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CIDI 2013 6TH CIDI

6 th Inform ation Design


International Conference
5TH InfoDesign
5 th Brazilian Conference
of In form ation Design
6TH CONGIC
6 th Inform ation Design
Student Conference
Blucher Design Proceedings
May 2014 , Vol. 1, Num. 2
www.proceedings.blucher.com.br/evento/cidi

Ilustração científica e informação: desenvolvimento de projetos


Scientific illustration and information: the development of projects

Laís C. Licheski, Tatiana de Trotta

ilustração científica, informação, mensagem visual

A pesquisa apresentada neste artigo foi baseada em revisão de literatura nos campos do design gráfico e
do design de informação, destacando-se os tópicos comunicação visual, linguagem visual e análise de
aspectos sintáticos e semânticos em mensagens visuais. Também foram determinantes as informações
obtidas por meio de entrevistas já publicadas e a realização de entrevistas semi-estruturadas com
ilustradores científicos, com o intuito de conhecer o processo de desenvolvimento de projetos de
ilustração, desde o primeiro contato com o cliente até a entrega do trabalho executado.

scientific illustration, information, visual message

The purpose of this document is to present a research based on a literature review in the fields of graphic
design and information design, highlighting the topics visual communication, visual language and analysis
of syntactic and semantic aspects in visual messages. Were also decisive information obtained by
interviews already published and conducting semi-structured interviews with scientific illustrators, in order
to understand the development process of illustration projects, from the first customer contact to delivery
of work performed

1 Introdução

Uma ilustração científica é uma mensagem visual resultante da coleta de informações de


diversas fontes, sejam elas bibliográficas, entrevistas com especialistas, observação de campo,
fotografias, coleções de museus, informações essas necessárias para que se produzam os
desenhos acurados destinados à reprodução em revistas científicas ou populares no campo
das ciências naturais, livros didáticos, exibições em museus, web sites, dentre outras possíveis
aplicações. De acordo com o Guild of Natural Science Illustrators – GNSI (2011), a função da
ilustração científica é informar, explanar e instruir, auxiliando o pesquisador a comunicar suas
ideias e descobertas, sob forma de desenhos detalhados.
Sejam representações de seres vivos ou inanimados, modelos experimentais, modelos de
estruturas biológicas ‘a representação gráfica transmite, sempre e simultaneamente, tanto os
traços figurativos do objecto, como a chave interpretativa, por intermédio dos quais o objecto foi
e deve ser observado’ (Massironi, 1996: 92).
O desenho, seja em meio analógico ou digital, aqui é visto como um instrumento de
clarificação e explicação de informações complexas ao permitir a visualização e/ou o

Anais do Proceedings of the


6º Congresso Internacional de Design da Informação 6th Information Design International Conference
5º InfoDesign Brasil 5th InfoDesign Brazil
6º Congic 6th Congic
Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.) Solange G. Coutinho, Monica Moura (orgs.)
Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI Sociedade Brasileira de Design da Informação – SBDI
Recife | Brasil | 2013 Recife | Brazil | 2013

Licheski, Laís C.; Trotta, Tatiana de 2014. Ilustração científica e informação: desenvolvimento de projetos. In: Coutinho, Solange G.;
Moura, Monica; Campello, Silvio Barreto; Cadena, Renata A.; Almeida, Swanne (orgs.). Proceedings of the 6th Information
Design International Conference, 5th InfoDesign, 6th CONGIC [= Blucher Design Proceedings, num.2, vol.1]. São Paulo:
Blucher, 2014. ISSN 2318-6968, ISBN 978-85-212-0824-2
DOI http://dx.doi.org/10.5151/designpro-CIDI-3
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reconhecimento de detalhes, estruturas, características do objeto representado com rigor


científico.
Para o ilustrador científico, a imagem é uma evidência, não um juízo. Mesmo que o registro
verbal seja necessário à compreensão da mensagem visual, polissêmica por natureza, a
ilustração científica não deve depender do texto, mas sintonizar-se com ele para que o
conteúdo das duas linguagens seja integrado.
Desenvolvida como um sistema de informação, a ilustração científica tem características e
metodologia próprias que lhe permitem pôr um conteúdo em evidência por meio de artifícios
visivos. Investigar essas características e metodologias, desenvolvidas muitas vezes de forma
empírica, é o propósito deste artigo. Esse conhecimento pode apontar caminhos para aumentar
a eficácia comunicacional das ilustrações de caráter científico.

