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DO INTERIOR PAULISTA
PSICANÁLISE: IMPLICAÇÕES DE
UMA ÉTICA DO DIZER E SEUS EFEITOS NO SOCIAL
2 Iniciativa
5 Nossa proposta
6 Abertura
7 Desencontros com a Psicanálise:
leituras do seminário VII (A ética da psicanálise)
8 Tem Visita
9 Espaço Escola
10 Rede de Pesquisa Linguística e Psicanálise
11 Sobre Cartel
12 Enlaces Entre Psicanálise e Saúde Coletiva
13 Psicanálise e Literatura brincam juntas com coisa séria
14 Informações
15 Integrantes
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Iniciativa
Esta iniciativa de formar um fórum no Interior O interior paulista foi originalmente povoado
Paulista parte de um grupo de estudos sobre a por indígenas e em sua colonização recebeu
obra de Freud e Lacan, na cidade de Bauru, grande influxo de imigrantes europeus e
iniciado em 2007. Um a um, integrantes foram se japoneses, além de migrantes de outros
iniciando e se juntando a esse grupo, alguns de estados do país. Tais características históricas
regiões mais longínquas do interior. Nesse nos confere uma grande mescla cultural.
percurso de anos, os insistentes passaram a se Mescla acolhida pelas as várias universidades
questionar sobre o cuidado na transmissão da públicas e privadas da região, nas quais
psicanálise e, após abrir mão da esperança, graduações diversas potencializam uma
sempre vã, de receber um saber pronto e efervescente troca de saberes entre diferentes
instituído, sobrepôs-se a necessidade de se fazer campos, incluindo o da psicologia.
novos laços e formas de trabalho.
E enquanto endereçávamos nossas formações
clínicas a outros fóruns já existentes, o desejo de
fazer fórum no Interior Paulista cresceu
querendo abraçar nosso sotaque caipira, nossas
peculiaridades geográficas e culturais.
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Por essas bandas, no final da década de 80 foi Muitos estudantes fazem por aqui apenas
redigido o Manifesto de Bauru, um marco na passagem mas, no tempo em que ficam,
reforma psiquiátrica. Esta reforma abalou as incautos e curiosos se interessam pela
bases estruturais do tratamento destinado às psicanálise apresentada na graduação e
ditas “doenças mentais”, questionando a sua querem mais. Outros, que aqui se enraizam,
lógica manicomial, marcando também a buscam maneiras de continuar se formando -
importância histórica da região neste como é preciso na formação de um
movimento. Hoje contamos com uma rede de psicanalista - se deslocando para os grandes
atendimento destinado à saúde mental com centros, o que não é feito sem desafios
características singulares, fruto também financeiros e logísticos. É bem verdade que a
deste marco. E fazendo juz à ele, é necessário pandemia encurtou distâncias, possibilitando
considerar a importância do discurso que muitos pudessem iniciar a sua formação
analítico no espaço público e na interface analítica, mas passado o tormento desse
com o social nas discussões sobre o tema com evento de dimensões catastróficas para o
os profissionais de saúde e futuros "psis". nosso país, notamos o quanto é marcada a
diferença de fazer o corpo presente.
A iniciativa Fórum do Campo Lacaniano
Interior Paulista quer marcar essa diferença,
tanto para os ainda estudantes, como para os
sempre estudantes.
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Diferente de um grupo de estudos, um
fórum propõe-se, tal qual uma boa feira,
a receber vozes advindas de diversos
lugares. Em meio ao barulho e a vivacidade,
queremos a extensão da psicanálise,
a transmissão e fomentação de seu discurso
no cerne de outros tantos presentes na
atualidade. Respeitando as diferenças
regionais e territoriais apostamos nessa
iniciativa que, sem desprezar o desejo como
principal operador do analista, considera o
acesso e as características locais,exigindo de
nós um passo a mais para sairmos do grupo
e caminharmos para um laço de fórum.
Para tanto, nada mais norteador e político
que iniciarmos nossos estudos com a ética
da psicanálise.
