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2 INTRODUÇÃO A LINGUÍSTICA

Para poder-se deter no centro da linguística saussuriana deve-se, anteriormente,


adentrar nas definições e termos usados por Saussure, bem como captar suas ideias
principais para assim desenrolar seu pensamento.
Sendo assim, as principais definições de Saussure, são as das tarefas da
linguística. A primeira tarefa da linguística, consiste em fazer a descrição da história de
todas as línguas (SAUSSURE, 1978, p. 29). Fazendo, a partir dessa descrição histórica,
a reconstrução das línguas mães de todas as “famílias linguísticas”.
A segunda tarefa da linguística consiste em encontrar as forças e as leis gerais
que definem as línguas (SAUSSURE, 1978, p. 29). Essas forças e leis que são
universais e permanentes, descobrindo assim, fenômenos que são comuns a várias
línguas, ou que se referem a pontos peculiares da história.
A terceira e última tarefa da linguística é definir-se e delimitar-se a si mesmo
(SAUSSURE, 1978, p. 30). Nesse ponto, Saussure afirma que com o contato com as
outras ciências da língua, bem como com a relação dos estudos da linguística, ela deve
se distinguir das outras, criando seu próprio objeto material e formal.
Partindo dessas definições das tarefas da linguística, Saussure define o objeto da
linguística. Primeiramente, demonstra as dificuldades para se chegar a tal objeto, seja
por causa da complexidade da língua; seus diversos fatores que a formam, entre outros
fatores.
Portanto, para definir o objeto da linguística, Saussure vê a necessidade de
colocar a língua em primeiro lugar, tornando-a como norma para todas as manifestações
da linguagem.
Tomando a língua como objeto da linguística é preciso defini-la. Para isso,
Saussure começa diferenciando língua de linguagem, ressaltando a linguagem como
fator que não pode ser enquadrado nos fatos humanos, enquanto a língua o pode. A
partir dessa diferenciação, Saussure define a língua como “convenção e a natureza do
sinal que convenciona é diferente” (SAUSSURE, 1978, p. 40).
Dessa definição de língua, Saussure parte para demonstrar a primazia da língua
sobre os fatores da linguagem. Por isso, ele esmiúça a linguagem dividindo-a em
elementos físicos (ondas sonoras), elementos fisiológicos (fonação e audição) e os
elementos psíquicos (imagens verbais e conceitos).
Chega-se então, a diferenciação entre a língua individual e língua social. Para
fazer isso, abandona-se os elementos físicos, bem como também os elementos
psíquicos. Conclui-se, que a língua só se completa somente em comunidade, pois é uma
riqueza que cada indivíduo porta, mas nenhum totalmente. Sendo assim, só a
comunidade falante que possui a totalidade da língua.
Porém, após tais conclusões, Saussure demonstra uma deficiência da língua que
consiste que as palavras não correspondem exatamente a noções necessárias. Isto é, a
palavra “língua” não corresponde exatamente a “parte social da linguagem, exterior ao
indivíduo, na qual ele não pode modifica-la” (SAUSSURE, 1978, p. 42), mas pode
significar vários conceitos. Sendo assim, demonstra-se que o problema linguístico é
acima de tudo semiológico.
A língua, então, é comparada com uma sinfonia. Esta sinfonia é formada por
vários instrumentos e músicos, porém independe deles. A língua, como a sinfonia, não
sofre com os erros dos falantes/músicos. Os erros não comprometem a realidade da
língua. Sendo assim, os órgãos vocais e fonação não alteram a realidade da língua.
Assim, propõe-se considerar a língua como um ente independente dos falantes,
dividindo o estudo da língua em duas partes. A primeira parte considera como objeto a
língua em seu aspecto psíquico, sendo essa social e independente dos indivíduos. A
segunda parte considera como objeto a parte individual da linguagem, ou seja, a fala, o
aspecto psíquico-físico.
A definição de língua exclui os elementos exteriores, mas esses também são
considerados pela linguística externa, e influenciam na linguagem. Obtém-se, dessas
observações uma regra, “é interno tudo quanto provoca mudança do sistema em
qualquer grau” (SAUSSURE, 1978, p. 53).
Esmiuçando esses elementos externos, um dos principais é a cultura. Vê-se uma
estreita relação entre língua e cultura. A cultura define a língua, seus fatores, elementos,
manifestações e influências. Enquanto isso, a língua é influenciada pela cultura, que a
forma e oferece elementos únicos.
Outro elemento exterior considerado por Saussure é a escrita. A escrita e a
língua são distintas, e a escrita só existe para representar a língua. O principal erro dos
estudiosos da língua foi considerar a escrita como sendo secundária. A imagem gráfica
prevalece sobre a imagem acústica, fazendo com que essa harmonia não seja duradoura,
isso porque a grafia não tem razão de ser.
3 PRINCÍPIOS GERAIS DA LINGUÍSTICA

