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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE DIREITO

CAIRÊ LOPES DE OLIVEIRA SODRÉ

LIBERDADE DE EXPRESSÃO X CRIMES CONTRA A HONRA: Visão atual e


jurisprudência

São Luís
2021
CAIRÊ LOPES DE OLIVEIRA SODRÉ

LIBERDADE DE EXPRESSÃO X CRIMES CONTRA A HONRA: Visão atual e


jurisprudência

Projeto de Monografia apresentado a Coordenação


do Curso de Direito da Universidade Federal do
Maranhão como requisito para obtenção do grau
em bacharel em Direito

Orientadora: Profa Lívia Maria da Graça Costa


Aguiar

São Luís
2021
CAIRÊ LOPES DE OLIVEIRA SODRÉ

LIBERDADE DE EXPRESSÃO X CRIMES CONTRA A HONRA: Visão atual e


jurisprudência

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


coordenação do curso de Bacharelado em Direito,
da Universidade Federal do Maranhão como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Direito.

Aprovado em: ___/___/___, às ___:___ horas.


Nota: ___

__________________________________________
Profa. Lívia Maria da Graça Costa Aguiar
Orientadora

__________________________________________
Examinador (a) 1

__________________________________________
Examinador (a) 2
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me permitiu ter a sanidade e paciência


necessárias para realização deste texto.

Em segundo lugar aos meus pais, Marco Antonio e Claudio José Sodré que sempre
foram e serão meus heróis, estiveram comigo nas horas boas para dividirmos sorrisos e não
só, mas principalmente nas ruins para me levantar.

A minha vó, Hildenê, por ser o alicerce de tudo que a minha família é e ser modelo a
todos de perseverança, resiliência e fé.

A minha tia, Nivia, figura a qual o título de tia chega a ser injusto, minha segunda
mãe, luta pelos seus como ninguém e sempre lutou por mim.

Aos meus irmãos, João, José, Marina, Artur, Rebeca e Sofia, espero servir de exemplo
a todos, que tenham orgulho de mim e nunca esqueçam, ainda que demore a vitória sempre
vem, há sempre de se começar por algum lugar.

Dedico especialmente a minha namorada, que por dias e noites dividiu inquietudes e
incertezas sobre o futuro e sempre foi fortaleza pra mim. Muito obrigado por tudo. Eu te amo,
Alessandra.

Deixo um agradecimento especial á minha orientadora, Livia Maria, pelo incentivo e


pela dedicação do seu escasso tempo ao meu projeto de pesquisa.

Por último, quero agradecer também a Universidade Federal do Maranhão e todo seu
corpo docente, daqui saio para o mundo.
RESUMO

Liberdade de expressão e proteção à honra têm sido alvo de diversas discussões e


atualizações, tais necessidades têm surgido como reflexo dos comportamentos da população
humana, a qual tem se se tornado detentora de maior acesso a canais de comunicação, mas por
vezes não tem atentando-se para os regramentos regentes do nosso ordenamento jurídico.
Desde modo, tem se tornado necessária a realização de um comparativo dos direitos e deveres
do cidadão, atrelados as previsões legislativas e na ausência delas, as jurisprudências que têm
cunho esclarecedor para o julgador. Insta salientar que essa necessidade vem surgindo com a
banalização do conceito de livre expressão, que acaba por sobrepesar a honra alheia. Em
busca do ponto de equilíbrio entre o livre direito de expressão e os crimes contra a honra,
utilizamos de metodologia de referenciais teóricos para dissertar sobre o assunto.

Palavras-chave: liberdade; expressão; crimes; honra.


ABSTRACT

Freedom of expression and protection of honor have been the subject of several discussions
and updates. Such needs have emerged as a reflection of the behavior of the human
population, which has become the holder of greater access to communication channels, but
sometimes has not paid attention to the ruling rules of our legal system. Therefore, it has
become necessary to carry out a comparison of the rights and duties of citizens, linked to
legislative provisions and, in their absence, the jurisprudence that has an clarifying nature for
the judge. It is worth noting that this need has arisen with the trivialization of the concept of
free expression, which ends up outweighing the honor of others. In search of a balance
between the free right of expression and crimes against honor, we used the methodology of
theoretical references to discuss the subject.

Keywords: freedom; expression; crimes; honor.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2 CONCEPÇÕES REFERENTES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ........................ 10
2.1 Breve panorama acerca dos direitos fundamentais .............................................................. 10
2.2 Princípio da dignidade da pessoa humana................................................................................. 15
3 CRIMES CONTRA A HONRA ........................................................................................ 19
3.1 Calúnia............................................................................................................................... 19
3.2 Difamação .......................................................................................................................... 19
3.3 Injúria ................................................................................................................................ 23
4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO ........................................................................................ 26
4.1 A liberdade de expressão nas constituições federais brasileiras .................................. 26
4.2 A liberdade de expressão no estado democrático de direito ........................................ 27
4.3 Pactos internacionais ....................................................................................................... 30
5 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E OS CRIMES CONTRA HONRA ........................... 33
5.1 O direito fundamental à liberdade de expressão .......................................................... 33
5.2 Da solução do conflito entre direitos fundamentais .............................................................35
5.3 Aspectos jurisprudenciais da liberdade de expressão e crimes contra a honra .........38
5.4 O STF e os casos representativos da proteção constitucional do pensamento............43
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 46
9

1 INTRODUÇÃO

Os direitos e garantias fundamentais compõem o artigo 5º da Constituição Federal de


1988, sendo considerados como princípios responsáveis por assegurar e serem valores
fundamentais para o funcionamento do nosso ordenamento jurídico.
De forma exemplificativa, seus artigos versam sobre o direito à vida e à integridade,
direito a personalidade, princípio da igualdade ou isonomia, princípio da legalidade, direito de
resposta, princípio da liberdade religiosa e de pensamento, direito à privacidade da imagem,
princípio do livre acesso ao judiciário, princípio da irretroatividade da lei e o da retroatividade
da lei benéfica, princípio do juiz natural, entre outros (BRASIL, 1988).
Dentre esses direitos e garantias fundamentais, encontramos a liberdade de expressão e
a honra. Entretanto, a liberdade de expressão que é considerada uma das liberdades
constitucionais de maior cunho garantidor individual, acabou por se tornar balanizada.
Insta salientar que, a liberdade de expressão não é um direito absoluto, mas sim, uma
norma permissiva para o livre exercicio de pensamento e expressão individual, desde que não
resulte em descumprimento de outra garantia constitucionalmente consagrada, devendo-se
observar a devida limitação e punição.
Espera-se que seja reconhecida, com devida vênia, o intuito da previsão constitucional,
frente aos direitos fundamentais, que estejam relacionados diretamente com a salvaguarda da
dignidade da pessoa humana.
Não restam dúvidas de que a preservação da regra de obediência ao direito, visa
garantir ao indivíduo que seus direitos fundamentais, bem como a dignidade da pessoa
humana, não sejam feridos ou cancelados e para solucionar os conflitos que possam advir de
choque entre direitos fundamentais, a citar direito a honra e liberdade de expressão, existem o
balanceamento, as análises objetivas e ainda o estudo de jurisprudências.
Para tanto, o presente estudo adota como metodologia a pesquisa bibliográfica,
dispondo de uma abordagem descritiva e explicativa, tendo em vista o objetivo central.
10

2 CONCEPÇÕES REFERENTES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A proteção dos direitos fundamentais por razões judiciais foi consolidada como um
dos pilares do conceito moderno de constituição e foi apresentada como uma característica
inseparável da ideia contemporânea da democracia. Ante a isso, o presente capítulo se
debruça sobre os direitos fundamentais e sua relação frente a dignidade da pessoa humana e
sobre os conflitos referentes a busca dos mesmos especialmente no que tange a preservação
do direito da personalidade.

2.1 Breve panorama acerca dos direitos fundamentais

Os direitos fundamentais são os direitos elementares de cada e qualquer cidadão. Em


essência estes direitos são válidos e consagrados constitucionalmente (CARVALHO, 2009).
O século XX é marcado pelo estabelecimento de padrões internacionais de direitos
humanos em que diversos postulados ganharam positivação através da Declaração de Direitos
do Homem e do Cidadão já em 1789 para fazer concretizar os ideais iluministas de igualdade,
liberdade e fraternidade da Revolução Francesa.
Neste aspecto, o que hoje se entende como política de direitos humanos corresponde a
todo este esforço normativo através de tratados, convenções, acordos ou pactos internacionais
firmados em diversas legislações pátrias para a garantia de existência de direitos fundamentais
da pessoa humana a serem resguardados juridicamente e combater as violações sistemáticas e
abusos.
Numa perspectiva histórica, a pauta de direitos humanos ganha importância e
relevância à medida que os estados nacionais vão positivando os direitos “inatos”, dando-lhe
status jurídico de direitos fundamentais e que uma vez assim considerados, passam a compor
o conjunto de obrigações estatais.
Como principal marco histórico deste processo, a criação das Organizações das
Nações Unidas-ONU após a segunda guerra mundial é o começo do desenvolvimento de um
sistema internacional de proteção dos direitos humanos, guiados pelas idéias iluministas de
valorização da razão, da crítica e da ciência, estabelecendo limites para as obrigações dos
estados nacionais. Por óbvio, há outros marcos que são reconhecidos internacionalmente
como garantidores de direitos humanos, a exemplo da Carta Magna de 1215, a Petition of
Rights de 1628, o Habeas Corpus de 1679 e o Bill of Rights de 1689, a Convenção de
Genebra de 1864, a Convenção de Haia de 1907, dentre outros.
11

A proteção internacional dos direitos humanos ganha novos contornos após a primeira
guerra mundial com o Tratado de Versalhes de 1919, com a criação da Organização
Internacional do Trabalho – OIT e com a Liga das Nações em 1920, cuja intenção era impedir
as guerras e assegurar a paz, a partir de ações diplomáticas, de diálogos e negociações para a
solução dos litígios internacionais. O Brasil aderiu, mas se desligou em 1926, por decisão do
então Presidente da República Artur Bernardes, sem a autorização do Congresso Nacional.
Deve-se ao jurista Karel Vasak, uma das maiores contribuições teóricas para o debate
de direitos humanos, a propositura de uma divisão de direitos por “eras” ou “dimensões de
direitos”. Ele sistematizou as categorias de direitos no contexto histórico em que surgiram e
foram sendo incorporadas progressivamente pelos estados nacionais. Existem os direitos de
primeira, segunda e terceira geração, podemos incluir e discutir ainda os direitos de quarta
geração, que já são aceitos por muitos filósofos, juristas e doutrinadores. Bonavides, grande
constitucionalista brasileiro, vanguarda nesta discussão, servindo e sendo base para vários
outros doutrinadores, faz alusão expressa ao termo gerações dos direitos fundamentais para
explicar a inclusão histórica de três gerações sucessivas nas constituições dos países.

No entanto, uma outra parte da doutrina tem questionado o termo “gerações”, tendo
em vista que consideram inadequado para classificar a evolução dos direitos fundamentais,
pois passariam a falsa ideia de que conforme esses direitos fossem evoluindo, seriam
substituídos pela geração seguinte.

