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A TABUADA

REDUZIDA: Prof. Renato ><(((´>


um caminho leve Faculdade de Educação/UFG
rensardinha@ufg.br
para a compreensão
e a memorização

Goiânia-GO/Brasil, 14 de maio de 2021


Educação Matemática

Etnomatemática

Sem Transdisciplinaridade
palavras Prof. Ubiratan D’Ambrosio
[São Paulo, 08/12/1932; 12/05/2021]

Sistema de Contagem Guarani das Aldeias Itaty,


do Morro dos Cavalos, SC/Brasil
Primeiras
palavras
Aqueles e
aquelas que
nos ajudam a Jean Alina
Szeminska
Constance
Kamii
Gérard
Vergnaud
Piaget
pensar sobre o (Suíça, 1896 –1980)
(Polônia, 1907 – 1986) (Japão, 1935)
(França, 1933).

ensino dos  A gênese


 A gênese
 A criança e
 No ano de
1977,
do número na
números do número na
criança (1964)
criança (1964)
o número Vergnaud
elaborou a
Teoria dos
Campos
Conceituais.
Georges Ifrah (França, 1947 – 2019)
 Os números: a história de uma grande
invenção (1985)
Antoni Vila e María Luz Callejo (Espanha)
 Matemática para aprender a pensar: o papel
das crenças na resolução de problemas (2006)

Livros teóricos, Marília Toledo e Mauro Toledo (Brasil)


 Teoria e prática de Matemática: como dois e
históricos e dois (2010)

práticos sobre Peter Bentley (Inglaterra, 1972)

os números  O livro dos números: uma história ilustrada


da Matemática (2008)

Carl B. Boyer (EUA, 1906 – 1976)


 História da Matemática (1968)
 Para Vergnaud, um campo conceitual é formado por situações
que dão sentido aos conceitos.
A
multiplicação
em diferentes  Vergnaud afirma que as estruturas multiplicativas são compostas
por situações que envolvem a multiplicação e a divisão de dois
significados e números.
formas  As estruturas multiplicativas abrangem também os conceitos de
proporção, fração, semelhança entre figuras geométricas,
razão, números racionais e raciocínio combinatório.
A Tabuada
Clássica
 A origem da palavra tabuada é de “tábua”.
Sabe-se que, na Grécia Antiga, usavam-se tábuas de
argila ou de pedra para fazer cálculos matemáticos.

Origens
 Vale lembrar que a palavra ”cálculo” tem como
significado “pedra”. Por isso dizemos “cálculo renal”,
que é o mesmo que dizer “pedra no rim”.
A
Multiplicação
com os Dedos
das Mãos
(“método
romano”)
 Pitágoras de Samos, filósofo e matemático grego do século VI a.C., criou
uma tabela que permitia efetuar as operações de multiplicação de forma
simplificada. Esta tabela foi escrita em uma tábua de argila.

A Tabuada de
Pitágoras de
Samos
(séc. VI a.C.)
A Tabuada
Circular
Sequencial
(TCS)
A Tabuada
Circular
Aleatória
(TCA)
 Quando olhamos para a tabuada da multiplicação, nos deparamos com
100 números para memorizar! Isso pode ser mesmo desanimador,
principalmente para as crianças que ainda não estão acostumadas a fazer
cálculos mentais ou com o uso comercial dos números.
 Calma! Talvez, com um pouco de dedicação e de compreensão, você
consiga memorizar toda a tabuada da multiplicação, sem precisar sofrer
tanto.
A Tabuada
Reduzida (1)
A Tabuada
 É importante observar que muitas das multiplicações que estão
Reduzida (2) na tabuada já são conhecidas dos alunos. Por exemplo, será
necessário memorizar a multiplicação por 1?

 Ora, qualquer número multiplicado por 1 é igual a ele mesmo.

