aplica”.
+ Fórmula de Cálculo
Fórmula matemática que representa o modo de calcular o indicador, a
partir das suas variáveis. No caso de indicadores que são disponibilizados
diretamente por órgãos oficiais, este campo deverá ser preenchido
apenas com a variável disponível, que será o próprio indicador.
+ Procedimento de Cálculo
Descrição das etapas percorridas (passo a passo) para obter os dados
e calcular os indicadores de tal modo que seja possível a um ator
externo obter os mesmos resultados. Pode incluir descrição das
condições iniciais, pressupostos do modelo, modo de obtenção do
conhecimento, instrumentos utilizados, grau de certeza das respostas,
formas de agrupamento e tratamento dos dados, critérios de seleção de
amostragem e procedimentos metodológicos, bases de dados específicas
e cruzamentos de dados que deverão ser realizados.
+ Limitações
Restrições que foram consideradas no cálculo dos indicadores e que
devem ser observadas quando de sua análise e utilização. Exemplos de
limitações seriam: comportamento sazonal do indicador que influencia
seu valor, amostras utilizadas, limitações espaciais, entre outros.
+ Notas Explicativas
Informações complementares necessárias à análise dos resultados,
como indicações conjunturais, exceções, mudanças conceituais e
metodológicas ao longo de uma série de coletas, condições específicas
de cálculo, dentre outras que auxiliem uma melhor interpretação dos
resultados.
+ Validade
Capacidade de representar, com a maior proximidade possível, a
realidade que se deseja medir e modificar.
+ Confiabilidade
Indicadores devem ter origem em fontes confiáveis, que utilizem
metodologias reconhecidas e transparentes de coleta, processamento e
divulgação.
+ Disponibilidade
Os dados básicos para seu cômputo devem ser de fácil obtenção.
+ Simplicidade
Indicadores devem ser de fácil comunicação e entendimento pelo público
em geral, interno ou externo. Ou seja, devem ser de fácil compreensão
tanto por seus executores como por aqueles que receberão seus
resultados.
+ Sensibilidade
O indicador deve repercutir as variações do fenômeno.
+ Desagregabilidade
Capacidade de representação regionalizada de grupos sociodemográficos,
considerando que a dimensão territorial se apresenta como um
componente essencial na implementação de políticas públicas.
+ Estabilidade
Capacidade de estabelecimento de séries históricas estáveis, que
permitam monitoramentos e comparações das variáveis de interesse.
• S = específicas;
• M = mensuráveis;
• R = realistas;
Dito isso, para que as informações de desempenho relativas ao alcance das metas
sejam confiáveis e de boa qualidade, é imprescindível que os órgãos responsáveis
pelos programas do PPA desenvolvam rotinas consistentes de produção, coleta e
registro de dados.
Tendo isso em vista, o primeiro passo é definir quais Agendas Transversais serão
construídas, ou, em outros termos, quais problemas que necessitam de atuação
transversal serão enfrentados. Esta decisão deverá ser tomada pelo nível estratégico
Em resumo:
Evento/modo de
Conteúdo discutido Dimensão do PPA
participação
• Valores, eixos e
diretrizes
Fórum Interconselhos • Priorização de Estratégica e Tática
programas e sugestões
de programas
Priorização de programas
Plenárias Estaduais Tática
e sugestões de programas
Plataforma de Priorização de programas
Tática
participação e sugestões de programas
Após o envio do projeto de lei do PPA ao Congresso Nacional, dá-se início à elaboração
do Decreto que irá regulamentar o plano, detalhando os principais processos
envolvidos na gestão do instrumento, a saber: o monitoramento, a avaliação e a
revisão.
No PPA 2020 – 2023, por exemplo, a avaliação está prevista nos arts. 14 e 16 da
Lei n. 13.971, de 2019, sendo realizada no âmbito do Conselho de Monitoramento
e Avaliação de Políticas Públicas (CMAP). Contemplando políticas públicas em
execução relacionadas a programas finalísticos, assim como a análise de propostas
Destaca-se, ainda, que este processo não desobriga o Ministério, o órgão, o fundo
ou a entidade do Poder Executivo federal gestor da política pública de realizar
avaliações próprias das políticas em execução, ou em criação, com o intuito de
buscar o seu aperfeiçoamento permanente.
O PPA 2020–2023, por exemplo, possibilita uma revisão bastante ampla por
iniciativa própria do poder executivo, ou seja, com a possibilidade de ajustes em
vários elementos do plano sem a necessidade de envio de novo projeto de lei ao
Congresso Nacional. Entende-se que essa perspectiva é bastante importante por
possibilitar que o PPA permaneça aderente à realidade. Nesse sentido, espera-se
que o PPA 2024–2027 apresente flexibilidade semelhante.