Sarlet (2014) defende que a teoria dimensional dos direitos fundamentais aponta para
o caráter cumulativo, complementar e de sua indivisibilidade no contexto do direito
constitucional.
De acordo com Giovanetti e da Silva (2017) a teoria dimensional dos direitos
fundamentais demonstra a compreensão equivocada que os direitos das gerações ou
dimensões antecedentes já estariam instituídos, juridicamente consistentes, e que, a partir de
então, o constitucionalismo deve se direcionar unicamente aos novos direitos, das novas
dimensões.
No dizer de Celso de Melo (2005), o processo de afirmação e consolidação dos
direitos humanos comporta diversos níveis de compreensão e abordagem, que permitem
distingui-los em ordens, dimensões ou fases sucessivas resultantes de sua evolução histórica,
consagrando e pondo em relevo os princípios da liberdade, igualdade e solidariedade.
12

Desta forma, a coerência do termo “dimensão”, ao relacionarmos a evolução dos


direitos fundamentais, se torna clara, entretanto como ainda não há uma uniformização na
utilização da nomenclatura, considerar-se-á ambas como sinônimas.
Dessa forma, conforme Sarlet (2014), os direitos fundamentais de primeira dimensão
seriam aqueles identificados com o paradigma do Estado liberal clássico, de cunho
prevalentemente negativo e defensivo, cujo alvo preliminar e precípuo é garantir uma esfera
privada de liberdade e defesa contra ingerências do Estado. O direito à vida, o direito à
locomoção de ir e vir em tempos de paz, à liberdade e suas múltiplas formas de manifestação
e expressão, à propriedade, à liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à
inviolabilidade de domicílio, à liberdade de reunião são exemplos clássicos de direitos
fundamentais de primeira geração. Aqui se consagram os direitos civis para proteger a
integridade humana e os direitos de políticos de cidadania para garantir a participação popular
na administração do estado.
Essa primeira geração de direitos humanos está associada ao contexto das revoluções
liberais, mais especificamente ao processo de independência política dos Estados Unidos e
criação de sua constituição, em 1787 e à Revolução Francesa, em 1789, a Carta Magna de
1215 e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789, como marcos históricos
de maior envergadura política.
Os direitos de segunda dimensão que surgiram a partir da Revolução Industrial, século
XIX, foram baseados na luta do proletariado, na defesa de seus direitos básicos, como:
alimentação, saúde, educação, tendo eclodido pelo anseio de direitos sociais início do século
XX, após Primeira Grande Guerra, tendo como principais documentos a Constituição de
Weimar, de 1919 (Alemanha) e o Tratado de Versalhes, 1919 (OIT) (JUNIOR, 2012).
De acordo com Celso de Melo (2005), são os direitos econômicos, sociais e culturais
que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas e em que se espera uma
ação positiva por parte do estado para viabilizar tais direitos, consagrando o principio da
igualdade.
A revolução industrial modificou completamente o processo produtivo em nível
econômico e social, alterando as relações de trabalho e criando novas dinâmicas, permitindo
aos trabalhadores com a forca do movimento operário a conquista de direitos trabalhistas e
previdenciários, como o próprio trabalho assalariado, seguro social, amparo a doença e na
velhice etc.
No dizer de Oliveira (2013), essa segunda geração de direitos humanos está associada
ao contexto de meados do século XVIII se expandindo pelo mundo a partir do século XIX e
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seus marcos históricos de maior relevância são a Constituição Mexicana de 1917, a


Declaração Russa dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado de 1917, a Constituição
Alemã de 1919 (Weimar), a criação da Organização Internacional do Trabalho em 1919,
dentre outros.
No mesmo passo, Sarlet (2014) aponta que é possível considerar os direitos de
segunda dimensão como uma intensificação do princípio da justiça social, além de
corresponderem a reivindicações das classes menos favorecidas, de maneira especial da classe
operária, como a título de equiparação, em decorrência da extrema desigualdade que caracterizava (e
ainda caracteriza) as relações com a classe empregadora, detentora de um maior grau de poder
econômico.
Ligados ao valor de igualdade, os direitos fundamentais de segunda dimensão são os
direitos sociais, econômicos e culturais. Direitos que, para serem garantidos, necessitam, além
da intervenção do Estado, que este disponha de poder pecuniário, seja para criá-las ou
executá-las, uma vez que sem o aspecto monetário os direitos de segunda dimensão, não se
podem cumprir efetivamente.
Os direitos de terceira dimensão, originados na Terceira Revolução Industrial,
revolução dos meios de comunicação e de transportes, positivam os princípios da
solidariedade, com intuito de proteger os interesses de titularidade coletiva ou difusa, não se
aplicando à proteção dos interesses individuais, preocupando-se com as gerações da
humanidade, dentre esses direitos podemos citar o direito ao desenvolvimento, ao meio
ambiente, à autodeterminação dos povos, direito de comunicação, à propriedade sobre o
patrimônio da humanidade, à paz, dentre outros, haja vista que foram estabelecidos para a
proteção das coletividades (JUNIOR, 2012).
Furtado e do Valle (2020) complementa trazendo que os direitos de terceira dimensão
são denominados de direito de fraternidade ou de solidariedade porque têm natureza de
implicação universal, sendo que os mesmos alcançam, no mínimo, uma característica de
transindividualismo e, em decorrência dessa especificidade, exigem esforços e
responsabilidades em escala mundial, para que sejam verdadeiramente efetivados. Ligados a
globalização, fenômeno relativamente contemporâneo.
Os direitos de quarta geração representam um momento de expansão e reconhecimento
dos direitos humanos, estruturando a formação do estado social em que o direito a
informação, ao pluralismo, a democracia, direito ao desenvolvimento biotecnológico ganham
enorme relevância. Essa dimensão de direitos protege a vida a partir da abordagem genética,
em que os estudos sobre DNA, sobre reconhecimento de paternidade e anecefalos são
14

parâmetros para as decisões judiciais. Importante destacar o entendimento de Belli (2009), de


que a afirmação histórica destes direitos correspondeu a lutas, revoluções e movimentos de
contestação que alteraram regimes, colocaram por terra crenças e arrancaram concessões
políticas e econômicas, em um fluxo histórico nem sempre linear, sujeito a reveses e
contradições, com períodos em que determinados direitos se afirmaram por oposição a outros,
antes de se consolidarem como partes complementares do patrimônio universal.
Vale ressaltar que uma dimensão não se sobrepõe a outra, de forma que elas devem
coexistir de maneira harmônica, além disso a divisão das dimensões pode ser realizada de
acordo com o lema da revolução francesa: liberdade (relativa a primeira, igualdade relativa a
segunda e fraternidade a terceira (FURTADO e DO VALLE, 2020).
Com relação ao advento dos direitos fundamentais, eles não possuem, de fato, uma
origem precisa, dessa forma as principais correntes jusfilosóficas foram fundamentais na
tentativa de indicar o período em que tais direitos teriam surgido e se originado. No
entendimento da corrente de pensamento jusnaturalista os direitos fundamentais são
pregressos a qualquer lei ou ordenamento, sendo que o nascimento dos mesmos está
associado a atributos referentes a própria humanidade, sendo anteriores a qualquer concepção
de lei escrita. Já na concepção dos juspositivistas, esses direitos derivam da legislação, de
forma que sua existência é resultado da efetivação das normas. Logo, as leis são provisões da
ação humana e os direitos fundamentais são implicações dessas leis (CAVALIERE, 2010)
Por fim, para os realistas jurídicos os direitos fundamentais decorrem das conquistas
sociais, ou seja, eles foram obtidos pelas sociedades por meio de luta histórica. Assim, existiu
uma evolução que possibilitou o nascimento dos direitos fundamentais, assim como a sua
consolidação ao longo dos tempos.
Concomitante, as perspectivas mencionadas acima, evidencia-se que os direitos
fundamentais derivam de um longo e contínuo processo histórico, visto que esses direitos
estão sempre em ascensão e transmutação. Porém, atualmente a perspectiva que prevalece
sobre seu nascimento é da corrente de pensamento dos realistas jurídicos (FURTADO e DO
VALLE, 2020).
Fundamentando-se nessa perspectiva temos que a evolução histórica dos direitos
fundamentais aconteceu de forma gradual, sendo decorrente de inúmeras transformações
ocorridas ao fio alongado histórico. Dessa forma, os pensamentos constitucionais dos direitos
fundamentais passaram a ser desenvolvidos devido as necessidades de liberdade e justiça,
sendo estas, fontes de objetivos a serem alcançados. Entretanto, esse alcance não deve ser
imaginado de forma abstrata ou atemporal, mas sim como necessidade concreta e particular
15

do cidadão e da sociedade a medida em que que se constitui a base de um estado democrático


e constitucional (CAVELLI e SCHOLL, 2011).
Conforme consta na Constituição Federal de 1988 artigo 5º e incisos os direitos
fundamentais fazem parte dos princípios Constitucionais, princípios estes que guardam
valores fundamentais da ordem jurídica. Como exemplo, temos o direito à vida e à
integridade, direito a personalidade, princípio da igualdade ou isonomia, princípio da
legalidade, direito de resposta, princípio da liberdade religiosa e de pensamento, direito à
privacidade da imagem, princípio do livre acesso ao judiciário, princípio da irretroatividade
da lei e o da retroatividade da lei benéfica, princípio do juiz natural, entre outros (BRASIL,
1988).
Ante a essa vasta gama de princípios resguardados pelos direitos fundamentais,
destaca-se ainda que os mesmos não são ilimitados, porque seria contraditório estabelecer
uma liberdade absoluta de alguns que, pela lógica existencial, resultarão em limitações para os
outros. Não os entender dessa forma seria um retorno ao estado da natureza, antes das
renúncias parciais que o homem fez em favor da criação de uma figura superior, abstrata e
poderosa, o que lhe garantiu o gozo livre de seus direitos frente os outros e posteriormente em
frente a si mesmo. Não é possível entender então que os direitos fundamentais podem estar
acima do poder do Estado porque quebraria a lógica do sistema onde sua derivação em
direitos de tal importância legal-política seria desta maneira assim pois o Estado ordenou
antes do impulso das forças em conflito. Esta realidade servirá de base para a aceitação de
uma série de limitações (MARMELSTEIN, 2008).
Ao seu exercício que, em última análise, servirá para a conservação do próprio Estado.
A regra da lei, cujo significado não é a de uma entidade com um sistema jurídico, mas
caracteriza-se pela sua submissão a essa ordem, constitui uma barreira à livre disposição dos
direitos por parte dos particulares contra eles mesmos (ARANGO e LEMAITRE, 2002).
Ante ao exposto, depreende-se que a finalidade reconhecida pela Constituição frente
aos direitos fundamentais tem relação direta com a proteção da dignidade da pessoa humana,
posto que esses direitos realizam-se por intermédio das esferas referentes a atividade humana.

