EDIÇÃO

30
AGO.23

A NOVA
PRUSA
MK4
Por Valmir Justo
P. 18

ProductWare: como o
a informação digital e
o design estão
criando um novo tipo Profissão: Locador É assim que tudo
de objeto de Impressoras começa
Por Raphael Bastos Por Emanuel Campos Por Ianina Zubowicz

P. 5 P. 44 P. 8
 EDITORIAL

A primeira
camada

É de conhecimento geral de toda comunidade de impressão 3D que a primeira

camada é a mais importante. Essa camada indica se a peça vai permanecer fixa sobre
a mesa até que a impressão da peça seja concluída, como se fossem os alicerces de
uma construção, e também é um dos parâmetros de uma boa calibração do equipa-
mento, principalmente no nivelamento.
Desde a primeira edição da Impresso 3D, chegamos na trigésima terceira
“camada”, algumas complexas que demandaram mais tempo e esforço, outras que
foram um pouco mais rápidas. Podemos assimilar também nossos assinantes, patro-
cinadores e apoiadores como os “suportes” dessa impressão, mas estes, ao contrário
que nosso grande camarada Antonio Dimitrov fala, não são insuportáveis.
Chegamos em uma etapa que nos deparamos com possíveis mudanças. Desde
o primeiro semestre deste ano, criamos o nosso portal com a ideia de ser uma das
maiores fontes de informação sobre a manufatura aditiva no Brasil e no mundo.
Bom, ainda temos essa meta, apenas estamos focados em alguns projetos paralelos
que demandam um certo tempo.
Mas bom, todo esse texto é para avisarmos que teremos boas novidades em
breve! E queremos agradecer à todos que acompanham e apoiam esse projeto.
Chegou a hora de avançarmos algumas camadas!
Ayrton Araújo
Editor Associado

Editor Chefe Diagramação Fotos e imagens são de

Emanuel Campos Daniel Cézar propriedade de seus
respectivos donos e
ISSN
Editora Assistente foram utilizadas para fins
(em processo)
Ianina Zubowicz de divulgação.
IMPRESSO 3D
Editor Associado e Capa CNPJ 27.928.943/0001-35 Para mais conteúdos:
Revista Mensal. v.3 n. 30 (2023) Ayrton Araújo contato@impresso3d.com.br impresso3d.com.br
Rua Padre João Gualberto, 581
SÃO PAULO | SP | 02537-000
ÍNDICE

5 ProductWare: Como o a informação digital e o design

estão criando um novo tipo de objeto

CAPA

18 A Nova Prusa Mk: Um pouco da história e o que esperar

dessa nova versão

44 Profissão: Locador de Impressoras

50 É assim que tudo começa

 DESIGN

ProductWare
Como a informação digital e o design estão
criando um novo tipo de objeto

POR RAPHAEL BASTOS

POR CARLO FRANZATO
Mestrando em design/manufatura aditiva pela puc rio
e bacharel em desenho industrial, com especialização Designer e professor de design. Especialista em
em design generativo e manufatura aditiva. Também é design estratégico, construção de cenários e
empresário e professor de mais de mil alunos de todo design-driven innovation.
o Brasil.
Carlo Franzato
r3design

RESUMO
Com a crescente adoção e evolução das tecnologias de manufatura
aditiva a concepção do que é um produto e como os stakeholders se rela-
cionam com ele está mudando também. Este artigo tem como objetivo
propor uma nova forma de entender o design de produto com base no
caráter digital do desenvolvimento de objetos para a fabricação digital.
Essa proposta se baseia em duas publicações distintas e relevantes:
“Vampyroteuthis infernalis” de Vílem Flusser e “Research Through Arts
and Design” de Christopher Frayling para demonstrar o caráter híbrido
de um produto fabricado através da impressão 3D.
A criação de um produto para a manufatura aditiva traz um ganho
significativo em tempo de desenvolvimento e flexibilidade do produto,
propiciando uma facilidade na modificação e melhoramento(upgrades)
de objetos, já que não é mais necessário a utilização de moldes para tornar
esses objetos físicos.

impresso3D.com.br 5
 DESIGN

Essa característica torna o objeto produzido através de tecnologias

de fabricação digital algo semelhante a um software físico que pode ser
personalizado, revisitado e adequado a novas necessidades.
Esses novos objetos híbridos batizados de “ProductWare” serão o
futuro da manufatura e consumo, pois a flexibilidade ganha através da
fabricação digital proporciona uma nova forma de se relacionar com a
informação, seja ela no desenvolvimento ou no uso.

PALAVRAS-CHAVES: Manufatura aditiva; fabricação digital; data driven

design; mass customization

1. INTRODUÇÃO refiná-los por meio de um processo

O
design, em sua essência, é o
processo criativo de conceber
e moldar novos objetos, siste-
mas ou experiências. Ele envolve uma
delicada interação entre estética,
funcionalidade e solução de proble-
mas, com o objetivo de melhorar a
experiência humana. Ao longo dos
anos, o design evoluiu em resposta aos
avanços tecnológicos, e uma influência
significativa tem sido o surgimento da
fabricação digital. Este artigo explora
a definição do design e examina como
a fabricação digital transformou o
processo de criação de novos objetos
com informações digitais, fazendo
uma comparação entre o conceito de
“Pesquisa Através do Design” de Chris-
topher Frayling e a obra filosófica de
Vilém Flusser, “Vampyroteuthis Infer-
nalis”.
O design, em seu sentido mais
amplo, abrange várias disciplinas,
incluindo design industrial, design
gráfico, design de moda e outros. Ele
envolve identificar um problema ou
uma necessidade, conduzir pesquisas,
gerar ideias, desenvolver protótipos e
iterativo. Tradicionalmente, o design
dependia da habilidade artesanal
manual, em que materiais físicos eram
moldados e montados por artesãos
habilidosos. No entanto, o advento das
tecnologias de fabricação digital revo-
lucionou esse processo.
A fabricação digital refere-se ao
uso de máquinas controladas por
computador, como impressoras 3D,
cortadoras a laser e máquinas CNC
(Controle Numérico Computadori-
zado), para transformar designs digi-
tais em objetos físicos. Ela permite que
os designers traduzam suas ideias em
formas tangíveis com precisão e efici-
ência. Através da fabricação digital, a
lacuna entre os reinos virtual e físico
foi superada, possibilitando uma tran-
sição perfeita do conceito para a reali-
dade.
Christopher Frayling, um acadê-
mico e historiador cultural britânico,
introduziu o conceito de “Pesquisa
Através do Design” como um modo de
investigação em que a própria prática
do design se torna uma forma de
pesquisa. De acordo com Frayling, o

6 impresso3D • 08/23
 ProductWare: Como a informação digital e o design estão criando um novo tipo de objeto
design pode gerar novos conhecimen-
tos por meio de sua natureza iterativa
e experimental. Os designers se envol-
vem em exploração prática, prototipa-
gem e testes para obter insights e
aprimorar suas ideias. Essa aborda-
gem orientada à pesquisa alinha-se ao
método científico, incentivando os
designers a documentarem e compar-
tilharem seus processos, materiais e
descobertas.
No contexto da fabricação digi-
tal, a visão de “Pesquisa Através do
Design” de Frayling ganha ainda mais
importância. A capacidade de prototi-
par e iterar rapidamente usando ferra-
mentas digitais capacita os designers
a explorarem uma vasta gama de
possibilidades e a aprimorarem suas
ideias de forma mais eficiente. As
tecnologias de fabricação digital forne-
cem aos designers os meios para dar
vida às suas ideias, testá-las no mundo
real e iterar com base nos insights obti-
dos a partir dos protótipos físicos. Esse
processo iterativo incentiva a experi-
mentação e empurra os limites do que
é possível.
Por outro lado, Vilém Flusser,
um filósofo nascido na República
Tcheca, explorou a natureza da exis-
tência humana e da comunicação em
seu trabalho “Vampyroteuthis Inferna-
lis”. Embora seu livro não aborde dire-
tamente o design, ele oferece uma
perspectiva provocadora sobre a influ-
ência da tecnologia digital na socie-
dade. Flusser sugere que os seres
humanos, assim como a criatura do
fundo do mar Vampyroteuthis Infer-
nalis, são condicionados pelo ambiente
e pelas ferramentas que usam para a
comunicação.
A obra de Flusser questiona o
impacto das tecnologias digitais na
criatividade humana e no processo de
impresso3D.com.br
design. Ele argumenta que a crescente
dependência de ferramentas digitais
pode limitar nossa imaginação e poten-
cial criativo. À medida que o design se
torna mais digitalizado e automati-
zado, há o risco de perdermos o toque
humano e a criatividade intuitiva e
espontânea. Flusser incentiva o pensa-
mento crítico sobre as consequências
de nossa dependência da tecnologia e
pede uma reavaliação consciente de
nossa relação com as ferramentas digi-
tais.
Embora a abordagem de
“Pesquisa Através do Design” de
Frayling e o “Vampyroteuthis Inferna-
lis” de Flusser tratem do design e da
fabricação digital de ângulos diferen-
tes, ambos destacam a importância do
envolvimento atencioso e consciente
na interseção entre a criatividade
humana e a tecnologia digital. A inte-
gração da fabricação digital no
processo de design oferece oportuni-
dades emocionantes, mas é crucial
manter uma reflexão crítica sobre
suas implicações e garantir que a
essência do design seja preservada em
meio às possibilidades tecnológicas em
constante evolução.
2. FOCO NA INFORMAÇÃO
Como Flusser acreditava, a
informação é o fator mais relevante
dentro do design, é ela que determina
o valor de algo, sendo assim, é possível
concluir que design talvez não seja
sobre resolver problemas ou encantar,
e sim sobre a forma como a informa-
ção é manipulada e organizada para
um propósito específico.
Veja a introdução acima, ela foi
gerada por uma inteligência artificial
em apenas alguns segundos, apenas
manipulando e organizando as infor-
7
 DESIGN

mações para atender a este prompt:

Figura 1: Prompt no Chatgpt. (Disponível em: <https://chat.openai.com/c/3bc052fc-2705-4636-9758-

b484ca43a3c0>)

“Prompt” que em sua essência, seria o próximo passo dessa evolução?

