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Linguagem
A pratica de coordenar ações uns com os outros, remonta a milhares de anos da história
de todos nós. Numa perspectiva milenar da história, esse tempo foi suficiente para que
nossos gestos, sons e o próprio corpo, se transformassem em palavras. Nesse processo
próprio dos humanos as palavras são entendidas como os nós dessas redes de
coordenação conduta consensual.
Os surdos, por não dominarem a oralidade, eram e são excluídos dos processos
educacionais e, por consequência, do mercado de trabalho. Essas restrições a direitos
fundamentais da cidadania, são um obstáculo constante na vida de uma pessoa surda.
Portanto, reconhecer o estatuto de língua para a LIBRAS, não tem apenas repercussões
linguísticas e cognitivas, mas também, repercussões políticas e sociais na vida da pessoa
surda pelo reconhecimento de sua humanidade (SANTANA, 2005).
O exercício de síntese a respeito da identidade surda foi, peça fundamental para essa
curta analise em texto, porém, mesmo em poucas linhas, acreditamos ser possivel
esboçar uma hipótese como ponto de partida, para a elaboração de um trabalho mais
detalhado sobre o complexo processo de formação da identidade surda. Nesse sentido,
nossa hipótese é que, tanto a formação e a constante manutenção da identidade surda,
está relacionada a questão do uso da língua de sinais pelo surdo. Pois, acreditamos que
seja atraves do constante contato entre os surdos com a língua de sinais, que novas
possibilidades interativas, de coordenação, de coordenação consensual sejam
estabelecidas. No âmbito dessa hipótese, a identidade surda seria o resultado da síntese
dialética entre a linguagem e a língua de sinais.
O que ocorre, na verdade, é que, em contato com outro surdo que também use a língua
de sinais surgem novas possibilidades interativas, de compreensão, de diálogo, de
aprendizagem, que não são possíveis apenas por meio da linguagem oral. A aquisição
de uma língua, e de todos os mecanismos afeitos a ela, faz com que se credite à língua
de sinais a capacidade de ser a única capaz de oferecer uma identidade ao surdo.
O exercício de síntese sobre o tema da identidade surda foi, peça fundamental para essa
curta analise em texto, porém, mesmo em poucas linhas, acreditamos ser possivel
esboçar uma hipótese como ponto de partida, para a elaboração de um trabalho mais
detalhado sobre o complexo processo de formação da identidade surda. Ficamos por
aqui, alimentados por essa vontade.
A discuss�o sobre surdez, educa��o e l�ngua de sinais vem sendo ampliada nos
�ltimos anos por profissionais envolvidos com a educa��o de surdos, como
tamb�m pela pr�pria comunidade surda. A oficializa��o da L�ngua Brasileira de
Sinais (LIBRAS), em abril de 2002 (Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002), come�ou a
abrir novos caminhos, sem, no entanto, deixar de gerar pol�micas por profissionais que
trabalham com surdos e por surdos oralizados, que n�o se sentem parte de uma
comunidade surda e n�o v�em m�rito nessa vit�ria para a comunidade surda.
Muitos profissionais que trabalham com surdos t�m uma vis�o sobre a l�ngua de
sinais como uma forma de comunica��o, n�o atribuindo a ela o status de l�ngua e
considerando-a apenas uma alternativa para os surdos que n�o conseguiram
desenvolver a l�ngua oral. Segundo Skliar (1997), o oralismo � considerado pelos
estudiosos uma imposi��o social de uma maioria ling��stica sobre uma minoria
ling��stica. Como conseq��ncia do predom�nio dessa vis�o oralista sobre a
l�ngua de sinais e sobre surdez, o surdo acaba n�o participando do processo de
integra��o social. Embora a premissa mais forte que sustenta o oralismo seja a
integra��o do surdo na comunidade ouvinte, ela n�o consegue ser alcan�ada na
pr�tica, pelo menos pela grande maioria de surdos. Isso acaba refletindo,
principalmente, no desenvolvimento de sua linguagem, sendo ent�o o surdo silenciado
pelo ouvinte, por muitas vezes n�o ser compreendido.
A Libras surge, como um mecanismo de afirma��o da identidade surda, identidade
silenciada durante muitos anos, atrav�s da pr�tica da oraliza��o for�ada (o surdo
era ensinado a �falar� atrav�s do m�todo da repeti��o e aponta��o). Por n�o
dominarem a oralidade, eram exclu�dos dos processos educacionais e considerados
inaptos para o desempenho de qualquer atividade, al�m de n�o poderem ser
respons�veis pela pr�pria vida.