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Os elementos do comportamento

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Ao mudar os seus comportamentos, você pode mudar toda a sua vida. O mais interessante é
que, de certo modo, você já sabe disso, não é mesmo? O que talvez ainda não saiba é que
existem somente 3 variáveis que direcionam esses comportamentos.

O modelo criado por Fogg pode ser a chave que você precisa para desvendar esse mistério. O
autor se fundamenta em princípios que demonstram como esses elementos trabalham juntos e,
assim, conduzem as nossas ações.

Para tanto, é preciso analisar como um determinado comportamento ocorreu. Portanto, você
pode deixar de botar a culpa pelo seu comportamento em coisas erradas, como autodisciplina
e caráter.

É altamente recomendável criar um *design* capaz de gerar mudanças em seu próprio


comportamento e, também, no de outras pessoas. Segundo Fogg, um comportamento ocorre
quando os 3 elementos: Motivação, Capacidade e *Prompt* (MCP) convergem em um mesmo
instante.

Só para exemplificar, *prompt* é o estímulo para adotar um dado comportamento. Capacidade,


por sua vez, é a possibilidade de adotar esse comportamento. Por fim, a motivação é o desejo
de incorporá-lo em seu dia a dia.

Motivação: foco no ajuste


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Muitos acreditam que, para melhorar seus comportamentos, tudo depende de escolha e
autonomia. Eles creem que, se pudessem achar uma fonte de motivação adequada, fariam o
que devem fazer.

Esse infeliz raciocínio coloca toda a responsabilidade sobre os seus ombros, pois, tudo
dependeria de sua capacidade de se automotivar. Fogg deseja mudar isso. Ele quer que os
seus leitores estejam cientes de que, ao se concentrarem apenas na motivação, ignorarão 2
elementos centrais que impulsionam o comportamento: *prompt* e capacidade.
Suponhamos que alguém lhe faça a seguinte proposta: “se você reduzir imediatamente os
níveis de glicose em seu sangue para patamares normais, receberá 1 milhão de dólares.

Ora, essa quantia é uma grande motivação, não é mesmo? Porém, você alcançaria esse
resultado instantaneamente? Provavelmente não. A motivação, tomada isoladamente, não
produz nenhum efeito positivo.

Você não alcançará suas aspirações ou terá bons resultados contando, exclusivamente, com
altos níveis de motivação. Todavia, se tende a focar somente na motivação, fique tranquilo:
você não é o único.

O que nosso autor propõe é a consciência de que não podemos confiar somente nesse fator
para promover mudanças realmente duradouras. Caso contrário, não conseguirá sustentá-las,
projetá-las ou modificá-las com segurança.

Capacidade: aumente suas habilidades


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Quando você é o melhor em uma determinada área, as tarefas de execução se tornam mais
fáceis. Sempre que você aprimora suas habilidades, sua capacidade também é aumentada. A
forma pela qual você eleva as suas habilidades dependerá do comportamento adotado.

Dito de outra forma, isso pode significar ter aulas, solicitar dicas de amigos ou fazer pesquisas
*online*. Ademais, você pode incrementar as suas habilidades ao repetir o mesmo
comportamento por várias vezes.

O livro “A mágica da arrumação”, de Marie Kondo, por exemplo, ensinou aos leitores a arte
oriental de colocar ordem em sua vida e em seu lar. A obra se tornou um dos livros mais
vendidos no mundo, não porque se concentra em motivar os indivíduos a manter suas
residências limpas, mas se dedica a ensinar como organizar tudo.

Nesse sentido, aprimorar habilidades pode implicar em praticar flexões de braço, fazer um
curso acerca da utilização de diferentes facas ou contratar um *coach*. Seja como for, todas as
ações de melhoria parecem naturais quando você está no ápice de uma “onda de motivação”,
utilizando os picos de energia diários a seu favor.

O problema é que essas ações tendem a ser isoladas. Reflita: se elas facilitam a incorporação
de futuros comportamentos saudáveis, por que não praticá-las quando estiver se sentindo
sempre cheio de energia?