nada mais é do que um briefing que
possui o objetivo traduzir um projeto
em palavras. Mas no que isso implica
para o campo do design?
Em seu livro Vampyroteuthis
Infernalis, Flusser demonstra como o
valor de algo no mundo industrial está
intrinsecamente ligado à capacidade
de transmitir aquela informação para
o meio físico. Por exemplo, antes da
industrialização, os artesãos eram
responsáveis por conceber os objetos,
“imprimindo” a informação naquela
matéria prima, por consequência, eles
tinham muito valor.
Com o advento das máquinas, as
mesmas passaram a ser os objetos de
valor, pois eram estas que davam
forma e “imprimiam” a informação
desejada em uma velocidade muito
mais alta que os artesãos, que perde-
ram seu valor na cadeia de produção.
No entanto, fora da cadeia de produ-
ção, criou- se uma nova classe de
produtos exclusivos, feitos sob medida,
o que é uma conversa para outra hora.
Seguindo a evolução e a criação
do plástico, os moldes começaram a
ser os objetos que tinham o valor, já
que eles carregavam a informação e a
transmitiam para a matéria prima, em
uma velocidade e precisão nunca antes
vista. Até hoje, é possível validar isso,
visto que um único molde custa cente-
nas de milhares de reais. Qual, então,
Para Flusser, a informação.
3. A MANUFATURA ADITIVA
A manufatura aditiva, também
conhecida como impressão 3D, é um
processo industrial inventado por
Chuck Hull que existe desde a década
de 80. Até o início dos anos 2000, esse
meio de manufatura era exclusivo
para empresas de grande porte, já que
o custo das máquinas era extrema-
mente elevado.(Redwood,Ben,2017)
Com a quebra das principais
patentes e o movimento RepRap, a
impressão 3D vem ganhando popula-
ridade entre consumidores e empresas
de todos os tamanhos, fato que pode-se
perceber através do crescimento anual
de investimentos nessa área, conforme
demonstrado no gráfico.
Figura 2: Gráfico de crescimento do mercado de im-
pressão 3D. (Disponível em: 3D Hubs 2022 Report)

8 impresso3D • 08/23
 ProductWare: Como a informação digital e o design estão criando um novo tipo de objeto
Através do movimento RepRap, que
consistia em criar as impressoras 3D
utilizando as próprias máquinas exis-
tentes para imprimir peças para novas
máquinas, a impressão 3D se popula-
Figura 3: Gráfico de popularidade da impressão 3D de 2010 até os dias atuais. (Disponível em: 3D Hubs
2022 Report)
Entre a lista dos grandes benefícios
temos: produção sob demanda, custo-
mização em massa, diminuição do
custo de logística com envio de maté-
ria prima e/ou objetos, facilidade na
criação de novos objetos com prototi-
pagem rápida, entre outros. É possível
ver como tudo o que Flusser havia
previsto está presente nessa e em
outras tecnologias de fabricação digi-
tal, pois tudo o que se faz necessário
para produzir qualquer coisa são bits
e matéria prima.
4. TENTATIVA E ERRO
Uma das características mais
interessantes do movimento maker é
impresso3D.com.br
rizou, ultrapassando a fase do
“hype”(Roggers,Everett,1962) e se
tornou um meio incrível para produ-
ção e prototipagem de objetos.
a abordagem na resolução de proble-
mas complexos, a qual realiza experi-
mentos rápidos e aprende com eles,
além, é claro, do compartilhamento de
informações com liberdade de replica-
ção e evolução das mesmas. Se compa-
rarmos essa abordagem com o método
do duplo diamante (Brown,Tim,2009)
é possível observar uma grande seme-
lhança no caráter dialético dos
mesmos.
O movimento maker e o
processo de design permeiam o
conceito de “Pesquisa Prática Através
do Design” (Frayling,Christopher,1994)
por compartilharem essa abordagem
de aprender através de experimentos
e descobertas, tornando a informação/
9
 DESIGN
produto final mais rico e adaptado às
necessidades finais do projeto. Entre-
tanto, existem algumas diferenças
fundamentais em como e onde o
design e os makers aplicam essa abor-
dagem.
Na fase de exploração é onde o
designer começa a entender todos os
atores e o contexto geral do projeto, e
começa também a delimitar o escopo,
elaborando perguntas para serem
endereçadas ao longo do projeto.
Durante a investigação, a
pesquisa se direciona e é desenvolvido
um plano de ação para responder às
questões levantadas na primeira fase.
É nessa hora que a pesquisa/projeto
toma forma e o escopo de atuação é
determinado, podendo ser alterado
Figura 4: Algoritmo para criação de prancha impressa em 3D que pode ser customizada por qualquer pessoa
sem entendimento de modelagem. (Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Hu8QwOJ4aMI&t>)
Ambas abordagens, tratam do fluxo de
informação como um alicerce de um
projeto, com o objetivo de possibilitar
um acúmulo de conhecimento e a vali-
10
caso novas informações relevantes
sejam descobertas..
Na terceira etapa, a fase de
processamento, o projetista então
organiza todas as informações coleta-
das, avalia e sintetiza elas para servi-
rem de base para o desenvolvimento
do produto/serviço.
Por fim, a fase de criação, onde
o conhecimento do projeto pode ser
transferido para outrem ou utilizado
para o desenvolvimento de outras
pesquisas e projetos. Dado o caráter
técnico deste método, é importante
que durante todas as etapas todo o
processo seja catalogado e registrado
para que essa propagação seja mais
eficiente.
dação do mesmo pelo pesquisador ou
pares.
Portanto, é possível fazer iden-
tificar similaridades no manuseio de
impresso3D • 08/23
 ProductWare: Como a informação digital e o design estão criando um novo tipo de objeto
informação e na tomada de decisões
embasadas em pesquisa e experimen-
tações físicas ou digitais para o desen-
volvimento do projeto.
5. SOFTWARE FÍSICO
Em sua essência, o design indus-
trial, principalmente, é calcado em
desenvolver um produto para a maior
quantidade de usuários possíveis, e,
para atender a esse propósito, ele se
utiliza de meios de fabricação em
massa como a injeção, extrusão, sopro,
etc.
Esses meios ainda são depen-
dentes de moldes e os mesmos são
imutáveis, ou seja, após o molde ser
concebido, dificilmente será alterado,
e é aqui que o design se difere da
cultura maker.
Após o molde estar pronto, o
processo de design está “finalizado”,
até que uma outra versão vá ser produ-
zida. Mas, dificilmente esse molde vai
ser modificado para melhorar um
produto ou consertar alguma falha
que não seja crônica, o que, na maioria
das vezes, nem sequer é possível, dada
a natureza subtrativa do processo de
usinagem que confecciona o molde.
Figura 5: Máquina CNC usinando molde. (Disponív-
el em: <https://www.jasonmolding.com/plastic-
injection-molding-and-cnc-milling-service-indus-
tries-on-the-rising-in-chinaindia-and-usa/>)
impresso3D.com.br
Para a criação desses moldes,
são necessárias máquinas extrema-
mente caras de usinagem e um corpo
técnico especializado, o que, durante
muito tempo, impossibilitou a criação
de produtos com uma menor tiragem,
algo que as tecnologias de fabricação
digital como laser e impressão 3D
sanaram.
A cultura maker abraçou então
essas tecnologias e, através delas, está
criando projetos e produtos fantásti-
cos, que antes nunca sairiam do papel
por não terem escala ou credibilidade
em uma fase conceitual para obterem
investimentos.
Milhões de makers ao redor do
mundo utilizam essas tecnologias para
desenvolverem projetos como o Xkelet,
que cria uma órtese impressa em 3D a
partir do escaneamento 3D que o do
paciente de forma remota, podendo
ser produzida no local ou enviada.
Figura 6 e 7: Projeto Xkelet. (Disponível em:
<https://xkelet.com/>)
11
 DESIGN
Esse projeto evidencia como a
informação é o aspecto mais impor-
tante dentro do design, pois todo
produto é criado com a manipulação
de dados e produzido utilizando essas
tecnologias de fabricação digital aditi-
vas.
E o mais interessante é que esses
produtos podem ser atualizados, corri-
gidos e melhorados pela sua natureza
informacional, que independe de um
molde para ser produzido.
É possível fazer um paralelo
onde objetos produzidos a partir de
tecnologias de manufatura aditiva são
semelhantes a softwares, que podem
ser corrigidos, atualizados e melhora-
dos através de pesquisa prática e o
feedback dos próprios usuários.
Esses “softwares físicos”, que
chamarei de “Productware” daqui pra
frente trazem diversas vantagens em
relação aos objetos tradicionais. Por se
tratarem de informação, podem ser
compartilhados ao redor do mundo, o
Figura 8: Zona 1: Representação gráfica do custo
unitário versus o volume de produção; Zona 2:
Representação do custo unitário versus a complex-
idade geométrica do objeto. Ambas comparando
o potencial de ganho da manufatura aditiva em
relação às manufaturas tradicionais. (Disponível
em: Design for Additive Manufacturing - Additive
Manufacturing Materials and Technologies - Leary,
Martin, 2019)
12
que elimina um dos principais proble-
mas globais que é a cadeia logística
intercontinental, que, por sua vez, gera
uma grande pegada de carbono.
Além disso, aproxima os usuá-
rios e designers cada vez mais de um
produto mais adequado às necessida-
des reais dos indivíduos, podendo ser
customizados e melhorados para
tornar a vida do usuário melhor e com
diminuição de custos.
Uma outra característica inte-
ressante é o surgimento de diversas
empresas que utilizam essas tecnolo-
gias como alicerce para seus produtos,
as chamadas “Startups”. Essas empre-
sas validam seus modelos de negócio
com grande inteligência em sua cadeia
produtiva, se apropriando da fabrica-
ção digital para modificarem seus
produtos até que estejam validados e
testados para meios de fabricação
mais permanentes, ou se mantém na
fabricação digital que pode ser mais
vantajosa, caso a tiragem desses obje-
tos não passe a escala de dezenas de
milhares de unidades. Como mostra o
gráfico abaixo:
Figura 9: Gráfico comparativo do custo por unidade
e o volume de fabricação entre a manufatura aditi-
va e a tradicional. (Disponível em: <https://www2.
deloitte.com/us/en/insights/industry/manufactur-
ing/future-of-manufacturing-industry.html>)
impresso3D • 08/23
 ProductWare: Como a informação digital e o design estão criando um novo tipo de objeto
Figura 10: Comparação de custo-volume e cus-
to-complexidade. (Fonte: Leary, Martin, 2019)
Outra vantagem é a liberdade
de geometria que esses processos
propiciam. Nos meios tradicionais,
muitas vezes, objetos têm que ser
reduzidos a diversas partes para que
seja possível efetuar a montagem e
operação daquele objeto. Através do
Data Driven Design e da manufatura
aditiva, é possível criar basicamente
qualquer tipo de geometria otimizada
para a função que ela irá desempe-
nhar, o que traz um ganho enorme de
velocidade no desenvolvimento,
Figura 11: Impressão 3D de foguete utilizando
tecnologia EBM (Disponível em: <https://www.
relativityspace.com/>)
impresso3D.com.br
Figura 12: Foguete Terran R no seu lançamento.
(Disponível em: <https://www.relativityspace.
com/>)O mais interessante é que, no tempo e custo
que produziram um foguete para testá-lo, agora,
podem fazer dezenas com uma fração do custo e
tempo anteriores.
produção e também no custo por
unidade. Um ótimo exemplo disso é a
relativity space, que está criando
foguetes totalmente impressos em 3D.
Sendo assim, a utilização dessas
tecnologias tem trazido diversas
vantagens para empresas, designers e,
principalmente, o usuário final, que
pode aproveitar todos esses produtos
que teriam um valor muito mais alto
caso fossem desenvolvidos com os
meios de fabricação tradicionais.
6. DATA DRIVEN DESIGN
Essa área do design, que tem
ganhado muito foco nos últimos
tempos, tem se mostrado uma das mais
promissoras por fazer uso de dados na
hora de desenvolver produtos e servi-
ços.
13
 DESIGN
O Data Driven Design geral-
mente vem acompanhado de algorit-
mos desenvolvidos para coletar dados
do usuário, meteorológicos, comporta-
mentais, mecânicos, ergonômicos,
entre outros, e processam esses dados
a fim de criar objetos que podem levar
em consideração dados que antes
seriam praticamente impossíveis de
imputar em um projeto.
Um exemplo excelente é essa
cadeira, que, através do design gene-
rativo, cria diversos cenários com base
em condições pré estabelecidas pelo
designer, para gerar inúmeras geome-
trias que tem como objetivo atender a
essas condições.
Para isso, esse algoritmo utiliza
análises mecânicas de elementos fini-
Figura 13: Cadeiras desenvolvidas com design generativo. (Disponível em: <https://autodesk.blogs.com/
between_the_lines/2018/08/generative-design-makes-a-great-design-assistant.html>)
Um outro exemplo excelente é a
utilização do Grasshopper, um
programa de modelagem algorítmica,
14
tos(FEA) e leva em consideração os
meios onde esses objetos vão ser
produzidos, assim como o objetivo
determinado pelo designer, que pode
por exemplo ser: redução de peso ou
aumento de resistência.
Através desses algoritmos,
geometrias incrivelmente complexas
são geradas utilizando o processa-
mento dessas inteligências artificiais
para solucionar essas equações e
gerando formas fantásticas e extrema-
mente otimizadas.
No final, deparamo-nos com
uma geometria complexa e adequada
para aquele cenário, algo que um
designer não conseguiria realizar,
dada a complexidade desses dados.
onde é possível utilizar dados meteo-
rológicos de uma determinada região
para determinar a melhor orientação
impresso3D • 08/23
 ProductWare: Como a informação digital e o design estão criando um novo tipo de objeto

