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Sinopse

Era para ser só uma simples viagem de carro, mas o destino tem suas
artimanhas. Agora, a irmã curiosa e o amigo que sabia bem que não se
deve dormir com a irmã do melhor amigo precisam enfrentar as
consequências dos seus atos.
Classificação etária: 18+
(Aviso de conteúdo: Assédio, sequestro, aborto, tentativa de estupro,
abuso sexual e perseguição).
Autor Original: Delly Writes
Livro sem Revisão
E-book Produzido por: Galatea Livros e SBD
https://t.me/GalateaLivros

Livro Disponibilizado Gratuitamente! Proibida a Venda


Prólogo
CHEYENNE

Sete anos antes


A luz da lua inundou meu quarto, o cheiro profundo e terroso da
chuva de verão fazendo cócegas em minhas narinas enquanto eu
acordava. Olhando para o meu relógio, percebi que dormi apenas uma
hora.
O céu deve ter se aberto brevemente enquanto eu cochilava. Apenas o
suficiente para molhar a grama e tirar os vermes.
Sentei-me e balancei minhas pernas para o lado da cama, a excitação
zumbindo em minhas veias. Nada se compara a uma viagem de pesca
com isca viva, arrancada da grama com minhas próprias mãos.
Assim que eu terminasse as tarefas da manhã, eu escaparia para o lago
com minha melhor amiga, Willow. Ela morava na fazenda vizinha.
Eu abri a porta do meu quarto e olhei para o corredor antes de subir
na ponta dos pés até o topo da escada.
Era pouco depois da meia-noite e todos estavam na cama. A jornada
de trabalho começava cedo em uma fazenda de gado leiteiro. Meus
irmãos iriam acordar em cinco horas, então iriam ordenhar as vacas
enquanto minha mãe preparava o café da manhã.
Cortei o gramado em direção ao celeiro para pegar um balde, a brisa
fresca soprando contra minhas longas pernas, fazendo minha camisola
branca voar acima dos joelhos.
Meus pés descalços afundaram na terra úmida enquanto eu saltava
feliz pela grama.
Eu tinha quinze anos, pairando no precipício entre ser uma menina
ou uma mulher. Desabrochando tarde, eu só recentemente comecei a
desenvolver seios e tive minha primeira menstruação.
A luz externa do barracão iluminava o quintal, ameaçando expor
minha aventura da meia-noite se alguém olhasse pela janela. Eu
mergulhei nas sombras.
O melhor amigo do meu irmão, Abe, estava morando e trabalhando
conosco naquele verão.
Eu era uma moleca, vivendo uma existência protegida com minha
inocência de infância intacta. Meu conhecimento sobre sexo era limitado
por falta de interesse.
Eu tinha coisas melhores para fazer do que fantasiar sobre um homem
enfiando seu pênis dentro de mim. Coisas como pescar, fazer
caminhadas e aprimorar minhas habilidades de confeitaria.
Um som estranho saiu da janela aberta na frente do barracão. Talvez
uma das gatas grávidas do celeiro tenha vagado lá para dar à luz.
Recuei contra a parede quando percebi que a luz de Abe estava acesa.
Merda. E se ele me visse?
Esperei para ver se Abe sairia e me arrastaria de volta para a casa
principal.
A curiosidade venceu o medo enquanto o barulho estranho ficava
mais alto. Gatos não falam.
Definitivamente era uma mulher fazendo esses sons.
A julgar pelos gemidos e — oh, Deus — saindo de sua boca, ela estava
em algum tipo de angústia.
Arrastei-me ao longo da parede e me aproximei da janela. Uma garota
loira estava deitada de costas na cama de Abe, nua, e ele estava em cima
dela.
Eu deveria ter saído. Mas eu não fiz. Eu fiquei lá, meus pés enraizados
no chão, olhando para aquela janela enquanto Abe segurava as pernas
dela em seus ombros e entrava nela.
Ele estava indo para ela com tanta força que seus seios balançavam
para cima e para baixo como boias no lago.
Ela gritou, implorando para que ele a fodesse com mais força e mais
rápido, e gritou sobre como era bom. Ele estava grunhindo como um
porco, ordenando que ela gozasse, sem parar.
Eu não tinha certeza do que ele queria que ela fizesse, mas ela deve ter
feito isso porque ele parou de dizer — goze — e gritou — porra! — antes
de soltar as pernas dela e cair de costas.
E foi nesse momento que vi meu primeiro pênis. Eu o observei tirar o
preservativo e jogá-lo de lado. Seu pênis apontou para cima, ainda ereto,
enquanto eu olhava com admiração, o luar refletido na cabeça brilhante.
Essa coisa era grande.
Não. O pau de Abe era enorme
Eles eram todos tão grandes? Não havia nenhuma maneira que eu
pudesse caber um daqueles dentro de mim. Mal conseguia colocar um
absorvente interno na vagina.
Eu me esgueirei até ficar fora de vista do barracão. Então eu corri
através do gramado, de volta para a segurança de minha casa e meu
quarto.
As minhocas foram esquecidas há muito tempo enquanto eu
visualizava a cena que acabara de testemunhar. As imagens se repetiram
em minha cabeça sem parar.
Minha vida mudou para sempre naquela noite.
Fiquei obcecada por sexo, querendo aprender tudo que pudesse para
estar preparada para quando eu e um homem resolvêssemos fazer essas
coisas.
Passava todo o meu tempo livre na internet, lendo artigos e assistindo
pornografia.
Nunca contei a ninguém o que vi naquela noite. Nem mesmo a
Willow. Meu novo interesse era meu segredinho sujo.
Abraham foi embora para a UCLA, Universidade da Califórnia em Los
Angeles, naquele outono. Seus pais se mudaram para o Arizona e ele
nunca mais voltou para Vermont.
*
Tirei um pano do bolso da calça jeans e limpei o suor da testa.
Vermont estava passando por uma primavera quente. As paredes do
antigo celeiro seguravam o calor de dentro, transformando-o em uma
panela de pressão. Era apenas o início de maiô, mas a previsão do tempo
previa que chegaríamos a quase trinta graus.
— Não é assim que eu queria passar o verão, — resmunguei, pegando
uma pá para iniciar a tarefa miserável de limpar as baias.
Eu tinha um diploma universitário. E eu fui para a escola de culinária,
me formando como a primeira da classe. Eu não queria ser uma
fazendeira. No entanto, lá estava eu. Limpando merda.
Depois de formada, eu voltei para casa para me recompor. Minha
família me recebeu com braços amorosos, fornecendo o amor
incondicional e o apoio de que eu precisava desesperadamente.
Mas sempre havia trabalho a ser feito em uma grande fazenda de gado
leiteiro. Ninguém tinha passe livre nas tarefas domésticas.
Meu pai morreu quando eu tinha 12 anos, deixando meus irmãos mais
velhos com a obrigação de tomarem responsabilidade em administrar a
fazenda.
Chase e Cam não se mudaram depois do colégio. Eles moravam na
casa principal da fazenda com suas esposas, filhos e nossa mãe.
A casa era espaçosa o suficiente, com sete quartos, mas ainda era
caótica com quatro crianças com menos de cinco anos correndo por aí.
Peguei as alças do velho carrinho de mão enferrujado e empurrei-o
para fora, até a pilha de esterco. Como as vacas cagavam tanto?
Estava tão quente que pude ver o vapor subindo da enorme pilha de
excrementos. Amaldiçoei baixinho enquanto voltava para o celeiro, as
solas das minhas botas de borracha rosa choque cobertas de feno e bosta
de vaca.
Eu estava tão envolvida na minha autopiedade que não ouvi meu
irmão entrar. Gritei quando senti braços em volta da minha cintura antes
de ser levantada e girada no ar.
— Craig! — Eu gritei. — Quando você chegou aqui?
— Dez minutos atrás, — ele respondeu, me colocando de pé
novamente. Ele correu os dedos pelo cabelo loiro e espesso, franzindo o
nariz. — Está muito quente e fedorento aqui.
— Bem, sim! — Eu ri, balançando minha cabeça.
— Mamãe viu você?
— Não. Encontrei Chase no meio do caminho. Ele está cortando
grama no pasto oeste. Disse que você estava limpando o celeiro. Então,
eu vim aqui primeiro.
Ele se encostou em um poste, suspirando enquanto estudava meu
rosto com uma carranca simpática. — Como vai você, garota?
— Estou bem, — menti.
Craig e eu éramos próximos. Sempre fomos, com apenas três anos de
diferença entre nós. Éramos como os bebês da família. Os três meninos
mais velhos estavam na casa dos trinta, com uma enorme diferença de
idade entre eles e nós.
Ele inclinou a cabeça, a sobrancelha erguida. — Cheyenne Carson,
pare com o papo furado. Você não está bem. Longe disso.
Dei de ombros. — O que você está fazendo aqui? Assim que a mãe
descobrir que você está aqui, ela terá uma lista de tarefas com mais de
um quilômetro de comprimento para você.
— Eu não vou ficar. Estou indo passar algumas semanas no Cabo Cod
com os pais de Julie.
Eu forcei um sorriso. Eu conheci a namorada de Craig apenas uma
vez. Mas foi o suficiente para saber que ela não era certa para ele.
Eles se conheceram na UCLA, onde meu irmão acabara de fazer um
mestrado em marketing. Ele não tinha intenção de trabalhar na fazenda
por toda a vida.
— Onde ela está?
— Ela voou diretamente para Boston. Eu vou me encontrar com ela
em alguns dias.
— Quanto tempo você vai ficar?
— Só uma noite, — ele disse, puxando suavemente meu rabo de
cavalo. — Agora, pare de mudar de assunto. Tem certeza de que está
bem?
— Não! Estou limpando merda! Como você acha que eu estou?
Ele assentiu. — Eu percebi isso. Você já conversou com ele?
— Não, Craig. E eu não vou. O relacionamento acabou. Eu te disse no
telefone.
— O que aconteceu? Achei que vocês estivessem felizes. E então ele te
pediu em casamento. Ele te pediu em casamento Cheyenne. E você
recusou.
— E eu disse que tinha meus motivos. Não estou com vontade de
compartilhá-los agora.
Eu estremeci com a expressão magoada em seu rosto. Mas havia
algumas coisas que você simplesmente não podia compartilhar com seu
irmão, não importa o quão próximos vocês fossem.
Ele se recuperou rapidamente, sorrindo enquanto cruzava os braços
sobre o peito.
— Por que você está tão feliz? — Eu soltei. — Se você vai deixar claro
que estou presa aqui enquanto você vai embora, nem se dê ao trabalho.
— E se eu dissesse que poderia liberar você por seis semanas?
— Estou ouvindo. — Encostei a pá contra a parede e olhei para ele
com expectativa.
— Bem, lembra daquele concurso em que entramos? Aquele em que
tivemos que fazer uma campanha de marketing para aquela empresa
dona da rede de parques para trailers?
— Ah, sim. Aquele com o prêmio de quarenta mil dólares e a viagem
pelo Canadá. Quando você descobrirá se ganhou?
— Eles anunciaram os vencedores ontem, — disse ele, sorrindo de
orelha a orelha. — Nós ganhamos!
— Puta merda, Craig! — Eu pulei em seus braços, abraçando-o com
força. — Fantástico!
— Eu sei. Só há um pequeno problema.
Eu me afastei para poder ver seu rosto. — O quê?
— Emily, o quarto membro do nosso grupo, não pode ir agora. Sua
mãe acabou de ser diagnosticada com câncer em estágio IV. Ela tem só
algumas semanas de vida.
— Oh meu Deus. Isso é horrível.
— Sim. Portanto, precisamos de uma substituta para ela.
— Por que vocês três não podem ir na viagem?
— Porque o pai super religioso e super protetor de Julie não a deixaria
fazer uma viagem pelo Canadá em um trailer com dois caras. Tem que
haver outra garota.
— Você está me pedindo para ir?
— Sim. Você sairia da fazenda por seis semanas. Faria uma viagem
pelo Canadá em um trailer sofisticado. Você faria todos os tipos de coisas
legais que adora, como caminhadas e pesca. — E você receberia dez mil
para fazer isso. O que há para pensar, mana?
— Sim! — Eu gritei, pulando para cima e para baixo.
— Porra, sim, eu vou.
— Vai ser demais, — disse ele. — Eu tenho que ligar para Abe e Julie e
dizer a eles que você concordou em ir.
— OK. Tenho que voltar ao trabalho de merda aqui.
— Faça isso, — disse ele, rindo enquanto puxava o celular e ia para
fora.
Então, eu iria passar seis semanas com Abraham McLean. Eu não via o
melhor amigo do meu irmão há sete anos.
Não desde aquele verão em que eu o tinha visto transando com a
garota no barracão. Na noite em que minha sexualidade despertou,
provocando pensamentos e desejos sujos das profundezas da minha
psique.
Abe era o personagem principal na maioria das minhas fantasias
sexuais. E a necessidade intensa de ser completamente e
verdadeiramente fodida ainda queimava forte.
Apesar de ter tido três relacionamentos nos quais havia sexo, eu ainda
não tinha encontrado o que ansiava desde os quinze anos. Não conseguia
nem mesmo ter um orgasmo.
Bem, eu conseguia quando estava sozinha. Mas nenhum homem
jamais me deu um.
Eu tinha ficado muito boa em fingir depois que meu primeiro
namorado me largou por causa da minha incapacidade de gozar. Talvez
houvesse algo errado comigo. Talvez minhas expectativas de sexo fossem
irrealistas.
Peguei o ancinho e comecei a espalhar feno fresco nas baias, rindo da
minha ilusão.
Como se Abe McLean tivesse algum interesse em mim. E mesmo que
ele tivesse, meu irmão não o deixaria nem chegar perto de mim.
Não. Minha viagem pelo Canadá seria uma viagem celibatária.
Capítulo 1
ABE

— Eu vou querer uma vodca com gelo, — eu disse, meu olhar vagando
pelo corpo voluptuoso parado ao lado do meu assento. Nunca perdi a
oportunidade de cobiçar um conjunto de peitos grandes.
Sorri enquanto a aeromoça misturava minha bebida em seu carrinho,
dando uma piscadela sugestiva ao entregá-la. — Obrigado, querida.
Ela revirou os olhos antes de continuar pelo corredor. Tomei um gole
da minha bebida e ri para mim mesmo.
Bem, ok.
Ela provavelmente está perto dos quarenta, mas é gostosa. Uma gostosa é
uma gostosa, independentemente da idade.
E eu flertava descaradamente com qualquer mulher que considerasse
comível.
Quais eram as chances de encontrar uma mulher solteira com menos
de cinquenta anos em um parque de trailers?
Chances baixas pra caralho.
Como diabos eu passaria seis semanas sem sexo?
Eu tinha a intenção de me afundar dentro de Emily todas as noites.
Aquela ruiva era toda feita de peitos e bundas. E agora ela foi substituída
pela estranha irmãzinha de Craig.
Porra.
A namorada chorona e chata de Craig já era ruim o suficiente. Ela não
pertencia ao deserto canadense.
Ah, bem. Você faz o que tem que fazer. Os dez mil vinham a calhar,
sem falar na melhora no meu currículo. E eu estava ansioso para viajar
com meu melhor amigo e fazer algumas coisas legais.
Eu engoli o resto da minha vodca, o álcool deixando uma queimação
agradável na minha garganta enquanto eu olhava pela janela.
O avião sobrevoou o deserto de Nevada, indo para o norte, para o
Canadá. Eu nunca estive fora dos Estados Unidos. Esperava que o
Canadá não fosse muito frio.
Eu não era um daqueles americanos tolos que acreditavam que o
Canadá era coberto de neve e gelo, com todos morando em iglus. Mas
ainda assim. Era o Canadá.
Quando aterrissasse em Vancouver, meus companheiros de viagem
estariam esperando por mim. Eles haviam voado da Costa Leste na noite
anterior e se hospedado em um hotel.
Então pegaríamos nosso carro alugado para dirigir até Honeymoon
Bay, onde alguém da empresa nos encontraria com o trailer.
*
Peguei minha mala da esteira e me dirigi para a saída onde Craig disse
que estava esperando. Eu mandei uma mensagem para ele assim que
pousei.
— Porra de velhos e mulheres estúpidas com carrinhos de bebê.
Nenhuma dessas pessoas pertence ao aeroporto, — eu murmurei
baixinho enquanto ziguezagueava pela multidão de pessoas.
Quando passei pelas portas de vidro deslizantes, uma lufada de ar
quente deu minha primeira aula sobre os verões canadenses. Eles não
eram diferentes dos nossos.
Avistei o Chevy Tahoe vermelho parado no meio-fio e fui em direção a
ele, puxando minha mala atrás de mim.
— Aqui, Abe, — Craig gritou, aparecendo do lado do motorista do
veículo. Ele abriu o porta-malas quando me aproximei.
— Caramba... — A parte de trás do SUV estava carregada de bagagem.
— Você tem algum espaço sobrando?
— Sim, — disse ele, rindo enquanto reorganizava as malas e liberava
um lugar para a minha. — Julie não viaja com pouca bagagem.
— Ela está ciente de que vai acampar, certo? De que não vai a festas e
bailes de caridade todas as noites?
— Eu ouvi isso! — ela gritou do banco da frente, sua voz chorosa
perfurando meus tímpanos.
Porra. Serão longas seis semanas.
— Julie não pode sentar-se atrás, — disse Craig, batendo a porta com
força. — Ela fica enjoada. Então, você tem que dirigir ou sentar no banco
de trás com Cheyenne.
— Eu tomei alguns drinques fortes no avião, então é melhor você
dirigir.
— Sem problemas.
Assim que subi no banco de trás, eu percebi que tomaria muitos
banhos frios no futuro próximo. A irmã mais nova de Craig não era como
eu me lembrava.
Nem um pouco.
Cheyenne Carson estava crescida. E ela era gostosa. Gostosa pra caralho.
E totalmente fora dos limites.
— Oi, Abraham, — ela disse, sua voz suave e macia como manteiga
derretida em uma panela quente.
— Uau. Há quanto tempo não nos vemos? — Lambi meus lábios
enquanto meus olhos observavam seu lindo rosto.
Cabelo loiro comprido, olhos azuis intensos, lábios rosados e
atraentes. Meu olhar viajou por seu corpo longo e ágil, parando
brevemente em seu peito.
Seios rechonchudos e redondos preenchiam sua blusa rosa com
decote apenas o suficiente para me dar um vislumbre da carne macia e
cremosa por baixo.
E suas pernas.
Puta merda.
Bronzeadas, musculosas e longas por quilômetros. Eu me perguntei o
quão alta ela era. Era difícil dizer quando ela estava sentada.
— Sete anos, — ela respondeu com um sorriso tímido quando me
pegou olhando para ela.
— Você cresceu, — eu disse, levantando meu queixo do chão. E muito.
Em todos os lugares certos. — Então, o que você está fazendo
atualmente?
Seu rosto caiu. — Estou meio que entre coisas, agora. Acabei de
terminar a escola de culinária e espero encontrar um emprego como chef
confeiteira.
Uma conversa com Craig se infiltrou em meu cérebro. Cheyenne
tinha acabado de sair de um relacionamento de dois anos. O cara a tinha
pedido em casamento. Em vez de aceitar, ela largou o cara.
Não prestei muita atenção na hora porque não tinha ideia de que
Cheyenne Carson era gostosa e comível.
Eu tinha certeza que meu melhor amigo não aprovaria que eu metesse
em sua irmã mais nova, mas porra. Seria quase impossível me conter com
aquele pequeno mel sexy sob o mesmo teto por seis semanas.
— Quais são seus planos agora que terminou a faculdade? — Ela
olhou para mim, um sorriso conhecedor deslizando por aqueles lábios
sensuais.
Oh. cara. Ela sabia que eu estava babando por ela. E ela estava
gostando da atenção.
— Aceitei um cargo em uma empresa de publicidade na cidade de
Nova York. Começarei uma semana depois de voltarmos.
— Uau. Parabéns. Você deve estar muito animado.
Dei de ombros. — Acho que sim.
Ela riu suavemente antes de se virar para olhar pela janela.
— Qual é a distância até Honeymoon Bay? — Eu perguntei,
inclinando-me para frente entre os assentos.
— Três horas e meia, — Craig respondeu. — Pode ser mais longe,
dependendo da balsa.
— Balsa? — Julie perguntou.
— Sim, — Craig disse com uma risada rápida. — Temos que ir para a
Ilha de Vancouver de alguma forma.
— Eu não sabia disso. Eu não posso andar em barcos. Eu passo mal. —
Ela olhou para Craig. — Por que você não me contou?
— Você tem uma cópia do itinerário. — Ele balançou a cabeça,
concentrando-se no tráfego pesado enquanto saíamos do aeroporto. — E
um barco enorme. Tenho certeza que você vai ficar bem.
Eu me inclinei no meu assento. Cheyenne olhou para mim, revirando
os olhos ao mesmo tempo que eu revirei os meus. Uma risadinha suave
irrompeu de sua garganta.
Eu ri. Muito. Tanto que me dobrei, segurando minha barriga.
Ela jogou a cabeça para trás com um rugido que parecia vir de um
leão, não de uma menina pequena. Na verdade, uma mulher pequena.
Cheyenne era definitivamente uma mulher. — O que há de tão engraçado
aí? — Julie perguntou, virando-se em sua cadeira para nos olhar com seus
olhos verdes redondos.
As lágrimas escorreram pelo rosto de Cheyenne enquanto ela
continuava a rir incontrolavelmente. Eu nem tinha certeza do que
estávamos rindo. Definitivamente Julie.
E eu acho que do fato de termos revirado os olhos ao mesmo tempo.
Então Cheyenne teve soluços. Soluços altos que a fizeram soar como o
latido de uma foca.
— Tome uma bebida, Cheyenne, — disse Craig.
— Aqui. — Entreguei a ela minha garrafa de água. Ela aceitou,
engolindo um grande gole.
— Obrigada, — disse ela, devolvendo a garrafa para mim.
— Sem problemas.
Tomei um gole da garrafa sem tirar os olhos dela. Tinha gosto de
ChapStick de morango. Corri minha língua ao redor da borda da garrafa,
recolhendo cada último gosto dela antes de estalar os lábios.
Então eu pisquei para ela.
Seus olhos se arregalaram, seu rosto se tomando um tom profundo de
escarlate. Ela se virou para olhar pela janela novamente, um pequeno
sorriso brincando em seus lábios.
Capítulo 2
CHEYENNE

— Você não pode ficar sentada no carro por duas horas, — Craig disse,
segurando a porta do passageiro do Tahoe.
— Eu te disse, eu tenho medo de barcos. Se eu ficar no carro, posso
fingir que não estou em um. — Julie cruzou os braços e olhou para a
frente pelo para-brisa.
— Jules, isso é ridículo. A melhor maneira de superar o medo é
enfrentá-lo. Vamos lá. — Ele puxou seu braço.
— Craig! Pare!
— Escute, Craig, — Abe disse. — Você se importa se Cheyenne e eu
formos encontrar comida enquanto vocês decidem isso?
— Não. Vá em frente. Eu alcanço vocês. — Craig olhou para Julie com
um suspiro de frustração.
— Vamos, garotinha, — Abe disse com um sorriso sexy.
— Eu não sou uma garotinha, — eu retruquei enquanto
caminhávamos para as escadas.
— Estou bem ciente, Cheyenne. Bem ciente.
Estremeci de entusiasmo com sua última declaração. Abe estava
flertando abertamente comigo desde o minuto que ele entrou no carro
de volta ao aeroporto.
Ainda bem que Craig estava preocupado com sua namorada chata.
Meu irmão era muito super protetor.
Quando chegamos ao fim da escada, Abe gesticulou para que eu fosse
em frente. E eu sabia, sem dúvida, ele estava olhando minha bunda
enquanto seguia atrás de mim.
— Eu acho que a comida é por aqui, — ele riu, apontando para uma
enorme placa de bufê. — Estou morrendo de fome. Espero que seja boa.
Enchemos nossos pratos e encontramos uma mesa para quatro perto
da janela.
— Acho que você está com fome, — eu ri. O prato de Abe estava cheio
de comida. — Você sabe que pode voltar e se servir novamente, né? Você
não tem que pegar toda a sua comida de uma vez.
— Obrigado. Já estive em um bufê antes, querida. Eu sei como
funciona. — Ele me lançou um sorriso rápido antes de começar a comer,
colocando uma colherada cheia de purê de batata na boca.
Querida. Abraham McLean me dirigiu um termo carinhoso. Eu estava
almoçando com Abe. O cara com quem tenho fantasiado desde os quinze
anos.
E ele estava flertando comigo. Sobre o que era tudo isso? Ele nunca
prestou atenção em mim quando trabalhou em nossa fazenda.
Claro, eu era uma moleca de quinze anos, de peito achatado. Isso pode
ter algo a ver com sua falta de interesse.
A última coisa que eu precisava era de uma aventura com um pegador.
Tinha que ficar longe dos homens e me concentrar na minha carreira.
Quando eu estivesse pronta para outro relacionamento sério, não
seria com alguém como Abe. Craig havia dito que Abe nunca se
acomodaria. Ele gostava de ter uma mulher diferente em sua cama todas
as noites.
— Julie é uma chata doida, — disse ele, limpando a boca com um
guardanapo. — Nunca deveríamos tê-la deixado em nosso grupo quando
decidimos entrar na competição.
— Então, por que você fez isso?
— Porque seu irmão está cego pelo amor. Ela dá ordens a ele, e ele a
deixa. E repugnante assistir.
— Não vai durar. Craig não tem paciência. Eu prevejo que eles vão se
separar antes do final desta viagem.
— Temos muita merda ao ar livre planejada.
Não consigo imaginá-la fazendo nada disso. — Ele balançou a cabeça
e tomou um gole de refrigerante.
— Bem, acho que isso é problema do meu irmão, não nosso, — eu
disse.
Abe ergueu as sobrancelhas quando um sorriso diabólico se espalhou
por seu rosto. — Ora, Srta. Carson, acho que gosto da sua atitude.
Eu sorri enquanto colocava um rolinho Califórnia na boca. Quando
olhei para cima, Abe estava me observando. Terminei de mastigar e
engolir e limpei o rosto. — O quê?
— Nada, — respondeu ele. — Acho que você gosta de sushi.
— Eu amo sushi.
— Não acredito que você colocou tudo isso na boca.
— Sim. Minha boca pode parecer pequena, mas tem uma capacidade
incrível de se esticar. — Eu balancei minhas sobrancelhas
sugestivamente.
— Oh, sério? — Ele jogou a cabeça para trás e riu. — Tenho a sensação
de que você será um problema, Cheyenne.
Oh meu Deus.
Por que eu fiz isso? Eu não queria enviar a mensagem errada. Ou eu
queria?
Eu tinha que parar de pensar em Abe de uma forma sexual. Uma coisa
era fazer isso quando ele estava do outro lado do país.
Mas era algo totalmente diferente quando ele estava viajando em um
trailer comigo, dormindo no mesmo quarto.
O trailer tinha um quarto privado. Mas meu irmão e sua namorada o
reivindicaram.
— Lá vem Craig, — eu disse quando vi meu irmão atravessando o
restaurante.
— Oi, pessoal. Como está a comida?
— Deliciosa, — Abe respondeu, empurrando seu prato vazio. — É
hora da segunda rodada.
— Julie ainda está no carro? — Eu perguntei.
— Sim. Eu desisto.
Fiquei tentada a perguntar o que ele viu nela. Mas pensei melhor.
Teríamos que passar seis semanas juntos em um trailer. Melhor não o
irritar no primeiro dia.
Depois do almoço, subimos ao convés superior para apreciar a
paisagem. Inclinei-me sobre o parapeito, observando a balsa cortando a
água banhada pelo sol.
As montanhas se erguiam acima do oceano, pinheiros imponentes
cobrindo a costa.
— Abe formou-se em fotografia, — Craig explicou enquanto eu
observava com admiração quando ele pegou seu sofisticado equipamento
de câmera.
— Ele é o responsável pela produção de vídeo e fotografia da
campanha. Eles querem muitas fotos para seus materiais promocionais,
mas também esperam atrair um grande número de seguidores nas redes
sociais.
— Fazer com que as pessoas se interessem pelo que estamos fazendo a
cada dia. Uma espécie de reality show. E nós somos os personagens que o
público conhece e ama. Ou odeia.
— Parece divertido. — Puxei meu irmão para um abraço. — Obrigado
por me trazer. E exatamente o que preciso, agora.
— Sem problemas, garota.
Eu inalei profundamente, sentindo o cheiro salgado do mar. Adorava
estar ao ar livre, rodeada pela natureza.
Algum dia, quando abrisse minha padaria, minha cozinha teria uma
parede de janelas do chão ao teto, com portas de jardim que eu poderia
abrir enquanto trabalhava. E eu tiraria muitas férias em lugares bonitos.
Crescer em uma fazenda significava que viagens para a praia ou férias
de qualquer tipo eram poucas e raras. Quando eu tinha oito anos, fomos
para a Disney na Flórida. Meus avós cuidaram da fazenda.
Mas depois que meu pai morreu, quando eu tinha 12 anos, tirar férias
ficou fora de questão. Não tínhamos dinheiro nem ninguém para cuidar
da fazenda.
— O que você está pensando? — Craig perguntou, me cutucando com
o ombro.
— Algum dia, adoraria fazer um cruzeiro ao Alasca. Acho que o
cenário deve ser incrível.
— Faça isso. Use seus dez mil. Encontre um amigo e simplesmente
faça. — Ele sorriu e bagunçou meu cabelo.
— Eu não posso fazer isso agora. Preciso usar o dinheiro com
responsabilidade. E não tenho amigos que possam pagar uma viagem
como essa. Mas algum dia farei.
Capítulo 3
ABE

— Finalmente acabou, — eu resmunguei, caindo em uma das


poltronas reclináveis de couro marrom.
— Sim, — Craig disse enquanto se acomodava na poltrona reclinável
ao meu lado. — Eu sei mais do que eu gostaria sobre trailers.
O trailer era um modelo de luxo top de linha.
A Twenty-First Century Parks havia fechado um acordo com uma
empresa de trailers para alugar o mausoléu sobre rodas gratuitamente
por seis semanas em troca de publicidade e propaganda por meio de
nossa campanha.
O dono da concessionária de trailer o entregou pessoalmente em
Honeymoon Bay, incluindo uma sessão entediante de treinamento de
três horas. Acho que não pensei muito nisso antes, mas havia muito a
saber sobre como montar um trailer em um acampamento. Sem falar em
dirigir a porra da coisa, enquanto rebocando um jipe atrás dele.
Craig e eu planejamos nos revezar. O cara nos fez dirigir para fora do
parque e descer a rodovia para ter certeza de que poderíamos lidar com
isso.
Éramos garotos de fazenda, acostumados a manusear equipamentos
agrícolas pesados, então não demorou muito para pegar o jeito.
— O que teremos para o jantar? — Julie perguntou, correndo os dedos
ao longo da bancada de mármore.
— Tudo o que você fizer, — Craig disse com uma risada. Ele inclinou a
cabeça para trás e fechou os olhos.
— Como se, — ela zombou. — Você sabe que eu não sei cozinhar.
— Peça uma pizza, — brinquei.
— Eu cozinharei, — disse Cheyenne. Ela abriu a geladeira totalmente
abastecida e começou a tirar as coisas.
— Você sabe cozinhar? — Julie perguntou.
Ela observou com uma carranca cética enquanto Cheyenne servia
quatro bifes e aplicava uma mistura que ela preparou em menos de dois
minutos.
Cheyenne olhou para nós. Craig estava com os olhos fechados. Ela me
olhou com os olhos arregalados antes de responder a Julie.
— Sim. Eu fui para a escola de culinária. Tenho quase certeza de que
sei cozinhar.
— Você foi para a escola de culinária? Eu não sabia disso. Desculpa. —
Ela estudou as unhas por um momento. — Você tem permissão para
cozinhar minha comida.
— Merda, — Craig murmurou baixinho.
— Aposto na sua irmã, — eu sussurrei. Sem dúvidas. Fácil. Cheyenne
provavelmente tinha entre 1, 75 e 1, 80 de altura. E ela era toda músculos.
O tipo de músculo desenvolvido a partir de anos de trabalho duro.
Sim, a menina da fazenda poderia chutar a bunda da garota patricinha
em cinco segundos.
Cheyenne pegou um pano e enxugou as mãos antes de levantar a
cabeça para olhar para Julie. Se olhares matassem, Julie estaria morta no
chão.
— Eu não preciso de sua permissão para fazer nada. Vou preparar as
refeições porque gosto de cozinhar. Se você escolhe comer o que eu
preparo, depende inteiramente de você.
— Se não fosse por mim, você nem estaria nesta viagem. Posso ser
mais jovem do que você, mas isso não significa que você pode mandar em
mim ou me tratar com desrespeito.
Ela recolheu os bifes e marchou para fora da porta, batendo-a atrás de
si.
Eu fiquei meio excitado só de assistir Cheyenne jantar Julie.
Literalmente. Sem brincadeiras. Tive que pegar uma almofada do sofá
para cobrir. Essa garota era gostosa.
Por que diabos ela tinha que ser a irmã mais nova do meu melhor
amigo? Se ela não estivesse fora dos limites, eu a estaria levando para a
cama. Pensar em me enterrar dentro de sua doce boceta não ajudou a
situação no meu colo.
— Jules, posso falar com você no quarto? — Craig perguntou,
levantando-se da cadeira.
— Claro, bebê, — ela sussurrou. — Você quer uma rapidinha?
Revirei os olhos enquanto eles desapareciam no corredor.
— Vou sair e ver se Cheyenne precisa de ajuda, — gritei, vestindo
meus chinelos.
Eu a encontrei trabalhando no balcão ao ar livre. — Precisa de alguma
ajuda?
Ela ergueu os olhos da grelha. — Sim. Você poderia lavar os
cogumelos e cortá-los?
— Claro. — Comecei a trabalhar na minha tarefa atribuída. A cozinha
externa era um espaço pequeno e eu ficava esbarrando em Cheyenne
enquanto ela trabalhava na churrasqueira.
— Desculpa.
Ela olhou por cima do ombro. — Está tudo bem, Abe, — ela disse com
um sorriso malicioso. Então ela checou meu quadril, rindo de
brincadeira.
Porra
Eu estava com muitos problemas. Como eu manteria minhas mãos
longe dela? Eu engoli em seco, rezando para que meu pau se comportasse
enquanto eu despejava os cogumelos fatiados na bandeja.
— O que mais você precisa que eu faça?
— Você poderia pôr a mesa. — Quando entrei para pegar pratos e
talheres, Craig e Julie estavam se beijando no sofá.
Eca. Achei que eles precisavam de privacidade para brigar. Não pra
isso. E por que diabos eles não ficaram no quarto se queriam trocar
cuspe?
— O jantar está quase pronto, — eu murmurei, abrindo vários
armários até encontrar os pratos.
*
— Cheyenne, isso estava incrível, — declarei, recostando-me na
cadeira.
— Sim, estava, — Craig entrou na conversa.
— Obrigado, garota.
— Craig, — eu disse, inclinando-me para envolver meu braço em volta
de seu ombro. — Eu gostaria de permissão para me casar com sua irmã
mais nova.
— A resposta é um sonoro não. — Ele ergueu meu braço e olhou para
mim. — Nem em um milhão de anos.
— Relaxa, cara. Eu estava brincando.
— Não achei engraçado.
— A refeição atendeu aos seus padrões elevados? — Perguntei a Julie
com um olhar penetrante.
— Sim. Foi muito boa. Obrigada, Cheyenne.
— Boa. Acho que você não se importará de limpar, já que cozinhamos.
— Eu pisquei para Cheyenne.
— OK. Acho que é justo. — Julie se levantou e começou a limpar a
mesa. — Craig, me ajude. — Ele deu um pulo e recolheu os pratos. Assim
que eles entraram no trailer, Cheyenne fez um gesto de chicotada com a
mão.
Eu joguei minha cabeça para trás e ri. — Quer dar um passeio pelo
parque? Precisamos de algumas fotos para a primeira postagem nas redes
sociais.
— Hmm. Ok. Devemos esperar por eles? — Ela engoliu em seco,
nervosa.
Interessante. Ela tinha medo de ficar sozinha comigo? Eu teria que
corrigir isso.
— Eu prefiro que não.
— Sim. Eu tive quase tudo que posso aguentar dela por um dia, — ela
disse baixinho, olhando para a porta aberta.
— Eu também. Vou pegar minha câmera e dizer a Craig o que estamos
fazendo.
— Que tipo de pessoa você acha que compraria um trailer como o
nosso? Tipo, quem tem tanto dinheiro? E então você chega a um lugar
como este e estaciona seu hotel sobre rodas durante a noite.
— Se você tivesse tanto dinheiro, não haveria coisas mais
interessantes para fazer? Tipo viajar para lugares exóticos e ver o mundo.
— Não tenho certeza, — disse ela, olhando para mim. — Acho que
provavelmente teremos uma ideia melhor depois de passarmos seis
semanas em acampamentos.
— Sim. Eu acho.
Quando chegamos à frente do parque, parei para tirar algumas fotos
da cabana de toras que abrigava o armazém geral e o escritório do
parque. Um urso de cerâmica gigante estava do lado de fora da entrada
da frente.
— Por que você não senta aí na frente do urso e eu tiro uma foto sua?
— Ok. — Ela se sentou no pequeno banco em frente à estátua.
Enquanto eu me preparava para tirar a foto, o gerente do
acampamento saiu pela porta da frente.
Tínhamos conhecido a mulher de meia-idade e seu marido quando
chegamos.
— Olá, — ela gritou.
Eu balancei a cabeça para ela e voltei a mexer na minha câmera.
— Quer que eu tire uma foto de vocês dois sentados com o urso?, —
ela perguntou.
— Hmm, claro.
Eu não queria que ninguém tocasse minha câmera, mas não iria
perder a oportunidade de me aconchegar perto de Cheyenne.
Entreguei a câmera à senhora. — Está tudo pronto. Você não precisa
fazer nada, exceto pressionar este botão aqui.
— Ok, querido, — disse ela, gesticulando em direção a Cheyenne. —
Vai lá se sentar com sua garota.
— Ela não é minha garota, — eu disse.
Ela inclinou a cabeça e mostrou o lábio inferior. — Isso é ruim. Vocês
dois fariam um casal fofo. Todo aquele cabelo loiro.
— E vocês dois são tão altos. Um casamento feito no céu. — Ela
suspirou e apertou a mão contra o coração.
— Talvez, — eu disse com uma risada nervosa. Eu provavelmente
poderia lidar com Craig, mas seria sensato lembrar que Cheyenne tinha
quatro irmãos.
Eu seria um homem morto se colocasse o dedo naquela garota. Mas
ah. Como eu queria.
Cheyenne deslizou para um lado do banco, empoleirando-se bem no
final enquanto eu me sentava ao lado dela.
— Eu não mordo, você sabe, — eu disse. Então fiz algo arriscado.
Estendi a mão e envolvi meu braço em volta dos ombros dela, puxando-a
para perto do meu lado.
Ela ficou tensa e eu pensei que tinha cometido um grande erro. Então,
para minha surpresa, ela relaxou contra mim.
Seu cabelo cheirava delicioso. O cheiro de coco de seu shampoo subiu
pelas minhas narinas enquanto eu tentava o meu melhor para não ficar
de pau duro.
— Sorria, — disse a senhora.
Cheyenne estava nervosa e tensa na caminhada de volta ao nosso
local. Decidi que seria melhor manter distância.
Caminhamos em silêncio a maior parte do caminho, nossos pés
esmagando o cascalho enquanto o cheiro de fogueiras enchia o ar.
Craig acendeu a fogueira quando voltamos. — Como foi a caminhada?
— ele perguntou, adicionando outra tora de madeira ao fogo.
— Boa. Tenho algumas fotos para o feed.
— Ah, é? Deixe-me ver. — Ele pegou minha câmera. Entreguei a ele e
coloquei alguma distância entre nós. Cheyenne sorriu, um brilho
diabólico brilhando em seus olhos azuis.
Que safada. Em um minuto ela agia toda inocente e nervosa, fazendo
eu me perguntar quanta experiência ela tinha com homens.
Então, no momento seguinte, ela flertava ou faria algum comentário
carregado de insinuações sexuais. Como aquele sobre sua boca ser capaz
de se esticar. Eu sabia aonde ela queria chegar. Isso não passou
despercebido.
Craig franziu a testa enquanto percorria as fotos. — Quem tirou essa
de vocês na frente do urso?
Eu limpei minha garganta. — A gerente.
— Ah. — Ele me entregou a câmera e voltou a cutucar o fogo com
uma vara comprida.
— Vocês querem uma cerveja? — Eu perguntei enquanto me dirigia
para a porta.
— Claro.
Nós três nos acomodamos ao redor do fogo com nossas cervejas.
Fiquei surpreso quando Cheyenne abriu a dela e virou um grande gole.
Talvez você nunca consiga realmente remover a moleca de uma garota,
mesmo depois que ela se transforma em uma mulher super sexy.
— Por que Julie foi para a cama tão cedo? — Eu perguntei, dando um
gole na cerveja.
Craig encolheu os ombros. — Ela não gosta de ficar sentada ao redor
da fogueira.
— O que ela gosta? — Cheyenne perguntou. — Desculpa. Eu sei que
ela é sua namorada e tudo. Parece que ela está deslocada.
— Tudo bem. Espero que ela esteja disposta a experimentar coisas
novas. Sair de sua zona de conforto. Ela pode ser muito divertida.
Oh, cara. Ele estava prestes a sofrer uma grande dor. Essa garota não
mudaria. E ela não seria feliz até que voltasse à sua vida na alta sociedade.
*
— Precisamos conversar sobre os arranjos para dormir! — Eu gritei do
meu beliche sobre a cabine. — Eu tenho 1, 88 metro e esta cama é... bem,
não é longa o suficiente. Estou torcido como a porra de um pretzel!
— Não há espaço para mim e Julie lá em cima, — disse Craig.
— Não me diga. Quase não há espaço para mim. — Inclinei-me sobre
a borda, pendurado de cabeça para baixo enquanto olhava para meu
amigo.
— O que você sugere, Abe?
— Deixe-me dormir no sofá-cama.
— Então onde Cheyenne vai dormir? Você quer dizer a ela que ela tem
que dormir lá em cima?
— Não, eu estava pensando que nós dois poderíamos dormir no sofá-
cama. — Eu dei a ele um sorriso cheio de dentes. — Eu vou me
comportar. Eu sou seu melhor amigo.
— Você realmente acha que eu atacaria sua irmã com você na sala ao
lado?
— Sim, — ele respondeu sem um momento de hesitação. — Eu te
conheço, Abe. Bem demais. Posso dizer quando você está de olho em
uma garota. Minha irmã está fora dos limites.
— Por quê? Você acha que não sou bom o suficiente para ela?
— Não. Mas você é um mulherengo e tem medo de se comprometer.
Quero que minha irmã encontre um cara que seja bom ser um marido.
Ela tinha isso e, por algum motivo que não quer compartilhar, recusou o
pedido dele.
— E se ela precisar de uma aventura de recuperação?
— Abe, não estou brincando. Mantenha suas mãos longe de
Cheyenne.
— Craig? Você vem para a cama? — A voz chorosa de Julie saiu do
quarto na parte de trás do trailer. O quarto com a porra de uma cama
king-size.
— Sim!
Ele apontou o dedo para mim. — Estou bem do outro lado daquela
porta. Lembre-se disso.
— Esta discussão não acabou! — Eu gritei quando ele fechou a porta
do quarto.
A porta do banheiro se abriu e Cheyenne apareceu. Eu me levantei e
fixei meu olhar nela. Ela estava vestindo uma camiseta branca e shorts de
dormir xadrez rosa.
Porra.
Por que ela não podia usar uma camisola que descia até os tornozelos?
Não. Ela tinha que andar por aí em seus shorts quase imperceptíveis e
seus seios incríveis balançando livremente sob a camiseta. Eu caí de volta
no meu travesseiro e gemi.
Eu ouvi uma pequena risada antes que ela apagasse as luzes. — Boa
noite, Abraham.
Oh! A pequena megera sabia que eu a estava observando. E ela gostou!
De alguma forma, eu ia entrar na calça dela sem que seu irmão
descobrisse. E antes cedo do que tarde, se meu pau tivesse algo a dizer
sobre isso.
Capítulo 4
CHEYENNE

O vento soprava no banco de trás do jipe, o ar quente lambia meu


rosto e fazia meu cabelo girar e rodopiar enquanto acelerávamos pela
rodovia.
A paisagem na Ilha de Vancouver era de tirar o fôlego. Arvores altas,
lagos azuis nítidos e montanhas ao longe tomavam um passeio agradável
até Duncan.
Estávamos fazendo uma viagem ao mercado dos fazendeiros, a cerca
de trinta minutos de Honeymoon Bay.
Um aspecto fundamental da campanha publicitária envolvia destacar
as áreas locais ao redor do acampamento, envolvendo-se em diferentes
atividades em cada local.
— Não podemos parar e subir o teto? — Julie choramingou. — Meu
cabelo está ficando todo bagunçado. Vou ficar com tantos nós, que vou
exigir uma ida a um salão para consertar. — Olhei para ela, tentando
muito não revirar os olhos ou fazer um comentário rude. Mas era um
desafio manter minha boca fechada.
Estávamos sentadas juntas no banco de trás do jipe. Ela teve um
acesso de raiva antes de sairmos, alegando que ela tinha que sentar na
frente ou ela ficaria enjoada.
Abe queria dirigir, e Craig queria sentar na frente com seu melhor
amigo.
Surpreendentemente, meu irmão não cedeu. Ele disse que ela iria
sentada no banco de trás ou não iria. Fim de discussão.
— O quê? — ela rosnou.
— Nada, — eu respondi, virando-me para olhar pela janela. Acho que
não fiz um bom trabalho em esconder minha descrença no
comportamento dela.
Ela gemeu e suspirou, murmurando baixinho o resto do caminho,
mas todos a ignoraram. Incluindo seu namorado.
*
— Nossa, — Julie disse enquanto Abe circulava o grande lote de
cascalho, procurando uma vaga para estacionar. — Há muitas pessoas
aqui. Está muito lotado.
— Craig, que tal simplesmente pularmos o mercado e encontrarmos
um lugar para almoçar tranquilamente?
Craig suspirou, virando-se em seu assento. — Não. Este é o nosso
roteiro hoje, e temos que tirar fotos e fazer uma postagem nas redes
sociais. Lembra? É por isso que estamos nessa viagem? E o trabalho pelo
qual estamos sendo pagos.
— Tudo bem, — ela bufou enquanto saía e batia a porta.
— Eu digo que devemos nos separar, — Abe sugeriu, olhando para o
relógio. — São quase onze. Que tal nos encontrarmos de volta aqui à
uma?
— Mesmo? — Craig estudou Abe com desconfiança, franzindo as
sobrancelhas. — Por quê?
— Eu só acho que você e sua namorada deveriam ter algum tempo a
sós.
Antes que Craig pudesse protestar, ele agarrou minha mão e me
arrastou para o meio da multidão. — O que você está fazendo? — Eu
perguntei, quase correndo para acompanhar seus passos largos.
— Ficando o mais longe possível daquela chata chorona, — ele
respondeu, diminuindo a velocidade para um ritmo vagaroso.
Mas ele não largou minha mão. Ele entrelaçou nossos dedos e olhou
para mim, suas pupilas dilatadas a ponto de apenas um pequeno anel
azul permanecer.
Minha barriga apertou, o calor se espalhando do meu peito para o
meu rosto.
— O que você quer ver primeiro? — Eu perguntei, minha voz saindo
rouca enquanto eu tentava acalmar meus nervos.
A estrela de todas as fantasias sexuais que eu já tive estava segurando
minha mão e me olhando como se eu fosse sua próxima refeição.
— Não tenho certeza. Vamos apenas vagar por aí. — Passamos por
várias barracas de frutas e vegetais e examinamos as artes e ofícios.
— Você gostou de trabalhar em nossa fazenda, Abe?
— Não gostei do trabalho propriamente dito, mas gostei de ficar lá.
Sua família foi muito divertida. E as refeições caseiras compensaram as
longas horas de tirar merda e cortar a grama.
— Você achou que minha família era divertida? Acho que me lembro
daqueles anos de uma maneira diferente de você.
— Eu suponho. Você estava de luto por seu pai, além de toda a
angústia normal de uma jovem adolescente.
— Seus irmãos lidaram com a perda bebendo aguardente no celeiro
depois que as tarefas eram feitas. E transando com muitas garotas. Eles
tinham escapes para a dor que você não tinha, porque eram mais velhos.
— Meus irmãos bebiam aguardente?
— Ah, é, — ele riu. — E fumavam um pouco de maconha de vez em
quando.
— Uau, — eu disse, balançando minha cabeça. — Eu não tinha ideia
de que nada disso estava acontecendo.
— Todos nós estávamos lidando com merdas pesadas. Seus irmãos
herdaram muitas responsabilidades quando seu pai morreu. Não foi fácil
para eles desistirem de seus sonhos e assumir o controle da fazenda.
Ele fez uma pausa, apertando minha mão. — E meus pais brigavam o
tempo todo. Foi bom ficar longe deles por alguns meses.
— Isso deve ter sido difícil para você. Você queria ficar longe do seu
pai, e meus irmãos teriam dado qualquer coisa para trazer o nosso de
volta.
Ele acenou com a cabeça, parando para estudar uma exibição de
bonés. — Lembro-me de você naquele verão em que seu pai faleceu.
— Na mesa de jantar. Você sempre se sentava na outra extremidade,
raramente abria um sorriso.
Se seus irmãos zombassem de você sobre alguma coisa, você saía
correndo para o seu quarto.
— Eu era uma garota pré-adolescente mal-humorada que tinha
perdido o pai. O que você esperava?
Ele encolheu os ombros. — Mas você era bonitinha. Quando você se
vestia como uma garota. O que não era muito frequente, se bem me
lembro.
— Eu era uma moleca.
— Quando isso mudou?
— O quê?
— Quando você se transformou em uma garota?
— Eu sempre fui uma garota, — eu ri, batendo em seu peito com
minha mão livre. Ele ainda tinha a outra firmemente presa na sua.
— Eu quis dizer, quando você começou a agir como uma garota?
— Quando eu tinha quinze anos.
Logo depois de te ver com aquela garota no barracão. Quando fiquei
obcecado por sexo.
— Ah. Entendo. Deve ter sido depois que eu saí. Eu teria notado uma
transformação dessa magnitude.
— Você acha que Craig e Julie estão se divertindo? — Eu perguntei,
soltando sua mão para olhar através de uma prateleira de camisetas.
— Definitivamente não. 'Diversão' não está no vocabulário dessa
garota.
— Ela só precisa relaxar. Talvez devêssemos tentar embebedá-la ou
algo assim.
— Aposto que ela não é nem mesmo uma bêbada divertida, — Abe
disse, pegando minha mão novamente quando voltamos a andar. Ele
olhou para mim. — Está tudo bem que eu esteja segurando sua mão?
— Está tudo bem, Abe. — Eu sorri para ele, minha barriga formigando
com a sensação de sua mão grande e áspera engolindo meus dedos
minúsculos.
De vez em quando, ele acariciava o espaço entre o meu polegar e o
indicador, enviando choques de eletricidade direto para o meu núcleo.
— Bom. Não gostaria de explicar ao seu irmão que perdi você no
mercado dos fazendeiros, — disse ele com uma gargalhada.
— Sou uma mulher adulta com um telefone celular. Acho que
sobreviveria.
— Pode ser. Mas eu gosto de segurar sua mão. — Ele piscou para mim,
provocando umidade entre minhas pernas.
Meu Deus.
Não conseguia me lembrar da última vez que um homem me molhou
com apenas um olhar.
— Quer comer alguma coisa? — ele perguntou.
— Sim. Vamos.
*
— O que raios é isso? — Eu perguntei, sentando-me em frente a Abe
na praça de alimentação. Ele tinha algumas coisas fritas de aparência
estranha em seu prato.
— Bolas de picles de bacon canadense. E são incríveis. — Ele jogou de
lado o palito daquele que já havia consumido.
— O que há nele?
— Picles embrulhados em bacon canadense e recheados com salsicha.
E frito, é claro. — Seu rosto se abriu em um sorriso bobo enquanto
observava minha reação.
— Meu Deus, — eu disse com uma risada. — Parece muito salgado.
— Quer experimentar uma mordida? — ele perguntou, movendo-se
para sentar na cadeira ao meu lado.
— Hmm. Certo. Por que não?
Ele pegou uma de suas bolas estranhas pelo pedaço de pau e levou-a à
minha boca.
— Abra bem, — disse ele, sorrindo como uma criança em uma loja de
doces, seus olhos azuis sonhadores brilhando de entusiasmo.
Eu obedientemente segui as instruções e dei uma pequena mordida
na borda, mas tudo que consegui foi pegar o empanado. Eu engoli e
voltei para dar outra mordida assim que ele moveu o dedo.
Meus lábios roçaram sua pele um pouco antes de morder o picles, o
contato enviando uma explosão de eletricidade pelo meu corpo. Como se
eu tivesse acabado de puxar um suéter estático pela cabeça, no inverno.
Nenhum homem jamais teve esse efeito em mim.
Nossos olhos se encontraram enquanto eu mastigava a comida e
engolia.
Suas pupilas dilataram, seu pomo de adão balançando enquanto seus
lábios se curvavam em um sorriso sexy. Meu pequeno beijo inadvertido
em seu dedo o afetou tanto quanto a mim.
— E realmente muito saboroso, — eu disse.
Ele pigarreou e recostou-se na cadeira, mas não voltou para o seu lado
da mesa. Ele agarrou sua bandeja e puxou-a. — O que você pegou?
— Bacon coberto de chocolate e batatas fritas com alho.
— Bacon coberto de chocolate? Hmm. Posso experimentar um pedaço
— Claro. Vá em frente.
Eu não iria alimentá-lo com isso. Já havíamos flertado o suficiente por
um dia. Se não parássemos, Craig nos flagraria e iria surtar.
Não queria causar mais tensão no grupo. Julie estava fazendo um bom
trabalho sozinha.
Quando chegamos ao estacionamento, Abe soltou minha mão. Ele a
estava segurando por duas horas, e eu imediatamente senti falta do calor
de seus grandes dedos envolvendo os meus.
Eu tinha que me controlar. Não podia dormir com Abe.
Não que eu tivesse uma oportunidade de qualquer maneira, com meu
irmão e sua namorada em cima. E se eu fizesse, seria apenas sexo casual.
Abe não tinha relacionamentos. Que eu saiba, ele nunca teve uma
namorada.
E se esse fosse todo o meu problema com sexo? Eu só precisava tirar
Abe do meu sistema. Para ter uma aventura selvagem com o cara das
minhas fantasias de adolescente. Aposto que ele não teria nenhum
problema em me fazer gozar.
Craig e Julie ainda não tinham voltado quando chegamos ao jipe. Abe
abriu a porta do passageiro. — Você vai na frente desta vez.
— Ok, — eu concordei. — Craig pode sentar-se atrás.
Ele a trouxe. Ele pode sentar-se com ela.
Abe riu quando fechou a porta e deu a volta para o lado do motorista.
— Qual a sua altura, Cheyenne?
— 1, 78. — Eu olhei para ele e levantei uma sobrancelha. — Por que
você pergunta?
— Só queria saber. — Ele deu de ombros e me lançou um sorriso
torto. Seus olhos vagaram por mim, seu sorriso desaparecendo. — Que
porra é essa?
Virei-me para ver Craig, Julie e um enorme chapéu rosa. A única coisa
mais chocante do que o tamanho de seu chapéu era o sorriso estampado
em seu rosto.
— Oi, — gritou Craig, os braços carregados de sacolas enquanto Julie
trotava carregando nada além de sua bolsa.
— Olá, — disse Julie. — Abe, abra o porta-malas para que Craig possa
guardar todas as minhas sacolas na parte de trás.
— Está destrancado, — disse ele, sem se mexer.
— Bem, obrigada por sua ajuda, — ela murmurou enquanto brincava
com a alavanca. — Oh, Cheyenne. Encontrei as vieiras frescas mais
maravilhosas para você cozinhar esta noite.
— OK. Excelente. Obrigada. — Eu adorava vieiras, então não tive
nenhum problema com isso. Era o dinheiro dela.
— E também comprei um monte de amêijoas. Estou com um pouco
de saudades de casa e achei que um bom caldeirão de ensopado de
mariscos ajudaria. Comida reconfortante, você sabe. Isso me lembra de
casa.
Abe prendeu a respiração. Eu a encarei, perplexa com seu egoísmo e
ignorância flagrante.
— Ensopado de mariscos requer muito mais ingredientes do que
apenas amêijoas. E não estou nesta viagem para ser sua chef pessoal.
Ninguém quer tomar sopa quando está fervendo lá fora. Então, me
desculpe, mas não vai rolar.
— Mas eu comprei todos esses mariscos, — ela lamentou. — O que
mais posso fazer com eles?
— Muitas coisas. Jogue-os em uma frigideira com alguns vegetais ou
algo simples assim.
— Bem, tudo bem, então. Esquece. — Ela olhou para mim enquanto
continuava parada ao lado da porta do passageiro. — Você vai sair?
— Não. Vou na frente no caminho de volta.
— Cheyenne, por favor. Eu odeio andar na parte de trás.
Honestamente, seja um pouco flexível.
— Ok, — Abe estalou. — Isso é o bastante. Estou começando a ficar
com a porra de uma dor de cabeça. Julie, entre no maldito jipe ou vou
deixá-la aqui.
— Você não faria isso, — ela bufou.
— Ah, é? — Ele colocou o jipe em marcha ré e começou a recuar.
— Abraham! — ela gritou.
Ele pisou no freio. — Você quer uma carona?
Ela abriu a porta dos fundos e subiu ao lado de Craig. Ele suspirou e
esfregou a testa antes de se virar para olhar pela janela. Ele com certeza
sabia como escolher.
Ele estava tão distraído na viagem de volta que não percebeu a
atividade no banco da frente.
Mãos cruzadas, dedos entrelaçados. Olhares sedutores. E um gemido
suave de meus lábios quando Abe correu o polegar para cima e para baixo
no meu pulso, enviando faíscas escaldantes dos meus mamilos para o
meu clitóris.
Sim. Abe sabia como excitar uma mulher. Ele me faria gozar com
muito pouco esforço. Se eu deixasse.
Capítulo 5
ABE