Tendo dado os principais conceitos e definições básicas para o estudo da


linguística, embora alguns contraditórios, Saussure parte para os princípios gerais da
linguística. Esse estudo é de suma importância, pois é o qual Saussure define toda sua
linguística.
Para adentrar nos princípios, Ferdinand parte diferenciando o conceito e a
imagem acústica. Disso parte a definição de signo linguístico, que é o que une um
conceito e uma imagem acústica.
Com a definição do signo linguístico, Saussure considera o conceito como o
“significado”, ou seja, o sentido que damos a um sinal gráfico ou a um som. Vale
ressaltar o aspecto da convenção que existe ligada ao conceito. Enquanto a imagem
acústica, ele considera como o “significante”, ou seja, o som da palavra ou sua grafia, é
a parte do signo percebida pelo sentido.

3.1 PRIMEIRO PRINCÍPIO: ARBRITARIEDADE DO SIGNO

Considerando as definições dadas, Saussure parte para definir os dois princípios


da linguística, ou seja, regras gerais que definem interiormente a linguagem. Ele
considera basicamente dois princípios.
O primeiro princípio trata-se da arbitrariedade do signo linguístico. Saussure
considera que o signo e sua instituição não tem com a realidade qualquer ligação
natural, mas simplesmente a convenção. Por exemplo, o signo “pão”, só significa isso
por convenção, da mesma forma que “panis” no latim, ou “pane” no italiano.
Desse primeiro princípio, Saussure o considera incontestável e aceito.
Considerando esse o fenômeno principal que define a linguística e tem inúmeros efeitos,
Ferdinand considera a linguística padrão de toda semiologia.
Vale ressaltar que o aspecto arbitrário do signo não depende do indivíduo
diretamente, pois ele não possui o poder de alterar um signo, mas a massa falante, que
modela a linguagem pela sua evolução.

3.2 SEGUNDO PRINCÍPIO: CARÁCTER LINEAR DO SIGINIFICANTE


Adentrando dentro do signo e sua divisão entre significado e significante,
Saussure propõe o segundo princípio da linguística. Como sendo significante a
expressão do significado, e de natureza auditiva, a significante tem uma extensão, que
pode ser somente linear. Isso porque na linguística segue uma linha temporal, ou seja,
vem sempre um atrás do outro, uma linha.
Saussure também considera esse princípio evidente e simples em sua essência,
porém com um número imensurável de efeitos na linguística. Considera que todos os
sinais linguísticos dependem desse princípio, demonstrando isso explicitamente na
escrita, mas também presente na fala, porém de modo não tão explícito.

3.3 IMUTABILIDADE E MUTABILIDADE DO SIGNO

A partir dos princípios gerais, Saussure demonstra uma dupla realidade da


língua, sendo ambas partes formadoras e essenciais da língua. Essas duas realidades são
a imutabilidade e mutabilidade do signo. Por causa dessa realidade, Saussure considera
a língua não como um contato puro e simples, mas uma herança de uma geração a sua
precedente.