2 Argumentos de Design

Em ilustração científica, as imagens substituem os objetos que representam e se tornam


emblemáticas, desenvolvidas para expor determinados atributos necessários a um discurso de
sistematização morfológica: numa única imagem apresenta-se a soma das características
distintivas do objeto enquanto são eliminados traços singulares. Uma ilustração pode simplificar
a compreensão de um espécime de maneira mais eficiente que a fotografia, já que a fotografia
registra o objeto como ele é, sem retirar características individuais e traços de desvio ao
padrão.
O ilustrador científico tem o cuidado de representar seu modelo com veracidade, perfeição e
precisão. Isto é possível por meio de observação, estudos profundos, modos de investigação,
técnicas ilustrativas avançadas e perícia no manuseio dos modelos. Estes são argumentos que
fazem com que decisões sejam tomadas para a escolha de estilo, texturas, perspectiva,
relações de luz e sombras, cores, contrastes, ângulos de visão que se estabelecem nos
desenhos e ilustrações.

Da forma à informação
As decisões compositivas que se notam na construção de imagens científicas, permitem
perceber o uso de elementos que têm correspondência na literatura sobre linguagem visual e
design de informação.
Destacam-se os elementos da sintaxe da imagem revisados por teóricos da percepção e
comunicação visual, como Arnheim (1998), Dondis (1997) e Xavier (1981), e de design de
informação, como Horn (1998) e Mijksenaar (1997). Por meio da abordagem destas teorias se
estabeleceu conexões entre a ilustração científica enquanto linguagem visual através do design
da informação.
Arnheim (1998) e Dondis (1997) fundamentam conceitos da linguagem visual em nível
sintático e Xavier (1984) complementa com os elementos constituintes na relação
observador/observado, são eles: configuração, forma, textura, espaço, figura /fundo,
profundidade, sobreposição, transparência, perspectiva, luz, cor, tamanho de plano e ângulo de
visão.
Na linguagem visual, a ordem, sequência, elementos de ênfase, cores, desenhos, enfim o
conjunto é o que contribui como facilitador para o entendimento e localização da informação
(Horn, 1998). Valor, textura, cor, orientação, tamanho, movimento, localização no espaço
(2d/3d), espessura e iluminação são as propriedades que podem ser verificadas em
ilustrações.
Para Mijksenaar (1997) as variáveis da imagem classificam-se em diferenciadoras, de
acordo com categoria e tipo (cor, ilustração, coluna, tipo); hierárquicas, de acordo com a
importância (posição sequencial, posição na página, tamanho e peso, entrelinha); e de suporte,
que acentuam e enfatizam (áreas de cor e sombreamento, linhas e boxes, símbolos e atributos
da linha).
Ao organizar a linguagem visual, procedem-se operações de seleção e combinação de seus
elementos constitutivos, operando nos níveis sintático, semântico e pragmático. O sintático
responde aos sinais gráficos como imagem discriminável; o semântico responde a imagens em
termos do significado proposto; e, o pragmático responde ao significado proposto em termos da
experiência prévia e julgamento do observador (Goldsmith, 1984). Os níveis semióticos
cruzados aos fatores visuais permitem a percepção das interferências que as escolhas do
ilustrador causam na construção da representação para maximizar a compreensão.

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De acordo com Horn (1998), os tipos de relações semânticas entre os códigos visual e
verbal são: substituição (comunicam essencialmente a mesma informação); desambiguidade
(comunicam informações relacionadas); rotulação (identificam as partes ou o todo dos
elementos visuais); exemplificação (os códigos são usados para relacionar uma classe de
objetos ou ideias com seus exemplares); reforço (os elementos visuais ajudam a representar
ideias mais abstratas); e, complementação (uma ideia é inicialmente representada verbalmente
e completada visualmente). Estas relações são aqui compreendidas entre a representação
(ilustração científica) e o modelo (ser representado), estudada na verificação do processo de
desenvolvimento de projetos de ilustração.