De maneira geral, as revisões ordinárias do PPA, por ato próprio do poder executivo,
devem possibilitar:
• conciliar o PPA com as alterações promovidas pelas leis orçamentárias
anuais e pelas leis de crédito adicional;
• alterar o valor global do programa;
• adequar vinculações entre ações orçamentárias e programas;
A formalização da Revisão do PPA por ato próprio do Poder Executivo deverá ocorrer
de forma ordinária uma vez por ano, sempre após o encerramento do processo de
monitoramento do exercício anterior. O Ministério do Planejamento e Orçamento
publicará a revisão ordinária por meio de portaria e em seu sítio eletrônico, bem
como fará comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização do Congresso Nacional.
4 A construção de programas
tomando como referência o
modelo lógico
Unidade 1: Orientações para a aplicação da
metodologia do Modelo Lógico no PPA
A seguir estão algumas etapas que podem ser seguidas nesse processo:
Após a capacitação, foram previstos dois ciclos de oficinas presenciais, com o objetivo
de auxiliar os órgãos setoriais no processo de construção de Programas Finalísticos,
em acordo com a metodologia do PPA 2024–2027, com seus principais atributos:
objetivo, objetivos específicos, entregas, indicadores e metas.
Para o primeiro ciclo de oficinas, no qual foi prevista uma oficina por órgão setorial,
houve a definição de seus programas e respectivos objetivos gerais e início da
discussão sobre os objetivos específicos e transversalidades.
Perguntas:
1) O objetivo apresenta de forma clara a mudança na realidade social?
2) Explicita claramente qual será o valor entregue ao público-alvo?
Durante as oficinas do primeiro ciclo, quando houve tempo hábil, foi iniciada a
discussão dos objetivos específicos.
Fonte: Seplan/MPO
Entre o primeiro e o segundo ciclo de oficinas do PPA foram realizadas três oficinas
específicas sobre articulação entre os Planos Regionais de Desenvolvimento da
Amazônia, Nordeste e Centro-Oeste e o PPA 2024–2027, com o intuito de melhorar
a regionalização/territorialização do instrumento.
Um dos focos do trabalho tem sido buscar metas conjuntas entre os Planos Regionais
de Desenvolvimento (PRDs) e os programas do PPA 2024-2027. Os representantes
das diversas áreas discutiram, em grupos temáticos, a correlação entre as ações
estratégicas dos planos e os programas do PPA, reforçando as possibilidades para o
desenvolvimento de um trabalho eficaz e voltado para o bem comum.
Já em relação ao 2º ciclo de oficinas, este contou com uma oficina por programa
finalístico (totalizando aproximadamente 88 oficinas), para definição dos objetivos
específicos e construção dos indicadores, metas, entregas e demais atributos dos
programas. Nesse sentido, os atributos abordados estão destacados nas imagens a
seguir.
1. Título do programa
O que é?
Exemplos ilustrativos
Como fazer
• Bolsa Família.
• Moradia Digna.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
• Bolsa Família: programa de transferência de renda, com objetivo de
combater a pobreza, a fome e as desigualdades. Destinado a famílias
que vivem em situação de pobreza e de extrema pobreza. Programa
vinculado aos objetivos estratégicos 1 e 2 e às diretrizes A e B¹.
• Moradia Digna: programa de apoio a municípios, estados e ao Distrito
Federal na realização de melhorias habitacionais nas moradias de
famílias de baixa renda que vivem em áreas passíveis de regularização,
por meio da contratação de serviços de assistência técnica e aquisição
de material de construção. Programa vinculado aos objetivos estratégicos
2 e 3 e às diretrizes B e C¹.
3. Problema
O que é?
O problema público é a questão pública para a qual se busca resolução por meio da
execução do programa. Portanto, a delimitação deve ser o mais descritiva possível,
contendo informações como as causas e evidências do problema, justificativa para
a intervenção, historicidade, comparativos com outros países, etc. Sempre que
possível, devem ser apresentados o recorte territorial, por gênero, raça/etnia e por
faixa etária.
Como fazer
• Bolsa Família: persistência dos altos níveis de pobreza e da insegurança
alimentar na população brasileira, causados, entre outros fatores, pela
falta de inclusão produtiva, educação e oportunidades para mobilidade
social. No ano de 2021, cerca de 29,4% da população brasileira estava
em condição de pobreza¹ e 7,3% declarou insegurança alimentar em
20192.
• Moradia Digna: aumento drástico no número de famílias desabrigadas
ou vivendo em moradias precárias. Entre as causas do problema estão:
o acelerado crescimento da população urbana, que aumentou mais de
10 vezes entre 1950 e 20203, a falta de políticas para facilitação de acesso
à moradia, como crédito e regularização fundiária, e altos níveis de
pobreza. Em 2019, 21,6% dos brasileiros residiam em moradias
consideradas inadequadas4.
¹ Pnad Contínua/Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Linha de pobreza de US$ 5,5/
dia (PPC 2011).
² Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Disponível em: <https://
www.fao.org/3/cc0639en/online/sofi-2022/annexes1_a.html>. Acesso em: 2/4/2023.
3
IBGE: População Rural e Urbana. Acesso em: 11/4/20.
