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É um texto que tem como objetivo mostrar a importância e o passo a passo da investigação
(ou análise de acidente de trabalho, se preferir).
ÍNDICE DE CONTEÚDO
Todo o acidente de trabalho, de certa forma mostra que a segurança do trabalho falhou
mostra que o profissional ou os profissionais de SST falharam, uma vez que eles existem
justamente para evitar esse tipo de ocorrência.
Mas fato é que essa falha nem sempre deve ser motivo de vergonha. Pequenos acidentes
infelizmente acontecem até com certa frequência!
Uma pessoa fazendo barba, por exemplo, pode sofrer pequenos cortes ou arranhões, pessoas
se machucam jogando bola, andando de moto, etc., ou seja, no dia a dia pequenos acidentes
acontecem, mas, quando é na empresa se quer o conceito de zero acidente.
O melhor conceito para o acidente de trabalho é o da taxa inerente, como diz o colega Cosmo
Palasio, ou seja, o que podemos ter de melhor em relação à segurança do trabalho e mesmo
ao acidente de trabalho relacionado ao risco da nossa atividade?
A ideia é não entrar na neurose do zero acidente para que o trabalhador possa trabalhar em
paz.
A investigação de acidente apesar de parecer uma ação ingrata é muito importante. Isso para
evitar que acidentes parecidos, ou até mais graves aconteçam.
– Acidentes leves podem preceder acidentes mais graves: se o acidente foi leve, e logo,
aparentemente sem importância, devemos lembrar que, esse pequeno acidente pode
preceder a um grande acidente.
– Custos legais: investigar para evitar toda dor de cabeça causada pelos acidentes de trabalho
como, perdas de oportunidades de negócios, indenizações, aposentadorias precoces,
embargos ou interdições, etc.
– Envolver pessoas: assim como tenho dito em meus eventos presenciais, treinamento não
envolve as pessoas.
É um erro pensar que colocar o trabalhador sentado dentro sala de treinamento, para que o
mesmo nos escute falar, falar, falar, até espumar o canto da boca, o fará envolvido com a
segurança do trabalho.
No processo de investigação de acidentes temos a oportunidade de envolver pessoas,
conversar com pessoas, dar trabalho para os cipeiros, trocar ideias com as lideranças formais e
informais da empresa.
É uma oportunidade de ouro para pedir favor, delegar trabalho, trocar experiências e envolver
pessoas.
A NR 4, veja:
h) analisar e registrar em documento (s) específico (s) todos os acidentes ocorridos na empresa
ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional, descrevendo
a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais,
as características do agente e as condições do (s) indivíduo (s) portador (es) de doença
ocupacional ou acidentado(s);
A NR 5, veja:
A NBR 14280 traz em seu texto o conceito das Taxas de Frequência e Gravidade. Elas não são
relacionadas diretamente a investigação, mas, são importantes porque tem ligação com a
quantidade de acidentes ocorridos na empresa.
A análise do acidente de trabalho por parte da empresa tem objetivo totalmente diferente da
análise criminal.
A análise criminal do órgão competente visa descobrir os culpados pelo acidente para uma
possível:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social:
– Determinar se alguém poderia ter agido para evitar o acidente e não o fez.
Responsabilidade criminal (penal).
Segundo o artigo. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente.
A tabela abaixo te ajudará a determinar o nível da análise de acidente mais apropriada para o
nível do evento adverso ocorrido.
É importante lembrar que mesmo um acidente leve acontecido hoje, pode ter potência para se
tornar um grave acidente amanhã.
Mesmo acidentes que não causaram vítimas hoje, por uma questão de sorte, pode vitimar
gravemente uma ou mais pessoas amanhã.
Já devemos mergulhar de forma mais profunda na análise em si, para aprender as lições gerais
deixadas pelo acidente.
Uma análise de acidente em nível médio deve envolver ainda mais o superior e todas as
lideranças formais e informais da empresa.
Eventos adversos podem ter muitas causas. O que na linguagem popular pode ser visto como
má sorte, nas análises de acidente é visto como falha, erros, desvios…
Muitos dos erros e falhas cometidos no ambiente de trabalho quase inevitavelmente levar ao
evento adverso.
– Causa raiz: a falha da qual todas as outras se alimentam. Essa é sempre a principal a ser
combatida (estrutura de andaime mal dimensionada, falta de aterramento de equipamento
elétrico, falta de escoramento em corte de terras, etc.).
Para se livrar das ervas daninhas, você deve desenterrar a raiz. Se você apenas cortar a
folhagem, o erva daninha vai crescer novamente.
Da mesma forma para evitar acidentes de trabalho (eventos adversos) é importante fornecer
medidas eficazes de controle de risco. Medidas que abordem as causas imediatas, subjacentes
e raízes.
Logo abaixo estarei sugerindo novamente que o profissional de SST não trabalhe sozinho.