dos painéis de uma fachada para a edifício, através de um algoritmo gene-

maior incidência de luz natural no rativo chamado Galápagos.

Figura 14: Fachada desenvolvida a partir no software de modelagem algorítmica Grasshopper para otimização
de incidência ultravioleta com Plugin Galápagos a partir de dados meteorológicos. (Disponível em: <https://
gonzalesarch.wordpress.com/2015/05/15/ladybug-galapagos-solar-radiation-optimization/>)

7. CONCLUSÃO deste artigo precisou ser testado, mani-

Assim como Flusser previu, a
informação é a parte mais importante
em um design, ela é o que de fato dá
valor a um produto ou serviço. A forma
como essa informação é manipulada e
sofre iterações ao longo do processo
irá influenciar diretamente no resul-
tado final (Frayling, Christopher,
1994).
Como a introdução desse artigo
demonstra, a capacidade de processa-
mento desses dados e organização
deles de forma proposital combinadas
com uma inteligência artificial ou um
designer, podem gerar textos, imagens,
modelos tridimensionais e diversos
outros produtos que tem como alicerce
a informação.
Entretanto, também é possível
ver que o conteúdo mais fundamental
pulado e validado através de uma
experiência profissional, empírica e
científica. Com critérios e objetivos
que ainda são distantes de um “liqui-
dificador” de dados como são as inte-
ligências artificiais.
O conceito de “ProductWare”
traz ao designer um novo olhar sobre
essas informações, onde daqui para
ele frente será um maestro, que irá
guiar o fluxo de dados do sociais, finan-
ceiros e físicos através dessas ferra-
mentas digitais para entender,
categorizar e dar a eles sentido e
coesão contextual.
Seguindo este conceito, o design
que adentra na era da informação,
talvez deixe de lado seu caráter resol-
vedor problemas e se torne um cana-
lizador de perguntas. Sendo assim, o

impresso3D.com.br 15
 DESIGN
design deverá se tornar algo seme-
lhante a um fluxo de informações que
devem ser orquestradas a fim de
responder às questões sociais que irão
surgir.
REFERÊNCIAS
• FLUSSER, VILÉM: Vampyroteuthis
Infernalis, 1987.
• FRAYLING, CHRISTOPHER: Rese-
arch Throught Arts and Design,
1993.
• SMYTH, CLIFFORD; Functional
Design 3D HUBS 2022 REPORT
Disponível em: <https://www.hubs.
com/get/trends/>. Acesso em: 13
julho. 2022.
• LEARY, MARTIN, Design for Addi-
tive Manufacturing (Additive
16
Manufacturing Materials and Tech-
nologies), 2019.
• REDWOOD, BEN, The 3D Printing
Handbook: Technologies, design
and applications, 2017.
• SOBRENOME, Nome. Título da
matéria. Nome do site, ano. Dispo-
nível em: < https://www.mmson-
l i n e . c o m / b l o g /
post/a-benefit-of-additive-manu-
facturing-no-tooling-is-required>.
Acesso em: 15, junho e 2023
• https://www.space.com/relativity-
-space O que é Indústria da manu-
fatura Disponível em: <https://
starsoft.com.br/blog/industria-da-
-manufatura-o-que-e/>. Acesso em:
16 agosto. 2022.
• BROWN, TIM, Design Thinking:
Uma metodologia
impresso3D • 08/23
 Parceria com as melhores
marcas do mundo 3D

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 REVIEW

A Nova
Prusa
Mk4
Um pouco da história e o
que esperar dessa nova
versão

POR VALMIR JUSTO

CEO da Ops3D onde procura inovar, personalizar
e atender o mercado de decoração com criati-
vidade e irreverência, por meio da impressão 3D.
ops3d Valmir Justo

M
uitos de vocês conhecem ou já
escutaram falar sobre as
Prusas, porém gostaria de dar
uma pequena introdução sobre a
empresa e sobre o seu feito desde a sua
criação.
A Prusa 3D ou Prusa Research,
é uma empresa Tcheca fundada por
Josef Prusa, que é amplamente conhe-
cido na comunidade de impressão 3D
por diversas contribuições significati- impressora 3D de código aberto proje-
vas para a tecnologia da impressão 3D, tada por Josef Prusa em 2010, porém,
desde as impressoras até o software de apenas em 2012, com o lançamento da
fatiamento (PrusaSlicer). Posso dizer Prusa i3 que a popularidade da
que, a história da Prusa 3D é marcada empresa começou a crescer.
por diversas inovações, colaboração e
Evolução da Prusa i3: A Prusa
disseminação no que tange a tecnolo-
gia de impressão 3D i3 ganhou um rápido destaque na
comunidade de impressão 3D devido
Trazendo um pouco para fatos seu design acessível e eficiente. Com
da história da Prusa 3D: isto, a empresa Prusa viu uma oportu-
História: A Prusa 3D começou nidade de continuar sendo relevante
com a criação da Prusa Mendel, uma e continuou lançando algumas melho-

18 impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

rias sobre a Prusa i3 durante alguns anos. Em 2016, a

Prusa lança a MK2, trazendo diversas melhorias focadas
em instabilidades e performances como o nivelamento
automático e um novo tipo de extrusora. Mas em 2017,
a Prusa deu um novo e grande salto quando lançou a
MK3, trazendo uma infinidade de melhorias que neste
segmento de impressoras de “hobbie/semi profissional”
não existiam, como o sensor de filamento IR, nivela-
mento automático com sensor indutivo, melhorias no
hotend, nova placa e claro, novas atualizações no
firmware. Em 2018 a Prusa lança outras melhorias sobre
a MK3 chegando à última versão conhecida como MK3S+
onde refinaram ainda mais os recursos e a confiabili-
dade.
Contribuição e Comunidade Open Source: A
filosofia de Open Source (código aberto) e colaboração
sempre foi algo defendido pela Prusa. Josef Prusa
compartilhou seus projetos, designs e conhecimento
com a comunidade de impressão 3D, permitindo que
outras pessoas construíssem e melhorassem suas
impressoras. Posso dizer que essa abordagem e estilo
Open Source ajudou e ajuda a Prusa no seu crescimento,
pois, além de compartilhar o seu conhecimento, a Prusa
escuta muito a comunidade e isso faz com que seus
produtos continuem se aprimorando. A Prusa desempe-
nhou um papel fundamental e importante na populari-
zação da impressão 3D doméstica. A abordagem de
design acessível e as melhorias tecnológicas introduzi-
das pela empresa influenciaram a indústria como um
todo.
E assim, chegamos a 2023, mais especificamente,
em março de 2023 onde a Prusa anunciou a sua nova
versão da linha Prusa I3, a MK4 com inúmeras mudan-
ças e melhorias, porém, ainda mantendo as caracterís-
ticas e design da MK3. Desde o anúncio oficial, foi se
falando muito sobre a MK4, sobre o que se espera desta
nova versão até algumas relações e comparativos com
as Bambus, da empresa Bambulab, porém não será a
abordagem deste artigo.
O objetivo deste artigo é dar uma visão geral sobre
a nova versão da MK4, passando por todas as caracte-
rísticas e atualizações até a montagem da MK4 onde irei
comparar com a anterior, trazendo os pontos positivos
e negativos. Então vem comigo, pois preparei um conte-
údo bastante rico para todos vocês.

impresso3D.com.br 19
 REVIEW

A Original Prusa MK4

Imagem 1: Original Prusa MK4. Fonte: Prusa3D

Características e
Aprimoramentos
Estrutura: A Prusa MK4, como
comentado anteriormente, manteve o
mesmo design da MK3, o qual traz sua
estrutura física bastante similar à
versão anterior. Segundo a Prusa, 90%
das peças desta nova versão foram
substituídas ou remodeladas. De cara,
podemos destacar os seguintes pontos
relacionados: Imagem 2: Novo Frame da MK4 com vista tra-
• Um frame mais rígido com uma seira. Fonte: Prusa3D
maior espessura e com um novo
desenho na parte traseira, pontos de contato com os moto-
trazendo um design mais res;
moderno (imagem 2);
• Nova estrutura de suporte a
• Barras laterais do eixo Z usando mesa, mais rígida e mais leve,
novas dimensões de 10mm de juntamente com novos espaça-
diâmetro; dores;
• Inclusão de borrachas anti • Peças impressas maiores, mais
vibração, conhecidas como resistentes e mais fáceis de insta-
Rubber Pads nos principais lar, com destaque as partes no