— Se vocês forem para o leste, você encontrará um cais privado que


diz Island Paddlers. Há um lugar para amarrar os barcos, e é ótimo para
nado. Alguma pergunta?
O homem de cabelo oleoso esfregou as mãos, olhando um pouco
demais para o peito de Cheyenne.
— Não, acho que estamos todos bem, — disse eu, ansioso para afastar
Cheyenne do velho pervertido. E para ficar sozinho com ela.
Eu gostava de sua companhia. Muito. Mesmo que fosse quase
impossível marcar pontos ao dividir um trailer com seu irmão.
Mas, pela primeira vez na minha vida, sexo não era minha prioridade
número um com uma mulher. Eu só queria sair com ela e conversar.
Olhe em seus lindos olhos azuis centúria.
Porra.
O que estava acontecendo comigo? Mudei minha perna para ter
certeza de que minhas bolas ainda estavam lá. Nenhuma garota jamais
me afetou do jeito que Cheyenne fazia depois de apenas vinte e quatro
horas juntos.
— Obrigado por nos escolher, — disse o pervertido, ofegando como
um cachorro sedento. Sua blusa suja grudou em seu corpo enquanto o
suor escorria por sua testa.
— Agradeço muito a publicidade. Leve o tempo que quiser. Por conta
da casa. Só volte por volta das seis. É quando fechamos.
— Oh, isso parece divertido, querido, — Julie disse, ajustando seu
chapéu de sol ridículo na cabeça.
— Eu pensei que você tinha medo de barcos, — comentou Cheyenne,
estudando Julie com os olhos estreitos.
— Grandes barcos em grandes extensões de água, — explicou ela com
uma risada estridente e contida. — Eu não tenho medo de sair em um
lago calmo. Isso é totalmente diferente.
Eu subi primeiro no pedalinho e estendi minha mão para Cheyenne.
Encontramos nosso ritmo e estávamos pedalando para longe da doca
rapidamente.
Craig e Julie pareciam estar tendo algum tipo de discussão. Eu não
duraria cinco minutos com uma garota que exige tanto trabalho assim.
Eu não tinha paciência para isso.
E é por esse motivo que eu não tinha relacionamentos. Um dos
motivos, pelo menos.
Olhei para a garota ao meu lado, apreciando a sensação de sua coxa
macia esfregando contra a minha enquanto remávamos o barco com os
pés. Cheyenne era diferente. Divertida e tranquila. Mas elas
provavelmente eram todas assim no início, até que te acorrentavam.
Então, todas as apostas eram canceladas e elas se transformavam em
cadelas.
Remamos para o leste com o lago sereno à nossa frente, calmo e azul,
com o sol da tarde refletindo nas ondulações da água.
O som do canto dos pássaros, o zumbido de um barco a motor do
outro lado do lago, a água batendo na lateral do barco a remo.
Perfeito. Pacífico. Relaxante.
— O que você está pensando? — Eu perguntei quando peguei
Cheyenne olhando para longe.
— Só sobre minha família. Nossa casa. A fazenda.
— Você já está com saudades de casa? — Abaixei-me e apertei
suavemente seu joelho. Quando eu mantive minha mão em sua perna,
ela a levantou e a colocou no meu colo. — Desculpa. Eu não sei onde
colocar minhas mãos, — eu provoquei.
— Experimente no seu colo, — ela sugeriu. — E não. Eu não estou
com saudades de casa. Fiquei em casa por duas semanas. Isso foi o
suficiente para me lembrar que não quero ser uma fazendeira.
— Por quê?
— Eu quero aproveitar a vida. Viajar. Durma nos fins de semana. Ter
dias de folga. Você não pode ter nenhuma dessas coisas em uma fazenda.
Especialmente uma fazenda de gado leiteiro.
— Certamente você pode. Você contrata pessoas para trabalhar.
Ela encolheu os ombros. — Eu quero abrir minha própria padaria
algum dia.
— Isso seria legal. Contanto que você guarde seus melhores produtos
para mim. Tenho certeza que você tem Pãezinhos... gostosos — eu sorri.
— Oh, pare, — ela riu, me dando um tapa no peito. Eu capturei seu
braço antes que ela pudesse retraí-lo, suas bochechas assumindo um tom
rosado quando acariciei a parte interna de seu pulso com meu polegar.
Eu apostaria dinheiro que seus mamilos estavam duros, mas eu não
conseguia ver por causa de seu maldito colete salva-vidas. Ela quebrou
nosso olhar fumegante e olhou para seus pés.
Porra. Eu queria tanto beijá-la. Mas não podia. Porque se eu fizesse, eu
iria querer mais. E eu não poderia ter. Craig me mataria. E eu tinha a
sensação de que uma noite com Cheyenne nunca seria o suficiente.
Com um suspiro de relutância, soltei seu pulso. Ela se mexeu em seu
assento, olhando para frente.
— Como está sua mãe? — Eu perguntei, esperando quebrar a tensão.
— Ah, muito bem, — disse ela, recostando-se na cadeira. — Chase e
Cam estão morando na fazenda com suas esposas e filhos. Ela está em
êxtase. Quatro netos com menos de cinco anos.
— Uau. A casa deve estar lotada.
— É um caos. — Ela riu, balançando a cabeça.
— E quanto ao Chris? Como ele está?
— Ele vive em Nova Iorque. Trabalha em Wall Street. Ele não é
casado.
— Cara inteligente, — eu disse.
Ela me estudou atentamente, mordendo o lábio inferior. Meu pau
estremeceu. Eu precisava que ela parasse com isso, ou eu teria uma
situação no meu short que seria difícil de esconder em um pedalinho.
— Você acha que algum dia vai se acalmar? — ela perguntou.
— Não. Gosto de estar solteiro. Menos complicado. — E se algum dia
eu me descobrir pensando em um relacionamento sério, passarei cinco
minutos com Craig e Julie. De jeito nenhum eu aguentaria essa merda.
— Eu não recomendaria usar o relacionamento deles como modelo.
— Pare de pedalar por um segundo. — Tirei meu telefone do bolso. —
Precisamos de uma foto para a página da web. Que tal uma selfie de nós
dois juntos?
— OK.
— Posso colocar meu braço em volta de você? — Achei melhor
perguntar primeiro depois do incidente na perna anterior. — Nossos ãs
gostariam disso.
— Quais ãs? — ela riu.
— Já temos duzentos seguidores em apenas um dia. Olhe. —
Entreguei a ela meu telefone.
— Uau. Caramba. — Seus olhos se arregalaram enquanto ela rolava a
página.
— Eu sei. É insano. Quem poderia imaginar que tantas pessoas
estariam interessadas em seguir o acampamento de outra pessoa?
— Você leu os comentários sobre as fotos?
— Sim. Talvez você não devesse. — Peguei o telefone das suas mãos.
Mas Cheguei tarde demais.
— Oh meu Deus. — Ela desviou o olhar de mim, mas não antes de
notar o rubor em suas bochechas.
— Ei, — eu disse. — Olhe para mim.
Ela se virou lentamente, piscando rapidamente quando nossos olhos
se encontraram. — Você é linda, Cheyenne. E os comentários são
verdadeiros. Eu sou um cara de sorte por ter a chance de estar com você.
— Nós provavelmente deveríamos tirar a foto e começar a pedalar, —
ela disse suavemente.
Eu deslizei e envolvi meu braço frouxamente sobre seus ombros. —
Sorria.
*
— Parece que temos o lugar só para nós, — eu disse enquanto prendia
o pedalinho na doca estreita e examinava nossos arredores.
Não tinha muito o que dizer, mas pelo menos era privado. A praia
consistia em alguns metros de costa arenosa e rochosa. — Eu me
pergunto onde Craig e Julie foram.
Cheyenne encolheu os ombros, sentando-se na beira do cais antes de
mergulhar os pés na água. — Oh! Está fria.
— Aposto que vai ser refrescante. Está quente hoje.
Eu me abaixei ao lado dela, nossas pernas nuas se roçando. Nós nos
acomodamos em um silêncio confortável, rodeados pelos sons calmantes
da água lambendo a costa enquanto uma grande garça azul voava acima.
Nunca me senti mais à vontade com uma mulher em toda a minha
vida.
Minhas próximas palavras saíram da minha boca antes que meu
cérebro pudesse evitar e injetar algum senso comum muito necessário. —
Eu gosto de você, Cheyenne.
— Eu também gosto de você, Abe, — ela disse, sorrindo para mim,
seus olhos azuis celestiais brilhando no sol do fim da tarde.
— Eu gosto muito de você, — eu sussurrei, colocando uma mecha de
cabelo loiro atrás de sua orelha. Ela engoliu em seco antes de uma risada
nervosa irromper de sua garganta.
O som de vozes cortou o ar. — Craig e Julie estão aqui, — disse ela,
Virando-se.
— Por que vocês não esperaram por nós? — Craig perguntou quando
eles se aproximaram do cais.
— Achei que vocês estavam bem atrás de nós, — menti.
Como eu deveria dizer ao meu melhor amigo que não suportava a
namorada dele e queria ficar sozinho com sua irmã mais nova?
— Besteira, — Craig zombou. — Vocês fugiram como um morcego do
inferno.
Dei de ombros enquanto jogava a corda para amarrar seu barco. Ele o
prendeu e subiu na doca.
— Minha irmã está fora dos limites.
— Craig! — Julie choramingou. — Me ajude.
— Pelo amor de Deus, — ele murmurou antes de ajudar sua namorada
a subir no cais.
— Vou entrar, — declarei, puxando a camisa pela cabeça. Eu caminhei
até o final do cais e executei a bala de canhão perfeita.
A água fria me sugou para suas profundezas geladas, meu corpo ficou
dormente com o choque antes de eu ressurgir.
— Como está a água? — Craig gritou.
— Boa, — eu parei e afastei meu cabelo molhado do rosto. —
Refrescante.
Craig jogou fora a camisa e mergulhou. — Está c-congelante, —
gaguejou ele ao se levantar. — Vocês vão entrar?
— Oh, não, — Julie disse, franzindo o nariz. — Eu não nado em lagos.
— E você, mana?
— Sim. Eu quero me refrescar. — Cheyenne puxou a blusa pela
cabeça, revelando um biquíni rosa choque. Eu tentei o meu melhor para
desviar meus olhos. E falhei.
Aqueles doces montículos curvos de carne cremosa me deixaram
fascinado. Meus olhos vagaram mais para o sul, observando seu abdômen
tonificado e sua barriga lisa.
Porra!
Ela tinha uma porra de piercing no umbigo! Se eu não estivesse em
água gelada, meu pau estaria duro como aço.
Então ela abaixou o short. Seu biquíni combinando não deixava muito
para a imaginação, mal cobrindo os lábios de sua boceta.
Meu cérebro acelerou, evocando todos os tipos de pensamentos sujos
envolvendo meu rosto entre aquelas coxas sensuais.
— Abe! — Craig berrou, sua voz raivosa interrompendo meu
devaneio.
— O quê?
— Você sabe o quê, — ele rosnou.
Cheyenne vagou até o fim da doca e enfiou o pé lá dentro. — Está
congelando! — ela gritou, puxando o pé para trás.
— Não é ruim quando você entra, — eu menti.
Minhas bolas estavam congelando, mas se eu dissesse isso a ela, ela
nunca entraria. E eu queria aquele corpinho sexy no lago comigo.
— Vamos, Cheyenne! — Craig ligou. — Não seja covarde. Basta entrar.
— Eu irei quando estiver pronta. Me deixe em paz.
— Medrosa! — ele zombou.
Eu me levantei no cais e esperei até que ela se distraísse com as
provocações de seu irmão. Então eu a peguei em meus braços e a joguei
para fora do cais.
Uma série de palavrões saiu de sua boca antes que ela batesse na água
com um estalo alto.
— Você está tão morto, — Julie disse, balançando a cabeça.
Eu a ignorei e saltei para fora do cais. Quando eu emergi, Cheyenne
estava esperando por mim, seus olhos azuis brilhando de raiva. — Por
que você fez isso?
— Eu sabia que era a única maneira de você entrar. Craig estava nisso.
Ele distraiu você.
— Achei que ele fosse apenas te dar um empurrãozinho, — Craig
disse, me lançando um olhar de desaprovação. — Eu não sabia que ele
iria te pegar e te jogar aqui.
Cheyenne espirrou em meu rosto. — Isso não foi legal, Abe.
— Mas você conseguiu entrar, — eu disse, espirrando nas costas dela.
— Eu queria entrar devagar. — Ela espirrou em mim novamente. Mas
ela estava sorrindo. E essa foi toda a confirmação de que precisava. Ela
queria brincar.
Eu mergulhei na água e nadei entre suas pernas, levantando-a nas
minhas costas. Ela gritou, agarrando meus ombros para se firmar e
cravando as unhas em minha carne.
Seus seios pressionados contra minhas costas, seus mamilos duros
como pedra endurecendo em minha pele. Meu pau endureceu. Bem ali
no lago gelado. Mesmo naquele frio.
— Abe! Ponha-me no chão!
Eu nadei na água mais profunda e a joguei sobre meus ombros.
Quando ela veio, ela cuspiu e enxugou a água de seus olhos antes de me
circundar com um brilho diabólico em seus olhos. — Eu não tenho
certeza do que você está fazendo. Mas tenho cem quilos de músculos
puros. Boa sorte, querida.
— Eu vou me vingar mais tarde. Quando você não estiver esperando.
— Estou ansioso por isso, — eu disse, balançando minhas
sobrancelhas.
Eu a observei nadar de volta para a costa. Ela caminhou pela praia,
dando-me uma bela vista de sua bunda perfeita.
Porra.
Eu estava em apuros. Eu passei apenas um dia com a garota, e eu já a
queria. Péssimo. Como eu sobreviveria seis semanas sem pegá-la?
Especialmente quando estava ficando óbvio que a atração era mútua?
Eu olhei para o cais. Craig estava parado lá com os braços cruzados e
uma expressão preocupada no rosto. Eu estava tão ocupado brincando
com sua irmã que não tinha percebido que ele tinha saído da água.
— Relaxe, — eu disse quando subi a escada para o cais. — Nós
estamos apenas nos divertindo.
— Craig? — A voz chorosa de Julie cortou o ar. — Quer dar um
passeio na praia?
— Não.
— Por quê? — Ela veio por trás dele, envolvendo os braços em volta de
sua cintura. — Eu quero passar algum tempo sozinha com meu homem.
Esfreguei minha mão no meu queixo desalinhado. Eu odiava fazer a
barba, o que significava que sempre ostentava alguma aparência de barba.
— Vá em frente. Eu prometo que não vou contaminar sua irmã. Vou me
comportar da melhor maneira.
— Vamos, bebê. — Julie puxou seu braço.
— Tudo bem, — ele concedeu. Ele olhou para mim enquanto desciam
para a praia. Acenei antes de entrar no barco para pegar nossas toalhas.
— Onde eles estão indo? — Cheyenne perguntou.
— Para uma caminhada. — Espalhei nossas toalhas no cais e me
acomodei de costas com as mãos atrás da cabeça.
Ela mordeu o lábio inferior por um segundo antes de se juntar a mim.
Virei minha cabeça e olhei em seus olhos. — Oi.
— Oi. — Ela piscou e se virou.
Hmm. Eu estava começando a notar um padrão. Cheyenne era
sedutora e ousada quando seu irmão estava por perto, mas assim que
ficávamos sozinhos, ela voltava a ser uma garota tímida e nervosa.
Ela achou que eu iria mexer com ela assim que Craig sumisse de vista?
Ela queria que eu fizesse?
Eu encontrei sua mão e juntei nossos dedos. Ficamos deitados ali,
lado a lado em silêncio, absorvendo os raios do fim da tarde.
Havia algo a ser dito sobre sair com uma garota e não fazer
absolutamente nada além de apenas existir no mesmo espaço.
Eu me perguntei se era assim depois de muito tempo com a mesma
pessoa.
— Como estão seus pais? — ela perguntou.
— Eles estão bem. Felizes, agora que moram em lados opostos do país.
Meu pai está no Arizona e minha mãe na Flórida.
— O que quer que funcione pra eles, — ela riu.
— Bem, morar junto certamente não. Eu posso atestar isso. Eles
brigavam constantemente até que minha mãe finalmente tomou
coragem e foi embora.
Olhei para o céu, uma vasta e consumidora tela azul. Adorava dias
assim. Nenhuma nuvem à vista.
E eu estava deitado em um cais com uma linda garota, contando os
detalhes da minha infância que eu geralmente guardava para mim. Eu
me sentia à vontade com Cheyenne. Confortável.
— Acho que o casamento horrível dos meus pais tem muito a ver com
o meu medo de me comprometer.
— Isso faz sentido. Mas há muitas pessoas por aí que têm casamentos
felizes. Seu pai não se casou novamente?
— Ele se casou.
— E ele está feliz?
— Eu não faço ideia.
— Talvez seus pais simplesmente não fossem certos um para o outro.
— Então, por que diabos eles se casaram?
— Eu não sei. Às vezes, acho que as pessoas se sentem pressionadas a
se casar e começar uma família com uma certa idade, então elas se casam
com a primeira pessoa que aparece, em vez de esperar por sua alma
gêmea.
Rolei de lado e apoiei a cabeça no cotovelo. — Então, como você sabe
se alguém é sua alma gêmea?
— Eu não tenho certeza, — ela disse suavemente enquanto desviava
seu olhar. — Eu avisarei quando eu encontrar o meu. Estou supondo que
a gente simplesmente sabe.
— O que aconteceu com o seu namorado? É por isso que recusou o
pedido de casamento dele? Ele não era o cara certo?
Ela se sentou e vestiu a camisa. — Eu não quero falar sobre isso.
Aí. Definitivamente toquei em um ponto nevrálgico. — Desculpa. Eu
não queria te chatear.
— Tudo bem. — Ela se levantou, puxando o short antes de pegar a
toalha. — Lá vem Craig e Julie. Provavelmente deveríamos voltar.
O cheiro inebriante de fumaça de madeira e pinheiro encheu o ar, as
chamas laranja e amarelas dançando no ar frio da noite.
Eu me inclinei na minha cadeira e dei um longo gole na minha
cerveja. — As meninas deitaram? — Eu perguntei quando Craig saiu do
trailer.
— Sim, — ele suspirou enquanto jogava outra tora no fogo. — Julie
não é muito uma coruja noturna. Cheyenne geralmente fica, mas ela
mencionou que estava com dor de cabeça.
— Hmm. Ela estava muito quieta no jantar.
Craig pegou seu telefone e o estudou por um momento, seus olhos se
arregalando. — Puta merda. Já temos quatrocentos seguidores. Isso é
insano.
— Eu sei, — eu concordei, balançando minha cabeça. Ele franziu a
testa enquanto percorria nossa página. — A maioria dos comentários é
sobre você e Cheyenne.
— Ah, é?
— Sim. As pessoas pensam que vocês são um casal. — Ele ergueu os
olhos do telefone, sua expressão ilegível. — Provavelmente por causa de
todas as selfies de vocês.
Dei de ombros. — Estamos apenas fazendo nosso trabalho. Fazendo
parecer divertido acampar nos Twenty-First Century Parks.
— Eu sou seu melhor amigo, Abe. Corte a besteira e seja honesto
comigo.
Esfreguei meu queixo enquanto olhava para o fogo. — Eu gosto de
Cheyenne. E divertido estar com ela. E estou sexualmente atraído por
ela.
Ele assentiu. — Agradeço sua honestidade.
Ficamos sentados em silêncio por um tempo, bebendo cerveja e
olhando o fogo.
— Então, qual é o plano? — Perguntou Craig.
— Plano para quê?
— Bem, você não pode exatamente dormir com ela quando está
compartilhando um trailer com o irmão dela. E você vai se mudar para
Nova York depois que a viagem terminar.
— Cheyenne está vulnerável e em recuperação. E você não tem
relacionamentos. Parece uma receita para o desastre.
— Não é como se eu tivesse planejado isso. E acho que você está se
adiantando um pouco. Passamos apenas alguns dias juntos.
— Só não quero ver minha irmã se machucar.
— Ela não vai. Você tem minha palavra.
Capítulo 6
CHEYENNE

O luar se derramava através do teto solar, lançando um brilho branco


ambiente em toda a sala de estar.
Rolei de costas e olhei para as telhas pretas e douradas que cobriam o
teto enquanto ouvia os grilos cantarem sua melodia noturna.
Craig e Abe ainda estavam do lado de fora, suas vozes entrando pela
janela aberta, mas eu não conseguia entender o que diziam.
Um arrepio de excitação percorreu minha barriga quando me lembrei
de como os braços de Abe se sentiram, envolvendo-se em volta de mim
por aquela fração de segundo antes de ele me jogar na água.
E quando ele nadou entre minhas pernas e sua barba roçou minhas
coxas? Achei que ia gozar bem ali no meio do lago.
Pensei em seu tanquinho, aqueles peitorais incríveis, seu caminho da
felicidade e o V bem definido que descia em seus shorts.
E eu sabia o que ele estava carregando. Estava gravado em meu
cérebro desde aquela noite em que o observei pela janela do barracão.
Não faria mal se eu me entregasse a uma fantasia sexual sobre Abe.
Ninguém saberia além de mim.
Eu estava no cais com Abe. Craig e Julie não estavam lá. Estávamos
sozinhos, deitados lado a lado e conversando. Ele me disse como eu ficava
sexy no meu biquíni enquanto passava a mão para cima e para baixo na
minha coxa.
Eu me contorci e gemi, desejando seu toque.
Ele se sentou e rastejou entre minhas pernas, separando minhas coxas com
seus ombros largos enquanto olhava para minha boceta de biquíni.
Quando ele passou o dedo sob o elástico, eu gritei e arqueei minhas costas,
espalhando minhas pernas mais amplamente. Ele afundou dois dedos em
minha entrada gotejante.
Enfiei minha mão sob as cobertas e toquei minha boceta, imaginando
que eram os dedos de Abe dentro de mim. Mas eu não conseguia gozar.
A fantasia não era mais o suficiente. Não quando o verdadeiro homem
estava por perto. E interessado. Ou assim parecia. Fechei os olhos e
adormeci.
*
Acordei com o som de passos pesados e vozes abafadas. Eu mantive
meus olhos fechados, ouvindo-os se movendo e se preparando para
dormir.
Quando a escada para o beliche de cima rangeu, abri os olhos. — Oi,
— eu sussurrei.
Abe se inclinou sobre a beira da cama, um largo sorriso adornando seu
belo rosto. — Oi. Eu não te acordei, não é?
— Não. Craig fez. Ele não anda. Ele pisa pesado em todos os lugares
que vai. Ele é como um elefante.
Ele acenou com a cabeça e riu. — Tive um dia divertido hoje, — ele
sussurrou, seu olhar aquecido deslizando sobre mim e enviando meu
estômago em uma cambalhota para trás.
— Eu também, Abe. Obrigada.
— De nada. Estou ansioso para as próximas seis semanas. — Boa
noite, Abe.
— Boa noite, querida.
— Podemos ficar aqui as próximas seis semanas inteiras? — Abe
perguntou enquanto brincava com sua câmera. — Esta vista é incrível.
Nosso acampamento em Telegraph Cove, na Columbia Britânica, dava
para a baía. A pequena vila pitoresca ficava situada no lado leste da Ilha
de Vancouver, cercada por árvores e montanhas.
— Não acho que poderíamos nos divertir aqui por tanto tempo, —
respondi. — Mas é bom aqui. Bonito e tranquilo.
Vozes raivosas espalharam-se pela porta de tela do trailer,
atravessando a fileira de acampamentos ao longo da costa.
— Tanto para paz e silêncio, — Abe resmungou.
— Eu não me importo, Craig, — Julie lamentou. — Eu odeio
caminhadas. Você tem ideia de como é ter tantas alergias? E se eu pegar
uma picada de inseto, vou inchar como o dirigível da Goodyear!
— Então por que você concordou em vir em uma viagem de
acampamento de seis semanas?!
— Porque achei que seria romântico atravessar o país em um trailer
com meu namorado.
— Você achou que ficaríamos no trailer o tempo todo? Você ajudou a
pesquisar e planejar nosso itinerário.
— Eu pensei que Abe e Emily fariam todas as coisas ao ar livre. Abe é o
fotógrafo. Contanto que tiremos algumas fotos, não temos que fazer
todas essas coisas.
— Sim, nós temos. Assinamos um contrato. Como podemos postar
sobre as atividades se não as fizermos? Sério, Julie.
Observei quando Abe cruzou a grama até a porta com uma carranca
agravada.
— Ei, pessoal? Tentem abaixar o volume. Metade do parque pode
ouvir vocês. É essa a imagem que vocês querem passar? Estamos
representando os Twenty-First Century Parks.
— Vamos embora, — Craig disparou ao sair do trailer com a mochila
nas costas. — E quase meio-dia. Se vamos chegar ao topo, precisamos
nos mover. — Eu andei na frente com Abe, olhando para meu irmão. Ele
não parecia feliz. Seriam seis semanas longas se Craig e Julie brigassem
constantemente.
— Espere! — Julie gritou, correndo em nossa direção.
Abe murmurou baixinho quando ela nos alcançou.
— Eu decidi ir, — ela jorrou. — São apenas dois quilômetros, não é? O
que é mais curto do que milhas, certo? Portanto, não deve ser tão ruim.
— São quatro, — Abe a informou sem se virar. — Cada percurso.
— Vai levar quatro horas para caminhar até o mirante e voltar, — disse
Craig. — Tem certeza que quer ir?
— Sim. Vamos.
O início da trilha serpenteava por uma densa floresta tropical. Abe
pegou minha mão, me guiando pelo caminho, por cima de raízes e
pedras enquanto colocamos alguma distância entre nós e nossos
companheiros de viagem.
— Por que você está segurando a mão da minha irmã? — Craig gritou
enquanto fechava a distância. — Ela não é uma criança.
Abe riu, olhando para trás com um sorriso malicioso. — Estou ciente
de que sua irmã é uma mulher adulta, Craig. E estou segurando a mão
dela porque, caso você não tenha notado, eu meio que gosto dela.
— Ai! — Julie gritou. — Algo me mordeu, Craig!
— Chama-se mosquito, Julie. Você não passou repelente de insetos?
— Sim. Mas não está funcionando.
Abe suspirou, revirando os olhos, enquanto passávamos por um
pequeno rio. Caminhamos em silêncio por um tempo, os sons pacíficos
da natureza nos rodeando enquanto subíamos a inclinação constante.
— Deve haver um mirante legal no topo desta colina, — disse Abe
quando paramos para uma pausa no rio.
— Não fomos longe o suficiente? — Julie choramingou. — De jeito
nenhum vou escalar até lá.
Craig respirou fundo, sua mandíbula apertando enquanto ele fazia
uma careta para sua namorada. — Você caminhou todo esse caminho,
mas vai desistir sem ver o que queremos?
— Estou desconfortável, Craig. Tenho picadas de insetos e meus pés
estão me matando.
— Isso não é justo com o resto de nós.
— Eles podem ir por conta própria. Eu quero voltar.
— E o que eu quero, Julie? Isso importa? — Ele girou nos calcanhares e
voltou para a floresta.
— Craig! — ela chorou. — Espere!
— Puta merda. — Abe balançou a cabeça enquanto os observávamos
desaparecer entre as árvores. — Não vou durar seis semanas com ela por
perto.
— Eu me sinto mal pelo meu irmão.
— Bem, tenho certeza que ele vai dar um fora nela no segundo que
chegarmos em casa. Disso, eu sei. — Ele pegou minha mão, apertando-a
suavemente. — Vamos lá. Podemos terminar a caminhada por conta
própria.
— Ok, — eu concordei, excitação pulsando em minhas veias com a
perspectiva de ficar sozinha na floresta com Abe. Minha boceta apertou
quando eu o imaginei me empurrando contra uma árvore e rasgando
meu short.
— Uau, — Abe engasgou quando chegamos ao topo, soltando minha
mão para pegar sua câmera.
Eu observei enquanto ele colocava uma lente de aparência chique na
frente dela, seus olhos brilhando de excitação.
— Você gosta de fotografia, — eu disse, estudando sua expressão
enquanto ele tirava fotos. Temor, apreciação e contentamento.
— Eu gosto. E a minha paixão.
— Então, por que você está indo para uma carreira em marketing?
Ele limpou a garganta, olhando para mim antes de olhar para o
horizonte novamente. — Não tenho certeza.
— Ah. — Tirei meu binóculo da mochila enquanto ele tirava mais
fotos.
— Eu nem tenho certeza se vou aceitar o emprego em Nova York.
— Você já não aceitou?
— Sim. Mas não estou animado com isso. E eu odeio Nova York. Não
sou um cara de cidade grande.
Eu trouxe o binóculo até meus olhos e examinei a água azul profunda.
— Lá! — Eu gritei, apontando para a direita de uma pequena ilha onde
uma criatura em preto e branco emergiu da água. — Uma baleia! Vê?
Ele ajustou suas lentes, apontando a câmera na direção para a qual eu
estava apontando. — Sim.
— Algum dia, eu gostaria de encontrar um local como este para
construir minha casa, — Abe disse, um olhar sonhador passando por seu
rosto.
— Com uma varanda envolvente. Eu me sentaria lá todas as manhãs
com meu café, apenas curtindo a natureza. E depois de um longo dia de
trabalho, relaxaria com uma cerveja gelada. Essa seria a vida perfeita.
— Parece o paraíso.
— E você, Cheyenne?
— Gostaria de uma casa grande no campo. Exatamente como aquela
em que cresci. Mas sem a fazenda.
— E enchê-lo de gente pequena? — Ele olhou para mim, arqueando
uma sobrancelha.
— Pode ser.
— Você será uma ótima mãe algum dia, — disse ele, me examinando
gentilmente.
— Sim, — eu suspirei. — Se eu encontrar o cara certo.
— Você irá. Ele está por aí em algum lugar.
*
Estremeci, a brisa fresca do oceano aumentando enquanto o capitão
conduzia o barco para o mar. O dia estava frio e nublado, e fiquei feliz
por ter optado por usar jeans.
— Assim que chegarmos à área de pesca, você pode iscar seus anzóis,
mas não deixe cair suas linhas até que eu dê o aval. Caso contrário, você
se prenderá nas ervas daninhas.
O tripulante sorriu para mim, seu olhar demorando um pouco mais.
Ele tinha mais ou menos a minha idade, cabelo ruivo curto e
encaracolado, sardas e olhos verdes brilhantes.
— Eu sou Austin, aliás. Se você tiver alguma dúvida, não hesite em
perguntar.
— Excelente. Obrigado. — Craig apertou sua mão.
— Vocês já pescaram em alto mar antes?
— Primeira vez para todos nós, — Craig respondeu. — Bem, espero
que você pegue um peixe grande. Se você fizer isso, vamos cortá-lo e
embalá-lo para você.
— Legal, — Abe disse.
— Você não vai pegar peixes-lua aqui, — ele riu, olhando diretamente
para mim. — Se você precisar de ajuda para puxar, é só gritar, e ficarei
feliz em ajudá-la.
— Tenho certeza de que vou ficar bem, — respondi secamente. Não
gostei de sua insinuação de que eu não poderia puxar um peixe sozinha
porque era uma menina.
— Ok, querida. Se mudar de ideia, me avise.
Abe envolveu seu braço em volta da minha cintura. — Obrigado,
Austin. Vamos apenas sair para o convés e apreciar a paisagem até
chegarmos lá.
Eu olhei de volta para meu irmão enquanto Abe me levava para longe,
sua carranca triste enviando uma onda de culpa por mim.
— Vamos, Craig, — eu chamei. — Venha conosco.
— Não. Vou descer e verificar o convés inferior, ver onde eles limpam
todos os peixes. — Ele acenou antes de desaparecer escada abaixo, com
os ombros curvados e as mãos enfiadas nos bolsos do jeans.
— Meu irmão não está se divertindo, — eu disse enquanto nos
encostamos na grade.
— Sim. Julie é uma chatice total. Eu não posso acreditar que ela não
veio. — Ele balançou a cabeça, olhando para a água.
— Isso não significa que ele não possa se divertir conosco.
— Nenhum cara quer ficar de vela para seu melhor amigo e sua irmã,
— ele disse, me puxando mais apertado contra seu lado enquanto
apertava meu quadril.
— Por que ele se sentiria como uma vela? Não é como se fôssemos um
casal.
— Verdade. Mas nós estamos na fase de flertar, de trocar olhares. E
isso é pior. Ele não quer um lugar na primeira fila enquanto eu coloco as
mãos em sua irmã mais nova.
Ele se virou para que ficássemos de frente um para o outro e colocou
meu cabelo bagunçado atrás das orelhas.
— Trocando olhares? — Eu ri, minhas terminações nervosas
queimando em resposta ao seu olhar aquecido.
— Sim. Essa é uma forma censurada de dizer fodendo com os olhos.
— Ele se inclinou, pressionando sua testa contra a minha, seus olhos
azuis queimando nos meus com luxúria desmascarada.
Lambi meus lábios. Mas em vez de me beijar, ele se afastou e voltou
seu olhar para a água. — Olhe. Leões marinhos.
— Legal, — eu murmurei, desapontamento se estabelecendo em meu
intestino. Eu tinha certeza que Abe iria me beijar. A adolescente dentro
de mim precisava desesperadamente viver essa fantasia.
— Chegaremos aos pesqueiros em breve, — Austin disse, vindo atrás
de nós com um balde de isca. — Onde está seu amigo?
— Ele foi ver a estação de limpeza de peixes, — expliquei.
— Você pode querer chamá-lo, — disse ele, olhando diretamente para
Abe.
— Por que você não vai buscá-lo? — Abe sugeriu, envolvendo seu
braço de forma possessiva em volta da minha cintura.
— Eu tenho que preparar as varas.
— Vá, Abe, — eu disse, escapando de seu alcance. — Vou ficar bem
sozinha por um minuto. Austin não vai me jogar ao mar.
— Não era com isso que eu estava preocupado, — ele murmurou
enquanto se dirigia para as escadas.
— Seu namorado não gosta de mim, — Austin disse com uma risada
seca.
— Abe não é meu namorado.
— Mesmo? — Ele ergueu os olhos da linha de pesca que estava
preparando, franzindo a testa. — Ele com certeza age como se fosse.
Dei de ombros. — Ele é como um irmão mais velho. E Craig, o outro
cara conosco, é meu irmão.
— Venha aqui e eu vou te mostrar como diminuir sua linha, — disse
ele enquanto colocava uma isca viva no meu anzol.
— Eu posso iscar meu anzol, — eu disse. — Eu já pesquei antes.
— Desculpe, querida. Eu estava apenas tentando ajudar. — Ele ficou
atrás de mim, guiando minha mão enquanto eu abaixava minha linha.
— E isso aí, querida, — ele sussurrou em meu ouvido, pressionando
seu corpo contra minhas costas. Seu hálito quente cheirava a café e
cigarros. Eu queria que os caras se apressassem. Austin estava me
deixando desconfortável.
— Tire suas mãos dela! — Abe gritou, chamando a atenção dos outros
passageiros e tripulantes.
Austin se afastou de mim com as mãos no ar. — Relaxe, garotão. Eu
estava apenas ajudando ela a arrumar sua linha.
Ele olhou entre Abe e Craig, engolindo em seco antes de sair para o
convés.
— Você está bem, Cheyenne? — Perguntou Craig.
— Estou bem. Mesmo. Eu posso cuidar de mim mesma. — Eu olhei
para Abe. Ele estava observando Austin, a raiva irradiando dele enquanto
fechava os punhos. — Apenas desencane, Abe. Por favor.
— Não quero que aquele cara chegue perto de você pelo resto do dia.
— Tenho certeza que vocês o assustaram pra caralho. Ele não vai
voltar. Mas se precisarmos de ajuda, teremos que pedir a outra pessoa.
— É melhor ele não mostrar o rosto aqui embaixo de novo, — disse
Abe.
*
— Oh meu Deus! — Eu gritei quando senti um forte puxão na minha
linha. — Eu já peguei algo.
— Parece grande. — Outro membro da tripulação se aproximou,
estudando minha vara enquanto eu segurava com toda força. —
Enganche com força e deixe-o se cansar. Se for um salmão rei, será uma
boa luta.
— Abe, me ajude! Não sei se consigo aguentar. E mais forte do que eu
esperava.
— Relaxe, bebê, — disse ele, envolvendo os braços em volta de mim.
— Eu peguei. Faremos isso juntos.
Eu encarei o salmão-rei deitado na balança. Com a ajuda de Abe, eu
consegui puxar.
Um peixe de quase doze quilos.
Vamos comer salmão por dias. Ainda bem que o trailer tinha um freezer.
— Fique próxima a ele para que eu possa tirar uma foto, — Abe disse.
— Eu tiro, — Craig ofereceu. — Você deveria entrar em cena, Abe.
Você a ajudou a puxar.
— Ok, — Abe concordou. — Obrigado, cara.
Ele ficou ao meu lado, seu braço enrolado firmemente em volta da
minha cintura, enquanto Craig tirava a foto.
— Você pode soltá-la agora, — Craig rosnou, entregando a câmera de
volta para Abe.
— E se eu não quiser? — Abe desafiou com uma risada indiferente.
Craig pigarreou. — Então eu diria que você e eu precisamos ter um
bate-papo privado.
— É justo.
— Com licença, — eu disse. — Eu estou bem aqui. Eu não tenho nada
a dizer sobre isso?
— Não, — Craig latiu. — Isso é entre Abe e eu. E sobre uma das regras
fundamentais da amizade. Irmãs mais novas estão fora dos limites.
— Eu já estou farta desse absurdo machista. — Eu me afastei de Abe,
atirando ao meu irmão um olhar ameaçador antes de ir para o convés
principal. Irmãos mais velhos podiam ser um pé no saco. É um milagre
que eu já tenha tido um namorado. Sempre que algum garoto aparecia,
meus irmãos tentavam assustá-los.
Eu tinha vinte e dois anos. Eu não precisava da permissão de Craig
para foder Abe. E eu não estava delirando. Eu não tinha nenhuma ilusão
de que seria nada mais do que uma aventura casual.
Capítulo 7
CHEYENNE