3.3.1 Imutabilidade do signo

A imutabilidade é o caráter que não se modifica com o tempo, e faz com que a
língua se mantenha a mesma, mesmo após muitas alterações. Esse aspecto faz com que
um povo, mesmo por muito tempo, possa manter sua língua original, um exemplo o
Grego, ou o Hebraico.
Dessa imutabilidade, Saussure define as suas próprias caraterísticas. Ele alude ao
caráter arbitrário do signo, ou seja, a realidade de que o signo não tem ligação direta
com a realidade. A palavra não é a coisa, mas a simboliza e significa-a. Esse caráter
também revela a forma que a língua escapa da vontade dos indivíduos.
Outra caraterística é a quantidade necessária de símbolos para constituir uma
língua. As palavras são inúmeras, e por causa desse motivo, é impossível mudar
totalmente uma língua. A sua imutabilidade vem do fato que a língua não pode ser
totalmente alterada. Nessa caraterística incluem também a complexidade do sistema.
A última caraterística que Saussure propõe é a inércia coletiva, ou seja, a
resistência da grande massa as mudanças da língua. Mesmo que um indivíduo produz
uma alteração na língua, não quer dizer que essa mudança vai acontecer, por que como
depende da massa, é pouco provável que seja aceito, e alterado.

3.3.2 Mutabilidade do signo

Saussure demonstra que a língua é algo intangível, por que não podemos
alcança-la, mas não é inalterável. Por isso, as pessoas não mudam a língua, mas ela se
muda, através dos tempos. Vale ressaltar a definição de alteração, sendo o desvio na
relação entre significante e significado, com a continuidade do tempo.
Outro caráter da mutabilidade é a impotência da língua em relação a essas
alterações. Essa impotência revela a inevitabilidade da evolução da língua. Mas, para
isso, Saussure define que para a existência e alteração da língua é necessária uma massa
falante, e a continuidade implica essa alteração, sendo o desvio mais ou menos
considerável das relações.

3.4 DUALIDADE INTERNA DA LÍNGUA

Partindo das definições anteriores, Saussure parte para a dualidade interna da


língua. A relação dessa dualidade se baseia em dividir a linguística em relação ao
tempo. Dessa divisão surge os conceitos de simultaneidade, que se refere a fenômenos
que ocorrem ao mesmo tempo e a sucessividade, que consiste na alteração de
fenômenos um após o outro.
Com essa divisão, Saussure define a língua como sendo o sistema mais completo
e organizado, pois tem aspectos mutáveis e imutáveis, e relações com tempo, espaço,
cultura e geografia únicas, aspectos não encontrados em nenhum outro sistema.
Ferdinand propõe a divisão da linguística em duas áreas, as quais são até dedicados
capítulos de seu livro, sendo a Linguística Evolutiva (diacronia) e Linguística Estática
(sincronia).
Ele define a Diacronia como “mudanças em um sistema linguístico num certo
período de tempo”, ou seja, o estudo dessas mudanças, enquanto a sincronia é o “estudo
das leis e relações de uma língua em determinado período. Ainda, observa-se que a
linguística moderna está absorvida pela diacronia, enquanto a gramática tradicional é
basicamente sincronia.
Com as definições de sincronia e diacronia, vale ressaltar que o fato sincrônico
tem em si razão de ser, enquanto o fato diacrônico não tem, por isso não conduz a uma
alteração do sistema. Dessa alteração, salienta-se o caráter fortuito, inesperado da
mudança, ao que acontece por acaso, e não uma força individual.
Para exemplificar todas essas definições, Saussure serve-se novamente da
analogia com o jogo de xadrez. O valor da peça depende de onde ela está, seu
significado, e não de sua matéria, fonologia. O sistema é momentâneo, mas as regras
que governam são imutáveis. A diacronia é vista como a jogada de uma peça. Mas, a
ressonância da mudança dessa peça no jogo inteiro é a diacronia. A única falsidade
dessa analogia é a intencionalidade do jogador, inexistente na língua.
Quanto a importância dessas duas realidades da língua a sincronia prevalece
sobre a diacronia. Isso porque a única realidade para a massa falante. Na diacronia se
depara com uma série de acontecimentos que alteram a língua, mas não ela em si. Sendo
assim, a mudança temporal não importa ao falante atual, que só importa as leis que
governam a língua atualmente.
A explicação de Saussure usar tantas comparações é evitar a confusão entre a
sincronia e a diacronia, revelando que uma confusão entre esses fatores leva a afirmar
cegamente uma ou negar a outra, ou até confundir os fatos entre si. Essa confusão é
extremamente prejudicial, uma vez que antes de qualquer evolução na língua, existem
uma série de fatos, seja eles sincrônicos ou diacrônicos, e deve-se diferencia-los.
Por fim, antes de entrar especificamente nessas duas realidades, Ferdinand faz a
um gráfico (SAUSSURE, 1978, p.170) exemplificando a divisão da linguagem entre
fala e língua, e essa última em sincronia e diacronia. Definido, por fim, a função da
linguística sincrônica como responsável de “ocupar-se das relações lógicas e
psicológicas entre os termos coexistentes”. A linguística diacrônica, por sua vez, deve
“ocupar-se das relações de termos sucessivos, não percebidos pela consciência coletiva
e que substituem outros sem formar sistema”.
4 LINGUÍSTICA SINCRÔNICA