2.2 Princípio da dignidade da pessoa humana

O conceito de dignidade humana vem antes da primeira letra jurídica, é um conceito


inerente ao ser humano, um princípio construído pela história. Foi dotado de valor com a meta
de proteção a figura do ser humano contra tudo que lhe ferir, levar ao desprezo e humilhação.
16

Não à toa em seu art. 1, inciso III, nossa carta magna prega constitui um Estado Democrático
de Direito que tem como fundamento justamente a dignidade da pessoa humana.
O agente jurídico não pode ir contra qualquer entendimento que não preserve a
dignidade humana, mesmo porque como supracitado está expresso em nossa constituição e
em vários tratados internacionais que tem força supralegis. Para combater as crueldades
humanas, a lei deve frear as condutas que podem ser tomadas por homens que usam seu lado
primitivo, ou seja, matam, lesionam e denigrem os outros. Há de se frisar que a produção
legislativa é insuficiente para proteger o homem e os direitos inerentes a ele. A interpretação
da lei, para determinar seu sentido e alcance é a maior arma contra crueldades.
O desenvolvimento da doutrina jusnaturalista contribuiu expressivamente para
compreensão do termo dignidade. Destaca-se que tal processo contou com a contribuição dos
estudos de Kant, o qual identificou a sociedade em duas categorias, sendo estas o preço e a
dignidade. Quanto a categoria referente ao preço, a mesma contempla que o preço seria um
valor externo, de particular interesse no mercado. Já a categoria da dignidade, contempla um
valor moral interno, ou seja, a dignidade não teria equivalente, não seria possível substituí-la
como se faria com um produto. Assim, o autor pontua que o homem é tido como um fim e
não como um meio para alcançar certa finalidade.

Á vista disso, a dignidade da pessoa humana deve ser compreendida como um fim e
não como um meio para o alcance de algum fato. Neste princípio Lisboa (2013) discorre que
o princípio da dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos dispostos pela Constituição
Federal. Dessa forma, é indispensável que as relações jurídicas observem este princípio,
garantindo os direitos da personalidade a todos os membros da sociedade.
Para Tartuce (2016), o princípio da dignidade da pessoa consiste no princípio de maior
relevância, visto que se configura como uma norma direcionada para a proteção da pessoa
humana, a qual o juiz pode fazer uso para a aplicação do direito. Observa-se que “[...] a
pessoa humana é o cerne do direito, orientando todos os institutos jurídicos para promover o
pleno desenvolvimento e a integral proteção do ser humano” (CARVALHO, 2017, p.88).
Conforme cita Angelini Neta (2016, p.68) “O princípio da dignidade da pessoa
humana é hoje compreendido como macroprincípio a conformar toda a ordem jurídica
estabelecida”. Em consonância complementam os juristas portugueses Jorge Miranda e Rui de
Medeiros (t.I, p.53, apud Tartuce, 2016, p.1184):
17

A dignidade humana é da pessoa concreta, na sua vida real e quotidiana; não é de


um ser ideal e abstrato. É o homem ou a mulher, tal como existe, que a ordem
jurídica considera irredutível, insubsistente e irrepetível e cujos direitos
fundamentais a Constituição enuncia e protege.

No mesmo sentido afirma Angelini Neta (2016, p.69) que “A dignidade humana
repousa, portanto, na ideia de respeito irrestrito ao ser humano”. Para Maria Helena Diniz
(2014, p.37), o princípio da dignidade da pessoa humana segundo a CF:

[...] constitui base da comunidade familiar (biológica ou socioafetiva), garantindo,


tendo por parâmetro a afetividade, o pleno desenvolvimento e a realização de todos
os seus membros, principalmente da criança e do adolescente (CF, art. 227,
BRASIL, 1988, s.p).

Com isso, o princípio da dignidade humana possui um valor máximo no modelo de


Estado de Direito atuante e é considerado o mandamento mais importante do Direito penal,
pois dá base para a construção de qualquer norma, podendo ser penal, processual penal ou a
execução de pena precisamente dita. Acerca de seu significado Sarlet (2014) conceitua que
consiste em uma:
Qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo
respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste
sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa
tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a
lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de
propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria
existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos (SARLET, 2014,
p. 60).

O significado de dignidade é o respeito tanto moral, como físico, espiritual à pessoa,


limitando a atuação do Estado. Na forma que é construído o Estado de Direito Atual não é
possível existirem leis sem ter sido respeitado o princípio à dignidade humana, pois sem o
respeito ao indivíduo humano não existe justiça e sem justiça não existe direito (PESTANA,
2017).
Este princípio coloca o indivíduo no começo do ordenamento jurídico, visto que essa
ideologia traz a existência do Estado de forma a servir a pessoa e não ao contrário,
representando assim uma forma que ultrapassa a abrangência da lei acerca do princípio da
dignidade humana, encontrando nela uma condição de validade.
Com isso, depreende-se que o princípio da dignidade da pessoa humana atua como elo
unificador ante aos direitos fundamentais. Assim, na Constituição Federal de 1988 o
reconhecimento da dignidade da pessoa humana tem como inferência uma ampla gama de
18

direitos fundamentais, sejam eles coletivos ou individuais (DE SOUZA FALÇÃO, 2013).
Frente a isso, o autor elucida que:

Enquanto o princípio da dignidade da pessoa exerce o papel unificador dos direitos


fundamentais e informador da ordem jurídica constitucional e infraconstitucional,
entre outros, os direitos fundamentais, em graus variáveis (como já defendido),
representam especificações dessa dignidade da pessoa. Nessa medida, os direitos
fundamentais apresentam um conteúdo ou, de algum modo, uma extensão da
dignidade. Assim, ao se exigir o respeito e a proteção desta, por via de
consequência, impõem-se também o respeito e a proteção dos direitos fundamentais
(DE SOUZA FALÇÃO, 2013, p. 229).

Ante a isso, tem-se que a preservação da Regra de Direito, portanto, garante ao


indivíduo que seus direitos fundamentais, bem como a dignidade da pessoa humana, não
serão reduzidos ou quebrados, se não houver uma justificação superior válida.
19

3 CRIMES CONTRA A HONRA

3.1 Calúnia

De acordo com o artigo 138 do Código Penal, a calúnia consiste em atribuir uma
"ofensa criminal" a outra pessoa. É punível com pena de seis meses a dois anos de prisão e
multa.
Se a pessoa está ciente de que a acusação que está fazendo é falsa, está cometendo o
crime de calúnia. No caso em que a pessoa investigada por um suposto crime de calúnia é
capaz de testemunhar que os fatos dos quais ele acusa o indivíduo aparentemente caluniado
são verdadeiros, ele não terá que enfrentar nenhuma responsabilidade criminal. Portanto, para
que a calúnia seja considerada como tal, é essencial que a denúncia seja apresentada às
autoridades relevantes, dentro do sistema judicial (KEHL, 2019, p. 97).
Ainda segundo Kehl (2019, p. 98) entre outras questões interessantes, é possível
apontar o problema que grupos ou entidades não personificadas (ou grupos indeterminados)
podem apresentar diante de violações ou ataques em sua homenagem. Há pelo menos dois
problemas:

a) Um de legitimação, que pode processar em nome do coletivo,


b) E outra identificação, porque o requerente deve provar a participação no
grupo (em alguns casos pode ser simples, mas em outros extremamente complexo),
e que as expressões prejudiciais lhe causaram danos indenizáveis (KEHL, 2019, p.
98).

Embora não seja questionável que a proteção possa ser apelada, parece menos
razoável que seja exigida compensação por danos morais, o ator deve provar que é totalmente
identificável com o grupo que foi insultado e que as expressões lhe causaram danos
compensáveis. (TEIXEIRA et al, 2018, p. 38).
Pode acontecer que uma acusação de calúnia se torne um processo de danos morais.
Depois de julgada como processo criminal e condenada a um determinado período de prisão,
é possível que a acusação também se torne um processo civil, com pedido de indenização por
danos morais. Portanto, são dois processos, julgados por dois fóruns diferentes (TEIXEIRA et
al, 2018, p. 38).

3.2 Difamação

O artigo 139 do Código Penal define difamação como a atribuição a outra pessoa de
um fato ou ação que afeta a reputação dessa pessoa e é punível com pena de três meses a um
20

ano de prisão e multa (NUCCI, 2009, p. 105). Para uma definição mais clara, difamação é o
ato de prejudicar a dignidade, honra ou reputação de outra pessoa, divulgando informações
que não são verdadeiras. Quando a intenção da acusação é expor a pessoa ao ódio ou ao
desprezo público, está ocorrendo o crime de difamação (TEIXEIRA et al, 2018, p. 45).
Várias formas de difamação permanecem criminalizadas no Brasil, embora a maioria
das inúmeras ações judiciais que surjam a cada ano tenham sido movidas sob estatutos civis (e
não criminais). Por exemplo, os blogueiros frequentemente são forçados a pagar multas após
processos por difamação por causa de seus relatórios on-line. Essas sanções civis ainda
podem servir para restringir a liberdade de expressão.
Além disso, a mídia enfrenta censura judicial no Brasil. Embora a Constituição de
1988 garanta a liberdade de imprensa e a censura ilegal, políticos, empresários e celebridades
usaram leis destinadas a garantir a privacidade do cidadão comum para silenciar a mídia
(HUNGRIA e FRAGOSO, 2018, p. 67).
Um relatório de 2012 do grupo de liberdade de expressão Artigo 19 observou que a
ameaça de ações judiciais e ordens judiciais leva muitos blogueiros e jornalistas on-line, que
carecem dos recursos de jornalistas apoiados por empresas de mídia tradicionais, a praticar a
autocensura. Em junho de 2015, o Supremo Tribunal Federal votou por unanimidade a
revogação de uma lei de 2003 que permitia que sujeitos de biografias não autorizadas
tentassem proibir a publicação desses trabalhos, alegando que eles violavam seu direito à
privacidade, protegido pela constituição brasileira. O caso foi levado pelas principais editoras
brasileiras após uma série de julgamentos que favoreceram os interesses das celebridades
(HUNGRIA; FRAGOSO, 2018, p. 67).
Em 31 de julho de 2009, um juiz de Brasília concedeu liminar proibindo o jornal O
Estado de S. Paulo de publicar relatórios contendo informações sobre uma investigação
policial federal, denominada " Operação Faktor ", de Fernando Sarney, filho do presidente do
Senado, José Sarney. A liminar solicitada por Fernando Sarney foi concedida um dia depois
de ter sido solicitada ao tribunal. O juiz proibiu o jornal de publicar mais informações sobre a
investigação da Operação Faktor estipulando que, para cada relatório que posteriormente
fosse publicado, desafiando a liminar, o jornal seria multado em R$ 150.000,00. Embora
Fernando Sarney tenha retirado seu pedido de liminar em dezembro de 2009, a liminar contra
o jornal continua, de acordo com um relatório de maio de 2013 (HUNGRIA e FRAGOSO,
2018, p. 67).
Em novembro de 2012, um juiz rejeitou o recurso do jornalista Lúcio Flávio Pinto e
ordenou que ele pagasse aproximadamente R$ 818.000,00 em danos por difamação ao
21

empresário Romulo Maiorana Júnior e à empresa de sua família, Delta Publicidade. As