Eu me inclinei para trás na poltrona, o couro frio esfregando contra


minha barriga nua enquanto eu lia os últimos comentários em nossa
página da web.
Estávamos a caminho de Seal Bay, na costa leste da Ilha de Vancouver.
Craig estava dirigindo e Abe lhe fazia companhia na cabine.
Eu rolei pelas fotos de nossos últimos dois dias, em Telegraph Cove. A
viagem de pesca em alto mar foi incrível. Vimos baleias, golfinhos e
lontras marinhas.
E a melhor parte, claro, foi quando peguei o salmão gigante.
Eu tinha um friozinho na barriga toda vez que pensava nos braços
fortes de Abe me envolvendo por trás enquanto trazíamos o peixe
enorme juntos.
A atração entre nós estava ganhando força a cada dia que passava. Às
vezes, nas raras ocasiões em que estávamos sozinhos, ele olhava
fixamente para os meus lábios.
Eu sabia que ele queria me beijar, mas algo o estava segurando. Algo
além do meu irmão.
Levantei os olhos quando Julie saiu do quarto. — Quanto tempo até
chegarmos lá, Cheyenne?
— Três horas.
— Deus. Estou tão entediada. Acho que vou me sentar na frente com
Craig, um pouco.
Um momento depois, Abe apareceu. — Julie roubou meu lugar, — ele
resmungou.
— Sortudo Craig, — eu sussurrei.
— O que você está olhando? — ele perguntou, olhando para o iPad.
— A página da web. Estou lendo comentários.
Alguns são bastante hilários.
Ele se sentou na outra poltrona e deu um tapinha no colo. — Venha se
sentar comigo, e podemos ver isso juntos.
O calor na minha barriga deslizou entre as minhas pernas quando seu
olhar vagou sobre a minha blusa rosa e short jeans branco. Seus olhos
aquecidos focalizaram meu peito, enviando arrepios de nervosismo pela
minha espinha.
Ele tentaria ficar comigo com Craig e Julie a apenas alguns metros de
distância? Eu coloquei o apoio para os pés no chão e me levantei da
cadeira.
Eu ia fazer isso. Abe não estava mais contente em só ficar de mãos
dadas. E nem eu. Eu fantasiava com o homem desde os quinze anos. Eu
estava mais do que pronta para a coisa real.
Sentei-me cautelosamente na ponta de seu colo. Ele agarrou minha
cintura e me puxou para perto, e então elevou o apoio para os pés. Eu
estiquei minhas pernas e olhei para ele.
— Oi, — eu disse, minha voz tremendo levemente.
— Olá, querida.
Eu levantei o iPad. — Você queria ler os comentários?
— Não. Isso foi apenas uma estratégia para trazer você até aqui. — Ele
pegou o iPad das minhas mãos e o colocou na mesa ao lado.
— Que sorrateiro de sua parte, — eu disse com uma risada nervosa.
— Eu sei, — ele sussurrou, colocando meu cabelo atrás da orelha.
Meu pulso disparou, minha pele formigando em antecipação ao seu
toque. Ele correu o polegar para cima e para baixo em minha mandíbula
enquanto seus olhos azuis queimavam nos meus.
— Eu gosto de você, Cheyenne, — ele sussurrou. — Eu acho você
muito bonita. E seus olhos são lindos.
— Cheyenne! — A voz de Julie ecoou pelo trailer pouco antes de ela
entrar na sala de estar.
Abe amaldiçoou em voz baixa.
Ela olhou para nós, completamente alheia que havia interrompido um
momento privado. — Cheyenne, preciso de sua ajuda.
— Não pode esperar, Julie? — Abe rosnou com os dentes cerrados. —
Estávamos no meio de algo, aqui.
— Claro, — ela retrucou. — Vou sangrar por todo o trailer até que
vocês dois terminem de sugar suas caras.
— Você se cortou? — Abe perguntou com um suspiro de frustração.
— Não, — ela bufou. — Cheyenne, preciso pegar emprestado alguns
produtos de higiene feminina.
— Oh, merda, — Abe resmungou enquanto abaixava a cadeira e me
levantava de seu colo. — Fora.
— Sério? — Eu assobiei quando Abe desapareceu na cabine. — Você
não trouxe absorventes para uma viagem de seis semanas?
— Não. Com o tipo de controle de natalidade que uso, quase nunca
menstruo. E quando acontece, elas geralmente são bem leves. Mas estou
sangrando muito, por algum motivo.
— Eu ainda posso ouvir vocês! — Abe gritou. — Leve essa conversa
para outro lugar. Eu imploro. Você está me enojando.
Julie pisou na frente do trailer. — Com licença? — ela gritou. — Estou
te enojando por falar sobre uma função normal e natural do corpo?
— Sim! — Abe gritou, cobrindo os ouvidos.
— Craig, você pode acreditar nesse cara?
— Querida, estou tentando dirigir. Você pode, por favor, ir ao
banheiro e cuidar do seu problema?
— Tudo bem, — ela retrucou. — Abe, você é um idiota. E Craig? Você
deveria me agradecer, porque seu melhor amigo e sua irmã estavam
prestes a dar uns amassos antes de eu intervir. De nada!
Suspirei enquanto a seguia até o banheiro. — Você tinha que tagarelar
com Craig?
— Eu sinto muito. Não achei que seria uma grande surpresa para ele.
Ele não está alheio. E bastante óbvio que vocês dois estão ansiosos para
entrar nas calças um do outro.
— Aqui, — eu disse, jogando para ela uma caixa de absorventes
internos. — E melhor você me devolver novos assim que pararmos em
uma loja.
— Eu vou. E obrigada, Cheyenne. Você salvou minha vida.
— Aham, — eu resmunguei.
— Não estou com vontade de fazer uma maldita caminhada! Estou
com cólicas.
— Eu não dou a mínima para a porra das suas cólicas. Você está aqui a
trabalho. Lembra? — A voz zangada do meu irmão atravessou a porta
fina do quarto.
Abe olhou para mim com olhos arregalados. Craig raramente
levantava a voz. Mas ele estava de mau humor desde que chegamos a Seal
Bay, uma hora atrás.
Fiz sanduíches de salmão enquanto os caras nos instalavam. Eles
enfrentaram algumas dificuldades e tiveram que pedir ajuda a um
homem no acampamento ao lado.
Craig estava mal-humorado quando finalmente entraram para
almoçar. Assim que terminamos de comer, ele invadiu o quarto para
brigar com sua namorada.
— Estou tirando um dia de folga hoje! — ela gritou. — Você não pode.
Você tirou o dia de folga ontem, quando pulou a viagem de pesca em alto
mar. Estamos recebendo muito dinheiro para participar das atividades
que planejamos como parte de nossa campanha.
— Lembra? A campanha publicitária que nos rendeu esta viagem, e
quarenta mil dólares? E eu não acho que seja justo que você apenas fique
deitada no trailer enquanto todo mundo faz todo o trabalho.
— Bem, eu sinto muito. Eu não sei cozinhar. E eu não sei nada sobre
montar um trailer. Então, o que você quer que eu faça?
— Para começar, você poderia lavar a merda dos pratos sem reclamar.
E você poderia ter prestado atenção quando recebemos o treino de como
montar e instalar o trailer. Mas você não se incomodou.
— Este não é uma merda de um hotel, e minha irmã não é a
empregada contratada. E os passeios não são opcionais. Então, tire sua
bunda dessa cama e vista-se. Estamos saindo em dez minutos.
— Hmm. Eu amo esse cheiro, — eu disse.
Pinheiros se erguiam no alto, bloqueando a luz do sol enquanto
enchiam o ar com seu cheiro cítrico.
Quando eu era pequena, o bosque era minha fuga de uma casa que
nunca ficava quieta. Com quatro irmãos mais velhos, era quase
impossível encontrar paz e sossego.
Eu amava os sons da floresta. A brisa sussurrando através das agulhas
dos pinheiros, pássaros cantando no alto e o ruído suave dos meus pés na
trilha. E a melhor parte da caminhada pelo Seal Bay Nature Park?
O homem caminhando ao meu lado, segurando minha mão enquanto
nos encantamos com as maravilhas da natureza.
— Você faz muitas caminhadas? — Abe perguntou enquanto fazíamos
uma curva na trilha.
— Sim. Eu amo a floresta. É o meu lugar preferido. — Eu olhei para
trás. — Provavelmente deveríamos desacelerar e dar a eles uma chance
de nos alcançar.
Julie estava quieta no caminho até aqui. Eu senti um pouco de pena
dela. Ela não parecia bem, seu rosto estava branco como um fantasma.
Ela estremecia e segurava a barriga toda vez que batíamos em um
obstáculo na estrada.
Mas meu irmão insistiu em arrastar sua bunda pela floresta, embora
ela parecesse que estava prestes a desmaiar.
Ela podia estar fingindo, mas meus instintos me diziam que ela não
estava. Como alguém que já passou por menstruações dolorosas, senti
empatia por ela.
Sofri terrivelmente todos os meses até uma noite em que fui parar na
sala de emergência aos dezessete anos. O médico me prescreveu a pílula,
e meus problemas femininos melhoraram muito.
— Eles não podem estar muito atrás. — Abe passou as mãos pelos
cabelos loiros desgrenhados. — Está muito quente hoje. Mesmo na
floresta.
Eu estendi a mão e corri meus dedos por seus cachos ondulados. Ele
engoliu em seco, seu pomo de adão subindo e descendo, o calor
incandescente saindo de seus olhos.
— Você deveria me deixar cortar o seu cabelo, — eu disse.
— Você acha que eu preciso cortar? — ele perguntou com uma voz
rouca, seus olhos fixos em meus lábios.
— Talvez apenas um corte. — Corri minha mão em sua mandíbula
mal barbeada. — Eu gosto da sua barba. Prefiro beijar um cara com pelo
facial do que um com a barba feita.
— É mesmo?
— Sim, — eu sussurrei.
Ele segurou meu queixo com a mão, seu polegar acariciando a parte
inferior enquanto ele se inclinava. Fechei os olhos, meus joelhos
tremendo quando seu hálito quente passou sobre meus lábios.
Um grito horripilante ecoou pela floresta.
— Que porra foi essa? — Abe rosnou, afastando-se antes que nossos
lábios fizessem contato.
— Veio de lá, — eu disse, gesticulando na direção de onde viemos. —
Você acha que foi a Julie?
— Sem dúvida, — ele resmungou quando começamos a descer a
trilha. Ele olhou para mim com um meio sorriso. — Não se preocupe,
querida. Nós vamos retomar de onde paramos assim que eu ficar sozinho
com você novamente.
Um arrepio de excitação percorreu minha espinha. Abe estava a uma
fração de segundo de me beijar pela segunda vez naquele dia.
Eu queria o beijo. Queria sentir seus lábios nos meus enquanto sua
barba sexy esfregava contra meu rosto. E então eu queria sentir sua barba
por fazer na parte interna das minhas coxas. Eu precisava disso. Precisava
dele.
De alguma forma, eu encontraria uma maneira de coçar a coceira que
me atormentava há sete anos.
— O que aconteceu? — Gritei quando vi Craig ajoelhado na beira da
trilha.
— Julie tropeçou e caiu. Acho que ela pode ter quebrado a perna. Está
dobrada de um jeito estranho.
— Oh meu Deus, — ela gritou. — Está quebrada?!
— Não tenho certeza. Se acalme. Não há sinal de celular aqui, então
vou ter que levá-la de volta.
Ele a pegou nos braços e nós os seguimos de volta para o jipe, seus
gritos ecoando pela floresta e ricocheteando nas árvores. Depois que ele a
acomodou no banco traseiro, ele ligou para a emergência.
— Eu não me sinto bem, — ela gemeu. — Não é só minha perna.
Estou tonta. E as cólicas estão muito fortes.
Seus dentes batiam, então peguei um cobertor da parte de trás do jipe
para deixá-la confortável. — O que há de errado comigo? — ela
perguntou enquanto puxava o cobertor firmemente ao redor de seu
corpo.
— Não tenho certeza, — sussurrei, apertando a mão dela. — Mas eles
vão descobrir quando você chegar ao hospital.
— Obrigada, Cheyenne. Sinto muito ter sido uma idiota. Você não
merecia isso. Você é um verdadeiro amorzinho.
— Está tudo bem, — eu disse, esfregando seu braço. Eu olhei por cima
do ombro. Meu irmão estava andando de um lado para o outro no
estacionamento enquanto Abe se encostava no capô do jipe, olhando
para o telefone.
Homens!
*
As portas de vidro automáticas abriam e fechavam, um fluxo contínuo
de pessoas entrando e saindo. Eu me contorci na cadeira de plástico
duro, olhando ao redor da pequena sala de espera.
Alguns garotos de nariz empinado corriam ao redor, gritando
enquanto subiam nas cadeiras e causavam estragos na lotada sala de
espera.
Um deles estava enfiando Cheezies na boca.
Nenhum dos pirralhos parecia doente o suficiente para exigir uma ida
ao pronto-socorro.
Quando eu tivesse filhos, não seria o tipo de mãe que os levava ao
médico ou hospital para cada pequena coisa. Certamente não fui criada
assim.
Um adolescente coberto de arranhões e lama estava sentado em um
canto. Provavelmente caiu de sua bicicleta ou algo assim.
E então havia a velha senhora, lutando por cada respiração, mesmo
estando ligada a um tanque de oxigênio. Que lugar deprimente.
O médico chamou Craig logo depois que chegamos. Isso foi uma hora
atrás, e ele não tinha reaparecido. Com sorte, ele estava sendo solidário.
Julie era irritante, mas ela ainda era sua namorada.
— Oi, — Abe disse. — O que está passando nessa sua cabecinha
bonita?
— Só estou pensando em Julie. Espero que ela esteja bem.
As portas automáticas abriram e Craig entrou com o rosto pálido e os
lábios pressionados em uma linha fina. Seus braços estavam envoltos em
bandagens. Ele caminhou pela sala e sentou-se em uma cadeira em frente
a nós.
— O que aconteceu com seus braços? — Eu perguntei. — Hera
Venenosa. Julie caiu em um pedaço dela. E quando eu a peguei, expus
meus braços.
— Ela esta bem?
Ele esfregou as mãos no rosto. — Não, ela não está.
Ela quebrou a perna.
— Merda, — Abe murmurou. — Isso é um grande problema.
— Ah, isso não é nem o pior de tudo.
— O que mais? — Tive um mau pressentimento.
Ele respirou fundo e soltou o ar lentamente.
— Aparentemente, Julie estava grávida. E hoje, quando eu fui estúpido
com ela por reclamar das cólicas e a forcei a fazer uma caminhada, ela
estava abortando meu bebê.
Abe prendeu a respiração. — Oh, merda.
— Sim. Estou me sentindo um lixo, agora. Um imbecil gigante.
— Não é sua culpa, — eu disse. — Você não sabia.
Ele balançou sua cabeça. — Não significa que está tudo bem.
— Ela disse que usava anticoncepcional.
— Sim. As pílulas anticoncepcionais não são cem por cento eficazes.
Nada é. Lembre-se disso.
Cheyenne.
— Obrigada, Craig. Eu não preciso de um sermão sobre sexo seguro.
— Você está bem, cara? — Abe perguntou. — Você acabou de perder
um filho. Isso deve ser um choque, mesmo que você não soubesse da
existência.
— Existência dele, — disse ele calmamente, seus olhos se enchendo de
lágrimas. — Era um menino.
— Eu gostaria de poder abraçar você agora, — eu disse, enxugando as
lágrimas dos meus próprios olhos.
— Fique aí. Eu não quero que você pegue a hera venenosa também. —
Ele suspirou profundamente. — Julie obviamente não pode continuar
com a viagem.
— Ela será transferida para Campbell River, onde fará uma cirurgia
para reparar a perna. Provavelmente mais tarde esta noite. E eles vão
fazer uma curetagem ao mesmo tempo.
— Uma o quê? — Abe sussurrou em meu ouvido.
— E quando eles entram e limpam o útero pra garantir que tudo se
foi, — respondi.
— Ahhh.
— Então, estou pensando que também não posso continuar com a
viagem, — disse Craig. — É melhor ligarmos para os Twenty-First
Century Parks.
Capítulo 8
ABE

Eu caminhei pelo trailer. Craig estava no quarto arrumando as coisas


de Julie. E dele. Ele já se sentia culpado o bastante.
A última coisa que ele faria era deixar a namorada sozinha em um
hospital, em um país estrangeiro, enquanto ela se recuperava de uma
perna quebrada e de um aborto espontâneo.
O presidente da Twenty-First Century Parks ligou, implorando para
que eu continuasse com a viagem. Quando hesitei, ele gentilmente me
lembrou de minha obrigação contratual.
Nosso número de seguidores chegou a mil, e suas reservas
aumentaram em 20 por cento. A plataforma de mídia social estava
frenética sobre nós.
Nós significando Cheyenne e eu. Alguém nos apelidou de — O Casal de
Ouro — por causa dos nossos cabelos claros e olhos azuis.
Estranhos discutiam a situação de nosso relacionamento como se nos
conhecessem pessoalmente.
Nosso relacionamento?
Da última vez que verifiquei, eu era solteiro e planejava continuar
assim. Nós não estávamos em um relacionamento. Eu nem a tinha
beijado, ainda. Não foi por falta de tentar.
Eu só estava procurando alguém para manter minha cama aquecida
durante a viagem.
Não estava?
Esse era o meu modus operandi.
E agora eu ficaria sozinho com ela. Não apenas qualquer ela A irmã
mais nova do meu melhor amigo.
Tenho certeza de que você não deve transar com a irmã do seu amigo
e, definitivamente, não deveria transar com ela só por uma noite.
Especialmente quando você não pode fugir na manhã seguinte. Seria
muito estranho e constrangedor.
Eu tinha que colocar minha cabeça no lugar antes que Craig saísse
daquele quarto. Ele já tinha problemas o bastante. Eu sabia que ele não
estava feliz em deixar sua irmã comigo. Ele não confiava em mim. Por um
bom motivo.
Eu não tinha um grande histórico com mulheres. Eu não servia pra
namorar. Meu medo arraigado de compromisso impedia qualquer ficada
ou transa de progredir além do casual.
— Você fez as malas? — Eu perguntei quando ele apareceu com todas
as malas de Julie, junto com sua própria mala.
— Sim. — Ele se encostou na bancada da cozinha com os braços
cruzados sobre o peito, todo sério enquanto me encarava. — Precisamos
conversar, Abe.
— OK. Diga. — Parei de andar e fiquei do outro lado do balcão.
Melhor ter uma barreira entre nós para esta conversa.
— Você pode me prometer que não vai dormir com minha irmã?
Ah, 77(70. Como devo responder essa pergunta? Eu não queria mentir
para meu melhor amigo, mas sabia que ele tinha um gancho de esquerda
cruel-
— Não posso prometer isso, Craig. Desculpa. Estou muito atraído por
ela e tenho quase certeza de que é mútuo.
Ele suspirou pesadamente, balançando a cabeça enquanto olhava para
o chão antes de me olhar nos olhos novamente. — É justo. Agradeço sua
honestidade.
— E não sou estúpido o suficiente para pensar que posso dizer a
minha irmã de vinte e dois anos o que fazer. Ou não fazer, neste caso.
— Ela é capaz de tomar suas próprias decisões.
— Então, apenas me prometa que você não vai machucá-la. Seja
franco com ela. Se você está procurando apenas uma noite de sexo,
certifique-se de que ela entende isso.
— Isso eu posso prometer a você. Eu me importo com Cheyenne. Eu
não vou fazer nada para machucá-la. E eu vou cuidar dela. Nada vai
acontecer com ela sob minha supervisão.
— Obrigado, Abe. Eu sei que isso é uma merda para você também.
Deveríamos fazer isso juntos. Este era o nosso projeto.
Dei de ombros. — Merdas acontecem.
— Uau, — ele riu. — Eu não acho que você esteja desapontado.
— O quê?! — Eu zombei com choque falso. — Claro que estou.
— Aham, — ele resmungou. — E melhor voltarmos para o hospital.
— Você acha que a loja de bebidas ainda está aberta? — Cheyenne
perguntou enquanto subíamos no jipe. Tínhamos acabado de dizer nosso
último adeus a Craig e Julie antes de deixar o hospital.
— Não tenho certeza. Talvez. — Eu olhei para o meu relógio. — Por
quê?
— Eu preciso de uma bebida, ou dez, depois deste dia.
— Entendido. Vamos encontrar uma loja de bebidas para você.
— Há uma a alguns quarteirões daqui, — disse ela, olhando para o
telefone. — Vire à direita no próximo semáforo.
Cheyenne saltou do jipe no segundo em que o estacionei, disparando
em direção às portas de vidro automáticas da loja de bebidas.
— Ei! Espere, Cheyenne.
— Desculpe, — ela disse quando eu a alcancei. — Eu não sou um
alcoólatra ou algo assim. Eu só me sinto estressada com toda essa
situação e tudo o que aconteceu hoje. E meio surreal.
— E eu sei que se eu não relaxar, eu nunca vou conseguir dormir esta
noite. Não vou conseguir desligar meu cérebro.
— Está tudo bem, querida, — eu disse, puxando-a em meus braços. —
Eu entendo. Vamos pegar nossa bebida e voltar para o parque, tomar
alguns drinques e apenas relaxar. OK?
— Tudo bem, — disse ela, apoiando a cabeça no meu peito.
Eu esfreguei meu nariz em seu cabelo, inalando o cheiro tentador de
seu shampoo de coco. Porra. Ela cheirava tão bem. Me sentia tão bem em
meus braços. — Pronta para entrar? — Eu perguntei.
— Sim. — Ela se afastou, sorrindo para mim. — Você é um cara muito
legal, Abraham McLean.
— Eu realmente não estou, — eu disse, despenteando seu cabelo.
— Sim, você é. — Ela agarrou minha mão e me puxou pela porta. —
Vamos lá. Vamos encontrar os coolers de vinho.
— Coolers? É com isso que você vai ficar bêbada?
Ela encolheu os ombros. — O que posso dizer? Eu sou um peso leve.
Peguei uma garrafa de vodca. — Apenas no caso de você decidir que
precisa de algo mais forte.
*
Acontece que ela não precisava de vodca. Depois de três coolers de
frutas com vinho, Cheyenne tinha uma expressão vidrada nos olhos e um
fluxo de palavras sem sentido fluindo de sua boca.
Eu bebi minha segunda cerveja, observando-a tropeçar no banheiro.
Ela mudou para calças de pijama. Um top branco espreitou para fora
de seu moletom rosa. O zíper estava baixo o suficiente para me dar uma
bela visão de seus seios derramando para fora.
Porra Ela precisava manter aquele moletom.
— Eu me sinto tão relaxada, — disse ela enquanto se jogava no sofá,
deitando-se de costas com os joelhos dobrados.
— Fico feliz em ouvir isso. — Eu ri.
— Eu não bebo muito. Mas acho que preciso começar. Cura perfeita
para um dia de merda.
— Às vezes pode ser. Até a manhã seguinte. Então você paga o preço.
— Bem, uma coisa boa aconteceu hoje para você, — disse ela, rolando
para o lado e atirando-me um sorriso malicioso.
— O quê?
— Você não precisa mais dormir na cama de beliche.
— Isso é verdade. Você pode ficar com o quarto, e eu fico com o sofá-
cama.
Ela se sentou ereta, esticando o lábio inferior. — A cama é enorme.
Talvez pudéssemos compartilhar.
Oh, merda.
Eu não ia tirar vantagem de uma garota bêbada. Esse não era meu
estilo. — Eu acho que talvez você devesse dormir lá sozinha. Pelo menos
por esta noite.
— Mas por quê? — ela choramingou.
— Porque você está bêbada, querida.
— Você provavelmente está certo sobre isso. — Ela deu uma risadinha.
— Você é um cara bom, Abraham.
Dei de ombros. — Eu não sei sobre isso. Mas eu valorizo minha vida. E
você tem quatro irmãos mais velhos que não hesitariam em chutar a
minha bunda se eu me aproveitasse enquanto você estava bêbada.
Ela jogou a cabeça para trás, rindo ruidosamente. — Eles iriam te
caçar. Isso é certeza.
— Eu seria um homem morto.
— Mas eu preciso de você. Você é o único homem que pode consertar.
— Consertar o quê?
Ela se deitou novamente e fechou os olhos.
Eu estava começando a achar que ela tinha adormecido quando
finalmente respondeu à minha pergunta.
— Me consertar.
— O que há de errado com você, Cheyenne?
Uma risada seca saiu de sua garganta. — Eu não posso te dizer.
— Claro que você pode, querida. Você pode me dizer qualquer coisa.
— Você quer saber por que recusei a proposta de Simon?
Opa.
Uma confissão de bêbado era iminente. E eu tive a sensação de que
não queria ser o alvo. Eu e minha boca grande. Por que eu disse que ela
poderia me contar alguma coisa?
— Talvez você devesse ir para a cama. Podemos conversar sobre isso
amanhã.
— Não. Eu nunca teria coragem sem a bebida.
— Ok, — eu disse hesitantemente. — Pode falar. Se você tem certeza
de que deseja compartilhar isso comigo.
— Ele não conseguia atender às minhas necessidades, — ela
murmurou, os olhos ainda fechados.
— Hmm. — Fiz uma pausa e limpei minha garganta.
— Estamos falando sobre...?
— Sexo? Sim. Esses tipos de necessidades.
Eu estremeci e esfreguei minha nuca. — Você já tentou falar com ele
sobre isso?
— Sim. Mas ele não ouviu. Ele se recusou a tentar algo diferente. Era
papai e mamãe ou nada. Não pensei que existisse um homem que não
gostasse de sexo. Mas eu encontrei um.
— Ele acreditava que sexo era para procriação, não recreação.
— Puta merda, — eu soltei. — Você não namorou ele por dois anos?
— Sim. Nós demoramos pra fazer quase um ano depois que
começamos a namorar. Ele disse que queria esperar até se casar. Eu
menti e disse a ele que era virgem. Ele teria me largado se soubesse que
eu não era.
— Então, uma noite, eu o convenci de que as pessoas deveriam fazer
isso antes do casamento, para ter certeza de que eram compatíveis no
quarto. Ele não sabia que não era a minha primeira vez, eu acho. Achei
que ia melhorar.
— Bem, sexo é muito importante. Você o amava?
— Sim. Eu acho que sim. Ele era um homem gentil e atencioso. Não
era culpa dele que eu precisasse de algo que ele não pudesse me dar. Ele
não foi o primeiro cara a falhar. Houve dois antes dele.
Cheyenne teve três caras? Por que isso me incomoda tanto?
Espere um minuto. Minha mente voltou para sua declaração sobre a
necessidade de que eu a consertasse. Eu não tinha certeza se queria a
resposta para minha próxima pergunta, mas perguntei mesmo assim.
— Por que você acha que precisa ser consertada?
— Porque eu não consigo gozar a menos que seja minha mão fazendo
o trabalho. E é sua culpa. Então, espero que você consiga consertar.
Que porra é essa?
— Em primeiro lugar, acredito firmemente que os orgasmos de uma
mulher — ou a falta deles — dependem exclusivamente do seu parceiro.
Então, eu não me culparia. Culpe os palhaços com quem você fez sexo.
— E em segundo lugar, como seus problemas sexuais são minha culpa?
Ela virou a cabeça, olhou-me diretamente nos olhos e deixou cair sua
bomba.
— Porque eu vi você transando com uma garota no barracão quando
eu tinha quinze anos. E as imagens e sons ficam gravados para sempre
em meu cérebro. Você definiu o padrão naquela noite. E nenhum homem
jamais foi capaz de se comparar.
Minha mente disparou, tentando evocar a noite em questão. No
último verão em que trabalhei na fazenda Carson. Eu tinha fodido
algumas garotas diferentes naquele verão. Mas Cheyenne não precisava
saber disso.
Lambi meus lábios, limpando minha garganta enquanto tentava
formular uma resposta. — Como você testemunhou algo assim? — Ela
olhou para o teto, um pequeno sorriso brincando em seus lábios
enquanto ela contava sua história.
— Eu saí no meio da noite para coletar minhocas. Sua janela estava
aberta. Eu ouvi a garota gemendo e espiei.
— Você colocou as pernas dela em seus ombros, e você estava
enfiando nela com tanta força que sua cabeça estava quicando para fora
da cabeceira da cama. E você dizia a ela para gozar. Eu nem sabia o que
isso significava.
— Então você saiu de cima dela e eu vi seu pau.
Ela virou a cabeça para me encarar novamente com um sorriso
tímido. — Nenhum dos caras com quem estive era tão grande. Nem
mesmo perto.
— Oh meu Deus, Cheyenne. Eu não tinha ideia de que você estava lá.
— Sentei-me em um silêncio atordoado, processando tudo o que ela
disse.
— Depois daquela noite, fiquei obcecado por sexo. Li todos os artigos
que pude encontrar na internet, assisti horas de pornografia. E eu
fantasiava com você enquanto me masturbava até o orgasmo.
— Eu até tentei fingir que era você enquanto fazia sexo com os outros
caras. Mas não funcionou.
Eu abri minha boca, mas nenhuma palavra saiu. A confissão de
Cheyenne mudou tudo. Graças a Deus descobri antes de dormir com ela.
De jeito nenhum isso teria terminado bem.
E eu não fodia garotas danificadas. E se eu não pudesse fazê-la gozar?
Ela ficaria mais fodida.
Como se isso fosse possível.
Eu era habilidoso no quarto. Sem dúvida eu poderia dar a ela
orgasmos alucinantes. Mas então ela se apegaria muito. Iria querer algo
mais do que eu poderia dar a ela. Como um compromisso.
Eu iria quebrar seu coração quando eu fosse embora no final da
viagem. E perder meu melhor amigo. Se eu sobrevivesse à fúria de seus
irmãos.
E a parte mais assustadora de tudo isso? E se eu não pudesse ir
embora? E se eu não quisesse?
Um arrepio percorreu minha espinha. Porque eu já sabia que
Cheyenne Carson tinha potencial para me quebrar.
Capítulo 9
CHEYENNE

Eu estava caminhando pelo deserto do Saara. Minha boca estava tão


seca. Por que não trouxe água? Se eu pudesse pegar uma bebida, talvez
minha cabeça não parecesse como se um trem de carga estivesse
passando por ela.
Falando em trens, por que parecia que eu estava em um? A cama
estava se mexendo.
Lutei através da névoa que cobria meus olhos e imediatamente me
arrependi de abri-los. A luz do sol entrou, queimando minha cabeça
dolorida como um raio.
Merda A realidade infiltrou-se como água em um porão com
vazamento. Eu bebi muito na noite anterior. Craig e Julie estavam no
hospital. Eu estava sozinha com Abe. Estávamos indo sem eles. Apenas
nós dois.
Sentei-me e afastei as cobertas. Por que eu dormi com meu moletom?
Eu nunca fazia isso. E eu geralmente usava shorts para dormir. Mas eu
estava de calça de pijama. Não admira que eu estava tão quente.
Eu não conseguia nem me lembrar de ter ido para a cama.
Uma onda de tontura tomou conta de mim quando tentei me
levantar. O trailer definitivamente estava se movendo. Peguei meu
telefone na mesa de cabeceira.
Meio-dia!
Santo inferno.
Eu tropecei no banheiro e liguei o chuveiro. Eu não queria que Abe
me visse assim.
Meu reflexo era assustador. Bolsas sob meus olhos, baba seca no
queixo e um ninho de rato no topo da minha cabeça.
Eu saboreei a sensação da água quente enquanto ela corria pelo meu
corpo. Por que eu bebi esses coolers? Eu devia ter imaginado.
Eu podia lidar com cerveja, mas por algum motivo, aqueles coquetéis
de frutas e vinho levaram a melhor sobre mim. Provavelmente porque
eles tinham um gosto tão bom que eu os virei rápido.
Eu só podia esperar não ter feito papel de boba na frente de Abe.
Flashes da noite anterior se passaram em minha mente. Ele me carregou
para a cama?
Quando terminei o banho, havia apagado todos os resquícios físicos
da minha ressaca. Vesti um par de shorts jeans e uma regata rosa claro e
me dirigi para a cabine.
— Bom dia, — Abe disse sem tirar os olhos da estrada.
Eu sentei no banco do passageiro e corri meus olhos sobre seu corpo
sexy. Sua camiseta Bon Jovi grudada em seu abdômen. Shorts jeans
largos ficavam baixos em seus quadris.
Ele tirou uma mecha de cabelo da testa e olhou para mim.
Eu sabia que algo havia mudado no segundo que nossos olhos se
encontraram. A diversão se foi. Nenhum indício do calor do dia anterior,
quando ele estava prestes a me beijar na floresta. Antes que Julie gritasse.
— Onde estamos? — Eu perguntei.
— Apenas fora de Nanaimo. Estaremos pegando a balsa em breve.
— Por que você não me acordou? Eu teria ajudado você a preparar o
trailer.
— Eu não precisava de ajuda, — ele respondeu, seu tom frio enviando
arrepios na minha espinha. E não do tipo bom. — Você precisava dormir
para se livrar da ressaca.
— Eu estava muito mal na noite passada? — Eu perguntei, me
encolhendo.
Ele me lançou um olhar surpreso. — Você não se lembra?
— Na verdade não. O que eu fiz?
— Você não fez nada. Mas você com certeza fala bastante quando está
bêbada.
— Oh-ow, — eu sussurrei.
— Sim. Oh-ow resume muito bem.
— O que foi que eu disse? — Eu perguntei, o medo se infiltrando em
meus ossos.
— Falaremos sobre isso mais tarde. No momento, preciso me
concentrar em colocar essa coisa na balsa.
— OK. Eu vou deixá-lo sozinho.
Levantei-me do banco do passageiro e caminhei lentamente de volta
para o quarto.
O que eu falei? Oh meu Deus. Eu fui tão idiota. Eu finalmente tinha o
cara dos meus sonhos ao meu alcance, mas estraguei tudo.
Sentei-me na beira da cama e me concentrei, desejando que meu
cérebro relembrasse a noite anterior.
Lembrei-me de parar na loja de bebidas. Virei três coolers em um
tempo muito curto. Deitada no sofá. Convidando Abe para dormir
comigo.
Merda
Eu disse a Abe sobre minha incapacidade de ter um orgasmo por
causa do que vi naquela noite quando tinha quinze anos.
Santo inferno.
Não admira que ele estivesse agindo estranho. Eu disse a ele que era
uma aberração frígida.
Claro que ele não estava mais atraído por mim. Que cara ficaria depois
de uma confissão dessas? E eu tinha que passar mais cinco semanas com
ele em um trailer. Esta viagem estava se transformando em um desastre
épico.
Enterrei meu rosto no travesseiro, lutando contra as lágrimas que
queriam derramar. Cheyenne Carson não era uma chorona. Nunca foi.
Eu era durona. Eu não tive escolha, crescendo com quatro irmãos mais
velhos.
E eu não ia começar agora. Certamente não por causa de um cara que
eu mal conhecia. Fechei meus olhos e deixei o sono me levar embora.
*
Algo tocou meu ombro nu. Eu dei um tapa nele. Provavelmente
aquele maldito mosquito que zumbia no quarto antes de eu adormecer.
— Cheyenne.
OK. Talvez não. Mosquitos não falava. Abri meus olhos e encontrei
Abe sentado ao lado da cama. — E aí? — Eu perguntei com uma voz
grave.
— Estamos na balsa. Obviamente. Já que estou aqui e não ao volante.
— Ah, é, — eu ri, esfregando meus olhos. — Duh.
— Quer comer alguma coisa? Temos duas horas para matar.
— Sim. Certo. Só vou pegar um suéter, caso esteja frio lá em cima.
Depois que pegamos nossa comida, Abe me levou a uma mesa
particular na parte de trás do pátio externo. Estava ventando muito lá
fora. Mas o vento não era a única coisa fria que soprava em nossa mesa.
Abe estava remoendo minhas confissões de bêbada. Ou pelo menos eu
assumi que era por isso a cara de cu.
— Precisamos conversar, — disse ele, empurrando a bandeja de lado
com o almoço inacabado.
— Tudo bem, — concordei em voz baixa, rezando para que uma
grande rajada de vento viesse e me soprasse para fora da balsa.
Ele esfregou as mãos no rosto e pigarreou. — Ontem à noite, você
disse algumas coisas.
— Sim. Estou começando a lembrar, — eu disse.
— Alguma chance de você esquecer tudo o que eu disse?
— Não. — Seus olhos azuis queimaram nos meus, sua boca definida
em uma linha fina. Eu não sabia se ele estava com raiva, com tesão ou o
quê.
— Me desculpe.
— Você não fez nada para precisar se desculpar, Cheyenne, — disse
ele, sua voz suavizando.
— Então por que você está com raiva de mim?
— Não estou com raiva de você, querida. Mas acho que precisamos
impedir que as coisas continuem entre nós.
Meu coração afundou. Lágrimas queimaram atrás de meus olhos. Eu
precisava ter controle. Não era como se eu estivesse sendo despejada. Eu
nunca tive Abe. Então, por que parecia que ele tinha arrancado meu
coração e pisado nele?
— Ok, — eu sussurrei, usando cada grama de força do meu corpo para
não desatar a chorar.
Ele suspirou profundamente. Aparentemente, eu não estava fazendo
um bom trabalho em mascarar meus sentimentos.
— Eu prometi a Craig que não iria machucar você. Depois do que você
me disse ontem à noite, percebo que é exatamente o que aconteceria se
eu agisse de acordo com minha atração por você. — Eu não namoro,
Cheyenne. Não posso te oferecer nada além de uma aventura casual que
terminará quando esta viagem acabar.
— Eu sei disso, Abe. Acabei de sair de um relacionamento de dois
anos. Também não procuro nada a longo prazo. Eu esperava que um caso
com você fosse a cura para o meu problema.
— Nossa, — ele riu, esfregando a mão sobre o coração. — Isso doeu.
Você só quer me usar para sexo.
— Isso soou errado, — eu disse, aliviada ao ver um sorriso em seu
rosto.
Ele alcançou o outro lado da mesa, entrelaçando nossos dedos. —
Tem certeza que quer isso? Você diz que está bem com um caso sem
amarras agora
Mas e se você mudar de ideia?
— Eu não vou, — eu disse com mais convicção do que eu sentia. Mas
eu tinha que fazê-lo acreditar que não me apaixonaria por ele.
Esta era minha chance de viver minha fantasia adolescente. De
resolver meus problemas sexuais. Abe era a resposta. Se eu pudesse
aprender a ter orgasmos com um homem, poderia finalmente começar a
procurar o homem certo.
O único problema com esse plano?
Eu já o havia encontrado.
Capítulo 10
CHEYENNE

A paisagem ao longo da Sea to Sky Highway em direção a Whistler era


de tirar o fôlego.
Pinheiros altos com montanhas cobertas de neve à distância. Lagos
azuis radiantes. O Canadá era realmente um país lindo.
Mas eu não consegui aproveitar. Não naquele dia. Meu coração batia
forte em meus ouvidos, meu estômago se agitando com uma estranha
mistura de nervosismo e fome. Eu não tomei café da manhã. A última
coisa que eu queria fazer era vomitar.
— Você está bem? — Abe perguntou, olhando para mim, preocupação
gravada em seu rosto.
— Não. Estou morrendo de medo.
— Isso é normal. Também fiquei apavorado da primeira vez. — Ele
estendeu a mão e acariciou minha coxa nua, seus dedos deslizando sob a
borda do meu short.
— Se você está tentando me distrair, não vai funcionar. Não há nada
que você possa fazer com essa mão agora que me distraia do fato de que
vou pular de uma ponte.
Ele riu, um estrondo alto do fundo de seu peito.
— Isso é um desafio?
— Não, — eu rebati. — Isso não é engraçado, Abe. Estou
enlouquecendo.
— E se eu dissesse que poderíamos pular juntos?
— Mesmo?
— Sim. E chamado de salto duplo. Estaríamos amarrados aos nossos
pés. E eu te seguraria em meus braços. Isso tomaria o salto menos
assustador?
— Sim. Eles vão nos deixar fazer isso?
Ele entrou no estacionamento e estacionou o jipe. — Eu liguei
enquanto você estava no banho. Eles vão deixar. Nossos ãs vão adorar.
— Bem, eu não gostaria de decepcionar os ãs, — eu disse com um
suspiro relutante.
— Isso aí. Esse é o espírito. — Ele apertou meu joelho antes de sair do
jipe.
Caminhamos até a ponte de mãos dadas. Quando chegamos ao topo,
meu corpo estava coberto por uma fina camada de suor. Eu engoli em
seco, minha garganta parecia uma lixa enquanto eu agarrava a mão de
Abe com mais força.
— Eu não consigo fazer isso, — eu engasguei, olhando para o rio
Cheakamus, cerca de sessenta metros abaixo.
— Sim, você consegue, — Abe sussurrou. — Só respire.
— Você vai ficar bem. — Um cara da minha idade sorriu para mim
enquanto seu olhar vagava pelo meu corpo. — Eu sou Scott. Eu estarei
cuidando de vocês hoje.
— Olá, — Abe disse, carrancudo para Scott. Ele não tinha perdido o
cara me olhando.
Eu esqueci meu medo por um minuto, revelando o fato de que Abe
estava agindo com ciúme e possessividade. Ele colocou a mão nas minhas
costas enquanto seguíamos Scott para uma pequena cabana de madeira.
— Você precisa assinar um termo de responsabilidade antes de pular,
— ele nos informou, entregando uma prancheta para Abe. — Ótimo, —
eu murmurei. — Você sabe que está em apuros quando está prestes a
assinar algo reconhecendo que sabe que pode morrer.
— Relaxe, querida, — Abe disse, me entregando a prancheta. — Você
vai ficar tão feliz por ter feito isso. Confie em mim. Este será meu terceiro
salto.
— Legal, — disse Scott. — Onde mais você saltou?
— No Royal Gorge, Colorado e no Mount Hood.
— Ambos são bons saltos. Algum dia, eu quero ir para a Nova
Zelândia.
— Oh, eu também! — Abe exclamou, seu aborrecimento anterior com
Scott esquecido.
— Está pronta? — Scott perguntou quando eu entreguei a ele a
prancheta.
— Sim. Tão pronta quanto é possível.
Voltamos para a ponte. Eu não conseguia acreditar que ia pular de
bungee jump.
Que porra eu estava pensando? Eu deveria ter olhado o itinerário
antes de concordar em fazer essa viagem. De jeito nenhum Julie teria
pulado. Nem em um milhão de anos.
— Vocês querem fotos? — Um homem mais velho e careca estava ao
lado, com uma câmera. — As pessoas vão enlouquecer com fotos do
Casal de Ouro fazendo um bungee jump em dupla
— Claro, — Abe disse entre os dentes cerrados.
Ele não gostou dos holofotes, mas eu não me importei. Era
temporário. Assim que a viagem terminasse, as pessoas se esqueceriam
de nós e partiriam para outra coisa. Era legal ser famosa.
— Ok, — disse Scott. — E hora de se vestir. Eu preciso que vocês
fiquem cara a cara para que eu possa amarrar seus tornozelos.
Abe deslizou seus braços em volta da minha cintura, e eu segui o
exemplo, envolvendo meus braços firmemente em tomo de seu torso.
— Você está com medo? — ele sussurrou.
Eu olhei em seus olhos sonhadores. — Sim. Mas enquanto você estiver
me segurando, eu ficarei bem.
— Eu não vou te soltar, querida. Eu prometo.
— Sorriam, crianças, — disse o fotógrafo antes de tirar uma série de
fotos.
— Tudo pronto, — Scott anunciou.
— Você está pronta, Cheyenne? — Abe perguntou, sorrindo para mim.
— Sim. Vamos fazer isso.
— Não olhe para baixo, — disse Scott. — Olhe para a frente.
Claro, eu não escutei. Se você disser a alguém para não olhar para
baixo, eles vão olhar para baixo. É apenas um instinto.
Eu olhei para a quebra das ondas fortes abaixo, enquanto me
imaginava batendo nas rochas. Isso doeria. Com a minha sorte, eu não
morreria instantaneamente.
E se eu mijar nas calças?
Ou vomitar em Abe?
Eu estava vagamente ciente de alguém fazendo uma contagem
regressiva enquanto meu corpo ficava entorpecido de medo.
— Pulem! — A voz de Scott retumbou na plataforma.
Abe desceu da plataforma, levando-me com ele.
Puta merda.
Estávamos caindo.
Alguém gritou.
Eu é claro.
Abe riu.
Caímos em direção ao rio bravo abaixo. O vento soprava em meus
ouvidos como se eu tivesse enfiado a cabeça para fora da janela do carro
em uma rodovia.
Eu mantive meus olhos abertos, observando a água se aproximando
cada vez mais, o vento ficando mais forte à medida que aumentávamos a
velocidade.
Chegamos ao fim de nossa corda e saltamos de volta. Enterrei meu
rosto no peito de Abe enquanto subíamos novamente. E então ficamos
pendurados de cabeça para baixo, rindo incontrolavelmente.
— Oh meu Deus! — Eu gritei. — Isso foi incrível!
— Estou feliz que você gostou! — Abe gritou. — Eu sabia que você
conseguiria fazer isso!
Eu apertei meus braços ao redor dele. — Muito obrigada por não me
deixar ter medo.
Ele acariciou minhas costas, seus dedos traçando círculos lentos logo
acima da minha cintura. — Sem problemas, — ele murmurou, seus olhos
caindo nos meus lábios.
Respirei fundo, desejando que meu coração acelerado diminuísse. Ele
se inclinou, roçando seus lábios nos meus.
Meu coração disparou em um galope selvagem quando ele deslizou
sua língua ao longo da costura dos meus lábios, pressionando com
firmeza até que eu abri minha boca.
Sua língua disparou para dentro, saboreando e explorando, deixando
o sabor de chiclete de hortelã em seu rastro.
Eu esqueci que estava pendurada de cabeça para baixo, me perdendo
na sensação incrível de seus lábios macios e língua exigente. Ele inclinou
a cabeça, aprofundando o beijo quando um gemido faminto emergiu de
sua garganta.
Eu não me importava que as pessoas estivessem assistindo,
provavelmente tirando fotos para postar na internet. A única coisa que
importava naquele momento era Abe e eu e nosso primeiro beijo
alucinante.
*
Meus joelhos tremiam enquanto caminhávamos de volta para o jipe.
Abe tinha me beijado. Não importava o fato de que eu pulei de bungee
jump de uma ponte. Meu cara dos sonhos tinha me beijado.
Eu ainda estava voando alto, embora meus pés estivessem firmemente
plantados no chão. A euforia era como nada que eu já experimentei. Eu
não queria que acabasse.
— O que está se passando nessa cabecinha bonita? — Abe perguntou,
abrindo a porta do passageiro para mim.
Eu passei meus braços em volta do seu pescoço e levantei meu queixo,
dando a ele minha melhor tentativa de um olhar sedutor.
— Eu estava pensando no nosso beijo. E me perguntando como seria
beijar você quando não estivesse pendurado de cabeça para baixo em
uma ponte.
— Ah, é? — Ele agarrou meus quadris, me puxando para perto antes
de esmagar seus lábios contra os meus. Separei meus lábios e ele
empurrou sua língua, passando-a sobre a minha.
Ele me pressionou contra a lateral do jipe, esmagando sua ereção
crescente em minha barriga.
— Porra, você é gostosa, — ele rosnou em minha boca antes de me dar
uma pequena mordida no meu lábio. A breve dor se transformou em
prazer quando ele passou a língua sobre o local onde me mordeu.
Suas mãos caíram para a minha bunda, cobrindo minhas nádegas
através do material fino do meu short atlético enquanto eu arqueava
minhas costas, tentando obter um pouco de fricção contra minha boceta
excitada.
Eu choraminguei quando ele afastou seus lábios e me soltou. — Por
que você parou?
— Porque estamos em público, — ele riu, passando o dedo pela minha
bochecha. — E eu quero ir devagar.
— Desculpa, o quê? — Devo ter ouvido ele errado. Caras nunca
queriam ir devagar quando se tratava de sexo. Não na minha experiência.
Exceto Simon.
— Temos mais cinco semanas juntos. Não vejo razão para apressar as
coisas. A antecipação cria entusiasmo. Coisas boas vêm para aqueles que
esperam.
— Acho que esperei sete anos. O que é mais alguns dias?
Ele se inclinou, passando a língua pelo lóbulo da minha orelha. — Vai
valer a pena esperar. Confie em mim, querida. Eu vou abalar o seu
mundo.
Minha boceta apertou, umidade se acumulando entre minhas pernas.
Abe me deixou excitadíssima só com uma sessão de amassos para
menores e uma promessa suja. Eu esperava que fosse um sinal de que
coisas boas estavam por vir.
Capítulo 11
ABE

Eu circulei o trailer, completando as verificações finais antes de


sairmos.
Whistler era lindo. Eu gostaria que pudéssemos ter passado mais
alguns dias lá, explorando a pitoresca vila.
O parque tinha sido o mais bonito até agora. Havíamos passado uma
tarde relaxante na piscina depois do nosso bungee jump.
Suspirei pesadamente, lembrando do olhar desapontado no rosto de
Cheyenne quando eu montei o sofá-cama na noite passada.
Mas não confiava em mim mesmo para dormir na cama com ela. Eu
não tinha autocontrole para manter minhas mãos longe dela.
Quando eu disse a ela que queria levar as coisas devagar para criar
expectativa, não estava sendo completamente honesto.
A verdade era que eu estava com medo de ficar fisicamente com
Cheyenne. Não do ato em si, é claro. Não tinha dúvidas sobre minhas
habilidades como amante. E eu estava confiante de que a faria gozar com
muito pouco esforço.
Foi a parte posterior me segurando. E o medo mesquinho de que eu
pudesse acabar me apaixonando por ela.
Alguém tirou uma foto de nosso beijo pós-bungee jump e postou
online. Eu sabia que isso poderia acontecer com nossa popularidade
crescente.
Como diabos duas pessoas fazendo uma viagem atravessando um país
em um trailer podiam chamar tanta atenção?
Acho que ninguém esperava a quantidade de publicidade que
recebemos. Desnecessário dizer que os Twenty-First Century Parks
ficaram muito satisfeitos.
Eu recebi quatro mensagens, uma de cada um dos irmãos de
Cheyenne. Quatro mensagens com conteúdo semelhante. Ameaças de
dano físico se eu a machucar de alguma forma. Prometiam vir ao Canadá
e nos rastrear.
Eu ri baixinho, balançando a cabeça com sua franqueza enquanto
apertava todas as válvulas do tanque e ajustava os espelhos do jipe.
Entrei para ver se Cheyenne estava pronta para partir. Ela estava na
ponta dos pés, procurando algo em um armário alto.
Sua blusa subiu, revelando uma pele lisa e bronzeada acima de seus
minúsculos shorts de algodão branco. Shorts justos que abraçavam a
bunda e a boceta, deixando muito pouco para a imaginação.
De jeito nenhum ela deixaria o trailer usando isso. Eu não queria que
ninguém mais a visse com aqueles shorts e conjurasse as mesmas
imagens sujas atualmente filtradas pelo meu cérebro.
Meu pau estremeceu.
Porra.
Eu a queria.
Muito.
Eu andei atrás dela, envolvendo meus braços em volta de sua cintura
enquanto levava meus lábios em seu pescoço. Ela tremeu quando eu
pressionei meu pau duro em sua bunda, meus dedos acariciando a carne
exposta em sua barriga.
— Olá, — ela engasgou, balançando sua bunda contra mim.
— Oi, — eu sussurrei, mordiscando o topo de sua orelha. Eu a agarrei
pelos quadris e a girei. Seus braços subiram ao redor do meu pescoço
enquanto nossas bocas colidiam, nossas línguas se enredando enquanto
nos esfregávamos.
— Precisamos conversar sobre esses shorts, — eu rosnei quando
levantamos para respirar.
Ela se afastou, olhando para mim com uma sobrancelha loira
perfeitamente esculpida erguida. — O que tem?
— Eu não quero que você os use em público. — Oh, merda. — Isso saiu
errado.
— Com licença?
— Só acho que eles chamariam muita atenção. Atenção indesejada.
Não precisamos mais disso.
Ela estreitou os olhos, me estudando pensativamente. Prendi a
respiração, temendo a chicotada de língua que ela estava prestes a lançar
sobre mim por tentar dizer a ela como se vestir.
Não foi a primeira vez que cometi esse erro com uma mulher. Elas são
criaturas sensíveis. Você tinha que ter cuidado com o que dizia e como
dizia.
— Você provavelmente está certo. Vou me trocar antes de chegarmos
a Kamloops.
Espera.
O quê?
Ela acabou de concordar comigo? Ela não surtou ou me acusou de
tentar controlá-la quando eu estava apenas pensando no melhor para
ela?
Oh, eu estava tão fodido.
Cheyenne não era como as outras garotas. Se eu fosse um homem
mais inteligente, teria pisado no freio ali mesmo. Antes que as coisas
fossem mais longe.
Rejeite-a com delicadeza. Retire-se para um lugar seguro, onde as
únicas mulheres que tocaria são encontros casuais de uma noite para
quem eu não daria a mínima. Mas, em vez disso, cavei um buraco mais
profundo.
— Não me entenda mal, querida. Eu amo seus shorts. Mas eu não
quero mais ninguém olhando para essa bunda sexy além de mim. E tudo
meu.
Abaixei minhas mãos, segurando sua bunda durinha enquanto eu
plantava beijos de boca aberta em seu pescoço até a clavícula.
— Hmm. Isso é bom. — Ela inclinou a cabeça, dando-me melhor
acesso ao seu pescoço. Eu deslizei minhas mãos por sua caixa torácica,
meus polegares pastando nas laterais de seus seios enquanto ela gemia
baixinho.
Eu estava prestes a deslizar minha mão por baixo de sua blusa quando
alguém bateu na porta. Eu ignorei as batidas leves, esperando que fossem
embora.
— Alguém está na porta, — Cheyenne sussurrou.
— Não me importo, — eu murmurei, girando minha língua dentro de
sua orelha, minhas mãos passando furtivamente pela bainha de sua
blusa.
— Devemos responder, — ela riu, afastando minhas mãos antes de se
abaixar debaixo do meu braço e se dirigir para a porta.
Apoiei minhas mãos no balcão onde seu corpo quente estivera apenas
alguns segundos antes. — Porra, — eu gemi, rezando para que minha
ereção se dissipasse nos próximos segundos.
— Eu só queria passar por aqui antes de vocês saírem e me certificar
de que tudo foi satisfatório com sua estadia.
A dona do parque sorriu amplamente enquanto olhava por cima do
ombro de Cheyenne, tentando dar uma espiada dentro do trailer. — Uau.
Este trailer é completíssimo, hein?!
— Seu parque é adorável, — Cheyenne falou. — O mais legal em que
já estivemos.
Fui até a porta, me colocando atrás de Cheyenne no caso de ainda
estar com alguma ereção perceptível. — Sim. Obrigado. Foi tudo ótimo.
Whistler é lindo.
— Eu vi sua foto online, — ela disse, rindo como uma colegial. — Você
sabe? O amasso pós-bungee jump
É assim que eles estão chamando.
Eu limpei minha garganta. — Bem, Sra. May. Mais alguma coisa?
Estávamos prestes a sair.
— Não. Era só isso. Eu queria agradecer e desejar boa viagem.
— Muito obrigado pela visita.
— Tudo bem, — disse ela, olhando por cima do ombro enquanto se
afastava. — Voltem novamente. A qualquer momento.
— Isso foi um pouco estranho, — disse Cheyenne, balançando a
cabeça. — Ela agiu como se você fosse um ator famoso, uma estrela do
rock ou algo assim.
— Eu sei. Eu não entendi nada. Somos apenas pessoas normais.
— Não consigo imaginar como deve ser famoso. Nunca ter qualquer
privacidade. Não poder ir a lugar nenhum sem guarda-costas. Pessoas
fofocando sobre você continuamente. Tabloides inventando merda.
— Não acho que valeria a pena. Eu valorizo muito minha privacidade.
— Eu acho que é legal. Mas tenho certeza de que a novidade passaria
muito rapidamente. — Ela suspirou profundamente. — Espero que meus
irmãos não vejam o amasso pós-bungee jump.
— Eles já viram, — eu ri, puxando-a em meus braços. — Recebi quatro
mensagens de texto esta manhã, com ameaças semelhantes de lesão
corporal se eu machucar você.
— Oh meu Deus, — ela gemeu. — Não preste atenção. Eles só falam.
— Que tal eu não te machucar e então não terei nada com que me
preocupar?
— Você não vai, Abe. — Ela estendeu a mão, passando os dedos pelo
meu cabelo. — Eu sou uma garota crescida. Eu sei que isso é apenas
casual.
— Nós provavelmente deveríamos pegar a estrada, — eu disse,
apertando sua bunda.
— Tudo bem, — ela bufou. — Mas, mais tarde, vou colocar esses
shorts de volta e vamos continuar de onde paramos na cozinha.
— Hmm. Estou ansioso por isso, querida. — Eu pressionei um beijo
suave contra seus lábios antes de relutantemente me soltar e ir para a
frente do trailer. Eu me sentei no banco do motorista, ajustando meu
pau latejante.
Porra.
Eu deveria voltar lá e jogá-la na cama agora.
Mas Cheyenne não era uma garota que eu peguei em uma balada. Ela
era a irmã mais nova do meu melhor amigo. Ela merecia coisa melhor. Eu
devia a ela uma noite de paixão que ela nunca esqueceria.
Para o inferno com uma noite. Eu daria a ela cinco semanas de
orgasmos alucinantes e sexo incrível. Então ela poderia passar para seu
próximo relacionamento sem as dificuldades que atormentaram seus
relacionamentos anteriores.
E eu voltaria para minha vida de solteiro. Pena que eu já sabia que não
seria tão simples.
*
Fechei a válvula preta do tanque, o suor escorrendo pelo meu rosto.
Eram sete horas da noite e ainda estava trinta graus lá fora.
A viagem de quatro horas até Kamloops levou sete horas, graças a um
grande engarrafamento na rodovia. Tudo que eu queria fazer era tomar
um banho frio e me jogar no sofá com uma cerveja.
Verifiquei se o ar condicionado estava funcionando e entrei.
Cheyenne estava remexendo na geladeira, resmungando baixinho.
— Vou tomar um banho frio, — disse enquanto caminhava.
Ela olhou por cima do ombro. — Você está com fome? Posso grelhar
um hambúrguer para você.
— Seria ótimo.
Fui ao banheiro e tirei minhas roupas. Um banho frio nunca foi tão
bom quanto naquela noite quente de junho.
Esta viagem não era nenhuma férias relaxantes. Especialmente depois
que Craig foi embora.
A montagem e a desmontagem do trailer davam muito trabalho para
uma só pessoa. E passamos apenas duas noites em cada parque. Então
parecia que eu tinha acabado de montar e já era hora de ir embora.
E não havia ninguém com quem compartilhar a direção. Cheyenne
não tinha carteira de motorista. Eu coloquei um par de shorts de corrida
e vaguei para a sala de estar. Depois de pegar uma cerveja, me acomodei
em uma das poltronas reclináveis de couro.
O cheiro do churrasco arrancou um grunhido da minha barriga vazia.
Cheyenne entrou pela porta de tela com um prato de hambúrgueres.
— Você se importa se eu dormir na cama esta noite? — Eu perguntei.
— Eu preciso de uma boa noite de sono. O sofá-cama é bom, mas meus
pés ficam pra fora.
— Certo. Sem problemas. Eu durmo no sofá-cama. — Ela colocou os
hambúrgueres na ilha. — O que você quer no seu hambúrguer?
— Você não precisa me servir, querida.
— Eu sei que não preciso, Abe. Eu quero.
— Só ketchup e mostarda, por favor. — Eu tomei um gole de cerveja
enquanto a observava se mover pela cozinha. — Nós dois poderíamos
dormir na cama.
Ela me entregou meu prato com um sorriso tímido. — OK.
— Nós podemos apenas nos abraçar, — eu sugeri, puxando sua mão.
— Provavelmente vou apagar minuto em que minha cabeça bater no
travesseiro.
— Você vai ficar segura. Esta noite, pelo menos. — Pisquei para ela
antes de liberar seu braço do meu aperto.
Eu morri e fui para o céu.
Depois de oito noites me sacudindo e revirando em arranjos de
dormir desconfortáveis, eu estava finalmente em uma cama adequada. E
não qualquer cama. Cama king-size com colchão confortável.
Cheyenne saiu do banheiro vestindo uma roupa sexy que eu não tinha
visto antes.
Uma camisola de cetim roxo com renda preta que pouco fazia para
esconder seus seios fartos. O short combinando mal cobria sua bunda.
Ela subiu ao meu lado e desligou a lâmpada.
— Oi, — eu sussurrei.
— Oi. Achei que você já estaria dormindo quando eu saísse.
— Estou feliz por não estar. Eu teria sentido falta de ver você em seu
pijama sexy. — Eu serpenteei meu braço em volta da sua cintura,
puxando-a para perto de mim para que suas costas estivessem
pressionadas contra meu peito.
Pressionando meus lábios em seu ombro, inalei o cheiro de coco de
seu shampoo misturado com a loção corporal de lavanda que eu tinha
visto no banheiro.
Ficamos em silêncio, nossa respiração e o zumbido do ar
condicionado eram os únicos sons no quarto.
Eu acariciei a pele exposta entre a barra de sua camisola e o topo de
seu short. Ela era confortável em meus braços. Eu gostava de tê-la ao
meu lado.
E o último pensamento que passou pela minha cabeça antes de
adormecer foi como eu poderia me acostumar a tê-la ali.
Capítulo 12
ABE