 Pronto! Então, já podemos eliminar as multiplicações por 1, o que


nos dá 19 números a menos para memorizar, ficando com 81.
 Vejamos algo mais: qual é o dobro de 3? O conceito de
dobro já é bastante conhecido das crianças, desde o 1º ano
do Ensino Fundamental. Isso porque é a representação mais
fácil de fazer concretamente – formar pares, agrupar em
duplas etc. Também é ‘natural’ a compreensão do dobro do
A Tabuada número de pessoas em um grupo, do dobro do número de
figurinhas, do dobro de certo valor em dinheiro e assim por
Reduzida (3) diante.
 Então, vamos eliminar todas as multiplicações por 2, que
equivalem ao dobro de qualquer número. Oba, já são
17 números a menos para memorizar! Então, temos:
81 – 17 = 64 números.
 Você já pensou como fazemos para multiplicar
um número natural por 10? É simples: basta
acrescentar um zero (0) nele! Veja: 8x10 = 80.
Desse modo, já sabemos que não é necessário
A Tabuada memorizar as multiplicações por 10, o que já nos
Reduzida (4) faz economizar 15 números a memorizar. Logo,
temos 64 – 15 = 49 números restantes na
tabuada.
 Até agora, dos 100 números iniciais, estamos com apenas
49 para memorizar. Está ficando bom, mas pode ficar
melhor ainda!
 Veja: 3x4 é o mesmo que 4x3, ou seja, 3x4 = 4x3 = 12. Essa
propriedade da igualdade chama-se comutativa e nos diz
A Tabuada que “a ordem dos fatores não altera o produto” (também
conhecida de forma divertida assim: “a ordem dos tratores
Reduzida (5) não altera o viaduto”).
 Ora, se é assim, então vamos eliminar um monte de
valores a memorizar, porque se eu já sei quanto é 3x7, já
saberei quanto é 7x3, concorda? Por conta disso, eu terei 21
números a menos para memorizar. Estou gostando disso!
 Então, o que ficou para memorizar? Dos 100 números
iniciais, estamos com apenas 28 restando... Que bacana, não
é? Será que ainda dá para eliminar mais números desses 28?
 Vamos pensar... Na imagem que apresentei há pouco,
vimos o “método romano de multiplicação”, que nos
permite calcular com os dedos das mãos a tabuada de
multiplicação por 9.
A Tabuada  Como já tínhamos eliminado alguns resultados da tabuada
do 9 (por exemplo, 9x1, 9x2, ... e 9x8, pela ‘propriedade
Reduzida (6) comutativa’), quando houver qualquer número multiplicado
por 9, basta utilizar o processo dos romanos. Assim, iremos
descontar dos 28 anteriores outros 7 resultados.
 Portanto, ao frigir dos ovos, ao fim e ao cabo, temos apenas
21 resultados para memorizar!
Uau, que diferença... São 79 números a menos do que os
100 iniciais. Aí, sim, fiquei animado para memorizar a
tabuada da multiplicação!
Ordem Multiplicação É o mesmo que Resultado
1 3x3 - 9
2 3x4 4x3 12
3 3x5 5x3 15
4 3x6 6x3 18
5 3x7 7x3 21
6 3x8 8x3 24
7 4x4 - 16
A Tabuada 8 4x5 5x4 20
Reduzida: 9
10
4x6
4x7
6x4
7x4
24
28
a memorizar.. 11
12
4x8
5x5
8x4
-
32
25
13 5x6 6x5 30
14 5x7 7x5 35
15 5x8 8x5 40
16 6x6 - 36
17 6x7 7x6 42
18 6x8 8x6 48
19 7x7 - 49
20 7x8 8x7 56
21 8x8 - 64
 Uso do “método egípcio” de multiplicação:

Outras formas 32 x 13 = ?
de multiplicar:
32 x 1 = 32
32 x 2 = 64
“método 32 x 4 = 128
egípcio” 32 x 8 = 256
32 x 16 = 512
32 x 32 = 1024
...
13 = 1 + 4 + 8  32 + 128 + 256 = 416. Logo, 32x13 = 416
 Quanto é 35 x 16?
Outras formas 16 35
de multiplicar:
8 70

“método dos 4 140

dobros e das 2 280


metades” ou 1 560
“método da
Idade Média” [a] Portanto, 35x16 = 560.
 Uso do “método dos dobros” ou
“método da Idade Média” de multiplicação:
21 x 75 = ?
Outras formas
de multiplicar: 21 75
10 150
“método dos 05 300
dobros e das 02 600
metades” ou 01 1200
“método da
Idade Média” [b]
21 x 75 = 75 + 300 + 1200 = 1575
 Quanto dá 123x456?

Outras formas
de multiplicar:

“método dos
reticulados”
[a]
 Portanto, 123x456 = 56 088
 Quanto dá 284x36?

