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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE PAULISTA- UNORP

MICHELLY DOS SANTOS MARTINS

PARTO PREMATURO ASSOCIADO À DOENÇA PERIODONTAL

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

2014
MICHELLY DOS SANTOS MARTINS

PARTO PREMATURO ASSOCIADO À DOENÇA PERIODONTAL

Trabalho de Conclusão do Curso


Apresentado ao Centro Universitário do
Norte Paulista, como requisito para obtenção
do título de graduação em Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Gomes

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

2014
MICHELLY DOS SANTOS MARTINS

PARTO PREMATURO ASSOCIADO À DOENÇA PERIODONTAL

Trabalho de Conclusão do Curso


Apresentado ao Centro Universitário Norte
Paulista, como requisito para obtenção do
título de graduação em Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Gomes

APROVADO EM

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________
Prof°. Dr° Ricardo Gomes

_______________________________________________________

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE PAULISTA

_______________________________________________________

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE PAULISTA


AGRADECIMENTO

Agradeço a todos que de alguma forma me apoiaram e me ajudaram


direta ou indiretamente.

A DEUS pelo amparo e proteção, por ter conseguido chegar até aqui,
e que eu possa dar continuidade nesse sonho que está começando a se tornar
realidade.

A minha mãe Maria, pois sem ela realmente não conseguiria ter ido
tão longe. Seu esforço, paciência, dedicação, amor entre outras qualidades mais
que são infinitas.

Aos meus patrões Drª Conceição Gomes e Drº Ricardo Gomes, pelo
incentivo, ajuda e carinho que sempre tiveram comigo e por tudo que aprendi
estando ao lado de pessoas tão especiais que vou levar para sempre no meu
coração.

As amigas que tive o privilégio de conhecer nesses cinco anos, Bruna


Garcia, Daiane Ferreira e Priscila Feltrin, essas que sempre que precisei me
ajudaram e me apoiaram. Com fé vencemos juntas.

Ao meu namorado Kelvin, que esteve comigo nessa etapa final, mas
com sempre muito carinho e amor, me ajudando e apoiando em tudo.
“Paciência e perseverança têm o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e
os obstáculos sumirem”

(John Quincy Adams)


RESUMO

A doença periodontal tem etiologia multifatorial, sendo alguns fatores sistêmicos


contribuintes para sua ocorrência. No período gestacional podem ser observadas diversas
mudanças fisiológicas e imunológicas, ocasionando a gengivite gravídica, granuloma
piogênico e potencialização da periodontite. Nesse contexto, observa-se que a presença de
microrganismos presentes na placa bacteriana e periodontite são capazes de desencadear
respostas inflamatórias locais onde serão liberados mediadores inflamatórios capazes de
atingir a circulação sanguínea, chegando até a barreira fetoplacentária. Com isso, devido à
liberação exacerbada desses mediadores inflamatórios e liberação de endotoxinas, pode
ocorrer o parto prematuro, além de o neonato apresentar baixo peso. O Cirurgião-Dentista
deve, portanto, atuar como um esclarecedor de possíveis dúvidas por parte das mães e orientá-
las sobre os problemas gestacionais associados à má-higienização bucal e mesmo às
mudanças no período de gestação. Este trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo
pesquisar a influência da doença periodontal na ocorrência de partos prematuros. Para isso, foi
realizada pesquisa bibliográfica sobre o referido tema nas bases de dados do Google
Acadêmico, SCIELO, Pubmed e Bireme.

Palavras-chave: doença periodontal, parto prematuro, saúde bucal.