O aroma de bacon, de dar água na boca, entrou pelo meu nariz


quando acordei do melhor sono da minha vida. Eu me estiquei e estendi
a mão para Cheyenne, mas seu lado da cama estava vazio.
Duh. O bacon? Ela está cozinhando seu café da manhã, idiota.
Rolei e agarrei seu travesseiro, enterrando meu rosto nele enquanto
inalava seu perfume tentador.
Porra.
Eu compartilhei a cama com uma garota gostosa e não transei com
ela. Não a deixei nua. Não a apalpei. Que diabos?
E ela estava preparando o café da manhã. A garota era uma chef
treinada. Tudo o que ela fazia era incrivelmente delicioso. Mulheres
como Cheyenne deveriam vir com uma etiqueta de advertência.
Perigo. Essa é para casar
Em letras laranja brilhantes. Com letras grandes. Então caras como eu
teriam a chance de fugir antes de sermos pegos. Eu não estava
procurando uma esposa ou uma namorada.
Arrastei minha bunda para fora da cama e fui até o banheiro para
mijar.
Escove os dentes, idiota.
Estudei meu reflexo no espelho. Minha barba estava ficando longa. Eu
teria que me barbear logo. Peguei minha escova de dente do suporte na
parte de trás da pia, procurando pela pasta de dente.
Meus olhos pousaram na necessaire de cosméticos de Cheyenne,
apoiada no final da longa penteadeira. Peguei a bolsa listrada em rosa e
espiei dentro do zíper parcialmente aberto, hesitando antes de violar sua
privacidade.
Mas ela a deixou aberta. Então eu não estava, teoricamente, fazendo
nada errado.
Eu vasculhei a bolsa, procurando por um tubo de pasta de dente em
meio a toda a maquiagem e merda feminina. Estremeci quando meus
dedos roçaram em um invólucro de plástico rosa.
Eca Um absorvente interno.
Eu não me sentia confortável com o assunto da menstruação. Sim. Eu
era imaturo.
Mas nunca tive namorada ou irmã. Então, eu não tinha sido exposto a
esse aspecto da vida de uma garota. Eu conhecia caras que faziam sexo
com suas garotas enquanto elas estavam menstruadas.
Não esse cara aqui
Continuei a cavar, encontrando uma pequena caixa de plástico.
Pílulas anticoncepcionais. E bom saber.
Finalmente, localizei a pasta de dente. Escovei os dentes, fiz bochecho
com enxaguante bucal e fui para a cozinha.
Cheyenne estava de costas para mim enquanto colocava ovos mexidos
nos pratos. Ela ainda estava usando seu pijama sexy. Eu estava de boxer.
Tão estranho.
Não estávamos fazendo sexo ainda, mas estávamos confortáveis o
suficiente para desfilar seminus na frente um do outro.
Eu deslizei meu braço em volta da sua cintura e trouxe meus lábios ao
seu pescoço, salpicando sua pele macia com beijos suaves.
— Bom dia, — ela sussurrou, sua voz doce acendendo uma onda de
luxúria em minhas veias enquanto meu pau subia em atenção. — Eu fiz
café da manhã para você.
— Eu vi. — Tirei a colher de sua mão e a virei, dando um beijo ardente
em seus lábios enquanto eu apertava sua bunda.
— Você será uma boa esposa algum dia, — eu disse, cavando meu café
da manhã. — Há algum desgraçado sortudo lá fora que vai tirar a sorte
grande quando encontrar você.
Eu olhei para cima quando ela não respondeu.
Ela rapidamente desviou os olhos e começou a espalhar geleia na
torrada.
Oh, cara. Melhor fazer algum controle de danos.
— Cheyenne?
Ela ergueu a cabeça. A tristeza em seus olhos foi como um chute no
estômago. Um que eu mereci.
— Não se preocupe, Abe. Eu não esqueci nosso acordo. Eu entendo
que isso é apenas casual. Eu não preciso que você continue me
lembrando.
— Eu sei, querida. Eu sinto muito. — O problema era, eu precisava do
lembrete.
— Como está o seu café da manhã? — ela perguntou. — Incrível, — eu
murmurei enquanto limpava meu prato. — O que diabos havia nesses
ovos?
— Não posso dizer. Uma chef nunca revela seus ingredientes secretos.
— Eu poderia arrancar de você.
— Acho que não. — Ela me olhou com cautela quando empurrei
minha cadeira para trás.
— Não? — Eu a tirei de sua cadeira, jogando-a por cima do ombro
antes de ir para o quarto.
— Ponha-me no chão, Abe!
Eu a joguei na cama e subi em cima dela, prendendo seus braços
acima de sua cabeça. — Diga-me, — eu rosnei de brincadeira. — Diga-
me, ou vou fazer cócegas em você.
— Não tenho cócegas, então vá em frente. — Ela estreitou os olhos,
rejeitando o desafio. A garota deveria jogar pôquer. Eu não tinha ideia se
ela estava blefando.
Eu soltei seus pulsos e fiz cócegas em sua barriga. Ela ficou
perfeitamente imóvel, a boca em uma linha reta. Quando deslizei minhas
mãos por suas coxas, vi uma pitada de medo em seus olhos.
Ah-há!
Cravei meus dedos na carne atrás de seus joelhos. Ela resistiu debaixo
de mim, empurrando contra meu peito.
— Pare! — ela gritou, guinchando como uma pequena gambá
enquanto tentava se afastar de mim. — Por favor, Abe! Eu estou te
implorando! Eu menti. Sou extremamente sensível. Eu odeio cócegas!
Não estou brincando!
— Diga-me o que você colocou nos ovos e eu par arei.
— Nata! Agora, por favor, pare. Por favor, Abe. — Eu deslizei minhas
mãos de volta por suas coxas até seus quadris e continuei até sua caixa
torácica. Ela olhou para mim com o calor queimando de seus olhos azuis
enquanto passava as mãos nas minhas costas, suas unhas arranhando
minha pele nua.
Abaixei meu corpo sobre o dela, estabelecendo meu peso entre suas
pernas enquanto levava meus lábios à sua boca. Ela arqueou as costas,
empurrando sua pélvis contra meu pau duro.
Enfiei minha língua em sua boca, gemendo de prazer quando ela se
esfregou contra mim.
Minhas mãos encontraram seu caminho sob sua camisola de seda. Ela
gemeu baixinho quando segurei seus seios, esfregando meus polegares
sobre os mamilos.
— Eu amo seus seios, — eu sussurrei entre beijos.
— Chupe-os, — ela exigiu, sua voz rouca de desejo.
— Hmm. Uma mulher que dá ordens no quarto. Eu gosto disso. — E
eu gostava. Muito excitante. Não gostava de mulheres que não me diziam
o que queriam ou gostavam, e depois reclamavam.
Eu empurrei as alças sobre seus ombros, deslizando a camisola para
baixo para que seus seios ficassem completamente expostos. Os seios de
Cheyenne eram perfeitos. Macios e firmes. Exatamente do tamanho
certo para seu corpo.
E seus mamilos. Tão rosas. Tão atrevidos.
Abaixei minha cabeça, levando seu mamilo direito em minha boca. Ela
choramingou e se contorceu debaixo de mim enquanto eu lambia e
sacudia aquele pequeno botão até que estava duro como uma rocha.
Em seguida, mudei para o esquerdo e fiz a mesma coisa.
— Oh, Deus, — ela gemeu, agarrando minha bunda e se esfregando
contra meu pau.
Eu levantei minha cabeça de seu peito e a beijei nos lábios. Suave e
gentil. Sem língua. Se eu não parasse agora, eu estaria dentro dela em um
piscar de olhos. E não é assim que eu queria que as coisas acontecessem.
Eu queria tomar meu tempo e adorar cada centímetro de seu corpo
antes de fazer amor com ela pela primeira vez. Cheyenne não era um
caso de uma noite, e eu não iria tratá-la como um.
Puta merda.
Eu precisava ter minha cabeça examinada. Abe McLean não fazia essas
merdas. A expressão cachorro magro, que come e vai embora foi escrita
pensando em mim.
— Onde você está indo? — Ela perguntou quando eu rolei de cima
dela e caí de costas.
— Em lugar nenhum, querida.
— Por que você parou? Fiz algo de errado? — Eu silenciosamente
amaldiçoei os idiotas com quem ela dormiu. Filhos da puta idiotas que
não sabiam como agradar a uma mulher e então a culpavam por isso.
— Venha aqui, bebê.
Ela descansou a cabeça no meu peito. Passei meu braço em volta dos
ombros dela, dando um beijo em sua testa. — Você não fez nada de
errado. Quero que nossa primeira vez seja especial.
— Eu não preciso de pétalas de rosa e música suave, Abe. Eu não sou
uma virgem. E apenas sexo casual. — Suas palavras doeram, mas tive a
sensação de que ela estava dizendo essas coisas para me convencer de
que entendia a natureza de nosso relacionamento.
— Pode ser, mas nunca levo uma garota para a cama sem antes pagar
o jantar. — OK. Isso não era inteiramente verdade. Mas eu geralmente
comprava uma bebida, primeiro.
— Tudo bem, — disse ela. — Leve-me para jantar.
— Amanhã à noite. Quando chegarmos ao Lago Louise.
— Tudo bem, — ela murmurou com um suspiro exagerado. — Mas
estou com tesão agora. Você é um provocador de boceta.
— Um provocador de boceta?
— Sim. Você sabe? Como uma provocadora de pinto?
Eu ri, dando um aperto suave em seu ombro. — Então, eu estava
pensando em desviar do itinerário de hoje.
— Você não quer ir na caminhada?
— Não. Não estou com humor para caminhadas. Eu quero me
divertir.
— Posso embarcar nisso, — disse ela, passando a mão pela minha
barriga. Eu segurei sua mão quando ela estava prestes a deslizar os dedos
dentro do meu short.
— Não é esse tipo de diversão.
— Tudo bem, — ela bufou, contorcendo seu pulso livre enquanto
estendia o lábio inferior. — O que você tem em mente?
— E se nós apenas ficarmos aqui? Devíamos fazer publicidade dos
parques, mas não passamos muito tempo em nenhum deles. É o final de
semana. Eles têm muitas atividades programadas.
— OK. Parece divertido e relaxante.
— Você é sempre tão fácil de se conviver, Cheyenne?
— Não, — ela riu. — Basta perguntar aos meus irmãos. — Rolei para
ficar em cima dela novamente. Ela estendeu a mão e colocou os braços
em volta do meu pescoço, puxando-me para um beijo faminto. Esfreguei
meu pau entre suas pernas, seu calor irradiando através de seu short fino.
— Porra, Cheyenne, — eu gemi antes de assumir o controle do beijo
com estocadas amplas de minha língua.
— Precisamos sair desta cama, bebê. Eu sou um homem. Minha força
de vontade tem limite quando tenho uma mulher linda e sexy debaixo de
mim.
— Eu não estou impedindo você de partir, — ela sussurrou entre
beijos.
— Você está tentando, — eu ri enquanto me desvencilhava de seus
braços. — Estou indo tomar um banho. Sozinho.
Quando saí do banheiro, ela ainda estava deitada na cama. Para minha
decepção, ela cobriu os seios.
Nunca provei algo tão delicioso em minha vida. Meu pau se contraiu e
endureceu quando imaginei minha boca explorando o resto de seu corpo
quente. Eu mal podia esperar para enterrar meu rosto entre aquelas
coxas gostosas.
— Levante-se, sua preguiçosa, — eu disse. — Temos atividades para
fazer.
*
Passamos o dia participando de atividades de acampamento e
postando selfies no site.
Minigolfe, ferraduras, bingo à tarde e garotas adolescentes. Uma
manada deles, nos seguindo por todo o parque e tirando fotos.
Depois do jantar, fomos a um baile na sala de recreação. O pequeno
prédio estava abarrotado de pessoas de todas as idades, batendo os pés no
chão.
— Seu ã-clube está aqui, — disse Cheyenne.
Segui seu olhar para o outro lado da sala, onde as adolescentes
estavam reunidas. — Porra. Eu tive o suficiente por um dia.
— Ah, eles não querem fazer mal, Abe. Você é um homem gostoso.
— Você pensa assim, não é? — Eu a puxei para perto, esfregando meu
nariz contra o dela.
— Sim. Eu tenho que fazer xixi. E quando eu voltar, vamos dançar. —
Eu assisti enquanto ela se dirigia para o banheiro, sua bunda balançando
em seu jeans apertado.
— Com licença? Hmm. Você quer dançar com minha amiga?
Eu me virei para encontrar uma das adolescentes de pé atrás de mim.
Cinco outras garotas estavam contra a parede, rindo. Eu sabia muito bem
que se dançasse com uma, teria que dançar com todas elas.
— Eu adoraria, mas não seria justo com suas amigas. E se eu dançasse
com cada um de vocês, não teria mais tempo para a minha garota.
Ela acenou com a cabeça, sorrindo docemente. — Eu entendo. Temos
acompanhado sua viagem online. Eu sabia que vocês dois iriam se
apaixonar. A maneira como vocês se olharam desde o início. Uau.
Abri minha boca para corrigi-la, mas pensei melhor. Meus
sentimentos por Cheyenne não eram da conta de ninguém.
Principalmente um bando de adolescentes.
Eu não estava apaixonado. Até parece. E até parece que as pessoas podem
afirmar saber algo assim apenas por ver fotos e vídeos?
Eu a chamei de minha garota. Ela ainda não era. Mas ela seria na noite
seguinte. Tipo isso. Ela seria minha amante, não minha garota. Havia
uma grande diferença entre os dois.
Depois de um bom jantar no Lago Louise, em Alberta, Cheyenne seria
minha parceira sexual temporária. Isso soava melhor.
Eu pesquisei restaurantes chiques e fiz uma reserva enquanto ela
estava no banho naquela manhã. Eu estava levando Cheyenne para um
jantar romântico e caro.
Porque ela não era um caso de uma noite. E ela era a irmã do meu
melhor amigo. Ela merecia um jantar antes do sexo. Nenhum outro
motivo.
Tolo. Se você acreditou nisso, tenho um terreno pantanoso ótimo à venda
na Flórida. Você está se apaixonando por ela, idiota.
Eu balancei minha cabeça, empurrando aquele pensamento ridículo
para fora de minha mente.
— Ei, estou pronta para dançar.
Eu me virei ao som de sua doce voz atrás de mim. — Vamos lá. —
Peguei sua mão e a levei para a pista de dança, puxando-a para perto.
— Tive um dia divertido, — disse ela, brincando com o cabelo da
minha nuca.
— Eu também. — Inclinei-me perto de sua orelha, acariciando seu
pescoço enquanto acariciava seus quadris.
Eu sabia que as pessoas estavam assistindo, provavelmente tirando
fotos que acabariam online.
Deve ser horrível ser uma celebridade. Tive uma nova apreciação pelo
que eles passavam diariamente. E em uma escala muito maior do que
nossos quinze minutos de fama. — Sua bunda fica muito sexy com esses
jeans.
— Obrigada. — Ela olhou nos meus olhos, suas íris azuis centúrias
nadando em uma série de emoções. Luxúria, com certeza. E outra
palavra com a letra A ?
Meu estômago se apertou. E a única coisa mais assustadora do que
aquele olhar? A falta de medo em mim depois de ver isso.
Oh. cara.
Eu estava tão fodido. E em vez de fazer o que qualquer cara temeroso
de compromisso deveria fazer e correr para as montanhas, inclinei-me e
dei-lhe um beijo. Não apenas um selinho. Não um beijo rápido. Não.
Um beijo apaixonado, sem barreiras, emaranhado de línguas que fez a
sala parar.
Eu estava perfeitamente ciente dos sussurros e das câmeras piscando.
Mas não me importei. Nada importava, exceto a mulher em meus braços.
Eu fiquei só de boxers e subi na cama. Após o beijo, conseguimos
escapar do salão de recreação sem sermos notados. Eu suguei um grande
gole de ar, deixando-o sair lentamente enquanto olhava para a porta do
banheiro.
O que eu estava fazendo? Era para ser uma aventura. Nada mais. Eu
não me apegava a mulheres. Era mais seguro assim. O casamento instável
de meus pais me ensinou a evitar compromissos.
Quem teve a ideia absurda de passar a vida com uma pessoa? Essa era
uma receita para o desastre.
A porta se abriu e Cheyenne apareceu. Meu pau subiu em atenção,
arqueando em minha cueca ao vê-la em seus minúsculos shorts xadrez e
top branco.
Droga.
— Ei. — Ela me deu um sorriso tímido enquanto subia ao meu lado.
— Olá, querida. — Rolei para o lado, puxando-a para mim, então
ficamos cara a cara. — Você sabe como estou tentado a esquecer todo o
lance do jantar antes? E pegar você agora?
Ela engoliu em seco, uma centelha de medo piscando em seus olhos
antes que ela desviasse o olhar.
— Ei, — eu sussurrei, segurando seu queixo e pedindo para ela olhar
para mim. — Algo está errado?
— Eu não quero desapontá-lo, Abe.
— Isso é sobre o problema que você teve com os outros caras com
quem esteve?
Ela fechou os olhos, balançando a cabeça lentamente.
— Então vamos cuidar desse problema agora. Eu não quero que você
se preocupe com isso amanhã à noite. — Eu a beijei suavemente,
acariciando suas costas enquanto deslizava meus lábios nos dela.
— Vou fazer você gozar apenas com meus dedos.
Ela riu rapidamente. — Boa sorte com isso.
Eu me afastei, levantando uma sobrancelha. — Isso é um desafio?
— Sim.
— Tire o short, — eu ordenei.
Ela enfiou a mão sob as cobertas e os tirou. — Eu me reservo o direito
de dizer eu avisei — Você não vai conseguir, — eu rosnei antes de bater
meus lábios nos dela. Nossas línguas duelaram por um momento antes
de eu desacelerar o beijo para um ritmo mais sensual.
Enfiei uma mão sob as cobertas, acariciando suavemente a parte
interna de sua coxa. Sua pele era tão macia.
— Relaxe, — eu sussurrei quando a senti ficar tensa. — Estou
tentando. — Seus olhos se fixaram nos meus brevemente. Ela não estava
relaxada.
— Pare de pensar. Feche os olhos, limpe a mente e apenas sinta.
Ela acenou com a cabeça e fechou os olhos.
Eu a provoquei com beijos leves em seu pescoço, mal roçando sua
carne enquanto minha mão subia pela parte interna de sua coxa.
Empurrando para baixo uma das alças de sua blusa, Iambi ao longo de
sua clavícula antes de dar beijos suaves até o vale entre seus seios.
Ela soltou um gemido baixo, seus olhos bem fechados enquanto ela se
contorcia na cama.
Eu descansei minha mão em seu quadril para mantê-la imóvel antes
de deslizar um dedo em suas dobras úmidas, massageando suavemente
seus lábios externos. Sua carne era lisa, macia e sem pelos.
Corri minha mão sobre seu monte, gemendo de prazer ao descobrir
apenas uma faixa muito estreita de pelos pubianos.
Essa garota poderia ser mais perfeita? Os pelos púbicos eram um
grande desestimulo para mim. Eu preferia uma mulher que fosse bem
aparada, com o mínimo ou nenhum cabelo lá embaixo.
Cheyenne já estava molhada. Juntei um pouco da umidade de sua
abertura e espalhei sobre seu clitóris, esfregando círculos lentos em tomo
de seu feixe de nervos. Ela arqueou as costas, pressionando minha mão.
Sim. Eu a faria gozar rapidamente. Não havia nada de errado com ela.
Eu cutuquei suas coxas mais separadas com meu braço enquanto
meus dedos continuavam provocando seu clitóris, sacudindo-o
levemente. Ela gemeu alto, chutando o lençol que ainda a cobria.
— Por favor, Abe, — ela gritou enquanto tirava o lençol, expondo-se a
mim.
Eu olhei para sua boceta. Rosa e perfeita, com uma fina faixa de cabelo
loiro descendo por seu monte. Seus lábios estavam inchados com sua
excitação, sua fenda brilhando com a umidade.
Tive uma vontade repentina de enterrar meu rosto entre suas pernas.
Mas eu prometi a ela que poderia fazê-la gozar apenas com meus dedos.
Eu teria muitas outras oportunidades de chupá-la.
Eu deslizei um dedo dentro dela enquanto continuava a sacudir seu
clitóris com o meu polegar. Ela resistiu contra mim, sua bunda
levantando-se da cama enquanto suas mãos agarraram o lençol debaixo
dela.
— Oh, Deus, Abe! Eu preciso gozar!
Eu me afastei e empurrei dois dedos, enrolando-os enquanto
esfregava contra seu ponto G. Suas pernas tiveram espasmos, sua boceta
me apertando.
Eu empurrei meus dedos para dentro e para fora, forte e rápido,
enquanto ela cavalgava as ondas de seu orgasmo, gemendo tão alto que
meio que esperava que alguém viesse bater e se certificar de que ela
estava bem.
Quando suas pernas caíram moles como macarrão cozido, puxei meus
dedos e rastejei em cima dela. — Oi, — eu sussurrei, pressionando meus
lábios contra sua testa.
— Oi, — ela ofegou, olhando para mim com os olhos arregalados.
Então seu rosto se abriu no sorriso pós-clímax mais amplo que eu já
testemunhei.
Meu coração parecia que ia explodir no meu peito a qualquer
momento, uma onda de emoções desconhecidas passando por mim.
Emoções que eu precisaria dissecar mais tarde.
— Eu te disse, — eu sussurrei.
Ela riu enquanto estendia a mão para envolver os braços em volta do
meu pescoço. — Obrigada, Abe. Você não tem ideia do alívio que é saber
que não há nada de errado comigo.
— De nada.
Ela se aconchegou em mim, correndo os dedos sobre meu abdômen.
— Eu gostaria de retribuir o favor, — disse ela, deslizando a mão pela
frente da minha boxer.
— Não vai demorar muito, — eu ri.
Quando ela envolveu seus dedos em volta do meu pau, eu sabia que
estava em um grande problema.
Cheyenne Carson era um vício que seria difícil de superar. Um que eu
não queria necessariamente superar enquanto me encontrava querendo
ficar com ela.
Capítulo 13
CHEYENNE

Não conseguia me lembrar da última vez em que me senti tão feliz.


Aconcheguei-me com Abe na cama. O cara com quem tenho fantasiado
desde os quinze anos. O primeiro homem a me dar um orgasmo.
Eu tinha perdido muito tempo me culpando por algo fora do meu
controle, deixando meus namorados me culparem por suas inadequações
no quarto.
Para ser justa, Abe tinha uma vantagem significativa. Ele era o centro
de todas as minhas fantasias sexuais. Mas mesmo assim. Ele me libertou
em menos de cinco minutos, apenas com as mãos.
Ele se mexeu, apertando o braço em volta da minha cintura enquanto
afastava meu cabelo para o lado para que pudesse beijar meu pescoço. —
Bom dia, querida.
— É um ótimo dia, — eu disse, aconchegando minha bunda em volta
de sua ereção matinal. — Isso é para mim?
— Hoje à noite, bebê.
— Hmm. Eu não acho que posso esperar tanto tempo.
— Não? — ele riu, me virando de costas. — Você precisa de um pouco
de algo para ajudá-la?
— Sim, por favor.
Ele abaixou seu corpo sobre o meu, seu pau rígido pressionando entre
minhas pernas enquanto ele tomava posse de meus lábios, mergulhando
sua língua em minha boca. Eu abri minhas pernas, arqueando minhas
costas para conseguir alguma fricção no meu clitóris.
Droga. Por que eu coloquei meu short de volta depois que Abe me
tocou? Se apenas estivéssemos nus.
— Você é um serzinho excitado, — ele riu, saindo de cima de mim. —
Eu vou sair daqui antes que você me tente demais.
— Só espere até hoje à noite, — prometi.
Ele balançou a cabeça ao entrar no banheiro, trancando a porta atrás
de si.
— Eu poderia abrir essa fechadura, você sabe!
Sua risada ecoou pelo trailer.
*
— Onde vamos jantar? — Eu perguntei, procurando por Lago Louise
nas críticas de restaurantes.
— É uma surpresa. A resposta não vai mudar, não importa quantas
vezes você me pergunte.
Suspirei e fechei meu iPad. A viagem de Kamloops ao Lago Louise foi
repleta de paisagens incríveis. Arvores verdes luxuriantes, águas azuis
glaciais, as cristas das Montanhas Rochosas, e até um alce!
Fiquei sentada na cabine durante a maior parte da viagem. Ainda
tínhamos duas horas pela frente, atravessando as Montanhas Rochosas
em direção a Banff, Alberta.
— Posso pegar alguma coisa para você? — Eu perguntei. — Uma
bebida ou outro sanduíche?
— Não, obrigado, bebê. Eu estou bem.
— OK. Avise-me se mudar de ideia.
— Ouça, Cheyenne, — disse ele, olhando para mim. — Precisamos
discutir algo. Mas você tem que me prometer que não vai ficar brava.
— Eu nunca poderia ficar brava com você, Abe.
— Querida, você encontraria um motivo se estivesse perto de mim o
tempo todo. É inevitável. Eventualmente eu iria te dar nos nervos. E
você, nos meus.
— Talvez, — eu disse, encolhendo os ombros. — Mas eu nunca
poderia ficar chateada com você por muito tempo. Estamos juntos em
um trailer há dez dias e não brigamos.
— De qualquer forma, — ele disse com uma risada. — Voltando ao
assunto original. Promete que não vai ficar com raiva?
— Eu prometo.
— Eu estava procurando pasta de dente outro dia e revistei sua
necessaire de maquiagem.
— Ah. — Limpei minha garganta, aliviada por isso ser tudo. Achei que
talvez ele fosse dizer que mudou de ideia sobre dormir comigo. — Tudo
bem. Não tenho nada a esconder.
— Sim, mas eu invadi sua privacidade. Desculpe por isso.
— Está tudo bem, Abe. — Estendi a mão e esfreguei seu braço.
— Então, enquanto eu estava olhando suas coisas, vi suas pílulas
anticoncepcionais. — Ele fez uma pausa, olhando para mim brevemente
antes de voltar sua atenção para a estrada.
— Estou limpo. Acabei de fazer um exame físico completo com
exames de sangue para DSTs e nunca fiz sexo sem camisinha. Nem uma
vez.
— Você está me perguntando se podemos transar sem camisinha?
— Só se você estiver confortável com isso. Eu nunca fiz isso antes. Eu
juro. Mas você não é um caso de uma noite, Cheyenne. E eu quero estar
dentro de você sem nada entre nós.
Uau. Fiquei pasma. Havia uma chance de Abe estar interessado em
mais do que apenas uma aventura casual? Ele tinha sido tão doce.
Planejando uma noite especial, em vez de apenas me foder na primeira
chance que teve.
Sua paciência na noite anterior enquanto me ajudava a relaxar e ter
um orgasmo. A maneira como ele me olhava quando pensava que eu não
estava olhando.
Eu não queria ter muitas esperanças, mas isso não seria incrível? Ser a
namorada de Abe. A esposa dele. Ter seus bebês.
Calma, Cheyenne. Abe não quer essas coisas. Ele deixou isso muito claro.
— Cheyenne?
— Sim?
— Você nunca me respondeu sobre os preservativos. Sim ou não?
— Eu também estou limpa. E estou tomando pílula. Que você já sabia.
Então eu acho que provavelmente não precisamos usá-los.
— OK. Isso está resolvido. — Ele me lançou um sorriso diabólico,
balançando as sobrancelhas.
— Estou ansioso para esta noite.
— Eu também.
Excitação pulsou através de mim, minha boceta apertando enquanto
eu visualizava seu pau. Eu nunca estive com um cara tão grande.
Imagens daquela noite há muito tempo passaram pela minha mente.
Ele iria me foder como fodeu com a garota no barracão?
Quando envolvi meus dedos em tomo dele na noite passada, seu pau
estava tão grande quanto eu me lembrava de ter visto quando ele rolou
naquela noite.
— O que você está pensando? — ele perguntou, estendendo a mão
para esfregar minha coxa.
— Nada, — eu ri.
*
— Para onde você está me levando? — Eu perguntei.
Quando saí do chuveiro, encontrei Abe passando roupa. Abraham
McLean, homem de cabelos desgrenhados com tatuagens, sabia passar a
ferro. E ele fez a barba! Tudo o que restou de sua barba foi uma fina
camada de pelos.
— Para um bom lugar. — Ele olhou para cima quando eu me
aproximei com nada além de meu robe preto de seda. — Esse vestido de
verão que vi pendurado no armário está bom.
— Você mexeu nas minhas roupas?
— Eu tinha que me certificar de que você tinha algo para vestir, — ele
disse enquanto apertava uma calça social preta.
— Você não se importa quando eu examino sua maquiagem e
produtos femininos, mas está chateada por eu ter olhado no seu armário?
— Não. Eu não estou chateada. Apenas surpresa.
— Falando em produtos femininos, preciso dar um pequeno aviso.
Ele ergueu os olhos da tábua de passar, seu rosto estava com um tom
profundo de vermelho. — Você sabe. Eu, hm, não estou confortável com
aquilo e não vamos engajar em nenhuma atividade abaixo da cintura
durante aquele período do mês.
Eu encarei ele, a risada borbulhando em meu peito. Ele era tão
adorável.
— O que é tão engraçado? — ele perguntou. Ele baixou o ferro com
uma carranca, sua testa franzida enquanto ele me observava rir.
— Você é fofo, Abraham.
— Fofo? — Ele caminhou em minha direção, o calor em seus olhos era
tudo, menos fofo.
— Desculpa. Eu quis dizer viril. — Recuei para o quarto enquanto ele
continuava a correr em minha direção, gritando quando ele estendeu a
mão e me capturou pela cintura.
— Eu vou te mostrar o quão viril eu sou, — ele rosnou antes de bater
seus lábios nos meus. Ele agarrou minha bunda com força enquanto
mergulhava sua língua em minha boca. — Você acha que sou fofo agora?
— Não, — eu engasguei enquanto ele esfregava seu pau duro contra
minha barriga.
— Querida, sou todo homem. Você terá sorte se puder andar reto
amanhã.
Minhas coxas tremeram, a umidade se formando entre minhas pernas
enquanto ele chupava meu pescoço. Ele segurou meu queixo, levantando
meu rosto enquanto seus olhos azuis queimavam nos meus com um
desejo quente e ardente.
Sua outra mão deslizou sob meu robe, seus dedos sondando minhas
dobras úmidas. Sem quebrar o contato visual, ele trouxe um de seus
dedos à boca e chupou meus sucos.
— Hmm. Doce.
Puta merda. Quase gozei ali, vendo-o lamber o dedo. O dedo que
estava entre minhas pernas.
— Provavelmente deveríamos nos vestir se queremos chegar a tempo
de nossa reserva. — Ele deu uma beliscada na minha bunda antes de se
virar e voltar para a sala para terminar de passar.
— Eu já disse como você está linda esta noite? — Abe perguntou,
olhando para mim com um sorriso sexy.
— Mais de uma vez, — eu ri.
— Não consigo evitar, — disse ele, passando a mão pela marcha e
acariciando minha coxa nua.
— Vamos bater se você não parar, — eu ri, afastando sua mão quando
ele a deslizou por baixo do meu vestido, roçando a ponta da minha
calcinha.
Ele encolheu os ombros. — Estou com tesão por você, querida.
— Foi ideia sua, jantar primeiro.
— Sim, — ele gemeu. — Lembre-me por que novamente.
— Vamos comer em um hotel? — Eu perguntei quando ele parou na
frente de um chalé de aparência chique.
— Sim, senhora.
Ele saiu, caminhando até o lado do passageiro do jipe para abrir
minha porta. Peguei seu braço estendido e desci.
Um manobrista apareceu e pegou as chaves dele antes que ele me
levasse até a porta da frente. Ele abriu para mim e me levou para dentro
com a mão na parte inferior das minhas costas.
— Abraham McLean, mesa para dois, — disse ao maître.
— Boa noite, senhor. Por aqui.
O maître nos conduziu através do restaurante mal iluminado até uma
mesa perto da janela.
Luminárias baixas em cores de tecido lançam um brilho quente sobre
cada mesa. Toalhas de mesa de linho branco e nítidas se destacavam nas
paredes de madeira escura. Uma grande lareira de tijolos adornava uma
parede inteira.
Quando chegamos à nossa mesa, o maître puxou minha cadeira para
mim. A janela alta em arco proporcionava uma vista deslumbrante do
pôr do sol sobre as montanhas.
— Este lugar é chique, — eu sussurrei.
— Provavelmente é caro.
— É, — ele admitiu enquanto pegava seu menu.
Abri o menu, meus olhos examinando os aperitivos.
Puta merda.
Trinta dólares por um aperitivo? Meu queixo caiu quando virei para a
página de entrada. Noventa dólares por um bife?!
Um nó se formou na minha garganta enquanto eu olhava para os
preços. Limpei a garganta e coloquei o menu na mesa. — Abe?
Ele ergueu os olhos do menu e sorriu. — Você decidiu o que gostaria?
— Você viu os preços? — Eu assobiei.
— Eu vi.
O garçom apareceu. — Você decidiu por um vinho?
— Sim. Levaremos sua melhor garrafa de chardonnay, por favor. —
Abe olhou para mim. — Pode ser?
— Sim, — eu respondi roucamente.
— Chardonnay, então, — disse ele ao garçom.
— Abe, este restaurante é muito caro, — eu disse quando o garçom
estava fora do alcance da voz. — Não podemos cobrar do cartão de
crédito da empresa.
— Eu não estava planejando isso. Estamos fora do horário. Esta noite
é um passeio privado. Não haverá postagens ou fotos online.
— Não posso deixar você pagar por isso, — implorei. — Eu quero,
Cheyenne. Este é nosso primeiro encontro. E o cara sempre paga no
primeiro encontro.
— Não posso deixar você gastar tanto dinheiro comigo.
Ele se esticou sobre a mesa, pegando minha mão e entrelaçando
nossos dedos.
— Eu vou te dizer algo que muito poucas pessoas sabem. Estou
compartilhando isso com você porque quero que você relaxe e aproveite
esta noite. E porque quero ser honesto com você.
Meu coração bateu forte contra minhas costelas. Eu me contorci sob
seu olhar intenso. Ele estava esperando que eu dissesse algo?
— Minha avó me deixou um fundo fiduciário. Tive acesso a ele há
alguns meses, quando fiz vinte e cinco anos. Não preciso me preocupar
com dinheiro. Então, peça o que quiser.
Pisquei, sem saber como responder à sua revelação. Abe era rico? —
Hmm. Uau. OK. Posso te perguntar uma coisa?
— Pode. — Ele inclinou a cabeça, o canto da boca se curvou em um
sorriso enquanto ele acariciava meu polegar.
— Por que você veio nessa viagem? Claramente você não precisa do
dinheiro.
— Queria partir numa aventura com o meu melhor amigo. E ainda
quero trabalhar. Ficará bem em um currículo.
— Que pena que você só conseguiu sair com Craig por alguns dias.
— Sim. Mas agora posso passar cinco semanas com você. E estou
muito feliz com isso. Estou me divertindo muito com você. Esta noite vai
ser incrível, bebê.
Ele levou minha mão à boca, pressionando seus lábios nos nós dos
dedos. O olhar aquecido em seus olhos enviou minha pulsação fora de
controle.
O garçom apareceu com uma garrafa de vinho, servindo uma pequena
quantidade na taça de Abe. Abe ergueu o copo e tomou um gole. —
Delicioso.
— Cheyenne? — Abe sorriu, ainda segurando minha mão enquanto o
garçom enchia nossos copos. — Você está pronta para fazer o pedido?
— Sim. — Pedi um bife ridiculamente caro, me sentindo culpada,
apesar da revelação de Abe sobre suas finanças.
— Pare de se preocupar com o preço, querida. Beba seu vinho e tente
relaxar.
Abe bebeu apenas uma taça daquele vinho caro. Eu não aguentava ver
isso ir para o lixo. E não doeu ser muito saboroso. O que significava que
eu estava um pouco tonta quando saímos.
Abe riu enquanto me ajudava a entrar no jipe. — Eu espero que você
não desmaie. Pode atrapalhar nossos planos.
— Estou bem. — Eu estendi a mão e passei meus braços em volta do
seu pescoço, puxando-o para um beijo. — Eu não estou bêbada. Apenas
relaxada e pronta para um pouco de amor.
— Então vamos indo, — disse ele.
Quando chegamos de volta ao parque, meu zumbido estava passando,
dando lugar a um nó nervoso se formando no meu estômago.
Eu ia fazer sexo com Abe. Abraham McLean. A estrela de todas as
minhas fantasias adolescentes. Aquele com o pau enorme.
Comecei a suar nervoso enquanto caminhávamos do Jipe para o
trailer. Eu esperava que Abe me arrastasse para o quarto no segundo que
ele me colocasse para dentro. Mas ele me surpreendeu pegando minha
mão e me levando para o sofá. — Oi, — ele disse suavemente, colocando
meu cabelo atrás da orelha.
— Oi, — eu sussurrei.
— Relaxe, querida. Temos a noite toda. Eu quero levar as coisas
devagar e saborear cada momento.
Uau. Ele continuava a me surpreender. Eu olhei em seus olhos,
encontrando uma mistura de emoções girando naqueles profundos
oceanos azuis. Nada sobre esta noite parecia casual.
E se eu estivesse interpretando mal o comportamento de Abe? Os
olhares que ele me deu, as coisas doces que ele disse, o jantar
escandalosamente caro. Era apenas uma atuação para me levar para a
cama?
Ou ele estava se apaixonando por mim tanto quanto eu por ele?
Esfreguei meus dedos ao longo de sua mandíbula barbuda. Ele era tão
bonito. Maçãs do rosto fortes, aquela covinha bonita em seu queixo,
nariz perfeitamente reto, a pequena peculiaridade atrevida no canto de
seus lábios finos.
E, claro, aqueles olhos. Olhos azuis sonhadores com manchas
douradas.
Ele segurou meu queixo, trazendo seus lábios para um beijo lento e
sensual. Suas mãos caíram para minha cintura, esfregando-me
suavemente através do tecido fino do meu vestido de verão.
Passei meus braços em volta do pescoço dele, passando meus dedos
por seus cachos ondulados. Ele inclinou a cabeça enquanto aprofundava
o beijo, sua língua varrendo minha boca.
Ficamos muito tempo naquele sofá, apenas beijando e acariciando.
Eu gemi quando ele se afastou da minha boca, correndo seus lábios
pelo meu pescoço, chupando e lambendo minha carne tenra.
Sua mão caiu para minha coxa, deslizando sob meu vestido. Um
gemido escapou da minha garganta enquanto ele me acariciava
suavemente através da minha calcinha encharcada.
— Você está muito molhada, — ele sussurrou, acariciando minha
orelha. — Acho que é hora de ir para o quarto.
Ele pegou minha mão e me levou pelo corredor até a parte de trás do
trailer. Quando chegamos ao quarto, ele me virou de costas para ele.
Movendo meu cabelo de lado, ele salpicou meu pescoço com beijos
leves enquanto abaixava meu zíper.
— Você é linda, Cheyenne, — ele sussurrou, deslizando o vestido dos
meus ombros. Caiu no chão, deixando-me com meu sutiã rosa rendado e
calcinha combinando.
Ele agarrou meus ombros, me virando. Seus olhos percorreram meu
corpo antes de me fixar com um olhar aquecido. — Absolutamente linda.
Ele afrouxou a gravata e puxou pela cabeça. Estendi a mão com dedos
trêmulos e desabotoei sua camisa antes de tirá-la de seus ombros largos,
revelando músculos ondulados e peitorais rígidos.
Ele desafivelou o cinto e deixou cair as calças no chão.
Meus olhos viajaram para baixo, observando a protuberância enorme
em sua cueca boxer enquanto minha boceta apertava. Choques de
eletricidade dispararam dos meus mamilos para o meu clitóris.
Ele me levou para trás até minhas pernas baterem na lateral da cama.
— Deite-se de costas, — ele ordenou, sua voz rouca gotejando de desejo.
Eu me abaixei na cama e ele subiu em cima de mim, apoiando seu
peso em seus antebraços. Nossos lábios colidiram em um beijo acalorado
enquanto ele esfregava seu pau entre minhas pernas.
Eu me contorci, arqueando minhas costas para moer contra ele. Ele
pressionou beijos de boca aberta no meu pescoço enquanto suas mãos
alcançaram minhas costas para abrir meu sutiã. Abaixando a cabeça no
meu peito, ele acariciou meu mamilo direito com a língua antes de puxá-
lo e chupá-lo.
Com força.
Eu gritei de prazer quando ele se mudou para o outro seio para fazer a
mesma coisa antes de beijar seu caminho pela minha barriga. Minhas
coxas tremeram quando ele passou a língua ao longo da borda da minha
calcinha.
Eu nunca tive um cara me chupando antes.
— Apenas relaxe, querida, — ele disse, olhando para mim enquanto
enfiava os dedos sob minha calcinha e a puxava para baixo sobre meus
joelhos, jogando-a no chão.
Agarrando-me pelos tornozelos, ele me puxou para a beira da cama
antes de separar minhas coxas com seus ombros largos.
Com o primeiro golpe de sua língua, meus quadris resistiram para fora
do colchão. Ele estendeu a mão e plantou uma mão firmemente no meu
quadril enquanto usava a outra para separar meus lábios inchados.
Sua língua circulou meu clitóris, lambendo e sugando enquanto eu
me contorcia, minhas mãos na parte de trás de sua cabeça.
Meu clímax estava crescendo, a sensação de sua barba por fazer nas
minhas partes femininas me deixando selvagem. Eu empurrei em direção
a ele, tentando empurrar sua cabeça ainda mais entre minhas pernas.
— Eu preciso gozar! Santo Jesus. Abe! Por favor!
Ele enfiou a língua para dentro e para fora do meu buraco gotejante,
lambendo meus sucos.
— Porra. Você tem um gosto tão bom, bebê.
Ele enfiou dois dedos, esfregando meu ponto G enquanto ele trancava
meu clitóris e chupava com força.
Eu gritei, meu corpo inteiro estremecendo quando um orgasmo
poderoso me rasgou. O suor escorria de mim enquanto eu cavalgava
onda após onda de prazer com o rosto de Abe ainda enterrado entre
minhas pernas.
Eu não conseguia me mover. Meu corpo parecia uma boneca de pano.
— Sente-se na cama, querida, — Abe sussurrou.
Eu abri meus olhos para encontrá-lo parado perto de mim, sorrindo
de orelha a orelha. Apoiando minhas mãos no colchão, consegui arrastar
minha bunda para trás para não ficar pendurada na borda.
Ele rastejou entre minhas pernas, abaixando seu corpo sobre o meu.
— Você está pronta? — ele perguntou, olhando-me nos olhos.
— Sim, — eu sussurrei. — Esperei muito tempo por isso.
— Você é apertada, bebê. E eu sou meio grande.
Então, vou bem devagar e com calma da primeira vez.
— OK. — Eu levantei meus joelhos para acomodá-lo, espalhando
minhas pernas mais amplamente enquanto ele se acomodava entre
minhas coxas. Ele passou a mão em tomo da base de seu pênis,
esfregando para cima e para baixo entre meus lábios antes de empurrar a
cabeça para dentro. Eu engasguei quando ele cutucou mais, me abrindo.
Eu nunca tive um homem tão grande quanto Abe dentro de mim
antes.
Ele fez uma pausa, olhando para mim com uma carranca preocupada.
— Você está bem? — ele sussurrou.
— Sim. Isso é bom. Não pare. — Machucava. Bastante. Mas eu queria
todo o pau de Abe em mim, mesmo que isso me matasse. Eu esperei
muito tempo para desistir agora.
Ele se afastou e empurrou novamente, deslizando lentamente para
dentro e para fora até que estava totalmente encaixado dentro de mim.
Santo inferno.
Então ele começou a se mover. A dor se transformou em prazer.
Enganchei minhas pernas em tomo de seus quadris, encontrando-o
impulso por impulso enquanto ele entrava e saía de mim em um ritmo
constante.
Não demorou muito para que eu sentisse outro clímax se formando.
Eu arqueei minhas costas, tentando enviar seu pau mais fundo dentro de
mim. Ele respondeu levantando minha bunda da cama, o novo ângulo
me dando exatamente o que eu precisava.
Um grito estrangulado escapou da minha garganta, minha boceta
apertando contra ele com um aperto forte enquanto meu corpo tremia e
tinha espasmos.
As ondas de prazer rolaram por mim, minha mente perdida em uma
utopia eufórica de êxtase.
Abe estava empurrando forte e rápido agora, segurando minhas
pernas flácidas no ar enquanto ele estocava em mim. Ele grunhiu forte
antes que eu sentisse seu pau inchar e explodir dentro de mim.
— Puta merda, — ele ofegou, desabando no meu peito. — Isso foi
fodidamente incrível.
— Melhor que eu já tive, sem dúvida.
Ele ergueu a cabeça, um largo sorriso estampado em seu rosto. — Eu
procuro agradar.
Eu estendi a mão, tirando seu cabelo encharcado de suor de seu rosto.
Nossos lábios se moldaram em um beijo ardente, nossos corpos ainda
unidos enquanto nos deleitávamos no brilho posterior de nossa relação
sexual.
Eu sempre apreciaria aquele momento. Não importava o que
aconteceria com Abe, eu nunca me esqueceria de como me senti
enquanto estava deitada lá embaixo dele naquela gloriosa noite de verão.
Capítulo 14
ABE

