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IRAILTON
NIQUELÂNDIA – GO
2010
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IRAILTON
Orientador(a):
NIQUELÂNDIA – GO
2010
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IRAILTON
____________________________________________________________________
(professor-orientador)
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
AGRADECIMENTOS
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A Deus, por me agraciar com saúde e paz, para que eu pudesse concluir esta
especialização. A meus professores pela orientação e dedicação e aos meus colegas de
sala pela amizade e companheirismo.
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RESUMO
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A religiosidade é algo intrínseco ao ser humano, é com base nos princípios religiosos
que o homem consegue explicações para os desafios de sua vida e se organiza pessoal e
socialmente mantendo um controle sobre seus impulsos. Nesta monografia foi feito um
estudo baseado na religiosidade popular tendo como foco a Festa do Divino e suas
manifestações no Brasil, especificamente em Niquelândia. O trabalho pautou num
estudo bibliográfico tendo como bases teóricas as contribuições de Rosendahl (1996),
Mauss (1974), Azevedo (1969) entre outros estudiosos que explicam melhor como é a
dinâmica da religião e da religiosidade, focando suas influencias na sociedade e na
família, tema do primeiro capítulo deste trabalho monográfico. Já o segundo capítulo foi
elaborado pautando nas idéias de Cortês (2000), Brandão (1974; 1978; 1985), entre
outros, onde pautou-se a Festa do Divino, sua origem e manifestação em Pirenópolis,
bem como a organização da festa, os encargos do Divino, as folias e o Rito. Por fim, o
ultimo capítulo foi elaborado a partir do livro de Bertran (1998) e arquivo do Centro
Cultural de Niquelândia, onde foi estudada a tradição da Festa do Divino em
Niquelandia, fazendo uma abordagem histórica da cidade. Também foi feito um estudo
resgatando os conhecimentos acerca da tradição da festa no município e como esta se
processou no passado e se desenvolve no presente, contudo, por falta de referências
bibliográficas que tratassem do assunto, o texto foi baseado em entrevistas feitas com
foliões antigos e observação do autor dessa obra. As entrevistas também favoreceram
um entendimento sobre a influência da tradição do Divino Espírito Santo para a
comunidade local. Diante disso, a intenção deste trabalho refere-se num melhor
entendimento de como a religiosidade, especificamente as festividades do Divino
influenciam na vida do indivíduo resgatando suas raízes históricas e delimitando sua
identidade cultural.
ABSTRACT
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The religion is something intrinsic to human beings, is based on religious principles that
man can explain the challenges of his life and organized staff and maintaining social
control over their impulses. This monograph was made a study based on popular
religiosity by focusing on the Feast of the Divine and its manifestations in Brazil,
specifically in Niquelândia. The work was marked with a bibliographical study and
theoretical contributions of Rosendahl (1996), Mauss (1974), Azevedo (1969) among
other scholars that better explain how the dynamics of religion and religiosity, focusing
their influences on society and the family theme of the first chapter of this monograph.
The second chapter was prepared based on the ideas of Cortes (2000), Brandão (1974,
1978, 1985), among others, which was marked the Feast of the Divine origin and its
manifestation in Pirenopolis, and the organization of the party, the burden of the Divine,
the follies and the Rite. Finally, the last chapter was based on the book by Bertrand
(1998) and file Niquelândia Cultural Center, where we studied the tradition of the Feast
of the Divine in Niquelandia, making a historical city. Also a study was done to reclaim
the knowledge of the tradition of the party in the city and how it is processed in the past
and developed in the present, however, for lack of references that addressed the issue,
the text was based on interviews with former revelers and observation of the author of
that work. The interviews also fostered an understanding of the influence of the tradition
of the Holy Spirit to the local community. In this light, the intent of this study is a better
understanding of how religion, specifically the celebration of the Divine influence the
lives of individuals recovering its historical roots and defining its cultural identity.
SUMÁRIO
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RESUMO ---------------------------------------------------------------------------------------06
ABSTRACT --------------------------------------------------------------------------------------07
INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------09
IV CONSIDERAÇÕES FINAIS
V REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
vinculadas aos rituais oficiais da igreja ou podem ser feitas com cultos naturalísticos ou
até mesmo com caráter mágico, como afirma Azevedo (1969):
2.1 Origem: uma retomada histórica da festa em louvor ao Divino Espírito Santo
O Brasil foi marcado por várias etnias que aqui aportaram em diferentes
campos, um deles e o mais evidente é o da religiosidade. Dentro desse âmbito, Portugal
foi um dos países que mais influenciaram a religiosidade brasileira. Este se manifesta no
país de diferentes formas, porém o culto ao Divino Espírito Santo, com devoção à
Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, é a expressão religiosa mais presente em todos
os cantos do país, com traços comuns, bem demarcados e fortemente conceituados.
