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Ao que parece, através de empresas criadas pela própria Avestruz Master com fins de
ludibriar a sociedade, controlavam sua contabilidade fraudulentamente, maquiando a
verdadeira situação contábil da empresa, num esquema pelo qual somente os lucros
ilusórios eram divulgados e o passivo mantinha-se encoberto pelas ditas “sub-
empresas”. Algo relaionado com a Teoria do Simulacro. O termo, largamente utilizado
no jornalismo, significa criar algo que possa parecer real e, dessa forma, iludir as
pessoas com relação à determinada situação. No caso, o fato de nunca haver
divulgado os resultados financeiros – demonstrações contábeis, reforça a tese de que
a mesma não agia com transparência e equidade, corroborando para a caracterização
de fraude financeira.
A crise gerada pelo caso Avestruz Master trouxe consigo várias consequências
negativas e em vários segmentos, notadamente para a região de Iporá-Go. Não
havendo investimentos locais, gerou-se uma estagnação na produção de renda, o que
dificultou o crescimento da economia, ocasionando brusca queda nos rendimentos da
população em geral e até mesmo desempregos. Com a ‘quebra’ do grupo Avestruz
Master, em meados de 2004, quando surgiram os primeiros rumores da fraude, o
desfalque nas divisas foram bastante consideráveis, dizimando famílias inteiras.
Lembramos, inclusive, o apoio das instituições bancárias a fim de viabilizar novamente
o crescimento econômico.
Por esse ângulo, poderia dizer que a crise trouxe certo benefício, pois que forçou a
produtividade e retorno às aplicações na economia local, geradora de benefícios reais
à comunidade.
Assim é que o esquema Avestruz Master, como tantos outros, se mostra inviável, não
somente pelas razões abordadas, mas por rememorar questões básicas e lógicas que
deveriam ser lembradas, seja rememorando a história desde a mais recente à
antiguidade, seja buscando a lógica financeira e princípios que deveriam nos nortear
constantemente: só o trabalho honesto e com dedicação garante o lucro justo. O que
se consegue fugindo-se a esse princípio, forçosamente será conseguido em
detrimento do prejuízo de alguém, um peso que certamente ninguém gostaria de
carregar consigo pela vida afora.
Pregou-se que a ave, sob os cuidados do próprio grupo, oferecia ao investidor lucro
garantido, já que dela se aproveitava 100% (cem por cento), do bico à unha, carne,
couro, penas, tudo tinha destino garantido pelos importadores. Disseminou-se sua
super valorização no exterior, sendo forçoso concluir, daí, impossibilidade de prejuízo.
O que não deixa de ser verdadeiro. Porém, uma coisa é a criação e comercialização
da dita ave dentro dos parâmetros agroindustriais. Outra, é a venda de papéis e títulos
de um produto fictício, ou meramente representativo, que rende juros muito além dos
concebidos pela mais rentável aplicação, ao menos alguma que seja confiável.
Em poucos anos, o grupo captou milhões de reais, formando uma mega estrutura
aparentemente sólida. De pronto, houve uma corrida geral a fim de investir, de uma
pequena parte até todos os bens possuídos. Verdade é que alguns, não poucos,
lucraram e bastante, visto que era paga uma taxa mensal a título de juros de 07%
(sete por cento) alcançando até o patamar de 12% (doze por cento). A princípio, os
lucros eram reais, pois retiradas eram feitas a curto ou longo prazo, reforçando o
sucesso do negócio "mágico”.
A teoria das perspectivas, por exemplo, sustentada por Daniel Kahneman e Amos
Tversky, premiados pelo Nobel de Economia em 2002, conclui que, nesses casos,
ninguém toma atitudes matematicamente racionais, ou seja, fatores emocionais e
intuitivos pesam na escolha do investimento. Dessa forma, o rendimento inicial, muitas
vezes apenas contábil, inebriou os cidadãos e, consequentemente, conforme o
montante financeiro crescia, considerar os riscos da atividade, mesmo mais prováveis
que os ganhos, ficou difícil.