20 impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

eixo Z, o qual iremos comentar são do contato, o sensor obtém o valor

mais na seção de montagem; correto de nivelamento, garantindo
• Conectividade melhorada e um que a primeira camada fique sempre
novo LCD de interface. correta e uniforme. (Adicionalmente a
isso, é possível, ainda, inferir sobre essa
Área de Impressão: Com rela- distância trazendo um “fine tune” para
ção à área de impressão, a MK4 teve a impressão. Vamos comentar mais
uma leve mudança na altura, passando sobre na seção de configurações).
de 210 para 220mm fechando sua área
total em 250 x 210 x 220mm. Como
adendo, o ganho de 10mm na altura se
deu pela nova geometria das peças do
eixo Z assim como a nova carenagem
da nova extrusora, Nextruder. Vou
abordar diversos itens da Nextruder
na seção de Montagem.
Sensores: Com relação aos
sensores, a MK4 traz diversos novos
itens muito focados em segurança e
eficiência e, consequentemente,
melhorias em toda a sua “jornada de
impressão”. Nesta jornada, podemos
destacar o novo sensor de filamento
(imagem 3) e o novo sensor de nivela-
mento chamado “Load Cell” (imagem
4) que faz medições inteligentes antes
de cada impressão, ou seja, o processo
de nivelamento, deixa de existir,
passando para um processo muito
mais preciso, inteligente e ativo. Esse
processo consiste em tocar o bico em
diversas partes da mesa e, dada a pres-

Imagem 4: Sensor de nivelamento e acurácia do

Load Cell. Fonte: Prusa3D

Nova Extrusora - Nextruder: Um dos

Imagem 3: Por dentro do Sensor de Filamento. grandes updates e upgrades da MK4 é
Fonte: Prusa3D a nova Extrusora. Durante um bom

impresso3D.com.br 21
 REVIEW
tempo a Prusa vem trabalhando neste
novo conceito de extrusora para a
Prusa XL (que é um outro modelo de
impressora da Prusa) focado em
performance, estabilidade e pratici-
dade. Para a MK4, a Prusa optou em
trazer uma versão mais leve do que a
desenvolvida para a Prusa XL, porém
com os mesmos recursos, engrenagens
planetárias com relação de 10:1
(Imagem 5), troca fácil e simplificada
do hotend e um sensor de nivelamento
embutido que usa a precisão e pressão
do motor para determinar a distância
entre o bico e a base de impressão.
Além disso, devemos destacar que o
hotend passa a ser 100% “all metal”, ou
seja, totalmente metálico proporcio-
nando a impressão de materiais que
necessitam de temperaturas mais
Imagem 6: Nextruder - MK4. Fonte: Prusa3D
Eletrônica: No caso da PSU, ou
seja, a fonte de alimentação, a Prusa se
manteve igual a MK3 utilizando a
fonte de 240w da empresa Delta elec-
tronics. Já sobre a placa, a MK4 muda
completamente, saindo da antiga
easyRambo de 8 bits para o modelo
xBuddy de 32 bits. Essa placa foi total-
mente redesenhada, mas no que isso
resulta? De forma simples, impressões
mais silenciosas, com qualidade e com
22
altas. Esse novo hotend consegue
chegar a temperaturas de extrusão de
até 300ºC e, sendo todo integrado,
possui uma substituição simples e
fácil. Na imagem 6 podemos observar
como é o design da Nextruder, assim
como os parafusos que dão acesso a
troca do hotend.
Imagem 5: Nova engrenagem da Nextruder -
MK4. Fonte: Prusa3D
alta velocidade sem dificuldades. Além
da placa xBuddy, a prusa adiciona o
componente de conectividade
chamado LoveBoard. A LoveBoard é
uma extensão da placa xBuddy que
fica integrada à carenagem da Nextru-
der para facilitar as conexões tanto na
montagem quanto em momentos de
manutenção. Na imagem 7, podemos
observar as duas placas juntas, a
XBuddy e a LoveBoard.
impresso3D • 08/23

Imagem 7: xBuddy e LoveBoard Fonte: Prusa3D
De forma geral, todos os conec-
tores foram remodelados garantindo
uma maior confiabilidade e segurança
tanto no processo de montagem assim
como no uso da placa. Além disso,
agora a MK4 permite as conectivida-
des através de Wan e WIFI criptogra-
fado e um novo sistema Web, parecido
com o OctoPrint, chamado de Prusa
Connect.
Imagem 8: Prusa Connect - MK4. Fonte: Prusa Research
impresso3D.com.br
A Nova Prusa Mk4
O Prusa Connect é uma inter-
face Web a qual permite que você
controle sua impressora pela internet.
Nele, você pode monitorar toda a
jornada da impressora, temperatura,
fila de impressão, organização dos
arquivos GCodes, entre outras funcio-
nalidades. Sendo um sistema Cloud, os
seus arquivos ficam armazenados em
uma cloud privada da Prusa e através
de um clique, você baixa os arquivos
para dentro da sua impressora, utili-
zando uma rede criptografada, ou seja,
bastante segura. Na imagem 8, temos
um exemplo de como é a interface do
PrusaConnect.
Porém, caso você não queria
fazer a conectividade usando o Prusa
Connect, a MK4 incorporou em seu
firmware o Prusa Link, que é uma
versão mais “light” do Prusa Connect
porém integrada diretamente com a
sua impressora e acessada dentro de
sua rede interna de internet. Basta
23
 REVIEW

Imagem 9: Prusa Link. Interface WEB para monitorar a sua impressora MK4

você incluir as informações de sua

rede WIFI (Usuário e senha) para que
a MK4 libere essa interface Web. A
partir deste ponto o PrusaLink está
disponível para o seu uso. Na imagem
9, temos um exemplo de como é o
PrusaLink é bem similar ao Prusa
Connect.
Ainda neste contexto eletrônico,
o LCD foi outro componente o qual
teve uma grande atualização. Nas
versões anteriores, o LCD era focado Imagem 10: Novo LCD MK4 - Fonte: Prusa3D
em menu segmentado e textual, já na
MK4, o LCD se volta para o lado mais motores de passos dos eixos X e Y,
gráfico, colorido e com padrão mais saindo dos Nema 1.8 para os Nema de
“Iconetizado” facilitando o acesso às precisão 0.9°, o qual tem o foco em
funcionalidades através de ícones que qualidade e eliminar o efeito VFA
representam um conjunto de funcio- (Vertical Fine Artifacts). Por fim, o
nalidades. Confira na imagem 10 como Cooling Fan também foi alterado,
ficou esse novo LCD. trazendo um design mais fino, silen-
No que tange os motores, a MK4 cioso e eficiente (Imagem 11). De cara,
teve uma atualização importante nos ele parece com as ventoinhas 4010 que

24 impresso3D • 08/23

Imagem 11: Novo Cooling fan da MK4
Enders, da Creality, porém, essa versão
é mais robusta usando o modelo 5010
da Delta electronics.
Firmware: Para suportar a
nova placa xBuddy, a MK4 usou como
base o firmware da Prusa XL e Mini,
trazendo um conceito de ter um
firmware único. A base do firmware
das Prusas continua sendo o Marlin,
porém, já usando a versão 2.
Além disso, a Prusa vem traba-
lhando em um novo firmware o qual
será incorporado dois novos conceitos/
funcionalidades já existentes no
Klipper chamados Input Shaper e
Pressure Advance. Estes recursos são
focados em qualidade e velocidade. O
Input Shaper é uma técnica que é
usada para reduzir o conhecido efeito
fantasma ou ondulação nas impres-
sões. Esse efeito é causado por vibra-
ções mecânicas na impressora devido
a mudanças rápidas nas direções da
impressão. Neste contexto, a ideia por
trás do Input Shaper é que ele controle
e anule essas vibrações. Já o Pressure
Advance ou também conhecido como
Linear Advance, é um recurso que
ajuda a melhorar a precisão e a quali-
impresso3D.com.br
A Nova Prusa Mk4
dade das peças impressas em 3D ajus-
tando o fluxo do filamento. Ele faz isso
medindo a pressão na extrusora e ajus-
tando a taxa de fluxo do filamento de
acordo. Somando os dois itens dentro
deste novo firmware, a MK4 eleva sua
forma de impressão mantendo a quali-
dade mesmo com velocidades mais
altas. Até o momento deste artigo, a
Prusa MK4 tem liberado a versão 4.7.2
o qual não contempla as funcionalida-
des do Input Shaper e Presure Advan-
ced, porém, já existe uma versão
Release Candidate, 5.0.0.RC a qual já
inclui estas duas funcionalidades.
Essas duas novas tecnologias juntas
prometem reduzir o tempo total de
uma impressão em até 75%, mantendo
a boa qualidade de impressão.
Depois dessa introdução
contendo um pouco da história da
Prusa, assim como apresentar todas as
funcionalidades que a nova versão da
Prusa MK4 apresenta, vamos comen-
tar sobre como foi montar a MK4. A
Prusa normalmente disponibiliza duas
versões para obter a impressora: uma
delas 100% montada pela Prusa,
conhecida como “Assembled” e outra
é o Kit, o qual todas as partes vêm
desmontadas e apenas a eletrônica
vem testada. Claro, há uma grande
diferença entre os valores de cada
versão, $1099 e $799, respectivamente,
porém, a grande sacada da Prusa é
atender os dois mundos, dos profissio-
nais/makers que curtem toda a expe-
riência da montagem de uma
impressora e dos profissionais/makers
que curtem a tecnologia mas querem
usar sem a preocupação da montagem
e isso, a Prusa consegue fazer com
maestria. Em nosso caso, optamos por
comprar o modelo Kit, já que aprecia-
mos a tecnologia e a montagem da
impressora.
25
 REVIEW
A Montagem: Detalhes e
opiniões
A Prusa MK4 veio super bem
embalada, onde cada parte veio devi-
damente separada de marcada.
Quando abrimos a caixa, as duas
primeiras partes observadas são uma
folha agradecendo a compra e falando
sobre a MK4.(imagem 12) No verso
desta folha, consta todos os tipos e
tamanhos de parafusos e porcas para
você utilizar como referência, o que é
excelente, principalmente quando
você precisa repor algum destes para-
fusos. Juntamente com esta folha,
temos um pacote do Haribo que são
umas balas em forma de gominhas
deliciosas que você pode comer
durante a montagem da Prusa. No
manual, a cada etapa finalizada, você
pode comer “X” gominhas como uma
forma de “conquista ou parabeniza-
Imagem 12: Manual de montagem da MK4
26
ção” por ter finalizado aquela parte.
Na Imagem 13 podemos observar
como o Manual se refere às gominhas.
Por falar em Manual, posso
dizer que é um material muito rico e
muito bem elaborado. Nesta versão, a
Prusa disponibilizou o mesmo somente
pela internet através do site de Help.
Na seção de links deste artigo, você
pode localizar o endereço completo
para acessar. Como comentado ante-
riormente, a Prusa escuta muito a
comunidade e o conteúdo do material
não poderia ser diferente. Em cada
seção do manual é possível adicionar
comentários e sugestões ou correções
deixando ainda mais rico o material
(imagem 14).
Imagem 13: Parte dos Haribos que você pode
comer - Fonte: Prusa3D
Por falar em Manual, posso
dizer que é um material muito rico e
muito bem elaborado. Nesta versão, a
Prusa disponibilizou o mesmo
somente pela internet através do site
de Help. Na seção de links deste artigo,
você pode localizar o endereço
completo para acessar. Como comen-
tado anteriormente, a Prusa escuta
muito a comunidade e o conteúdo do
material não poderia ser diferente. Em
cada seção do manual é possível
adicionar comentários e sugestões ou
correções deixando ainda mais rico o
material (imagem 14).
impresso3D • 08/23