2 8 4
Outras formas
de multiplicar: 3

“método dos 6
reticulados”
[b]
 Portanto, 284x36 =
 Quanto dá 284x36?

2 8 4
Outras formas
de multiplicar: 3

“método dos 6
reticulados”
[b]
 Portanto, 284x36 =
E agora, José?
Há tantas
estrelas para
contar...
Q1 Q2 Q3 Q4

Q5 Q6 Q7 Q8

Vamos pensar
um pouco?
Q9 Q10 Q11 Q12
Q2
Escolhi o
quadrado Q2
[contei e adicionei as
quantidades de cada
quadradinho verde;
depois, dividi o
resultado por 3,
encontrando a média
de pontos por
quadradinho; por
fim, multipliquei
tudo por 9]
Aqui, eu escolhi
o Q12
[fiz do mesmo modo:
contei e adicionei as
quantidades de cada
quadradinho verde;
depois, dividi o
resultado por 3,
encontrando a média de
pontos por
quadradinho; por fim, Q12
multipliquei tudo por 9]
Para finalizar...
[adicionei o total de
estrelas de Q2 e Q12; fiz a
média aritmética simples
entre eles; o resultado da
média foi multiplicado por
12 e, então, chegamos a
um valor bastante
razoável para o número
total de estrelas nesta
fotografia]

#Não deixe de
fazer isso em
casa!
Ao pensar na Tabuada:
Lembre-se de que as crianças precisam de tempo para
compreender e memorizar os resultados numéricos. Portanto,
tudo a seu tempo!
Procure trabalhar o cálculo mental com frequência.
 Aumente a complexidade dos cálculos, evitando o
desinteresse da criança.
 Explore a resolução de problemas. O “cálculo pelo cálculo” é
cansativo e não estimula a criança a avançar.
Palavras finais  Tente ser “leve” ao acompanhar os seus filhos e filhas nos
estudos.

Muito obrigado pela sua atenção e participação.


Abraço!
Prof. Renato ><(((´>
rensardinha@ufg.br
14 de maio de 2021
BENTLEY, Peter. O livro dos números: uma história ilustrada
da Matemática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.: 2009.
IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande
invenção. 10. ed. São Paulo: Globo, 2001.
KAMII, Constance. A criança e o número. 34. ed. Campinas,
SP: Papirus, 1990.
MOREIRA, M. A. A Teoria dos Campos Conceituais de
Vergnaud, o ensino de Ciências e a pesquisa nesta área;
Referências Investigação em Ensino de Ciências, 6 (2). 2001.
PIAGET, Jean; SZEMINSKA, Alina. A gênese do número na
criança. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1971.
SARDINHA, Renato. A tabuada reduzida: um caminho leve
para a compreensão e a memorização. Goiânia: Faculdade de
Educação/UFG, 2020. [Prelo]
TOLEDO, M.; TOLEDO, M. Teoria e Prática de Matemática:
como dois e dois. São Paulo: FTD, 2010.
ALVES, Rubens. A alegria de ensinar. Campinas, SP: Papirus, 2000.
ALVES, Rubens. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que
pudesse existir. Campinas, SP: Papirus, 2001.
BOYER, Carl B. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1974.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação para uma sociedade em transição.
Campinas, SP: Papirus, 1999.
GONÇALVES JUNIOR, Marcos Antonio; ROCHA, Luciana Parente;
SARDINHA, Renato (Org.). Deixe-se contar: histórias de aulas de
matemática, colaboração e formação de professores. Goiânia: Cegraf/UFG,
Leituras 2020.
IFRAH, Georges. História universal dos algarismos: a inteligência dos
indicadas homens contada pelos números e pelo cálculo. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1997. 2 v.
LOBATO, Monteiro. Aritmética da Emília. Jandira, SP: Ciranda Cultural,
2019.
VASCONCELOS, Celso dos S. Construção do conhecimento em sala de
aula. São Paulo: Libertad, 1995. [Cadernos Pedagógicos do Libertad-2]
VERGNAUD, G. La théorie des champs conceptuels. Récherches em
Didactique des Mathématiques, 10 (23), 1990.
VILA, A. CALLEJO, M. L. Matemática para aprender a pensar: o papel das
crenças na resolução de problemas. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed,
2006.

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