Assim é que, diante de tantas ‘tentações’, a população parece mostrar-se cegada pelo
desejo de sucesso financeiro a todo custo, fomentada pelo atrativo de menor esforço,
o que desperta o interesse da maioria dos mortais inconformados com a própria
condição precária de trabalhador que tem que lutar arduamente para, no fim,
conseguir resultados mesquinhos.
O caso configura uma realidade assustadora, qual seja, um esquema forjado para
parecer lucrativo e seguro, e até mesmo um investimento que, embora de risco,
bastante atrativo, mas que nada mais é que um engodo com proporções gigantescas
para a economia nacional.
Mas, mesmo diante de tudo isso, não há como olvidar um aspecto de relevante
importância nestes casos. Embora sejam catastróficas e lamentáveis as dimensões do
ocorrido, há que se analisar o outro lado da questão. O câncer provocado pela “corrida
do ouro de tolo”, se é que podemos nos referir a mais este esquema desta forma
grosseira, porém, bem apropriada, enfim, foi combatido. A gangrena foi estagnada.
Isto equivale a dizer que a economia, tão prejudicada pela falta de investimentos e giro
de mercado, enfim voltou a ter seu curso ativado.
É que, neste interim, a economia sofreu terrivelmente, principalmente das regiões mais
afetadas, como no interior de Goiás. Com os investimentos na produção estagnados, a
geração de empregos em baixa em conseqüência da política de contenção da
inflação, justificada pela falta de investimentos na economia local, culminando com a
queda da renda per capta da população, a lógica do raciocínio econômico, o que
demonstra prejuízos muito maiores dos que aqueles individuais já divulgados.
Segundo o IBRACON (NPC 27), "as demonstrações contábeis são uma representação
monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das
transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. O objetivo das
demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição
patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são
úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As
demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela
Administração, dos recursos que lhe são confiados."
Tais informações, juntamente com outras constantes das notas explicativas às
demonstrações contábeis, auxiliam os usuários a estimar os resultados e os fluxos
financeiros futuros da entidade.
Todo processo decisório deve ser subsidiado por informações claras e precisas,
revelando a real situação da instituição, a fim de que o investidor, no caso, tenha
condições de fazer uma opção segura a respeito do investimento pretendido.
2.2. A Fraude
É sabido que no mundo dos negócios, a especulação é uma arma poderosa na mão
dos investidores. Eles investem altas quantias em segmentos diversos, visando, com
isso, menos riscos e maiores lucros.
O caso Avestruz Master parece ter uma relação com a Teoria do Simulacro. O termo,
largamente utilizado no jornalismo, significa criar algo que possa parecer real e, dessa
forma, iludir as pessoas com relação à determinada situação. No caso, o fato de nunca
haver divulgado os resultados financeiros – demonstrações contábeis, reforça a tese
de que a mesma não agia com transparência e equidade, corroborando para a
caracterização de fraude financeira.
Porém, embora grave, este não apresenta-se como o único vilão de mais este
episódio na nossa história.
Embora os alertas, a manobra ardilosa engendrada pelo grupo somente evidenciou-se
com a constatação de que os responsáveis pela empresa montaram um artificioso
esquema no qual remuneravam clientes antigos com o dinheiro dos novos, sem
produzir rendimentos reais, ao contrário do que se acreditava. Os lucros dos
investidores não foram criados pelo sucesso do negócio de risco, como forçosamente
quiseram fazer crer, mas desviados das contribuições em capital de novos
investidores ou de reinvestimentos, que pagavam outros investidores que se retiraram
em tempo. Portanto, nunca existiu um investimento real envolvido, o que,
evidentemente, não mantém nenhum negócio nessas proporções.
Ao que parece, através de empresas criadas pela própria Avestruz Master com fins de
ludibriar a sociedade, dais quais ressaltamos, a titulo de exemplo, a Struthiogold, que
realizava a oferta de recompra das aves alienadas por meio das CPRs de emissão da
mesma Avestruz Master, comprovadamente empresa do mesmo grupo, esta
controlava sua contabilidade fraudulentamente, maquiando a verdadeira situação
contábil da empresa, num esquema pelo qual somente os lucros ilusórios eram
divulgados e o passivo mantinha-se encoberto pelas ditas “sub-empresas”.