Imagem 14: Manual Online com a referência de
novos comentários - Fonte: Prusa3D
Apesar de muitas vezes não
ligarmos para manuais, este manual é
extremamente importante para auxi-
liar na montagem da MK4 pois ele
organiza de forma didática cada etapa
Imagem 15: Manual de montagem da MK4 - Fonte: Prusa3D
e vou separar em duas partes: Tempo
e complexidade.
No que tange tempo, de fato, a
montagem não é algo rápido, segundo
o manual, a montagem total fica entre
impresso3D.com.br
A Nova Prusa Mk4
e cada passo que você deve fazer,
lembrando que estamos falando de um
Kit onde todas as partes da impressora
vêm separadas. O Manual contém 8
seções onde as seções de 1 a 7 se refe-
rem a montagem de cada parte da
impressora e a última etapa, a oitava,
se destina a ajustes ou checagens finais
conhecidas como “preflight” ou
pré-voo faze5do uma analogia à checa-
gem que um piloto de avião faz antes
da decolagem. Na imagem 14 podemos
observar a página inicial do manual e
as suas seções.
Bem, você deve estar se pergun-
tando, Ta, tem o manual, tem as peças
separadas, mas quanto tempo leva e
qual a complexidade para montar isso
tudo? Essa é uma excelente pergunta,
6 a 8 horas! Sim e repito, de 6 a 8 horas.
No meu caso, mesmo eu tendo experi-
ência com a montagem das Prusas
desde a versão MK3, levei sete (7)
horas para montar toda a MK4, porém,
27
 REVIEW
não pela complexidade em si, já inter-
ligando com a segunda parte da
pergunta, mas pelo fato de ser caute-
loso e rever o mesmo passo mais de
uma vez para garantir que a monta-
gem estava correta.
Com relação a complexidade,
nenhuma etapa da montagem é
complexa. Algumas partes são um
pouco mais demoradas como o caso do
frame, outras mais simples como a
montagem do eixo X e Y e outras mais
cautelosas e sensíveis como a monta-
gem da extrusora, porém, como
comentei, nada que lendo e seguindo
o manual você, com pouca experiência
não consiga. Posso dizer que a monta-
gem da Prusa é algo fácil, mas não
simples dado todas as etapas que você
precisa fazer.
Dando um enfoque sobre o
manual, eu sempre gosto de ler a seção
introdutória, pois é nela que algumas
informações acabam sendo explicadas
como, quais ferramentas serão utiliza-
das, onde é possível identificar o tama-
nho do parafuso, qual versão das peças
estão sendo utilizadas assim como
algumas técnicas de montagem como
exemplo, a técnica da “porca puxada”.
(Imagem 16) Essa técnica consiste em
adicionar uma porca encostada sobre
o encaixe e utilizar o próprio parafuso,
Imagem 16: Técnica da Porca Puxada - Fonte:
Prusa3D
28
do outro lado da peça, para trazê-lo e
incorporá-lo à peça. Isso garante que a
porca fique corretamente adicionada
à peça sem folgas. Um item simples,
mas muito útil durante a montagem.
Etapa Frame
Seguindo o manual, a primeira
etapa da montagem é o frame. Essa
etapa foi bem simples mas, como
comentei, um pouco demorada, dado
as diversas peças e, por fim, o alinha-
mento que precisa ficar perfeito.
Confesso que gastei mais tempo do que
deveria nessa etapa, cerca de 2 horas
e meia, pois estava alinhando o frame
em uma mesa que não estava 100%
alinhada e demorei um tempo para
perceber. O alinhamento que comento,
está relacionado a não ter qualquer
folga entre a borracha antivibração
com a superfície o qual a Prusa se
encontra.. Se tiver qualquer folga,
além da impressora ficar bamba, a
probabilidade de termos erros sobre a
peça impressa aumenta muito e sabe
o que é pior? Descobrir essa falha,
depois de tudo montado, vai ser uma
atividade muito difícil de descobrir.
No conjunto de imagens 16,
podemos observar a etapa inicial da
montagem do frame assim como o
resultado final já incluindo o PSU, o
motor do Eixo Y, o suporte para a placa
e algumas partes impressas que serão
utilizadas em etapas posteriores.
Um comparativo interessante e
que cabe neste momento está relacio-
nado às peças da MK4 contra às da
MK3. As peças metálicas da MK4 pare-
cem ser mais bem acabadas (comento
outras partes ao longo do artigo) em
especial ao novo frame, com maior
espessura e design bastante moderno.
Essa nova espessura deixa o frame
impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

bem mais rígido, o que vai auxiliar utilizarmos velocidades mais altas.
muito na estabilidade da MK4 quando

Imagens 17 - Processo inicial e final de montagem do Frame da MK4

impresso3D.com.br 29
 REVIEW

Etapa Eixo X em montar a estrutura do Eixo X

(Imagem 18), onde a dinâmica é
Dando continuidade ao processo de
bastante simples.
montagem, a segunda etapa consiste

Imagem 18 - Estrutura do Eixo X Montada - fonte: Prusa3D

Nas peças laterais, onde o Eixo

Z será sustentado, podemos observar
diversas mudanças, tanto na carena-
gem de plástico que são mais grossas
porém de fácil montagem, até a inclu-
são do novo rolamento único de 10mm.
Em comparativo à MK3, a remodela-
gem das peças impressas trouxe uma
estrutura mais simples de trabalhar e,
consequentemente, para dar manu-
tenção. Um outro item interessante
adicionado a esta versão MK4 são os
Rubber Pads. Os Rubber Pads são
borrachas de vedação e estabilização
que, adicionadas em partes específi-
cas, ajudam a controlar a vibração dos
motores. No caso, no Eixo X, os Rubber
pads são adicionados junto aos rola-
mentos, visando uma melhor fixação
e controle de vibração. Na imagem 19
podemos observar os Rubber Pads e
onde são adicionados. Adicionalmente,
a MK4 facilitou a lubrificação dos rola-
mentos com um adaptador que
encaixa perfeitamente nos rolamentos
ajudando a distribuir a graxa de forma
mais uniforme. Na imagem 20, conse-
guimos ver o adaptador.
Com relação a montagem da Imagem 19 - Rubber Pads e a fixação no eixo X -
carenagem da estrutura base da extru- Fonte: Prusa3D

30 impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

fusos, usando a técnica em “X”, onde

consiste em apertar os parafusos em
posições opostas garantindo uma
melhor fixação da peça. Na hora dos
ajustes finais, isso faz muita diferença.

Imagem 21 - Eixo X com a apresentação dos

rolamentos - Fonte: Prusa3D

Imagem 20 - Rubber Pads e a fixação no eixo X -

Fonte: Prusa3D

sora, a Prusa fez uma mudança quanto

a disposição dos rolamentos. Na versão
anterior, os rolamentos usavam a
arquitetura de “triângulo invertido”,
ou seja, dois rolamentos na barra supe-
rior, fazendo a base da triângulo e um
rolamento na barra inferior, fechando
o ponto do triângulo. Já na versão MK4,
a prusa usou a arquitetura com o
“triângulo base”, ou seja, inverteu a
disposição dos rolamentos, colocando
dois rolamentos na barra inferior e um
na barra superior. Na imagem 21 pode-
mos observar essa mudança. Confesso
que, quando estava montando, achei
que estava fazendo errado, mas Imagem 22 - Fixação da carenagem da Extrusora
- Fonte: Prusa3D
quando observei a carenagem, vi que
a fixação ficava na parte inferior e não
mais na parte traseira, o que ficou Na imagem 23, apresento algo
excelente para a montagem e fixação. um pouco estranho, mas que faz
Na imagem 22 você pode observar essa sentido quando olhamos para ajustes
fixação juntamente com a indicação de finos. São incluídos dois parafusos
como deve ser feita a fixação dos para- M3x12mm que delimitam o ponto de

impresso3D.com.br 31
 REVIEW

contato da barra com as partes impres- eixo você quer analisar, sendo ele o
sas, mas, sinceramente, a Prusa pode- eixo X ou Y e dar o “Tom” batendo na
ria ter pensado em algo mais correia. Se a mesma ficar na escala de
inteligente. Comparado com o Mods cores verde, ou seja, na escala de 82 a
Bear, o qual é um upgrade Open- 92Hz, a tensão está correta. Essa
Source existente para a MK3, os para- técnica já era conhecida para os
fusos são incluídos nas laterais e com makers que usavam o mods Bear para
eles você consegue ajustar a distância as MK3, onde utilizamos um aplicativo
da barra com muito mais precisão via celular para entender a tensão da
(vide imagem 24). correia, porém, foi uma excelente
Um item que, desde a versão inclusão desta aplicação por parte da
MK3 me incomoda bastante e que, foi Prusa.
bem resolvido em partes na MK4, é a
regulagem do tensionamento da
correia do Eixo X. Na MK3, você preci-
sava puxar a correia e travá-la na parte
traseira da carenagem da extrusora, o
que, além de pouco prático, não dá a
certeza se a tensão está correta ou não.
Antes da MK4, a Prusa lançou uma
atualização da MK3 conhecida como
MK3S+ onde havia algumas atualiza-
ções interessantes e uma destas atua-
lizações era uma nova peça impressa
para o eixo X, mais especificamente na
parte onde o motor é fixado. Essa nova
peça continha uma remodelagem que
permitia adicionar um novo parafuso
na parte interna desta peça que auxilia
na regulagem do tensionamento. De
certa forma, isso melhorou, mas não é
prático! Incluir uma chave e conseguir
girar o parafuso era uma tarefa um
tanto chata de se fazer.
Imagem 23 - Parafuso de fixação e alinhamento
Na MK4 eles melhoraram a para as Barras do Eixo X
disposição deste parafuso, mas mesmo
assim, não ficou prático. Porém, com
relação a entender se a tensão da Etapa Eixo Z
correia está correta, a Prusa criou uma Finalizado a etapa do Eixo X,
aplicação WEB que, dado o som que a parti para o Eixo Z. Comparando com
correia emite, é possível entender se a
todas as etapas de montagem, essa
tensão está boa ou não. A aplicação
chama-se Prusa Belt Tuner (imagem etapa foi a segunda a qual eu gastei
25) e é extremamente simples de usar. mais tempo, dado a instalação e alinha-
Basta acessar o endereço https:///belt. mento dos motores, assim como a
connect.prusa3d.com utilizando seu instalação das duas placas: xBuddy e a
celular, escolher a impressora e qual LoveBoard. Nesta etapa, a conectivi-