acusações derivam de uma matéria publicada por Pinto no Jornal Pessoal em 2005, na qual ele
alegou que o grupo de mídia de Maiorana havia pressionado empresas e políticos a dar
publicidade a eles. Uma decisão final está pendente no Tribunal de Apelações (HUNGRIA e
FRAGOSO, 2018, p. 68).
Em 19 de setembro de 2013, o STJ indeferiu uma ação judicial baseada no princípio
constitucional da liberdade de expressão. Nesse caso, Fernando Capez, deputado estadual de
São Paulo e membro do Ministério Público, processou o jornalista José Carlos Amaral Kfouri
(mais conhecido como Juca Kfouri) a fim de impedir o Sr. Kfouri de publicar futuros artigos
sobre Capez. Segundo Capez, sua honra e imagem foram constantemente ofendidas por Juca
Kfouri através de um jornalismo inclinado, especialmente em artigos publicados no blog de
Kfouri (HUNGRIA e FRAGOSO, 2018, p. 69).
Em 27 de outubro de 2013, uma decisão contra o jornalista José Cristian Góes foi
confirmada por um Tribunal de Apelações no Estado de Sergipe. O jornalista havia sido
condenado e enviado para a prisão (uma sentença que mais tarde foi convertida em serviço
comunitário) por lesão contra um juiz do tribunal estadual. O jornalista havia publicado uma
história fictícia em seu blog, que incluía um personagem pouco lisonjeiro que o juiz da corte
estadual acreditava ser uma representação de si mesmo, apesar da falta de elementos claros na
história que vinculam diretamente o personagem ao juiz. A decisão concluiu que o jornalista
abusou da liberdade de expressão e violou o direito do juiz à privacidade (TEIXEIRA et al,
2018, p. 46).
Em 19 de novembro de 2013, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o mais alto
tribunal do Brasil que analisa questões não constitucionais, julgou improcedente uma ação
judicial na qual Waldemar da Costa Neto, ex-congressista, processou a Editora Abril. O
processo foi instaurado por causa de um artigo publicado na Revista Veja, uma revista
brasileira que abordava desenvolvimentos políticos e sociais, que narrava o suposto
envolvimento do Sr. Costa Neto em transferências ilegais de dinheiro para o exterior com
base no testemunho de um corretor. A Editora Abril provou que havia evidências suficientes
para apoiar o artigo e, como o Sr. Costa Neto era político, o tribunal concluiu que era do
interesse público que o artigo fosse publicado (KEHL,2019, p. 99).
Em abril de 2014, um tribunal da Bahia condenou Aguirre Talento, jornalista do jornal
A Tarde, a seis meses de prisão por difamação, suspensa em favor do serviço comunitário e
de uma multa. A condenação surgiu em um artigo que Talento escreveu em 2010 que aludia à
investigação das autoridades sobre um empresário acusado de não conformidade com as
22

regras ambientais em um projeto de construção. O empresário, Humberto Riella Sobrino,


afirmou que Talento o difamava e prejudicou sua honra ao escrever que o promotor havia
pedido que ele fosse colocado em prisão preventiva. Sobrino nega as alegações e está
apelando da sentença (KEHL, 2019, 99).
Em maio de 2014, Ricardo Boechat, apresentador do Jornal da Band na rede
Bandeirantes, foi condenado por um tribunal de São Paulo por difamar um senador local e
condenado a seis meses e 16 dias de prisão, suspenso em favor de serviço comunitário. O caso
surgiu em 2011, quando Boechat acusou o senador de corrupção e nepotismo. Posteriormente,
o senador entrou com uma ação contra Boechat, acusando-o de difamação e prejudicando sua
reputação (LUZ, 2016, 107).
Em 2003, a Lei nº 10.741 423 fez duas alterações no Código Penal Brasileiro em
relação à legislação sobre difamação. Primeiro, o artigo 140 da lei aumentou a pena de
difamação nos casos em que a lesão diz respeito a raça, cor, etnia, religião ou origem. Em
segundo lugar, o artigo 141 prevê que as sanções possam ser aumentadas em até um terço se o
sujeito da difamação for idoso ou deficiente (CAPEZ, 2012, p. 81).
Em maio de 2009, o Supremo Tribunal Federal, o mais alto tribunal do Brasil
analisando questões constitucionais, deu um passo significativo na eliminação da difamação
criminal no Brasil, revogando a Lei de Imprensa de 1967, que impunha severas penalidades
aos jornalistas por difamação criminal. Apesar desse avanço, os membros da imprensa ainda
estão sujeitos a acusações criminais comuns (de acordo com as disposições do Código Penal).
O Código Penal permaneceu inalterado, apesar da revogação da Lei de Imprensa de 1967
(CAPEZ, 2012, p. 81).
Além disso, o Projeto de Lei nº 236 de 2012 ("Projeto de lei 236") está atualmente em
discussão no Congresso Brasileiro. Esse projeto, se aprovado, reformaria significativamente o
Código Penal com relação a certos aspectos de questões de difamação criminal. A primeira e
mais crucial modificação proposta no Projeto de Lei 236 seria uma alteração ao Artigo 141
para estipular que críticas, revisões ou opiniões de natureza artística, literária, científica e
jornalística não constituam difamação e injúria, a menos que a opinião contenha uma intenção
inequívoca de difamar. (CAPEZ, 2012, p. 81).
Além disso, em resposta a um conflito entre a legislação penal atual e as regras da
Organização dos Estados Americanos (OEA), o Projeto de Lei 236 revogaria o artigo 331 do
Código Penal sobre difamação criminal (CARDOSO, 2017, p. 26)
No entanto, outras disposições do Projeto 236 não representam um passo na direção
certa. Por exemplo, o Projeto de Lei serviria para aumentar drasticamente as penalidades por
23

infrações, propondo que: (i) a atual pena por difamação de três meses a um ano na prisão
aumentasse para um a dois anos na prisão; (ii) a pena atual para calúnia seria aumentada para
um a dois anos de prisão, em vez dos atuais seis meses a dois anos de prisão; e (iii) a
penalidade pelo crime de "lesão", atualmente em um a seis meses na prisão, seria aumentada
para seis meses a um ano na prisão (FERNANDES, 2020, p. 42).
Além disso, o artigo 140 do projeto de lei 236 criaria um "fator agravante" que
dobraria a pena de difamação e calúnia quando esses crimes forem conduzidos por jornalismo
ou qualquer comunicação que facilite a propagação dos crimes, inclusive por meio de mídia
eletrônica ou digital. (SOUSA, 2016, p.55).
Elaborado em 2014, o Projeto de Lei Federal 215/2015 foi originalmente uma
proposta de reforma do artigo 141 do Código Penal Brasileiro. Pelo texto original, uma quinta
hipótese seria adicionada: (V) “através do uso de redes sociais”. Desde sua proposta, o projeto
de lei foi alterado por vários congressistas e absorveu outros dois projetos posteriores:
1547/2015 e 1589/2015 (SOUSA, 2016, 55).
Também incluiu uma proposta de reforma do Código de Processo Penal, para obrigar
as autoridades competentes a imprimir o conteúdo que constituiria o crime, a fim de
"salvaguardar a cópia do material ofensivo para compor a futura investigação policial e
possível ação criminal”. Também existe uma provisão para tornar os crimes sob os novos dois
parágrafos processáveis pelas autoridades públicas, independentemente de as acusações serem
apresentadas pela parte ofendida (LUZ, 2016, p. 109).
Existe também uma disposição para constituir crimes hediondos os que resultam em
morte da vítima, bem como uma disposição que exclui a possibilidade de fiança no caso do
parágrafo 3. Por fim, o projeto de lei 1589/2015 também inclui uma regra geral, aplicável a
todo crime, que obriga os juízes a estipular uma reparação mínima de danos por
responsabilidade civil em todas as sentenças. (LUZ, 2016, p. 109).

3.3 Injúria

De acordo com o artigo 140, a injúria consiste em "ofender a dignidade de outra


pessoa" e é punível com um a seis meses de prisão. As penalidades aumentam sempre que a
declaração é feita contra o presidente, contra o chefe de um governo estrangeiro, um
funcionário público no desempenho de suas funções oficiais ou uma pessoa com deficiência
ou com mais de 60 anos de idade, de acordo com o artigo 141.
24

Em outras palavras é um crime em que uma das partes diz algo diretamente desonroso
e prejudicial à outra parte, como chamá-lo de ladrão. É caracterizado por atribuir ações não
realmente cometidas pela pessoa usando epítetos e linguagem ofensiva. (FERNANDES,
2020, p. 44).
Outra forma de injúria, o desacato, constitui proferir quaisquer tipos de ofensa
(semelhante a injúria), a funcionários públicos em pleno exercício da função ou a disposição
deste, está disposto no Art.331. Quanto a punição, o indivíduo que profere xingamentos,
humilhação a um funcionário público pode ser condenado de 6 meses a 2 anos de prisão. Há
duas vertentes nessa lei que são: o exercício da função e o em função deste. Esta lei é muito
debatida e contraria muitas opiniões por ferir a assertividade, que é umas das bases
substanciais do Direito Penal (CAPEZ, 2012, p. 83).
A subjetividade é um modelo de relacionamento interpessoal que se baseia na
compreensão dos direitos e na defesa de uma pessoa, reconectando-se com o resultado de
outras pessoas. Seu uso está vinculado a pessoas maduras, autossuficientes e autônomas.
Ser assertivo não significa querer estar sempre certo, porque consiste em poder
expressar alguns pontos de vista e opiniões, mas não é correto, com a convicção de que temos
que acabar tendo algumas ideias diante de situações que consideramos injustas.
Comportamento assertivo, por exemplo, é o que você reclama de maneira respeitosa e cortês
com um funcionário do restaurante, que troca um copo manchado com batom. Por outro lado,
o comportamento agressivo levaria a um escândalo, e o comportamento passivo usaria o
velame às custas de não decidir nada (KEHL, 2019, p. 101).
É um tipo de comportamento que pode ser introduzido, desenvolvendo a consecução
de seus próprios objetivos e separando-o, respeitando-o e o meio ambiente, agindo e ditando o
que o sujeito pensa na hora certa, com franqueza e sinceridade. Está relacionado aos fatores
emocionais inerentes à personalidade, pois são a falta de caráter da pessoa, que depende de
outras pessoas, baixa autoestima e falta de autoconfiança, pois não são tão assertivos
(STRAZZI, 2016, p. 132).
A principal diferença entre crimes contra honra e danos morais está em que o tribunal
endossará o processo. Calúnia, Difamação e Injúria são crimes e estão previstos no código
penal. Os danos morais fazem parte do direito civil, estão sujeitos a compensação financeira e
são julgados por um Conselho civil. Mas o réu nesse tipo de processo não é preso
(FERNANDES, 2020, p.48).
Existem três projetos de lei que foram consolidados e serão votados em conjunto pelo
Congresso. Dois deles, os projetos de lei 215/2015 e 1547/2015, dizem respeito
25

exclusivamente à responsabilidade criminal por crimes contra a honra de indivíduos. Por meio
de ambos, o Congresso busca instituir penalidades mais severas por esses crimes, quando
praticadas através do uso de redes sociais. O último projeto de lei, número 1589/2015, traz
alterações propostas semelhantes ao direito penal, embora atribuindo penalidades mais
severas que as outras duas (HUNGRIA e FRAGOSO, 2018, p. 72).
Como possíveis defesas contra esses crimes, os juízes tendem a analisar cada caso,
levando em consideração se (i) as informações publicadas refletem a verdade ou, pelo menos,
são apoiadas por evidências que permitiram ao jornalista publicar informações confiáveis; (ii)
a divulgação de tais informações representa o interesse público; e (iii) o jornalista
intencionalmente visava prejudicar alguém. (STRAZZI, 2016, p. 133).
26