3 Método de pesquisa

Esta pesquisa foi baseada em revisão de literatura – nos campos da semiótica, do design
gráfico e do design de informação -, entrevistas já publicadas e entrevistas semi-estruturadas
tomadas entre março e abril de 2011 com quatro ilustradores científicos. Nessas entrevistas,
procurou-se conhecer o processo de desenvolvimento de projetos de ilustração, desde o
primeiro contato com o cliente até a entrega do trabalho executado.
Optou-se pela entrevista semi-estruturada porque ela permite que o entrevistador foque um
assunto a partir de um roteiro prévio, mas possa complementá-lo com questões surgidas no
momento da coleta das informações (Triviños, 1987). De acordo com Manzini (1990/1991),
esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre, não condicionadas
à alternativas padronizadas.
Devido à necessidade de perguntas básicas para atingir o objetivo da pesquisa, destaca-se
o planejamento da coleta de informações por meio da elaboração de um roteiro com perguntas
que atinjam os objetivos pretendidos e permitam ao pesquisador se organizar para a interação
com o informante. Assim, elaborou-se um protocolo abrangendo os seguintes tópicos:
 Relação ilustrador/cliente: objetivou-se perceber a participação do cliente, geralmente
um pesquisador, nas decisões a serem tomadas quanto a o quê deve ser relatado em
cada ilustração e sua influência na forma de visualização e disposição dos elementos.
 Fases de pesquisa e planejamento: buscou-se conhecer como e a partir de quais
fontes o ilustrador científico inicia seu trabalho de compilação e seleção de dados e
imagens para execução do trabalho solicitado pelo cliente.
 Fases de criação e desenvolvimento de ilustração: pretendeu-se distinguir as etapas de
execução de ilustração, desde os primeiros esboços até a completa elaboração da(s)
prancha(s), considerando ajustes, modificações e composição final.
 Modos, meios e técnicas: procurou-se estabelecer como se dão as escolhas de
suportes e técnicas de execução, bem como sua relação com a mídia escolhida para
reprodução posterior da ilustração no meio científico.
As respostas foram anotadas sob a forma de textos e não foram realizadas gravações de
áudio e/ou vídeo. Considerando-se que para compreender como e porque uma linguagem é
capaz de significar deve-se levar em conta a maneira como a mesma é produzida, o agente
produtor e os meios que ele dispõe para a produção, solicitou-se aos ilustradores entrevistados
permissão para o acompanhamento e o registro informal do desenvolvimento dos projetos que
executavam na ocasião. Todas as informações obtidas foram comparadas e analisadas,
gerando algumas considerações, exploradas à luz tanto da literatura de base quanto da
experiência das autoras nos campos do design e da ilustração.
A fim de aclarar os resultados das entrevistas a partir dos aspectos teóricos utilizados
nesta abordagem, realizou-se também a análise de aspectos sintáticos e semânticos de uma
ilustração científica exemplar, o que implicou no exame de suas características e das
interpretações que enseja, ou seja, a partir dos aspectos denotados e pela percepção de suas
conotações, respectivamente. Na tabela 1, foram dispostos apenas os elementos, propriedades
e classificações sintáticas e variáveis e relações semânticas que se aplicam a este estudo.

Tabela 1 – Cruzamento de conteúdos.


Sintaxe Visual Semântica visual
Elementos Propriedades Classificações Variáveis Relações

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Transparência Valor
Luz
Cor
Iluminação
Cor
• Cor
• Desenho
Textura Textura
Configuração
Forma Tamanho
Tamanho de • Diferenciar • Substituição
• Posição
plano • Hierarquizar • Desambiguidade
sequencial
Sobreposição • Acentuar • Rotulação
Orientação • Posição na
Ângulo de visão • Enfatizar • Exemplificação
página
• Reforço
Espaço
Movimento • Tamanho
Ângulo de visão • Peso
Figura/fundo
Localização
Profundidade
dimensional
Perspectiva
Profundidade Espessura • Atributos da linha

Para fins dessa pesquisa, não forma levados em consideração os aspectos pragmáticos.

4 Resultados
Apesar da formação diversa – os ilustradores entrevistados são principalmente das áreas de
artes plásticas e biologia - houve coerência na descrição do processo de criação e
desenvolvimento de ilustrações científicas. Foi possível estabelecer uma correlação entre
metodologias projetuais habitualmente praticadas por designers e o modus operandi de
ilustradores científicos. Observou-se nas entrevistas a seguinte macroestrutura projetual:
planejamento e pesquisa; criação e desenvolvimento; arte-final. Cada etapa compreende
subetapas, assim resumidas:
1. planejamento e pesquisa: briefing com o cliente, para conhecimento dos objetivos e
definição do tipo de ilustração, o que inclui seu conteúdo, tratamento a ser dado à
informação, público ao qual se destina e mídia para publicação; pesquisa em fontes
diversas sobre o objeto a ser retratado; observação in natura e, se possível, in loco do
objeto;
2. criação e desenvolvimento: esboços preliminares do objeto para conhecimento de
morfologia e estrutura, bem como melhor forma de visualização das características
solicitadas; consulta ao cliente para correções e recomendações; composição da(s)
prancha(s) de acordo com o solicitado;
3. arte-final: execução da(s) prancha(s) em cores e/ou preto e branco, de acordo com a
necessidade; preparação para reprodução.
As entrevistas apontaram também as habilidades e conhecimentos desejáveis para
ilustrador científico, tais como alta capacidade de observação; habilidade na interpretação e
representação de volumes, luz e sombra, cores e planos; conhecimento do objeto a ser
representado; e, principalmente, fidelidade ao espécime em sua representação.