Em razão da constatação da fraude, pelo descumprimento da Deliberação
mencionada, a CVM aplicou multa cominatória no montante de R$ 300.000,00
(trezentos mil reais), culminando no Termo de Ajustamento de Conduta celebrado com
o Ministério Público Federal comprometendo-se a regularizar o referido registro,
abstendo-se de ofertar os títulos ou contratos até que se decidisse a questão.
Ainda se tem notícia de uma outra sociedade ligada à Avestruz Master, a Avestruz
Master Agropecuária e Participação S/A, esta registrada como Cia aberta, na mesma
data em que solicitou registro para distribuição pública de debêntures.
Ressalta-se que tais registros perante a CVM têm por finalidade exigir a divulgação
das informações sobre a empresa emissora de títulos no mercado, como já o
dissemos, necessárias para que o investidor esteja ciente a respeito do investimento
pretendido e possa avaliar riscos, bem como a capacidade do emissor de honrar os
compromissos financeiros assumidos. Além disso, os registros obrigam a adoção das
chamadas “salvaguardas em prol dos interesses do público.”
A Justiça já havia vislumbrado indícios da fraude com relação à Avestruz máster bem
antes da crise vir à tona, e iniciou suas investigações, porém, de forma discreta até o
momento em que estourou a crise.
Sem pretender méritos pelas desconfianças mediante o caso desde o seu início,
ressaltamos o quanto era evidente que algo sinalizava o desastre: se parecia lógico
que o crescimento do peso do boi (e consequentemente de seu preço – cotado por @)
era percentualmente maior do que a taxa de juros, o que deixava a questão ao risco
de crédito da instituição FRBG, nunca entendi de onde viria tanto mercado para a
avestruz, já que o consumo de sua carne e ovos ainda é incipiente.
Casos concretos de empresas que estavam saudáveis num dia e morreram no outro
não faltam e são práticas comum na história da economia. Para os mais céticos,
lembramos que não é o primeiro tampouco será o último de que se tem notícia. No
mundo inteiro, desde tempos primórdios, prevaleceu a lei do mais esperto, onde a
dominação se dá por meio da exploração dos mais fracos, que lucra em detrimento da
credulidade ingênua de muitos tantos. O noticiário tem registrado casos de empresas
que montam os chamados ‘esquemas’, à primeira vista, infalíveis, mas, que ao longo
do tempo, se mostram fraudulentos. Vendem papéis emblemáticos, atraindo
aplicadores que investem capital elevado, porém sem o lastro financeiro.
Algo bem parecido já havia ocorrido, como exemplo o caso “Boi Gordo”, firma de
investimento em gado que lesou mais de 30 mil pessoas no país, deixando uma dívida
de R$ 2,5 bilhões. O ator Antonio Fagundes aparece como garoto propaganda, a fim
de fornecer crédito junto à população, evidenciando ainda mais a má fé. A famosa “Boi
Gordo” tornou-se uma febre do final dos anos 90 até sua falência, em 1994. A maior
parte de sua clientela era formada por poupadores de classe média. O esquema
funcionava da seguinte forma: o investidor aplicava em animais (bois, frangos, porcos,
etc.) da empresa parceira, como a Boi Gordo, e no fim do contrato, recebia o lucro da
venda do animal engordado. A Boi Gordo prometia rendimento de 42% depois de 18
meses. Eram ganhos que batiam de longe qualquer outro investimento da época. Mais
tarde descobriu-se que a empresa funcionava como uma pirâmide, pagando os
contratos vencidos com o dinheiro da entrada de novos investidores. Quando os
saques superaram os investimentos, a pirâmide desmoronou.
Outro caso conhecido e bem recente foi o da Encol, no ramo da construção civil.
Vendia-se um prédio na planta B para financiar a construção A; vende o C para
financiar o B e assim por diante. Quando não consegue vender um, caem os
anteriores, como aconteceu. Num momento ou outro o mercado se esgota e os preços
param de subir e começam a cair, a roda gira ao contrário, a pirâmide cai.