4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO

4.1 A liberdade de expressão nas constituições federais brasileiras

Segundo Emerson Santiago, a liberdade de expressão pode ser conceituada como a


garantia que é assegurada a qualquer indivíduo de se manifestar, buscar receber ideia e
informações de todos os tipos, por meio de linguagens oral, escrita, artística ou qualquer outro
meio de comunicação. Ele também afirma que o princípio da liberdade de expressão deve ser
protegido pela constituição de uma democracia, impedindo que o governo ou o legislativo
imponham censura.
Entretanto, a liberdade de expressão não é um direito absoluto, livre de balizas. Esse
direito encontra limites na preservação da dignidade humana de outrem. Pedro Lenza também
se posiciona sobre o tema e afirma que a Constituição assegurou a liberdade de manifestação
do pensamento, vedando apenas o anonimato.
No decorrer do tempo, esse tema já foi abordado de diversas maneiras e seu conceito
foi alterado nas sete Constituições Federais brasileiras. A Constituição Federal de 1824, já
garantia a liberdade de expressão sem censura, concedendo, assim, autonomia a todos os
cidadãos para expressarem seus sentimentos e vontades da forma que quisessem, sem que
utilizassem do abuso desse direito.
A Carta Magna de 1891 tratava da liberdade de expressão da mesma forma que a
anterior, acrescentando, apenas, a proibição ao anonimato. Houve uma inovação na
Constituição de 1934, que autorizou a censura prévia quanto aos espetáculos e atrações que
fossem divertir o público em geral. Os mesmos efeitos foram estendidos nos Diplomas
Constitucionais de 1937 e de 1946. Nesta, a liberdade de expressão passou a ser limitada pela
proibição de propagandas que abordassem a temática do preconceito a classes ou raças.
Com a semioutorgada Constituição Federal de 1967 foi ampliado o conceito de
liberdade de expressão, sobretudo em questões políticas e filosóficas. Já no que tange a atual
Constituição Federal, promulgada no ano de 1988, houve a ampliação da garantida à liberdade
de expressão aos artistas, intelectuais, cientistas e meios de comunicação, vedando-se, no
entanto, o anonimato.
Com base na metamorfose em que o conceito de liberdade de expressão foi submetido,
fica nítida a importância da regulamentação jurídica sobre o tema. Pois, sempre deverá existir
um limite que vise a proteção ao direito a honra das pessoas.
No atual ordenamento jurídico brasileiro, por exemplo, caso a manifestação de certo
27

indivíduo gere algum dano, de ordem material, moral ou à imagem do outro, lhe é assegurado
o direito de resposta, proporcional ao dano que lhe foi causado, além do recebimento de
indenização.
Ou seja, estabelecer uma fronteira para o exercício desse direito é essencial à
sociedade contemporânea. A regulamentação das ações humanas deverá preservar o convívio
harmônico os cidadãos. Todavia, esta liberdade é fundamental para o exercício da
democracia, principalmente relacionado à prática do exercício de diversas profissões no
Brasil, a exemplo do jornalismo.
O jornalismo já foi, e ainda é, alvo de diversas críticas e preconceitos, pois já
houveram casos em que as imagens de determinados indivíduos restaram prejudicados por
uma matéria, notícia ou história publicada de forma dissociada à verdade dos fatos.
Sobre o tema, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), Ministra Carmén Lúcia no seminário do CNJ sobre a liberdade de
imprensa no STF, no ano de 2018, assim se manifestou:

Sem este estudo não poderíamos sequer começar a estudar por que o Brasil é tantas
vezes lembrado no mundo como um dos lugares onde a profissão de jornalista é
tantas vezes agredida, vilipendiada a ponto de não compreendermos como na
democracia esse tema ainda esteja nas nossas agendas

Alertou ainda, a Ministra Carmén Lúcia, para a vigilância em relação às diferentes


formas de censura. Nos casos em que houver violação à liberdade de expressão, deverá o
Direito regular tais situações, garantindo esse direito a todos, pois “Quem não tem direito à
liberdade de expressão não tem garantia de qualquer outro direito porque a palavra é a
expressão da alma, do pensamento”.

4.2 A liberdade de expressão no estado democrático de direito

Com o Regime Militar que governou o Brasil nos anos de 1964 a 1985, houve uma
ampla restrição à liberdade de expressão dos indivíduos, com a imposição de censura nas
músicas, trabalhos artísticos e a tudo que tivesse relação com livre manifestação de
pensamentos e opiniões.
Naquele período, só eram permitidas as culturas que demonstrassem conveniência ao
pensamento político e moral da época. Ou seja, qualquer artista que fosse de encontro aos
ideais políticos-ideológicos do Estado estaria sujeito as mais nefastas reprimendas das
autoridades.
28

Há censura quando um trabalho artístico precisa ser examinado antes de sua


publicação, ou seja, não é permitida uma livre manifestação de pensamento. Esse método foi
o instrumento utilizado pelo Regime Militar para calar os seus opositores e impedir que
qualquer mensagem contrária a seus interesses fosse divulgada na mídia. O jornalismo era o
principal alvo da época, porque era através deste que as pessoas poderiam transmitir de forma
mais efetiva as suas indignações com o sistema.
O governo militar utilizou-se tanto da censura, de modo que foram criadas leis para
que existisse o maior controle possível sobre os meios de comunicação em massa. Cite-se
como exemplo, a criação do Decreto-Lei nº 1.077 de janeiro de 1970, que instituiu a censura
prévia, aplicada de duas formas: A primeira, através, através da instalação de uma equipe de
censores (pessoas que avaliavam o caráter moral e político) permanentemente na redação dos
jornais e revistas, para analisar se as notícias estavam em conformidade com os princípios e
decidir o que poderia ser publicado ou não.
A segunda, através da obrigação dos veículos de comunicação de enviar
antecipadamente às autoridades do Estado as notícias ou artigos que pretendiam publicar.
Assim, antes da publicação, o conteúdo passaria por uma minuciosa análise do Departamento
de Censura do Departamento da Polícia Federal, que aprovaria ou censuraria o texto.
A Ditadura Militar no Brasil seguia a teoria de que tudo o que pudesse vir a “estragar a
imagem do país” não poderia ser divulgado, como por exemplo, surtos de doenças, problemas
sociais e, principalmente, econômicos, que eram proibidos de se falar abertamente e
publicamente a respeito.
Não só os noticiários e jornais encontravam-se na mira das autoridades. O teatro e a
música popular também foram alvos de censura estatal, mormente porque seus conteúdos
frequentemente eram analisados, confiscados e reeditados antes que se tornassem públicos.
O regime militar ficou marcado como uma fase de intervenção sem limites na vida
privada dos brasileiros, afetando diretamente a moral, os bons costumes e a integridade da
pessoa humana.
Em muitos casos de desobediência atos desumanos eram praticados aos que
descumpriam a ordem preestabelecida. Essas restrições foram mitigadas com a instauração do
Estado Democrático de Direito, sobretudo com a promulgação da Constituição Federal
Brasileira de 1988.
A partir da entrada em vigor da Carta Magna vigente, o direito à liberdade de
expressão passou a ser fundamental aos brasileiros, configurando cláusula pétrea da
Constituição. Deixou-se de lado, de uma vez por todas, a censura e todas as suas restrições
29

abusivas inerentes ao Regime Militar. A garantia desse direito é indispensável para o bom
funcionamento de uma sociedade verdadeiramente democrática.
É através dele que a imprensa pode fiscalizar as atividades públicas, compartilhar
informações e noticiando assuntos de interesse geral da população. Por meio da mídia é
possível que a sociedade civil tome conhecimento e supervisione eventuais abusos ou
transgressões cometidas pelas autoridades públicas ou pelos próprios particulares.
Entretanto, conforme já explanado, a liberdade de expressão não é absoluta. O direito
brasileiro ressalta a importância de estabelecer limites à liberdade de expressão ao fim de que
determinadas condutas não atinjam a liberdade do outro. A sua previsão e seus limites estão
previstos no artigo 5º da Constituição Federal, especificadamente em seus incisos IX e X.
Vejamos:

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,


independentemente de censura ou licença;

No primeiro artigo é garantida a liberdade de expressão, já no segundo são


estabelecidos os seus limites, neste estando previsto que não se pode violar e ferir a
intimidade, a vida privada, a honra e imagens das pessoas e, caso tal violação ocorra,
encontra-se assegurado o direito à justa indenização por danos materiais ou morais porventura
sofridos.1 Além da previsão constitucional, o Direito Penal também prevê sanções ao abuso da
liberdade de expressão, ao instituir, em seu capítulo V, os crimes contra a honra, quais sejam:
calúnia, injúria e difamação.
Isso porque, tais excessos demandam a intervenção do Direito Penal para a tutela da
moral e da honra, dada a importância desses bens jurídicos para a sociedade. Tratando do
princípio da adequação social, leciona o renomado doutrinador Cezar Roberto Bittencourt:

O tipo penal implica uma seleção de comportamentos e, ao mesmo tempo, uma


valoração (o típico já é penalmente relevante). Contudo, também é verdade, certos
comportamentos em si mesmo típicos carecem de relevância por serem correntes no
meio social, pois muitas vezes há um descompasso entre as normas penais
incriminadoras e o socialmente permitido ou tolerado.

Portanto, o abuso decorrente do exercício da liberdade de expressão, tal como


qualquer outro direito, deverá ser sancionado. Assegurando, desta forma, a independência a
todos, desde que não cause dano a outrem. Pois, caso ocorra haverá a intervenção do Estado

1
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal:
Centro Gráfico, 1988. 292 p.
30

para que haja um equilíbrio, de modo que os direitos devam ter sua abrangência limitada por
outros direitos, de maneira que um não seja anulado ou por demais restritos ao outro.