Por exemplo, se você terminar essa leitura e se sentir empolgado para fazer exercícios físicos.
Este seria um excelente momento para buscar vídeos na internet a respeito da modalidade
adequada, aproveitando que sua motivação está alta.

Agora que chegamos à metade da leitura, você conhecerá o último elemento do modelo MCP
de *design* de comportamento, aprenderá a desenrolar hábitos ruins e, também, como mudar
em conjunto.

Prompts: o poder do depois


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Os *prompts* são, de acordo com o autor, guias invisíveis em nossas vidas. Diariamente,
acontecem centenas deles. Todavia, mal os notamos. Na maioria das ocasiões, simplesmente
entramos em ação.

Você acelera quando o sinal fica verde no trânsito. Você come quando alguém oferece uma
amostra de queijo em um supermercado. E, também, você abre as notificações de novos
e-mails que surgem na tela de seu computador.

Há *prompts* orgânicos: quando você sente algumas pequenas gotas de chuva caírem no
ombro e, então, abre o seu guarda-chuva. Existem *prompts* projetados: quando é disparado
um alarme de fumaça, você abre as janelas.

Entretanto, seja projetado ou orgânico, o *prompt* diz: “tal comportamento foi colocado em
prática agora”. O mais importante, para Fogg, é que nenhum tipo de comportamento se
estabelece sem que exista um *prompt.*
Evidentemente, podemos confiar que os indivíduos reagirão aos *prompts* quando estiverem
capacitados e motivados. É exatamente isso que confere tanto poder a eles: o *timing* certeiro.

*Designers* que desenvolvem *apps* para *smartphones* e jornalistas que fabricam


manchetes “caça-cliques” sabem bem disso. Há uma razão pela qual muitas pessoas se
sentem tentadas a clicar em aplicativos com um número vermelho, bem pequeno, em seu
ícone. Tal recurso foi projetado especificamente para nos fazer agir e chamar nossa atenção.

Os anunciantes sabem que, se conseguirem reunir um motivador a um *prompt* (como no


clássico exemplo: “clique aqui e ganhe um prêmio”), uma quantidade ainda maior de pessoas
reagirá.

Não obstante, caso não exista um *prompt*, não existirá um comportamento decorrente, por
mais que existam altos índices de capacidade e motivação. Você, talvez, queira usar um app
de meditação que baixou anteontem, porém, como não houve *prompt*, acabou esquecendo-o.

O autor sustenta que a vida está repleta de quantidades esmagadoras de *prompts*


indesejáveis. Felizmente, há muitos que, de fato, desejamos. Contudo, a maioria age no “modo
automático”, a partir desses *prompts* invisíveis.

Ao mesmo tempo, as pessoas lutam desesperadamente para se lembrarem de fazer as coisas


que sempre se esquecem. Caso a sua mesa esteja coberta de *post-its*, o seu celular cheio de
lembretes constantes e, apesar disso, você não conseguir fazer o que quer, então, chegou a
hora de retomar o poder dos *prompts*.

Para projetar *prompts* em sua vida e, simultaneamente, excluir outros, Fogg recomenda,
inicialmente, selecionar o comportamento adequado e, depois facilitar a sua execução.

Neste ponto, você estará apto a progredir para etapa seguinte, qual seja, projetar bons
*prompts* para os comportamentos desejados. Isso é de extrema importância, portanto, não
entregue os *prompts* ao sabor do acaso. Para completar o *design* dos seu comportamento,
o autor recomenda seguir 5 passos:
2. Definir claramente a sua aspiração;

4. Explorar as opções de comportamento disponíveis;

6. Ajustar-se aos comportamentos escolhidos;

8. Começar micro;

10. Encontrar bons *prompts*.

Nesse modelo, a capacidade e a motivação existem em gradação. Os *prompts*, entretanto,


“são preto no branco”. Em outras palavras: você os percebe ou não. E, caso não perceba um
*prompt* (ou se ele surgir no momento errado), os comportamentos não serão postos em
prática.

Assim, os *prompts* são elementos cruciais para o seu sucesso. De tal sorte que projetar bom
*prompts* é uma parte fundamental no pensamento de Fogg: “ajudar as pessoas a fazerem o
que elas já desejam fazer”.