Para completar, temos assistido um fato inédito na era moderna, algo só imaginado
pelos fanáticos seguidores de Karl Marx e Friederic Engels e suas teorias anti-
capitalistas. A Europa inteira em crise. Espanha e Grécia olham para si com cara de
espanto e perguntam “Será possível que realmente esta é a nossa realidade?”. Mas o
que não se comenta é que já se pregava esse declínio devido à mudança da cultura
familiar, ou seja, desde o inicio do século passado as famílias tem preferido enriquecer
a ter filhos, gerando com isso um rombo na previdência e um déficit em novos
talentos. Os Estados Unidos, ao menos por enquanto a maior economia do planeta -
posto ameaçado pela China, vêm sofrendo uma recessão que já faz os mais otimistas
desconfiarem que realmente chegou o fim da saga americana de Senhores do
Universo.
Ocorre que, no meio econômico, é sabido que toda aplicação tem uma margem de
risco, e ele é tanto maior quanto menor as garantias que envolvem seus
investimentos. O caso em tela não apresentava o chamado lastro necessário para
honrar os investimentos, ou seja, desprovido de garantia implícita de um ativo que
convenceria seus investidores a respeito de sua aceitabilidade. Embora a existência
de fazendas-criatórios das tais aves, estas eram em quantidade muito inferior ao
necessário para arcar com os compromissos assumidos.
Não obstante, tais evidências não foram suficientemente convincentes para se evitar o
desastre. Ainda hoje o caso encontra-se as voltas com a Justiça, porém, embora se
arrastando lentamente por anos, não se vislumbra o ressarcimento sequer do capital
investido.
No fim, não se pode olvidar que, para que alguém lucre, num esquema como qualquer
um destes, outro terá necessariamente que ficar no prejuízo. É a lógica da matemática
financeira que impõe suas regras e não admite especulações de espécie alguma.
Cruzar as todas estas histórias dá o que pensar. Deixa claro que investidores
informados, sofisticados, institucionais ou profissionais, todos se deixam envolver em
negócios financeiros que saem do padrão, quando o que está em jogo é o lucro que se
pretende, olvidando o que seria o real.
O padrão lógico é absolutamente o mesmo: os últimos serão sempre lesados.
Ressalta-se, no entanto, que, apesar dos alertas, inclusive dos setores econômicos e
jurídicos, a imprensa não tratou o caso com a devida seriedade, deixando de divulgar
resultados importantes de pesquisas realizadas pelos órgãos competentes, inclusive a
decisão da CVM sobre a punição aplicada à empresa, veiculando apenas notas de
interesse da Avestruz Master. Percebe-se, claramente, falha considerável cometida
pelos órgãos de fiscalização, numa atitude passiva diante das evidências.
Lembramos que no caso da Pirâmide nos EUA, retratando-nos ao caso Madoff, por
exemplo, a imprensa mundial divulgou incansavelmente. Trata-se da história da fraude
no fundo de hedge gerenciado por Bernard Madoff, ex-presidente da Bolsa Nasdaq e
considerado um gênio das finanças mundiais. Era uma pirâmide, como ele mesmo
admitiu, primeiro, para seus empregados. Mas a pirâmide ficou de pé por 20 anos!
Dando retorno firme de 1% ao mês, um espanto em economias estáveis, por duas
décadas! (Carlos Alberto Sardenberg, Globo.com, 16.12.08)
No caso da Avestruz Master, a imprensa brasileira somente deu a devida atenção
depois do escândalo instalado, negligenciando seu papel não somente de informar,
mas também de esclarecer a população.
Não pretendemos, aqui, culpar a imprensa pelos danos catastróficos de mais esse
esquema. Mas, talvez, se essa mesma imprensa, que divulgou inúmeros comerciais
atraindo mais e mais investidores, matérias pagas festejando o sucesso do “negócio”,
também alardeasse claramente sobre os riscos e, por último, desconfianças de
fraudes, no seu papel de divulgar e esclarecer os menos avisados, certamente o
resultado seria menos danoso.
Para os mais precavidos, era eminente o escândalo. Ocorre que, para os que
lucravam inconsequentemente com o golpe, se fecharam, convenientemente, para o
que se tornava evidente. Não é necessário ser especialista ou adivinho para saber o
resultado de tal prática, corroborado por tantos casos na história mundial.