ABSTRACT

A periodontal disease has a multifactorial etiology, and some systemic factors may contribute
to its occurrence. During pregnancy, many physiological and immunological changes may be
observed, which will lead to pregnant gingivitis, pyogenic granuloma and potential
periodontitis. In this context, it is observed the presence of microorganisms in the plaque and
periodontitis, which are capable of starting local inflammatory response where inflammatory
mediators enter the blood circulation, reaching the fetoplacental barrier through it. Thus, due
to heightened release of these inflammatory mediators and endotoxins, premature childbirth
may occur, and the child can become underweight. Therefore, the dentist must act as a guide,
talking about possible concerns of mothers and educate them about the problems associated
with gestational bad oral hygiene and even to changes in the gestation period. This course
conclusion paper aims to explore the influence of periodontal diseases on premature
childbirth. For it, the literature search was made through website databases, e.g. Scholar,
SCIELO, Pubmed and BIREME.

Keywords: periodontal disease, premature childbirth, oral health .


SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO............................................................................................................9

2.OBJETIVO..................................................................................................................11

3.MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................12

4.REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................13

5.CONCLUSÃO.............................................................................................................19

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................20
1. INTRODUÇÃO

A doença periodontal compreende um grupo de doenças infecciosas que levam à


inflamação dos tecidos periodontais, ocasionando a perda progressiva de tecido conjuntivo de
inserção e, consequentemente, perda do osso alveolar (COSTA, 2010).
A periodontite, por sua vez, é uma doença inflamatória crônica de origem
multifatorial, iniciada a partir da presença de variadas bactérias, especialmente do tipo
anaeróbias Gram-negativas, causando a destruição tecidual através da ativação de células
imunes, liberação de citocinas e outros mediadores pró-inflamatórios (COSTA, 2010).
Para GENDRON et al. (2000), citado por COSTA (2010), os focos orais de
infecção podem ser conceituadas como infecções capazes de ocorrer em diferentes regiões do
corpo, oriundas de infecção por microrganismos ou seus produtos presentes, inicialmente, na
cavidade bucal.
As doenças periodontais, então, são reconhecidas como infecções bacterianas que
possuem íntima relação com diversas condições sistêmicas como o diabetes, doenças
cardiovasculares, parto prematuro e outras (COSTA, 2010).
O parto prematuro ou pré-termo ocorre quando a gestação termina antes de 37
semanas e a criança apresenta peso inferior a 2.500 g, podendo resultar em deficiências graves
ou mesmo incapacitantes no recém-nascido, incluindo alterações respiratórias, cegueira,
paralisia cerebral e deficiências de aprendizagem (COSTA, 2010; VASCONCELOS et al.,
2012).
Os fatores de risco mais associados ao nascimento de crianças prematuras são
gestações múltiplas, infecção genital e a doença periodontal (MENDONÇA JÚNIOR, 2010;
PISCOYA, 2010). Além disso, baixo nível sócio-econômico, acompanhamento pré-natal
insatisfatório, abuso de drogas e uso de tabaco e álcool (PISCOYA, 2010).
O período gestacional é marcado por alterações na composição da placa
subgengival, na resposta imunológica e no nível de hormônios no organismo. Este fato é um
fator que influencia na resposta do periodonto, provocando o aumento da vascularização e da
permeabilidade vascular dos tecidos gengivais e, por conseqüência, resposta exacerbada dos
tecidos frente ao irritante (MENDONÇA JÚNIOR, 2010; SOUZA et al., 2012).
A doença periodontal sendo considerada uma infecção capaz de interferir no
período gestacional e ser um dos causadores da estimulação do parto pré-termo, acredita-se