32 impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

não do uso dos Rubber Pads ficaram

incríveis. A Prusa fez um bom trabalho
pensando nisso.
Apesar de ter gostado bastante
da incorporação da LoveBoard
trazendo as conexões próximas da
extrusora, a quantidade de fios que
fazem a ligação de uma placa com a
outra (LoveBoard para xBuddy) ainda
é grande. Talvez a Prusa possa repen-
sar em passar um único fio mais grosso
capaz de suportar todas as conexões
faria mais sentido e seria mais fácil de
passar e conectar os cabos.
De forma geral não há compli-
cações nesta parte, apenas várias
pequenas etapas para completar toda

Imagem 24 - Parafusos de ajustes na Lateral con-

tido nas peças do Mods Bear Prusa MK3

dade dos fios entre as placas é feita,

porém, o item que mais consome
tempo é no alinhamento das barras
roscadas. Na MK4, a Prusa incorporou
os Rubber Pads para ajudar nas fixa-
ções e estabilizações, porém, sendo
uma borracha mais rígida, você conse-
gue fazer micro ajustes e balancear
melhor o nivelamento. Neste caso, a
Prusa criou uns Rubber Pads (Imagem
26) que devem ser adicionados sobre
os motores e, ao efetuar a fixação nos
suportes, você consegue alinhar com
precisão as barras roscadas, bastando
girar mais o parafuso de um lado do
que do outro (Imagem 27). Esse alinha-
mento é extremamente importante
para que os movimentos do eixo Z
fiquem suaves e sem aquele barulho
forte aparentando que os motores
estão fazendo mais força do que deve-
riam.
Como ponto super positivo,
esses micros ajustes, independentes ou Imagem 25 - Prusa Belt Tuner - fonte: Prusa3D

impresso3D.com.br 33
 REVIEW
Imagem 26 - Rubber Pads e a instalação sobre os motores Z
Imagem 27 - Fixação e ajustes do Motor no eixo
Z - fonte: Prusa3D
a instalação do Eixo Z. Na imagem 28,
podemos observar um pouco algumas
etapas da montagem.
Etapa Extrusora
Enfim, chegamos a etapa da
montagem da Nextruder que, na
minha visão, é a parte mais sensível,
dado às pequenas engrenagens que
precisam se encaixar perfeitamente,
34
além da montagem de toda a carena-
gem, os sensores de filamento e do
loadCell e a passagem de todos os fios
e conexões com a LoveBoard.
Começando pela análise sobre a
nova extrusora, comparada com a
antiga Extrusora da Prusa, é possível
ver que ela possui uma espessura
menor e, consequentemente, mais
leve, permitindo movimentos mais
rápidos e mais precisos. (imagem 29)
O novo conjunto de engrena-
gens planetárias é algo lindo e muito
bem feito, encaixando perfeitamente
em uma estrutura metálica cheia de
dentes garantindo que o ratio 10:1
funcione muito bem. A parte sensível
e um pouco complicada é fazer estas
engrenagens se encaixarem perfeita-
mente nesta estrutura metálica. Para
isso, é necessário utilizar uma outra
peça de suporte que ajuda a alinhar as
engrenagens. Também confesso que
fiquei com bastante receio de conse-
guir encaixar as peças pois não tem
uma forma simples como o manual
demonstra, pois ao encaixar uma
impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

Imagem 28 - Estampas de montagem: LoveBoard, Fios e junção dos Eixos X e Z - fonte: Prusa3D

Imagem 29 - Comparativo entre as Extrusoras da Prusa - fonte: CNC Kitchen

impresso3D.com.br 35
 REVIEW

Imagem 30 - Etapas do processo de montagem da extrusora

engrenagem passava a outra do ponto

e não era simples de retornar já que é
mega preciso os dentes. Apesar de
gostar bastante deste processo de
montagem, vejo que a Prusa já poderia
mandar montada essa parte da extru-
sora. Pouparia bastante tempo de
montagem e garantiria que a monta-
gem fosse feita corretamente. No
conjunto de imagens 30 você pode
conferir um pouco de como é o Imagem 31: Extruder Heatsink (seta Azul) e Sen-
processo de montagem da extrusora. sor de Filamento (Hall Sensor) seta Rosa - MK4.
Fonte: Prusa3D
A montagem do sensor de fila-
mento é bastante tranquila, apesar das
peças super pequenas e aqui, trago um novo sensor. (Imagem 31) Comparado
ponto também positivo sobre esse ao anterior da Prusa, esse, além de

36 impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

da nova Extruder ser menor o grau de

complexidade, para a montagem é
bem maior. São diversas etapas para
conseguir fechar toda a extrusora.
Essa foi uma das etapas que eu li e reli
constantemente o manual para ter a
certeza que estava fazendo a monta-
gem de forma correta.
Completando a montagem da
Nextruder, trago 3 pontos importan-
tes: as mudanças da posição dos fans,
assim como modelos mais leves e
eficientes e, o novo hotend 100% inte-
grado, desde a garganta até o bico, ou
seja, all metal sem o uso de tubo Ptfe.
Isso permite usar materiais que neces-
sitam temperaturas mais altas, como é
o caso do Tritan, PC, PETx, entre outros.
Além disto, a troca do hotend ficou
extremamente fácil, basta girar duas
porcas borboletas, soltar dois fios e
retirar o hotend. Simples assim! Caso
queira trocar todo o bico, basta retirá-
-lo do bloco, adicionar um novo e
voltar a encaixá-lo na extrusora.
(imagem 33)

Imagem 32 - Etapas do processo de montagem

da Nextruder, sensor de filamento, carenagem e
fixação sobre o Eixo X - fonte: Prusa3D

mais eficaz, a probabilidade de dar

algum erro é quase zero, já que a
leitura sobre a pressão da mola sobre
uma bola de metal.
Comparando ainda com a Imagem 33 - Novo Hotend da MK4 - Fonte:
versão anterior da extrusora, apesar Prusa3D

impresso3D.com.br 37
 REVIEW

Etapa LCD mudanças na mesa e nem no tamanho

Bem, até aqui, já tinha, um
pouco mais da Metade da MK4
montada. Ao todo, foram 5 horas e 30
minutos para finalizar as etapas ante-
riores e dando continuidade, na
montagem, parti para a instalação do
LCD que, no caso, não tem nenhum
segredo. A nova estética usando Ícones
ficou simples e funcional, porém, um
ponto negativo é que o LCD possibilita
touch screen, mas a versão do
firmware não suporta esse tipo de
navegação. Particularmente, como já
estava acostumado com o antigo LCD
textual e indutivo através do botão,
não senti a necessidade do touch
screen, mas de fato, facilitaria bastante
o acesso às funcionalidades. (imagem
34)
dela, mas nos itens que suportam a
mesa sim, temos diversas atualizações.
Começando com o redesenho da estru-
tura que suporta a mesa. Essa estru-
tura é levemente mais espessa e, ao
mesmo tempo, mais leve, o que propor-
ciona ter movimentos mais rápidos,
porém, se utilizássemos os antigos
espaçadores, iríamos cair em um
problema atual que é um leve ruído de
trepidação quando a velocidade está
mais alta.
Para isso, a Prusa fez uma
simples atualização, trocou os espaça-
dores únicos por um outro tipo de
espaçador que contempla dois novos
parafusos e um encaixe mais preciso,
resolvendo 100% o problema de vibra-
ção e ruído. Na imagem 35 podemos
observar esse novo espaçador.

Imagem 34 - Instalação e novo LCD MK4 - Fonte:

Prusa3D

Etapa Eixo Y
Por fim, chegamos à última
etapa antes da etapa de checagem que
é a montagem da mesa e dos últimos
componentes do Eixo Y. Comparando
com a versão anterior MK3s+, não há Imagem 35 - Novo espaçador da mesa - MK4

38 impresso3D • 08/23
 A Nova Prusa Mk4

Etapa Placa e Conexões

finais
E para finalizar, bastava conec-
tar todos os cabos na nova placa
xBuddy e iniciar o processo de checa-
gem. Além de toda a atualização da
arquitetura da placa, usando novos
componentes e arquitetura de 32 bits,
o design para organizar os fios e os
componentes na estrutura externa na
placa deixou a montagem muito mais
limpa e de fácil acesso a qualquer
manutenção. Na imagem 36 podemos
observar essa nova placa xBuddy e o
resultado final com todos os fios e
componentes.
Após 7 horas de montagem,
consegui finalizar toda a montagem da
MK4. Segui os últimos passos de checa-
gem, como verificação da última
versão do Firmware, drivers e verifi-
cação se todos os parafusos estavam
corretamente apertados. Tudo Certo?
Sim, então comecei o fluxo do Self Test
que é a primeira etapa para calibrar
todos os sensores da Prusa.
Isso já vem das versões anterio-
res, porém, na MK4 ele foi totalmente
remodelado, sendo mais prático, mais
intuitivo e mais automático em algu-
mas partes que antes pediam interven-
ção humana. Fiquei impressionado Imagem 36 - Nova placa e a montagem final dos
pela rapidez dos testes, que, compa- fios e conectores.
rado com a MK3s+, reduziram o tempo
em 1/3, cerca de 6 minutos. Nas
fixação, isso não faz tanta diferença,
imagens 37 são apresentadas algumas
porém, no processo fabril da impres-
das telas que são exibidas no processo
sora, torna-se mais sustentável e de
de Seft Test.
fácil escala. No que tange o processo
Um ponto bastante relevante é de montagem e manutenção acaba
que a prusa mudou os tamanhos dos
sendo uma facilidade pois você só
parafusos em diversas partes da
precisará usar dois tipos de chave.
impressora. Na estrutura, a Prusa
manteve os parafusos tamanho M5x16, Com a impressora 100% pronta,
porém, nas demais partes, optou por foi só iniciar os testes de impressão
usar o padrão M3. Se pensarmos na básicos, como Cubo de calibração XYZ,