Análise de aspectos sintáticos e semânticos


Em ilustração botânica, as pranchas com ilustrações coloridas seguem normas compositivas
mais flexíveis do que as acadêmicas (em geral à nanquim), já que também servem a propósitos
artísticos, mas sem se afastar dos critérios científicos. Seu tamanho não é padronizado e deve
seguir a necessidade da representação. A escala de representação apresenta-se, em geral, em
tamanho natural, mas é possível usar ampliações e reduções, tanto no hábito quanto nos
detalhes. É possível mesclar representações coloridas e em preto e branco.
Foi analisada uma ilustração mista, ou seja, em cores e em preto e branco. Trata-se de uma
ilustração botânica do espécime Ipomea coccínea (figura 1), realizada pela ilustradora Simone
Ribeiro, em 2013, sobre papel Fabriano 50% algodão, formato A3, utilizando as técnicas de
aquarela e grafite.

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Figura 1: Ipomea coccinea (ilustração utilizada com a permissão da autora, Simone Ribeiro).

A composição foi estabelecida de forma a destacar, na parte superior, o hábito, ou forma


geral, da planta (3/4 da área ocupada, em cores) e, na parte inferior, os detalhes anatômicos
que caracterizam o espécime (1/4 da área com predominância de preto e branco). A leitura da
imagem é influenciada pela linha sinuosa própria da planta descrita, que cria uma forma oval
aberta, utilizada de maneira a conduzir o olhar para os detalhes anatômicos ao pé da página
(figura 2).

Figura 2: Análise da composição.

As partes componentes do espécime foram mostradas em estágios de desenvolvimento e


em posições diversas, de maneira a enunciar, exemplificar e evidenciar suas características,
bem como permitir sua interpretação morfológica e futuro reconhecimento (figura 3). Nas
folhas, percebe-se o cuidado em representar o sistema de venação e suas características:
convencionalmente, isso se faz em folhas de primeiro plano. As cores, representação de
texturas, luzes e sombras foram usadas para descrever o espécime e seu hábito, determinar o
posicionamento dos elementos no espaço, diferenciá-los entre si e apresentar características
volumétricas.

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Figura 3: Detalhe da composição.

descrição e volumetria

estágios de desenvolvimento

Para evidenciar detalhes anatômicos apenas perceptíveis com o uso de lentes de aumento,
foram usados cortes e ampliações (figura 4). A representação, nesse caso, cumpre uma função
de reforço ao tornar visíveis partes do espécime geralmente encobertas ou difíceis de perceber
por causa de seu pequeno tamanho. O fator de aumento foi indicado ao lado direito da cada
detalhe. Em ilustração botânica, no desenho de detalhes em preto e branco em geral são
utilizadas linhas contínuas para evidenciar contornos; linhas pontilhadas ou tracejadas para
partes da estrutura; linhas contínuas duplas para estruturas em corte; espaços brancos e
pigmentados para áreas preenchidas por tecidos e áreas ocas, respectivamente (Carneiro,
2011).

Figura 4: Detalhe da morfologia.

É importante perceber que o uso do preto e branco chama a atenção para o detalhamento.
O uso da luz e da cor, as indicações de profundidade, bem como das linhas com espessuras
diferentes permitem ainda ao observador diferenciar partes constituintes e perceber as ênfases
dadas aos elementos que caracterizam o espécime.
A tabela 2 resume a análise dos detalhes anotados na figura 5, de acordo com a tabela 1.

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Figura 5: Detalhes analisados.

Tabela 2: Demonstração de aspectos sintáticos e semânticos.