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que ela pode agir da seguinte forma: a resposta a situações inflamatórias no período
gestacional é considerada como potencial ativadora do mecanismo de retardo do crescimento
da criança ainda no útero. Ainda, o aumento acentuado do nível de hormônios femininos
circulantes é responsável pela exacerbação da reação inflamatória gengival, promovendo a
liberação de mediadores inflamatórios no sangue, atingindo a placenta e causando uma
irritabilidade anormal da musculatura lisa do útero. Isso faz com que seja induzida uma
contração uterina e dilatação cervical, atuando como o precursor para o parto prematuro
(MENDONÇA JÚNIOR, 2010; VASCONCELOS et al., 2012).
No desenvolvimento de um processo inflamatório, os níveis dos mediadores
inflamatórios prostaglandinas aumentarão e, por conseqüência, pode-se aumentar também os
níveis de prostaglandinas no organismo da gestante, podendo desencadear o parto
prematuramente (TROTTA, 2008).
Além disso, é possível sugerir uma associação entre a doença bucal e outras
alterações intimamente ligadas com a presença e aumento de citocinas além do parto
prematuro como o nascimento de crianças com baixo peso e pré-eclâmpsia (PASSINI
JÚNIOR et al., 2007).
Sendo assim, é importante ressaltar que a gestação não causa a periodontite, mas
podem exacerbar condições periodontais desfavoráveis existentes antes mesmo do período
gestacional. Exemplo disso é a profundidade das bolsas periodontais que parecem aumentar
neste período, podendo haver perda de inserção periodontal (PISCOYA, 2010).

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2. OBJETIVO

Realizar revisão bibliográfica e apresentar a associação entre a doença periodontal


e o nascimento de crianças prematuras e de baixo peso.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Consistiu em revisão bibliográfica em torno do tema proposto através de pesquisa


detalhada nos sites das bases de dados do SCIELO, Google Acadêmico, Pubmed e Bireme.
Os descritores utilizados para o levantamento bibliográfico foram “doença periodontal”,
“parto prematuro” e “saúde bucal”.
Foram selecionados artigos científicos de revisão literária, estudos de meta-
análise, cartilhas e manuais do Ministério da Saúde, monografias e dissertações totalizando 17
trabalhos entre os anos de 2001 a 2013.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