impresso3D.com.br 39
 REVIEW
Imagem 37 - Fluxo de Self Test da MK4.
Benchys, cilindros, cubo de calibração
Voron, entre outras coisas. Foram 3
dias de testes consecutivos para enten-
der como a impressora funciona, como
os perfis básicos contidos no PrusaSli-
cer funcionam e começar a criar novos
perfis. De forma resumida, foram 360
gramas de filamento até a conclusão e
criação dos perfis. Mas vocês podem
estar se perguntando: Vale a pena ter
uma Prusa? Vale a pena gastar tanto
tempo para montar sendo que existem
impressoras prontas ou já pré monta-
das?
Bem, se você olhar apenas estas
duas óticas, tempo e preço, talvez a
Prusa não seja a melhor escolha de
impressora, mas se você adicionar
outras variáveis como sustentabili-
dade, escalabilidade, estabilidade,
suporte e atualização, garanto para
você que é uma baita escolha.
Antes de descrever um pouco
sobre os pontos acima, de fato, a nova
40
versão da Prusa, a MK4, não trouxe
tantas novidades ou atualizações
quanto outras impressoras já existen-
tes no mercado, como o caso da Bambu.
Acaba sendo inevitável um compara-
tivo, pois com o mesmo valor, é possí-
vel comprar uma Bambu X1 Carbon
que, inclusive, possui uma maior área
de impressão, é mais rápida e com
recurso de multi material (AMS),
porém, vamos voltar a pergunta com
uma leve alteração: “_Por que você
comprou uma Prusa?”. “_Primeira-
mente, por confiar na marca!”.
A Prusa sempre esteve no
âmbito da inovação e vinha constan-
temente, ditando esse mercado de
impressoras 3D domésticas. Além
disso, a Prusa vem trabalhando em
outros projetos com a Prusa XL, uma
impressora Core XY, complexa com
diversas melhorias, inclusive um novo
conceito de multimaterial utilizando o
ToolCharge. Criou uma linha de fila-
impresso3D • 08/23
Desenvolvemos soluções criativas com
projetos pensados especialmente para a
indústria. Acreditamos profundamente que um
projeto bem desenvolvido, somado à
manufatura aditiva, pode melhorar
significativamente o nosso mundo.

Juntos, deixaremos a nossa impressão no mundo

mentos com uma qualidade impecá-
vel, adquiriu outras empresas, fez
parcerias com governos para levar a
impressão 3D para as salas de aula,
entre outras coisas.
No que tange a atualização da
MK4, a possibilidade de avanços e
tecnologias embarcadas nesta versão
está apenas começando e, faço o link
com os pontos que comentei anterior-
mente:
• Sustentabilidade: A Prusa vem
trabalhando constantemente e
sendo bastante transparente em
seus processos para ser uma
empresa bastante sustentável
com o meio ambiente, isso já
mostra o quanto a empresa
pensa no futuro; Além disso,
todo o projeto da Prusa é open-
Source, o que dá liberdade para
mudar, criar e para comprar
peças em diversos fornecedores;
• Escalabilidade: A Prusa MK4 tem
grande parte das suas peças
produzidas por outras impres-
soras 3D e todos os projetos
estão abertos (Open Source), ou
seja, você pode imprimir novas
peças, gerar outras peças ou
aplicar melhorias e ainda, conti-
42
nuar a compartilhar isso com a
comunidade Maker;
• Estabilidade: A Ops3D tem uma
prusa MK3 desde 2019 e é incrí-
vel o quanto ela é estável e cons-
tante em suas entregas;
• Suporte: A Prusa tem um suporte
24/7 em mais de 7 línguas para o
mundo todo. É possível ainda,
encontrar diversos materiais e
conhecimento no Blog da Prusa;
• Atualização: Voltando a minha
primeira MK3, não consigo me
lembrar da quantidade de upda-
tes de firmware que a prusa
lançou para essa impressora.
Diversas melhorias, desde
funcionalidades até itens funda-
mentais de segurança. Junta-
mente com o firmware, a MK3
recebeu dois upgrades, ou seja,
apesar deste longo tempo se ter
uma nova Prusa, podemos
confiar que iremos ter atualiza-
ções e essas atualizações irão
fortalecer as impressoras;
• PrusaSlicer: Acredito que você já
tenha ouvido falar ou usado o
PrusaSlicer. Um excelente
software de fatiamento, open-
impresso3D • 08/23

Source que vem constantemente
recebendo novas atualizações.
Vem ganhando novos adeptos
todos os dias pela sua facilidade
e qualidade de entrega,
Agora pense comigo: Hardware
e Software sendo criados pelas mesma
empresa?! Uma fórmula já testada e
aprovada por outras empresas, como
a Apple ou Google! Garantia de exce-
lentes resultados e tirando o máximo
do Hardware!
Quando comprei a Prusa MK4,
não comprei apenas uma nova versão,
mas sim, um ecossistema integrado
que me permite continuar escalando
a Ops3D e pelo fato de ter comprado
um Kit, consigo entender, por baixo
dos panos, tudo o que a Prusa tem,
quais peças preciso ter de backup,
quais componentes possivelmente eles
podem lançar entre outras vantagens.
Em resumo, a MK4 é uma exce-
lente impressora, consegue trabalhar
com diversos materiais existentes no
mercado e tem se mostrado bastante
estável, porém, ela ainda não entrega
tudo o que ela pode entregar, mas vejo
isso ocorrendo em um espaço curto de
tempo. Vejo também que as Bambus
vieram para ficar e isto é excelente,
pois todas as suas concorrentes, assim
como a Prusa, vão ter que se enqua-
drar, entregando melhores impresso-
ras e melhores experiências como
impressões mais rápidas com a mesma
qualidade! Essa premissa de Quali-
dade + Velocidade chegou, e é para
ficar e, vejo que a MK4 veio para brigar
de igual para igual.
Dicas Gerais:
Com dica para quem está
pensando em montar uma impressora:
impresso3D.com.br
A Nova Prusa Mk4
• Antes de começar a montagem
de qualquer partes da sua
impressora, separe as peças que
compõem apenas aquela etapa,
isso vai ajudar em sua organiza-
ção;
• Leia atentamente ou veja vídeos
do processo de montagem, isso
vai lhe poupar diversos erros;
• Dedique tempo ao processo
inicial de montagem, não que as
etapas consecutivas você não
deva se atentar, mas a etapa
inicial é primordial. Parece
trivial o que comento, mas
muitas vezes queremos acelerar
o processo e podemos errar em
alguma etapa importante, como
a sequência de apertos dos para-
fusos.
• Você pode usar ferramentas
eletricas como parafusadeiras,
mas, lembre-se de ter cuidado
para não gerar muita força
sobre os parafusos! Isso pode
gerar um desalinhamento ou,
até mesmo, um desgaste das
cabeças dos parafusos.
- Falar sobre parafusadeiras
Links
• Manual da Prusa MK4:https://
help.prusa3d.com/category/
original-prusa-mk4-kit-assem-
bly_1967
• Prusa Belt Tuner: https://belt.
connect.prusa3d.com
• https://www.prusa3d.com/cate-
gory/original-prusa-mk4/
43
 BUSINESS

Profissão:
Locador de
Impressoras
POR EMANUEL CAMPOS
Atua como engenheiro de aplicações para
manufatura aditiva desde 2000 com foco em
aplicações industriais e para a educação.
@e2campos

L ocação de hardware não é um

negócio novo, mas até hoje demo-
rou a ter boa aderência a impressoras
3D e isso se deve ao fato que impresso-
ras 3D, diferente de plotters e copiado-
ras, possuem uma curva de
aprendizado. É bem verdade que
copiadoras possuem inúmeras funções
e configurações, mas 99,9% das pessoas
simplesmente colocam o papel que
querem ver copiado no local clara-
mente indicado, apertam o botão
copiar, e retiram a cópia que sai da
ranhura corresponde. Às vezes elas até
lembram de recolher o papel original-
mente copiado, mas não é uma regra.
Com a impressão 3D a coisa se
complicava mais: tinha a calibração
com o papelzinho para acertar o bico,

44 impresso3D • 08/23
 Profissão: Locador de Impressoras

o fatiador, o cura, tem as famosas “mais de

2000 opções”, e a própria impressora não
era das coisas mais fáceis de utilizar, colo-
car o filamento, trocar a cor do fio, ou
simplesmente adicionar mais filamento se
o anterior acabasse, e por acaso, você esti-
ver perto da impressora para ver o fila-
mento acabar antes que um gap impossível
de preencher surja na sua peça. Mas boa
parte destes problemas são passado hoje em
dia. Entre a Bamboo e a K1 da Creality, as
impressoras da FlashForge e da MakerBot/
UltiMaker, são impressoras que pausam
quando acaba o filamento, que possuem
câmara de vigilância, para garantir que sua
peça não ou saia do lugar, calibração auto-
mática, e com exceção dos softwares de
fatiamento da Creality e o do Cura, os
próprios fatiadores estão incrivelmente
mais simples. Parece que o cenário propício
para iniciar o ramo de cafetão de sistemas
de impressoras 3D finalmente se aproxima,
mas se isso for verdade, como precificar?
Para precificar sistemas de impressão
3D temos que ter algumas coisas em mente:
o primeiro é que a impressora não pode
custar mais caro na locação do que na
compra, o que é ótimo, por que meio que
elimina de qualquer forma os sistemas mais
simples, como uma Ender-3, baratas demais
para serem locadas, complexas demais para
valer a pena locar. O segundo ponto é defi-
nir a questão dos insumos, se eles estarão
inclusos no valor da locação, ou se a locação
será feita com insumos por conta do locatá-
rio. Eu custei a acreditar que em imóveis é
o locatário tinham que pagar IPTU quando
estavam utilizando o imóvel, e faz sentido
expandir esse conceito para as impressoras
3D, afinal, usar filamentos de qualquer
fabricantes podem acarretar problemas,
aumentar o número de chamados, aumen-
tar o tempo de máquina parada, assim, faz
sentido incluir um volume de material na
locação e fixar um preço para compras
adicionais por mês, caso necessário, e sobre
tudo, inviabilizar o uso de materiais adqui-

impresso3D.com.br 45
 BUSINESS
ridos fora do contrato, como uma segu-
rança à mais para ambos, locador e
locatário.
Isso nos leva ao terceiro ponto:
manutenções preventivas, se até
ar-condicionado de escritórios hoje
têm programas de limpeza e manuten-
ção preventiva, seria tolice não prever
o mesmo princípio para as impresso-
ras 3D, afinal, elas perdem calibração,
perdem o passo, precisam de lubrifica-
ção, necessitam trocas de bicos, entre
diversos outras questões podem ser
solucionadas com a manutenção
preventiva.
Observando esses três pontos,
podemos agora simular os custos e
valores sugeridos para locação de uma
impressora 3D valer à penas para
ambos os lados, e para esse efeito, vou
utilizar o valor de uma impressora
industrial, como referência, como uma
finada Stratasys F120, que custava US$
13.000,00 EXW, ou em uma aproxima-
ção grosseira, algo como R$ 104.000,00
para aquisição ((dólar x 6) + (taxa de
46
nacionalização e encargos de aduana
e frete que é o valor dólar x2)).
Calculando o valor de
locação
Como dissemos, o valor não
pode ser tão caro que desestimule o
locatário, nem tão barato que o loca-
dor não veja seu investimento ser pago
nunca, é importante determinar para
isso, qual será o tempo de amortização
do equipamento, já que o valor mínimo
a ser cobrado deve no mínimo, pagar
pela impressora, certo? Sistemas
industriais tem um tempo de comer-
cialização de 5 anos, com um after-life,
isto é, período depois que a máquina
deixou de ser vendida no qual peças
de reposição ainda são facilmente
encontradas, de outros 5 anos. Mas
para não apostar em regras não escri-
tas, sempre é conveniente apostar na
amortização do equipamento apenas
dentro do período de comercialização
do mesmo. Qualquer dia da impres-
impresso3D • 08/23