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“Nossa experiência conduziu-nos a aprofundar, Nossa proposta
mais do que jamais fora feito antes de nós,
o universo da falta.” (Lacan, 1959)*
Iniciado em 1959 e finalizado em 1960, o sétimo seminário do ensino de Lacan, intitulado a Ética da Psicanálise,
avança no tema do desejo, fio condutor do seminário do ano anterior. Não contentando-se em relegar a psicanálise a
uma posição de mera apaziguadora de culpa e domadora de gozo, que dessa forma apenas atualizaria uma direção
ainda moral, aventura-se na construção de uma ética para a mesma. O caminho é tortuoso e o diálogo com autores
como Aristóteles, Kant e Sade, necessário para a subversão pretendida.
Subversão que leva em conta o mal-estar, considera a angústia e seus afetos cruciais, fazendo uso do sintoma, ao
invés de trabalhar para sua extinção. Não se trata da ética do bem comum a todos e de deveres e saberes
pré-estabelecidos, tão pouco se trata de um estatuto a ser seguido. A ética da psicanálise é forjada em consonância
com o que se recolhe das consequências da relação do sujeito com seu inconsciente.
Lacan recusa-se em fazer da experiência da análise uma normalização psicológica, via moralização racionalizante,
tal qual Freud que já alertava sobre os perigos do furor curandis na condução dos tratamentos analíticos. Trata-se
antes de furar o furor: a direção de tratamento, que prima pela posição ética do sujeito, leva em conta sua
singularidade, conduzindo-o a se responsabilizar pelo desejo inconsciente, incluindo aí sua falta constitutiva.
Partindo da trilogia grega de Sófocles Édipo Rei - tão utilizado por Freud - Édipo em Colono e Antígona, Lacan elege
essa última para dizer um pouco mais da ética que nos concerne. Ela que desafia as leis da sua pólis, fazendo do
desejo, sua política. Debruçando-se na heroína trágica, Lacan demonstra a relação entre ato e desejo e sua
efetivação em perda, pois, é preciso abrir mão do que se pensa saber para dar lugar à verdade do desejo.
Animados rumo a uma direção ética da psicanálise e considerando a sua importância na formação do analista,
nos encontraremos quinzenalmente para uma leitura comentada do seminário 7, com leituras auxiliares,
entrelaçamentos e recortes clínicos.
A atividade será coordenada pelos integrantes do fórum em formação e alternada com a vinda de convidados que
discorrerão sobre temas relacionados à ética da psicanálise.
Consulte o boletim e as publicações nas redes sociais para ficar a par de outras atividades.
*Lacan, J. 1959-1960/2008.O seminário, livro 7: a ética da psicanálise.. Rio de Janeiro, Editora Zahar.
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Abertura
A raiz dessa atividade data de 2007, na cidade de Bauru, por iniciativa de Luciana Guarreschi e Fabiano Filardo, dois
jovens recém formados que queriam, e ainda querem, encontrar mais psicanálise em Bauru. O tempo correu, a vida
aconteceu e onde queríamos encontros, cada vez mais DES-ENCONTROS. Cada vez mais enigmas. Recorríamos,
então, a mais um texto lacaniano ou a mais um seminário. E mais um e mais ainda. Em nossas buscas infindáveis,
sacamos que construímos um saber próprio, não sem todos aqueles que estiveram conosco de forma contínua ou
descontínua. Esse é então o objetivo dessa atividade: não mais encontrar a psicanálise, mas nos desencontros,
construí-la. Esse é também nosso convite para os que não temem esse estranho des-encontro.
Data: 25/05
Data e hora: sábados mensalmente das 9h-11h
Rita Vogelaar (Psicanalista, membro do FCL-SP)
Modalidade: presencial e online A ética na clínica psicanalítica
Local: UNESP Bauru Coordenação: Luciana Guarrechi
Data: 29/06
Glaucia Nagem (Psicanalista, membro de escola e FCL-SP)
Por uma Ética do dizer
Coordenação: José Antonio Matthiesen Júnior
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Espaço Escola
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REDE DE PESQUISA LINGUÍSTICA
E PSICANÁLISE:
Ao longo dos últimos anos, temos pesquisado as relações que Lacan estabeleceu com a Linguística para
construir seu percurso teórico-clínico. Passamos pelos seminários 3, 5 e 6, e por alguns dos textos da
obra Escritos de Lacan, nos quais as noções de Outro, significante, código, mensagem, estrutura e
inconsciente aproximam-se e colocam em tensão o pensamento de Saussure, Jakobson, Benveniste
dentre outros. Nos encontros, apresentamos a proposta de uma escrita compartilhada entre os
integrantes da rede que se dispuseram a trabalhar e apresentar uma elaboração dos temas estudados
até o momento. No próximo ano iremos percorrer tais escritos ao lado da obra de Freud e Lacan.