4.3 Pactos internacionais

Desde o ano de 1993, junto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas,
atua o escritório do Relator Especial para a Liberdade de Opinião e Expressão, no qual uma
de suas missões é esclarecer qual o conteúdo desse direito.
O relatório conjunto avalia a situação do direito a liberdade de expressão no país em
que se debruça a avalição e faz as recomendações para a proteção dos jornalistas, realizando
investigações para solucionar os casos de ataques sofridos por jornalistas. O relator costuma
promover relatórios anuais acerca da atualização de conteúdos jurídicos da liberdade de
expressão com novidades teóricas, legislativas e jurisprudências.
A Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão tem a importante e principal
função de encarregar-se do assessoramento à Comissão Internacional dos Direitos Humanos
(CIDH), avaliando casos e enviando relatórios correspondentes. Ela proporciona justiça em
casos específicos que chamam atenção sobre situações paradigmáticas que prejudicam a
liberdade de expressão e pensamento, possui legitimidade para criar importantes
jurisprudências aplicáveis tanto no âmbito internacional dos direitos humanos, como pelas
autoridades nacionais.
Foi por meio de medidas cautelares sobre essa matéria que a Relatoria iniciou a
colaboração com a CIDH, essas medidas são criadas pela necessidade de adotar mecanismos
que evitem um prejuízo grave, iminente e irremediável paras as pessoas subordinadas à
jurisdição de algum Estado.
Ela também participa das Audiências Públicas, intervindo e acompanhando os casos
quando necessário. Podem ainda, ser realizadas visitas in loco a países que tenha necessidade
a coletar informações sobre a situação da liberdade de expressão dentro do território.
O intuito é que sejam promovidos os padrões internacionais sobre o exercício desse
direito, que desta forma haja um incentivo ao uso adequado do sistema interamericano de
direitos humanos. Durantes essas visitas, são feitas reuniões com as autoridades dos governos,
membros dos poderes, representantes, entidades, organizações, entre outros.
O direito a liberdade de expressão está prevista e protegida de forma expressa em
diversos pactos internacionais: Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das
Liberdades Fundamentais; Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos; Declaração
31

Universal dos Direitos do Homem; Resolução 16/4 do Conselho de Direitos Humanos, 2011;
Primeiro relatório recapitulativo da Conferência Geral sobre as medidas adotadas pelos
Estados-Membros para aplicar a Recomendação sobre a Promoção e o Uso do Plurilinguismo
e o Acesso Universal ao Ciberespaço ; Contribuição da UNESCO à Cúpula Mundial sobre a
Sociedade da Informação (Genebra, 2003, e Túnis, 2005); A Declaração de Bucareste.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, em seu artigo XIX o direito
a liberdade de expressão está visível nos seguintes termos: “Toda pessoa tem direito à
liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter
opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e
independentemente de fronteiras” (NAÇÕES UNIDAS, 1948).
Também versando sobre o mesmo assunto, mas já no Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos, de 1966, estão estabelecidos em seu artigo XIX, este direito de uma forma
mais detalhada e incluindo restrições:

Artigo 19
1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a liberdade
de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza,
independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, em
forma impressa ou artística, ou por qualquer outro meio de sua escolha.
3. O exercício do direito previsto no parágrafo 2 do presente artigo implicará
deveres e responsabilidades especiais. Consequentemente, poderá estar sujeito a
certas restrições, que devem, entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se
façam necessárias para: a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das
demais pessoas; b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral
públicas (UNITED NATIONS, 1966).

Desta forma, não é necessário existirem controvérsias acerca do reconhecimento


internacional do direito a liberdade de expressão. Pois, sua regulamentação é nítida quando os
Pactos Internacionais tratam desse clássico direito civil e individual que reflete uma das
características do ser humano, que é a capacidade de pensar e ter sua perspectiva do mundo e
comunicar-se com os demais, expressando suas visões, ideias e opiniões.
Além de que, as artes, ciências, filosofias, tecnologia e política só existem por meio da
construção conjunta de pontos de vistas. Em síntese, o ser humano por meio da comunicação,
busca criar e uniformizar conceitos sobre determinados assuntos de relevância ou sem para a
sociedade.
Essa liberdade está diretamente ligada a democracia, porque nesse sistema político os
cidadãos decidem diretamente, ou por meio de seus representantes, os assuntos da
comunidade, na qual as autoridades exercem o que foi estabelecido, como um sistema de
“prestação de contas” em suas ações para a sociedade. O papel da liberdade de expressão,
32

nesse sistema, consiste em permitir aos participantes da vida pública expressar-se, questionar,
argumentar, criticar e contestar livremente.
A Comissão Internacional de Direitos Humanos, em relação a este assunto, tem como
objetivo fortalecer o funcionamento do regime democrático, com intuito de proteção a livre
manifestação de opiniões. Viabilizando um processo uma abertura e desimpedimento para o
compartilhamento de ideias sobre assuntos que condizem respeito à sociedade.
33

5 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E OS CRIMES CONTRA HONRA

Em meio a tantas modificações, a população mundial tem passado por inumeras e


constantes atualizações, consequentes da modernização e socialização, que tem acontecido de
forma mais veloz em função da aceleração do tempo e diminuição do espaço.
O fenômeno “globalização”, caracteriza-se por proporcionar a otimização do referido
processo, tendo como base a fusão da complexidade contemporânea e a sociedade de massa.
Deste modo, é possivel atribuir como fator preponderante desse panorama, o aumento
dos relacionamentos sociais, presenciais ou virtuais, o progresso nas formas de se locomover,
fazendo com que distância deixa-se de ser uma dificuldade e possibilitando a aproximação da
população.

5.1 O direito fundamental à liberdade de expressão

De acordo com Jorge Miranda (1998), temos como Direitos Fundamentais todos
aqueles pertencentes a a viabilização das condições de vida do ser humano, destacando-se o
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à dignidade, o direito de se expressar; o direito ao
trabalho, o direito à educação e à saúde.
Todos estes, fazem formam o comportamento da pessoa humana e são considerados
como individuais, sendo esses, direitos que se integram à pessoa, reconhecidos como
pressupostos indispensaveis para ter uma vida com dignidade.
Jónatas E. M. Machado (2002), faz uma analogia categorica entre a liberdade de
expressão e um pulmão, exemplificando que a liberdade de expressão é o pulmão e o cérebro
da democracia; tendo como missão a condução de força e juízo crítico, requisitos
indispensaveis quanto à ação e à preservação do equilíbrio de forças entre povo e poder:

A liberdade de expressão em sentido amplo é um elemento estruturante da ordem


democrática constitucional. Não admira que alguma doutrina tenha avançado com a
ideia de ‘Democracia Comunicativa’ (‘Kommunikative Demokratie’) e conferido à
garantia dos Direitos fundamentais da comunicação o estatuto jurídico-dogmático de
subprincípio concretizador do princípio democrático. A ligação que se estabelece
entre liberdade de expressão e a democracia é uma verdade evidente por si mesma
no seio da toda a jurisprudência e doutrina constitucionais, encontrando-se referida
em praticamente todas as obras que versa sobre aquele direito fundamental.
(MACHADO,2002)

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a qual rege o ordenamento


juridico, preceitua que honra mesmo sendo imaterial é considerada inviolável, conforme prevê
34

seu artigo 5º, X:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:[...] X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação. (BRASIL, CRFB, 2020).

Diante do referido ato que compõe um sistema jurídico milindroso, torna-se de grande
valia, uma vez que, estará em constante atualização para que adapte-se aos remodelamentos
no comportamento da sociedade, como acontece em todos os ambitos do Direito. Como diz
Adalberto Aranha:

A Constituição Federal Brasileira de 1988 ficou conhecida como a “Constituição do


Cidadão”, porque deu destaque todo especial ao capítulo dos direitos e garantias
individuais, uma das faces, e a mais relevante, da cidadania. Entre os direitos
reconhecidos constitucionalmente, e pela primeira vez com tal, figura o direito a
honra, com seus meios de defesa. O direito a honra, e ao respeito tem como bem
jurídico tutelado a reputação ou a consideração de cada pessoa, com a finalidade de
manter a paz social e preservar a dignidade humana. Todavia, embora erigido a
categoria de direito constitucional, vemos a honra alheia,todos os dias, todas as
horas, atacadas impunemente, por todos os meios. (ARANHA,2000, contracapa ).

Deste modo, compreende-se que a temática estará em constante atualização, haja vista
que amolda-se aos comportamentos da sociedade e no mundo informatizado esses
comportamentos passam por constantes transformações em milesimos de segundos,
resultando em consequências aceleradas, sejam elas em âmbito positivo ou negativo com
relação a honra individual.

Neste diapasão, Paulo Nogueira explica:

A honra, assim como a vida, sempre mereceu a proteção legal. Ela é um atributo da
pessoa, estando de tal modo vinculada a personalidade que não se compreende
alguém sem sua honra. Por sua vez, a honra pode assumir várias formas, já que se
trata de verdadeira virtude que ressalta o caráter de uma pessoa, mas que é capaz,
também, de denegrir a sua imagem, se ela não possuir. Assim o homem, virtuoso
desfruta de bom conceito social e serve de exemplo aos concidadãos, já o homem de
mau caráter não é bem visto e tampouco merece consideração na comunidade em
que vive, (NOGUEIRA, 1995, contracapa).

Para complementar o mesmo diz:

A honra é atributo da pessoa, estando de tal modo ligada e vinculada a personalidade


que lhe dá a dimensão moral do seu valor da sociedade. Pode assumir várias formas,
pois se trata de verdadeira virtude, que destaca o caráter e dignidade da pessoa que
35

tudo faz para viver com honestidade, conquistando o apreço de seus concidadãos.
Fala-se em desonra, por outro lado, quando alguém vive à margem dos deveres
sociais, não só infringindo-os como também desrespeitando seus semelhantes. O
homem de mau caráter e desonesto não é bem visto e tampouco merece
consideração na comunidade em que vive, pois, representa uma ameaça aos demais
cidadãos. Já o homem honrado, virtuoso, de caráter ilibado, não só serve de exemplo
como é respeitado e admirado por seus semelhantes, (NOGUEIRA, 1995, p. 5).

Por meio de tais ensinamentos, é possivel encontrar uma base estabilizada na


Constituição Federal. Neste aspecto, Capez expressa como objeto jurídico:

Tutela-se a honra objetiva (reputação), ou seja, aquilo que as pessoas pensam a


respeito do indivíduo no tocantes as suas qualidades físicas, intelectuais, morais, e
demais dotes da pessoa humana”. (CAPEZ, 2019, p.327)

Sendo assim, resta-se claro que Constituição Federal de 1988, resguarda e preserva a
honra e a liberdade de expressão, mesmo sendo vistas como bens considerados imateriais.

5.2 Da solução do conflito entre direitos fundamentais

Há de se ressaltar que direitos fundamentais possuem natureza principiológica, logo a


partir do momento que estudamos conflitos entre direitos fundamentais nos referimos a
colisão entre princípios.

A Constituição Federal elenca inúmeros direitos fundamentais e ideologias diferentes.


Esses direitos, por vezes chocam-se.

Como afirma Marmelstein (2008, P. 365):

as normas constitucionais são potencialmente contraditórias, já que refletem uma


diversidade ideológica típica de qualquer Estado democrático de Direito. Não é de se
estranhar, dessa forma, que elas frequentemente, no momento aplicativo, entrem
em rota de colisão.

Esses choques entre direitos nascem por causa das direções opostas em que caminham
alguns desses citados direitos, exemplo: uma vez que o direito à informação, a liberdade de
expressão percorrem o caminho da transparência, da livre circulação de informação, os
direitos da personalidade, vão em direção oposta, do sigilo, da não exposição.

Não importando a solução a ser aplicada nestes conflitos, sempre ocorrerão restrições,
de um ou dois valores tido como fundamentais, visto que todas as situações envolvendo
conflito de princípios são de elevada complexidade. De tal forma, evidencia-se a obrigação de
grande e prolongada ponderação para chegarmos em um denominador comum. Não existe
36

hierarquia entre direitos principiológicos, a preferência de um sobre o outro deve ser


determinada à luz do caso concreto.

Barroso (2009, p. 332) ensina que:

Os limites dos direitos constitucionais, quando não constarem diretamente da


Constituição, são demarcados em abstrato pelo legislador ou em concreto pelo juiz
constitucional. Dái existir a necessidade de protegê-los contra a abusividade de leis
restritivas, bem como de fornecer parâmetros ao interprete judicial.

Partindo para a parte prática desta resolução de conflitos, destacam-se dois principais
princípios e métodos que são utilizados para a feitura desta ponderação, sendo estes: o
princípio da proporcionalidade e a técnica da ponderação. Sobre estes me debruço.