Para o espaço da linguística sincrônica, Saussure define a necessidade da


definição do estado da língua, que consiste em um espaço de tempo, durante o qual as
mudanças ocorridas nesse período são mínimas. Para isso, define-se a linguística
estática, que deve ocupar-se de épocas, ou seja, da definição do espaço de tempo.

4.1 ENTIDADES CONCRETAS DA LÍNGUA

No segundo capítulo da parte da sincronia, Saussure define as entidades que tem


existência própria dentro da linguagem (SAUSSURE, 1978, p.176), e assim, eles e suas
relações fazem parte do estudo da linguística sincrônico. O signo não é uma abstração,
mas um objeto real. Dessa afirmação definem-se dois princípios fundamentais para o
entendimento do signo como objeto real.
O primeiro fundamento consiste na existência da entidade linguística somente
pela associação do significante e do significado, o conhecido triangulo semiótico. Se
retirar um só desses elementos a entidade se esvaeceria (SAUSSURE, 1978, p.176).
O segundo fundamento consiste no fator que a entidade linguística só é
determinada perfeitamente, quando ela é perfeitamente delimitada. Em um primeiro
momento isso parece simples, por que consistiria em separar o significante e o
significado. A linguagem como um fator linear, não pode ser separado ou perde seu
sentido.
A língua não é um conjunto organizado à primeira vista, mas algo indistinto
percebido somente como observação. Então, a delimitação não seria a separação das
sílabas, mas o distanciamento da palavra de outras, ou seja, seu significante e seu
significado.

4.2 IDENTIDADE, REALIDADE E VALOR SINCRÔNICOS

A partir de todas as definições e questões, Saussure por isso propõe reestruturar


a unidade da linguagem, para que não se perca em definições soltas e desconexas. Para
isso, ele demonstra as três noções.
A identidade sincrônica (SAUSSURE, 1978, p.184) consiste na união do aspecto
matéria, ou seja, o aspecto fônico e psicológico, o significante e o significado e da
palavra em si. É a identidade o que dá a unidade da palavra e do som, e o que faz com
que se reconheça a mesma palavra em frases diversas.
A realidade sincrônica (SAUSSURE, 1978, p.186) é aquela realidade da
entidade linguísticas concretas, sendo que só se alcança essa realidade se tentar agarra-
la, ordenando e baseando essas classificações. A realidade sincrônica é aquela
responsável por ordenar da melhor forma de definir as palavras e suas essências,
livrando-se das ilusões, os “fantasmas da realidade”.
Já o valor sincrônico se refere a palavra dentro do sistema. Saussure utiliza, mais
uma vez, a analogia com o jogo do xadrez (SAUSSURE, 1978, p.188). Como no jogo,
independe o material da peça, assim, independe os aspectos fonológicos e psicológicos.
Por fim, após considerar todos as três noções primordiais, Saussure ressalta o
valor sincrônico sendo o primordial dentro da linguística e de seu estudo. O valor,
segundo ele, é o primordial devido a unidade entre as noções de valor, realidade e
identidade.