Esta rede está em parceria com o Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo (FCL-SP)
e com a FFCL-RP da USP.
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Sobre Cartel
Por que a opção ainda pelo cartel? Dispositivo de base de nossa escola, o cartel nasce de
uma provocação lacaniana, título da revista Scilicet, número 1, em 1968 : "Você também pode saber".
Essa chamada convidava os interessados em psicanálise a percorrer o caminho necessário
a uma formação analítica. É esse convite que recolocamos em 2024.
Convidado: Adriana Grosman, membro da Escola da Internacional dos Fóruns do Campo Lacaniano - São Paulo.
Coordenação: Beatriz Fontanella
Modalidade: online
Data e horário: 16/04, às 20h.
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Enlaces entre psicanálise e saúde coletiva
Freud já demonstrava a sua preocupação em a psicanálise ficar restrita às mais altas classes da
sociedade no V Congresso Internacional de Psicanálise realizado em 1918, e deixou aos analistas o
trabalho de construir meios para que ela alcançasse as camadas populares.
Ao longo dos anos, muitos deles tomaram para si este trabalho: nos dispositivos da saúde coletiva, em
escolas de psicanálise, nas universidades, em uma tentativa de enlace entre o singular que busca a
prática analítica e a dimensão pública das instituições.
Animadas por estas questões, e tomando como base desta atividade a aposta nas contribuições da
psicanálise para a escuta do sofrimento psíquico dos sujeitos nos dispositivos da Saúde Coletiva e na
possibilidade de que ela seja também, uma ferramenta para auxiliar nos desafios colocados a quem se
propõe a trabalhar nos SUS, convidamos a todes para uma discussão sobre as contribuições desse
campo de saber e seu alcance ético na rede psicossocial.
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“(...) que em cada um existe um poeta
Psicanálise e Literatura escondido e que o último poeta deverá morrer
brincam juntas com coisa séria junto com o último homem.” (Sigmund Freud)
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Freud defende que brincar é coisa séria! Aquele que brinca se comporta como um poeta (no alemão Dichter,
poeta no sentido amplo, como “criador”²). E não é porque crescemos que renunciamos ao brincar. Apenas
trocamos o brincar pela fantasia, argumenta Freud. Ele se dedicou a um vasto diálogo com as artes. Viu
nelas uma abertura para pensar o que constitui nossa relação com o mundo, com as pessoas e com nosso
próprio sofrimento.
Haveria algo em comum no fazer do escritor e no fazer do psicanalista? Se em Freud essa articulação muitas
vezes adquiriu um valor de decifração, em Lacan, ao contrário, passou a ter um valor de cifra, pois não se
trata de tornar consciente algo que estava inconsciente, ou de desvendar um sentido final, uma verdade
absoluta e sim manter a divisão, romper com a continuidade, possibilitando aberturas e chances de criação.
A partir das frestas possibilitadas pela literatura, serão elencados fragmentos de algumas obras que possam
funcionar como terreno fértil para possíveis interlocuções teórico-clínicas, que contam com o desejo e seu
poder de invenção.
Referência
Freud, S. (2015). O poeta e o fantasiar (1908). In: Obras Incompletas de Sigmund
Freud. Belo Horizonte: Autêntica.
Cotas e bolsas:
Considerando as identificações singulares dos sujeitos, sem desconsiderar as históricas desigualdades
de acesso às oportunidades marcadas por raça, classe e gênero, contaremos com uma política de cotas.
O interessado em participar das atividades, ao se declarar impossibilitado de arcar com a totalidade do
valor das mesmas, poderá solicitar um desconto nas parcelas.
Encerramento: 23 de novembro
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Integrantes
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Ilustração: Poliane Saraiva
Diagramação: Amanda Gasparotti