Entendemos que houve falha por parte dos meios de comunicação, bem como da
justiça, uma vez que não se divulgou as investigações, bem como as suspeitas, até
porque não corriam em segredo de justiça.
Tomemos por base nossa cidade de Iporá-GO., a qual voltaremos nossa análise mais
especificamente. O estado de Goiás tem hoje a pior captação em poupança do país, e
a região Oeste, a qual pertence o município de Iporá, teve crescimento irrisório desde
esse advento. E esse estrago não será recuperado antes de 10 anos, seguramente.
Assim é que a Avestruz Master trabalhava com preços muito acima dos praticados
pelo mercado. Enquanto o preço do filhote de avestruz variava de 500 a 800 reais,
segundo a Associação de Criadores de Avestruz do Brasil, a Avestruz Master,
segundo Jerson Maciel, presidente da empresa, trabalhava com filhotes valendo 1.680
reais cada um.
Partindo-se da análise desses fatos, apreende-se que o sucesso de tal esquema era
inviável, somente possível diante de um milagre econômico ou de uma mágica
matemática, o que, até o momento não se demonstrou possível, não levando-se em
conta as regras de economia financeira, matemática e jurídica.
5. RISCOS REAIS
Em sua dissertação Risk, Uncertainty and Profit (1921) o cavaleiro fez a sua famosa
distinção entre "risco" (aleatoriedade com probabilidades cognoscível) e "incerteza"
(aleatoriedade com probabilidades irreconhecíveis), estabelecido o papel do
empresário em uma teoria distinta de lucro e deu uma das primeiras apresentações da
famosa lei agora de proporções variáveis na teoria da produção. (vide Wikipédia)
De acordo com a Bíblia, o salário do pecado é a morte. Partindo desse princípio, no
mundo capitalista o salário do lucro é o risco. Sem este, o lucro seria um roubo,
afirmam os economistas. Ninguém gosta de correr riscos, é um fato. Sendo assim, no
capitalismo vigente, onde defende-se o direito de o mais forte explorar o mais fraco, a
“Lei” de Jerson Maciel – aquela que busca auferir vantagem em tudo com o menor
esforço possível – talvez explique o fato de Jerson ter angariado seguidores aos
montes.
Talvez por essa razão o esquema Avestruz Master tenha obtido tanta notoriedade e
alcançado tanto sucesso, fazendo do mesmo “um garimpo de papel e penas” (Luiz
Alberto de Oliveira, in Jornal Opção).
Porém, mesmo ante tantas evidências, escancaradas de tal forma que mesmo um
cego não poderia deixar de espantar-se, até mesmo empresários experientes caíram
na armadilha tentados pela possibilidade de participação no que podemos chamar de
‘galinha dos ovos de ouro’, numa metáfora desgastada mas válida. É que o risco é a
peça motriz desse sistema, como afirma o economista Frank Knight, “o risco é uma
incerteza mensurável, de acordo com cálculos de probabilidade, enquanto a incerteza,
como o nome já diz, não admite qualquer espécie de previsão — é um tiro no escuro”.
Desta forma, a incerteza acompanha o capitalista inevitavelmente como uma das
molas propulsoras do progresso econômico.
Diante da incerteza de que o lucro esperado seja o real, diz-se que a incerteza é uma
variável impotente no processo de tomada de decisão a respeito de onde e em que
momento investir. Em havendo essa incerteza, e podendo a mesma ser medida
matematicamente, recebe o nome de risco. “Podemos definir risco como sendo a
incerteza quanto ao resultado futuro de um investimento, que pode ser medido
matematicamente. Numa definição mais simples, pode-se dizer que risco é a
probabilidade de que ocorra algo não esperado quanto ao retorno do investimento, ou
a probabilidade de ocorrer algo diferente do esperado.”
Os mais sensatos hão de alegar ingenuidade. Porém, mais que isso, tudo indica tratar-
se de mais uma das desesperadas buscas pelo enriquecimento rápido e com mínimo
de esforço.
Aproveitar-se desta “ingenuidade” é crime, além dos vários outros que o grupo
cometeu.