Estendi a mão para Cheyenne, puxando-a para perto de mim


enquanto me esparramava de costas. Ela tinha um gosto bom pra
caralho.
Eu nunca me cansaria de seu sabor doce e salgado, ou do aroma de
seu almíscar natural feminino misturado com sua loção corporal de
lavanda.
E a sensação de sua boceta apertada pressionando meu pau?
Fora deste mundo.
Eu estava muito apaixonado por essa garota. Como diabos eu deveria
deixá-la ir no final da viagem? Eu tinha que tirar isso da cabeça, por
enquanto. A noite estava apenas começando.
Demorou muito para eu me conter. Ela estava tão apertada, e eu tinha
medo de machucá-la se a fodesse com muita força. Mas agora que eu a
arrombei? Era hora de me divertir de verdade.
— Você está bem, querida?
— Estou mais do que bem. Você me deu dois orgasmos. — Ela sorriu
para mim e meu coração quase explodiu no meu peito.
— Eu pretendo dar a você muito mais antes que esta noite acabe.
Ela deslizou a mão pelo meu peito e sobre a minha barriga antes de
envolver seus dedos longos e delicados em volta do meu pau semiereto.
— Hmmm, isso é bom, — eu sussurrei enquanto ela movia sua mão
para cima e para baixo em meu eixo, com golpes leves. Eu gemi quando
ela segurou minhas bolas, acariciando suavemente minha carne delicada
com o polegar.
Então ela se inclinou e lambeu a ponta, e eu pensei que tinha morrido
e ido para o céu. Até que ela me levou em sua boca minúscula. Aquilo era
o paraíso, com certeza.
Eu grunhi, reunindo cada grama de restrição que eu tinha para não
agarrar sua cabeça e empurrar com força em sua boca.
— Você tem que parar, querida, — eu sussurrei.
— Por quê? — ela murmurou, passando a língua para cima e para
baixo em meu eixo. — Você não gostou?
— Oh, acredite em mim, eu gosto. Esse é o problema. Se você não
parar, não vamos trepar de novo por um tempo, porque vou gozar na sua
boca.
Sentei-me e puxei-a de cima de mim antes de jogá-la de costas. — E
não é aí que eu quero gozar. Não desta vez, pelo menos.
Eu dei nela um beijo rápido e forte antes de deslizar entre suas pernas
e correr meus dedos por suas dobras. — Boa menina, — eu disse
enquanto deslizava um dedo dentro dela para testar sua prontidão. —
Molhada e pronta.
— Me foda, garotão, — ela rosnou, agarrando minha bunda.
— Como você quer, bebê?
— Forte e rápido. Exatamente como na noite em que te observei pela
janela do barracão.
Ela foi afetada por aquela noite. Meu ato descuidado de deixar uma
janela aberta e colocar minhas atividades sexuais em exibição mudou a
vida de uma jovem e roubou sua inocência.
Uma onda de culpa passou por mim. Então ela me deu um olhar
sensual do tipo venha me foder e todo o sangue deixou meu cérebro,
levando os sentimentos de culpa com ele.
Eu levantei suas pernas em meus ombros e a penetrei em um impulso
rápido. Ela gritou, cravando as unhas em meus quadris enquanto eu
chegava ao fundo, minhas bolas batendo contra sua bunda.
Fiz uma pausa, rindo dos palavrões fluindo de sua doce boca em meio
aos gemidos. Ela choramingou e agarrou minha bunda, empurrando
contra meu pau.
Segurando suas coxas com força contra o meu peito, eu empurrei para
dentro dela novamente, batendo nela com tanta força que seu corpo
deslizou pela cama, seus seios saltando para cima e para baixo.
— Oh, Deus, Abe! — ela chorou. — Mais forte! Mais rápido!
Eu joguei sua perna direita por cima do meu ombro esquerdo,
apertando suas coxas juntas para criar mais fricção em seu clitóris
enquanto eu continuava a empurrar para dentro e para fora de sua
boceta latejante.
Ela jogou a cabeça para trás, deixando escapar um gemido longo,
agudo e gutural.
— Vamos, Cheyenne, — eu ofeguei. — Goze para mim, bebê. — Eu
diminuí o ritmo, tentando desesperadamente esperar por ela enquanto
estendia a mão entre nós e esfregava seu clitóris.
Ela gozou forte, sua boceta apertando em tomo do meu pau enquanto
eu descarregava dentro dela.
Eu deixei cair suas pernas, desabando em cima dela com meu pau
ainda pulsando em sua boceta.
— Porra, bebê. Isso foi fantástico.
Ela assentiu com a cabeça, fechando os olhos e ofegando por ar. —
Alucinante, — ela ofegou.
Eu plantei um beijo suave em seus lábios antes de puxar para fora e
rolar nas minhas costas. Ela se aninhou ao meu lado, apoiando a mão no
meu peito.
— Precisamos fazer isso de novo, — ela sussurrou enquanto corria os
dedos pelo cabelo na minha barriga.
— Sim. Posso precisar de alguns minutos. — Entrelacei nossos dedos e
dei um beijo em suas juntas. — Você é uma pequena ninfa insaciável, não
é mesmo, Srta. Carson?
— Lembre-me novamente qual a razão de fazermos essa caminhada
em vez de ficarmos na cama o dia todo.
Eu dei um gole lento na minha garrafa de água enquanto parávamos
na trilha. Estávamos a caminho do Mirante das Colmeias. Teria sido uma
caminhada bastante fácil, se não estivesse trinta e dois graus lá fora.
— Porque estamos sendo pagos para explorar a área ao redor do
parque de trailers e inspirar outras pessoas a visitar. Não para foder os
miolos um do outro.
Cheyenne olhou para mim e balançou as sobrancelhas. — E
definitivamente fizemos isso ontem à noite.
— Claro que sim. — Eu a peguei pela cintura, girando-a e puxando-a
em meus braços. — E nós vamos fazer isso de novo esta noite. Espero.
Ela ficou na ponta dos pés, sugando o lóbulo da minha orelha entre os
dentes. — Por que temos que esperar até hoje à noite? — Ela sussurrou,
alcançando entre minhas pernas e segurando minhas bolas.
— Cuidado, garotinha, — eu rosnei, deslizando minha mão pela
frente de seu short. — Não tenho nenhum problema em te foder contra
uma árvore no meio da floresta.
Afundei um dedo em sua fenda molhada enquanto minha língua
dominava sua boca. Ela estremeceu e se contorceu contra mim,
esfregando meu pau através do meu short.
Eu a apoiei contra a árvore mais próxima, onde continuei meu ataque
à sua boceta.
— Oh, Deus! — ela gritou, seus olhos rolando para trás enquanto seus
gemidos ecoavam pelas árvores. Seus dedos escorregaram da minha
virilha enquanto ela se perdia no prazer.
Mas não me importei. Meu pau iria ser amado mais tarde.
Dar orgasmos a Cheyenne me trazia uma alegria tremenda. Quando
eu estava com outras mulheres, o orgasmo feminino era mais uma
viagem do ego. Uma brinde.
Com Cheyenne, era tudo sobre ela. E o desejo irresistível de dar tudo a
ela, apesar da vozinha na minha cabeça gritando para eu fugir.
Satisfação sexual, estabilidade financeira, sua própria padaria, uma
cerca branca, bebês. E meu coração.
Abaixei minha boca em seu pescoço, chupando forte em sua carne
delicada enquanto ela se empurrava contra meus dedos.
— Goze para mim, bebê, — eu sussurrei. Eu puxei minha mãe para
fora de sua boceta pulsante, agarrando seu clitóris entre o polegar e o
dedo indicador e apertando com força.
Ela resistiu contra mim quando chegou ao clímax, seu peito arfando
enquanto ela agarrava minha camiseta.
— Você é tão malvado, — ela ofegou. — Alguém poderia nos pegar no
flagra.
— Mas não aconteceu. — Eu retirei minha mão de seu short e segurei
seu seio, esfregando o mamilo através de sua blusa de algodão enquanto
levava meus lábios para baixo, para o seu seio.
— O que você está fazendo? — ela riu quando eu chupei com força a
parte exposta de seu peito.
— Marcando você.
— Abe! — ela gritou, empurrando contra meu peito. — Pare!
— Por quê? Ninguém vai ver, só eu.
— Eles vão se eu estiver usando um top decotado ou um maiô. E se
meus irmãos vissem isso em uma foto? Você será um homem morto.
Dei de ombros. — Vamos garantir que não postaremos nenhuma foto
em que seja visível. E você se importa se eles descobrirem que estamos
dormindo juntos?
— Eu gostaria de evitar os sermões.
Suspirei e a soltei, entrelaçando nossos dedos novamente enquanto
continuávamos descendo a trilha. Ela estava muito preocupada com as
opiniões de seus irmãos. Mas essa era uma conversa para outra hora.
Eu assobiei quando saímos das árvores. A vista era magnífica. O lago
parecia uma enorme piscina aninhada na base da montanha.
— Uau, — Cheyenne engasgou.
Peguei minha câmera na mochila e tirei algumas fotos. — Devíamos
fazer uma selfie juntos, — sugeri.
— OK.
Ficamos de costas para o lago e as montanhas e tiramos a foto.
— Deixe-me ver antes de publicá-la, — disse ela, pegando o Go Pro da
minha mão. — Eu preciso ter certeza de que não dá pra ver meu chupão.
*
— Puta merda, — eu resmunguei, esfregando minhas costas quando
saí do jipe. — Foi uma caminhada e tanto.
Cheyenne riu, destrancando a porta do trailer.
— Demais para seus ossos velhos?
— Ha-ha. Muito engraçado. — Eu dei um tapa na bunda dela,
seguindo-a para o trailer. — Acho que vou usar aquela jacuzzi gigante no
banheiro.
Meus velhos ossos precisam disso.
— OK. Vá molhar seus ossos e eu prepararei o jantar.
— Eu tenho uma ideia melhor, — eu disse, envolvendo meus braços
em volta dela, por trás. — Que tal você se juntar a mim?
— Na banheira?
— Por que não? — Eu acariciei seu pescoço. — Eu já te vi nua, querida.
Podemos lavar um ao outro.
— Isso parece divertido, — ela riu.
Eu agarrei sua mão e a puxei em direção ao banheiro. — Vamos, bebê.
Vamos ficar nus.
Abaixei-me para abrir a torneira. Quando me virei, Cheyenne estava
completamente nua.
Meus olhos percorreram seu corpo delicioso, observando as curvas
perfeitas. Claro, eu a tinha visto nua no quarto escuro, no calor da
paixão.
Mas agora? Cheyenne ficou na minha frente no banheiro claro em
toda a sua glória nua.
Lambi meus lábios, observando os seios perfeitamente arredondados e
empinados, com mamilos rosa claro.
Sua barriga lisa com o sexy piercing rosa, os quadris curvos e aquele
monte meticulosamente preparado com a fina faixa de cabelo loiro.
— Você gosta do que vê? — ela sussurrou.
— Ah, sim, — eu rosnei, perseguindo em direção a ela.
— Eu te mostrei o meu. É justo que você me mostre o seu. — Ela
agarrou o cós da minha bermuda e puxou para baixo, levando minha
boxer com ela.
— Você gosta do que você vê?
— Com certeza. Tenho fantasiado com você desde os quinze anos. —
Ela mordeu o lábio inferior, pensando profundamente por um minuto
antes de seus olhos encontrarem os meus novamente.
— Antes de te ver naquela noite, sabe, quando você estava fazendo
sexo no barracão? Eu tinha um conhecimento muito limitado sobre sexo.
Aprendi muito observando você e ouvindo pela janela aberta.
— Eu me sinto mal por ter roubado a inocência de uma garota. A
inocência da mente, pelo menos.
Ela encolheu os ombros. — Isso me inspirou a aprender tudo o que
pudesse sobre sexo. Você acordou minha sexualidade. Antes daquela
noite, eu nunca tinha pensado nisso. Eu era uma moleca. Eu não tinha
interesse em meninos ou qualquer coisa relacionada ao sexo.
— Não tenho certeza se te fiz mal ou se te fiz um favor, — eu ri, me
abaixando para fechar as torneiras.
— Eu também não sei. Não há sentido em se preocupar com isso
agora.
— Eu concordo. Vamos pular nesta banheira e acalmar nossos
músculos doloridos.
Eu subi primeiro e me acomodei em uma extremidade. Cheyenne se
juntou a mim, sentando na outra extremidade, então ficamos de frente
uma para o outro, com suas pernas descansando sobre as minhas.
Eu me inclinei para trás e fechei os olhos, deixando os jatos fazerem
sua mágica nas minhas costas.
— Conte-me sobre sua oferta de emprego em Nova York, — disse ela
após alguns minutos de silêncio.
Eu abri meus olhos para encontrá-la olhando para mim. — Bem, — eu
comecei, esfregando meu queixo. — E um trabalho de marketing de nível
básico em uma agência de publicidade.
— Bem, você tem que começar de algum lugar. O que você estaria
fazendo?
— Provavelmente indo buscar café, — eu suspirei.
— Quando começa?
— Em algum momento de agosto, eu acho. Eles disseram para eu ir
assim que terminar com este trabalho.
Ela inclinou a cabeça, franzindo os lábios enquanto me estudava
pensativamente. — Você não parece muito animado.
Peguei a mão dela debaixo d'água. — Eu não estou. Achei que queria
trabalhar com publicidade, mas agora não tenho tanta certeza.
— O que mudou?
— Acho que nunca foi minha paixão. Quando recebi minha herança,
percebi que poderia fazer o que quisesse. O problema é que tenho que
descobrir o que é isso antes de fazer acontecer.
— Suponho que você poderia tentar o trabalho em Nova York por um
tempo. Até você descobrir o que quer fazer.
— Sim. Pode ser. — Eu sorri e apertei a sua mão.
Cheyenne era fácil de conversar. Eu podia ser eu mesmo com ela. Não
havia pretensões, nem julgamentos. Eu me sentia completamente
relaxado quando estava com ela.
Eu apostaria dinheiro que poderia deixar peidar naquela banheira, e
ela apenas riria. Precisava de muito para deixá-la brava.
— E você, querida? Quais são seus planos?
— Eu quero abrir minha própria padaria algum dia. Mas agora, espero
conseguir um emprego ou até mesmo um estágio remunerado em uma
cozinha, trabalhando como confeiteira. Para obter experiência e ganhar
algum dinheiro.
— Alguma perspectiva de emprego?
— Não. — Ela balançou a cabeça tristemente. — Eu voltarei para a
fazenda para limpar bosta até que algo apareça. Se isso acontecer.
— Ei, — eu disse, esfregando sua coxa. — Acredite.
— Eu Acredito. Eu acredito que ficarei trabalhando na fazenda da
minha família pelo resto da minha vida.
— Venha aqui, — eu disse, estendendo meus braços.
Ela rastejou para o meu colo, então ela estava montando em mim com
sua boceta bem sobre meu pau. Eu a puxei para perto, nossos lábios se
encontrando para um beijo faminto enquanto afundei minha língua em
sua boca quente.
Eu poderia dizer pela maneira como meu pau estava escorregando e
deslizando entre seus lábios que ela estava molhada, e não apenas com a
água do banho.
— Eu preciso estar dentro de você, bebê.
Ela abriu mais as pernas e se posicionou sobre meu pau antes de
afundar, levando-me lentamente em suas profundidades quentes e
mornas.
— Ah, isso, — eu gemi. — Isso é bom. — Eu agarrei seus quadris e
empurrei para cima. — Monte-me, bebê.
Ela ganhou velocidade, encontrando-me a cada impulso, enquanto a
água espirrava para o lado da banheira, seus seios saltando no meu rosto.
Eu diminuí o ritmo o suficiente para capturar um de seus mamilos em
minha boca, chupando forte e puxando um gemido alto do fundo de seu
peito.
Ela começou a me cavalgar forte novamente. Eu sabia que ela
precisava gozar. Eu coloquei minha mão entre nós e massageei seu
clitóris.
Quando eu senti suas coxas apertarem, eu empurrei com força,
fazendo-a alcançar o clímax, comigo a seguindo.
Ela deitou no meu peito por um longo tempo depois, meu pau ainda
dentro dela, apesar do fato de ter ficado mole. Fechei meus olhos,
acariciando suas costas enquanto ouvia o zumbido silencioso dos jatos e
sua respiração suave.
Tudo sobre Cheyenne parecia certo. Ela pertencia aos meus braços.
Na minha cama. E, apesar do meu medo de compromisso, eu a queria em
minha vida.
Capítulo 15
CHEYENNE

— Eu tenho que dizer, não há nada mais sexy do que uma garota em
um vestido e botas de cowboy, — Abe disse, olhando para mim com um
sorriso lascivo.
— Eu ainda não consigo acreditar que deixei você me convencer a
usar um vestido para o rodeio Calgary Stampede.
— É tudo pelas fotos, querida. Chama-se marketing. — Ele apertou
ainda mais minha cintura antes de sua mão escorregar para esfregar
minha bunda. — E o acesso fácil é uma boa vantagem para mim.
— Abe, — eu assobiei, dando um tapa de brincadeira no peito dele.
Olhei para trás, esperando que ninguém ouvisse seu comentário.
Estávamos no meio de uma multidão, assistindo ao desfile Stampede.
Meus olhos pousaram em um cara de aparência assustadora parado
bem atrás de nós. Olhos negros como a noite me encaravam de volta.
Olhos sem alma, com anéis vermelhos ao redor das pupilas que me
lembravam um corvo.
O cabelo escuro e áspero cobria seus braços nus e se espalhava pelo
colarinho aberto de sua camisa xadrez de botões. Um arrepio percorreu
minha espinha enquanto aqueles olhos assustadores percorriam meu
corpo antes de parar no meu peito.
— Abe, — eu sussurrei, puxando seu braço. — Podemos ir?
— Claro, — respondeu ele, franzindo a testa quando olhou para o
meu rosto. — O que houve?
— Eu tenho que fazer xixi, — eu menti. Eu só queria me afastar
daquele homem. Se eu contasse a Abe, ele poderia confrontar o cara.
— Ok, bebê, — ele disse, me guiando através da multidão de pessoas.
— Eu disse para você não tomar aquela segunda xícara de café pela
manhã.
— Sim. Você estava certo.
— Eu sinto muito. O quê? Não tenho certeza se ouvi direito.
— Ha-ha, — eu bufei. — Continue andando.
— Divirta-se, — ele riu, gesticulando em direção à fila que serpenteava
para fora do banheiro feminino.
Dez longos minutos depois, saí do prédio quente e fedorento. Abe
estava encostado em uma cerca, despejando confeitos de chocolate
Smarties em sua boca, com a familiar caixa azul de doces em que ele se
viciou.
— Você vai se transformar em um Smartie em breve, — eu ri quando
me aproximei dele.
— Eles são tão bons. Por que não temos isso em casa?
— Não tenho certeza.
Ele jogou a caixa vazia em uma lata de lixo próxima. — Sente-se
melhor?
— Sim.
— Ótimo. — Ele me içou para cima da cerca antes de se acomodar
entre minhas pernas. — Agora, sobre esse acesso fácil.
— Abe! Pare com isso. Estamos em público.
— Nunca, — ele rosnou antes de segurar meu queixo com as duas
mãos, beijando-me profundamente. Eu coloquei minhas mãos em seus
cabelos enquanto ele esfregava sua ereção entre minhas coxas.
— Abe, sério, — eu ri, tentando empurrar sua mão quando ele a
deslizou por baixo do meu vestido.
— Ninguém está prestando atenção em nós, — ele murmurou,
arrebatando meu pescoço.
Ele deslizou um dedo pelo elástico da minha calcinha, esfregando
meu clitóris antes de mergulhar dois dedos dentro de mim. — Não é
bom, bebê?
— Sim, — eu gemi. — Mas eu sinto que estamos sendo observados.
— Tudo bem, — ele suspirou, se afastando e me oferecendo a mão. —
Vamos guardar para mais tarde.
*
As luzes multicoloridas do meio do caminho cintilavam no crepúsculo
enquanto o sol descia por trás das montanhas.
Música retumbava em várias atrações. Os funcionários das barracas
gritavam para os transeuntes irem jogar. O cheiro de comida frita
permeava o ar.
— Hoje foi divertido, — disse Abe enquanto caminhávamos de mãos
dadas.
— Com certeza, foi. Gostei do rodeio.
— Não acho que um dia seja suficiente. Você precisaria de dois ou três
para experimentar tudo. Nós devemos voltar no próximo ano.
As borboletas alçaram voo na minha barriga. Abe disse nós ao falar
sobre planos. Isso significava que ele queria algo de longo prazo?
Eu não estava tendo muitas esperanças. Ele me disse que não estava
procurando um relacionamento. Tínhamos concordado com um acordo
casual que terminaria quando a viagem terminasse. Ele provavelmente
estava se xingando mentalmente por dizer isso.
Mas ele não pareceu se arrepender de sua declaração. Talvez ele não
tenha percebido o que disse. Provavelmente era isso.
— Quer dar uma volta? — ele perguntou quando paramos na frente
da roda-gigante.
— Certo. Por que não?
Quando estávamos prontos para a viagem, Abe passou o braço em
volta do meu ombro e me puxou com força contra seu corpo. Eu
descansei minha cabeça em seu ombro enquanto caminhávamos
lentamente até o topo.
Quando foi a última vez que me senti tão segura e confortável com
um homem? Nunca. Nem mesmo com Simon. Ele era seguro demais.
Meu ex-namorado não se comparava a Abe.
Exceto quando se tratava de disposição para se comprometer.
Abe pegou minha mão e acariciou meu polegar. — Cheyenne?
— Sim? — Eu levantei minha cabeça e nossos olhos se encontraram.
Eu me perdi no mar azul enquanto ele me olhava com amor. Puta merda.
Minha imaginação estava pregando peças em mim. Eu estava
confundindo luxúria com amor? — Abe?
Ele saiu de seu transe e pigarreou. — Eu... Hum... — Ele segurou meu
queixo, correndo os dedos pela minha bochecha antes de trazer seus
lábios aos meus, para um beijo.
Um beijo lento, sensual, cheio de paixão. Um beijo destinado a
expressar sentimentos que ele estava com muito medo de colocar em
palavras.
Eu esperava não estar interpretando mal o que vi em seus olhos e
senti em seu beijo, ou eu estaria em um mundo de dor.
Depois da roda-gigante, vagamos pelo meio do caminho em silêncio
até que um funcionário gritou para nós. — Ei, garotão. Por que você não
vem e ganha um prêmio para sua namorada?
Abe olhou para o jogo. — Eu arraso no Skee-Ball, — ele sussurrou,
puxando sua carteira.
Eu assisti com espanto quando ele rolou cinco bolas nas canaletas de
cem, marcando um jogo perfeito. Ele fez uma careta quando o
funcionário jogou para ele um pequeno bicho de pelúcia. — Jura? Eu fiz
um jogo perfeito.
O funcionário riu enquanto mastigava um palito entre os dentes. —
Você faz isso de novo e pode trocá-lo pelo maior bichinho de pelúcia que
eu tenho. — Ele gesticulou para um alce enorme pendurado no topo da
tenda.
— Desafio aceito, — disse Abe, jogando para baixo outra nota de cinco
dólares. E ele rolou outro jogo perfeito.
— Impressionante, — disse o cara enquanto subia e pegava o alce,
entregando-o a Abe com um sorriso torto que revelou a falta de seus
dentes da frente.
— O que vou fazer com isso? — Eu ri quando Abe colocou o alce em
meus braços.
— Mantenha-o em sua cama. E toda vez que você olhar para ele, você
vai pensar em mim e no nosso tempo juntos.
Eu lutei contra as lágrimas com sua lembrança de que nosso
relacionamento era temporário. Ele certamente não agia como se
fôssemos apenas um caso casual.
Talvez fosse hora de descobrir como ele se sentia. Mas se eu estivesse
errada, o resto da viagem ficaria muito estranho.
Infelizmente, minha boca se abriu antes que meu cérebro pudesse
entender e impedir que as palavras saíssem.
— Se eu o mantiver na minha cama, não haverá espaço para você, —
eu disse, engolindo nervosamente enquanto observava seu rosto por
algum tipo de reação.
— Você não quer um homem como eu na sua cama o tempo todo, —
disse ele com uma risada seca.
— Você ficaria melhor com o alce.
Eu forcei um sorriso. — Sim, provavelmente, — eu disse calmamente.
— Vamos sair daqui. Está ficando tarde e temos uma longa viagem
amanhã.
*
— Eu tenho que esvaziar os tanques de retenção e fazer algumas
outras verificações antes de sairmos, — Abe disse enquanto se inclinava
contra o balcão e bebia seu último gole de café.
— Ok, — eu disse, levantando os olhos brevemente do meu iPad. Ele
olhou para mim por um momento antes de enxaguar a caneca e sair.
Eu provavelmente deveria ter mantido minha boca fechada na noite
anterior. As coisas estavam estranhas entre nós desde o meu comentário
sobre abrir espaço para ele na minha cama.
Quando voltamos do Stampede, eu fui tomar um banho. Ele estava
dormindo quando eu saí. Ou pelo menos ele fingiu estar.
Tomei um gole de café e cliquei no link para nosso site de rede social.
Ainda me impressionava que tantas pessoas estivessem interessadas em
nossa viagem.
11. 569 seguidores.
Eu balancei minha cabeça enquanto rolava a página. As pessoas não
tinham nada melhor para fazer? Alguns dos comentários eram hilários.
Outros, totalmente rudes.
Espere um minuto.
Meus olhos pousaram em uma foto que não postamos. Não era a
primeira vez que um seguidor enviava uma foto que tirou de nós. Alguém
postou o amasso pós-bungee jump E uma de nós no baile em Kamloops.
Mas eu não esperava ver uma foto de Abe e eu nos beijando enquanto
eu estava sentado na cerca do Stampede. Uma foto minha com um
vestido e minhas pernas abertas, com Abe entre elas.
Oh meu Deus!
E se minha mãe visse isso? Ou meus irmãos? Meu sangue ferveu. Esse
era um momento privado. Como alguém se atreve a tirar uma foto dessas
e postar na internet?
Eu dei uma olhada na sinopse abaixo e cliquei no link. Eu me vi em
um site de revista online chamado Quinze Minutos cia Fama. A descrição
do site explicava como eles seguem pessoas comuns que experimentam o
gostinho da fama. Meu estômago embrulhou, ameaçando enviar meu
café de volta. Rolei a página, cambaleando quando várias fotos minhas e
de Abe apareceram na tela.
Quinze minutos de fama alcançaram o casal de ouro quando eles
chegaram a Alberta esta semana-As redes sociais têm falado muito sobre
o jovem casal, desde que eles embarcaram em uma viagem atravessando
o país em um trailer, como parte de uma campanha de marketing do
gigante de parque de campismo, Twenty-First Century Parks-.
A empresa adquiriu recentemente uma série de parques privados como
parte de sua expansão no Canadá.
Abraham McLean e Cheyenne Carson chamaram a atenção dos
seguidores online com seus cabelos loiros, olhos azuis e óbvia atração um pelo
outro.
Os ãs enlouqueceram quando o casal foi pego em um beijo de bungee
jump na semana passada, em Whistler. O beijo alimentou rumores sobre o
relacionamento entre o casal.
Cheyenne foi uma adição de última hora ao grupo original de quatro,
substituindo outra garota que teve que desistir por motivos pessoais.
Craig Carson e sua namorada, Julie Petty, deixaram a viagem cinco dias
após o início da aventura de seis semanas, quando Petty quebrou a perna.
Fontes internas nos dizem que Abraham e Cheyenne não estavam em um
relacionamento antes da viagem. Claramente, eles estão agora. As fotos
exclusivas obtidas por Quinze Minutos da Fama contam a história.
Os pombinhos foram vistos jantando em um restaurante cinco estrelas em
Lago Louise, no início desta semana, de mãos dadas enquanto desfrutavam
de um jantar muito caro.
Não houve menção a esse pequeno passeio em seu feed de redes sociais,
levando os ãs a acreditarem que o jantar intimo não fazia parte de seu
itinerário para os Twenty-First Century Parks.
Abraham e Cheyenne passaram o dia ontem no rodeio Calgary Stampede,
onde Quinze Minutos de Fama os capturaram em várias demonstrações
públicas de afeto-Então, leitores, quanto tempo antes de vermos um anel
no dedo de Cheyenne? Ela vai ter uma barriga em breve? Se aquele trailer
é demais, não venha bater!
As imagens nadaram diante dos meus olhos, minhas lágrimas caindo
no iPad em grandes salpicos.
Abe ia pirar. Ele valorizava sua privacidade. Ele ficava incomodado
quando as pessoas tiravam fotos nossas e as postavam. Ele gostava de ter
controle sobre o conteúdo do nosso site.
Mas os Twenty-First Century Parks se recusaram a impedir que as
pessoas postassem suas próprias fotos. Eles não davam a mínima para
nós.
E por que eles dariam? Estávamos sob contrato para promover seus
acampamentos e, quanto mais atenção atraíssemos, melhor.
Abe evitava compromissos. Meu pequeno comentário na noite
anterior o assustou. Este artigo extinguiria completamente o fogo
queimando entre nós.
Capítulo 16
ABE

— Isso não vale mesmo dez mil, — resmunguei enquanto terminava


de esvaziar o esgoto do trailer.
Por que me inscrevi para isso? Eu não precisava do dinheiro. Era para
ser uma aventura com meu melhor amigo.
Como diabos eu acabei me apaixonando por sua irmã mais nova? Isso
não era para acontecer. Mas não importa o quanto eu tentava resistir,
tinha acontecido de qualquer maneira.
Fiquei acordado a maior parte da noite, tentando encontrar uma
maneira de me — desapaixonar — por Cheyenne. Bobagem, eu sei. Mas
eu estava apavorado.
E se ficarmos juntos e não der certo? Ou pior, e se nos casássemos,
tivéssemos filhos e acabássemos nos odiando?
Desenterrei memórias dolorosas da minha infância, com meus pais
brigando. Brigas violentas, com xingamentos horríveis sendo jogados
para frente e para trás, e pratos quebrando enquanto voavam pela sala.
E a briga que finalmente acabou com isso. Na noite anterior à minha
partida para a Califórnia, para começar meu primeiro ano na UCLA.
Quando meu pai bateu em minha mãe pela primeira vez. Pelo menos
pela primeira vez que eu soube.
Graças a Deus eu estava em casa. Eu o contive antes que ele pudesse
causar mais danos à minha mãe.
Ele soluçou no meu ombro depois que ela partiu. A primeira vez que
vi meu pai chorar. Ele me contou histórias sobre seu romance de conto
de fadas. Eu não entendia como as pessoas podiam se apaixonar assim.
Meu celular tocou, tirando-me dos meus pensamentos deprimentes.
Limpei minhas mãos no short antes de tirar o telefone do bolso de trás.
O nome de Craig apareceu na tela. Por que diabos ele estava me
ligando tão cedo? E quase meio-dia em Vermont, idiota.
— Oi, cara, — eu disse. — E aí?
— Que porra você está fazendo com minha irmã?
Você me prometeu que não a machucaria.
— Bom dia para você também.
— Abe, me diga que você não está enganando-a.
— Ela ligou para você?
Porra. As coisas estavam estranhas naquela manhã, mas eu não achei
que ela estava chateada o suficiente para ir correndo para seu irmão. E
esse não era o estilo de Cheyenne. Pelo menos era o que eu pensava.
— Não. Ela nunca faria isso. Eu vi o artigo naquele site trash.
— Que artigo? Qual site?
— Você não viu?
— Não! Obviamente.
— Se chama Quinze Minutos de Fama Eles tiraram um monte de fotos
de vocês. E depois que eu olhei para elas, eu meio que comecei a
acreditar na merda que eles escreveram.
— Por que você a levou a um encontro em um restaurante chique?
Estou deduzindo que você já dormiu com ela.
— Uau. Calma. — Minha cabeça estava girando. Eu tinha que ver o
artigo. — Onde encontro isso?
— Há um link na sua página de rede social.
— OK. Eu tenho que desligar para que eu possa dar uma olhada.
— Espere. Abe?
— Sim?
— Eu sou seu melhor amigo. Ela é minha irmã. Seja honesto, cara. Por
favor.
Suspirei. — Estou muito envolvido com ela.
— Eu imaginei.
— Escute, eu tenho que ir. Falo com você mais tarde, ok?
— Por favor, não quebre o coração da minha irmã, Abe.
— Essa é a última coisa que eu quero fazer.
— Ótimo.
Desliguei e carreguei o site no meu telefone.
Puta merda.
Afundei na mesa de piquenique enquanto lia o artigo.
Anel de noivado?
Barriga de bebê?!
Se eu não estivesse tão assustado com meus sentimentos por
Cheyenne, provavelmente teria rido do absurdo do artigo.
Como eles tiraram uma foto nossa no restaurante? As pessoas não
tinham escrúpulos? Não respeitam a privacidade das pessoas?
Aparentemente não. Cheyenne ia pirar quando visse a foto dela na cerca.
Aquele em que eu estava me esfregando entre suas pernas.
Precisávamos ser mais cuidadosos quando estivéssemos em público se
continuássemos com nosso acordo atual.
Eu não poderia imaginar terminar o resto da viagem sem tocá-la,
beijá-la e fazer amor com ela. E eu sabia, sem dúvida, que queria
Cheyenne em minha vida.
Permanentemente.
Eu só precisava de um tempo para entender tudo. Nunca me
comprometi com uma mulher antes. Eu estava nadando em águas
desconhecidas.
Quando entrei, Cheyenne estava dormindo na cama. O iPad estava
deitado ao lado dela, aberto no site Quinze Minutos da Fama.
Coloquei o iPad na mesa de cabeceira e dei um beijo suave em sua
testa.
*
Eu bocejei e esfreguei meus olhos. Seria uma longa viagem até
Saskatchewan Landing. Não estávamos nem uma hora fora de Calgary.
Ainda em Alberta. Mas tudo estava incrivelmente plano.
E amarelo. Eles estavam passando por uma seca nas pradarias
canadenses. Aparentemente não chovia há várias semanas. E não havia
árvores. Nada além de estradas e campos abertos, tanto quanto podíamos
ver.
— Oi.
Eu olhei para cima quando Cheyenne saiu da parte de trás e se
acomodou no banco do passageiro.
— Oi. — Voltei minha atenção para a estrada na esperança de evitar
uma discussão sobre nosso relacionamento. Eu não estava pronto.
E eu estava tentando ficar acordado e dirigir um trailer de oito mil
libras com um jipe preso na parte de trás.
— Alguém tirou fotos nossas no Stampede e as postou em um site de
fofoca, — disse ela, olhando pelo para-brisa.
— Eu vi.
— Oh. Ok. — Ela suspirou antes de limpar a garganta. — Você quer
falar sobre isso?
— Não. Estou cansado e só quero chegar ao próximo parque o mais
rápido possível.
— Ah.
Meu intestino apertou com a dor em sua voz. Eu era um idiota. Ela
merecia alguém melhor do que eu. Um homem que não tivesse medo de
compromisso.
— Eu sinto muito sobre a noite passada. Não esqueci que somos
apenas casuais e que você não quer nada além disso.
Porra.
Eu tinha que me livrar dela. Eu não poderia tê-la na cabine se ela fosse
me forçar a ter uma conversa que eu não estava pronto para ter.
— Cheyenne, estou cansado. Não estou com vontade de conversar
agora. Temos uma longa viagem pela frente. Não consigo fazer isso já.
Eu podia sentir seu olhar frio direcionado para mim enquanto eu
continuava a olhar para frente. Melhor ter uma garota zangada do que
uma chorando. Eu poderia lidar com a raiva. Mas eu não era bom com
lágrimas.
— Tudo bem, — ela bufou antes de se levantar de seu assento e
desaparecer na parte de trás do trailer.
*
Em algum lugar próximo à fronteira de Saskatchewan, dirigimos sob
uma chuva leve. No momento em que estacionei no parque, ela havia
progredido para uma chuva torrencial.
Ótimo pra caralho.
Cadê a seca? Depois de estacionar o trailer, fui até a parte de trás para
pegar minha capa de chuva. A porta do quarto estava fechada. Eu não
tinha visto Cheyenne desde que ela saiu da cabine da frente furiosa,
quatro horas antes.
Ela não se ofereceu para me preparar o almoço, como costumava fazer
quando estávamos na estrada. E eu estava morrendo de fome.
Mas, porque eu era o homem, fui o filho da puta sortudo que teve que
sair na chuva forte e conectar o trailer para que pudéssemos ter
eletricidade e água corrente.
Amaldiçoei baixinho enquanto colocava minha jaqueta e saía. A chuva
batia em meu rosto enquanto eu trabalhava febrilmente para
desenganchar o jipe.
Eu tinha acabado de nivelar o trailer quando ouvi uma voz atrás de
mim.
— O que posso fazer para ajudar? — Cheyenne estava atrás de mim,
encolhida em sua capa de chuva rosa, seus cachos loiros colados na testa,
como espaguete.
— Nada, — eu resmunguei enquanto me dirigia para a conexão de
água.
— Deve haver algo que eu possa fazer. — Ela me seguiu, observando
enquanto eu conectava nossa mangueira à torneira do local.
— Vá para dentro, Cheyenne. Eu não preciso da sua ajuda.
— Qual é o seu problema, Abe? Você vai mesmo me tratar assim, me
ignorando?
Suspirei quando me virei para encará-la, tentando desesperadamente
não perder a paciência. — Meu problema é que está chovendo muito, e
você não quer entrar!
— Não é disso que estou falando, e você sabe disso!
Respirei fundo, sugando meus lábios entre os dentes enquanto corria
meus dedos pelo meu cabelo molhado. — Apenas entre, por favor, — eu
disse com os dentes cerrados.
— Por quê? Pra você poder se esconder de mim? Evitar o que quer que
seja isso entre nós? Do que você tem tanto medo, Abe?
Minha mandíbula apertou. Ela sabia me provocar como nenhuma
garota antes soube, e eu não conseguia segurar mais.
— Estou com medo de você! — Eu gritei.
— O quê? — A confusão nublou seus olhos.
— Estou apaixonado por você, Cheyenne. E isso me assusta pra
caralho.
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, eu a agarrei e esmaguei
meus lábios nos dela, uma das minhas mãos agarrando seu cabelo
enquanto a outra a agarrava pela bunda, puxando-a com força contra o
meu corpo.
— Pra dentro, — eu rosnei quando quebrei o beijo.
Ela olhou para mim, os olhos arregalados e cheios de desafio. Achei
que ela fosse me dar um tapa. Eu merecia. Mas em vez disso, ela se virou
e saiu pisando forte.
Eu a segui para dentro do trailer, batendo a porta atrás de nós.
Tiramos nossa roupa molhada em silêncio.
— Eu vou te foder no chuveiro, — eu a informei.
Ela acenou com a cabeça, mas não disse uma palavra. Apenas me
seguiu até o banheiro e me observou enquanto eu pegava o chuveiro e o
ligava. Tirei suas roupas molhadas de seu corpo, nunca tirando meus
olhos dos dela.
— Entre, bebê, — eu sussurrei. — Eu estarei bem atrás de você.
Tirei minhas roupas e entrei no chuveiro. Ela ficou sob a água,
tremendo quando me aproximei dela. — Eu preciso entrar em você.
Agora mesmo.
Eu a apoiei contra a parede de azulejos e tomei sua boca, meus lábios e
língua gananciosos enquanto eu a devastava.
Pegando sua bunda, eu a levantei para que ela pudesse envolver suas
pernas em volta da minha cintura. Ela apertou as pernas, esfregando sua
boceta quente contra meu pau enquanto eu deslizava para cima e para
baixo, juntando sua umidade na cabeça.
Qualquer limitação que eu possuía evaporou no vapor do chuveiro. Eu
empurrei nela com um grunhido poderoso, indo até as bolas.
Ela gritou, seus gemidos de prazer ecoando pelo banheiro enquanto
eu a comia como algum tipo de animal. Eu entrava e saía de sua boceta,
segurando seus quadris com tanta força que eu sabia que deixaria uma
marca.
— Oh, merda. Oh meu Deus, bebê. Você é tão incrivelmente gostosa.
Eu estava tão excitado que mal podia esperar por ela. A pressão era
diferente de tudo que eu já havia experienciado. Meu pau inchou antes
de eu explodir dentro dela, disparando fluxo após fluxo de porra em seu
corpo.
— Eu sinto muito, querida, — eu ofeguei, descansando minha testa
contra seu peito.
— Por quê? — Ela sussurrou enquanto passava as mãos pelo meu
cabelo molhado.
— Por atacar você como um animal e não esperar que você gozasse. —
Eu deslizei meu pau para fora de seu corpo antes de ajudá-la a recuperar
o equilíbrio no chão escorregadio do chuveiro. — Eu não te machuquei,
machuquei?
— Não, — ela riu baixinho. — E eu não preciso ter um orgasmo toda
vez que fazemos sexo.
— Eu vou te compensar. Te dar tantos orgasmos que você não saberá
o que a atingiu.
— Ok. Não vou recusar uma oferta como essa.
Depois que nos lavamos, desliguei o chuveiro e enrolei uma toalha em
volta do corpo dela. — Vamos pegar algo para comer. Estou morrendo de
fome.
*
— Estava delicioso, querida. — Recostei-me na cadeira com um
suspiro de contentamento. — Como eu tive tanta sorte de encontrar
uma mulher que sabe cozinhar?
— Eu fiz um wrap de frango para você, — ela riu enquanto juntava os
pratos e os levava para a pia. — Não é exatamente cozinha gourmet.
Empurrei minha cadeira para trás e me levantei da mesa. — Tudo o
que você faz parece que veio de um restaurante cinco estrelas.
— Obrigada, Abe.
— Não, obrigado digo eu, — murmurei enquanto serpenteava meus
braços em volta de sua cintura.
Ela deslizou os braços em volta do meu pescoço, olhando para mim
com tanto amor em seus olhos que eu juro que meu coração parou por
um segundo.
Corra, cara. Dê o fora daqui. É agora ou nunca. Ela vai prender aquela
corrente no seu tornozelo se você não fugir agora!
Eu não corri. Empurrando todos os meus pensamentos negativos de
lado, capturei sua boca, beijando-a com uma paixão desenfreada,
alimentada por amor e desejo. Eu estava me afogando e ela era o ar que
eu precisava respirar. — Eu quero fazer amor com você, Cheyenne, — eu
sussurrei, levantando-a em meus braços, nossos lábios se moldando
enquanto eu a carregava para o quarto.
Eu a coloquei na cama e tirei minha boxer. Ela deslizou para fora de
seu robe de cetim e o jogou de lado, oferecendo seu corpo nu.
Eu rastejei entre suas coxas separadas, abaixando meu corpo
enquanto levava meus lábios aos dela, afundando minha língua em sua
boca quente.
Ela gemeu baixinho, esfregando sua boceta contra meu pau. Eu
capturei seus pulsos, prendendo-os acima de sua cabeça antes de
entrelaçar meus dedos com os dela enquanto pressionava nossas mãos
contra o colchão.
As palavras que jurei que nunca diria a uma mulher escaparam dos
meus lábios. — Eu te amo, Cheyenne, — eu sussurrei, pressionando
beijos em suas bochechas, nariz e testa.
— Eu não tinha nenhuma intenção de me apaixonar, até que você
apareceu. Você me tem, querida. Se você me aceitar.
Ela olhou para mim, seus olhos azuis centúria brilhando com lágrimas
não derramadas. — Eu também te amo, Abraham. Sempre foi você. Meu
coração e corpo pertencem a você desde que eu tinha quinze anos.
— Está resolvido então. Você é minha garota.
— Eu sou sua garota, — ela disse suavemente, um sorriso tímido se
formando em seus lábios.
Eu pressionei beijos suaves contra seus lábios quando entrei nela.
Nossos corpos se moveram em um ritmo relaxado e sincronizado
antes de chegar ao clímax juntos em um momento de estilhaçar a terra
que apagou qualquer resquício de dúvida sobre meus sentimentos por
essa garota.
*
— Oh Deus. Abe. Eu vou gozar de novo.
Enfiei dois dedos em sua boceta enquanto chupava seu clitóris. Ela se
debateu na cama, seu terceiro orgasmo rasgando seu corpo.
— Ok, — ela engasgou quando eu puxei meus dedos, substituindo-os
pela minha língua. — Não mais.
Eu levantei minha cabeça de entre suas pernas. — Eu ia para quatro.
Estou cumprindo a promessa que fiz no banho.
Eu a chupei pela maior parte da última hora. A chuva caia forte,
batendo contra o teto do trailer enquanto passávamos nossas primeiras
horas em Saskatchewan Landing na cama.
Eu meio que esperava que chovesse os dois dias inteiros para que
tivéssemos uma desculpa para ficar dentro de casa.
— É a sua vez, — disse ela, empurrando minha cabeça para longe de
sua boceta enquanto se sentava.
— Seu desejo é uma ordem.
— Mesmo? — Eu perguntei com um sorriso de lobo enquanto me
colocava de joelhos. — Qualquer coisa?
Ela franziu a testa, desviando o olhar enquanto suas bochechas
ficavam vermelhas. — Não. Há algumas coisas que não farei.
— Como o quê? — Eu não faço anal. Nem mesmo dedos. Nojento.
— Muito justo, — eu ri. — Algo mais?
— Eu não gosto de chicotes e correntes, ou qualquer uma dessas
coisas. Mas não me oponho à ideia de ser amarrada.
— Bem, para sua sorte, deixei todos os meus chicotes em casa.
— Então, o que vai ser? — ela perguntou.
— Eu quero que você coloque suas botas de cowboy e me monte.
— É isso?
— Sim. Essas botas me deixam com tesão. Use seu chapéu de cowboy
também. E alguma roupa íntima sexy. Mas nada mais.
Deitei na cama com as mãos atrás da cabeça, esperando
pacientemente enquanto ela se arrumava no banheiro.
Cheyenne era tão gostosa. E ela era toda minha. Eu tinha uma
namorada. E eu estava bem com isso. Mais do que bem. Me sentia
fantástico pra caralho.
Eu não tinha ideia do que faríamos quando a viagem terminasse. Mas
teríamos muito tempo para descobrir isso.
Ela saiu do banheiro com uma calcinha preta rendada. Seus longos
cabelos loiros caíam sob o chapéu de cowboy. Lambi meus lábios, meu
pau subindo em atenção enquanto ela subia na cama com suas botas.
— Você gosta do que vê? — ela perguntou em uma voz rouca.
— Hmm, — eu ri, agarrando meu pau duro. — O que você acha?
— Hmm. Acho que você precisa de um lugar agradável e quente para
colocar essa coisa. — Ela montou em mim, esfregando sua boceta contra
meu pau.
— Você tem algum apego forte a essa tanga? — Eu rosnei.
— Não.
— Ótimo.
Eu agarrei a tira fina sobre seu quadril e arranquei a calcinha de seu
corpo. — Monte-me com força, cowgirl, — eu ordenei, agarrando seus
quadris com firmeza enquanto alinhava meu pau com sua entrada.
Ela se abaixou em meu eixo rígido, levando-me lentamente em seu
canal quente e úmido enquanto seus seios saltavam no meu rosto. Eu
mostrei minha língua, lambendo seus mamilos eretos.
— Porra, isso é tão gostoso, — eu gemi. — Monte-me, bebê.
Eu estava me segurando, deixando-a controlar o ritmo. Mas uma vez
que ela começou a se mover para cima e para baixo no meu pau, minha
contenção saiu pela janela.
Eu empurrei para cima, indo até as bolas quando ela desceu, suas
botas de cowboy esfregando contra minhas coxas enquanto ela girava
seus quadris.
Estiquei meu braço entre nós e massageei seu clitóris, dando-lhe
exatamente o que ela precisava. Ela gritou quando seu orgasmo rolou por
ela, sua boceta apertando meu pau enquanto eu a seguia até o êxtase.
Capítulo 17
CHEYENNE