“Foi instituída pela rainha Isabel, casada com o rei Dom Dinis, o
lavrador, na cidade de Alenquer, onde foi construída uma igreja em
homenagem ao Divino Espírito Santo, no início do século XIV. Conta
a lenda que a rainha gostava de distribuir esmolas para os pobres,
especialmente comida. O rei, sovina, passou a proibir a esposa dessa
prática. Certa vez, quando levava pão aos famintos na rua, ela foi
surpreendida de repente pelo rei, que lhe perguntou o que trazia.
Temendo a reação do marido, ela respondeu que trazia rosas. Ao
verificar, espantado, o rei viu lindas flores. Desse milagre parece ter
nascido a tradição de se distribuir comida para todos os participantes
nas comemorações do Divino. A devoção se espalhou rapidamente em
Portugal e se tornou festa coletiva de grande interesse popular.”
(p. 24)
Matriz. Também foi distribuído de casa em casa, pãezinhos e alfenins (docinhos feitos
de açúcar puro chamado de Verônicas) à população. Essa atitude foi recebida de bom
grado e tornou-se tradição, ainda exercida nos dias atuais.
As festividades duravam doze dias com ápice no Domingo do Divino tendo
como características o sincretismo religioso e profano. As principais manifestações da
festividade do Divino em Pirenópolis são a solenidade do Imperador do Divino Espírito
Santo, a Procissão do Divino Espírito Santo, o Hino do Divino Espírito Santo, missas e
novenas, folias rural e urbana, as pastorinhas, dança do congo, os mascarados, as
cavalhadas entre outras manifestações.
Dentre essas manifestações a que reflete maior destaque durante os festejos são
as cavalhadas. Estas simbolizam a luta histórica travada entre Carlos Magno, imperador
da França, representante cristão coroado pelo Papa Leão III e os mouros que haviam
invadido a Península Ibérica naquela época. Carlos Magno era conhecido por ser
guerreiro e justiceiro, este lutou contra os pagãos, juntamente com os Doze Pares da
França.
As cavalhadas acontecem a partir do Domingo de Pentecostes, ao meio dia e
duram três dias: domingo, segunda e terça-feira. No primeiro dia são realizadas as
embaixadas, os diálogos entre os reis cristão e mouro, as oito carreiras e trégua pedida
pelos mouros, momento em que termina o espetáculo. No dia seguinte, continuam as
carreiras e os diálogos entre os reis, os mouros descem dos seus cavalos, ajoelham-se e
recebem a água do batismo. Após esse ato, os mouros recebem seus cavalos e espadas
de volta, fazem o “engrazamento” (o cristão e o mouro em fila), saem todos do lado do
castelo cristão, terminando a encenação. No ultimo dia das cavalhadas são realizadas as
competições e brincadeiras entre os mouros e cristãos. Depois de uma volta completa no
campo, os mouros e cristãos vão para seus respectivos castelos. Antes das competições,
os cavalheiros se afrontam para em seguida dar início aos jogos, realizando as provas de
“Tira cabeça” e “Argolinhas”. Por fim, os cavalheiros desfilam pelas ruas da cidade
rumo à Igreja Nosso Senhor do Bonfim, onde fazem uma salva de tiros e orações.
(BRANDÃO, 1974)
Também destaca-se nas festividades do Divino Espírito Santo em Pirenópolis
duas vertentes antagônicas representadas pelo culto ao sagrado e manifestações
profanas, esta última inicia-se com a saída dos mascarados, a cavalo, e termina com o
cortejo final de “entrega da Festa”, na casa do Imperador. De sábado a terça-feira,
realizam-se as “Revistas de Pastorinhas”. Esta apresentação data desde o começo do
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século e permanece até os dias atuais. Apresentam-se ainda, na parte profana da Festa,
autos folclóricos, danças etc.
O lado profano da festa tem fim juntamente com as Cavalhadas, depois que os
cavaleiros vão à igreja descarregar suas pistolas em frente à porta atirando para o alto e
os mascarados e cortejos festivos da cidade vão à porta da casa do Imperador para
entregar a festa, finalizando assim as festividades.
cetro, sem que se entoe outra vez o hino. Com um pequeno ramo de
folhas verdes o padre esparge água benta sobre os dois imperadores.