Ano Habitação
2008 R$ 7.585.392,14
2009 R$ 6.964.728,35
2010 R$ 8.618.349,74
Tabela 2 - Captação
Ano Captação
2008 R$ 4.198.943,70
2009 R$ 103.645,53
2010 R$ 9.600.914,33
7. ASPECTOS JURÍDICOS
Para a justiça, o caso é irreversível. Inúmeras ações de vários estados do país foram
instauradas, a fim que os credores pudessem ter amenizados os prejuízos sofridos em
decorrência da descoberta da fraude “Avestruz Master”.
Uma possível saída, seria viável se o patrimônio ultrapassasse 50% de seu débito.
Entretanto, fontes do Ministério Público informam que a análise mais otimista indica
que o patrimônio total da empresa e de seus sócios — todos os avestruzes, fazendas,
casas, carros e outros bens — não ultrapassa a casa de 10 por cento da dívida da
Avestruz Master. Lanchas, carros importados, avião, helicóptero, fazendas e os
próprios animais não alcançariam o valor reclamado pelos investidores e funcionários.
Diante de todos os pareceres jurídicos e de autoridades financeiras sobre o caso, as
chances de os investidores prejudicados receberem o dinheiro aplicado são muito
remotas, vez que não se tem notícia no meio jurídico goiano de caso equivalente em
que os credores tenham satisfeito seu crédito.
A Revista Eletrônica da Ministério Público de Goiás traz, em sua matéria datada de ,
dados sobre o que chama de “Desenrolar do maior crime financeiro em Goiás”.
Segundo consta, após três anos e dez meses do início processual, ou melhor, do
oferecimento da denúncia pelo Ministério Público Federal em Goiás, que se deu em 06
de março de 2006, após longas e exaustivas investigações, depoimentos e busca de
provas concretas, a Justiça enfim conseguiu apresentar uma resposta ao Caso
Avestruz Master.
O processo judicial, foi classificado como a maior ação já movida pelo MPF/GO,
constando, sua parte física, de 28 volumes, com 6.335 páginas e 30 apensos. O que
vale dizer que é realmente um processo “grandioso”, requisitando esforços e recursos
imensos, não só no que diz respeito ao seu manuseio e transporte, mas também “para
percorrer a história e o rito desta ação”.
Para entender melhor, trazemos à lume, alguns trechos do artigo, nos quais a revista
traz, de forma clara e suscinta, as seguintes informações:
A revista Fato Típico propõe a reconstrução jurídica desse caso, com o objetivo não
apenas de mostrar o trabalho do Núcleo de Persecução Criminal da Procuradoria da
República em Goiás (PR/GO), mas também de evidenciar um exemplo no combate ao
crime do colarinho branco.
A diretora financeira Patrícia Áurea da Silva Maciel foi condenada a 13 anos e seis
meses de prisão e o diretor comercial Jerson Maciel da Silva Júnior a 12 anos e 45
dias de prisão. Já para o gestor e diretor Emerson Ramos Correa, a punição foi de 12
anos e 10 meses de reclusão. Da decisão, é cabível recurso.
8. CONCLUSÃO
Muitos economistas não consideram o risco um mal em si. Porém, é preciso certos
cuidados e alerta no momento de fazer investimentos, pois não se pode olvidar que,
quanto maior for a rentabilidade, maior é o risco que traz embutido.
No caso em tela, embora o catastrófico resultado desta prática absurda, entendemos
que o investidor, tido como vítima inocente, deveria, ou ao menos poderia ter a
consciência dos riscos que corria. Mas tão ansiosos estavam pela possibilidade do
lucro fácil, fecharam os olhos para as evidências.
A crise gerada pelo caso Avestruz Master trouxe consigo várias conseqüências
negativas e em vários segmentos, notadamente para a região de Iporá-Go. O
município sobrevive dos recursos advindos do comércio local, aplicações bancárias
advindas das economias, e prática agropecuária. Em havendo prejuízos de monta
considerável na economia desses pequenos investidores, o setor ficou estagnado,
necessitando ser socorrido pelas instituições bancárias a fim de viabilizar novamente o
crescimento econômico.
Por esse ângulo, poderia dizer que a crise trouxe certo benefício, pois que forçou a
produtividade e retorno às aplicações na economia local, geradora de benefícios reais
à comunidade.