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As Revoluções e o Mestre
No campo das Revoluções, com R maiúsculo, Lacan desconstrói os ideais do
homem moderno com uma certa dose de ironia. O ideal da liberdade, da felicidade, da
realização do desejo, da igualdade para todos são postos como impossíveis. No que diz
respeito ao ideal de liberdade, em virtude da duplicidade senhor-escravo estar
generalizada no interior de cada participante da nossa sociedade, Lacan chega a compará-
lo “a um discurso delirante[15]”. Quanto ao lema A liberdade ou a morte!, por exemplo,
a posição de Lacan é a de que isso só seria possível obtendo os dois[16].
No seminário “O avesso da psicanálise” Lacan é enfático ao mostrar que “no que
chamam romanticamente de Revolução com R maiúsculo, o discurso do mestre realiza
sua revolução (…) no giro que se completa[17]”. O isso gira evoca sempre o retorno.
Para Miller[18], aos olhos de Lacan, a política procede por identificação, manipula
os significantes mestres e busca, por meio disto, capturar os sujeitos. A psicanálise vai
contra as identificações, as desfaz uma por uma, as faz cair como cascas de cebola.
Diante dessa constatação, ou seja, a de que uma revolução institui, necessariamente,
um mestre para ocupar o lugar daquele deposto, o discurso analítico é um contraponto.