Eu sei que em muitas empresas envolver pessoas é muito difícil. Cada um está mais
preocupado em produzir do que cuidar da qualidade do ambiente de trabalho.
Pode começar envolvendo poucas pessoas nas ações de segurança aos poucos e ir avançando
com o tempo, com o número de envolvidos e com o aprendizado.
Todas as empresas que possuem uma gestão de SST madura possuem algo em comum: a
segurança do trabalho não patrimônio apenas do setor de SST.
Quanto mais o setor de SST busca resolver tudo sozinho, mais isolado e fraco ele fica!
- INVESTIGAÇÃO DE INCIDENTES
A própria Pirâmide de Bird apresenta uma preocupação muito grande com os incidentes. E
mostra que em muitos casos, para um incidente se tornar um acidente faltou apenas sorte.
A cena do acidente (aspecto físico), entrevista com testemunhas (verbalização), análise dos
riscos, processos de trabalho, manuais da empresa (escrita).
Com base nas informações levantadas descobrir o que saiu errado. E descobrir os passos para
evitar que o acidente ocorra novamente.
Uma investigação de acidentes que conclui que operador errou raramente é aceitável. A
menos que o acidente tenha sido criminoso!
Um erro humano é geralmente resultado de uma situação que um operador ou uma equipe
não puderam fazer o que era certo por razões ligadas a concepção, interface, a organização, a
formação, etc.
Um trabalhador que coloca que ao colocar sua mão numa área cortante de uma máquina
(mesmo recebendo orientação para não fazê-lo), e por isso tem sua mão amputada nem
sempre será o culpado pelo próprio acidente.
Ela patrocina ações inadequadas, por exemplo, quando sabe (através do líder imediato do
empregado) que ele comete ações inadequadas (desvios) frequentemente, e mesmo assim
não coíbe o comportamento.
Muitas vezes os manuais de SST da empresa são lindos, mas na prática o que se vê em relação
ao ambiente é desordem e falta de prioridades com quesitos de saúde e segurança do
trabalho.
Tão logo a correria de socorro ao acidentado passe, e assim que possível, o profissional de SST
já deve começar a pensar em como deverá conduzir a análise do acidente.
- REQUISITOS DO INVESTIGADOR
É muito difícil abandonar a primeira impressão, se você já começar a análise do acidente com
uma crença pré-concebida sobre a causa do acidente, isso pode colocar toda investigação de
acidente de trabalho a perder. Seria melhor, nesse caso, delega-la a outra pessoa…
A coleta de informações deve privilegiar deve ser feita pensando em encontrar todas as
variáveis que levaram ao acidente de trabalho, e sendo assim:
– Explora todas as linhas razoáveis de investigação: o avaliador não deve ficar na superfície.
Deve aprofundar na análise do acidente.
– É oportuno:
Agora que você já teve acesso ao mínimo de teoria necessária. Já conhecemos os cuidados que
devemos adotar para ter uma análise eficiente. É hora de estudarmos o passo a passo da
investigação.
2 – Preservar a cena do acidente (se for possível): se o local do acidente é importante para a
produção, em alguns casos será impossível mantê-lo preservado por longo período.
4 – Anotar nomes de pessoas que viram o acidente acontecer. E se não houver, de pessoas
que conversaram ou socorreram o acidentado.
9 – Como ocorreu o acidente: descobrir todas as possíveis causas e ir afunilando para a causa
raiz do meio para o final.
10 – Fazer simulado: peça para o acidentado ou para as testemunhas (caso o acidentado não
possa fazer) simularem a situação em que ocorreu o acidente. Mas cuidado para que na
simulação não ocorra outro acidente.
A premissa “o acidente só acontece onde a prevenção falha” deve sempre ser lembrada
durante a investigação do acidente de trabalho.
“O acidente não acontece por acaso e sim por descaso”. Nossa missão é descobrir qual foi a
falha, erro, descaso, causa raiz em questão…
A ideia é que através dessas perguntas tenhamos um desenho nítido das condições de
trabalho.
Se você notar que uma testemunha relata algo contrário a que outra relatou, tente colher mais
testemunhas para ter o relato mais fiel possível do que realmente aconteceu.
A ideia é deixar o entrevistado à vontade, para assim conseguir o melhor desenho possível da
situação em que o acidente aconteceu.
Exemplos de perguntas:
Função: Ajudante
INFORMAÇÃO DO ACIDENTE
DESCRIÇÃO DO ACIDENTE
Segundo depoimento do próprio do Wallyson, ele foi puxar um palete de uma pilha de paletes com 15
de altura, foi então que o 14º palete caiu em cima de seu pé esquerdo, ocorrendo à lesão.
