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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Artes e Comunicação


Departamento de Música
Disciplina: Leitura e Produção de Texto Acadêmico (LPTA)
Docente: André Cavalcante Barbosa da Silva
Discente: Vitor Morais Castanheira

Resumo acadêmico

ROSA, Carlota Maria. Língua, meio de comunicação. In: ROSA, Carlota Maria. Uma
Viagem com a Linguística: panorama para iniciantes. Rio de Janeiro: Pá de Palavra, 2002.

Este trabalho tem por objetivo resumir o capítulo “Língua, meio de comunicação”,
do livro “Uma Viagem com a Linguística: panorama para iniciantes”, da autora Maria
Carlota Rosa. Este capítulo reúne uma série de reflexões e estudos de cunho histórico,
geográfico, sociológico e antropológico de pesquisadores do campo da linguística, tratando
sempre da relação língua grupo social ou língua indivíduo, se debruçando sobre questões
como variação linguística, preconceito linguístico, a língua enquanto identidade cultural,
vitalidade de línguas, dentre outros, além de trazer definições técnicas da área, fundamentais
para entender e diferenciar termos que são utilizados no senso comum e que muitas vezes não
trazem uma definição completa e que carregam preconceitos no seu uso cotidiano, como o
caso de dialeto, sotaque, idioma, língua oficial, entre outros.

No texto, Rosa parte do princípio de que nenhuma língua é única na sua forma de
falar, cada pessoa ao fazer uso da língua imprime nela, indiretamente, informações sobre si
próprio e sobre seu contexto, sendo um indicador de onde ela veio, do seu grau de
escolaridade, do quão confortável a pessoa está com a situação, se é uma ocasião formal ou
não, e que portanto existe uma vasta pluralidade dentro de uma única língua, que pode se dar
de várias maneiras. Esta abordagem ilumina questões que normalmente no senso comum são
ignoradas, mostrando que não faz sentido observá-las pelo prisma do falar “certo ou errado”,
uma vez que essa ótica deixa de lado a complexidade que existe por trás desse tema: questões
históricas, geográficas, sociais e culturais que implicam em variações da mesma língua, que
ao serem esmiuçadas percebe-se na verdade que se há tanta diversidade quanto há indivíduos
num determinado grupo, pois cada um em um determinado contexto faz um uso específico da
língua, sem que uma esteja “mais certa” que a outra.

A autora comenta que comumente a variedade informal, ou seja, aquela que se desvia
da norma culta, não é sequer vista como língua, sendo chamada muitas vezes de “dialeto”,
termo empregado de forma equivocada, pois para a linguística, o termo se refere à “uma
variedade que se distingue de outras em termos de localização geográfica ou do grupo social
que a emprega”, e que pertencem portanto a uma mesma língua. Nem sempre é fácil saber se
duas formas diferentes de falar são dialetos ou línguas distintas, e por isso foram estabelecidos
critérios universais pela ISO, através da ISO 693-3, de 2007, que levam em conta a
inteligibilidade mútua ou parcial, a literatura comum e a identidade etnolinguística.

Mais adiante Rosa chama atenção sobre a questão da morte de línguas, atentando
para a estimativa de Michael Kraus (1992) de que ao longo do século XXI assistiremos ao
desaparecimento de 90% das línguas da humanidade. Para fins de monitoramento, a
UNESCO criou um sistema indicador da vitalidade de uma língua, com critérios específicos
que classificam com nota de 0 a 5 as línguas que estão mais ameaçadas, sendo a nota 0
referente à “extinta” e a 5 referente a “não corre perigo”.

Ainda neste mesmo capítulo, a linguista aponta uma problemática existente que diz
respeito aos estereótipos criados em cima de cada sotaque, e o quanto isto afeta a
credibilidade de alguns indivíduos simplesmente por falarem com um ou outro sotaque, usar
regionalismos e expressões típicas, o que influencia positivamente ou negativamente em
entrevistas de empregos e outras situações. O cinema, afirma a autora, é diretamente
responsável pela criação de estereótipos linguísticos. Ao usar determinados sotaques para
acentuar uma característica de um personagem, os filmes acabam difundindo a ideia de que
pessoas que falam daquela forma possuem de fato tais características.

Ao final, Rosa debate acerca da diversidade de línguas que existem em cada país, “o
difícil é encontrar um país monolíngue”, afirma ela, pois apesar de ter um idioma oficial
apenas, praticamente todos os países são constituídos por povos de diferentes grupos sociais e
diferentes origens históricas, e quase sempre estes povos diferentes que constituem a nação de
um país possuem um ou mais idiomas diferentes do oficial. É o caso por exemplo dos
indígenas no Brasil, em que cada etnia indígena possui uma língua própria.

A partir daí surge o conceito de línguas minoritárias, são estas línguas não oficiais do
país, faladas por povos minoritários, como grupos étnicos ou imigrantes, e que geralmente
não possuem o mesmo prestígio que a língua oficial. Muitas destas línguas se encontram em
situação de risco por não terem seu aprendizado estimulado nas escolas e nem mesmo pelas
gerações anteriores de falantes, por medo de que os mais novos possam sofrer algum tipo de
discriminação. Este fato fez com que fosse criado um movimento em prol das línguas
minoritárias, pedindo que medidas fossem tomadas para a proteção dessas línguas.

Em território brasileiro um exemplo citado pela autora que pode ser visto como
resultado destas ações é o da cidade amazonense de São Gabriel da Cachoeira, que aprovou
no dia 22 de novembro de 2002 a lei n° 145, reconhecendo as línguas Nheengatu, o Tukano e
o Baniwa, de origem indígena, como línguas cooficiais do município. Desde então outros
municípios aprovaram projetos também oficializando outras línguas nativas de povos
originários que as habitam. Esta medida prevê que as instituições públicas devem garantir que
os documentos e ofícios devem ser publicados também nas línguas cooficiais e que os falantes
dessas línguas tenham acesso pleno aos mesmos serviços, através de intérpretes e tradutores.
Na prática, porém, Rosa afirma que isto não acontece.

Por fim, a linguista fala da polêmica questão das libras, que não possui o
reconhecimento como uma língua, e sim como “meio legal de comunicação e expressão”.

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