4
Pnad Contínua/Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice representa o número
de habitantes que vivem em residências com, pelo menos, um dos seguintes componentes: ônus
excessivo de aluguel (proporção do preço do aluguel em relação à renda efetiva domiciliar maior
ou igual a 30%); paredes externas construídas com materiais não duráveis; adensamento excessivo;
ausência de banheiro de uso exclusivo do domicílio.
Nacionais:
Internacionais:
• Earthdata: https://search.earthdata.nasa.gov
Fonte: Seplan/MPO
Como fazer
• Bolsa Família: o programa é alinhado ao ODS 1 — Erradicação da
pobreza, ao ODS 10 — Redução das desigualdades e à Estratégia Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (ENDES). Com a implementação
do programa espera-se melhorar as condições socioeconômicas das
famílias pobres e extremamente pobres do país. O Programa será
implementado de forma articulada entre os três entes da federação —
governos federal, estadual e municipal, e com apoio das áreas da saúde
e da educação. O programa foi instituído pela Medida Provisória n. 1.164,
de 2 de março de 2023.
5. Órgão responsável
O que é?
No caso do PPA da União, órgão federal responsável pelo alcance dos atributos
(programa, objetivo específico ou entrega), mesmo que o programa seja
multissetorial, apenas um órgão deverá ser indicado como gestor responsável.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
• Bolsa Família: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social,
Família e Combate à Fome.
• Moradia Digna: Ministério do Desenvolvimento Regional.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
7. Objetivo
O que é?
Expressa a transformação na realidade econômica e/ou social que o programa
visa promover ao enfrentar os problemas diagnosticados. Descreve a finalidade do
programa em sua totalidade, com concisão e precisão. O objetivo é um atributo
legal do PPA.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
• Bolsa Família: melhorar as condições socioeconômicas das famílias
pobres e, sobretudo, extremamente pobres, por meio de transferência
direta de renda.
• Moradia Digna: melhorar a condição de vida das famílias de baixa renda
que vivem em assentamentos precários, desenvolvendo iniciativas
8. Público-alvo
O que é?
População que será impactada e priorizada. A identificação do público-alvo pode ser
feita a partir das seguintes perguntas: a quem este programa deve beneficiar? Onde
estão localizados os beneficiários? Qual a sua abrangência, em termos quantitativos?
Exemplos ilustrativos
Como fazer
• Bolsa Família: famílias de todo o território brasileiro em situação de
pobreza, com renda per capita mensal de até R$218,00.
• Moradia Digna: famílias de todo o território nacional com renda familiar
mensal de até R$ 2.000,00 que residam em áreas passíveis de
regularização.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
Meta até
Objetivos específicos Indicador
2027
Ampliar a cobertura de
Percentual de famílias
transferência de renda
pobres e extremamente
de famílias pobres e 98%
pobres beneficiárias
extremamente pobres
do Programa.
Bolsa em todo o Brasil.
Família Integralizar o acesso das
Percentual de famílias
famílias extremamente
extremamente pobres
pobres das Regiões 100%
beneficiárias do Programa
“A” e “B” ao benefício
nas Regiões “A” e “B”.
do programa.
Ampliar a cobertura
Número de famílias
do programa Minha 100 mil
atendidas.
Moradia Casa Minha Vida.
digna Expandir a urbanização
Número de assentamentos
de assentamentos 30 mil
precários urbanizados.
precários.
DICAS:
• Entregas: as entregas representam o desdobramento do objetivo
específico. Lembre-se disso ao fazer o detalhamento.
• Indicadores: os indicadores de entrega também possuem uma ficha
de cadastro no SIOP, cujos campos a serem preenchidos são os
mesmos descritos para o indicador do objetivo específico,
apresentados no Manual do PPA 2024–2027.
• Metas: observe o Método SMART para a definição de metas do PPA
2024–2027, disponível no Manual do PPA 2024–2027.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
Objetivo Meta
específico Entrega Indicador até
relacionado 2027
Busca ativa
Número de novas
das famílias
Integralizar famílias extremamente
extremamente
o acesso pobres das regiões 20 mil
pobres das
das famílias “A” e “B” incluídas
regiões “A” e
extremamente no programa.
Bolsa “B” realizada.
pobres das
Família Percentual de
Regiões
“A” e “B” ao Gestão do municípios das
benefício do Bolsa Família regiões “A” e “B” com
90%
programa. fortalecida nas o Índice de Gestão
regiões “A” e “B” Descentralizada (IGD)
maior que 0,85
Objetivo Meta
específico Entrega Indicador até
relacionado 2027
Melhorar o Ampliar o
Proporção de
atendimento número
famílias que recebem 100%
Bolsa das famílias de famílias
o benefício.
Família pobres por atendidas.
programas Aprimorar as Qualidade das
sociais. 100%
bases de dados. bases de dados.
Exemplos ilustrativos
Como fazer
• Bolsa Família: converter definitivamente em lei ordinária a Medida
Provisória n. 1.164, de 2 de março de 2023, que institui o Programa Bolsa
Família e altera a Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe
sobre a organização da Assistência Social, e a Lei n. 10.820, de 17 de
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