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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL


DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA III
TURMA: JORNALISMO 2023.1
ESTUDANTE: MATHEUS FERREIRA DE MOURA SILVA

ROSA, Maria Carlota. Língua, meio de comunicação. In: ROSA, Maria Carlota. Uma viagem
com a linguística: um panorama para iniciantes. - 1. ed. - São Paulo: Pá de Palavra, 2022.

“Exatamente porque não existe uma língua unificada, porque nenhuma


língua é um monobloco indivisível, costuma-se associar ao conceito de
língua a ideia de abstração uma vez que, nos atos de fala, ela já se
apresenta diversificada, com usos diferenciados conforme o momento, as
circunstâncias da elocução, as características sociais do falante” (CARDOSO, 2016: 15,
apud ROSA, 2022, p. 126)

Fora da linguística, variedades sem prestígio acabam por receber denominações como
dialeto, linguajar, caçanje, patois , “mas língua, nem pensar” como notou Marcos Bagno.
Fora da linguística, dizer que alguém “fala dialeto” pode significar que essa pessoa fala:
(a) uma variedade linguística sem prestígio social; (b) uma língua ágrafa. O termo dialeto,
em linguística, não tem qualquer desses significados. (BAGNO, 2009: 1, apud ROSA,
2022, p. 127)

Em linguística dialeto não marca negativamente nem os falantes nem a


variedade linguística assim referida, apesar de esse emprego ser ainda frequente
no uso comum, fora da linguística. (ROSA, 2022, p. 127)

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Imagine instalar num smartphone todo o pacote de linguagem que nos permitirá usá-lo
numa determinada língua... e errar a identificação da língua... Então, essa identificação
não é importante apenas no mundo da linguística. (ROSA, 2022, p. 129)

INTELIGIBILIDADE ASSIMÉTRICA. Quando o grupo A entende com facilidade a língua


do grupo B, mas a recíproca não é verdadeira. Isso pode ocorrer com línguas da mesma
família e bem próximas. (ROSA, 2022, p. 130, grifos da autora)

Se a inteligibilidade é suficiente para permitir a comunicação, a existência de identidades


etnolinguísticas distintas bem estabelecidas pode ser um forte indicador de que
deveriam ser consideradas línguas diferentes (Critérios ISO 639-3 para identificação
de línguas). (ROSA, 2022, p. 130, grifos da autora)

Se, na fala, a inteligibilidade entre as variedades é marginal, a existência de literatura


comum vou de identidade etnolinguística com uma variedade central que ambas as
variedades compreendem pode ser um forte indicador de que deveriam ser consideradas
variedades da mesma língua (Critérios ISO 639-3 para identificação de línguas).
(ROSA, 2022, p. 130, grifos da autora)

Duas variedades relacionadas são normalmente consideradas variedades da mesma


língua se os falantes de uma variedade compreendem a outra sem necessidade de
aprendizado. (ROSA, 2022, p. 131)
Se, na fala, a inteligibilidade entre as variedades é marginal, a existência de literatura
comum ou de identidade etnolinguística com uma variedade central que ambas as
variedades compreendem pode ser um forte indicador de que deveriam ser consideradas
variedades da mesma língua. (ROSA, 2022, p. 131)

Se a inteligibilidade é suficiente para permitir a comunicação, pode ser um forte indica-


dor de que deveriam ser consideradas línguas diferentes a existência de identidades
etnolinguísticas distintas bem estabelecidas. (ROSA, 2022, p. 131)

Além de marcas que indicam a região de origem do falante, há marcas linguísticas que
indicam a escolaridade do falante, a classe social, o grupo
étnico, a religião… (ROSA, 2022, p. 135)

O ouvinte reage não apenas ao conteúdo expresso em palavras e frases, mas ao


conjunto de informações que percebe, o que pode resultar em reação positiva
ou não à variedade linguística do falante. (ROSA, 2022, p. 137)

A atitude linguística é um dos temas de interesse da sociolinguística: focaliza como


crenças, afetos e tendências de comportamento afetam a atitude da Língua, meio de
comunicação de um falante em relação a usuários de outras variedades ou de outras
línguas. (AGUILLERA, 2008, apud ROSA, 2022, p. 136-137, grifos da autora)