O período gestacional é um processo fisiológico feminino marcado por diversas


alterações físicas, emocionais e hormonais que simbolizam a adaptação de todo o organismo
da mulher para a manutenção da gravidez. Estas alterações levam a mudanças também
fisiológicas funcionais, anatômicas, sistêmicas e locais (RIBEIRO, 2013).
Nesse período é possível notar alterações nos tecidos gengivais como o aumento
vascular da área e resposta aumentada aos irritantes a que esse tecido se expõe devido à
influência dos hormônios estrógeno e progesterona. Além disso, a presença destes hormônios
está ligada ao aumento da mobilidade dental, do fluido gengival e profundidade do sulco
(RIBEIRO, 2013).
As alterações ocorridas nos tecidos periodontais aumentam a possibilidade do
aparecimento da doença, porém as alterações hormonais, isoladas, não têm a capacidade de
promover tais danos. Isso ocorre com a associação de hábitos de higiene oral inadequados
prévios à gestação (RIBEIRO, 2013).
A doença periodontal, por sua vez, refere-se a um processo inflamatório com
início devido à presença de placa bacteriana, envolvendo as estruturas de suporte do elemento
dentário, responsáveis pela junção dos dentes em seu determinado alvéolo (RIBEIRO, 2013).
De origem infecciosa e inflamatória crônica, esta doença causa a inflamação dos
tecidos periodontais, perda do suporte ósseo e tecido conjuntivo de inserção e tem como sua
bactéria predominante as anaeróbias gram negativas (COSTA, 2010).
Há inúmeros tipos de doença periodontal, dividindo-se em dois grupos: gengivite
e periodontite. A gengivite refere-se à alteração dos tecidos moles. Já a periodontite pode
alterar, além dos tecidos moles, os tecidos duros, incluindo osso, ligamento periodontal e
cemento (LOURO et al., 2001).
Alguns fatores podem estar associados ao aparecimento e desenvolvimento das
doenças periodontais, dividindo-se em congênitos/hereditários ou adquiridos/ambientais.
Como congênitos pode-se dar como exemplo a raça, sexo e disfunção fagocítica. Já os fatores
adquiridos ou ambientais compreendem a higiene bucal insatisfatória, fumo, idade e estresse
(TROTTA, 2008).
Ainda assim, o principal fator etiológico para a ocorrência destas doenças é a
presença de biofilme dental, sendo este composto por diversos microrganismos, restos
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alimentares e celulares, glicoproteínas da saliva e células do sistema imunológico. O fato de
não se remover este biofilme pode favorecer o aparecimento de doenças de gengiva e do
periodonto (TROTTA, 2008).
A primeira manifestação da doença periodontal é a gengivite. Neste caso há um
desequilíbrio entre a defesa imunológica do hospedeiro frente à agressão por parte das
bactérias. Com isso, em estágio inicial, o indivíduo apresenta hiperemia, edema e
sangramento gengival (RIBEIRO, 2013).
Quando não há a intervenção do profissional Cirurgião-Dentista no tratamento
dessas infecções gengivais ou dentais, pode ocorrer uma bacteremia onde microorganismos
atuam em vários órgãos e também na corrente sanguínea, causando intercorrências
gestacionais, como o Parto Pré-Termo, Baixo Peso ao Nascer e Pré-Eclampsia. Além disso, há
evidências de um comprometimento sistêmico cardiovascular (COSTA, 2010).
Normalmente o parto prematuro ocorre pela ruptura precoce das membranas,
trabalho de parto prematuro, complicações maternas ou complicações do feto. Dentre estes
quatro pontos, acredita-se que a ruptura precoce das membranas e indução de parto prematuro
possam ser causadas pela reação inflamatória oriunda de infecções, incluindo-se a doença
periodontal (TROTTA, 2008).
Os focos orais de infecção podem ser conceituados como infecções capazes de
ocorrer em diferentes regiões do corpo, oriundas de infecção por microrganismos ou seus
produtos presentes, inicialmente, na cavidade bucal (GENDRON et al., 2000 apud COSTA,
2010).
Para a paciente gestante, a doença periodontal pode atuar negativamente através
de toxinas geradas por bactérias específicas geradoras da citada doença, sendo estas capazes
de atingir a circulação sanguínea, chegando até a placenta (TROTTA, 2008; COSTA, 2010).
Diante desse ataque infeccioso, o sistema imunológico da mãe responde liberando
mediadores inflamatórios e citocinas que podem promover o nascimento prematuro e
comprometer fatores de crescimento do feto (COSTA, 2010).
Sendo assim, a gestante caracteriza-se como uma paciente que apresenta risco
temporário de se desenvolver a doença periodontal (DOMINGUES et al., 2010; SOUZA et
al., 2012).
Em um parto de condições sistêmicas normais, a ruptura da membrana ocorre
apenas depois de se iniciar as contrações do útero. No entanto, a partir de mudanças