Esta cerimônia de coroação marca o final dos festejos religiosos. O
novo imperador retorna à sua casa em pequena procissão, agora com o
cetro e a coroa. Essa procissão não se inclui no “Programa da Festa” e,
embora seja uma tradição dos festejos do Espírito Santo, não se
considera que faça parte oficial dela” (Brandão, 1978: 28).
procissão da Bandeira nos anos em que ela acontece ocupando lugar de destaque nas
procissões.
Já o Mordomo do mastro, outro encargo que compõe a festa, tem a
responsabilidade de obter e preparar o mastro da “Bandeira do Divino”, bem como
providenciar seu levantamento e a queima de fogos. Por outro lado o Mordomo da
Fogueira tem a função de construir a fogueira e providenciar sua queima no decorrer do
levantamento do mastro e da bandeira, além de garantir a queima dos fogos.
Como foi referido anteriormente o Imperador do Divino é o cargo maior dentro
das festividades do Divino e sua incumbência também é a de maior relevância. Cabe a
ele a coordenação da festa em conjunto com o padre da igreja local e alguns mordomos,
além de arcar com a maior parte dos investimentos, como foi mencionado acima. Ele
deve cumprir com grande parte dos gastos coletivos das Cavalhadas desde os dias do
ensaio, pelos fogos, pela decoração da cidade e pelas apresentações das bandas. É
também de sua responsabilidade o recebimento das pessoas da festa e visitantes em sua
casa, cuidando para que seja servido a estas pessoas comida e bebida. É de sua casa que
saem a Alvorada do Sábado e do Domingo, a Procissão da Coroa, a Procissão do
Espírito Santo e os Cavaleiros, para ensaio. No término da festa voltam à sua casa a
Procissão da Volta da Coroa, a Bandeira e Cortejo ao final da festa.
Em compensação o Imperador do Divino tem lugar de honra nas missas, onde é
colocado um trono para recebê-lo. Durante as procissões e nas Cavalhadas recebe um
palanque imperial, para que possa participar dos festejos. Em diversos momentos é
homenageado pelos cavaleiros, pela banda de música e pelos foliões do Espírito Santo.
Também é o Imperador do Divino que usa os principais símbolos da festa que é a coroa
do Divino e o cetro. (BRANDÃO, 1978)
Nos dois últimos dias da Semana Santa, o Folião da Cidade a percorre com a
primeira Folia do Divino de uma nova Festa. O pequeno cortejo de instrumentistas e
cantores divide-se entre os bairros e vilas da cidade e seus integrantes procuram visitar o
maior número possível de casas em busca de donativos para a festa. A coroa do
imperador é levada da casa deste pelos foliões, que percorrem com ela e a Bandeira, os
lugares de “peditório”. Essa atividade também é conhecida como “Bandeira do Divino”,
e pode sair novamente durante a semana da novena.
Uma das tradições mais antigas e presentes nas festividades do Espírito Santo
são as Folias do Divino. Essas folias eram organizadas antecipadamente para arrecadar
os recursos para a organização da festa e eram compostas por grupos de cantadores que
visitavam as casas dos fiéis para pedir donativos e todo tipo de auxílio. Com eles ia a
Bandeira do Divino, esta possuía gravada em seu centro a imagem de uma pomba que
simboliza o Divino Espírito Santo. Por onde passava a Bandeira, era recebida com
grande devoção e respeito pelos moradores.
Foi inspirado nessa tradição que o cantor Ivan Lins compôs um de seus
maiores sucessos, a Bandeira do Divino:
“Os devotos do Divino vão abrir sua morada / Pra bandeira do
menino ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai / Deus nos salve esse devoto
pela esmola em vosso nome / Dando água a quem tem sede, dando
pão a quem tem fome, ai, ai
A bandeira acredita que a semente seja tanta / Que essa mesa seja
farta, que essa casa seja santa, ai, ai / Que o perdão seja sagrado, que a
fé seja infinita / Que o homem seja livre, que a justiça sobreviva, ai,
ai
Assi
m como os três reis magos que seguiram a estrela guia / A bandeira
segue em frente atrás de melhores dias / No estandarte vai escrito que
ele voltará de novo / E o Rei será bendito, ele nascerá do povo, ai, ai.”
( Ivan Lins / Vitor Martins)
própria igreja católica tenha instituído essa prática a fim de estender cerimônias
religiosas aos moradores da zona rural.