A reação emocional em relação a outras variedades ou a outras línguas


tem consequências que podem “promover o preconceito, a discriminação e in-
terações sociais problemáticas”, mas podem, por outro lado, levar ao interesse
por uma dada língua e cultura. (DRAGOJEVIC, 2017, apud ROSA, 2022, p. 137)

Ainda no tocante à reação emocional, um insulto numa língua estrangeira


aprendida em sala de aula parece ter menos força que o equivalente na língua
materna. A reação emocional do falante a esse tipo de vocabulário precisa de
que os insultos estejam na L1 do falante ou ouvinte. (ROSA, 2022, p. 140)

“A frase o monolinguismo é uma doença apareceu em adesivos colados


em carros e outros meios de transporte na Austrália, não poucos anos atrás.
Foi uma provocação vinda dos movimentos de mobilização de populações
aborígenes e seus aliados, num momento em que cresciam, já em escala
mundial, denúncias acerca do rápido e crescente desaparecimento ou
obsolescência de milhares de línguas minoritárias. No final do século (apenas)
passado, a previsão era de que das cercas de 5000/6000 línguas existentes, no
mundo, 90% estariam em risco de extinção neste século” (FRANCHETTO, 2013, apud
ROSA, 2022, p. 141)

“A depreciação social de uma língua desestimula seu uso e é mais um fator a colocá-la
em perigo de desaparecimento.” (ROSA, 2022, p. 143)

“Para enfatizar que a relação assimétrica é resultante de uma política linguística que cria
a
minorização de línguas, começa a ter curso a expressão língua minorizada. Há quem
empregue língua étnica, quem faça a distinção entre língua regional e língua de
imigração. Manteremos aqui a denominação língua minoritária, porque concordamos
com Limberger,BKürschner, Altenhofen & Mozzillo (2020): não formam um grupo
homogêneo” (ROSA, 2022, p. 143, grifos da autora)

“Na literatura linguística sobre os países de língua oficial portuguesa em África pode-se
encontrar o emprego de língua nacional no sentido de língua autóctone — isto é,
nativa, mas não oficial —, mesmo que de abrangência restrita a um território do país. “
(ROSA, 2022, p.145, grifos da autora)

Num trabalho de 2001 voltado para o contexto escolar nos EUA, Guadalupe Valdés
permitia perceber que essa ameaça era infundada. Parte daqueles que chegam ainda
crianças aos EUA mantêm sua língua de herança como dominante. A partir da segunda
geração, porém, a situação muda, tornando-se o inglês a língua dominante. A quarta
geração da família imigrante, por exemplo, é fluente em inglês, mas o conhecimento da
língua de herança pode-se apresentar em níveis muito variados: pode permitir falar com
os membros mais velhos da família (mas não dar uma aula numa universidade, por
exemplo), pode permitir compreender mas não falar essa língua ou mesmo nem falar nem
compreender a língua de herança. (ROSA, 2022, p. 145)

A língua materna é a língua que a criança adquire primeiro porque é


usada em casa. Num ambiente monolíngue, é a única. (ROSA, 2022, p. 151)

A língua nativa é aquela que o indivíduo percebe como a que o identifica


como membro de uma comunidade, de uma cultura. (ROSA, 2022, p. 152)

A primeira língua é aquela que se aprendeu primeiro. L1 é uma forma


abreviada de referir a primeira língua. Cabe notar, porém, que L1, se é a pri-
meira, pressupõe que haja pelo menos mais uma, pressuposto que não está
presente nem em língua materna, nem em língua nativa. (ROSA, 2022, p. 152)

Segunda língua, abreviadamente L2, é a segunda língua (mas também


pode ser a terceira, a quarta…) aprendida depois da primeira, a L1. (ROSA, 2022, p. 152)

“Bilíngues sabem suas línguas na medida em que precisam delas. Alguns bilín-
gues são dominantes numa língua, outros não sabem ler nem escrever numa das
línguas, outros têm apenas conhecimento passivo de uma língua e, finalmente,
uma pequena minoria tem fluência igual e perfeita nas suas línguas” (GROSJEAN, XXXX
apud ROSA, 2022, p. 155)

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