Sintaxe visual Semântica visual


Elementos Propriedades Classificações Variáveis Relações

Iluminação
Luz (cor) Cor Diferenciar Desambiguidade
(valor)

Posição
Ângulo Orientação Hierarquizar Substituição
sequencial

Iluminação
Luz (cor) Cor Diferenciar Desambiguidade
(valor)

Localização
Profundidade Tamanho Hierarquizar Exemplificação
dimensional

Iluminação
Luz (cor) Cor Diferenciar Desambiguidade
(valor)
Ângulo Orientação
Espaço Movimento Posição
Hierarquizar Exemplificação
sequencial
Localização
Perspectiva
dimensional
Iluminação
Luz (cor) Desenho Diferenciar
(valor)
Reforço
Atributos da
Profundidade Espessura Enfatizar
linha
Localização Posição da
Figura Hierarquizar Rotulação
dimensional página

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Verificou-se, ainda, que a finalidade de cada ilustração e os conteúdos que se pretende


comunicar influenciam e determinam diferentes soluções de representação e escolhas
estruturais, técnicas e compositivas. A linguagem técnica, convencional, utilizada em
ilustrações científicas apresenta-se mais rígida em pranchas de sistematização morfológica,
geralmente executadas em preto e branco, à grafite e/ou nanquim. Nas pranchas coloridas,
(em geral em aquarela e/ou guache), as convenções são menos evidentes ao observador leigo,
mas ainda existentes.

5 Considerações finais

A apreciação acurada das respostas obtidas nas entrevistas e do registro do desenvolvimento


de ilustrações apontou para a presença, nas ilustrações científicas, de variáveis visuais e
plásticas como configuração, forma, cor, luminosidade, profundidade, perspectiva, ênfase,
transparência, sequência, direção, tamanho, enquadramento, ângulo de visão, distância focal,
dimensão, textura, entre outras. A realização subsequente de análise sintática e semântica de
uma ilustração corroborou esses dados. A percepção dessas variáveis e de sua aplicação
contribuiu para a compreensão de como se fazem as escolhas dos atributos visuais
necessários e úteis para a construção da informação visual na ilustração científica.
O cruzamento dos dados teóricos e de campo propiciou melhor visualização do processo
de construção de projetos de ilustração de caráter científico enquanto projetos desenvolvidos
como sistemas de informação.
Apesar da ênfase ser a acurácia na representação do objeto, a ilustração científica é
julgada tanto por seus aspectos estéticos quanto por sua fidelidade ao espécime. A percepção
da práxis dos ilustradores permite reconhecer, identificar e estabelecer formas para a resolução
de aspectos técnicos e informacionais de ilustrações científicas.

A análise dos dados obtidos com a pequena amostra entrevistada evidenciou o conjunto de
decisões estéticas, técnicas, conceituais e pedagógicas sobre as formas de representação e de
tratamento de informações, necessárias à comunicação efetiva da mensagem visual.

Agradecimento
Agradecemos o apoio recebido da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico
e Tecnológico do Paraná e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR para
participação no 6º CIDI.

Referências
ARNHEIM. R. 1980. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. São Paulo:
Pioneira.
CARNEIRO, D. 2011. Ilustração botânica: princípios e métodos. Curitiba: Editora UFPR.
DONDIS, D.A. 1997. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes.
GNSI. http://www.gnsi.org/science-illustration/careers-ed. 01/ 2013.
GOLDSMITH, E. 1984. Research into illustration. New York: Cambridge University Press.
JOLY, M. 2000. Introdução à análise da imagem. São Paulo: Papirus.
HODGES, E R. S. (ed). 2003. The guild handbook of scientific illustration. New Jersey: John Wiley &
Sons.
HORN, R. 1998.Visual Language: global communication for the 21st century. Bainbridge Island,
Washington: MacroVU, Inc
MANZINI, E. J. 1990/1991. A entrevista na pesquisa social. Didática, São Paulo, v. 26/27, p.
149-158,.
MASSIRONI, Manfredo. 1996. Ver pelo desenho: aspetos técnicos, cognitivos, comunicativos.
São Paulo: Martins Fontes.
MIJKSENAAR, P. 1997. Visual function: an introduction to information design. Rotterdam: 010
Publishers.
RIBEIRO, Simone. 2013. Ipomea coccinea. Acervo da autora. Curitiba.

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TRIVIÑOS, A. N. S. 1987. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em


educação. São Paulo: Atlas.
XAVIER, Ismail. 1984. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. Rio de
Janeiro: Paz e Terra.

Sobre as autoras
Laís Cristina Licheski, Doutora, UTFPR, Brasil <laislic@utfpr.edu.br>
Tatiana de Trotta, Mestre, UTFPR, Brasil <trotta@utfpr.edu.br>

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