Nessas localidades as folias rurais seguem a cavalo. Nos tempos passados essa
prática era mais comum e regida por grandes solenidades, hoje essa festa na zona rural
perdeu parte dessa grandeza, mas ainda preserva a mesma estrutura nos rituais, pedindo
esmolas para o Divino nas fazendas, sítios e chácaras e agradecendo a oferta dos fiéis. A
bandeira é sempre levada nas visitas e recebida com grande solenidade. Quando o local
visitado é distante, costuma-se pedir ao dono da casa pousada para os foliões, onde se
reza o terço e em algumas vezes realizam-se bailes, onde segundo Brandão (1978, p. 35)
são “dominados por catiras nos locais onde a folia pousa”.
2.5 O Rito
Um fator importante na manifestação dos ritos religiosos é que eles, por ser
uma prática que promove uma repetição do passado, favorecem que a comunidade local
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possa manter sua identidade preservando a memória cultural. Com isso o rito se
configura de acordo com Riviére (1997) na “respiração da sociedade”.
Riviére (1997) a partir dessa premissa define rito como:
Diante dessa definição o autor não coloca em questão os valores das crenças
pelo fato de não ser fácil especificar se tal rito é religioso ou secular. Por outro lado ou
autores Eliade (1992) e Cazeneuve (1971) entendem que o rito segue dentro de um
parâmetro religioso e mágico. Nesse sentido, eles podem ser cotidianos, políticos e
religiosos, cujas ações, uso e hábitos remetem uma acentuada carga simbólica e
representações sociais determinando a realidade social de um povo. Tendo como base o
contexto acima descrito, entende-se que o rito é responsável pela continuidade das
festas religiosas oriundas de um passado remoto conservando a imortalidade de uma
crença.
A festa do Divino Espírito Santo não foge a regra, é carregada de símbolos
religiosos e mitos que os rituais realizados todos os anos não deixam morrer. A cada ano
se revive a tradição de louvor ao Espírito Santo com riqueza de detalhes no
desenvolvimento dos ritos, mediante essa premissa a festa do Divino ajuda a preservar a
identidade local concretizada durante séculos de tradição.
As solenidades do Divino são pautadas nos sete dons do Espírito Santo. Estes
dons são referidos em Gálatas (capítulo 5, versículos de 22-23) são eles: “sabedoria,
inteligência, conselho, ciência, fortaleza, piedade e temor de Deus.” Estes sete dons são
sempre focados em toda ornamentação, tanto dos altares, quanto das solenidades e são
sempre profetizados por todos.
Os símbolos religiosos que compõem as solenidades da festa do Divino são: a
Mandala de Fogo com a pomba branca no centro, onde a primeira representa a descida
do Espírito Santo sobre os apóstolos (pentecostes) e a última representa o próprio
Divino Espírito Santo. Toda a festa é representada pelas cores vermelha e branca e
também tem um significado. A cor branca significa paz, o altíssimo e a pomba branca
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que desceu sobre Jesus quando batizado por João Batista. Na cor vermelha, o
significado refere-se ao sangue de Jesus, o próprio Espírito Santo e as labaredas de fogo
dispostas sobre as cabeças dos apóstolos no dia de Pentecostes.
Na festa do Divino Espírito Santo os foliões trajam vestimentas com essas
cores representando essa simbologia que é muito forte na tradição da festa em louvor ao
Divino. Outro rito adotado se refere aos altares que são organizados pelos donos das
casas visitadas pela Bandeira do Divino e seus foliões. Em geral são bem ornamentados
nas cores vermelho e branco, velas e rosas, além da imagem da pomba branca
representando o Espírito Santo. Nesses altares não se vê luxo, pelo contrário, em geral
são marcados pela simplicidade, mas denotam toda a fervorosidade aos símbolos do
Divino. Os fiéis que seguem o cortejo ao chegar à casa do visitado ajoelham-se diante
do altar e fazem suas orações com fé e devoção. A folia sempre é recebida pelo dono da
casa com muitos fogos e a ornamentação do ambiente inicia-se na entrada da casa, onde
faixas com os sete dons são dispostas dentre outros enfeites.
Após cantarem as cantigas pedindo permissão para entrarem na morada, o
cortejo segue para o altar onde todos cantam hinos em louvor ao Divino e aos demais
santos, seguidos de orações e saudações ao Divino. Um dos hinos mais cantados é o
Hino do Divino:
Outra parte que compõe o ritual religioso é a colocação da Coroa do Divino na cabeça
do visitado e de seus parentes, além de agradecer o acolhimento do dono da casa e pedir graças
e proteção aos demais integrantes da família visitada. Em seguida os foliões se dirigem para o
local onde serão servidos os alimentos preparados para os Foliões do Divino e demais pessoas
que acompanham o cortejo.
