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ROSA, Maria Carlota. Língua, meio de comunicação. In: ROSA, Maria Carlota. Uma viagem
com a linguística: um panorama para iniciantes. - 1. ed. - São Paulo: Pá de Palavra, 2022.
Fora da linguística, variedades sem prestígio acabam por receber denominações como
dialeto, linguajar, caçanje, patois , “mas língua, nem pensar” como notou Marcos Bagno.
Fora da linguística, dizer que alguém “fala dialeto” pode significar que essa pessoa fala:
(a) uma variedade linguística sem prestígio social; (b) uma língua ágrafa. O termo dialeto,
em linguística, não tem qualquer desses significados. (BAGNO, 2009: 1, apud ROSA,
2022, p. 127)
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Imagine instalar num smartphone todo o pacote de linguagem que nos permitirá usá-lo
numa determinada língua... e errar a identificação da língua... Então, essa identificação
não é importante apenas no mundo da linguística. (ROSA, 2022, p. 129)
Além de marcas que indicam a região de origem do falante, há marcas linguísticas que
indicam a escolaridade do falante, a classe social, o grupo
étnico, a religião… (ROSA, 2022, p. 135)
“A depreciação social de uma língua desestimula seu uso e é mais um fator a colocá-la
em perigo de desaparecimento.” (ROSA, 2022, p. 143)
“Para enfatizar que a relação assimétrica é resultante de uma política linguística que cria
a
minorização de línguas, começa a ter curso a expressão língua minorizada. Há quem
empregue língua étnica, quem faça a distinção entre língua regional e língua de
imigração. Manteremos aqui a denominação língua minoritária, porque concordamos
com Limberger,BKürschner, Altenhofen & Mozzillo (2020): não formam um grupo
homogêneo” (ROSA, 2022, p. 143, grifos da autora)
“Na literatura linguística sobre os países de língua oficial portuguesa em África pode-se
encontrar o emprego de língua nacional no sentido de língua autóctone — isto é,
nativa, mas não oficial —, mesmo que de abrangência restrita a um território do país. “
(ROSA, 2022, p.145, grifos da autora)
Num trabalho de 2001 voltado para o contexto escolar nos EUA, Guadalupe Valdés
permitia perceber que essa ameaça era infundada. Parte daqueles que chegam ainda
crianças aos EUA mantêm sua língua de herança como dominante. A partir da segunda
geração, porém, a situação muda, tornando-se o inglês a língua dominante. A quarta
geração da família imigrante, por exemplo, é fluente em inglês, mas o conhecimento da
língua de herança pode-se apresentar em níveis muito variados: pode permitir falar com
os membros mais velhos da família (mas não dar uma aula numa universidade, por
exemplo), pode permitir compreender mas não falar essa língua ou mesmo nem falar nem
compreender a língua de herança. (ROSA, 2022, p. 145)
“Bilíngues sabem suas línguas na medida em que precisam delas. Alguns bilín-
gues são dominantes numa língua, outros não sabem ler nem escrever numa das
línguas, outros têm apenas conhecimento passivo de uma língua e, finalmente,
uma pequena minoria tem fluência igual e perfeita nas suas línguas” (GROSJEAN, XXXX
apud ROSA, 2022, p. 155)