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hormonais e mecânicas é possível haver um aumento da atividade uterina, sendo maior
proporção de estrogênio e progesterona e produção de ocitocina e distensão da musculatura
uterina (TROTTA, 2008).
O estrogênio e a progesterona são responsáveis pela produção de mediadores
químicos, onde estes favorecem o processo inflamatório, causando edema intenso e
suscetibilidade a hemorragias. As gestantes com a doença periodontal estão mais predispostas
a gerarem prematuros, pois a doença severa causa uma elevação de mediadores inflamatórios,
onde o principal mediador são as prostaglandinas que estão relacionadas à contração uterina,
podendo induzir a prematuridade. Estes mediadores são produzidos no periodonto infectado,
direcionando para a circulação sistêmica, transpondo a barreira corioamniônica antes das
trinta e sete semanas de gestação, estimulando o parto prematuro (TABOSA, 2010).
Níveis altos de Prostaglandina E2 foram encontrados no líquido gengival da mãe
de parto pré-termo e baixo peso ao nascer. Foi possível ainda estabelecer uma associação
entre baixo peso ao nascer e níveis de prostaglandina E2 devido a presença do fator de
necrose tumoral aumentada durante a gestação, podendo induzir o trabalho de parto
prematuramente (LOURO et al., 2001).
ROCHA (2012) ainda relata que as prostaglandinas são encontradas no líquido
anminiótico quando se inicia o trabalho de parto, e sem elas o parto é impossível, e quando há
em abundância o parto se torna inevitável. Portanto, sabendo que numa gravidez normal os
níveis de prostaglandinas aumentam, a periodontite pode induzir o parto prematuro, pois
acelera a produção de Prostaglandinas, analisando o liquido anminiótico da gestante com
periodontia.
LIMA (2012) explica esse processo afirmando que a placa subgengival e
organismos patogênicos do biofilme que ficam sob a margem gengival é um dos fatores que
comprovam a associação entre a doença periodontal e o parto prematuro, assim como as
bactérias que penetram na gengiva que reage lançando mediadores inflamatórios. Essas
bactérias e seus produtos em conjunto com a citocina local invadem a circulação sistêmica,
levando a uma resposta tumoral, e quando chegam ao útero ocorre o parto prematuro.
O parto prematuro ou Pré - Termo, como é usado na atualidade, é o período em
que a criança nasce antes de 37 semanas completas de gestação. Os Recém – Nascidos de
baixo peso, por sua vez, independente do tempo gestacional, nascem com peso menor que
2.500g (COSTA, 2010; SANTOS, 2011).

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DOMINGUES e colaboradores (2010) relataram em trabalho que investigava os
possíveis fatores de risco para o parto pré-termo que o ambiente materno e socioeconômico
podem estar relacionados para o desenvolvimento da doença periodontal. Além destes, os
autores apontaram também o estresse, tabagismo, infecções genito-urinárias, uso de drogas e
idade.
Para estes mesmos autores, a probabilidade de um parto pré-termo e o baixo peso
do recém-nascido é aumentada em até quatro vezes quando a mãe da criança possui instalada
a doença periodontal.
A infecção é apontada como uma das principais causas para a contribuição do
nascimento prematuro, devido a ação das bactérias através de suas toxinas estimulam a
liberação de mediadores inflamatórios como a prostaglandina E 2, interleucinas 1b e 6 e fator
de necrose tumoral (PISCOYA, 2010).
PISCOYA (2010) ainda sugere que as infecções de origem periodontal possam ser
responsáveis pela metade dos partos prematuros sem uma causa identificada ou definida.
As alterações bucais durante a gestação estão ligadas ao aumento da
permeabilidade vascular e ao aumento da vascularização dos tecidos gengivais, alterações na
microbiota bucal e metabolismo celular. Observa-se ainda elevações de nível hormonal de
prostaglandina e estrógeno, sendo de grande importância no período gestacional
(DOMINGUES et al., 2010).
Durante a gestação a saúde bucal deve ser monitorada e cuidada, pois é neste
período em que as alterações podem ocorrer. A gestante deve fazer o controle do biofilme por
meio de higiene apropriada para evitar sangramentos e inflamações (PASSINI JUNIOR et al.,
2007; SANTOS, 2011).