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Os lanches são rápidos para não atrasar o andamento da folia. Nas casas onde é
oferecido o pouso da Bandeira é também servido o jantar e o café da manhã aos foliões. A
família que se dispõe a oferecer os lanches no decorrer das caminhadas, o almoço e o pouso,
arcam com as despesas dos alimentos e ainda contribuem com uma quantia em dinheiro que
varia conforme sua situação financeira ou promessa feita ao Divino.
Um rito muito importante na festa do Divino Espírito Santo é a coroação do Imperador
do Divino, personagem principal da festa. Essa solenidade ocorre no Domingo do Divino e
marca o fim das festividades. Esse é o momento mais importânte da festa e também o mais
esperado onde participam o Imperador (festeiro) atual e o futuro. Neste dia o cortejo sai pela
manhã da casa do imperador, seguindo em procissão pelas ruas da cidade em direção à Igreja
onde ocorrerá a missa em louvor ao Divino Espírito Santo. O cortejo traz o andor do Divino
com os símbolos da pomba e da coroa. Sai ricamente adornado sendo conduzido por guardas de
honra. A procissão é acompanhada pela população e banda musical. O imperador porta a capa
vermelha e a Coroa do Divino e é acompanhado pelas virgens de branco e também por crianças
vestidas de anjo.
A procissão só termina na igreja onde inicia-se as solenidades com ápice na Coroação
do Imperador do ano seguinte. O sorteio é feito ao final da missa e na presença de todos, a partir
desse momento a festa é sacramentada e legitimada seguida de uma grandiosa queima de fogos
que comemoram o final dos festejos e o início dos preparativos da festa do próximo ano. Ao fim
da missa a população é convidada para um almoço ofertado pelo atual imperador para finalizar
as festividades.
De acordo com Bertran (1998), Pohl ainda teve acesso a três desses grãos e
afirma que somente a fé seria capaz de ver naquela mancha branca e alongada
localizada no hilo do grão, a imagem do Espírito Santo.
A partir daí a festa do Divino tornou-se cada vez mais popular, sendo no
passado, em torno do ano de 1918, um dos eventos mais animados do povoado de
Traíras e São José do Tocantins (Niquelândia), não havia um só ano que esta festa não
tenha sido organizada, configurando-se em um dos acontecimentos mais importantes da
época. Contudo, com o passar dos anos, a festa do Divino foi perdendo forças, chegando
a quase ser extinta.
Em entrevista ao Centro Cultural de Niquelândia no ano de 1995, o senhor
Benedito Crisóstomo de Godoi (popular Sr. Didico), cidadão natural e residente do
município de Niquelandia há muitos anos e conhecedor da festa do Divino na cidade
desde os primórdios, relatou que nesse período residia em Niquelândia, Frei Francisco
que preocupado com a decadência da festa, saiu pela cidade à procura dos foliões para
que juntos pudessem reerguer e recuperar as tradições históricas perdidas. Frei
Francisco juntamente com alguns foliões antigos, como o próprio Sr. Didico, o Sr.
Geraldo Gomes, entre outros, elegeram o Sr. Deusdete Soares como Imperador da Festa
e a partir daí conseguiram recuperar os festejos do Divino, voltando a ser uma das
maiores festas religiosas da cidade.
Atualmente a cidade comemora a festa do Divino sempre aos quarenta e cinco
dias após o carnaval e duram quinze dias, onde as folias percorrem vários setores da
cidade. Cada setor é representado por uma folia, elas se dividem em quatro partes,
sendo: a Folia do Barrado, do Jardim Atlântico, Lavapé e Machadinho. Estas folias são
regidas e organizadas pelos Alferes da Folia que juntamente com o imperador
comandam as caminhadas e visitas às casas dos fiéis.
Em geral, a folia é acompanhada por uma farta alimentação por onde quer que
ela passe. As casas visitadas são ornamentadas com as cores do Divino e tem bom grado
em receber a Bandeira do Divino e seus foliões.