4.3 VALOR LINGUÍSTICO

Como sendo o valor o aspecto mais fundamental da linguística sincrônica,


Ferdinand considera a língua como um sistema de valores puros, e para provar isso ele
considera inicialmente os dois elementos da língua, a ideia e os sons. A ideia, Saussure
considera como o “reino flutuante” (SAUSSURE, 1978, p.192). No pensamento não
existem divisões, e essas são feitas somente pelas ideias. O som é considerado como
“matéria plástica” (SAUSSURE, 1978, p.193).
Sendo assim, o pensamento é considerado como aquele que é obrigado a se
ordenar para encaixar-se na “matéria plástica” do som. Sendo assim, considera-se cada
termo linguístico como um pequeno membro, em que cada ideia se fixa em um som, e o
som, por sua vez, torna-se o signo de uma ideia.
Disso, começa-se a definir o valor das palavras (SAUSSURE, 1978, p.195). Esse
valor depende da presença simultânea, isso é da dissemelhança e da semelhante A
palavra pode ser trocada por algo dissemelhante, por exemplo a ideia, ou pode ser
comparada como outra palavra (semelhança). Como parte do sistema, cada palavra tem
seu valor e significado específico.
O termo tem um valor material e um valor formal. O valor formal vem da
relação com os outros termos, ou seja, da semelhança. O valor material está na diferença
fonológica entre as palavras. O som, embora seja só acidental e não fundamental, é
importante quando a distinguir um som de outro.
Assim, define-se que o valor da escrita é arbitrário, e o seu valor é negativo, ou
seja, só tem sua função de não confundir uma palavra com outra. O valor depende de
estar dentro do sistema.
Por fim, considera-se que na “língua não há senão diferenças” (SAUSSURE,
1978, p.205), isso é, se considerar somente o significante e o significado isoladamente.
Todas essas conclusões levam a reconhecer que as características da unidade, se
confundem com a própria unidade.

4.4 RELAÇÕES LINGUÍSTICAS

Em tudo isso, vemos que a língua e seu valor só tem sentido em um sistema.
Sendo assim, o estado da língua se baseia nas relações, que ocorrem em duas esferas
distintas. Dessas esferas, Saussure define como as sintagmáticas e as associativas,
relacionando ambas, através de suas oposições, e seu fator de influência na língua e em
seu estudo sincrônico.
A esfera sintagmática se refere ao surgimento do valor do termo da oposição
entre ele mesmo e o que o segue, precede, ou em ambos. Isso se aplica a dois ou mais
termos, e não somente as palavras, mas frases, palavras compostas ou derivadas. Essa
esfera não pertence a fala, por que se vê livre do fator fonológico.
A esfera associativa se refere a termos que se associação na memória, e no
intelecto. Os termos, por exemplo, ausência, distante, afastado e etc. Essas relações são
criadas pelo intelecto, isso pode ser pelo sufixo, analogia do significado e a semelhança
entre as imagens acústicas.

4.5 MECANISMOS DA LÍNGUA

As diferenças existentes entre essas esferas, a sintagmática e a associativas, são


estabelecidos pela língua, e por sua vez, é o conjunto que constitui e preside o
funcionamento da própria língua. Nesse cenário, Saussure ressalta a solidariedade
sintagmática, ou seja, as relações necessárias que quase todas as unidades da língua
dependem dela. Por exemplo, a formação da palavra “desejoso”, trata-se da combinação
de dois termos solidários, “desej” e “oso”, em que separados não tem sentido, mas se
unem e tem um significado.
Depois de fazer essas observações, Ferdinand revela a existência de
agrupamentos sintagmáticos, ou seja, termos que fazem ligação com as partes do outro
termo (SAUSSURE, 1978, p.212), e com ela criam ligação de interdependência. Ou
seja, cada termo solidário tem seus próprios agrupamentos.

4.6 GRAMÁTICA SINCRÔNICA

Por fim, terminado a sua explanação sobre a sincronia, Saussure diserta sobre a
gramática e suas subdivisões. Ele define como objeto de estudo da gramática a língua
como um sistema de meios de expressão. Ele discorda da definição de gramática
anterior, que consiste no estudo da morfologia e da sintaxe.
Então, para a gramática, essas divisões tradicionais podem ter alguma utilidade,
uma vez que se confundem com os fatos sincrônicos, mas não por serem reais, ou ter
ligação com a realidade. Para que a gramática tenha ligação com a realidade, é
necessário definir suas divisões de acordo com os fatos naturais.
Por isso, Saussure define que tudo o que compõe a língua pode ser definido em
teoria dos sintagmáticos ou teoria dos associativos. E algumas das antigas divisões da
gramática encaixam nessas teorias sem dificuldade, por isso, podem ser úteis.
Com essas finais conclusões, Saussure define e estabelece os limites gerais da
sincronia, revelando sua importância na língua e sua primazia diante da diacronia.
Porém, vale ressaltar que essa importância depende também da coexistência e
dependência da sincronia e diacronia.

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