MENDONÇA JÚNIOR (2010) avaliou as influências da condição periodontal na


gestante e observou que foram detectados em altos níveis quatro microrganismos associados à
placa bacteriana e progressão da doença periodontal em mães que sofreram parto prematuro e
tiveram bebês com baixo peso ao nascer. Entre elas o autor cita Porphyromonas
gingivalis,Tannerella forsythia, Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Trepanema
denticola.
SOUZA e colaboradores (2012) afirmaram a partir de um estudo sobre a
associação entre a doença periodontal e o parto prematuro que a principal manifestação
clínica apresentada nas gestantes é a gengivite presente na mãe, acompanhado de má
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higienização oral. Este dado sugere a intervenção odontológica no período gestacional como
vital.
CAMARGO & SOIBELMAN (2005) avaliaram a prevalência da doença
periodontal na gravidez e sua influência na saúde do recém-nascido e de acordo com o estudo
não foi possível associar tal doença em puérperas com bebês prematuros e de baixo peso.
Contrapondo-se à este dado apresentado, no mesmo ano, LOPES e colaboradores
realizaram um trabalho que avaliava a condição periodontal materna e o nascimento de bebês
prematuros e de baixo peso. Eles observaram que as mães que tinham bebês prematuros ou de
baixo peso possuíam condições periodontais piores comparadas às mães que apresentavam
saúde bucal com nascimentos de bebês saudáveis. Os autores ainda sugeriram que a infecção
periodontal pode ter ligação com o nascimento pré-termo.
O parto pré-termo é resultado de algumas complicações gestacionais, como a
ruptura precoce das membranas, complicações maternas e fetais e trabalho de parto
prematuro. No caso da ruptura precoce das membranas, é possível que se haja uma associação
com a resposta inflamatória causada pela doença periodontal (TROTTA, 2008).
Já COSTA (2010) concluiu que há uma associação moderada entre a doença
periodontal e problemas no período gestacional, porém alerta para a necessidade de se realizar
mais estudos sobre o assunto.
DOMINGUES e colaboradores (2010) mostraram que a doença periodontal pode
ser um fator de risco para o nascimento de bebês prematuros, assim como outros fatores
citados, mostrando que há uma relação então multifatorial para o estabelecimento da doença
periodontal.
Divergindo deste estudo, VASCONCELOS e colaboradores (2012), estudaram os
fatores de risco que levam à prematuridade e concluíram que a doença periodontal não
apresentou associação com o parto pré-termo, mas alertaram, assim como outros autores já
citados, para a necessidade de se incluir as gestantes em programas para prevenção e para
diminuição de riscos que possam acarretar complicações indesejáveis na gravidez.
MENDONÇA JUNIOR (2010) afirma que há influências da condição periodontal
na gestante, onde as respostas inflamatórias conseqüentes da sua progressão poderão atingir a
corrente sanguínea e agir na barreira feto-placentária, induzindo contrações uterinas e
diminuindo a absorção de nutrientes pelo feto, levando ao parto prematuro.

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TROTTA (2008) conclui, através de estudo sobre a relação entre doença
periodontal e complicações gestacionais que, existindo mecanismos biológicos que indicam
associação entre complicações gestacionais e a doença periodontal, não há evidências de que
realizando o tratamento da doença essas complicações diminuam. Deve-se, então, fazer o
controle da doença anteriormente à gestação, assim como outros fatores envolvidos.
RIBEIRO (2013) avaliou, através de revisão literária, a relação entre doença
periodontal em gestantes com parto prematuro e o nascimento de bebês de baixo peso.
Notaram que as pesquisas sobre este problema são controversas, onde a maioria dos estudos
afirmam a existência desta associação e outros trabalhos a descartam.
SOUZA e colaboradores (2012) estudaram o envolvimento sistêmico da doença
periodontal. Eles não conseguiram demonstrar que a doença periodontal possa ser um fator de
risco para agravos e desordens sistêmicos. Porém, este fato não minimiza a importância da
manutenção da saúde bucal para os acometidos ou não por esta doença.

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5. CONCLUSÃO

Pode se concluir que a doença periodontal pode ser um fator de risco e levar ao
parto prematuro, sendo necessário mais pesquisas e estudos para que possa afirmar essa
associação.

Um fator muito importante para que possa evitar a doença periodontal é a


manutenção e o controle do biofilme com higiene correta antes, durante e após a gestação.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sua influência na saúde do recém-nascido. Revista AMRIGS, Porto Alegre, v. 49, n. 1, p.
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baixo peso: estudo caso-controle. Revista Brasileira Ginecologia Obstétrica, v. 27, n. 7, p.
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LOURO, P. M.; FIORI, H. H.; LOURO FILHO, P.; STEIBEL, J.; FIORI, R. M. Doença
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