Sombras escuras lançavam um brilho estranho em todo o quarto, o


tamborilar constante da chuva dançando no telhado. Um estrondo
ensurdecedor de trovão sacudiu as paredes do trailer.
Enterrei meu rosto no travesseiro, rezando para poder voltar a dormir.
Abe rolou e puxou suavemente meu cabelo.
— Que horas são? — Eu murmurei.
— Quase meio-dia. — Puta merda!
— Sim, — ele disse, tirando as cobertas de mim. — É hora acordar.
— Ainda está chovendo. Vamos apenas ficar aqui.
— Por mais tentador que pareça, não podemos desaparecer por um
dia inteiro. Há milhares de pessoas entediadas sentadas na beirada de
seus assentos, esperando que postemos algo.
— Tudo bem, — eu resmunguei, agarrando o lençol e me cobrindo de
volta. — Só mais cinco minutos.
— Hmm, — ele sussurrou, deslizando a mão sob o lençol e agarrando
um punhado dos meus seios. — Posso pensar em algumas maneiras de
passar cinco minutos.
— Você é insaciável, — eu ri, afastando sua mão.
— Só para você, querida. — Ele me empurrou sobre minha barriga e
montou em mim por trás.
— O que você está fazendo? — Eu perguntei enquanto tentava me
sentar.
Ele pressionou a mão nas minhas costas. — Levante sua bunda, — ele
ordenou, pegando um travesseiro e deslizando-o sob a minha barriga. —
Relaxe, querida.
Ele alcançou entre minhas pernas, acariciando meu clitóris enquanto
dava beijos suaves na fenda da minha bunda.
Eu tentei me mover. Não é uma tarefa fácil com suas mãos
firmemente plantadas em meus quadris e minhas coxas presas entre as
dele. Minha boceta doía por penetração, umidade escorrendo e cobrindo
meus lábios com minha excitação.
— Por favor, Abe, — eu gemi.
Ele deslizou dois dedos dentro de mim, movendo-se lentamente para
dentro e para fora enquanto brincava com meu clitóris com o polegar. —
Diga-me o que você precisa, bebê.
— Eu preciso que você me foda. Agora.
Ele removeu os dedos e esfregou seu pau para cima e para baixo na
minha fenda antes de empurrar a ponta para dentro. Eu empurrei de
volta, desesperada para que ele me preenchesse. — Paciência, bebê. Eu
não quero te machucar indo muito rápido.
Eu agarrei o lençol, meu rosto colado contra o travesseiro enquanto
ele empurrava para frente até que estivesse totalmente acomodado. Eu
nunca tive um cara tão profundo dentro de mim antes ou me senti tão
cheia.
Então ele começou a se mover. Eu gritei quando ele pegou velocidade,
batendo para dentro e para fora, suas bolas batendo contra minha bunda.
A pressão na minha pélvis estava fora dos gráficos. Eu precisava de alívio.
— Abe, eu preciso gozar!
Ele alcançou minha frente e agarrou meu clitóris, esfregando-o
vigorosamente enquanto fechava minhas coxas, deixando minha boceta
extremamente apertada enquanto ele continuava a me foder com força.
Meu orgasmo começou como uma onda de vibração lenta da ponta
dos meus pés. Ele viajou pelas minhas pernas até minha barriga antes de
inflamar em uma detonação alucinante que reduziu meus músculos a um
macarrão flácido.
Abe me segurou, continuando a bombear em mim até que seu pau
explodiu. Ele soltou meus quadris e eu desabei no colchão, meu corpo
ainda cambaleando com o orgasmo que acabei de receber.
Abe puxou e caiu de costas ao meu lado. — Porra! Isso foi incrível,
querida.
Eu me aconcheguei nele, descansando meu braço em sua barriga. —
Acho que por trás é minha nova posição favorita.
Ele deu uma risadinha. — Você não tem ideia de como estou feliz em
ouvir você dizer isso.
*
— Seu namorado vai competir no concurso de karaokê hoje à noite?
Eu olhei para a senhora idosa sentada ao meu lado. Estávamos
jogando bingo na sala de recreação do acampamento. Não havia muito o
que fazer em Saskatchewan Landing quando estava chovendo.
Ela sorriu docemente, revelando dentes manchados de batom. Quase
engasguei com seu perfume e talco de bebê.
— Eu duvido que ele concordaria com isso, — eu ri. — Eu nunca o
ouvi cantar.
— Oh, querida. Use seu poder de persuasão. — Ela balançou as
sobrancelhas, rindo enquanto olhava ao meu redor para verificar Abe. —
Ele é uma graça. Ele teria uma boa chance de vencer, mesmo que não
cante bem.
— Você quer subir no palco e fazer uma serenata para nós, Abe? — Eu
perguntei enquanto marcava BI em meus cartões.
— Não. Qual foi aquela última?
— BI.
Eu o observei divertida enquanto ele examinava seus cartões com seu
carimbo de bingo, seu rosto marcado pela concentração séria.
Abe era adorável. E tão sexy. E realmente, muito bom na cama. Além
de tudo isso, ele era gentil, atencioso e muito divertido. E ele era meu.
Como consegui um cara como ele? Eu era uma garota de muita sorte.
Inclinei-me, trazendo meus lábios tão perto de sua orelha que rocei a
ponta de seu lóbulo. — Se você cantar, eu engulo.
Ele engoliu em seco, seu pomo de adão balançando enquanto
processava minha oferta. — Onde eu me inscrevo?
A senhora ao meu lado riu. — Não sei o que você disse a ele, mas bom
trabalho.
— Eu não posso acreditar que eu deixei você me convencer a fazer
isso, — Abe resmungou mais tarde naquela noite.
— Nossos ãs vão adorar, — eu disse enquanto examinava os títulos
das músicas no caderno que o DJ me entregou quando inscrevi Abe para
competir. — E vai ser divertido.
— Para quem?
— Pra mim, é claro. — Eu cantarolei alguns compassos de — Call Me
Maybe.
— Não! — ele gemeu. — Você realmente não quer que eu suba no
palco e cante isso ! Eu não tenho a voz de uma adolescente. Vou soar
horrível e eles vão rir.
— Esse é o ponto principal.
Finalmente decidimos uma música e Abe pigarreou várias vezes.
— OK. Vamos, canarinho — eu ri. — Pelo menos vou me divertir
vendo você se envergonhar.
— Você me deve muito, garotinha, — ele resmungou enquanto
fechava o caderno e se levantava da mesa. — E não pense que não vou
cobrar.
Abe ganhou o concurso. Minha barriga doía de tanto rir.
Ele estava um pouco tenso e desafinado para começar, mas quando ele
terminou o primeiro verso de — Don't Stop Believin', — ele se soltou.
As pessoas na multidão começaram a cantar junto, e então ele
realmente se interessou. As mulheres aplaudiram quando ele saltou do
palco improvisado e desfilou para cima e para baixo no corredor,
microfone na mão, cantando o refrão.
As fotos dele de joelhos, incitando a multidão? Não têm preço.
Eu carreguei as fotos e um videoclipe no site imediatamente. Nossos
ãs foram à loucura, fazendo todos os tipos de comentários hilários, e
meus irmãos zoaram bastante.
— Você tem um bom espírito esportista, — eu disse enquanto
caminhávamos pela trilha iluminada pela lua em direção ao nosso
acampamento.
— Foi uma noite divertida, — ele concordou, trazendo nossas mãos
unidas à boca e pressionando um beijo em meus dedos. — Eu sempre me
divirto com você, Cheyenne. Mesmo quando estou cantando na frente de
uma multidão.
— Eu não repetiria isso na frente dos meus irmãos se eu fosse você.
Eles nunca vão deixar você viver assim.
— Contanto que eles me deixem viver. Você sabe que eles estão
carregando suas espingardas, apenas esperando que eu estrague tudo
com você.
— Eu sei que você não vai estragar tudo. E minha opinião é a única
que importa.
Ele parou e se virou para mim, o luar iluminando seu olhar intenso. —
Não posso prometer que não vou estragar tudo em algum momento. Eu
nunca fiz isso antes.
— Mas o que posso prometer é que vou tentar muito ser um bom
namorado. Eu quero que isso funcione entre nós, Cheyenne. Eu nunca
quis tanto assim algo na minha vida.
— Eu acredito em você, — eu sussurrei, ficando na ponta dos pés para
dar um beijo em sua boca. — Eu sei que as coisas não serão perfeitas.
Haverá momentos difíceis. Mas vamos descobrir isso
juntos.
Ele me puxou para seus braços. — Deus, eu te amo.
Meu coração disparou. Mesmo que ele tenha dito isso na noite
anterior, eu gostei de ouvir de novo. Essas três palavras significaram
muito, e eu sabia que ele devia ter tido muita coragem para dizê-las. —
Eu também te amo, Abe.
— Agora, — ele disse quando entramos no trailer. — É hora de você
cumprir sua parte do trato. — Ele caminhou em minha direção com um
brilho diabólico em seus olhos.
— Eu não sei do que você está falando, — eu disse, piscando meus
cílios.
— Ah, sim, você sabe, sua pequena megera. — Ele desafivelou o cinto e
puxou-o pelas alças. — Abra meu zíper para que eu possa tirar minhas
calças e ficar confortável para o meu boquete.
— Essas são palavras que aposto que você nunca esperava dizer.
— Definitivamente não, — ele riu antes de estreitar os olhos para
mim. — Agora abra o zíper, bebê.
Eu soltei o botão e puxei o zíper, mas ele não se mexeu. — Está preso.
— Você está me zoando.
— Não, eu não estou. — Ajoelhei-me para ver mais de perto. — Está
completamente preso, Abe. Parece que está preso em sua camisa ou
cueca.
— Merda! — Ele tentou tirar a camiseta, mas ela não se mexeu. Seu
rosto assumiu uma expressão de pânico. — Merda. Está preso. Vou ter
que rasgar. — Dei de ombros e me levantei para sair do caminho dele. —
Faça o que precisa ser feito.
Ele agarrou o decote e o rasgou, emergindo da camisa como Bruce
Banner se transformando no Hulk.
— Oh merda, é bom estar fora dessa coisa, — ele disse, finalmente se
puxando para fora de sua calça jeans e jogando-a no sofá. — Agora, sobre
aquele boquete?
— Oh meu Deus! Você tem uma mente focada.
— Sim, eu tenho. — Ele sorriu perversamente quando deixou cair sua
boxer no chão e passou a mão ao redor da base de seu pênis ereto. Seu
pênis ereto sem pelos.
— Você raspou ?
— Bem, sim. Eu queria que isso fosse bom para você.
Eu balancei minha cabeça surpresa com sua consideração e entrei no
quarto. Ele me seguiu, se esparramando de costas na cama. — Quando
você estiver pronta, querida.
Tirei meu sutiã e calcinha e rastejei para a cama. Meus olhos
pousaram no meu travesseiro. Algo incomodou meu cérebro.
Eu olhei para o travesseiro de Abe. Azul marinho. Puxei o edredom.
Lençóis azul marinho. Os que eu coloquei antes de deixarmos Calgary no
dia anterior. Mas meu travesseiro estava envolto em uma fronha xadrez
roxa.
— Abe?
— Sim?
— Você trocou minha fronha?
— O quê?
— Minha fronha. Não é o mesmo jogo de roupa de cama. Eu nunca
faria isso.
— Eu não troquei nada, bebê.
— Então quem fez? — Eu perguntei baixinho, tremendo quando um
arrepio nervoso subiu pela minha espinha.
— Você deve ter feito. Não há mais ninguém aqui. E tenho quase
certeza de que ninguém arrombou o trailer, roubou sua fronha e ainda
perdeu tempo pra colocar uma nova.
Ele ergueu uma sobrancelha e inclinou a cabeça com um sorriso
divertido.
— Sim, — eu sussurrei. — Acho que faz sentido.
— Venha aqui, querida. Deixe-me tirar sua mente da fronha. Vou
distraí-la deixando você chupar meu pau e engolindo, assim como você
prometeu.
Ele me deu um sorriso cheio de dentes antes de me puxar para seu
peito e tomar posse da minha boca com um beijo ardente.
— Oh. Meu. Deus. Disco riscado.
— Bem, sim, — ele murmurou contra meus lábios. — Você diz a um
homem que vai dar-lhe um boquete, ele não vai pensar em muito mais.
Eu ri enquanto deslizava para baixo em seu corpo rígido, salpicando
seu abdômen com beijos leves antes de pegar seu pau na minha mão,
acariciando suavemente, usando meu polegar para provocar a cabeça.
Inclinando-me para frente, Iambi apenas a ponta enquanto o
observava.
A expressão em seu rosto não tinha preço. Tão relaxado, com um
sorriso feliz dançando em seus lábios. Com minhas mãos em suas coxas e
meus polegares esfregando suas bolas, eu o provoquei um pouco.
Lambi suavemente, seu pau ficando mais duro com cada golpe da
minha língua. Um gemido profundo saiu de sua garganta quando
coloquei a cabeça em minha boca, lambendo sua pré-porra antes de
tomar todo o eixo.
Ele passou as mãos pelo meu cabelo, empurrando suavemente em
minha boca enquanto eu balançava para cima e para baixo. Quando senti
seu pau começar a inchar, soube que ele estava perto.
Aumentei a velocidade da minha sucção enquanto ele tremia embaixo
de mim. O esperma saiu com força total, espirrando na minha garganta e
enchendo minha boca.
Eu amei o gosto, mantendo meus lábios em volta dele até que ele
terminasse.
— Puta merda, bebê, — disse ele. — Isso foi incrível.
— Valeu a pena cantar na frente de estranhos? — Eu ri.
— Com certeza.
Capítulo 18
CHEYENNE

— Tem certeza de que este é o caminho certo? — Eu olhei para fora do


para-brisa do trailer enquanto Abe manobrava através das estradas
sinuosas do interior.
— Sim, — ele murmurou, olhando para o GPS. — É um parque de
nudismo. Eles não podem exatamente abrir uma entrada na rodovia
principal. — Eu pensei que era roupa opcional?
— E é. Mas isso significa que você não precisa ficar pelado, mas é
fortemente encorajado. — Ele olhou para mim. — Você não vai
participar.
— Alguém está ficando um pouco possessivo? — Sussurrei,
estendendo a mão para massagear sua coxa, meus dedos roçando a borda
de suas bolas.
— Trailer enorme, estrada estreita, bebê, — ele disse, levantando
minha mão e colocando-a de volta no meu colo. — E eu não sou
possessivo. Só não quero nenhum outro cara olhando para minha
mulher.
— Eu acho que isso é uma coisa bastante normal.
Meu coração inchou. Abe me chamou de sua mulher. Tentei conter
meu sorriso bobo. E falhei miseravelmente. Eu não pude evitar. Que
sensação ótima. Ter um cara que te ama. E não qualquer cara. O cara.
Único.
Não havia dúvida em minha mente de que Abraham McLean era
minha alma gêmea.
— Está a corando? — ele provocou, estendendo a mão e apertando
meu joelho.
Eu levantei sua mão da minha perna, colocando-a de volta em seu
colo. — Trailer enorme, estrada estreita, bebê — 1, eu o imitei em uma
voz profunda e masculina.
Uma gargalhada explodiu de dentro de seu peito. — Estou assustado
com o quão grave sua voz ficou.
— Por quê? Você tem medo de que eu possa cantar melhor do que
você no próximo concurso de karaokê?
— Nah, — ele zombou. — Mas se você planeja começar a cantar sobre
lugares baixos, estou fora daqui.
— Sem chance disso, — eu ri. — Vamos colocar um fim nessa conversa
perturbadora.
— Concordo.
— Então, você está planejando ficar nu?
— Porra, não. A última coisa que quero é meu pau por toda a internet.
— Tenho certeza de que eles têm regras rígidas sobre tirar fotos. Eles
precisam ter, ou ninguém iria.
O GPS anunciou nossa chegada assim que alcançamos uma pequena
fenda na densa linha das árvores. Uma placa de madeira indefinida nos
deu as boas-vindas ao Camping & Resort de Trailer Jaybird — Jesus Cristo,
— Abe murmurou enquanto virava para a estrada de cascalho
acidentada. — Onde diabos é esse lugar?
Dirigimos por cerca de oitocentos metros antes de finalmente
chegarmos a um chalé em formato de A com uma placa indicando que
era o escritório do parque.
— Finalmente, — ele resmungou enquanto puxava e colocava o trailer
no estacionamento.
— É uma foto nossa? — Eu perguntei quando meus olhos pousaram
em um quadro de avisos postado do lado de fora da entrada do edifício.
— Sim, — Abe suspirou, passando as mãos pelos cabelos.
Caminhamos de mãos dadas pela calçada, parando para olhar o
pôster.
Jaybird dá as boas-vindas a Abe e Cheyenne, representantes de nossos
novos proprietários, os Twenty-First Century Parks-. 15 a 17 de julho. Passe
acampamento 77 e diga olá.
Eles imprimiram nossa selfie de Lago Louise.
— Cristo, — Abe murmurou. — Exatamente o que nós queremos.
Companhia constante em um parque de nudismo.
A porta se abriu. — Oh, Earl, eles chegaram!
A mulher diante de nós sorriu, covinhas proeminentes aparecendo em
suas bochechas rechonchudas. As mechas loiras encaracoladas estavam
empilhadas no alto de sua cabeça, seus amáveis olhos castanhos
dançando de excitação. Ela ofereceu a mão para mim. — Eu sou Wanda.
Tão bom te conhecer.
— Cheyenne, — eu disse calmamente.
— Entrem, — Wanda ofereceu antes de se virar e caminhar de volta
para dentro.
O andar principal da casa foi convertido em um armazém geral. Uma
pequena mesa de recepção ficava perto da base da escada.
Incenso de lavanda queimava, lutando uma batalha perdida com o
cheiro de bacon pairando no ar. Um homem grande desceu as escadas de
dois em dois degraus, a madeira rangendo sob ele.
— Olá, — ele berrou, dando a Abe um caloroso aperto de mão antes
de acenar para mim. Eu poderia ter ficado ofendida com aquele desprezo
se Earl não tivesse sorrido gentilmente para mim. Ele me lembrou um
urso de pelúcia gigante.
— Bem-vindos ao Jaybird Estávamos contando os dias até sua
chegada.
— Hmm, obrigado, — Abe murmurou.
— Então, ouçam, crianças. Decidi não o colocar no acampamento
setenta e sete. Mudança de última hora. Esse não é o melhor que temos.
E vocês deveriam ter um acampamento à beira-mar.
— Não tem problema, — Abe disse. — Não precisamos de um
acampamento sofisticado. Ficaremos aqui apenas por dois dias.
— Absurdo. Eu já mexi os pauzinhos. Você e sua garota podem ter o
acampamento setenta e seis.
— Como você sabe, roupas são opcionais, — Wanda disse, sorrindo
docemente enquanto me entregava um panfleto com as regras do
parque. — Exceto nas piscinas. Não são permitidos maiôs.
Earl estendeu a mão atrás do balcão, tirando uma pequena cesta
vermelha. — Apenas um pequeno símbolo do nosso agradecimento. Nós
os reservamos para nossos convidados VIP.
Abe aceitou a cesta. Uma folha preta brilhante cobria o conteúdo. De
alguma forma, não achei que encontraríamos vinho e queijo lá dentro.
*
— Bem, nada de nadar neste parque, — Abe declarou quando
estávamos de volta ao trailer.
— Definitivamente não, — eu ri.
— E Wanda e Earl parecem pessoas muito legais, mas eu não quero
ver ninguém nu. — Ele balançou a cabeça enquanto engatava a marcha.
— Acho que 'local à beira-mar' é uma descrição precisa, — eu disse
quando localizamos nosso acampamento. Ficava literalmente ao lado da
praia, proporcionando-nos uma visão desimpedida de banhistas nus.
E havia vários esparramados em toalhas, absorvendo o sol do final da
tarde. Cobri meus olhos, bloqueando a visão de dois homens idosos
passando.
— Bem, isso vai ser divertido, — Abe riu.
— Não temos permissão para tirar fotos, — eu disse, folheando o
panfleto de regras novamente. — Qual é o ponto de parar aqui?
— Eu não sei, — ele encolheu os ombros. — Podemos postar sem
fotos. Não temos nenhuma excursão fora do parque planejada aqui. Não
há nada por aqui a quilômetros.
— Talvez pudéssemos simplesmente ficar no trailer por dois dias, —
sugeri.
— Soa como um plano.
— O que há na cesta? — Abe perguntou, caindo na poltrona com um
suspiro pesado.
Demorou quase uma hora para montar o acampamento por causa de
interrupções constantes. Todos queriam dar uma passada e conhecer as
celebridades campistas. Infelizmente, a maioria estava nua.
Eu esperava ter pesadelos no futuro próximo. A maioria dos campistas
que encontramos eram pessoas mais velhas.
Eu nunca teria imaginado que a população de um parque de nudismo
seria de pessoas de meia-idade e idosos.
— Eu não sei. Estou com medo de abri-la. — Peguei na bancada da
cozinha e entreguei a Abe. — Você faz as honras.
Observei enquanto ele retirava o papel que a cobria. Ele jogou a
cabeça para trás e riu enquanto examinava o conteúdo.
— O que é?
— Brinquedos sexuais, — ele riu.
— Sério? Eu li sobre resorts de nudismo e roupas opcionais no
caminho para cá. Achei que não havia nada de sexual nisso. É mais sobre
liberdade e tal.
— E é. Mas alguns parques também atendem a certos grupos, como
swingueiros ou pessoas LGBTQ. Este é frequentado por swingers.
Aprendi isso depois de receber três propostas do lado de fora.
— Oh meu Deus. Vou me trancar aqui e não saio mais.
— Relaxe, querida, — ele disse. — Todos eles parecem muito legais.
— Aham, — eu murmurei. — Então, o que há na cesta?
— Bem, vamos ver, — disse ele, puxando os itens um por um. —
Temos um vibrador, algemas, preservativos, lubrificantes para ele e para
ela, um plug anal e um pouco de calda de chocolate.
— Você pode jogar o plug anal fora. Não vai acontecer. Nunca.
— Ok, — ele riu. — E não precisamos dos preservativos. Eu não gosto
de algemas.
— Eu gostaria de experimentar os lubrificantes, — eu disse enquanto
subia em seu colo e montava nele.
— Ah, é? — Ele colocou a cesta no chão e rodeou meus quadris,
puxando-me para mais perto. — E o molho de chocolate?
— Tudo bem, — eu disse. — Eu poderia aceitar isso. Quem está
usando e quem está lambendo?
— Nós dois, — disse ele, com os olhos semicerrados de desejo. — Ao
mesmo tempo.
— Você quer dizer meia-nove? — Eu suspirei.
— Sim. Já fez isso antes?
Eu balancei minha cabeça.
— Vamos, querida. — Ele me colocou de pé, pegou a garrafa de
chocolate e me puxou para o quarto. — Vai ser divertido. Eu prometo que
você vai adorar.
— Vamos fazer uma grande bagunça na cama. — Ele parou no armário
de linho e pegou algumas toalhas. — Problema resolvido.
Eu engoli nervosamente. Qual era o problema? Este era Abe. Meu
namorado. O homem que me amava. E ele já me chupou várias vezes. E
eu chupei seu pau.
Mas eu nunca sentei em seu rosto. Algo sobre esse ato me fez sentir
tímida.
Ele se despiu e se esparramou na cama de costas, erguendo a
sobrancelha enquanto apontava o dedo para mim. — Vamos, querida.
Fique nua e sente-se no meu rosto.
— Muito charmoso, — eu disse com uma risada seca.
— Você usa essa frase em todas as garotas?
— Não. Apenas aqueles por quem estou apaixonado. — Ele esticou o
lábio inferior e me deu seu melhor olhar de cachorrinho.
— Você está exagerando, — eu disse enquanto puxava minha camisa
pela cabeça. Eu empurrei meu short e calcinha e mexi para fora do meu
sutiã.
— Sim. E você está pelada, então acho que funcionou. — Ele sorriu
enquanto abria a tampa e espremia calda de chocolate sobre seu pênis e
bolas.
Subi na cama e agarrei a garrafa de calda, espalhando chocolate em
todas as minhas partes femininas antes de montar em seu rosto.
Inclinando-me para frente, Iambi um pouco de chocolate da cabeça
de seu pênis. — Hmm. Isso é saboroso.
— É uma merda deliciosa, — ele disse, sua voz abafada enquanto ele
enterrava seu rosto entre minhas pernas, sua língua lambendo meus
lábios cobertos de chocolate.
Peguei todo o seu comprimento na minha boca, chupando forte e
rápido enquanto ele batia no meu clitóris com a língua.
— Oh Deus, — eu chorei quando seu pau saiu da minha boca.
— Não pare, bebê. Eu quero que nós gozemos juntos.
— Ok, — eu ofeguei. Lambi um pouco de chocolate de suas bolas,
minha língua fazendo um som alto de chupar.
Ele gemeu, mergulhando sua língua dentro de mim enquanto eu
trabalhava em sua cabeça antes de tomá-lo novamente em bocadas
longas e profundas. Seu pau inchou, pulsando dentro da minha boca.
Meu orgasmo rasgou minha pélvis quando ele explodiu em minha
boca.
A cama balançou embaixo de nós, nossos corpos estremecendo em
uníssono. Um estrondo abafado soou do lado de fora. Eu desabei,
rolando para longe dele enquanto tentava recuperar o fôlego.
— Que raio foi aquilo? — Abe perguntou entre respirações.
— Eu não sei. Pareceu uma explosão.
Um grito estridente ecoou pelas paredes do trailer, seguido por gritos.
Abe deu um pulo e vestiu o short. Eu me vesti rapidamente e o segui
para fora. Uma fumaça negra e espessa encheu o ar, saindo de um velho
motorhome do outro lado da estrada.
Um inferno furioso de chamas laranja disparou pelo telhado,
espalhando-se para os galhos de uma árvore próxima.
— Puta merda! — Abe gritou.
Ele correu para a nossa cozinha externa e pegou o extintor de
incêndio. Outros campistas já haviam se reunido, alguns com extintores
de incêndio e mangueiras.
— Alguém o ajude! Por favor!
Eu encarei a senhora magra de meia-idade vestindo uma túnica azul
surrada e correndo em círculos, suas longas tranças pretas voando ao
vento.
— Meu marido! Ajudem! Ele está em perigo!
Eu assisti com horror quando Abe e Earl tentaram puxar o outro
homem para um lugar seguro. Eles enrolaram toalhas molhadas nos
braços antes de agarrar os tornozelos do homem e arrastá-lo para longe
do trailer em chamas.
— Abe! — Eu gritei. — Olhe!
Ele saltou para fora do caminho uma fração de segundo antes de um
galho em chamas cair bem onde ele estava.
Corri para buscar o kit de primeiros socorros, meu corpo movendo-se
no piloto automático enquanto meu coração martelava rapidamente
contra minha caixa torácica.
Fiz uma breve pausa quando entrei, tomando um momento para
respirar um pouco de ar fresco e obter o controle da minha respiração
irregular. Abe precisava de mim. Eu não seria capaz de ajudá-lo se eu
hiperventilasse.
Tomei um último gole de ar fresco antes de voltar para fora. O cheiro
acre de alumínio queimado encheu minhas narinas enquanto eu
atravessava a estrada para o outro acampamento.
Outras pessoas haviam chegado naquele ponto e estavam cuidando do
homem ferido. O fogo ainda estava queimando, agora menos
furiosamente, enquanto outros campistas continuavam a apagá-lo com
baldes de água e borrifos de mangueiras próximas.
Abe ficou de lado, curvado, com as mãos apoiadas nos joelhos.
— Abe! — Eu gemi, correndo em direção a ele. — Você está bem?
Ele ergueu os olhos e sorriu. — Estou bem, querida. Só tive umas
pequenas queimaduras no meu braço. Nada sério.
— Deixe-me ver. — Larguei o kit de primeiros socorros na grama e me
ajoelhei para vasculhar.
Depois que terminei de aplicar a pomada antibiótica e enfaixar as
queimaduras de Abe, ele me puxou para seus braços, me apertando com
força. — Eu te amo, Cheyenne, — ele sussurrou, enterrando o rosto no
meu cabelo.
— Eu também te amo. Fiquei tão assustada quando você estava
alcançando o fogo. E quando vi aquele galho rachar. Oh meu Deus. Achei
que fosse perder você, Abe.
Eu funguei, enxugando algumas lágrimas perdidas que escaparam,
apesar da minha determinação em segurá-las.
— Você não me perdeu. Estou aqui. Eu não estou indo a lugar
nenhum. — Ele se afastou e ergueu meu queixo com o polegar. — Não
chore, querida. Estou bem.
— Eu não estou, — eu disse enquanto tentava desviar o olhar.
— Ei, — ele sussurrou, — olhe para mim.
Eu levantei meu queixo e olhei em seus olhos. Olhos tão cheios de
amor que me tiraram o fôlego. Todo o meu corpo tremia.
Abe disse que me amava. Mas acho que não percebi a profundidade de
seu amor até aquele momento.
Dizem que os olhos são as janelas da nossa alma. Naquela noite, ele
abriu as cortinas totalmente, garantindo-me uma visão desobstruída.
Eu nunca acreditei em almas gêmeas ou na noção de que havia apenas
uma pessoa para cada um de nós. Até Abe. De que outra forma você
poderia explicar duas pessoas se apaixonando profundamente em um
período de tempo tão curto?
O som de sirenes distantes perfurou o ar. Poucos minutos depois, os
paramédicos e bombeiros voluntários chegaram. Uma viatura da polícia
parou pouco depois.
Abe deslizou seu braço em volta da minha cintura enquanto os
observávamos cuidar do homem ferido.
Fiquei tão emocionada ao testemunhar tal evento que quase não
percebi a bola azul de fúria vindo em nossa direção.
— Isto é tudo culpa sua! — ela gritou, apontando o dedo para nós. A
senhora com o manto azul — a esposa do homem ferido — estava diante
de nós. A raiva irradiava dela, seus olhos injetados de sangue por causa da
fumaça enquanto ela divagava sobre a América corporativa, Donald
Trump e um monte de outros jargões.
— Eu não sei do que você está falando, senhora, — Abe disse
enquanto pegava minha mão e tentava contorná-la.
Ela se moveu, bloqueando nosso caminho. — Vocês, corporativos, são
todos iguais. Você tem muita coragem de vir aqui e assumir o controle do
nosso parque.
— Hal e eu acampamos aqui há vinte anos. Todo mês de julho. E
sempre temos o acampamento número setenta e seis. Nunca fomos
rejeitados, até este ano.
— Porque vocês estavam lá, com seu pomposo e extravagante
mausoléu de campista. Nós tínhamos reservado.
— E imagine nossa surpresa quando chegamos aqui e descobrimos
que eles deram a vocês dois no último minuto. Vocês deveriam estar
neste acampamento. Se estivéssemos no nosso de sempre, isso nunca
teria acontecido.
— Havia algo errado com a conexão elétrica. Faíscas voaram para fora.
Então simplesmente explodiu, bem na cara dele! Tudo por sua causa!
— Não pedimos o seu acampamento, — disse Abe.
— Ainda é sua culpa! — ela gritou enquanto se lançava sobre ele. Ele
ergueu os braços para detê-la.
Um dos policiais se aproximou. — Há algum problema aqui?
— Sim! — ela gritou. — Prenda-os. Isso é tudo culpa deles! Deveriam
ter sido eles. Deviam ter sido eles que explodiram!
Estremeci quando o oficial levou a mulher embora. — Nós deveríamos
estar lá, — eu sussurrei, minha voz tremendo.
— Mas não estávamos, — Abe disse, apertando meu ombro. — Eu não
acho que haja mais nada que possamos fazer aqui para ajudar. Vamos
entrar e nos limpar.
A água quente correu sobre nossos corpos, lavando os últimos
resquícios de nossa aventura do chocolate e a fuligem do fogo. Enrolei
um saco plástico em volta do braço de Abe para manter seus curativos
secos.
Nós nos lavamos em silêncio, ainda processando os eventos da noite.
— Eu te amo, Cheyenne, — disse ele, olhando profundamente nos
meus olhos.
— Eu também te amo, — eu sussurrei, alcançando seu queixo.
Ele agarrou meus quadris, me empurrando contra a parede de
azulejos. — Eu preciso de você bebê. Agora. Eu preciso entrar em você.
— Pegue-me então, — eu ofeguei.
Ele me ergueu, segurando minha bunda enquanto eu envolvia minhas
pernas em volta de sua cintura. Seus lábios me devoraram, sugando e
mordendo meu pescoço até meus seios.
Eu gritei quando ele mergulhou dentro de mim, enchendo-me ao
máximo com um impulso forte. Ele bombeou para dentro e para fora de
mim, grunhindo enquanto fincava os dedos nas minhas nádegas.
Seu clímax veio rapidamente, me enchendo com sua semente
enquanto ele enterrava seu rosto na curva do meu pescoço.
Capítulo 19
ABE

— Muito sexy, — Cheyenne falou lentamente.


— Estou ridículo, — resmunguei enquanto estudava meu reflexo no
espelho de corpo inteiro.
Meu traje consistia em uma camisa de botões na cor creme, calças
marrom-escuras, suspensórios vermelhos e botas pretas de cano alto. E
um chapéu de estilo ocidental.
Tínhamos chegado em Kenora, Ontário, na noite anterior. O parque
ficava próximo a um vilarejo de pioneiros cujos donos nos perguntaram
se participaríamos de seu festival de pioneiros e nos vestiríamos com
trajes de época.
— Não podemos pular essa festa? Pareço Charles Ingalls.
— Não. Assumimos um compromisso, Abe. E como você sabe quem é
Charles Ingalls?
Eu encolhi os ombros timidamente. — Eu posso ter visto alguns
episódios de Little House on the Prairie Era o programa favorito da minha
mãe.
Ela riu. Muito. Até que as lágrimas correram por seu rosto. — Eu não
posso imaginar você assistindo isso. Você leu os livros também?
— Não! Não é como se eu fosse admitir mesmo se eu tivesse lido
— Você leu! — ela gritou, apontando o dedo para mim. — Você leu os
livros!
— Não, — eu protestei, indo para a cozinha.
Ela me seguiu, seu vestido longo arrastando atrás dela. — Eu prometo
que não vou tirar sarro de você. Eu também os li.
— E daí? Você é uma garota.
— Vamos lá. Eu prometo que não vou contar a ninguém. — Ok. Eu li
toda a série. Pronto. Você está feliz?
— Aposto que você era um menino adorável, — disse ela, envolvendo
os braços em volta do meu pescoço.
Eu capturei sua cintura em minhas mãos, acariciando-a com meus
polegares. — Você não lembra? Você me conhecia naquela época.
— Você tinha quinze anos quando nos conhecemos! Não exatamente
um garotinho. Eu não te conhecia muito bem. E eu não tinha interesse
em meninos durante os verões em que você ficou conosco.
— Eu me lembro de você, Cheyenne. A primeira vez que te vi, você
estava com o cabelo preso em um boné e as roupas imundas. Mas então
eu tive um vislumbre de seu lindo rosto e soube que você era especial.
— Eu lembro desse dia. Craig te levou à fazenda para ver se papai te
contrataria. Eu tinha doze anos. Lembro-me porque foi no verão em que
ele morreu.
— Eu sei, querida, — eu disse suavemente enquanto corria minhas
mãos para cima e para baixo em suas costas. — Eu fui ao funeral e quase
não te reconheci. Você estava com um vestido de verão azul e seu cabelo
estava solto.
— Foi a única vez que vi você limpa assim.
— Como você se lembra do que eu estava vestindo?
Isso foi há dez anos.
— Porque eu achei você linda, — eu sussurrei contra seus lábios,
beijando-a suavemente.
— Você não achou! Você está zoando — Ela pressionou as palmas das
mãos no meu peito, me afastando.
— Eu achei. Naquele último verão em que trabalhei na sua fazenda,
percebi que você estava começando a se desenvolver. Mas mantive
distância. Você era muito jovem para o que eu estava interessado.
— Então meus pais se divorciaram e eu fui para a faculdade e nunca
mais vi você até este verão.
Eu dei beijos leves ao longo de sua mandíbula e pescoço, esfregando
sua bunda por todas as camadas de seu vestido longo. — E você estava
crescida e não tinha mais problema.
— Nós provavelmente deveríamos ir agora, — ela disse, se afastando
quando eu segurei seu seio.
Suspirei, ajustando minhas calças apertadas, meu pau duro
pressionando contra o zíper. — OK. Vamos acabar logo com isso.
*
— Deve ser difícil ser uma celebridade, — eu sussurrei para Cheyenne
enquanto estávamos na frente da escola e dezenas de câmeras piscavam.
— Sim. Mas quando acaba, eles voltam para casa, para suas mansões, e
contam seus milhões.
Portanto, não sinto pena deles.
— Verdade.
Enquanto caminhávamos pelo corredor, uma mulher alta e ruiva se
aproximou.
Ela tinha quase minha altura, ombros largos, olhos verdes
penetrantes, nariz grande e lábios pintados com uma camada generosa
de batom vermelho brilhante. Ela também tinha seios grandes e quadris
largos.
— Olá, — disse ela, sua voz profunda crescendo na minúscula escola
enquanto estendia a mão para Cheyenne e depois para mim. — Estou me
perguntando se eu poderia roubar alguns momentos do seu tempo.
— Claro, — eu disse. — Vamos lá fora.
Seguimos a mulher até uma mesa de piquenique próxima.
— Eu sou uma autora de romances, — ela começou enquanto se
sentava à nossa frente. — Tenho acompanhado sua jornada. Seria um
ótimo romance.
Eu estreitei meus olhos para a mulher. — Você quer escrever um livro
sobre nós?
— Não exatamente, — ela riu. — Acabei de receber algumas boas
ideias que talvez queira incorporar em meu próximo livro. Posso fazer
isso, desde que não use seus nomes verdadeiros. Autores fazem isso o
tempo todo.
— Então, o que você quer de nós? — Cheyenne perguntou. — Parece
que você não precisa da nossa permissão.
— Eu só queria falar com vocês pessoalmente.
Sentir o seu romance. Fotos e vídeos não são a mesma coisa que ver
pessoalmente.
— Nosso relacionamento é pessoal, — eu disse. Levantei-me do
banco, estendendo minha mão para Cheyenne. — Não é para o
entretenimento das pessoas.
— Desculpe, — Cheyenne disse à senhora antes que eu a arrastasse.
Fodidamente inacreditável. A mulher pensou que compartilharíamos
nossa história com ela, para que ela pudesse transformá-la em um
romance e ganhar dinheiro com isso. — Não acredito que ela teve
coragem de nos perguntar isso.
— Ela estava apenas tentando ter ideias para seu livro.
— Eu não me importo. Eu sou um cara privado, Cheyenne.
— Eu sei, bebê, — disse ela, apertando minha mão.
Eu olhei para ela. Porra, ela era linda. Dentro e fora. Eu não tinha
dúvidas de que ela sempre me protegeria. De jeito nenhum eu a deixaria
escapar.
*
Depois de três horas visitando a vila dos pioneiros, eu estava mais do
que pronto para voltar para o trailer e tirar minha fantasia.
— Olá! Abraham, Cheyenne!
Eu me virei quando a dona do parque se aproximou. A mulher devia
estar perto dos setenta, mas se movia como uma pessoa muito mais
jovem. O mesmo com seu marido. Eles eram os idosos mais aptos que eu
já conheci.
— Muito obrigada por hoje, — ela jorrou. — Vocês foram um grande
sucesso.
— Ficamos felizes em fazer isso, — disse Cheyenne.
— Tenho mais um pequeno pedido que acho que vocês vão gostar.
Eu respirei fundo, sugando meus lábios entre os dentes para segurar o
xingamento na ponta da minha língua.
Cheyenne apertou minha mão. Ela sabia que eu estava no limite. — O
que é? — ela perguntou docemente.
— Bem, durante os tempos de pioneiro, era costume um jovem levar
sua namorada em um barco a remo quando a estava cortejando. Eu acho
que seria um ótimo final de tarde para mandar vocês dois dessa forma.
— Ok, — eu concordei ansiosamente. Qualquer coisa para nos tirar de
lá.
— Excelente! Você pode remar de volta para o acampamento quando
terminar e apenas devolver o barco amanhã, se quiser.
— Soa como um plano.
A mulher entregou a Cheyenne um guarda-chuva antiquado. — Este é
um guarda-sol. As meninas pioneiras costumavam usá-los.
Uma multidão se reuniu na costa. Eu entrei no barco e estendi a mão
para Cheyenne. Ela levantou a bainha de seu vestido longo, escalando a
lateral e se acomodando no banco.
Sentamos um de frente para o outro enquanto ela colocava seu
guarda-chuva.
— Como você vai remar e segurar essa coisa?
— Oh, querido, — ela riu. — Uma senhora não pode remar.
— Que conveniente, — eu bufei. — Assim que estamos fora de vista
da costa, você solta essa coisa e pega um remo.
— Uau, — ela zombou. — Acho que o cavalheirismo está morto.
— Não está morto, mas é difícil equilibrar isso com os direitos das
mulheres e o desejo de ser tratada com igualdade.
— Suponho que você provavelmente esteja certo, — disse ela
enquanto eu remava em direção ao meio do lago.
— Você gosta de um homem que abre portas e toda essa merda? — Eu
perguntei, estudando seu rosto de perto.
— Sim. É bom ir a um encontro em que um homem segura a porta e
puxa minha cadeira. Coisas pequenas como essa vão longe.
— Devidamente anotado, — eu ri. — Acho que fiz todas essas coisas
no nosso primeiro encontro. Quer dizer, me dei bem naquela noite,
então devo ter feito algo certo.
Ela riu alto. — Sim. Você certamente fez.
— Você já deu uns amassos em um barco a remo? — Eu perguntei,
conduzindo-nos para uma enseada sombreada.
— Não. E não estou com vontade de nadar quando virarmos o barco.
— Não vamos.
Eu coloquei os remos no chão e estendi a mão para ela, puxando seu
peito contra o meu enquanto nossos lábios se moldavam.
Finalmente estávamos sozinhos; os únicos sons eram o chilrear dos
pássaros e a água batendo suavemente na lateral do barco. — Eu te amo,
Cheyenne.
— Eu também te amo, Abraham, — ela sussurrou contra meus lábios
enquanto puxava minha cabeça para mais perto, passando os dedos pelo
meu cabelo.
Mergulhei minha língua em sua boca, inclinando minha cabeça para
aprofundar o beijo enquanto segurava seus seios. — Quer continuar no
trailer? — Eu perguntei, ciente do barco balançando abaixo de nós.
— Com certeza. — Ela correu as mãos para cima e para baixo nas
minhas coxas, roçando a borda das minhas bolas. — Eu não posso
esperar para tirar você dessas calças apertadas.
— Somos dois, — eu ri enquanto pegava os remos.
— Eu vou ajudar, — Cheyenne ofereceu, pegando um dos remos de
mim.
Remamos lago acima, completamente em sincronia. — Nós formamos
uma equipe muito boa, Srta. Carson, — eu disse enquanto nos movíamos
ao lado de nossa doca.
— Eu concordo. E não apenas em barcos a remo.
— Você pensa assim, não é? O que mais fazemos bem juntos?
— Oba-oba, — ela riu.
— Oba-oba? — Eu enruguei minha sobrancelha, balançando minha
cabeça enquanto amarrava o barco no cais. — O que você é, uma garota
de dezesseis anos? Você parece uma.
— Com licença, — ela bufou. — Copulamos bem juntos. Soa melhor?
— Na verdade, não, — eu ri, estendendo a mão para pegar a mão dela
enquanto ela descia do barco. — Agora você parece o Sheldon Cooper.
— Está bem então. Você sabe o quê? Em vez de dar um nome, vamos
apenas fazer isso!
*
— Uau, — eu engasguei, caindo de costas. Corri meus dedos pelo meu
cabelo úmido. Meu corpo inteiro estava encharcado de suor.
Assim que entramos no trailer, tiramos nossas fantasias e fodemos
contra a parede, depois no sofá, antes de seguirmos para o quarto. Cinco
horas depois, nós dois estávamos exaustos.
— Sim, — Cheyenne sussurrou, seu peito arfando enquanto ela se
deitava ao meu lado. — Puta que pariu. Isso foi incrível.
— Espero que você tenha tomado seu controle de natalidade esta
manhã, porque eu coloquei muito suco de fazer bebês em você.
— Sem problemas. Eu nunca esqueço.
— Você sabe o que estou com vontade de fazer?
— O quê? — ela perguntou, rolando para o lado para me encarar.
— Pular no lago.
— Sério?
— Sim, amor. Vamos mergulhar nus e nos refrescar. — Pulei da cama
e peguei um short da cômoda.
— Ah, eu não sei, Abe.
— Vamos lá. Vai ser divertido. Nosso acampamento é bastante isolado.
E está escuro lá fora. Quem vai nos ver?
— Tudo bem. Que diabos.
Eu segui seus movimentos com um olhar predatório enquanto ela
descia da cama, os seios balançando enquanto ela se curvava para puxar
algumas roupas da gaveta.
— É melhor você cobrir essa bunda antes de eu pegá-la de novo.
Ela balançou os quadris, rindo enquanto puxava um top pela cabeça.
— Promessas, promessas.
*
— Eu não posso acreditar que ainda está tão quente às dez da noite, —
eu disse enquanto caminhávamos para o cais.
— Pelo menos não há mosquitos.
Eu me inclinei para trás e puxei minha camisa pela cabeça.
Cheyenne estava no final do cais, olhando com cautela para a água. —
Eu não sei, Abe. Parece fria.
— Como você pode saber a temperatura olhando para ela? — Eu
perguntei, deixando cair meu shorts.
— Eu não sei. Eu só sei que está fria.
— Estou entrando, — eu disse antes de correr e pular na escuridão do
lago. A água fria correu pela minha pele, sugando-me para suas
profundezas.
Quando voltei à superfície, Cheyenne ainda estava de pé no final do
cais, totalmente vestida. — Vamos, querida. Não é ruim. Muito
refrescante.
Ela puxou a camisa sobre a cabeça, expondo seus seios incríveis antes
de deixar cair o short. Uma deusa nua banhada pelo luar, com cabelos
loiros balançando suavemente com a brisa.
Seus olhos azuis centúria brilharam intensamente quando um
lampejo de timidez passou por seu rosto. Ela mordeu nervosamente o
lábio inferior, inchado pelas horas de contato com minha barba por fazer.
Eu estava viciado. Até agora, não havia chance de eu ir embora dessa
viagem sozinho. Meus dias de solteiro acabaram. E nunca me senti mais
feliz ou mais contente em toda a minha vida.
— Yupiii! — Sua doce voz atravessou o lago enquanto ela voava para
fora do cais e desaparecia sob a água.
Eu nadei em direção ao local onde ela afundou, puxando-a em meus
braços assim que ela emergiu. Seus mamilos duros roçaram meu peito
enquanto ela envolvia as pernas com força em volta dos meus quadris.
Nossos lábios colidiram, lutando contra as línguas, enquanto eu
esfregava meu pau entre suas pernas.
— Porra, Cheyenne, — eu sussurrei, pressionando beijos de boca
aberta em seu pescoço. — Eu simplesmente não consigo me cansar de
você. Eu preciso estar dentro de você de novo.
— Eu acho que pode ser um desafio agora, — ela riu.
— É apenas temporário, querida. Não se preocupe. — Abaixei minha
cabeça, levando um de seus mamilos em minha boca e chupando forte
enquanto ela se apertava contra mim. — Cais. Agora.
Nós nos secamos com uma de nossas toalhas e eu coloquei a outra no
cais.
— Deite-se de costas, querida, — eu sussurrei.
Ela se abaixou, abrindo bem as pernas enquanto olhava para mim com
um calor escaldante emanando de seus lindos olhos azuis. A umidade
brilhava em seus lábios rosados e inchados enquanto seu corpo tremia de
excitação.
Envolvi minha mão em tomo da base do meu pau, dando alguns
puxões rápidos. A visão de sua boceta suculenta foi a cura para o meu
encolhimento. Eu estava duro como uma rocha e pronto para ir.
Eu rastejei entre suas pernas, cobrindo seu corpo com o meu, seus
seios achatados contra meu peito. Ela soltou um grito agudo quando eu
provoquei seu clitóris com a cabeça do meu pau.
— Por favor, Abe, — ela implorou. — Foda-me. Agora.
— Você quer meu pau, bebê?
— Ah, sim. Vamos. Me fode com tudo.
Eu me alinhei com sua entrada e mergulhei para frente, me
enterrando profundamente com um impulso forte.
— Oh, Deus! — ela gritou, envolvendo as pernas em volta dos meus
quadris, arranhando minha bunda enquanto empurrava para trás.
Fodemos como animais naquele cais. Eu martelei dentro e fora dela,
seu canal apertado me pressionando enquanto seu orgasmo golpeava seu
corpo.
Meu pau explodiu, enviando um monte de esperma disparando
profundamente em sua boceta enquanto nossos corpos se sacudiam
juntos, montando as ondas eufóricas de êxtase.
Eu desabei em cima dela, a exaustão tomando meu corpo inútil por
alguns momentos. Descansando minha cabeça entre seus seios, fechei
meus olhos, a ascensão e queda constante de seu peito me embalando
para dormir.
— Abe! Abe!
— O quê? — Eu murmurei.
— Eu ouvi um som farfalhante vindo das árvores.
— Provavelmente apenas o vento, bebê.
— Não está ventando muito, — ela disse, empurrando meus ombros.
— Saia de cima de mim, Abe. Eu estou assustada.
— Há um pouco de brisa. Tenho certeza que foi isso, ou um animal —
eu suspirei, me levantando.
Ela olhou nervosamente em direção ao bosque. — Eu sinto que
alguém está nos observando. Eu quero voltar para dentro.
— Está bem, está bem.
Eu examinei a linha das árvores enquanto subíamos o caminho para o
trailer. Será que um ã vagaria pela floresta no escuro para nos espionar?
Éramos apenas pessoas normais, fazendo um trabalho. Não estrelas de
cinema famosas, roqueiros ou a porra da realeza. Não. Cheyenne deixou
sua imaginação levar o melhor sobre ela.
— Você pode tomar um banho primeiro, — eu ofereci. — Obrigada. —
Ela ficou na ponta dos pés, pressionando um beijo firme em meus lábios.
— Por que você não se junta a mim?
— Claro, querida. Você comece. Estarei aí em um minuto.
Eu assisti sua bunda nua desaparecer no banheiro. Porra. Aquela
garota era um prato saboroso. E ela era toda minha. Eu verifiquei duas
vezes as fechaduras em todas as portas e me dirigi para o banheiro.
Capítulo 20
CHEYENNE

— Você pode imaginar viajar naquela velharia? — Abe comentou.