Tenta-se demonstrar a finalidade do princípio da proporcionalidade na ponderação


entre direitos fundamentais, diante de tal locução: “A essência e a destinação do princípio da
proporcionalidade é a preservação dos direitos fundamentais”, afirma Guerra Filho (2006, p.
103).

Marmelstein (2008, p. 372) preconiza que “para se verificar se a lei que limita
determinado direito fundamental é válida ou não, deve-se fazer uso do princípio da
proporcionalidade”.

Marmelstein (2008, p. 385) afirma que:

o princípio da proporcionalidade não é útil apenas para verificar a validade material de


atos do Poder Legislativo ou do Poder Executivo que limitem direitos fundamentais,
mas também para, reflexivamente, verificar a própria legitimidade da decisão judicial,
servindo, nesse ponto, como verdadeiro limite da atividade jurisdicional. O juiz, ao
concretizar um direito fundamental, também deve estar ciente de que sua ordem deve
ser adequada, necessária (não excessiva e suficiente) e proporcional em sentido
estrito.
Marmelstein ensina que a doutrina, baseada em julgados da Corte Constitucional
Alemã, adota três dimensões da proporcionalidade: adequação, necessidade e
proporcionalidade em sentido estrito. Sendo possível limitar um direito fundamental se
estiveram presentes todos esses aspectos.

A proporcionalidade em sentido estrito, uma das três dimensões adotadas pela Corte
Constitucional Alemã ao usarem o princípio da proporcionalidade é aquela ligada a
ponderação. A proporcionalidade, como a própria analise léxica da palavra demonstra, exige
uma análise das vantagens e desvantagens que a definição trará. Pergunta-se: o benefício
alcançado com a adoção da medida sacrificou direitos fundamentais mais importantes do que
os que a medida buscou preservar?
37

Referindo-se a técnica da ponderação definimos que esta técnica é o instrumento para


verificar a existência da proporcionalidade em sentido estrito no caso concreto, visto que se
esta não existir o juízo deve anula-la.

Marmelstein (2008, p. 386):

A ponderação é uma técnica de decisão empregada para solucionar conflitos


normativos que envolvam valores ou opções políticas, em relação aos quais as
técnicas tradicionais de hermenêutica não se mostram suficientes. É justamente o que
ocorre com a colisão de normas constitucionais, pois, nesse caso, não se pode adotar
nem o critério hierárquico, nem o cronológico, nem a especialidade para resolver uma
antinomia de valores.

Barroso afirma (2009, p. 334), que a ponderação é uma “técnica de decisão jurídica,
aplicável a casos difíceis, em relação aos quais a subsunção se mostrou insuficiente”.

Apresenta Antunes (2006, p. 08):

O método da ponderação de bens foi utilizado pela primeira vez no Tribunal


Constitucional Federal Alemão na sentença Lüth em quinze de janeiro de 1958, na
qual analisou-se e decidiu-se sobre a constitucionalidade de restrição a direito
fundamental. O TCF decidiu que o direito fundamental à liberdade de expressão
deveria prevalecer, uma vez que não afetava interesses de terceiros dignos de
proteção. Aludida preferência resultou em função das circunstâncias do caso concreto.

Ensina Marmelstein (2008, p. 387) que na técnica da ponderação, o jurista deverá,


primeiramente, tentar conciliar ou harmonizar os interesses em jogo, pelo princípio da
concordância prática. Somente depois, caso não seja possível a conciliação, é que se deve
partir para o sopesamento ou para a ponderação propriamente dita.

Na visão de Morais (2003, p. 61):

Quando houver conflito entre dois ou mais direitos e garantias fundamentais, o


intérprete deve utilizar-se do princípio da concordância prática ou da harmonização de
forma a coordenar ou combinar os bens jurídicos em conflito, evitando o sacrifício
total de uns em relação aos outros, realizando uma redução proporcional do âmbito de
alcance de cada qual (contradição dos princípios) sempre em busca do verdadeiro
significado da norma e da harmonia do texto constitucional com sua finalidade
precípua.

De tal forma esclarece-se que antes de se utilizar a ponderação em si, fazendo


prevalecer um princípio, um direito sobre o outro, tenta-se solucionar o caso de colisão
através da harmonização entre os princípios envolvidos. “Proceder a interpretação dos
cânones envolvidos, para verificar se eles efetivamente se confrontam na resolução do caso,
ou se, ao contrário, é possível harmonizá-los”, conforme explana Sarmento (2002, p. 99).
38

Uma decorrência lógica da atribuição de pesos, do processo de ponderação, é a


argumentação Jurídica, através dela os interesses contrapostos serão defendidos, para que se
possa finalmente chegar à solução da colisão entre direitos, decidindo-se pela aplicação do
princípio prevalente ao caso concreto e o seu grau de intensidade. Através da argumentação
jurídica é possível se aproximar do controle da racionalidade das decisões judiciais.

5.3 Aspectos jurisprudenciais da liberdade de expressão e crimes contra a honra

É notavel que, a ausência de informação intendivel ao cidadão comum, poderá ser


justificativa em casos de cometimento de ações que resultem em ferimento destas garantias,
uma vez que a falta de regulamentação específica referente as relações virtuais, podem induzir
o utilitário do meio cibernetico a falsa impressão de que nos canais digitais poderá fazer
qualquer declaração pois estará impune, levando o usuário a ferir o direito de terceiros. ainda
que seja legítima a livre expressão online, a mesmo não pode ultrapassar os limites subjetivos
existentes, os quais são de conhecimento de qualquer homem médio.
Diante deste contexto, os tribunais tem baseado-se em decisões jurisprudenciais
decorrentes de casos análogos para decidir a respeito de delitos assim cometidos, vejamos
alguns julgados.

A Constituição reservou à imprensa todo um bloco normativo, com o apropriado


nome "Da Comunicação Social" (capítulo V do título VIII). A imprensa como plexo
ou conjunto de "atividades" ganha a dimensão de instituição-ideia, de modo a poder
influenciar cada pessoa per se e até mesmo formar o que se convencionou chamar de
opinião pública. Pelo que ela, Constituição, destinou à imprensa o direito de
controlar e revelar as coisas respeitantes à vida do Estado e da própria sociedade. A
imprensa como alternativa à explicação ou versão estatal de tudo que possa
repercutir no seio da sociedade e como garantido espaço de irrupção do pensamento
crítico em qualquer situação ou contingência. Entendendo-se por pensamento crítico
o que, plenamente comprometido com a verdade ou essência das coisas, se dota de
potencial emancipatório de mentes e espíritos. O corpo normativo da Constituição
brasileira sinonimiza liberdade de informação jornalística e liberdade de imprensa,
rechaçante de qualquer censura prévia a um direito que é signo e penhor da mais
encarecida dignidade da pessoa humana, assim como do mais evoluído estado de
civilização. (...) O art. 220 da Constituição radicaliza e alarga o regime de plena
liberdade de atuação da imprensa, porquanto fala: a) que os mencionados direitos de
personalidade (liberdade de pensamento, criação, expressão e informação) estão a
salvo de qualquer restrição em seu exercício, seja qual for o suporte físico ou
tecnológico de sua veiculação; b) que tal exercício não se sujeita a outras
disposições que não sejam as figurantes dela própria, Constituição. A liberdade de
informação jornalística é versada pela CF como expressão sinônima de liberdade de
imprensa. Os direitos que dão conteúdo à liberdade de imprensa são bens de
personalidade que se qualificam como sobredireitos. Daí que, no limite, as relações
de imprensa e as relações de intimidade, vida privada, imagem e honra são de mútua
excludência, no sentido de que as primeiras se antecipam, no tempo, às segundas; ou
39

seja, antes de tudo prevalecem as relações de imprensa como superiores bens


jurídicos e natural forma de controle social sobre o poder do Estado, sobrevindo as
demais relações como eventual responsabilização ou consequência do pleno gozo
das primeiras. A expressão constitucional "observado o disposto nesta Constituição"
(parte final do art. 220) traduz a incidência dos dispositivos tutelares de outros bens
de personalidade, é certo, mas como consequência ou responsabilização pelo
desfrute da "plena liberdade de informação jornalística" (§ 1º do mesmo art. 220 da
CF). Não há liberdade de imprensa pela metade ou sob as tenazes da censura prévia,
inclusive a procedente do Poder Judiciário, pena de se resvalar para o espaço
inconstitucional da prestidigitação jurídica. Silenciando a Constituição quanto ao
regime da internet (rede mundial de computadores), não há como se lhe recusar a
qualificação de território virtual livremente veiculador de ideias e opiniões, debates,
notícias e tudo o mais que signifique plenitude de comunicação.
[ADPF 130, rel. min. Ayres Britto, j. 30-4-2009, P, DJE de 6-11-2009.]= Rcl 18.566
MC, rel. min. Celso de Mello, j. 12-9-2014, dec. monocrática, DJE de 17-9-2014
Vide Rcl 22.238, rel. min. Roberto Barroso, j. 6-3-2018, 1ª T, DJE de 10-5-2018

Vale salientar, que existem aspectos a ser defendidos no tocante a liberdade de


expressão, sempre em observância de fatores relevantes para o bom andamento do
ordenamento juridico, para que assim seja possível atentar-se para provaveis elementos que
agem na sociedade.

O Colegiado assentou, a partir de interpretação dos artigos 5º, inciso IX, e 220 da
Constituição Federal, a ausência do dever de indenizar por parte da empresa.
Entendeu tratar-se de publicação de entrevista de terceiro, assinalando que o meio de
comunicação deixou de manifestar-se quanto ao conteúdo. Frisou estar a atuação do
jornal alcançada pelo princípio da liberdade de imprensa, não se observando conduta
a revelar violação do direito à honra versado no artigo 5º, inciso X, da Lei Maior.
Após desprovimento no campo individual, a Terceira Turma, ao apreciar agravo
interno, reformou o pronunciamento do Relator, determinando a sequência do
especial. Posteriormente, na análise da questão de fundo, proveu-o para julgar
procedente o pedido de indenização. Ementa: LIBERDADE DE EXPRESSÃO -
DIREITO-DEVER DE INFORMAR - REPRODUÇÃO DE ENTREVISTA -
JORNAL - RESPONSABILIDADE ADMITIDA NA ORIGEM - RECURSO
EXTRAORDINÁRIO - REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. Possui
repercussão geral a controvérsia alusiva à possibilidade ou não de responsabilizar
civilmente veículo de comunicação ante publicação de entrevista de terceiro.
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, reputou constitucional a questão. O Tribunal,
por unanimidade, reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada. Ministro MARCO AURÉLIO Relator. [RE 1075412 RG /
PE – PERNAMBUCO REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Julgamento:
17/05/2018; Publicação: 22/06/2018;Órgão julgador: Tribunal Pleno]

No tocante a importância em proteger constitucionalmente o crime contra a honra, o