Desenrolando os hábitos ruins


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Do mesmo modo como acontece com hábitos positivos, existem maus hábitos que,
afortunadamente, são fáceis de alterar e outros mais difíceis. Basta prestar atenção à
linguagem que costumamos utilizar ao chegarmos ao extremo “difícil” desse espectro: “lutar
contra vícios e acabar com maus hábitos.

Inconscientemente, aceitamos a ideia de que os comportamentos indesejados são como vilões


terríveis que devem ser derrotados de maneira agressiva. No entanto, esse tipo de linguagem
(com as abordagens que ele desencadeia) delimita esses desafios de um modo que não é
eficaz e, tampouco, útil.

O autor expressa a sua vontade de que paremos de utilizar, sobretudo, a expressão: “acabar
com os hábitos ruins”. Isso porque essa expressão consegue iludir as pessoas.
O termo “acabar” descreve uma expectativa errônea de como nos livramos dos maus hábitos.
Tal palavra sugere que, se nos esforçarmos bastante, em um dado momento, os hábitos
desaparecerão.

Mas, isso raramente funciona, pois, de modo geral, ninguém consegue abandonar um hábito
indesejável fazendo força apenas uma única vez. Fogg sugere que, em vez de “acabar”,
utilizemos uma analogia e uma palavra diferentes.

Considere uma corda bem emaranhada, repleta de nós: é dessa forma que devemos imaginar
os maus hábitos, como procrastinação e estresse. Esses nós não podem ser desatados ao
serem todos puxados.

O ato de puxar a corda, certamente, apenas piorará a situação a longo prazo. É altamente
recomendável desembaraçar essa corda imaginária por etapas. Tenha em mente, ainda, que
não é indicado focar nas partes mais difíceis primeiro.

Isso porque o emaranhado mais complexo está, precisamente, dentro do nó. Logo, você deve
adotar uma abordagem sistemática, a fim de encontrar os nós mais fáceis de desatar.

Como mudar em conjunto


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Há 3 abordagens centrais quando a mudança de comportamentos de um grupo está em pauta.


É possível projetar alterações em seu próprio comportamento, visando se distanciar de
influências negativas e coletivas.

Em segundo lugar, você pode operar em equipe para projetar mudanças no comportamento de
todo o grupo. E, por último, existe a opção de projetar mudanças para terceiros (desde que os
beneficiem).

Ao utilizar os métodos propostos por Fogg, você poderá ser uma força positiva, inclusive, na
vida das pessoas. Para transformar todo um grupo, basta um indivíduo atencioso e habilidoso,
ou seja, você.
Nosso autor recomenda cautela: não tente começar mudando o país inteiro. Desenvolva suas
habilidades por meio de micro-hábitos, agindo sobre a sua família, amigos ou equipe de
trabalho.

Ou seja, escolha uma unidade inicial de mudança para que, ao assumir a função de designer
de comportamentos, você seja capaz de projetar serviços e/ou produtos que ajudem a família
toda a mudar em conjunto.

Notas finais
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Cumpre ressaltar, por fim, que a qualidade de nossas vidas depende, em grande medida, das
decisões tomadas diariamente. Afinal, decidimos como gastaremos nosso tempo e como
trataremos aos outros e a nós mesmos.

Infelizmente, na atualidade, as pessoas demonstram maiores níveis de amargura e, também,


de depressão do que em qualquer outro momento da história. Como uma comunidade global,
seguimos desconectados, na prática, uns dos outros.

Para consertar essa situação, é imprescindível fazer uma escolha consciente: abraçar os
desejos que nos fazem bem. Para Fogg, os hábitos são a melhor forma de atingir esse objetivo
tão importante.

Dica do 12’
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Gostou do microbook? Então, leia também “[O poder da simplicidade no mundo


ágil](https://12min.com/br/o-poder-da-simplicidade-no-mundo-agil-resumo)” e saiba como
desenvolver as habilidades e competências necessárias para obter mais resultados com menos
trabalho.

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