No último dia de festa, o chamado Domingo do Divino, é iniciado pela
Alvorada, que anima os moradores desde as cinco horas da manhã. Esta sai da Igreja
Matriz e percorre as ruas da cidade, acompanhada pela banda de música e muitos fogos,
até chegar à casa do Imperador, onde é recepcionada em grande estilo. A partir desse
momento é organizado um cortejo onde o Imperador e a Imperatriz, com toda
solenidade são conduzidos à Igreja Matriz, seguidos dos Alferes da Folia, o Juiz da
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manhã. É interessante salientar também uma prática muito requisitada pelos donos das
casas visitadas sempre que chega a folia do Divino, que é a catira, dança realizada pelos
foliões baseada nas batidas de pés e mãos ritmados ao som do violão e demais
instrumentos. Sr. Antônio diz: “muitos esperam pela oportunidade de ver os catireiros
se apresentando e fazem questão de ter esta dança em sua casa.” (novembro/2009)
Também é novidade na festa a celebração de missa nos pousos, antes essa
prática não era adotada mais na atualidade a celebração acontece conforme sorteio, já
que a Igreja não tem quantitativo de religiosos para atender todas as casas. Isso porque
numa cidade como Niquelandia, as folias se subdividem em quatro regiões da cidade,
como já foi explicitado, sendo assim num dia acontecem quatro pousos na cidade, com
isso são sorteadas as casas em que acontecerá a missa e os religiosos seguem para essa
região. A esposa do Sr. Antonio, Dª. Luiza Espindula, também entrevistada, diz que este
foi um ponto positivo nas mudanças sofridas pela festa do Divino.
O Sr. Antonio ainda relata com orgulho que é o promissor da proibição do
consumo de bebida alcoólica nos giros da folia em Niquelândia. Ele diz que precisou
trabalhar muito para que a prática, onde os fiéis que recebiam a folia em sua casa
ofereciam cachaça aos foliões a fim de agradá-los, pudesse ser extinta. Quando um
folião bebia bebida alcoólica em algum outro local e chegava para o giro embriagado, o
Sr. Antônio apoiado pelo Alferes da Folia convidava o folião a se retirar do giro
enquanto estivesse sobre o domínio do álcool. “Não é certo misturar as coisas sagradas
com bebida alcoólica”. Relatou seu Antônio orgulhoso de sua conquista.
Continuando no relato do Sr. Antonio, ao final dos dias em que a folia girou
pela cidade, segue-se para o ritual de entrega dos donativos arrecadados. Ao chegar à
Igreja, a folia faz a cantoria de entrada, logo após segue-se para o altar onde mais uma
vês canta saudando os altares. Completo o ritual, o Procurador do Divino entrega a pasta
com as esmolas para o padre dando fim às folias do ano. Sr. Antonio finaliza: “Para
mim as festas do Divino não deixam morrer as tradições antigas e faz as pessoas se
apegarem mais com as coisas divinas”.(novembro/2009)
Já na entrevista realizada com Dª Luiza Espíndula, esposa do Sr. Antônio,
natural e residente em Niquelandia e com 81 anos de idade, é relatado os rituais da
recepção da folia na casa dos fiéis. A entrevistada conta que as visitas das folias do
Divino são cercadas de muito respeito e devoção, além de um ritual que permanece vivo
desde os primórdios.
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Segundo Dª. Luiza, os moradores indicados para receber e dar pouso para a
Bandeira do Divino (local onde a Bandeira passa a noite) era muito enfeitado para tal
solenidade. Na porta do pouso eram dispostos pés de bananeira ou coqueiro, um do lado
do outro, sempre muito enfeitado com fitas e flores com as cores predominantes:
vermelho e branco. Um arco era feito entre as bananeiras para que a Bandeira do
Divino, os foliões e demais convidados pudessem entrar na casa passando por baixo
dele.
Inicialmente a folia é anunciada pelo Caixeiro (batedor de uma caixa que
proclama a chegada da Bandeira do Divino). Depois os foliões cantam à porta da casa
pedindo ao morador pouso para a Bandeira do Divino. Ao serem autorizados, seguem
por baixo do arco enfeitado. Primeiramente entra o Alferes da Folia (responsável pela
organização da folia e pela condução da Bandeira) seguido pelo Guia (toca violão e
canta os cânticos), o Contra-Guia (que ajuda o guia nos cânticos) e demais integrantes
da folia. A população e convidados seguem por último.
Dª Luiza ainda diz que após entrarem na casa os foliões seguem para o altar,
tradicionalmente ornamentado com flores, velas, fitas, a pomba do divino e os sete
dons, além de santos e santas da devoção do morador. Em frente ao altar os foliões
fazem os cânticos tradicionais fazendo as devidas saudações às imagens dispostas nele e
ao dono da casa que recebe em seguida a Bandeira sendo disposta no altar.