— Não depois de acampar no Cadillac dos trailers, — eu ri enquanto
passávamos pela velha caminhonete azul com um trailer anexado na
parte de trás.
— Mas muitas pessoas fazem isso. Eu vi alguns assim. Na verdade, eu
juro que vi exatamente esse em alguns parques em que estivemos. —
'Hmm. Suponho que seja possível, — disse Abe.
Um homem atarracado e musculoso saiu do escritório do
acampamento assim que chegamos à porta. Óculos escuros cobriam seus
olhos, seu boné puxado para baixo sobre o rosto enquanto ele se afastava
apressado.
Olhei para trás a tempo de vê-lo pular na velha caminhonete da qual
Abe e eu tínhamos zombado.
Ele ergueu a cabeça e, por uma fração de segundo, pensei que ele
estava olhando diretamente para mim. Claro, com seus óculos escuros,
eu não tinha certeza.
Um arrepio percorreu minha espinha quando me virei e segui Abe
para dentro do prédio.
— Você é uma trapaceira, — Abe murmurou, balançando a cabeça
enquanto caminhávamos pela estrada de cascalho em direção ao nosso
acampamento. Os pinheiros altos forneciam a sombra necessária em
uma tarde escaldante de julho.
— Eu não sou. Como é minha culpa que você saiu da pista?
— Você me tirou da maldita pista de kart! Isso é contra as regras.
— É mesmo? — Eu perguntei, colocando minhas mãos em meus
quadris enquanto esperava que ele destrancasse a porta. — Então por que
não fui expulsa?
— Por causa disso, — disse ele, colocando as mãos em meus seios. — O
cara não parava de olhar para eles o tempo todo em que estava falando
com você.
— Isso não é mesmo o que aconteceu! — Eu ri, passando por ele e
entrando no trailer.
— Isso é exatamente o que aconteceu, e você sabe disso. — Ele me
encurralou na cozinha, apoiando as mãos na bancada, uma de cada lado
meu enquanto me encaixava.
— Agora, a próxima pergunta é: o que vou fazer a respeito? Você
precisa ser punida.
— Ah, é? Pode vir, garotão.
— Mais tarde. Agora, temos um encontro na Aldeia do Papai Noel.
— Que conveniente, — eu provoquei. — Muita conversa, nenhuma
ação.
— Espere até esta noite, sua megera desobediente, — ele rosnou
enquanto trazia sua boca ao meu pescoço, chupando forte.
— Pare, — eu assobiei. — Você não vai me dar outro chupão. O último
ainda não sumiu. É um saco ficar cobrindo com maquiagem.
— Você não gosta das minhas mordidas de amor? — Ele esticou o
lábio inferior.
— Sim. Mas faça isso onde ninguém pode vê-los.
— Tudo bem! — Ele sorriu como uma criança em uma loja de doces
enquanto empurrava minha blusa para cima, desabotoando meu sutiã
antes de agarrar um dos meus seios.
Quando ficou satisfeito com seu trabalho, ele ergueu a cabeça com
um sorriso sexy.
— Agora podemos ir para Aldeia do Papai Noel ? — Eu perguntei,
abaixando-me sob seu braço e indo para o quarto.
— Sim. Vamos.
— Ei, você viu minha calcinha fio-dental vermelha rendada? — Eu
perguntei enquanto vasculhava minha gaveta de roupas íntimas. — Eu
quero me sentir natalina.
— Um fio dental lembra você do Natal? — Ele inclinou a cabeça,
erguendo uma sobrancelha enquanto um sorriso curioso se espalhava
por seus lábios.
— A cor vermelha, não o fio dental, bobo.
— Ahh, entendo, — ele riu. — Na verdade, estou mentindo. Eu não
entendo. Mas se isso te faz sentir natalina, divirta-se.
— Você colocou na sua gaveta por engano?
— Hmm. Bem, eu tenho muitas calcinhas vermelhas. Portanto,
poderia facilmente ter se confundido com uma minha.
— Muito engraçado. Você pode olhar?
— Sim, — ele suspirou, abrindo a primeira gaveta de sua cômoda. —
Não. Sem calcinhas aqui. Desculpe, amor.
— Eu me pergunto onde ela está.
— Provavelmente foi deixado em uma secadora em algum lugar por
acidente.
— Talvez, — eu disse baixinho, vasculhando minhas outras gavetas.
— Se não achar, eu compro uma nova para você, — ele prometeu,
puxando-me para seus braços. — Vou comprar um conjunto completo
para você. Todas as cores do arco-íris.
— Ok, Sr. Sacos de Dinheiro. Eu vou cobrar isso de você. — Eu fiquei
na ponta dos pés e pressionei meus lábios contra os dele. — Vamos lá ser
crianças.
Todo adolescente deveria passar um dia na Aldeia do Papai Noel como
requisito para as aulas de educação sexual. Crianças gritando, carrinhos
de bebê por toda parte, pais exaustos. Eu não conseguia pensar em nada
melhor para ensinar sobre contracepção.
— Bem, eu acho que cansei, — eu disse, me virando e disparando para
a saída.
— Volte aqui, — Abe disse, agarrando meu braço. — Não é tão ruim.
— Como você pode dizer isso? — Eu perguntei. — É o caos.
— Sim. Mas é divertido de assistir.
— Você gosta de estar perto de crianças gritando?
— Eu gosto de crianças, Cheyenne, — afirmou ele, puxando meu
pulso. — Vamos lá. Vamos pular no Expresso cia Bengala Doce
Depois que embarcamos no trem, Abe deslizou seu braço em volta da
minha cintura e pressionou seus lábios no topo da minha cabeça.
Ele era um cara tão doce por trás daquela fachada indiferente de
pegador. Era como um muro que ele construiu em tomo de seu coração
para evitar relacionamentos. E eu sentia como se estivesse lentamente
desbastando-o.
Ele disse que me amava. Isso era enorme. Mas não me escapou que ele
ainda não tinha assumido nenhum tipo de compromisso comigo além do
final da viagem.
— Você gosta de crianças, querida? — ele sussurrou.
— Eu gosto delas. Em pequenas doses. — Eu sorri para ele.
— Será diferente quando você tiver seus próprios filhos, — disse ele,
colocando meu cabelo atrás da orelha.
Ele limpou a garganta, engolindo em seco antes de falar novamente.
— Eu tinha certeza de que nunca iria querer filhos. Não porque eu não
gostasse de crianças. Por causa do casamento de merda dos meus pais.
— Eu nunca iria querer trazer filhos ao mundo, a menos que pudesse
dar-lhes uma vida feliz e estável.
— Eu mantive as mulheres à distância para garantir que não me
apaixonasse. E eu sempre usei camisinha, mesmo que ela dissesse que
tomava pílula.
— Então você veio e derrubou as paredes que eu construí antes
mesmo de perceber o que estava acontecendo. Eu quebrei todas as
minhas regras com você, Cheyenne.
— O que você está dizendo? — Eu perguntei, minha voz tremendo.
— Estou dizendo que quero você, Cheyenne. Não apenas por algumas
semanas. Eu quero você na minha vida. Eu quero tudo isso. Casamento,
filhos, a cerca branca e a minivan. Tudo isso. Com você, bebê.
— Você mal me conhece, — eu falei.
— Não acho que isso seja verdade, — disse ele. — Mas nós somos
jovens. Não há pressa para fazer essas coisas. Eu só queria que você
soubesse como me sinto e ter certeza de que você deseja as mesmas
coisas. Algum dia.
Eu olhei para os lindos olhos azuis do homem que eu amava. — Eu
sou a mulher mais sortuda do mundo. Amo você, Abraham. E eu quero
essa vida que você descreveu. Com você.
Ele me beijou suavemente. — Aposto que todos os nossos filhos terão
cabelos loiros e olhos azuis.
— De quantas crianças estamos falando? — Eu perguntei com uma
risada nervosa.
— Pelo menos quatro. Talvez mais.
— Quatro? Ou mais? Eu o encarei, minha boca aberta.
— Você é uma garota durona da fazenda, — ele riu, despenteando
meu cabelo. — Está em seus genes. — As mulheres das fazendas não
parem seus filhos, tipo, agacham no celeiro, dão à luz e depois voltam a
ordenhar vacas e cozinhar o jantar com o bebê amarrado às costas?
— Em primeiro lugar, esse é um estereótipo de mulheres africanas em
segundo lugar, não quero viver em uma fazenda.
— E terceiro, — eu parei quando vi seus lábios se curvando em um
sorriso divertido, seus olhos azuis cintilando. — Esquece.
— Eu só estou brincando com você, querida. Todos os nossos bebês
nascerão em um hospital, com muitos medicamentos e tudo o que você
precisar.
Eu me aninhei contra seu peito forte com um suspiro suave. Segura
nos braços do homem que me amava. O homem que queria ter uma vida
comigo. Era um sonho que se tomava realidade.
Capítulo 21
ABE

— Puta merda. Isso é bom demais, — eu disse, enxugando meu rosto


com um guardanapo.
— Eu sei. Eu não posso acreditar que isso não seja mais popular em
casa. Já ouvi falar, mas nunca experimentei antes de hoje.
Cheyenne fechou os olhos, gemendo enquanto colocava outra garfada
da deliciosa mistura em sua boca. Quem diria que batatas fritas cobertas
de molho de carne e queijo coalho poderiam trazer tanto prazer a uma
mulher?
Peguei meu telefone do bolso de trás e tirei uma foto dela com molho
escorrendo pelo queixo.
— Nossos ãs vão adorar isso, — eu ri enquanto carregava em nosso
site.
— Não se atreva! — Ela se esticou sobre a mesa, agarrando meu
telefone.
— Venha buscar, — eu ri, balançando minhas sobrancelhas enquanto
enfiava o telefone na frente do meu short.
— Muito maduro, Abe, — ela murmurou, balançando a cabeça antes
de dar outra mordida em seu poutine.
— Eu já postei, — eu disse, pegando o telefone do meu short e
segurando-o.
— Deixe-me ver. — Ela o arrancou da minha mão, seu rosto
assumindo um tom profundo de vermelho quando ela viu a foto. — Oh
meu Deus, Abe. Eu tenho molho no rosto! Como você poderia postar
isso?
Dei de ombros. — É fofo.
— Eu vou me vingar. Fica esperto.
— Pode vir, bebê. Ainda estou esperando que você cumpra sua outra
ameaça. Lembra? Depois que joguei você na água em Honeymoon Bay?
— Ah, é, — disse ela, sorrindo calorosamente. — Isso parece muito
tempo atrás.
— É difícil acreditar que estamos na estrada há cinco semanas.
— Sim. — Seu rosto caiu. — Só falta uma semana.
— Ei, — eu disse, alcançando o outro lado da mesa e pegando a mão
dela. — Não vamos terminar depois da viagem. De jeito nenhum vou
deixar você ir.
— Você tem que ir para Nova York.
— Eu não tenho que fazer nada. E se eu decidir aceitar o emprego em
Nova York, o que a impede de vir comigo?
— Nada, — ela respondeu hesitante. — Bem, exceto pelo fato de que
eu não tenho emprego lá.
— Aposto que você não teria problemas para encontrar um emprego
como chef confeiteira na cidade de Nova York.
— Pode demorar um pouco. Acabei de sair da escola e não tenho
experiência.
— Você terá seus dez mil. E eu vou cuidar de você, bebê. Podemos
encontrar um bom apartamento juntos. — Eu sorri amorosamente para
ela enquanto corria minha mão para cima e para baixo em seu braço.
— Tem certeza que é isso que quer fazer?
— Nunca tive mais certeza de nada em minha vida. Eu te amo,
Cheyenne. Não consigo imaginar minha vida sem você nela.
Eu a estudei atentamente, meu estômago revirando. E se ela não se
sentisse da mesma maneira?
Eu estava tão envolvido com meus próprios problemas que não havia
considerado a possibilidade de que ela não estivesse pronta para um
compromisso sério. Ela recusou a proposta de casamento de outro
homem.
— Você quer vir comigo para Nova York?
— Sim, — ela disse, sua voz quase um sussurro antes de pular e gritar.
— Sim!
Eu a peguei, girando-a em um círculo antes de beijá-la. Forte. Muito.
Apaixonadamente. — Vai ser ótimo, querida.
— Eu não me importo onde eu morar, contanto que você esteja lá. —
Ela olhou nos meus olhos, a felicidade irradiando dela. — Eu te amo,
Abraham McLean.
— Eu te amo, Cheyenne Carson.
*
Nós vagamos pelo festival de poutine e assistimos a uma apresentação
musical ao vivo antes de voltarmos para o acampamento.
As luzes de Drummondville, Quebec, cintilavam atrás de nós
enquanto cruzávamos o rio Saint-François.
— Acho que gosto mais do oeste do Canadá, — disse Cheyenne
enquanto olhava para a escuridão pela janela.
— Ah, é? Você não gosta de Quebec?
— É legal. Mas eu gosto de olhar pela janela e ver as montanhas.
— Sim. Isso é bom. Não há montanhas ao redor da cidade de Nova
York. — Eu olhei para ela. — Que tal concordarmos que Nova York é
temporária? Vamos nos mudar para algum lugar com montanhas algum
dia.
— Tudo bem, — disse ela. — Soa como um plano. — Quando
estacionei na grama em frente ao trailer, fiquei chocado ao encontrar
uma picape vermelha familiar estacionada ali.
Cheyenne saltou do jipe assim que Craig e Chase saíram correndo do
trailer. Craig a pegou em seus braços, abraçando-a com força antes de
deixar Chase ter uma chance.
— O que vocês estão fazendo aqui? — ela perguntou. — É apenas duas
horas de carro de casa até aqui, — Chase explicou, olhando para mim. —
Decidimos ir ver como você está, ter certeza de que está bem.
Hesitei na porta do jipe, sem saber se deveria correr para salvar minha
vida ou dar um passo adiante.
Cheyenne se virou. — O que você está fazendo, Abe?
— Estou apenas esperando por aqui, — eu disse, rindo nervosamente.
— Venha aqui, bobo. Meus irmãos não vão colocar um dedo em você.
— Ela olhou para os grandes e corpulentos fazendeiros. — Certo,
pessoal?
— Ele está te tratando bem, irmã? — Chase perguntou.
— Sim, — ela respondeu com um suspiro exagerado.
— Já deu com essa merda superprotetora.
Fechei a porta do carro e fui até Cheyenne, deslizando meu braço em
volta de sua cintura. — Estou apaixonado pela sua irmã. Vocês não
precisam protegê-la de mim. Estou pensando em cuidar bem dela.
— Cheyenne, precisamos falar com Abe a sós, — Craig disse.
— De jeito nenhum, — disse ela, balançando a cabeça com veemência.
— Nós não vamos machucá-lo. Vamos apenas conversar.
— Está tudo bem, querida, — eu disse, esfregando suas costas. — Eu
vou ficar bem.
— Ok. Eu estarei lá dentro.
— Como vocês entraram? — Eu perguntei depois que Cheyenne
desapareceu dentro do trailer.
— Eu ainda tenho minha chave, — Craig respondeu.
— Vou acender o fogo, — falei, pegando um pouco de lenha da pilha.
Depois de acender uma fogueira, nós nos sentamos ao redor dela em
silêncio, olhando para as chamas enquanto elas lambiam a madeira,
enviando uma nuvem de fumaça para o céu estrelado.
— Quais são suas intenções com minha irmã? — Perguntou Craig.
— Pedi a ela que se mudasse para Nova York comigo.
— O quê?!
— O quê? — Eu joguei minhas mãos no ar. — Eu a amo. Eu a quero
comigo.
— Você nunca teve uma namorada, Abe, — Craig disse. — O que
aconteceu com o cara que jurou que nunca se casaria ou teria um
relacionamento de longo prazo?
— Ele se apaixonou.
— Vocês estão juntos há apenas cinco semanas, — Chase latiu. —
Vocês mal se conhecem.
— Estamos juntos vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana,
— eu respondi. — Pense em quantos encontros seriam necessários para
acumular esse tipo de tempo.
— Ele tem razão, — Craig interveio.
— Você está realmente apoiando esse relacionamento? — Chase
perguntou, olhando para seu irmão. — Eu sei que ele é seu melhor
amigo, mas Cheyenne é nossa irmã mais nova.
— Abe me prometeu que não a machucaria. Eu acredito nele.
— Quando ele te prometeu isso?
— Antes de deixá-lo ir sozinho com ela. Eu sabia que algo estava
acontecendo entre eles desde o primeiro dia.
Chase balançou a cabeça, suspirando pesadamente. — Não me
entenda mal, Abe. Gosto de você.
— Só estou preocupado que você vá para Nova York e volte ao mundo
real, e então decida que não quer ser amarrado. E aí, o que acontece com
minha irmã? Ela ficaria arrasada.
— Então você quer que eu termine as coisas com ela agora? Em vez de
tentar algo que tem potencial para ir longe?
— O quê? Você está falando de casamento? — Craig olhou para mim
com a boca aberta.
— Sim. Eventualmente. Esse é o meu plano.
— Puta merda, cara. Minha irmã colocou seus ganchos em você.
— Ela com certeza fez, — eu ri. — Falando em ganchos, como está
Julie?
Ele franziu a testa, desviando o olhar para o fogo, o brilho iluminando
sua expressão triste. — Nós terminamos.
— Lamento profundamente, Craig, — disse eu.
Ele encolheu os ombros. — Queremos coisas diferentes da vida. Não
gosto de toda aquela merda da alta sociedade, funções de caridade e
todas as pessoas com duas caras.
— Como está a perna dela?
— Eu não sei. Ela não fala comigo desde que saiu do hospital em
Campbell River. Seus pais voaram para buscá-la.
— Isso deve ter sido estranho.
— Ela não contou a eles sobre o bebê. Decidimos que era melhor
manter essa informação para nós mesmos.
— Eu suponho, — eu disse. — Escutem, rapazes. Se terminarmos o
interrogatório, gostaria de ir para a cama. Suponho que vocês vão passar
a noite?
— Sim, — Chase respondeu. — Temos alguns fazendeiros trabalhando
neste verão. Cam pode cuidar das tarefas matinais.
Apaguei o fogo e entramos. Cheyenne estava encolhida na poltrona
reclinável, dormindo profundamente com seu iPad no colo.
Coloquei o tablet na mesa e a levantei em meus braços. Ela suspirou,
apoiando a cabeça no meu ombro.
— Ei, dorminhoca, — murmurei, pressionando meus lábios em sua
têmpora. Ela murmurou algo sem sentido, mas seus olhos
permaneceram fechados. Eu olhei para cima para encontrar dois pares de
olhos cautelosos observando cada movimento meu. Todos os irmãos
Carson tinham os mesmos olhos azuis centúria. — Já volto com alguns
cobertores e travesseiros para vocês.
Eu carreguei Cheyenne para o quarto e a coloquei em nossa cama. —
Eu já venho, querida, — eu sussurrei.
— Onde você vai dormir? — Chase perguntou quando puxei o sofá-
cama.
Suspirei, esfregando minhas mãos no rosto. — No quarto com
Cheyenne. No mesmo lugar que eu durmo todas as noites.
— Não estou confortável com isso. Sei que você e minha irmã estão...
— ele fez uma pausa e fechou os olhos com força — dormindo juntos.
Mas você não pode fazer isso quando estou no mesmo trailer.
Eu ri. — Sem problemas, Chase. Ao invés disso faremos duas vezes
amanhã à noite.
Ele cerrou os punhos, seu rosto ficando profundamente vermelho. —
Não é engraçado, — ele rosnou.
— Boa noite, pessoal, — eu disse quando apaguei a luz e me dirigi para
o quarto. Tirei minha cueca boxer e me arrastei ao lado do meu anjo
adormecido. Nunca me senti tão feliz ou contente em toda a minha vida.
*
— Bom dia, bebê, — eu sussurrei, pressionando beijos suaves no
ombro de Cheyenne. Ela mexeu sua bunda contra mim, transformando
minha ereção matinal em uma ereção furiosa em dois segundos.
— Cuidado. Seus irmãos estão na outra sala. Eu prometi a eles que
não faríamos isso enquanto eles estivessem aqui.
— Por que você faria esse tipo de promessa? — Ela perguntou
enquanto rolava de costas, olhando para mim com olhos sonolentos.
— Para que eles não me espancassem e me jogassem no rio.
— Vocês terminaram sua conversa de homem para homem?
— Sim.
— Eles estão bem com o nosso namoro?
— Nós não estamos só namorando, — eu disse, subindo em cima dela
e me acomodando entre suas coxas. — Estamos em um relacionamento.
Você é minha. Fim da história.
— Ok, — ela ofegou, esfregando-se contra mim enquanto eu chupava
seu mamilo. — Meus irmãos estão bem conosco em um relacionamento?
— Eles ficaram depois que eu disse a eles que ia me casar com você, —
murmurei, levantando minha cabeça para olhar em seus lindos olhos.
— Abe, — ela riu. — Não vamos nos casar. Acabamos de ficar juntos.
— Eu não disse que íamos nos casar hoje. Mas eventualmente.
— Você é idiota.
— Idiota por você, querida.
Fiquei de joelhos e enfiei os dedos no cós do pijama dela, puxando-os
até os tornozelos.
— Abe, — ela assobiou. — Eles vão nos ouvir.
— Não se você se controlar, — eu disse antes de mergulhar minha
língua entre os lábios deliciosos de sua boceta. Ela gemeu baixinho, se
contorcendo debaixo de mim enquanto eu alternava entre chupar e
lamber seu clitóris.
— Você ouviu isso? — ela sussurrou.
— Sim, — eu resmunguei, relutantemente afastando minha boca e
saindo da cama. — Parece que seus irmãos estão lá fora praguejando
sobre alguma coisa.
— E melhor a gente ver o que está acontecendo, — disse ela, puxando
as calças para cima.
Saímos e encontramos Craig e Chase olhando para os pneus furados
de seu caminhão.
— Que porra é essa? — Eu circulei a caminhonete, olhando com
descrença. Todos os quatro pneus foram cortados. Olhei para o jipe,
esperando ver a mesma coisa. Mas eles estavam intactos.
— Os proprietários do parque disseram se mais alguém teve seus
pneus cortados? — Cheyenne perguntou enquanto colocava xícaras de
café fumegante na nossa frente.
— Eles não tiveram nenhuma outra reclamação ainda, — Craig
respondeu. — O cara ia fazer uma apuração enquanto esperamos os
policiais chegarem.
— Por que eles cortariam seus pneus e os de mais ninguém? — ela
questionou, despejando açúcar e creme em sua caneca.
— Eu não tenho a menor ideia. Cam vai perder a cabeça. Já devíamos
estar na estrada de volta para casa. — Chase suspirou pesadamente
enquanto se recostava na cadeira, passando as mãos por seus cachos
loiros. — Sem mencionar Laura. Abby está com dentinhos nascendo. A
mantém acordada a noite toda. Mamãe tem um compromisso em
Burlington esta tarde. Então, Laura não vai nem conseguir tirar uma
soneca.
— Ela terá que levar mamãe, e Patty terá que cuidar de todas as
crianças. Cam não pode ir embora se não voltarmos.
— Vocês vão ficar aqui até amanhã, certo? — Perguntou Craig.
— Sim, — respondi. — Mas não temos muito planejado. Apenas
atividades do parque. Fomos ao festival de poutine ontem à noite. Essa
foi a principal atração desta parada.
Uma viatura policial branca com escrita em francês ao lado apareceu,
parando na beira da grama. Dois policiais saíram e caminharam em nossa
direção. Os proprietários do acampamento pararam atrás, em um
carrinho de golfe.
— Bonjour, — disse o policial mais alto, estendendo a mão para mim.
— Oi. Abraham McLean.
— Eu sou o oficial Martin. Este é meu parceiro, o oficial Durand. Eu
entendo que vocês sofreram vandalismo na noite passada? — Ele falava
com um forte sotaque francês.
— Meus amigos sofreram. Eles estavam apenas nos visitando durante
a noite.
— Quem é o proprietário do veículo que foi vandalizado?
— Eu sou, — disse Chase. — Chase Carson.
O oficial fez algumas anotações em seu bloco. — Você teve algum
desentendimento com alguma pessoa no parque enquanto esteve aqui?
— Não, — Chase disse, balançando a cabeça. — Viemos de Vermont
ontem à noite para visitar minha irmã. Não saímos do acampamento a
noite toda.
— Você é a irmã? — O oficial Durand perguntou, dirigindo-se a
Cheyenne.
— Sim. Cheyenne Carson.
— Quem é o dono do trailer?
— É um aluguel, — expliquei. — Estamos trabalhando para os
Twenty-First Century Parks, viajando por todo o Canadá promovendo
seus acampamentos.
— Só você e sua namorada?
— Sim, — eu respondi, gostando do som disso. Minha namorada —
Você teve algum outro problema na viagem? — Policial Durand
perguntou.
— Não. Nenhum.
— É um pouco estranho que alguém rasgue apenas um jogo de pneus
em todo o parque. Parece um alvo. — O policial Martin olhou para Chase
com a sobrancelha erguida.
— Eu não tenho ideia do porquê, — Chase disse, encolhendo os
ombros. — Eu não tenho nenhum inimigo. Eu não irritei ninguém aqui.
Não que eu saiba, de qualquer maneira.
— Ok. Faremos um relatório. Isso é tudo que podemos fazer neste
momento.
— Obrigado por vir, — eu disse, apertando a mão do oficial.
— Aqui está o meu cartão. Se você tiver mais problemas enquanto
estiver aqui, me ligue.
— Obrigado, — eu disse, pegando o cartão.
*
Eu mal dormi naquela noite. Depois que Craig e Chase compraram
pneus novos e voltaram para casa, não fizemos nada pelo resto do dia.
Antes de dormir, acendi todas as luzes externas e mantive o interior
aceso na sala de estar.
A última coisa que eu queria fazer era acordar com os pneus furados
do jipe ou do trailer. Levantei-me várias vezes e saí para me certificar de
que não havia ninguém por perto.
— O que há de errado, bebê, — Cheyenne murmurou quando voltei
para a cama pela milionésima vez naquela noite.
— Nada, querida, — eu sussurrei, beijando sua testa. — Volta a
dormir.
Capítulo 22
ABE

— Oh meu Deus, — exclamou Cheyenne. — Aqui é lindo.


Eu observei os penhascos de arenito vermelho, dunas de areia e águas
azuis cristalinas de Cavendish Beach.
A vista era deslumbrante, mas não poderia se comparar à linda loira
parada ao meu lado, seus cabelos dourados flutuando na brisa. Cheyenne
era perfeita. E ela era minha.
Eu tinha que continuar me beliscando para acreditar que não era tudo
um sonho.
— Onde você quer ficar? — ela perguntou.
— Não aqui, — eu disse. — Eu tenho uma surpresa para você.
— O quê?! — ela gritou.
Apontei para o cais com barcos-táxi. — Estamos indo para uma praia
isolada. — Eu agarrei sua mão, levando-a até a costa.
— Mesmo?
— Sim.
Depois que estávamos acomodados no barco, passei meu braço em
volta da cintura dela e acariciei sua orelha. — Você gostou da sua
surpresa?
— Eu gostei, — ela sussurrou. — Obrigada. Alguém na praia pública
provavelmente teria nos visto. Eu não quero fotos minhas de biquíni por
toda a internet.
— Eu também não. Eu não quero ninguém olhando para esse corpo
sexy. E apenas para os meus olhos.
O motorista parou em uma doca e desligou o motor. — Aí está,
pessoal. Estarei de volta às três para buscá-los.
— Excelente. Obrigado. — Entreguei a ele duas notas de vinte antes
de subir no cais e pegar a mão de Cheyenne. — Vamos, querida.
Estendemos nosso cobertor xadrez na areia fofa com o cooler ao
nosso lado. O mar calmo acenava, pequenas ondas lambendo a costa.
Uma gaivota solitária passou vagando, olhando para nós com olhos
negros e redondos, como se estivesse aborrecida por não termos comida
à vista.
— Você pode passar um pouco de protetor solar nas minhas costas? —
Cheyenne perguntou, segurando o tubo.
— Claro, querida.
Ela puxou o top rosa sobre a cabeça, revelando seios macios mal
cobertos por um top de biquíni preto. Eu deslizei minhas mãos por seus
lados, segurando seus montes celestiais enquanto levava meus lábios aos
dela.
— Hmm. Eu amo seus peitos. Eles são perfeitos. Feitos para minhas
mãos.
Ela gemeu, puxando minha cabeça para mais perto quando coloquei
minha língua em sua boca, aprofundando o beijo. Eu desamarrei as
cordas de seu pescoço, libertando seus seios do minúsculo pedaço de
tecido.
— Abe! O que você está fazendo? — Ela agarrou sua blusa, tentando
puxá-la de volta. — Alguém pode estar assistindo.
— Não há ninguém aqui. E uma praia particular.
— Tem certeza?
— É melhor que seja, pelo que eu paguei para usá-la, — eu murmurei
antes de remover suas mãos da parte de cima do biquíni e retirá-lo de seu
corpo. Eu a empurrei de volta no cobertor e baixei meu corpo sobre o
dela.
— Você tinha planejado isso o tempo todo, — ela riu enquanto abria
as coxas e enganchavam os tornozelos em volta dos meus quadris.
— Você está certa, — eu disse, beijando meu pescoço antes de colocar
seu mamilo em minha boca. Ela gritou quando eu rocei meus dentes ao
longo do bico duro, chupando, lambendo e mordendo.
— Oh Deus, Abe, — ela gemeu, esfregando-se contra meu pau duro.
— Eu preciso de você. Dentro de mim. Agora mesmo.
Eu empurrei a parte de baixo do biquíni, passando meus dedos por
suas dobras quentes e úmidas. — Porra, bebê. Você está tão molhada.
— Depressa, — disse ela, alcançando o cós do meu short. Eu tirei
minhas roupas e me posicionei entre suas pernas com meu pau em sua
entrada.
— Por favor, Abe, — ela implorou. — Me come.
Eu deslizei a cabeça do meu pau em sua boceta apertada e me afastei,
espalhando seus sucos sobre seu clitóris.
— Pare de me provocar, bebê, — ela ofegou, agarrando minha bunda
enquanto tentava se empalar no meu pau.
Eu empurrei nela, enchendo-a com um impulso profundo e forte. Ela
gemeu, arqueando as costas para encontrar minhas estocadas, nossa
carne batendo juntas enquanto eu dirigia para dentro e para fora dela.
Eu levantei uma de suas pernas em meu ombro, mudando o ângulo e
me permitindo ir mais fundo.
— Oh! Abe! Isso é tão bom. Eu preciso gozar! Eu preciso gozar agora!
Estiquei meu braço, pressionando seu clitóris enquanto mantinha um
ritmo constante com meu pau. Suas coxas tremeram antes que ela se
desfizesse, gemendo alto enquanto seu orgasmo rolava por ela.
Eu empurrei mais algumas vezes, enfiando nela com força antes de
explodir, atirando minha carga bem no fundo dela.
Deitamos lado a lado no cobertor, exaustos depois nossa foda na
praia.
— Você gostou disso, bebê? Nada como fazer amor na praia, sob o sol
quente, com o som das ondas batendo na areia. Isso me faz sentir falta da
Califórnia.
— Foi incrível, — disse ela em uma voz sem fôlego. — Eu nunca fiz
nada assim antes. Tenho medo de ter areia em lugares que não deveria,
no entanto.
— Nós vamos entrar na água e consertar isso, — eu ri. — Mas vamos
comer um pouco primeiro. Estou morrendo de fome depois desse treino.
Colocamos nossas roupas de banho de volta e nos deliciamos com
sanduíches de presunto e queijo e biscoitos.
— Então, não foi a primeira vez que fez isso na praia?
Limpei minha garganta enquanto tentava descobrir a melhor maneira
de responder a sua pergunta. — Foi minha primeira vez fazendo amor na
praia.
— É tudo a mesma coisa. Foder, fazer amor, como você quiser chamar.
Ainda é sexo.
— Eu tenho que discordar de você, querida.
As partes físicas podem ser as mesmas, mas a conexão emocional é
diferente. Estavam apaixonados.
— Então, se eu estou fodendo seus miolos ou penetrando em você
lenta e suavemente enquanto beijo você em todos os lugares, ainda é
fazer amor em minha mente.
— Eu sei que você esteve com muitas garotas, Abe, — ela disse, me
olhando com cautela enquanto dava uma mordida em seu sanduíche. —
Craig me disse que você costumava trazer para casa uma garota diferente
quase todas as noites.
— Isso foi no primeiro ano, quando morávamos no dormitório. Eu era
jovem e tinha tesão, e havia garotas em todos os lugares se oferecendo. O
que um garoto de uma pequena cidade em Vermont deveria fazer?
— Eu não estou julgando você, — ela disse, um meio sorriso
brincando em seus lábios.
— Eu diminuí muito o ritmo nos últimos dois anos. Passe a ser muito
mais seletivo sobre com quem durmo. E agora que tenho você, querida,
não quero mais ninguém. Estou comprometido. Com você.
Ela ficou de joelhos, envolvendo os braços em volta do meu pescoço.
— Eu te amo, Abe. E eu confio em você. Eu não me importo com o que
você fez antes de ficarmos juntos.
Nós nos aproximamos, nossos lábios se encontrando para um beijo
suave e sensual.
— Pronta para entrar na água? — Eu perguntei, ansioso para acabar
com aquela conversa.
Mais uma vez, Cheyenne me surpreendeu com sua natureza
descontraída e nível de maturidade. Ela me aceitava pelo que eu era,
passado sexual e tudo. Eu senti que nosso vínculo era muito forte, que
nada poderia ficar entre nós.
— Sim, — ela disse enquanto se levantava e limpava a areia de seu
traseiro.
A água estava surpreendentemente quente e não foi difícil de entrar.
— Venha aqui, querida, — chamei, estendendo a mão e puxando
Cheyenne para mim.
Ela colocou os braços em volta do meu pescoço, as pernas montadas
na minha cintura. — Você tirou toda a areia de suas regiões íntimas?
— Não tenho certeza. Terei que tomar banho quando voltarmos.
— Essa é uma boa ideia, — eu disse, roçando meus lábios nos dela. —
Vou te ajudar a se limpar.
Ela riu. — Aposto que você vai.
Perdi a noção do tempo enquanto flutuava no oceano com minha
garota, beijando-a e dizendo o quanto eu a amava.
Eu percorri um longo caminho desde o solteiro convicto que
embarcou nesta viagem. A vida era cheia de surpresas. Em poucas
semanas, Cheyenne se tomou o centro do meu universo. Meu tudo.
Eu nunca percebi o quão vazia minha vida era antes que ela entrasse
nela.
— Quer sair, querida? — Eu perguntei quando a senti estremecer
contra mim.
— Sim, — disse ela, sorrindo suavemente. — Estou com um pouco de
frio.
Caminhamos até a costa de mãos dadas, as ondas batendo em nossos
calcanhares enquanto a areia molhada escorria entre nossos dedos.
Cheyenne enrolou uma toalha em volta do corpo, seus olhos
examinando a praia. — O que você fez com minhas roupas?
— Eu as coloquei na mochila antes de entrarmos na água para que
não voassem.
Ela se ajoelhou, remexendo na bolsa.
— Você as encontrou? — Eu perguntei enquanto esfregava a toalha no
meu cabelo.
— Não. Eles não estão aqui.
— Isso é impossível. Deixe-me ver. — Peguei a mochila e joguei o
conteúdo no cobertor. Minha camisa caiu junto com minha carteira,
minhas chaves e nossos telefones. — Que porra é essa?
— Tem certeza de que as colocou aí? — ela perguntou, o pânico
crescendo em sua voz. — Positivo, — eu disse, olhando para as árvores
enquanto uma pontada de medo subia pela minha espinha. Meus olhos
pousaram em um conjunto de pegadas de botas na areia que eu sabia que
não existiam antes. Eu olhei para o meu relógio. Dez para três.
Graças a Deus.
Eu queria tirar Cheyenne de lá. Algo estava acontecendo. Muitas
coisas haviam desaparecido para ser coincidência.
Eu poderia descartar a fronha que nunca encontramos e o fio dental
desaparecido de Cheyenne como acidentes de lavanderia. Mas isso não.
Alguém nos seguiu até lá e esperou até que entrássemos na água para
roubar suas roupas.
Mas por quê? Eles nos assistiram fazer amor?
Alguém estava perseguindo-a? E como os pneus rasgados se
encaixavam? Ou talvez isso não tivesse relação. Mas parecia improvável.
Alguém tinha como alvo Craig e Chase.
— Abe? — ela sussurrou. — Quem roubou minhas roupas?
— Não tenho certeza. Você pode vestir minha camisa na volta. Vamos
fazer as malas e esperar o barco-táxi no cais.
Cheyenne ficou quieta enquanto estávamos sentados no cais,
esperando nossa carona.
Fiquei de olho na linha das árvores o tempo todo, minha imaginação
indo à loucura quando imaginei um cara com um facão emergindo e
levando-a. Soltei um suspiro de alívio quando o táxi apareceu.
*
— Provavelmente eram apenas crianças brincando, — eu disse
enquanto observava Cheyenne escolher seu jantar.
— Acho que não, — disse ela, mordendo o lábio inferior enquanto
mutilava um pedaço de brócolis com o garfo.
Alcancei o outro lado da mesa, removendo suavemente o garfo de sua
mão. — Olhe para mim, bebê.
Ela ergueu a cabeça, os olhos cheios de preocupação e medo. — Eu
nunca vou conseguir dormir esta noite. Quem está fazendo isso sabe
arrombar fechaduras. Ele entrou no trailer trancado em mais de uma
ocasião.
— Não temos certeza disso.
— Minhas coisas continuam desaparecendo. Não as suas. Só as
minhas.
— Eu não vou deixar nada acontecer com você, Cheyenne, — eu disse,
pegando a mão dela na minha. — Provavelmente é apenas um f
inofensivo. E ninguém está chegando perto do trailer com o Cujo
patrulhando.
— Cujo era São-Bernardo.
— Ok, tanto faz. Aquela coisa, — eu disse, gesticulando em direção ao
pastor alemão no acampamento vizinho, — late para tudo. E dorme lá
fora. Então, se alguém aparecer, ele nos avisará.
Capítulo 23
CHEYENNE

A brisa fresca do oceano varreu as rochas, me deixando grata por estar


usando um blusão. Abe mexeu em sua câmera sofisticada, tentando
capturar a foto perfeita do icônico farol de Peggy's Cove.
Eu ficava hipnotizado cada vez que ele trazia sua câmera. A fotografia
era sua paixão. Eu podia ver em seu rosto quando ele estava tirando
fotos. Semelhante há como me sentia quando estava cozinhando.
Não entendia por que ele estava aceitando um emprego de marketing
na cidade de Nova York. Ele não precisava de um emprego. Seu fundo
fiduciário lhe daria o luxo de perseguir sua paixão.
— Você conseguiu algumas boas fotos? — Eu perguntei.
— Sim, — ele respondeu enquanto colocava a câmera de volta em seu
estojo. — Aqui é lindo. É difícil acreditar que começamos no Oceano
Pacífico e aqui estamos nós, olhando para o Atlântico.
— O Canadá é um país lindo e pitoresco. Estou muito grato por ter
tido a oportunidade de vê-lo da maneira que vimos.
— Eu também, — eu concordei enquanto demos as mãos e
apreciamos a vista deslumbrante.
Eu nunca esqueceria aquele momento enquanto eu vivesse. Era o
último dia da nossa viagem. Na manhã seguinte, iríamos para
Fredericton, New Brunswick, e devolveríamos o trailer.
E embarcar no próximo capítulo de nossas vidas. Nossa vida Juntos.
Como um casal.
— O que você está pensando? — Abe perguntou, apertando minha
mão.
— Nada.
— Parece que você está prestes a chorar. Portanto, não é nada.
— Estou apenas me sentindo um pouco emocionada, — confessei. —
Estou triste que a viagem esteja terminando, mas estou animada e
nervosa com o que vem a seguir.
Ele assentiu. — Entendi. Mudar é assustador. Mesmo quando é uma
boa mudança.
— Quer tomar um sorvete? — Eu sugeri. — Eu vi um lugar no
caminho para cá.
— Claro, querida.
Depois de comprarmos nossas casquinhas, nos acomodamos em uma
das mesas de plástico vermelho no pátio. — Posso te perguntar uma
coisa? — Eu perguntei.
— Claro. Você pode me perguntar qualquer coisa.
— Por que você está aceitando o emprego em Nova York? Tenho a
sensação de que você não tem vontade de trabalhar com marketing.
Ele deu uma mordida em seu sorvete, mastigando pensativamente. —
Não tenho certeza.
— Acho que sinto que fui para a faculdade e gastei muito do dinheiro
dos meus pais em uma pós-graduação em negócios e marketing, então
devo trabalhar nessa área.
— Mesmo que não te faça feliz? Por que você não trabalha como
fotógrafo?
Ele terminou sua casquinha e limpou a boca com um guardanapo. —
Você faz muitas perguntas difíceis.
— Esta é a nossa última parada na viagem. Temos que voltar ao
mundo real amanhã, Abe. Você me pediu para ir a Nova York com você.
Mas nunca mais falamos sobre isso. Você mudou de ideia?
— Não, — ele respondeu com um suspiro pesado.
— Quero você ao meu lado. Eu nunca teria pedido que você fosse
comigo se não estivesse cem por cento certo sobre o nosso
relacionamento.
— O problema é o trabalho. Não é justo da minha parte arrastá-la
para Nova York se não tenho certeza se mesmo quero estar lá.
Lágrimas queimaram em minhas pálpebras enquanto eu processava o
significado de suas palavras. Parecia que ele estava tendo dúvidas sobre
outras coisas além do trabalho. Mesmo que ele não admitisse.
— Precisamos voltar para que eu possa começar o jantar, — eu disse,
jogando o resto da minha casquinha na lata de lixo.
— Cheyenne, — disse ele suavemente. — Não acho que terminamos
essa conversa.
— Eu acho, — eu disse bruscamente antes de virar e caminhar em
direção ao jipe.
Meu estômago se revirou com uma mistura de raiva e tristeza. Eu subi
no banco do passageiro e bati a porta. Eu deveria ter imaginado que isso
aconteceria.
Tudo estava ótimo em nossa bolha, longe do mundo real. Mas Abe
ainda estava com medo de compromisso.
A viagem estava quase acabando, e a realidade estava desabando como
um tsunami, decidida a destruir tudo em seu rastro.
— Acho que você entendeu mal o que eu estava tentando dizer, —
disse ele ao ligar a ignição.
Percorremos a curta distância até o parque em silêncio.
Assim que ele estacionou o jipe, pulei para fora e entrei para começar
a juntar os ingredientes para o jantar. Cozinhar sempre me trouxe
conforto quando algo estava me incomodando.
— Cheyenne, — Abe começou. — Podemos conversar?
— Não há nada para conversar, — eu disse, de costas para ele.
— Você pode, por favor, olhar para mim?
Virei-me rapidamente, meus braços cruzados sob meus seios. — Fale,
— eu rebati.
— Eu não disse que mudei de ideia sobre você ir para Nova York.
Meu celular tocou antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa. —
Com licença, — eu disse, enxugando minhas mãos no meu jeans antes de
pegar meu telefone do balcão. — Alô?
— Alô. Estou procurando Cheyenne Carson. — A mulher do outro
lado da linha falou em voz estridente.
— Aqui é a Cheyenne.
— Oi, Cheyenne. Meu nome é Angela Cooper. Estou ligando sobre o
estágio de confeiteiro para o qual você se inscreveu no Caesar's Palace em
Las Vegas.
— Sim? — Meu coração batia tão forte que eu esperava que explodisse
no meu peito a qualquer momento.
O chef confeiteiro de renome mundial, Phil Waring, veio à minha sala
de aula para observar os alunos e fazer uma entrevista para um estágio
remunerado em sua padaria em Las Vegas. Fui uma dos dez alunos
escolhidos para uma entrevista.
Mas eu ouvi dizer que ele visitou várias escolas de culinária,
entrevistando centenas de pessoas, e eu não achei que teria uma chance.
— Parabéns! O Chef Waring escolheu você para o estágio. Se você
decidir aceitar, você precisará estar em Las Vegas na próxima semana.
— Oh meu Deus, — eu sussurrei. — Sim. Eu estarei lá.
— Excelente. Enviarei um e-mail para você com todos os detalhes.
— Muito obrigada.
— De nada. Vejo você na próxima semana, Cheyenne.
Desliguei o telefone e coloquei no balcão.
Minha cabeça estava girando. Tinha um estágio remunerado. Com
Phil Waring. Um dos maiores chefs confeiteiros da América. Em sua
padaria em Las Vegas.
— O que foi isso? — Abe perguntou.
— Consegui um estágio remunerado em Las Vegas com um chef
famoso.
— Uau! Parabéns, querida. Fantástico. — Ele me puxou para seus
braços, apertando-me com tanta força que lutei para colocar ar em meus
pulmões.
— E quanto a Nova York? — Eu perguntei, me afastando.
— Eu não aceito o trabalho. Eu vou com você. — Ele sorriu para mim,
acariciando meu queixo com o polegar.
— Como você pode fazer isso? Você já não aceitou o trabalho?
Ele me soltou e encostou-se no balcão, seus olhos se estreitaram
enquanto cruzava os braços. — Você não quer que eu vá com você?
— Claro que eu quero. Mas eu não quero que você desista do seu
sonho para que eu possa ter o meu.
— Em primeiro lugar, o marketing não é o meu sonho. Acredito que já
falamos sobre isso. Em segundo lugar, tenho quase certeza de que
existem toneladas de empregos de marketing em Vegas.
— Meu estágio é de um ano. Provavelmente não vou ficar em Vegas
depois disso. E se você conseguir um ótimo trabalho de marketing e
estiver apenas começando a subir na empresa, mas eu estiver pronta para
seguir em frente?
— Se você não quer que eu vá com você, é só dizer, Cheyenne.
— Eu não disse isso! Não acabamos de ter essa mesma discussão sobre
Nova York?
Ele passou as mãos pelos cabelos, respirando fundo antes de soprar
lentamente. — Vou dar uma volta e limpar minha cabeça.
— Ok, — eu sussurrei, lutando contra as lágrimas enquanto o via
pegar sua câmera e sair pela porta sem dizer outra palavra.
Por que a vida sempre tem que ser tão complicada? Abe era o homem
com quem eu deveria estar. Não havia dúvidas em minha mente. Se
quiséssemos ficar juntos, um de nós teria de recusar uma oferta de
emprego.
Mas eu não conseguia desistir do meu sonho. Esse estágio era uma
oportunidade única na vida. E se Abe desistisse de sua posição em Nova
York, ele poderia acabar se ressentindo de mim no futuro. Peguei dois
bifes da geladeira, colocando-os em uma travessa antes de aplicar meu
creme secreto na carne. Depois de lavar as mãos, saí para acender a
churrasqueira.
Abe voltaria para jantar? Por quanto tempo ele ficaria fora? Talvez eu
não deva colocar o bife ainda. Lágrimas picaram meus olhos enquanto eu
limpava a grelha.
Uma rajada de vento frio soprou através do acampamento, enviando o
toldo em um frenesi enquanto o sol desaparecia atrás das nuvens.
Os cabelos da minha nuca se arrepiaram, um arrepio percorreu minha
espinha quando pendurei a escova no gancho.
Senti que alguém estava atrás de mim. Antes que eu pudesse me virar,
um braço forte rodeou meu pescoço e empurrou um pano contra meu
rosto. Tentei gritar, mas nenhum som saiu. Então tudo escureceu.
Capítulo 24
ABE

Eu pisei em uma rocha, tirando algumas fotos do oceano. A paisagem


plana e sem árvores se estendia por quilômetros. Eu inalei o aroma
pungente de algas, perdido na turbulência emocional da minha situação
atual.
Minha vida era muito mais simples antes de embarcar nesta viagem
maldita. A única pessoa com quem eu precisava me preocupar era
comigo mesmo. Cheyenne havia mudado tudo.
Apesar da minha decisão de manter meu status de solteiro, eu me
descobri querendo coisas que nunca quis antes. Mulher e filhos. O pacote
completo. Uma vida. Com a mulher que amava.
A oferta de emprego em Las Vegas saiu do nada. Eu nem sabia que ela
havia se candidatado a um estágio lá. O que diabos eu vou fazer?
Eu não poderia imaginar estar em Nova York se ela não estivesse lá.
Eu nem queria mais aquele trabalho. Mas por que parecia que Cheyenne
não queria que eu fosse com ela?
Eu pensei que estávamos apaixonados. Tínhamos algo especial. Ela era
a única. E eu sabia que ela sentia o mesmo por nós.
Peguei meu celular do bolso, percorrendo os contatos. — Posso falar
com o Sr. Charleston, por favor? — Eu perguntei quando a recepcionista
atendeu.
— Posso perguntar quem está chamando?
— Abraham McLean.
Depois de alguns minutos, o Sr. Charleston atendeu ao telefone. —
Abraham, — disse ele com uma risada seca. — Sr. Redes Sociais. Como
diabos você está?
— Estou bem, obrigado.
— Eu verifiquei seu site algumas vezes. Você fez um trabalho fabuloso
com essa campanha publicitária. Top de linha.
— Acontece que eu sei com certeza que os altos escalões da Twenty-
First Century Parks estão extremamente impressionados com o retomo.
— Obrigado, Sr. Charleston.
— Escute, ouvi rumores de que eles querem te oferecer um emprego
permanente. Não é por isso que você está ligando, é? Para me dizer que
você não quer mais trabalhar aqui?
— Na verdade, é por isso que estou ligando, — respondi. — Embora
aprecie a oferta, decidi que sua empresa não é a escolha certa para mim
no momento.
— Então aqueles desgraçados escorregadios te roubaram!
— Não senhor. Eles não me fizeram uma oferta.
— Então, qual é o problema, filho?
— Só não tenho certeza se quero trabalhar em uma agência de
publicidade.
— Lamento ouvir isso, Abraham. Mas eu entendo.
Você é jovem. Siga seu coração. Faça o que te faz feliz. Se você mudar
de ideia, me ligue.
— Farei isso. Obrigado novamente pela oportunidade.
Coloquei o telefone no bolso e me sentei na pedra. O vento
aumentou, as ondas quebrando violentamente contra as rochas
enquanto nuvens escuras se moviam.
Decidi voltar para o acampamento antes que começasse a chover.
Eu me apressei ao longo do caminho em um ritmo acelerado, uma
onda de apreensão subindo pela minha espinha. E se Cheyenne não
quisesse que eu fosse para Las Vegas? Então o quê? Ela disse que me
amava.
Ela concordou em vir para Nova York comigo antes de receber a oferta
de emprego. Inferno, aquela garota tinha um crush em mim desde que
ela tinha quinze anos. Por que diabos meu estômago estava em nós?
O parque estava quieto, com muitos acampamentos vagos.
Provavelmente porque estávamos no meio da semana. Os proprietários
disseram que lotavam todos os fins de semana, mas não tanto nas noites
de semana.
As primeiras gotas de chuva caíram enquanto eu descia o caminho
para a parte de trás do parque, onde nosso acampamento dava para a
floresta. Corri o resto do caminho, lançando-me sob o toldo retrátil uma
fração de segundo antes da chuva torrencial.
— Estou de volta, querida, — gritei, abrindo a porta de tela. Ela não
respondeu. Olhei para o balcão onde dois bifes estavam descansando em
uma travessa. — Você quer que eu acenda a churrasqueira?
Eu vaguei pelo corredor até o quarto. — Cheyenne? — Abaixei minha
cabeça para a porta aberta do banheiro. Onde diabos ela foi?
Voltei para a cozinha, meus olhos pousando em seu telefone celular.
Uma sensação nauseante de pavor se espalhou pelo meu intestino. Ela
nunca deixaria o trailer destrancado depois de todos os acontecimentos
misteriosos.
E ela certamente não deixaria carne no balcão ou sairia para dar uma
caminhada sem o telefone.
Algo havia acontecido com ela. Não havia dúvidas em minha mente.
Eu nunca deveria tê-la deixado sozinha. Não depois do incidente em
Cavendish Beach. O que eu estava pensando?
Se alguma coisa ruim acontecesse com Cheyenne, eu nunca me
perdoaria. E os irmãos Carson chutariam minha bunda.
Pense, Abe. Não entre em pânico. Pense.
Seu relógio fitness!
Peguei o telefone dela, abrindo o aplicativo que rastreia o relógio.
Prendi a respiração, esperando o pequeno ícone parar de girar e apontar
sua localização.
Ela estava na floresta? Não muito longe, de acordo com o mapa. Enfiei
o telefone no bolso e saí pela porta, ligando para a emergência enquanto
me dirigia para o matagal.
Capítulo 25
CHEYENNE

Minha boca estava seca. Tão seca que meus lábios ficaram grudados.
Corri minha língua sobre eles algumas vezes.
Água. Eu quero um pouco de água. Mas primeiro preciso abrir meus olhos.
Lentamente, levantei minhas pálpebras pesadas, tentando me
concentrar em meu entorno através da névoa estonteante que pairava
sobre meu cérebro. Quando minha visão clareou, tentei levantar minha
cabeça. Meu crânio parecia ter uma tonelada de tijolos amarrados nele.
Eu gemi e caí de volta no travesseiro. Onde eu estava?
Virei minha cabeça para o lado, o medo paralisante agarrando todos
os músculos do meu corpo quando meus olhos pousaram em um braço.
Um braço masculino, com tatuagens aparecendo através de uma espessa
camada de cabelo preto.
— Olá, querida, — uma voz profunda e sinistra retumbou. — Que
bom que você finalmente acordou.
Eu pulei para cima, minha cabeça girando enquanto olhava para o
meu sequestrador. Um par de olhos negros sem alma me encarou de
volta. Olhos familiares que eu nunca esqueceria enquanto vivesse.
O cara assustador do rodeio de Calgary!
Um sorriso cheio de luxúria se formou em seus lábios quando seus
olhos viajaram até o meu peito. Eu olhei para baixo, horrorizada ao
descobrir que estava vestindo apenas sutiã e calcinha.
— O que você quer? — Eu chorei, agarrando o edredom xadrez azul
enquanto tentava me cobrir. — Onde estão minhas roupas?
— Você não vai precisar delas, bebê, — ele falou lentamente,
lambendo os lábios.
— Quem é você? — Eu gaguejei, envolvendo o edredom firmemente
em volta de mim.
— Eu sou o cara que está te seguindo há semanas. Planejando e
fantasiando sobre este momento. Esperando pacientemente pela
oportunidade de agarrar você.
Eu olhei para ele enquanto meu cérebro lutava para processar sua
revelação.
Ele não era alto, mas era forte. Bíceps grossos esticaram o tecido de
sua camiseta preta. Suas feições cinzeladas eram parcialmente protegidas
por um cavanhaque preto e denso que se estendia em uma barba densa.
— Meu namorado provavelmente está procurando por mim, — eu
disse, olhando para a porta. Eu estava em algum tipo de trailer antigo.
— Ele não vai encontrar você, — disse ele com um sorriso presunçoso.
— Se você se comportar, posso deixá-la ir. Depois que eu usar você até
cansar, é claro. E, oh, bebê, eu vou te usar. Cada buraco. A noite toda.
— Você estava no parque em Bracebridge, — eu disse, tentando firmar
minha voz.
Talvez se eu o mantivesse falando por tempo suficiente, Abe me
resgataria antes que esta fera cabeluda conseguisse o que queria. Se não,
isso não iria terminar bem para mim, porque eu lutaria até a minha
morte antes de deixar esse cara me estuprar.
— Você passou por nós, fora da recepção. E você estava atrás de nós
no rodeio Stampede.
— Isso mesmo.
— Por quê? Por que você nos seguiu?
— Eu já te disse, — ele rosnou, aborrecimento brilhando em seus
olhos. — Eu estive observando e esperando pela minha chance de agarrar
você.
— Você arrombou o trailer e roubou minha fronha e minha calcinha?
Ele se abaixou ao lado da cama e tirou uma frágil caixa de papelão.
Estremeci incontrolavelmente, meu corpo inundado de medo e pavor
enquanto o observava retirar meus pertences perdidos: a fronha, minha
fio-dental vermelha, as roupas que usei para ir a Cavendish Beach e um
batom.
Eu engoli em seco, o aperto na minha garganta dificultando a
respiração. — Você nos seguiu até aquela ilha particular?
— Sim. Eu assisti vocês das árvores. Assisti enquanto você abria as
pernas e deixava seu namorado te foder. Eu vi seu lindo corpo nu.
— Me masturbava enquanto eu imaginava que era meu pau batendo
dentro e fora dessa doce boceta. E essa não foi a primeira vez. Eu estava
na floresta na noite em que ele te fodeu na doca em Kenora.
Meu estômago embrulhou, ameaçando expelir seu conteúdo a
qualquer momento. Eu tinha que sair de lá. Abe já voltou de sua
caminhada? Ele estava procurando por mim? Ele ficou chateado quando
saiu. E se ele ficasse fora por horas?
— Você cortou os pneus do meu irmão?
— Sim, — disse ele, passando meu fio dental entre seus dedos
enormes. — Eu estava com raiva. Eu planejava levar você naquela noite.
Passei o dia todo pensando nisso, me masturbando enquanto eu inalava
o cheiro da sua boceta da sua calcinha.
— Então eles apareceram, e não havia como eu chegar perto de você.
E você se lembra da explosão no parque de nudismo, certo?
— Foi você? — Eu respirei fundo e tentei desacelerar minha respiração
rápida. Se eu tivesse hiperventilação, não teria chance de escapar. De
alguma forma, eu precisava me afastar desse psicopata.
— Sim. Vocês deveriam estar naquele acampamento. Eu planejava te
agarrar depois que seu namorado explodisse. Mas aqueles idiotas que
comandam o lugar?
— Eles bagunçaram meus planos. Colocaram vocês em um lote
diferente no último minuto. Eu já tinha preparado a conexão elétrica. Eu
não poderia desfazer em plena luz do dia, não é?
— Mas aquele pobre homem, — eu disse tristemente. — Ele ficou
gravemente ferido.
— Efeitos colaterais, — disse ele com um encolher de ombros.
— Que coisa horrível de se dizer. Como você pode ser tão arrogante
sobre quase custar a vida de um pobre homem inocente? Seu rosto estava
queimado.
— Pelo menos não era seu namorado. Ele teve sorte naquela noite e se
esquivou de outra bala hoje.
Eu ia te pegar, não importava como. Mesmo se eu tivesse que matá-lo
para chegar até você.
— Para sua sorte, ele facilitou quando deixou você em paz.
— Abe tem muito dinheiro. Talvez você devesse ligar para ele e exigir
um resgate.
— Eu não quero dinheiro, bebê, — ele disse, lambendo os lábios. —
Você sabe o que eu quero e você vai dar para mim.
— Não, — eu sussurrei, recuando na cama.
— Não me lembro de ter perguntado, — ele rosnou enquanto jogava a
caixa no chão. — Agora deite-se e abra essas pernas sensuais.
— Não! — Eu gritei, pulando da cama e alcançando a maçaneta da
porta. Estava trancada! Eu a sacudi, rezando para que ela se abrisse.
— Eu disse, deite de costas! — Ele me agarrou pela cintura por trás e
me jogou na cama. Eu gritei, balançando meu punho para ele e pegando-
o na mandíbula.
— Você gosta de sexo bruto, querida?, — ele grunhiu, prendendo
meus pulsos acima da minha cabeça com uma mão enquanto subia em
cima de mim. Ele alcançou entre minhas pernas, correndo o dedo ao
longo do lado de fora da minha calcinha.
Eu não poderia deixar isso acontecer. Eu não sobreviveria ser
estuprada. E ele poderia me matar depois.
— Pare! — Eu gritei. — Alguém me ajude!
Ele baixou os lábios no meu pescoço, sugando com força minha carne
delicada. Eu trouxe meu joelho para cima, acertando-o diretamente nas
bolas.
— Sua vadia do caralho, — ele amaldiçoou, pulando da cama,
estremecendo de dor.
Fui direto para a porta novamente, rezando para que se abrisse desta
vez. Mas isso não aconteceu. Eu bati meus punhos contra a madeira,
gritando no topo dos meus pulmões.
Ele me agarrou pelo cabelo, me arrastando para trás antes de me dar
um soco no rosto. Eu caí na cama, estrelas dançando diante dos meus
olhos.
— Agora, talvez você seja um pouco mais cooperativa.
Ele desfez o cinto e abaixou o zíper da calça jeans. Eu agarrei meu
rosto onde ele me bateu, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — Por
favor, — eu implorei. — Por favor, não faça isso.
— Ah, nós estamos fazendo isso, querida, — ele rosnou. — Estou duro
como uma rocha e pronto para foder seus miolos.
Reuni cada grama de força em meu corpo, deixando escapar um grito
horripilante em um último esforço para chamar a atenção de alguém.
Ele rastejou para a cama, forçando minhas coxas a se separarem com
suas mãos grandes e me segurando para que eu não pudesse dar uma
joelhada em suas bolas novamente.
Minhas mãos estavam livres, mas eu não tive a menor chance de lutar
contra ele. Fechei meus olhos, lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
Um estrondo alto veio da direção da porta. Eu não conseguia ver nada,
exceto meu atacante em cima de mim.
Os próximos minutos foram um borrão. Meu suposto estuprador
gritando de dor, todo o peso de seu corpo no meu enquanto eu lutava
para colocar ar em meus pulmões, o alívio quando alguém o empurrou
para longe de mim.
Então Abe estava lá, me embalando em seus braços enquanto eu
soluçava incontrolavelmente.
— Está tudo bem, bebê, — ele sussurrou, pressionando seus lábios no
topo da minha cabeça. — Você está segura, agora.
— Você chamou a polícia? — Eu perguntei quando ouvi sirenes.
— Sim, — disse ele, olhando nervosamente para o corpo inconsciente
do meu sequestrador na cama. — Vamos lá. Vamos sair daqui antes que
ele acorde.
— Não sei onde estão minhas roupas, — murmurei.
Ele tirou a jaqueta e me ajudou a passar os braços pelos buracos antes
de fechar o zíper. — Você está bem, Cheyenne? Você parece sonolenta.
— Ele me drogou com alguma coisa.
— Eu sinto muito, — ele sussurrou, pegando-me em seus braços. —
Eu deveria ter estado lá para protegê-la. Deus, olhe para o seu rosto. Ele
bateu em você?
Eu balancei a cabeça e fechei meus olhos, inclinando minha cabeça
contra seu peito enquanto ele me carregava para fora. Meu corpo ficou
mole.
A onda de adrenalina que me impulsionou a lutar não era mais
necessária. Eu só queria dormir e esquecer que aquela noite havia
acontecido.
Capítulo 26
ABE