Código Penal trata sobre condenações em decorrência de calúnia, difamação e injúria,
conforme tópico anterior. Entretanto, a banalização de tais atos tem gerado um impasse na
esfera juridica, de modo que, fatos que anteriormente não se carcterizam como delituosos tem
passado a se tornar, em função da falta de discernimento ou informação .
Em especial, no tocante aos crimes que ferem a honra e são cometidos via web, que
40

conforme preceitua CASTELLS, que “ a web é o tecido de nossas vidas neste momento e o
Judiciário não pode se abster de resolver os conflitos que surgem”(CASTELS, 2003, p.255).
De acordo com Rolim (2002), não existe hierarquia entre os direitos fundamentais,
podendo acontecer o choque entre tais, a depender da situação fática. Afima Canotilho (1991),
que o exercicio dos direitos fundamentais, por si só, gera conflitos de autenticidade quando
colide com outro.
Diante dessa necessidade de solucionar os conflitos, os tribunais tem dirimido
jurisprudências, vejamos um caso concreto ocorrido no Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e Territórios decidiu que:

Uma sobrinha seria condenada a pagar R$ 700,00 em indenização ao tio. Isto


porque, ela postou uma foto da vítima no Orkut, em que o ele aparece com um cifrão
no rosto. A intenção da internauta era chamar o tio de mercenário, por conta de
conflitos familiares.Com efeito, em casos semelhantes, entende-se pela preservação
da honra e imagem, como na apelação cível nº 70046198040, de Relatoria do
Desembargador Leonel Pies Ohlweiler, onde o Google apelou contra sentença
proferida nos autos da ação de reparação de danos extrapatrimoniais. A sentença de
primeiro grau tinha julgado procedente em parte o pedido do autor, para determinar
que a empresa excluísse perfil falso do Orkut que o difamava, pagando, ainda, a
quantia de R$ 5.540,00 por conta da indenização dos danos morais. Em suas razões
recursais, o Google alegou que não exerce controle prévio sobre o conteúdo das
páginas pessoais criadas pelos usuários, sob pena de censura prévia. Afirmou que o
internauta possui liberdade de inserir o conteúdo que entende na sua página pessoal,
exercendo total controle sobre mensagens enviadas ou postadas nas páginas de
terceiros. Sustentou ainda que não é o responsável pelos atos praticados pelos seus
usuários, pois sua atividade se restringe na disponibilização da plataforma para
hospedagem de conteúdo. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul entendeu ser
legitima a responsabilização da empresa, aplicando, inclusive o Código de Defesa
do Consumidor no caso concreto já que, embora a vítima não pague pelo serviço
prestado, o Google é indiretamente remunerado pelas publicidades que veicula. O
acórdão também reconheceu que as redes de relacionamento online tornaram-se um
mecanismo hábil para que através delas, pessoas prejudiquem a imagem de outrem,
expondoas à situações constrangedoras diante de toda a web, coforme ocorreu no
caso em questão. Ademais, suscitou que com anuência do Google, são criados por
seus usuários diversos tipos de comunidades e perfis e, alguns dele, com conteúdo
ofensivo e informações injuriosas e caluniosas. Reconheceu que o responsável
principal e direto pela ofensa é o usuário, criador do perfil difamatório, mas à
empresa cabe monitorar o conteúdo veiculado por seus usuários, excluindo o
material ofensivo, “sob pena de se considerar defeituoso o serviço prestado, uma vez
que este teria o dever de zelar pela honra e imagem dos usuários”. Ressaltou, ainda,
as disposições da Constituição Federal acerca da intimidade, vida privada, honra e
imagem das pessoas, as conectando com o princípio da dignidade da pessoa humana.
Suscitou que apenas deve-se considerar como dano moral a dor, vexame, sofrimento
ou humihação que foge à normalidade, situação que deve ser verificada conforme a
equidade.Deste modo, negou provimento à apelação do Google.
(PODER, 2012).

Salienta-se, que nos casos de conflito entre os direitos fundamentias, o Poder


Judiciário, quando existir este, não havendo dúvidas quanto ao uso da liberdade de expressão
e da internet de forma imprudente, com o claro intuito de ferir outrem, protege o direito à
41

honra do cidadão.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem julgando e decidindo sobre a competência
para julgamento de crimes contra a honra realizados por meio da web, como Informativo de
Jurisprudência nº 0434:

COMPETÊNCIA. INTERNET. CRIMES CONTRA HONRA. A Seção entendeu,


lastreada em orientação do STF, que a Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/1967) não foi
recepcionada pela CF/1988. Assim, nos crimes contra a honra, aplicam-se, em
princípio, as normas da legislação comum, quais sejam, o art. 138 e seguintes do CP
e o art. 69 e seguintes do CPP. Logo, nos crimes contra a honra praticados por meio
de publicação impressa em periódico de circulação nacional, deve-se fixar a
competência do juízo pelo local onde ocorreu a impressão, uma vez que se trata do
primeiro lugar onde as matérias produzidas chegaram ao conhecimento de outrem,
de acordo com o art. 70 do CPP. Quanto aos crimes contra a honra praticados por
meio de reportagens veiculadas na Internet, a competência fixa-se em razão do local
onde foi concluída a ação delituosa, ou seja, onde se encontra o responsável pela
veiculação e divulgação das notícias, indiferente a localização do provedor de acesso
à rede mundial de computadores ou sua efetiva visualização pelos usuários.
Precedentes citados do STF: ADPF 130-DF , DJe 6/11/2009; do STJ: CC 29.886-SP
, DJ 1º/2/2008.CC 106.625-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em
12/5/2010.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 548048


AgR/DF, julgou da seguinte forma a responsabilização pelo dano a imagem originado via
internet:

DIREITO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. IMAGEM
DIFUNDIDA NA INTERNET. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.
REEXAME DE FATOS E PROVAS. 1. É inadmissível recurso extraordinário no
qual, a pretexto de ofensa a princípios constitucionais, pretende-se a análise de
legislação infraconstitucional. Hipótese de contrariedade indireta à Constituição
Federal. 2. O Tribunal de origem, a partir do exame dos fatos e das provas dos autos
concluiu pela existência de dano moral a ser reparado em razão de divulgação de
imagem da parte agravada na rede mundial de computadores sem sua autorização.
Incidência portanto, da Súmula/STF 279. 3. Inexistência de argumento capaz de
infirmar o entendimento adotado pela decisão agravada. 4. Agravo regimental
improvido (RE 548048 AgR / DF – DISTRITO FEDERAL, AG.REG.NO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Julgamento:
09/06/2009, Órgão Julgador: Segunda Turma).”

Deste modo, compreende-se que o avanço da tecnologia, tem ocasionado o aumento


dos crimes virtuais e, por isso, é de suma importantância que o ordenamento juridico atente-se
a essas ocorrências, para que não sejam justificadas como despercebidas da justiça, e possam
ser aplicadas as penas previstas, capazes de preservar a integridade dos ofendidos.
Portanto, diante da proporção que esses fatos tem tomado, não restam dúvidas que
cabe ao Poder Judiciário, determinar a aplicação da legislação vigente capaz de sanar a
42

ofensa.

5.4 O STF e os casos representativos da proteção constitucional do pensamento

O regular exercício das liberdades constitucionais de expressão e manifestação do


pensamento já foi alvo do controle concentrado de constitucionalidade por diversas vezes. O
julgamento do HC 82. 424/RS representa uma mudança paradigmática na jurisprudência do
STF em matéria de direitos fundamentais. O julgamento do pedido de Habeas Corpus de
Siegfried Ellwanger, que foi condenado pelo TJ/RS, por ter editado e distribuído obras de
conteúdo anti-semita de sua autoria e de terceiros, representativas de discriminação racial
contra judeus.

Este conflito entre a dignidade da pessoa humana e a liberdade de expressão balizou a


posição jurisprudencial do Supremo em matéria de racismo, indeferindo o HC com base na
técnica da ponderação e no principio da proporcionalidade, garantindo que a proteção
constitucional ao grupo étnico judeu tem prevalência sobre a liberdade de expressão.
A garantia constitucional da liberdade de expressão não é absoluta e comporta limites
morais e jurídicos, asseverou o redator Maurício Corrêa:

o direito a livre expressão não pode abrigar em sua abrangência manifestações de


conteúdo imoral que implicam ilicitude penal, devendo ser exercidas de maneira
harmônica, observando os limites definidos na própria CF.

um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como


sucede com os delitos contra a honra e deve ser exercida em observância aos demais
direitos e garantias individuais fundamentais.

No julgamento das ADI 5.136 (Lei Geral da Copa), da ADI 4.274 e da ADPF 187, o
STF considerou cabível o pedido de interpretação conforme à Constituição para assegurar o
regular exercício da liberdade de manifestação do pensamento e da liberdade de reunião.

Ao julgar a ADI 4.27 proposta pela PGR e reconhecer a legalidade e legitimidade da


Marcha da Maconha, que reúne manifestantes favoráveis a descriminalização da planta, o
STF a definiu como manifestação legítima que consagra o direito de reunião e o direito à livre
expressão do pensamento, a corte suprema afastou a possibilidade de proibir o debate
abolicionista da política sobre drogas, ressalvando os direitos de crítica, de protesto,
discordância e de livre circulação das idéias, mesmo que isso seja objeto de conflito com o
pensamento e valores dominantes no meio social. O relator Gilmar Mendes consignou no seu
43

voto: nenhuma lei, seja cível ou penal, pode blindar-se contra a discussão do seu próprio
conteúdo.

O amparo constitucional da divergência de posições reflete justamente o caráter plural


do estado democrático de direito, não cabendo ao estado, por quaisquer dos seus órgãos,
definir previamente o que pode ser dito ou feito.

É relevante demais para este estudo constatar que em diversos julgados no âmbito do
STF a liberdade de expressão é vista como elemento fundante da ordem constitucional e deve
ser exercida em observância aos demais direitos e garantias individuais fundamentais.
44

6 CONCLUSÃO

Diante dos estudos, pode-se concluir que a liberdade de expressão não é um direito
absoluto, mas sim, uma norma permissiva para o livre exercício de pensamento e expressão
individual, desde que não resulte em descumprimento de outra garantia constitucionalmente
consagrado, devendo-se observar a devida limitação e punição.
Os direitos fundamentais passaram por uma lenta e fracionada evolução, pois em cada
fase foram conquistados direitos diversos, e por esse motivo esses direitos foram divididos em
gerações ou dimensões, conforme sua inclusão nas constituições. Bonavides,
constitucionalista brasileiro através de um perfil histórico, agrupou os mesmos em gerações
de direitos.
Ante ao exposto, depreende-se que a finalidade reconhecida pela Constituição frente
aos direitos fundamentais tem relação direta com a proteção da dignidade da pessoa humana,
posto que esses direitos se realizam por intermédio das esferas referentes a atividade humana.
Portanto, o abuso decorrente do exercício da liberdade de expressão, tal como
qualquer outro direito, deverá ser sancionado. Assegurando, desta forma, a independência a
todos, desde que não cause danos a outrem. Pois, caso ocorra haverá a intervenção do Estado
para que haja um equilíbrio, de modo que os direitos devam ter sua abrangência limitada por
outros direitos, de maneira que um não seja anulado ou por demais restritos ao outro.
Diante disso, compreende-se que o avanço da tecnologia, tem ocasionado o aumento
dos crimes virtuais e, por isso, é de suma importância que o ordenamento jurídico atente-se a
essas ocorrências, para que não sejam justificadas como despercebidas da justiça, e possam
ser aplicadas as penas previstas, capazes de preservar a integridade dos ofendidos.
45

REFERÊNCIAS

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