Terminado as solenidades de entrega da Bandeira, os foliões seguem para a
mesa onde o jantar será servido. Os foliões ficam de pé em torno da mesa e novamente
cantam para agradecer o pouso e o alimento ofertado e depois rezam a oração do Pai
Nosso e Ave Maria. Terminando o dono da casa pode servir as comidas. Dª. Luiza diz
que na mesa cada folião tem seu lugar, o Alferes ocupa o extremo da mesa e o restante
dos foliões se dispõe nos demais lugares.
Ao terminar o jantar, os foliões agradecem o alimento e seguem para o altar,
fazem reverência e seguem para suas casas deixando a Bandeira do Divino pernoitar no
pouso. No outro dia bem cedo os foliões retornam para o pouso, repetem as solenidades,
fazem as cantorias e as orações e após o dono do pouso passar a Bandeira por todos os
cômodos da casa e os integrantes da família fazerem reverências, é entregue ao Alferes
que seguem em cortejo para as demais visitas do dia. A folia gira até poucos dias do
Domingo de Pentecostes, entregando a Bandeira e os donativos arrecadados na Igreja
como foi dito anteriormente.
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Dona Luiza diz que os preparativos para a recepção da folia é feito sempre com
muito capricho e boa vontade. O ambiente onde são feitas as comidas é sempre muito
alegre e transmite um clima de paz e satisfação. Esse sentimento é sempre muito
evidente em todas as preparações, pois os fiéis em sua maioria oferecem pouso, almoço
ou mesmo um lanche para agradecer uma graça recebida. Nesse sentido, os preparativos
são mais do que uma boa ação para as pessoas, são, sobretudo um agradecimento ao
próprio Espírito Santo.
Uma lembrança que Dª. Luiza cita com pesar é a quase extinção da recitação
da Ladainha de Nossa Senhora nos pousos. Ela diz que antigamente essa era uma
prática comum em todas as casas que ofereciam o pouso, mas hoje esse ritual só
permanece nas casas dos foliões mais antigos e que fazem questão de manter essa
tradição. Dona Luiza lamenta, “é uma pena que a Ladainha de Nossa Senhora não esteja
mais sendo recitada em todos os pousos porque essa solenidade é muito bonita e
emocionante”. (novembro, 1009)
No domingo de pentecostes a cidade pára para celebrar o dia do Divino
Espírito Santo. A cerimônia mais importante é a que acontece pela manhã, às nove
horas, na Igreja Matriz. Mas toda a solenidade começa às cinco horas da manhã com a
alvorada, que sai da Igreja Matriz em cortejo, coordenada pelo Juiz da Alvorada,
seguindo pelas ruas principais da cidade com grande animação. A banda de música e os
fogos cortam o silêncio da madrugada e acorda a população para o início das
festividades. Em procissão os foliões seguem para a casa do imperador onde são
recepcionados com o café da manhã. Fazem toda a solenidade também no altar
organizado pelo Imperador. Ao terminar é organizada uma procissão onde o Imperador
e Imperatriz são conduzidos, portando com eles a Coroa do Divino, com toda
formalidade, como foi dito nos parágrafos anteriores, para a Igreja Matriz, onde a
primeira e mais importante celebração é realizada.
Após a celebração solene são feitos os sorteios diante de todos os presentes,
dos encargos do próximo ano. Quando é definido o novo imperador é feito o ritual de
transmissão de cargos. Ainda neste dia, é realizada outra celebração na mesma Igreja no
período noturno, onde o cortejo se faz em procissão da mesma forma com que se
desenvolveu pela manhã.
Na zona rural também ocorre o giro das folias, no entanto as celebrações só
ocorrem na cidade. Com isso, os moradores da zona rural param suas atividades neste
dia, se deslocando para a cidade para participarem dos festejos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A Festa do Divino é uma tradição histórica muito difundida nas mais variadas
localidades do Brasil. Percebe-se que as festividades assumem a identidade do local
onde é desenvolvida, influenciada pela cultura e ritmo de vida da população local,
contudo a essência da festa permanece a mesma em todos os locais.
A maior característica desse evento religioso é a fervorosidade e o respeito com
que os fiéis manifestam os rituais da festa. Todos os símbolos que representam este
festejo são mantidos, como a Bandeira do Divino, a Mandala e a coroa do Divino que
são reverenciados com muita devoção. As folias do Divino por sua vez, são um capítulo
à parte. Elas traduzem toda a tradição e rituais que envolvem a Festa do Divino Espírito
Santo. Os foliões são recebidos nas casas com muita satisfação e estes retribuem a
recepção preservando os cânticos antigos e rituais seculares.