Eu andei pelo corredor lotado, trabalhando duro para manter meu


temperamento sob controle. A enfermeira não me deixou entrar no
quarto até que a médica terminasse de examinar Cheyenne.
Incrivelmente ridículo! Eu era o namorado dela.
Ela não tinha falado muito na ambulância. Eu queria fazer a ela a
pergunta que consumia meus pensamentos.
A que tinha queimado na ponta da minha língua desde o momento
em que arrombei a porta e encontrei aquele animal em cima dela. Mas eu
não queria incomodá-la. E eu estava com medo da resposta.
Ela ainda estava de calcinha. Devo ter chegado a tempo de salvá-la.
Mas por pouco. Se ele a tivesse estuprado, eu passaria o resto da minha
vida em uma prisão canadense.
O que eu estava pensando quando a deixei sozinha? Eu sabia que
alguém a estava perseguindo depois do incidente em Cavendish Beach.
Eu tinha começado a conectar os incidentes desde Saskatchewan.
Mas deixei minha raiva e frustração em tomo de nossas situações de
trabalho e o futuro de nosso relacionamento turvarem meu julgamento.
Eu olhei para o meu relógio. Craig e sua mãe estavam a caminho. Eu
liguei para eles no minuto em que chegamos ao hospital. Mas era uma
viagem de doze horas de Vermont. Craig planejava vir direto, mas eles
não chegariam até de manhã.
— Abraham?
Eu olhei para cima quando a médica saiu do quarto de Cheyenne. —
Sim. Eu sou o Abe. Namorado de Cheyenne. Ela esta bem?
Ela sorriu gentilmente. — Vamos conversar aqui, — ela sugeriu,
apontando para um cubículo atrás do posto de enfermagem. Eu a segui,
seus saltos altos clicando no chão de concreto.
Parecia que ela estava pronta para uma noite na cidade, não um turno
em uma sala de emergência lotada. — Eu sou a Dra. Cassidy.
— Cheyenne está bem? — Eu não dava a mínima para o nome da
médica. Se alguém me pedisse mais tarde para descrevê-la ou mostrar
quem é ela entre outras pessoas, eu não teria a menor ideia.
— Sente-se, Abe.
Sentei-me na cadeira de metal frio, cerrando os punhos enquanto a
raiva borbulhava em minha garganta.
— Cheyenne me deu permissão para compartilhar suas informações
pessoais de saúde com você.
— Bom, — eu disse secamente, minha paciência se esgotando. — Por
favor, compartilhe.
— Ela foi drogada com uma dose baixa de clorofórmio. Não o
suficiente para causar danos permanentes. Ela ficará bem assim que a
droga for eliminada de seu sistema.
— E quanto ao rosto dela? Aquele desgraçado bateu nela.
— Ela tem alguns hematomas e uma pequena laceração. Nada
importante.
— Ok. Ótimo. — Eu respirei fundo. Eu precisava saber. — Ele a
estuprou?
— Ela disse que não. E ela se recusou a me deixar examiná-la ou fazer
um kit de estupro. Ela ficou inconsciente por um curto período de tempo
e acordou vestindo apenas calcinha e sutiã.
— Mas ela estava inflexível de que não havia tido penetração sexual.
Nega qualquer dor ou algo parecido.
Esfreguei minhas mãos no rosto. — Eu posso vê-la?
— Claro.
Cheyenne estava deitada de lado em posição fetal quando entramos
em seu quarto. Ela parecia tão pequena e indefesa.
A culpa tomou conta de mim. Minha linda garota nunca deveria ter
passado por isso. Era meu trabalho protegê-la, mas falhei
miseravelmente.
— Oi, querida, — eu sussurrei, puxando uma cadeira ao lado da cama.
— Oi, — ela disse, sorrindo tristemente, sua voz fraca. Inclinei-me,
pressionando meus lábios em sua testa. — Como você está se sentindo?
— Estou bem.
— Você não tem que fingir comigo, Cheyenne. Eu sou seu namorado.
Eu amo você. Você pode me dizer a verdade. — Seu lábio inferior tremeu,
duas pequenas lágrimas escorrendo por sua bochecha. — Oh, querida,
venha aqui.
Sentei-me ao lado da cama, puxando-a em meus braços. — Está tudo
bem, querida. Pode chorar. — Eu esfreguei suas costas enquanto ela
soluçava em meus braços.
— Sinto muito, — disse ela, fungando enquanto se afastava.
— Ei, — eu sussurrei, levantando seu queixo com meu polegar. —
Você não tem nada para se desculpar. Sou eu que te devo desculpas. Eu
sabia que alguém estava nos observando e roubando suas coisas, mas
deixei você sozinha.
— Ele nos viu fazer amor em Cavendish Beach.
Eu concordei. — Imaginei isso depois que suas roupas sumiram.
— Ele ia me estuprar, — ela sussurrou, sua voz trêmula.
— Mas ele não teve chance, certo? — Prendi a respiração enquanto
esperava sua resposta.
— Não. Mas ele..., — ela fez uma pausa e olhou para as próprias mãos.
Eu respirei fundo, me preparando para o que estava por vir.
— Ele me tocou.
— Onde?
Ela ergueu a cabeça, profunda tristeza emanando de seus lindos olhos
azuis. — Entre minhas pernas. Do lado de fora da minha calcinha. Foi
quando eu dei uma joelhada nas bolas dele.
— O que aconteceu depois disso? — Eu perguntei, tentando tirar a
imagem da minha cabeça. Aquele monstro tocando minha garota.
— Eu tentei abrir a porta. Mas estava trancada. Ele me agarrou e me
deu um soco no rosto. Eu caí de costas na cama. Então ele desabotoou as
calças e subiu em cima de mim.
— Eu pensei que estava perdida. Não havia como lutar contra ele.
Então você veio, e não me lembro muito depois disso.
— Estou tão feliz por ter chegado lá.
— Eu também, — disse ela, puxando minha cabeça para baixo e
pressionando seus lábios contra os meus com um beijo suave. — Você
salvou minha vida, Abe.
— Com licença.
Eu me afastei e me virei em direção à porta. A policial a quem eu dei
meu depoimento na cena do crime estava parada na porta, seu corpo alto
e musculoso preenchendo todo o espaço.
Eu definitivamente não gostaria de mexer com ela. Cabelo ruivo preso
em um coque apertado e olhos verdes brilhantes combinados com uma
atitude totalmente empresarial.
— Você está pronta para dar uma declaração, Srta. Carson?
— Sim, — Cheyenne suspirou. — Vamos acabar com isso para que eu
possa tirar tudo da minha cabeça.
Comecei a sair da cama, mas Cheyenne agarrou meu braço. — Não vá.
Eu preciso de você.
— Ok, bebê. Eu estou bem aqui. — Eu deslizei meu braço em volta de
sua cintura e dei um beijo em sua têmpora.
— Eu sou a oficial Emily Glaston, — disse ela, estendendo a mão para
Cheyenne. — Eu respondi à ligação do seu namorado para a emergência
no início desta noite. Você pode me contar o que aconteceu?
Cheyenne respirou fundo e pigarreou. — Abe foi dar um passeio. Saí
para limpar a grelha antes de começar o jantar. Eu ouvi um barulho.
— Mas antes que eu pudesse me virar, ele me agarrou por trás e
colocou um pano no meu rosto. A próxima coisa que eu sabia é que
estava deitado em uma cama, só de calcinha e sutiã. Eu estava tonta.
Então eu o vi.
— Era o cara assustador e cabeludo do Calgary Stampede.
— Que cara? — Eu perguntei.
— Abe, por favor, deixe-me fazer as perguntas, — disse o policial
Glaston.
— Desculpe, — eu murmurei.
— Você já tinha visto esse homem antes, Cheyenne?
— Sim. Estávamos assistindo ao desfile. Eu me virei e ele estava
olhando para mim. Eu nunca vou esquecer aqueles olhos enquanto eu
viver.
— Você o viu de novo? Antes desta noite?
— Sim. Em Bracebridge, Ontário. Mas ele estava de óculos escuros,
então eu não percebi que era o mesmo cara. Eu deveria saber. Tive a
mesma sensação assustadora.
— Eu entendo que você teve itens pessoais roubados?
— Sim. Uma fronha e uma calcinha, e ele tinha um dos meus batons.
Como ele entrou em nosso trailer sem que soubéssemos? Fica sempre
trancado.
— Ele é um chaveiro, — respondeu ela. — Ele é um mestre em abrir
fechaduras sem detecção.
— Ótimo, — eu resmunguei.
— O que aconteceu depois que você acordou?
— Ele confessou estar me perseguindo desde Calgary. Ele arrombou o
trailer e pegou coisas. E ele causou uma explosão no parque de nudismo
em Manitoba. Ele queria ferir Abe e me sequestrar.
— Mas fomos transferidos para um acampamento diferente, e o pobre
coitado que conseguiu nosso local original se feriu quando foi conectar a
fonte elétrica que o cara havia adulterado.
A oficial Glaston anotou algo em seu bloco. — Vince Palmer admitiu
ter manipulado uma explosão?
— Esse é o nome dele? — Cheyenne estremeceu.
— Sim. No Jaybird, em Manitoba.
Ela acenou com a cabeça. — Vou ligar para as autoridades de
Manitoba. O Sr. Palmer deu a você algum motivo pelo qual ele fez tanto
esforço para persegui-la e sequestrá-la?
— Ele deixou bem claro o que queria, — ela respondeu baixinho.
— O que ele queria, Cheyenne?
— Tá brincando? — Eu esbravejei. — Isso é muito perturbador para
ela. Você já sabe o que ele queria.
— Eu tenho que ouvir isso de Cheyenne se ela planeja apresentar
queixa, — disse ela, apertando os olhos para mim. — Se for muito difícil
para você ouvir, você está convidado a esperar no corredor.
— Eu não vou deixá-la, — eu disse, esfregando o ombro da minha
garota.
— Então, por favor, deixe-a responder às perguntas.
Sentei-me em silêncio enquanto Cheyenne contava o resto da
história, usando cada grama de contenção que tinha para me abster de
correr pelo corredor para encontrar o canalha que tentou estuprar minha
namorada.
— Onde ele está? — Eu perguntei quando a policial terminou com
Cheyenne.
— Ele está aqui, sendo tratado por uma concussão e laceração no
couro cabeludo, — respondeu ela. — Ele está sob custódia da polícia. Ele
tem um guarda.
— Bom saber.
— Obrigada por seu tempo, Cheyenne, — disse ela, dando tapinhas
em sua mão. — Eu só posso imaginar o quão difícil foi para você.
— Você parece cansada, querida, — eu disse depois que a policial saiu.
— Eu estou. A médica disse que a droga ainda está em meu sistema.
— Deite-se e durma. Eu estarei bem aqui.
— Você vai me abraçar?
— Com certeza. — Tirei meus sapatos e deslizei atrás dela, minha mão
descansando em sua barriga. — Eu te amo, Cheyenne. Sinto muito não
estar ao seu lado para protegê-la.
— Como você me achou?
— Rastreei o seu relógio de fitness com o seu telefone.
— Uau. Você pensou muito rápido.
— Estou feliz por ter chegado a tempo.
Fechei os olhos, ouvindo o zumbido silencioso de sua respiração
enquanto ela adormecia.
A imagem daquele cara em cima de Cheyenne se recusava a sair da
minha mente. Suas mãos sobre ela, seu corpo pressionando contra ela
antes que eu acertasse sua cabeça com o grande galho.
Graças a Deus eu o peguei no meu caminho pela floresta.
O som de seus gritos quando me aproximei do trailer ecoavam em
meu cérebro. Pouco antes do amanhecer, adormeci.
*
Acordei assustado, meus instintos me dizendo que não estávamos
sozinhos. Eu me endireitei, pronto para lutar até a morte para proteger a
mulher que eu amava.
Em vez de um estuprador peludo e tatuado chamado Vince Palmer,
fiquei cara a cara com o irmão e a mãe de Cheyenne.
— Quando vocês chegaram aqui? — Sussurrei, não querendo acordar
Cheyenne.
— Cerca de dez minutos atrás, — Craig respondeu, sua boca em uma
linha firme conforme ele fez uma careta para mim.
Eu pulei da cama, passando meus dedos pelo meu cabelo bagunçado.
— Olá, Sra. Carson.
— Minha filha está bem? — ela perguntou, uma careta de
desaprovação em sua boca. Eu acho que nenhuma mãe quer encontrar
sua filha na cama com o namorado, independentemente das
circunstâncias.
— Ela ficará bem, — respondi baixinho.
— Onde diabos você estava? — Craig gritou. — Você me prometeu
que cuidaria dela!
— Eu estraguei tudo, cara. Eu sei. — Eu caminhei pelo pequeno
quarto do hospital. — Cheyenne recebeu uma oferta de trabalho. Um
estágio remunerado de um ano com um famoso chef de confeitaria em
Las Vegas.
— Fui dar uma caminhada para tentar limpar minha cabeça e
descobrir como sua irmã e eu poderíamos ficar juntos estando em lados
opostos do país. Foi quando ele a pegou.
— Não vejo como isso é culpa sua, Abraham, — disse a sra. Carson. —
Cheyenne é uma mulher adulta. Ela não precisa de babá.
— É exatamente isso, Sra. Carson. Eu sabia que alguém a estava
perseguindo, que ela precisava de proteção. E eu me deixei distrair disso.
— Do que você está falando? — Perguntou Craig. — Você não falou
muito no telefone ontem à noite.
Por que aquele cara sequestrou minha irmã?
Fechei os olhos brevemente, desejando não ter que contar à mãe e ao
irmão da minha namorada que um predador sexual a drogou e quase a
estuprou.
Eles ouviram atentamente enquanto eu contava a história, deixando
de fora a parte sobre ele nos observando fazer sexo.
Quando terminei, a Sra. Carson me puxou para seus braços. —
Obrigada por salvar minha filha. Tenho a sensação de que você se
importa muito com ela.
— Eu amo sua filha.
Ela sorriu e deu um tapinha na minha bochecha. — Eu soube disso no
minuto em que entrei neste quarto e vi como você a estava abraçando.
— Eu prometo cuidar dela. Nunca vou deixar nada assim acontecer
novamente. Eu vou para Las Vegas com ela.
— E quanto ao seu trabalho em Nova York? — Perguntou Craig.
— Eu não vou aceitar. Acho que eu nunca quis esse emprego de
verdade, de qualquer maneira.
— Com licença.
Olhei para a porta, encontrando a policial Glaston parada lá. —
Abraham, posso falar com você por um momento?
— Certo. Estes são a mãe e o irmão de Cheyenne.
Ela acenou com a cabeça. — Como está Cheyenne esta manhã?
— Apagada. A médica disse que demoraria um pouco para a droga sair
do sistema.
— Vamos conversar no corredor, — ela sugeriu.
— Certo. — Segui-a até uma sala de espera vazia.
— Sr. Palmer está apresentando queixa.
— Com licença?
— Ele está entrando com uma acusação de agressão contra você.
— Você só pode estar brincando!
Ela balançou a cabeça. — Receio que não.
— Como ele pode fazer isso? Ele sequestrou minha namorada,
drogou-a e abusou dela sexualmente!
E eu estou sendo acusado? Que tipo de merda de sistema legal vocês
têm aqui?
— O juiz provavelmente rejeitará as acusações alegando legítima
defesa. Mas você não pode deixar o país até que o problema seja
resolvido.
— Quanto tempo isso vai levar?
— Pode levar de alguns dias a várias semanas.
— O quê?!
— Sinto muito, Abraham. Eu preciso que você vá até a delegacia e
entregue o seu passaporte. — Toda a raiva reprimida das últimas doze
horas explodiu do meu corpo. Eu empurrei minha cadeira com tanta
força que ela tombou para trás antes de bater meu punho contra a
parede.
O policial esperou pacientemente enquanto uma ladainha de
palavrões saia da minha boca.
— Está tudo bem? — Craig perguntou da porta.
— Não! Aquele maldito idiota está apresentando queixa contra mim!
E não posso deixar este país de merda até que algum juiz decida que não
fiz nada de errado. Eu!
Aquele filho da puta invadiu nosso trailer e roubou coisas, tentou me
matar, cortou seus pneus, nos perseguiu, drogou minha namorada e
tentou estuprá-la, e eu sou o acusado!
— Isso vai muito além do absurdo, — ele murmurou. — Quando você
precisa que eu vá para a delegacia? — Perguntei à policial.
— Agora, — ela respondeu calmamente.
— Posso ter alguns minutos para falar com Cheyenne?
— Claro.
— Ela está acordada, — disse Craig. — É por isso que vim te procurar.
A médica veio e disse que ela vai ter alta esta manhã.
— Ela não vai querer ir embora sem mim, — eu disse. — Você precisa
levá-la para casa e colocá-la em um avião para Las Vegas. Esta
oportunidade é muito importante. Ela precisa estar lá na segunda-feira.
— Nós vamos garantir que ela chegue lá. Um de nós irá com ela e
ficará lá até que ela se acomode.
Craig levou sua mãe para tomar café, dando-me alguns momentos a
sós com Cheyenne. Puxei uma cadeira para perto da cama e peguei a mão
dela na minha. — Como você está se sentindo, querida?
— Estou bem, — respondeu ela com um sorriso fraco. — Eu só quero
sair daqui e ir para casa. Vou me sentir muito mais segura quando voltar
aos Estados Unidos, onde ele não pode me pegar. Ele ainda está aqui?
Eu balancei minha cabeça lentamente. — Ele está. E eu rachei mesmo
sua cabeça.
— Ele mereceu.
— Sim, ele mereceu. Mas ele ainda tem direitos.
— Do que você está falando, Abe? — ela perguntou, o pânico
crescendo em sua voz.
— Ele está apresentando queixa contra mim.
— O quê?! Como ele pode fazer isso?
— Eu não sei. É fodido. A policial diz que as acusações não vai vingar.
Mas pode demorar algumas semanas até que eu fique livre.
— Você ainda pode ir para Nova York e começar seu trabalho?
— Eu não vou para Nova York. Liguei para eles ontem quando fui dar
a caminhada.
— Oh, Abe, — ela disse, esfregando minha bochecha. — Eu quero que
você venha para Las Vegas, mas apenas se você tiver certeza de que é isso
que você quer.
— Eu quero estar onde você estiver, bebê, — eu disse, beijando-a
suavemente enquanto tentava memorizar o gosto e a sensação de seus
lábios. — Mas eu não posso deixar o país agora. Eu tenho que ir para a
delegacia e entregar meu passaporte.
— Eu não posso deixar você aqui, Abe! — ela chorou.
— Você tem que fazer isso, querida, — eu sussurrei, reunindo-a em
meus braços. — Seja forte. Vá atrás do seu sonho. Você merece isso. É
para isso que você trabalhou tanto.
— Você é meu sonho, — ela soluçou. — Eu não quero ir se você não
estiver lá.
— Olhe para mim, Cheyenne, — eu disse, inclinando o queixo com o
polegar. — E apenas por pouco tempo. Assim que eu estiver livre, eu vou
para você. Eu prometo. Eu te amo, querida.
— E se levar meses? Anos? E se eles te puserem na cadeia?
— Isso não vai acontecer. E eu nunca vou parar de te amar. Prometa-
me que vai esperar por mim? — Ela assentiu em meio às lágrimas. — Eu
vou esperar por você para sempre, Abraham McLean. Eu prometo. Meu
coração pertence a você.
— Ok, querida. Eu tenho que ir. Sua mãe e Craig vão levá-la para casa.
E eu vou te ver em breve.
Eu a beijei com força, nossas bocas colidindo em um frenesi de
desespero emaranhado de língua, sugando os lábios, alheios ao público
do lado de fora da porta aberta. Quando tentei me afastar, ela se agarrou
aos meus ombros.
— Adeus, querida. Arrase em Vegas. — Levantei-me e caminhei até a
porta, lutando contra as lágrimas enquanto ela soluçava atrás de mim.
Craig me deu um tapinha no ombro quando passei por ele e desci o
corredor com a oficial Glaston.
— Espere! — Cheyenne disparou pelo corredor em sua bata de
hospital, os pés descalços voando sobre o chão de ladrilhos.
— Abe! — ela gritou, pulando em meus braços, os efeitos sonolentos
do clorofórmio claramente indo embora enquanto ela praticamente me
derrubou. Ela pressionou seus lábios nos meus, puxando meu cabelo
com tanta força que eu meio que esperava ver uma mecha dele em seu
punho.
— Eu tenho que ir, bebê, — eu disse, colocando-a no chão.
— Você não pode mantê-lo aqui! — ela gritou para a policial Glaston.
— Isso é errado.
— Deixe-me falar com aquele homem. Vou fazer com que ele retire as
acusações. Onde ele está!? Vou chutá-lo nas bolas com tanta força que ele
vai apresentar queixas contra mim também. Então eu posso ficar com
Abe.
— Aposto que ela é uma pistola de verdade na cama, — disse uma voz
profunda com uma risada. — Eu nunca tive a chance de desfrutar dessa
doce boceta. E eu vou ter certeza de que você nunca vai transar com ela
novamente, idiota.
Eu me virei, olhando para o homem na maca que tinha acabado de
sair do elevador.
Um policial caminhava ao lado dele enquanto o porteiro o empurrava
pelo corredor. Palmer olhou para mim, seus olhos negros vazios de
qualquer emoção enquanto ele me provocava.
A raiva inundou minhas veias, penetrando em todos os tecidos do
meu corpo. Cerrei os punhos, sugando o ar em meus pulmões enquanto
eu lutei contra o impulso para cometer assassinato. Ele queria que eu o
atacasse para que ele pudesse apresentar mais queixas.
Olhei para Cheyenne, que estava lutando para ficar longe de seu
irmão.
Se eu quisesse ter alguma chance de deixar o Canadá, eu teria que
controlar minha raiva. Por mais que eu quisesse causar ao desgraçado
muita dor, eu queria mais ainda uma vida com Cheyenne.
— Te odeio! — Cheyenne gritou. — Eu espero que você apodreça no
inferno, seu pervertido tarado!
— Sentirei sua falta também, querida, — ele gritou enquanto o
porteiro o empurrava para dentro de um quarto. — Toda vez que fecho
meus olhos, penso em seus peitos e em sua suculenta boceta.
Craig largou Cheyenne e avançou em direção à porta. O policial o
conteve enquanto ele gritava ameaças. — Você é um homem morto! Você
está me ouvindo, Palmer?
Cheyenne correu em minha direção, envolvendo os braços em volta
da minha cintura. — Por favor, não vá.
— Bebê, eu tenho que fazer isso. Eu não tenho escolha. — Eu me
afastei e olhei em seus olhos enquanto enxugava algumas de suas
lágrimas. — Escute, querida. Você tem que ir com Craig e sua mãe.
— Estaremos juntos em breve. O tempo vai passar rápido. Teremos o
resto de nossas vidas juntos. Ok?

Ela acenou com a cabeça, mas não me soltou. Eu tirei suas mãos do
meu corpo quando sua mãe se aproximou e a puxou em seus braços.
— Vamos, Cheyenne, — Sra. Carson disse suavemente, segurando a
filha com força enquanto me afastava, seus soluços cortando meu peito
como um punhal recém-afiado.
Capítulo 27
CHEYENNE

Abotoei minha jaqueta de chef e coloquei meu chapéu na cabeça. O


aroma hipnotizante de pães e bolos assados flutuava pelas portas da
cozinha. Eu amava aquele cheiro. Eu nunca me cansaria dele.
Eu estava em Vegas há um mês. E nesse curto espaço de tempo, eu
aprendi muito com Chef Waring. Ele foi incrivelmente paciente comigo.
Quando Cheguei, eu estava uma bagunça. Fisicamente e
emocionalmente.
Meu rosto estava inchado e machucado. Eu chorava até dormir todas
as noites. Craig ficou comigo em meu minúsculo quarto no Caesars
Palace durante a primeira semana.
Cozinhar era a terapia de que eu precisava. O Chef Waring me soltou
em sua cozinha de última geração, permitindo-me passar alguns dias
fazendo o que quisesse.
No meu primeiro dia de trabalho, ele me encorajou a falar sobre o que
aconteceu, sentado em um banquinho e ouvindo atentamente enquanto
ele me observava fazer biscoitos, bolos e tortas por horas.
Então ele me mostrou como fazer todas as sobremesas chiques que
vendia em sua padaria.
Abe me ligava todas as noites e me mandava mensagens de texto
várias vezes ao dia. Ele ainda estava no Canadá. Aquele canalha estava
fazendo tudo o que podia para arrastar isso e nos manter separados.
Eu sentia muito a falta de Abe. O tempo e a distância não diminuíram
meus sentimentos por ele. Na verdade, eles estavam mais fortes do que
nunca. Eu esperava que fosse o mesmo para ele.
Mas com o passar das semanas, comecei a me perguntar se algum dia
o veria novamente.
E se ele mudou de ideia, com tanto tempo para pensar? Abe nunca
quis um relacionamento sério. Talvez a realidade tivesse desabado assim
que ele ficou longe de mim.
Ele percebeu que cometeu um grande erro e decidiu que queria voltar
para sua vida de solteiro quando chegasse em casa?
— Cheyenne!
Levantei a cabeça quando o Chef Waring entrou na cozinha. — Tenho
uma tarefa muito importante para você.
— O que é? — Eu perguntei enquanto continuava a estender a massa
para um lote de tortas de frutas.
— Um pedido especial para um bolo de manteiga de amendoim com
chocolate. O jovem está planejando pedir sua namorada em casamento
hoje à noite na minha pâtisserie. — Eu sorri para mim mesma. O Chef
Waring não era francês e suas sobremesas chiques eram americanas, mas
ele gostava de se referir à sua padaria dessa forma. Eu não poderia culpá-
lo.
— Padaria — dificilmente seria uma descrição apropriada para uma
cafeteria chique que vendia biscoitos e tortas de dez dólares, bem como
bolos personalizados que custavam centenas e milhares de dólares.
— Parece um bolo importante. Tem certeza que quer que eu o faça?
— Absolutamente. Se você não puder fazer um bolo simples, então eu
diria que temos um grande problema.
Eu ri. — Ok, Chef. Posso fazer um bolo de chocolate com manteiga de
amendoim. Quão grande?
— Ah, não muito grande. Mais como um mini bolo. É o tipo de bolo
favorito da jovem. Ele quer o anel exibido no topo. — Ele enfiou a mão
no bolso e tirou uma caixa de veludo branco.
Peguei a caixa de sua mão estendida e a abri.
Meu queixo caiu ao chão com a visão do enorme diamante em forma
de pêra. A moldura dupla torcida era forrada com diamantes minúsculos.
— Uau! — Eu suspirei. — É um anel de aparência cara.
— É um anel caro, minha querida. Um anel hera Wang. Olhe mais de
perto. Há duas safiras com corte princesa dentro.
Eu segurei o anel para uma inspeção mais próxima. — Eu não posso
colocar isso em um bolo. E muito caro. E se eu estragar tudo? Ou perder?
— Eu fechei a tampa e devolvi o anel ao Chef Waring.
Ele deu uma risadinha. — Vou ficar com o anel até que você esteja
pronta para isso, — disse ele, colocando a caixa de volta no bolso.
— Deixe-me encontrar outra pessoa para terminar as tortas de frutas.
Eu quero que você comece este bolo. Tem que ser perfeito, Cheyenne.
— Sim, senhor, — eu disse. — Bolo de manteiga de amendoim com
chocolate é o meu favorito também, e eu já fiz muitos. Tá na mão. Vou
fazer para essa garota o bolo mais saboroso que ela já comeu.
— Tenho fé absoluta em você, minha querida.
Ele se afastou com um sorriso malicioso no rosto. O Chef Waring era
uma figura. Seu senso de humor era contagiante na cozinha. Ele ria e
brincava o tempo todo. Todos o adoravam. Como não poderíamos?
*
Eu estava dando os toques finais no bolo do pedido de casamento
quando o Chef Waring apareceu atrás de mim. — Parece fabuloso, minha
jovem protégé.
— Obrigada, — eu disse, sorrindo de alegria enquanto ele estudava
meu bolo.
Eu fiz um bolo quadrado em forma de caixa de anel. A tampa aberta
consistia em uma folha de wafer coberta com chocolate.
Uma generosa camada de cobertura de pasta de amendoim com
chocolate enfeitava o topo, com um bolinho branco chique no centro
para segurar o anel. Pequenas pérolas comestíveis cobriam a base do
bolo.
— Esse tipo de engenhosidade e criatividade é exatamente o que
espero dos meus estagiários e funcionários. Você acertou em cheio,
Cheyenne.
— Obrigada. Eu gostei de fazer isso.
Ele enfiou a mão no bolso e tirou a caixa do anel. — Posso fazer as
honras?
— Sim, por favor. Eu não quero tocar nessa coisa. E muito caro.
Ele pressionou a parte inferior do anel no cupcake. — Isso. Ótimo.
Vamos tirar algumas fotos.
Meu peito se encheu de orgulho enquanto todos na cozinha gritavam
— ooh — e — ahh — sobre o meu bolo. Eu estava fazendo isso. Vivendo
meu sonho de ser confeiteira. Sendo orientada por um chef
mundialmente famoso.
Se ao menos Abe estivesse comigo, minha vida seria perfeita. Suas
mensagens diminuíram nos últimos dias. E quando ligou na noite
anterior, não disse muito. Ele estava se afastando.
Pisquei para conter as lágrimas, não querendo estragar meu momento
de destaque.
— Você está pronta, Cheyenne?
Eu olhei para o Chef Waring. — Pronta para quê?
— Para apresentar o seu bolo à jovem. O cavalheiro está morrendo de
vontade de pedi-la em casamento.
— Eu que vou levar o bolo?
— Claro. Você é a chef. Você não quer aproveitar os frutos do seu
trabalho?
— Sim. Adoraria ver a reação deles ao meu bolo.
— Vamos, então. Eles estão sentados em frente à lareira.
Eu o segui até a sala de jantar, maravilhada com a elegância. Eu só
tinha saído da cozinha algumas vezes, desde que cheguei.
Garçons vestidos de smoking entregavam sobremesas e cafés chiques
para pessoas bem vestidas sentadas em cadeiras douradas. As mesas
estavam cobertas de linho branco com velas pretas altas acesas no centro.
O Chef Waring caminhou até o outro lado da sala, onde o homem
estava sentado de costas para nós. Ele parou antes de chegarmos à mesa,
gesticulando para que eu fosse na frente dele.
— Ela não está na mesa, — eu sussurrei. — Ela deve estar no banheiro.
E melhor esperarmos.
— Ela está aqui, — disse uma voz familiar.
Meu queixo caiu quando Abe se levantou da mesa e se virou. O Chef
Waring pegou o bolo de mim e o colocou na mesa enquanto eu estava lá,
sem palavras, com minha boca aberta.
— Olá, querida, — Abe disse. — Que saudade de você.
— Oh meu Deus, — eu sussurrei. — Por que você não me disse que
estava livre?
— Eu queria fazer uma surpresa para você.
Meu lábio inferior tremeu quando as lágrimas se acumularam.
— Ei, — ele sussurrou, me puxando para seus braços. — O que está
errado?
— Não ouvi muito de você na semana passada e pensei que poderia
ter mudado de ideia sobre nós, ou simplesmente desistido de sair do
Canadá.
— Nunca. Eu te amo, Cheyenne. Nenhuma quantidade de tempo ou
distância poderia mudar isso.
— Espere um minuto, — eu disse quando o choque de ver Abe
diminuiu e a ficha caiu.
Puta merda.
O bolo do pedido de casamento era para mim
E a pedra gigante em cima dele.
— Você encomendou esse bolo?
Ele tirou o anel da capa do cupcake antes de cair sobre um joelho. —
Cheyenne Elizabeth Carson, quer se casar comigo?
Meus joelhos tremeram, uma enorme onda de emoção me lavando
enquanto as lágrimas corriam pelo meu rosto. — Sim. Sim!
Suas mãos tremeram quando ele deslizou aquele anel incrível no meu
dedo.
— Oh meu Deus, — eu sussurrei, olhando para minha mão esquerda
enquanto os diamantes brilhavam intensamente na sala mal iluminada.
Todos comemoraram e aplaudiram. Ele me puxou para seus braços,
nossos lábios se juntando em um beijo apaixonado que enviou choques
de eletricidade do topo da minha cabeça até a ponta dos meus pés.
— Parabéns, — disse o Chef Waring. — Você pode ter o resto da noite
de folga, minha querida. E os próximos três dias, para que você possa
passar um tempo bem merecido com seu noivo.
— Obrigado por tudo, — Abe disse, apertando a mão de meu chefe.
— Você estava envolvido nisso? — Eu perguntei.
— Sim. Seu jovem me ligou e me disse o que tinha em mente. Fiquei
mais do que feliz em oferecer minha ajuda.
— Uau, — eu ri, balançando minha cabeça. — Isso é original. Me
enganando para fazer meu próprio bolo de pedido de casamento.
Ele deu uma risadinha. — Sente-se e aprecie o bolo. Você trabalhou
duro nele. Ele merece ser comido.
Depois que meu chefe desapareceu, nos acomodamos à mesa. Cortei
meu bolo, colocando uma fatia generosa no prato. — Você quer dividir?
Ou posso cortar um pedaço pra você.
Ele estendeu o braço sobre a mesa, pegando minha mão e
entrelaçando nossos dedos. — Eu quero dividir.
Ficamos de mãos dadas, devorando a fatia de bolo sem tirar os olhos
um do outro.
— Você gostou? — Eu perguntei quando ele largou minha mão para
limpar o rosto com um guardanapo.
— Eu amei. Absolutamente perfeito, querida.
— Obrigada. — Eu estudei seu rosto. Ele olhou para mim, seus lindos
olhos azuis brilhando enquanto um largo sorriso se espalhava por seu
rosto.
— Então, — ele disse, juntando nossas mãos novamente. — Um
grande casamento é importante para você?
— Na verdade, não. Nunca fui uma daquelas menininhas que colocam
uma fronha na cabeça e fingem ser noiva.
— Chase e Cam tiveram grandes casamentos na fazenda. Pareceu-me
muito trabalho e despesas por um dia.
— Estou muito feliz em ouvir isso. E sua mãe pensou que
provavelmente você diria isso.
— Minha mãe sabia que você estava vindo aqui para me pedir em
casamento?
— Toda a sua família sabia, — disse ele com um sorriso malicioso.
— É por isso que você não tem ouvido falar muito de mim nos
últimos dias. Eu estava ocupado organizando tudo isso, e estava com
medo de revelar a surpresa se falasse com você por muito tempo.
— Quando você voltou para os Estados Unidos?
— Uma semana atrás.
— Uma semana?!
— Me desculpe por não ter te contado. Me matou, esconder isso de
você. Tudo que eu queria fazer era entrar em um avião e voar para cá,
mas queria que esta noite fosse perfeita.
— Está perfeita, Abe. — Eu levantei minha mão para admirar meu
anel. — Não acredito que você me comprou isso.
Ele pegou minha mão, acariciando meu polegar enquanto olhava nos
meus olhos com tanto amor que minhas entranhas viraram mingau. —
Como você se sentiria em se casar esta noite?
— Hoje à noite?!
— Por que não?
— Acabamos de ficar noivos há dez minutos, — eu disse, rindo
nervosamente.
— Então? Você vai estar ocupada com seu estágio no próximo ano.
— E seu chefe deu a você três dias de folga.
— E por acaso tenho um vestido de noiva no andar de cima do meu
quarto. Que por acaso é a suíte de lua de mel.
— Oh meu Deus! — Eu chorei, cobrindo minha boca com a mão. —
Você quer se casar esta noite?
— Você não? — Ele franziu a testa, uma centelha de pânico piscando
em seus olhos. — Eu te amo, Cheyenne. Eu quero que você seja minha
esposa. Tenha meus bebês. E eu não quero esperar.
— O tempo todo em que estive preso no Canadá, tudo em que pensei
foi em você e na vida que teremos juntos.
— Eu te amo muito, Abe, — eu solucei.
— Case comigo. Esta noite.
— Ok, — eu sussurrei.
— Tem certeza?
— Sim. Sim! Vamos nos casar!
*
Meus olhos varreram nosso quarto de hotel. A suíte de lua de mel.
Banhada pelo brilho das luzes de Las Vegas.
Eu nunca tinha ficado em um quarto tão chique na minha vida.
Tapete de pelúcia e mármore. Um banheiro enorme com jacuzzi e box
amplo. Era muito diferente do minúsculo cômodo que ocupei no mês
passado.
Eu olhei para meu marido. Meu marido ! Abraham McLean. O cara
com quem tenho fantasiado desde os quinze anos. Dormindo
profundamente de costas, seu peito subindo e descendo com respirações
fáceis.
Eu levantei minha mão para olhar para a pedra enorme e a aliança de
ouro branco brilhante que combinava com o anel no dedo de Abe. Ele
tinha pensado em tudo, desde meu vestido de renda branca simples, mas
lindo, aos anéis, licença de casamento e capela.
Tudo combinado antes de ele aparecer na confeitaria e me pedir em
casamento. Ele devia estar confiante de que eu diria sim.
E os votos que ele mesmo escreveu me levaram às lágrimas, as
palavras gravadas para sempre em meu cérebro.
Eu achava que era feliz antes. Contente com a minha vida de solteiro. Eu
não achava que eu precisava de mais nada. E então você entrou na minha
vida.
Eu me apaixonei perdidamente por você e. de repente, eu queria coisas que
nunca quis antes. Uma vida com uma linda mulher ao meu lado.
Crianças, uma minivan, a cerca branca. Tudo.
Não consigo imaginar minha vida sem você.
Acho que aconteceu no dia em que fizemos bungee jumping. Enquanto
estávamos amarrados juntos. Foi quando comecei a me apaixonar de verdade
por você.
Quando eles desamarraram a corda que nos prendia, meu coração e corpo
pareciam frios e solitários. Eu percebi que queria estar amarrado a você para
sempre, bebê. E isso me assustou. Muito.
Eu estava com medo de compromisso. Mas o pensamento da vida sem
você era mais assustador. O mês passado foi um verdadeiro inferno. Estar
longe de você foi uma tortura. Eu sabia que assim que estivesse livre, eu
queria me casar com você.
Você me conhece melhor do que qualquer outra pessoa neste mundo e, de
alguma forma, ainda me ama, apesar dos meus defeitos. Em nossa jornada
pelo Canadá, você foi minha amiga primeiro, depois minha amante, depois
minha namorada.
Hoje, estamos embarcando em uma nova jornada ao começarmos nossas
vidas juntos.
Cheyenne, você é minha melhor amiga, minha parceira, minha amante, e
esta noite você se tornará minha esposa. Eu te amo muito, querida.
Eu prometo amá-la, cuidar de você e protegê-la pelo resto de nossas vidas.
E eu prometo, não importa o que aconteça ao longo de nossa jornada, que
sempre estarei amarrado a você.
A partir deste momento, fazemos todos os nossos grandes saltos em
conjunto. Para sempre. Até morrermos no mesmo dia, envoltos nos braços um
do outro pela eternidade.
Tive uma leve suspeita de que minha mãe o ajudou a escrever. Mas eu
nunca diria isso a ele. Nem jamais mencionaria as lágrimas que vi em
seus olhos enquanto ele lia para mim. Ele ficaria envergonhado.
Abe era um macho alfa, por completo. Tive a sorte de encontrar um
homem como ele, que me amava tanto.
— Bom dia, Sra. McLean, — ele sussurrou.
Virei minha cabeça para encontrá-lo me observando. — Bom dia, —
eu sussurrei, correndo minha palma ao longo de sua mandíbula
desalinhada. — Na verdade, é meio da noite.
— Não faz diferença para mim enquanto eu estiver com você. Durante
os próximos três dias, o tempo não significa nada. É só você e eu. Comer,
dormir, foder, repetir.
Eu golpeei seu braço de brincadeira. — E se eu quiser jogar no cassino
um pouco?
— O que você quiser fazer, é só dizer, bebê. — Enfiei minha mão sob o
lençol, envolvendo meus dedos em tomo de seu pau. Ele latejava,
aumentando imediatamente com o contato. — Agora, eu quero fazer
você.
— Ah, é? — ele perguntou, rolando em cima de mim. — Você não teve
o suficiente do meu pau na noite passada?
— Eu nunca tenho o suficiente de você, Abe, — eu sussurrei,
acariciando sua mandíbula com meu polegar enquanto abria minhas
pernas para acomodá-lo.
— Você diz isso agora, — ele riu, beijando meu nariz. — Espere até
que estejamos casados por alguns anos e tenha um bando de crianças
correndo e gritando. Você pode se sentir diferente.
— Qual é exatamente a sua definição de bando? — Eu perguntei,
inclinando minha cabeça para dar a ele melhor acesso enquanto ele
pressionava beijos de boca aberta no meu pescoço.
— Hmm. Provavelmente seis ou sete.
— Seis ou sete!
— Sim, — ele murmurou contra meu peito enquanto colocava um
mamilo na boca. — Devemos começar a trabalhar logo.
— Da última vez que tivemos essa discussão, você disse quatro ou
cinco filhos. Quando esse número aumentou?
— Eu só estou brincando com você, — disse ele enquanto erguia a
cabeça, os olhos brilhando de diversão. — Quatro é um bom número.
— Quero terminar meu estágio e me estabelecer em algum lugar
primeiro.
— Eu sei, bebê. Por enquanto, vamos apenas treinar.
— Ok, — eu sussurrei, arqueando minhas costas enquanto tentava
alinhar seu pau com a minha entrada. — Você pode me foder agora?
— Caramba. Estamos casados há apenas algumas horas e você já está
mandando em mim.
— Isso mesmo, — eu ri. — Acostume-se com isso.
Ele deslizou dentro de mim, meu canal liso dando boas-vindas a ele
pela quarta vez naquela noite. Eu ia ficar dolorida no dia seguinte, mas
não me importava. Era minha noite de núpcias.
— E isso que você queria, bebê? — ele grunhiu enquanto erguia
minhas pernas sobre seus ombros, permitindo-lhe mergulhar mais
fundo.
— Oh Deus, sim! — Eu chorei quando ele esfregou contra meu ponto
G.
Ele me fodeu com força por alguns minutos antes de soltar minhas
pernas. — Porra, bebê, você é tão gostosa, — ele ofegou enquanto passava
os braços em volta dos meus quadris e me puxava para perto.
Meus mamilos esfregaram contra seu peito enquanto ele empurrava
forte e profundamente. Ele me segurou com força, apoiando meu corpo
flácido depois que meu orgasmo desceu sobre mim, rasgando meu corpo
como um trem de carga.
Ele empurrou para dentro e para fora mais algumas vezes antes de
gozar com um grunhido alto seguido por um suspiro profundo.
— Porra, bebê. Eu amo a sensação de estar dentro de você. — Ele
desabou no meu peito, apoiando seu peso com um de seus braços.
Ficamos assim por muito tempo, nossos corpos ainda conectados.
Ele ergueu a cabeça e olhou nos meus olhos.
— Eu te amo, Cheyenne, — ele sussurrou. — Eu quis dizer cada
palavra que disse em nossos votos de casamento.
— Eu sei disso, Abe. Eu também te amo.
Epílogo
CHEYENNE

Dois anos depois


O aroma celestial de canela permeava o ar enquanto eu puxava uma
grande bandeja de Pãezinhos do forno. Olhei para fora das janelas que
iam do chão ao teto e ocupavam uma parede da minha cozinha.
Quatro navios de cruzeiro eram esperados no porto naquele dia. O
que significava que milhares de turistas passariam pela minha padaria.
O sol apareceu por trás das vastas montanhas, oferecendo esperança
para um lindo dia de verão pela frente. Eram apenas quatro da manhã.
Mas era o Alasca. Não tínhamos escuridão no verão, apenas algumas
horas no crepúsculo.
Depois que completei meu estágio em Las Vegas, nós nos mudamos
para Juneau para uma vida tranquila cercada por montanhas e árvores.
Construímos uma espaçosa casa de toras fora da cidade em um grande
terreno.
Abri minha própria padaria. Era tudo o que eu sempre sonhei e muito
mais. Abe fazia trabalhos de fotografia freelance e ajudava no lado
comercial da padaria.
Apoiei minha mão no balcão e esfreguei minhas costas doloridas.
Estava se tomando um desafio ficar horas na cozinha assando. Mas eu
nunca admitiria isso para Abe. Ele era um idiota superprotetor.
Eu gritei quando uma dor aguda rasgou minha barriga.
— Você está bem, Cheyenne?
Eu olhei para a minha assistente de confeitaria. — Estou bem, Amelia.
Apenas contrações de treinamento. Nada demais. Por favor, não diga
nada para Abe. Ele enlouquece com tudo.
— Eu sei, — ela riu. — Ele embalaria você em plástico-bolha se
pensasse que poderia escapar impune.
— Sim, ele faria. — Eu estremeci quando outra contração cortou meu
útero.
— Cheyenne, você não está bem, — disse ela. — Vou chamar seu
marido.
— Essa é provavelmente uma boa ideia, — eu gemi enquanto o fluido
escorria pelas minhas pernas. — Acho que minha bolsa acabou de
estourar!
— Oh meu Deus! — ela gritou.
— Você pode, por favor, encontrar Abe? — Eu perguntei enquanto me
abaixava em uma cadeira.
— Sim!
Eu balancei minha cabeça quando ela saiu correndo da cozinha. Ela
reapareceu um momento depois com Abe em seu encalço. Ele correu
para mim. — Oh meu Deus. Você está bem? Sua bolsa estourou? De
quanto em quanto tempo estão as contrações?
— Sim, sim, e próximas! — Eu choraminguei, me preparando para
outra contração. — Provavelmente deveríamos ir para o hospital.
— Ele é adorável. Absolutamente perfeito. — Eu olhei para meu filho
enquanto ele dormia pacificamente em meus braços. — Parece o pai dele.
— Você acha? — Abe perguntou, olhando para o cobertor.
— Ah, sim. Ele é você todinho.
— Bem, é melhor começarmos a fazer para ele uma irmã que se pareça
com você.
Eu bufei. — Muito engraçado.
— O quê?
— Acabei de tirar uma criança de quatro quilos da minha vagina.
Nada vai entrar lá por um tempo.
— Eu não quis dizer agora, boba. Eu acabei de assistir você empurrar
uma criança de quatro quilos para fora de lá. Essas imagens precisarão
desaparecer antes que eu me familiarize novamente com essa parte do
seu corpo.
— Abe!
— Eu só estou brincando, bebê. Assistir você dar à luz meu filho foi a
coisa mais incrível que já testemunhei.
Ele deslizou para a cama ao meu lado, envolvendo o braço em volta
dos meus ombros enquanto observávamos nosso bebê dormir. Eu
descansei minha cabeça em seu ombro.
— Obrigado, Cheyenne.
— Por quê?
— Por se apaixonar por mim e me mostrar que eu era capaz de ter
algo que meus pais nunca tiveram: um casamento feliz e uma família.
— Estou feliz por termos nosso 'felizes para sempre'.
— Eu também.
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