sora funcionando após isso é lucro
puro*!
Ok, 5 anos então. Considerando
que cada semana tem 40 horas úteis, e
que há 50 semanas úteis por ano,
descartando a soma dos feriados do
ano todo em 2 semanas, como média,
podemos considerar que cada ano tem
2000 horas úteis (40 horas por semana
x 50 semanas). Se serão 5 anos, basta
multiplicar esse valor por 5 e temos
10.000 horas úteis. Nesse aspecto
apenas, a impressora custaria apenas
R$ 10,40 reais por hora. Se te pareceu
estranho, é por que está mesmo,
calma...
Sobre esse valor, apenas o
primeiro ano da máquina está coberto
pela garantia, e depois disso, as fabri-
cantes em geral oferecem garantias
estendidas ou planos de proteção, que
podem variar entre 10 a 15% do valor
do equipamento por ano. Assim, o
valor da impressora não é apenas R$
104.000,00 reais, mas é isso e 4 anos de
manutenção estendida. Para sermos
conservadores, vamos determinar um
valor de 15% sobre o equipamento, ou
de 15.000 reais ao ano, que para 4 anos
somariam, com o valor da máquina
incluso R$ 164.000,00.
Refazendo as contas, chegamos
ao custo hora do equipamento de R$
impresso3D.com.br
Profissão: Locador de Impressoras
16,40. Kotler ensina em seu grande
livro vermelho do marketing que uma
vez determinado o custo, precisamos
aplicar uma série de valores em
cascata sobre ele, para chegar ao valor
da locação, tais valores são 1) impostos
2) margem de lucro e 3) margem de
contribuição. Mas o que é margem de
contribuição?
Nem todo trabalho impresso é
impresso com sucesso, a energia cai na
hora inapropriada, detectamos que a
peça está sendo feita numa posição
ruim, o material acaba. Às vezes as
peças dão certo, mas é o cliente que
descobre que não era o que ele queria,
ou ele não paga, ou temos que produ-
zir um par de cortesias para tentar
ganhar um contrato mais longo. Essas
são horas de máquina e matéria prima
aplicadas que não são remuneradas,
mas que foram utilizadas. Há ainda,
claro, horas em que a impressora 3D
simplesmente não está sendo utili-
zada, estas são as chamadas horas
ociosas, que também custam a quem
comprou a impressora, mas que não
estão sendo capitalizadas para a
empresa. Isso tudo é preciso levar em
conta no cálculo do valor hora.
Ainda temos um fator na
margem de contribuição. Até agora,
tudo que calculamos é para o paga-
mento da máquina e do material, mas
47
 BUSINESS
quem tem uma empresa e vive dela
precisa além de pagar a máquina,
pagar seu próprio salário, pagar as
visitas em busca de clientes, pagar por
a luz, a internet, o café, açúcar e água
da copa, até o papel higiênico não vem
de graça. Então, quanto da locação da
impressora irá contribuir, além de se
pagar, mas também na receita do escri-
tório e pagamentos de salários?
Aqui entra uma segunda carga
sobre o valor hora da impressora.
Afinal, se suas custas de escritório por
mês forem de, digamos, 2500 reais,
entre locação, internet, água, luz, insu-
mos de banheiro, limpeza, café e água,
amortização de móveis e computado-
res, e você ainda deseja ter um pró-la-
bore de R$ 4.000,00 reais ao mês, você
já tem um gasto fixo de 6500 reais ao
mês, que com apenas 180 horas úteis
por mês, isso implica num mark-up de
R$ 36,11/hora. Jogar toda essa respon-
sabilidade na sua única impressora de
aluguel pode tornar inviável o seu
negócio de locação, por isso é impor-
tante entender qual o seu mix de
produtos. Uma parcela pode vir da
locação, uma parcela da venda de
materiais para a impressora 3D como
filamentos, insumos, e uma parte pode
ser da prestação de serviços ou outro
produto. Digamos que esperemos que
48
cada máquina contribua com um
décimo deste valor: R$ 3,61/hora.
É justamente para simplificar
estes cálculos que Kotler nos apresente
o chamado número mágico, se multi-
plicarmos o custo hora do nosso
sistema por 4, teremos o valor hora de
65,00 reais, onde 1 quarte é para a taxa
de contribuição do escritório e pró-la-
bore, 1 quarto do valor é para impostos
e custos indiretos como transporte,
seguro, frete, 1 quarto é para impostos
e 1 quarto desse valor é destinado para
lucro.
Nesse caso, uma locação mensal
de um sistema de US$ 13.000,00 ou R$
104,000,00 teria o valor para um even-
tual cliente de R$ 11.500,00 reais (mais
matéria prima, taxa de visita de um
técnico para manutenção preventiva,
eventualmente treinamento e outros
insumos). O valor total ao ano pode
parecer maior que a aquisição do
próprio sistema, e é mesmo, mas o
risco para quem aluga é pequeno, se o
sistema não tiver adequação aos
processos da empresa, basta interrom-
per o contrato.
Lembrando que esse valor ainda
carrega 25% dedicado ao lucro, essa é
a margem de negociação de quem
aluga, sabendo que se tirar 25% do
valor hora, ainda terá os custos do
impresso3D • 08/23

sistema cobertos e a locação do
hardware ainda contribuirá ao escri-
tório, ou seja, não há risco de trabalhar
“no negativo”.
A locação permite aos clientes
terem uma degustação cuidadosa do
sistema de manufatura aditiva sem ter
o pesado investimento inicial. Por se
tratar da oferta de um serviço, locação
de hardware ainda permite abati-
mento de parte dos impostos para
clientes que sejam empresas estabele-
cidas, e que não sejam nem MEI, nem
ME.
Por fim, para quem é o dono do
sistema alocado, ainda tem uma última
condição que pode ser ganha-ganha,
que é ofertar a aquisição do sistema
locado utilizando parte do valor pago
em aluguel como desconto na compra,
lá fora esse sistema é conhecido como
Leasing, e garante a quem locou o
sistema e prevê um uso prolongado,
uma chance de recuperar parte do
dinheiro pago em locação, e garante
também uma condição comercial
Custos
Valor do sistema de impressão 3d
Período de amortização desejado 5 anos (60 meses)
Custo de garantia estendida
Custo do sistema + garantia pelo R$ 164.000,00
período de amortização
Custo hora do sistema
(valor do sistema total/(horas
úteis ano*anos previsto para
amortização)
Valor hora de locação de R$ 65,00/hora R$ 11.500,00/mês
hardware total
impresso3D.com.br
Profissão: Locador de Impressoras
melhor do que comprar um sistema
novo, e a quem é dono do sistema,
permite antecipar taxas de amortiza-
ção e garantir uma renovação das
máquinas para locação. Não por acaso
tanta empresa de aluguel de carros
tem seus “feirões de usados”, pois
assim garantem a renovação constante
de suas frotas.
É literalmente impossível ensi-
nar toda a administração de custos em
um artigo tão curto, e há vários cená-
rios que não foram explorados, por
exemplo, e se a impressora 3D já esti-
ver paga? E se você não tiver escritório
para amortizar custos, e locar
hardware durante seu “day job”? E se
meus custos de escritório forem muito
maiores? Se eu tiver mais funcioná-
rios? Ou menos? Mas a ideia aqui é
deixar um raciocínio criado para quem
deseja enveredar no negócio de cafe-
tão de impressora 3D, e espero que
estes pontos os ajudem.
Stratasy F120
R$ 104.000,00
15% ao ano
R$ 16,40
49
 EDUCAÇÃO

É assim
que
tudo
começa
POR IANINA ZUBOWICZ
Professora e bibliotecária argentina, especializada
em educação infantil e alfabetização. Autora para
editoras e palestrante sobre TICs na educação.
ianinazubowicz@gmail.com

E
m casa lemos muito e lemos
temas variados pois eu sou
professora e trabalho específica-
mente com desenvolvimento da
compreensão leitora. E um dos livros
que as crianças mais gostam é um que
temos sobre o espaço e as característi-
cas dos planetas. Por isso fiquei ansiosa
de ver com eles o livro “É assim que
tudo começa”, escrito por Ingrid Dias,
professora, bióloga e astrónoma de
coração segundo suas próprias pala-
vras e Yasmin Blondt e Julia Santos de
Oliveira, duas alunas que trabalharam
na edição e ilustração do livro.
O livro é um livro de atividades
ótimo para crianças que estão
cursando o último ano de pré-escola e
os primeiros anos do ensino funda-
mental. As atividades se unem entre
sim através de uma pequena história
que começa com um convite para
explorar o universo e conhecer coisas
novas como o nosso próprio planeta e
o sistema solar do qual somos parte. As
atividades tentam mostrar para as
crianças que somos parte de algo
maior e ao mesmo tempo trabalha com
as individualidades de cada um de nós.
Me lembrou um pouco a ideia por
detrás do livro “Aqui Estamos Nós.
Notas Sobre Como Viver No. Terra” do
Oliver Jeffers, que convida às crianças
a refletir sobre o planeta que nos
acolhe e como vivemos nele. A maioria
das atividades são para preencher
pequenos textos a partir de perguntas
ou da compreensão do lido com algu-
mas atividades para recortar ou dese-
nhar; as atividades podem requerir de
ajuda de um adulto, uma excelente
forma de compartilhar um momento
com os pequenos.

50 impresso3D • 08/23
 O livro é visualmente muito
atrativo; as ilustrações são muito boni-
tas e chamam a atenção das crianças o
que a sua vez, permite que o interesse
nas atividades continue pois algumas
delas podem ser desafiadoras em
termos de leitura e escrita, lembrando
que é um livro perfeito para crianças
em processo de alfabetização ou recen-
temente alfabetizadas. Um detalhe a
destacar é que os textos estão escritos
em caixa alta com alguma exceção, o
que facilita a leitura dos pequenos. As
páginas são grossas, algo que qualquer
pai de criança aprecia e por ser um
livro consumível, isto é, para usar e
manusear, isso também é um ponto a
favor.
Não diria que é um livro que
possa ser calificado como STEAM mas
sim um livro de atividades que favo-
rece o desenvolvimento leitor e da
prática escrita dos pequenos assim
como os introduz a uma temática que
todo mundo gosta: a astronomia.

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