Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ad.vér.bi:o sm. Gram. Palavra invariável que modifica verbo, adjetivo ou outro
advérbio, ou oração equivalente a esses, exprimindo circunstâncias de tempo,
modo, lugar, intensidade, etc. [Ex.: acordar cedo; ir além; falar depressa; muito
inteligente] (FERREIRA, 2004)
O Advérbio enquadra-se no grupo das categorias gramaticais invariáveis. É o elemento
que atua como caracterizador do processo verbal, exercendo a função de modificador dos
verbos ao relacionar-se com eles, indicando as circunstâncias de tempo, de modo, de lugar,
de afirmação, de negação, de intensidade ou de dúvida em que ocorre o fato verbal.
a. O Presidente Lula divulgou novos dados sobre o crescimento da economia no país.
b. Ontem, o Presidente Lula divulgou novos dados sobre o crescimento da economia
no país.
A palavra destacada em b, ontem, relaciona-se ao verbo divulgar, acrescentando a ele a
informação de tempo em que ocorre o fato descrito. Em razão disso, ontem é um exemplo de
advérbio de tempo.
a. O Diretor falou aos alunos presentes.
b. O Diretor falou energicamente aos alunos presentes.
Em b a palavra energicamente relaciona-se ao verbo falou e acrescenta uma nova
informação à frase: o modo como o fato verbal se desenvolve. Certamente os alunos
presentes não saíram dali muito satisfeitos. Portanto, energicamente é um advérbio de
modo.
Em diversas situações, a circunstância em que ocorre o fato verbal é expressa não por
uma palavra, mas por um conjunto de palavras denominado locução adverbial.
a. À beira do caminho, pegadas indicavam a presença de um animal feroz.
A expressão destacada no exemplo acima, à beira do caminho, acrescenta uma
informação importante à frase, indicando o lugar onde havia pegadas indicando a presença de
um animal feroz, funcionando a locução adverbial acima como advérbio de lugar.
a. “Ouviram do Ipiranga às margens plácidas, de um povo heróico o brado
retumbante”.
No exemplo citado, a locução adverbial destacada do Ipiranga às margens plácidas,
tendo sido acrescentada a crase em as, passa a funcionar como advérbio de lugar, tendo aí o
sujeito indefinido. Contudo, a versão de nosso hino nacional não apresenta o uso dessa crase,
configurando o trecho destacado como o sujeito da frase.
a. Virei à reunião hoje à noite.
b. Certamente virei à reunião hoje à noite.
c. De modo algum virei à reunião hoje à noite.
Nos exemplos citados, em b o termo destacado certamente relaciona-se ao verbo virei,
confirmando a afirmativa e reforçando o seu sentido, dando como evidente a realização do
fato descrito, constituindo-se em advérbio de afirmação; a locução adverbial destacada em
c transmite-nos a idéia contrária, a de negação da afirmativa apresentada em a, funcionando
então como advérbio de negação.
a. Teremos bom tempo amanhã, possibilitando a escalada à montanha.
b. Possivelmente teremos bom tempo amanhã, possibilitando a escalada à montanha.
Para quem é alpinista, a afirmação descrita em a representa a certeza de bom tempo
para a escalada; em b, no entanto, a afirmação representa uma possibilidade, gerando dúvidas
quanto à condição do tempo, deixando a cada um a opção de julgar entre escalar ou não. O
termo destacado portanto atua como advérbio de negação.
a. A professora Nádia chegou cedo para a reunião.
b. A professora Nádia chegou cedo demais para a reunião
Na construção apresentada acima, temos destacado em b um advérbio de tempo, cedo¸
e a expressão demais, que além de modificar o verbo chegou, intensifica o sentido do
advérbio de tempo, constituindo-se portanto num advérbio de intensidade, que pode atuar
assim modificando o verbo ou intensificando o sentido de adjetivos e de outros advérbios.
Flexão do advérbio
Alguns advérbios flexionam-se no comparativo e no superlativo.
» grau comparativo:
De igualdade: tão+advérbio+quanto
Cheguei tão cedo quanto queria.
De superioridade: mais+advérbio+que
Cheguei mais cedo que queria.
De inferioridade: menos+advérbio+que
Cheguei menos cedo que queria.
» grau superlativo:
Analítico:
Minha amiga mora muito longe.
Sintético:
Não a visito porque ela mora longíssimo.
Bechara (2004), bem como Cunha (1986), afirma que a aplicação dos pronomes
indefinidos (entre eles, nenhum) se faz quando eles se referem à terceira pessoa e
denotam sentido vago ou quantidade indeterminada.
Entre os pronomes indefinidos, há ainda uma distinção entre os indefinidos
substantivos, como alguém, ninguém, tudo, nada, algo, outrem e os pronomes
indefinidos adjetivos, como cada, nenhum, outro, um, certo, qualquer, algum.
Cunha (1986) ressalta, ainda, que esses pronomes adjetivos podem, em alguns
casos, ser empregados como pronomes substantivos.
Observando o comportamento sintático da forma nenhum no português
contemporâneo, verifica-se que ele “reforça a negativa não, podendo ser
substituído pelo indefinido algum” (BECHARA, 2004: 196).
O autor afirma que, quando não se enfatiza a negação, o pronome nenhum aparece
anteposto ao substantivo e, quando se deseja enfatizar, o pronome surge posposto
ao substantivo. Para Cunha (1986), quando o pronome nenhum é reforçado por
negativa, passa a ter sentido igual ao indefinido um. (grifos dos autores, SOUZA,
Adriana dos Santos; PANTE, Maria Regina, 2008)
Entre os falantes, é comum o uso de dupla negação, numa forma de reforçar, ratificar,
enfatizar o que se deseja expressar, como na construção apresentada a seguir:
_Ainda não temos nenhuma adesão ao movimento grevista?
_Não temos, não!
Também é usado com freqüência entre os falantes a dupla negação como forma de se
afirmar algo:
_Não é verdade que não fomos à aula ontem!
Portanto, na formação acima, a intenção do falante era afirmar que havia assistido à
aula ontem. Assim sendo, o uso de duas negativas nesse caso equivale a uma afirmativa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa.
São Paulo: Nova Fronteira, 2004)
FERREIRA, Mauro. Aprender e Praticar Gramática. São Paulo: Editora FTD, 2007.p.
295,296.
PERINI, Mário A. Gramática Descritiva do Português. São Paulo: Ática, 2006. p. 86,340
SOUZA, Adriana dos Santos; PANTE, Maria Regina. O Pronome Nenhum e a Dupla
Negação Portuguesa: Uma Trajetória de Gramaticalização?
Disponível em: http://www.filologia.org.br/soletras/12/10.htm. Acesso em 11 Jun. 2010.