PARECER DA TESTEMUNHA
“Ouvi o barulho e vi ele sair mancando, não entendi direito o que aconteceu. O palete caiu em cima
do pé do funcionário que estava retirando um palete do monte de palletes".
____________________________________ _________________________________
Nome Função
Observações
SERVIÇO COMPATÍVEL
DADOS DO FUNCIONÁRIO
IDENTIFICAÇÃ
NOME: Danila Aparecida da Silva Ramos 78690
O:
FÁBRICA SETOR
Grow Montagem C.C. 54100
: :
TELEFONE
IDADE: 26 anos (11) 9. 69882 - 9239
:
IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL
CARGO / TEMPO NA
Auxiliar de Produção “B” N.I.
FUNÇÃO: FUNÇÃO:
ATIVIDADE
HABITUAL EVENTUAL NOVA ACIDENTES NOS
: X
ÚLTIMOS 12
TURNO: PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO
X MESES
PARTE DO CORPO
Olho Esquerdo
ATINGIDA:
PROVIDÊNCIAS /
Encaminhada ao Hospital UNIMED
TRATAMENTO:
DIAS DIAS
5 dias.
PERDIDOS: DEBITADOS:
ENFERMAGEM DO
VANESSA CRISTINA DRIZLIONOKS
TRABALHO
ASSINATURAS
MÉDICO DO TRABALHO Marcos Paulo Carvalho Dadico
NOME: RE:
TESTEMUNHAS
NOME: RE:
MEMBRO DA
NOME: RE:
CIPA
ATO INSEGURO:
TIPO DE
ACIDENTE CONDIÇÃO
INSEGURA:
PRESIDENTE DA
Emerson Rossini
CIPA
VICE PRESIDENTE
Jardel Ricardo Pacheco
DA CIPA
GERENTE
Ricardo Liberato
INDUSTRIAL
SUPERVISÃO DE
Adriana de Oliveira
RH
ANÁLISE DE ACIDENTES – MÉTODO ADC (ARVORE DE CAUSAS)
I M
A colaboradora utilizava a cola Material Cianocrilato cola
PR1 quando percebeu que o bico de aderência rápida,
dosador estava entupido e respingou no olho
utilizou uma f aca para desentupir esquerdo da colaboradora
o mesmo. E no momento não
estava utilizado o óculos de
segurança
Processo de
desentupimento do bico
dosador da cola
utilizando uma f aca
MT T
I= Individuo
Falta de um equipamento Realizava o
T= Taref a
apropriado para desentupir o bico desentupimento do
M= Material
dosador bico dosador do
MT= Meio de Trabalho
recipiente com cola
CAUSAS PROVÁVEIS
RECOMENDAÇÕES DA SEGURANÇA
O treinamento até pode ser uma das medidas de controle, mas nunca será a única e nem a
principal!
A busca por culpado pode existir se o acidente foi causado por vontade própria ou de terceiro
(se foi criminoso).
Basicamente a análise de acidente busca identificar onde o acidente aconteceu, com quem
aconteceu, quando aconteceu, porque aconteceu, e o que fazer para evitar que se repita.
RELATÓRIO DE MELHORIAS
Existem vários planos de ação interessantes. Nesse final de artigo falarei sobre o SMART e
5W2H.
Todo plano de ação precisa conter itens que “forcem” as partes relacionadas a agir. O efeito
básico é esse!
- META SMART
Criei um artigo em que mostro Como Utilizar a Meta SMART Para Evitar Acidentes de Trabalho.
– Attainable (Alcançável): Se uma empresa tem em média 100 acidentes de trabalho por ano,
dificulmente ela conseguirá chegar a zero acidente já no próximo ano.
Então a meta zero acidentes para ela, dentro de uma ano, não é alcançável.
– Relevant (Relevante): Se a empresa tem média de 100 acidentes de trabalho por ano, e
colocar como meta para os próximos 3 anos, chegar a 99 acidentes de média. A princípio
podemos dizer que a meta dela é irrelevante.
Você pode baixar uma plano de ação como o mostrado no artigo Plano de Ação 5w2h –
Planilha para baixar grátis.
O 5w2h é um plano de ação que se baseia nas perguntas: O que? Porque? Como? Onde?
Quem? Quando? Quanto?
O 5w2h é uma forma simples de qualquer pessoa ou empresa conseguir estruturar seus
objetivos, planos e metas. E claro, é muito indicado que seja aplicado logo após a análise de
acidente de trabalho.
CONCLUSÃO
A análise de acidente de trabalho é uma tarefa muito importante. Lembre-se que o objetivo
não é ficar na superfície! Não é buscar culpados ou assumir como verdade a primeira causa
raiz que aparecer…
O objetivo é mergulhar a fundo é descobrir a causa ou as causas raízes para assim, poder
implementar as medidas corretivas ou de controle necessárias.
Com o passo a passo dado nesse texto você tem tudo o que precisa para começar!