Em Niquelandia, a festa do Divino assume uma importância muito grande
junto a população de maioria católica e que tem raízes históricas e culturas muito
antigas e bem delimitadas. Nesse sentido a festa do Divino permite ano a ano, o resgate
dessa tradição passando essa prática de pais para filhos e netos o que assegura ainda
muitos anos, de tradição.
A entrevista com os foliões antigos permitiu um melhor entendimento de como
esta festa se processa em Niquelandia e como esta se manifestou no passado. Uma
evidencia encontrada em cada entrevistado foi a emoção em relembrar os tempos
passados e a reverencia que estes apresentam em comentar os rituais sagrados e até
mesmo indignação em relatar algumas práticas na tradição antiga e que hoje é pouco ou
quase não difundida, como é o caso da Ladainha de Nossa Senhora, comentado no
último capítulo. O que fica claro neste caso é que apesar de algumas mudanças serem
positivas outras provocam perdas nos rituais antigos.
A festa do Divino ainda hoje reúne famílias inteiras para preparação da visita
do Divino. Várias gerações juntas revivendo uma tradição secular e ao mesmo tempo
atual, porque a festa do Divino na atualidade continua se configurando como um dos
principais eventos religiosos da cidade de Niquelândia delimitando assim a identidade
cultural e religiosa da população niquelandense.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AZEVEDO, T. de. Catolicismo no Brasil? Revista Vozes, Ano 63, n° 2, fev. 1969.
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças dos velhos. São Paulo: 1994.
CORTÊS, Gustavo Pereira. Dança Brasil!: festas e danças populares. Belo Horizonte:
Editora Leitura, 2000. p.24.
ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano: A essência das religiões. São Paulo, SP:
Martins Fontes, 1972.
MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dávida. Forma e razão da troca nas sociedades
arcaicas”. Sociologia e Antropologia. v. II. 1974. São Paulo, EPU.
Antigamente, as festas eram mais animadas, a cidade parava nos dias de folia e
principalmente no Domingo do Divino, todas as solenidades eram lotadas de fiéis e
ao final de cada pouso sempre tinham bailes que duravam a noite inteira.
Existem muitas mudanças. Um exemplo é a entrega da esmola que antes era feita
ao Imperador e hoje é entregue direto na Igreja Matriz. Nos dias de hoje, quando a
folia termina os foliões seguem pra a Igreja Matriz para o ritual de entrega das
esmolas arrecadadas, onde se faz a cantoria de entrada, depois segue-se para o
altar cantando para saudação dos altares. Em seguida o Procurador do Divino
entrega a pasta com as esmolas para o padre. Outra mudança que ajudei a
acontecer foi a proibição da distribuição das bebidas alcoólicas aos foliões. Em
geral as pessoas davam cachaça aos foliões para agradá-los, mas acontecia que no
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No momento não me lembro dos negativos, a não ser a animação dos tempos
passados, mas os positivos pra mim é a proibição da bebida alcoólica. Não é certo
misturar as coisas sagradas com bebida alcoólica.
Para mim as festas do Divino não deixam morrer as tradições antigas e faz as
pessoas se apegarem mais com as coisas divinas.
arco enfeitado para que a folia passasse em baixo dele, era uma tradição antiga.
Quando a folia chegava o caixeiro anunciava batendo na caixa, depois os foliões
cantavam na porta da casa pedindo pouso, depois entrava o Alferes da Folia com a
bandeira. Atrás dele vinham o guia, contra-guia, procurador, caixeiro e os outros
foliões e convidados. Iam para o altar onde faziam as cantorias, orações e
saudações, entregava a bandeira para o dono da casa e seguiam para o jantar. Na
mesa era feita a oração do Pai Nosso e da Ave Maria com os foliões em pé em volta
da mesa. Depois o dono da casa servia a comida primeiramente para os foliões
para depois servir aos convidados e todos que seguiam a folia. No final os foliões
voltavam para o altar faziam reverencia e iam embora retornando no outro dia
para o café da manhã e o dono da casa depois de passar a bandeira pelos cômodos
da casa colocava a bandeira no altar para passar a noite.
No tempo antigo os trabalhos para o preparo das comidas e bebidas que seriam
servidos na festa e a ornamentação da casa era feito sempre com muito capricho e
boa vontade num ambiente alegre mostrando paz e satisfação. A família toda
participa dos preparativos até mesmo os visinhos.
Sim, que eu me lembre foram várias, as que meu marido já falou nesta entrevista e
o quase fim da recitação da Ladainha de Nossa Senhora nos pousos.