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DISTRITO URBANO DO BENFICA – TALATONA – LUANDA | APONTAMENTOS MÍNIMOS DE LÍNGUA PORTUGUESA | 11ª CLASSE

APONTAMENTOS MÍNIMOS DE LÍNGUA PORTUGUESA 1

Texto lírico
Texto lírico: aquele que se caracteriza pela linguagem
que utiliza, recursos estilísticos a que recorre e
musicalidade que transmite.
Poema: texto poético composto em versos.
Verso: linha de sentido completo ou que constitui uma
unidade rítmica dum poema.
Refrão ou estribilho: verso ou agrupamento de versos
que se repete ao final de cada estrofe.
Estrofe: conjunto de versos que formam unidade
gráfica e de sentido.
Rima: qualidade de sons no final ou no meio de cada verso.
Metro: quantidade de sílabas poéticas de um verso.
Escansão: divisão do verso em sílabas métricas.
Acento: tom de voz que se utiliza ao pronunciar as sílabas das palavras dos versos.
Ritmo: cadência que resulta da alternância harmónica entre sílabas acentuadas e átonas.
Entoação: modulação variada na voz de quem recita os versos ou fala.
Pausa: sinal que indica interrupção temporária no som ou na entoação.
Cesura: pausa depois das sílabas tónicas, no interior do verso, e que permite dividir grupos fónicos longos.
Versificação: conjunto de técnicas que regem a estrutura ou organização de um poema.

Estrofe quanto à medida dos versos:


. simples: possui versos com a mesma medida (métrica);
. composta: possui versos com medidas diferentes;
. livre: agrupa versos sem nenhum rigor métrico (e, em regra, sem rima).
Estrofe quanto ao número de versos:
VERSOS/ CLASSIFICAÇÃO DA VERSOS/ CLASSIFICAÇÃO DA
ESTROFE ESTROFE ESTROFE ESTROFE
1 monóstico 7 septilha ou sétima
2 dístico ou parelha 8 oitava ou octástico
3 terceto ou trístico 9 nona
4 quarteto ou quadra 10 décima ou década
5 quintilha ou quinteto + de 10 irregular
6 sextilha ou sexteto
Verso quanto ao número de sílabas métricas:
SÍLABAS/ VERSO CLASSIFICAÇÃO DO VERSO S/ V CLASSIFICAÇÃO DO VERSO
1 monossílabo 7 heptassílabo ou redondilha maior
2 dissílabo 8 octossílabo
3 trissílabo 9 eneassílabo
4 tetrassílabo 10 decassílabo
5 pentassílabo ou redondilha menor 11 hendecassílabo
6 hexassílabo ou heróico quebrado 12 dodecassílabo ou alexandrino

1
Estes “Apontamentos Mínimos de Língua Portuguesa” não substituem o Manual/Sebenta oficial da disciplina intitulado
“Caderno de Língua Portuguesa”. Os Apontamentos Mínimos são apenas um guia básico que pode facilitar durante as aulas na
sala de aula, evitando o desperdício de tempo com ditados e tornando a aula mais prática que teórica. Todavia, após a aula o aluno
pode aprofundar o tema estudado através de sua Sebenta, em casa, que possui mais detalhes sobre cada conteúdo apresentado
incluindo exemplos práticos. Dependendo das condições da turma e da disponibilidade do professor, pode-se coordenar a criação
de uma turma virtual, pelo WhatsApp ou equivalente, através do qual os alunos entre si e o professor, e vice-versa, podem interagir
de forma efectiva e produtiva. A Sebenta “Caderno de Língua Portuguesa” foi feita pensando somente nas suas aulas. Contacte
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Verso quanto métrica:


. isométricos: possuem medida igual;
. heterométricos: apresentam medidas diferentes.
Rima quanto à disposição ou ligação entre os versos:
Versos não rimados: soltos ou brancos (não obstante, podem apresentar medida).
Versos rimados:
. monorrimos: possuem uma única rima;
. emparelhados ou rima emparelhada: rimam dois a dois, o 1º verso com o 2º, o 3º com o 4º e assim
sucessivamente: aabb;
. cruzados ou alternados ou rima cruzada: rimam alternadamente: abab;
. interpolados ou rima interpolada: separados por dois versos ou mais de rima diferente: abba;
. encadeados ou rima encadeada: a última palavra rima com o meio do verso seguinte;
. leoninos ou rima interior: a última palavra rima com o meio do mesmo verso;
. misturados: não têm ordem determinada entre as rimas.
Rima quanto ao acento dominante:
. agudos ou rima aguda ou oxítonos ou masculinos: a rima acontece entre palavras oxítonas ou
monossilábicas;
. graves ou rima grave ou paroxítonos ou femininos: a rima acontece entre palavras graves ou paroxítonas;
. esdrúxulos ou rima esdrúxula ou proparoxítonos: a rima acontece entre palavras esdrúxulas ou
proparoxítonas; (são versos terminados por palavras esdrúxulas ou proparoxítonas).
Ex.: mágico/ trágico, fábula/ tábula
Rima quanto à correspondência dos sons:
. consoante ou soante ou pura ou total ou perfeita: correspondência de vogais e consoantes;
. toante ou vocálica ou assonante ou parcial ou imperfeita: correspondência só de vogais.
Rima quanto às palavras que rimam:
. pobre: correspondência de sons de palavras da mesma categoria gramatical ou com terminações demasiado
frequentes;
. rica: correspondência de sons de palavras de diferente categoria gramatical; quando a rima acontece entre
palavras de classes gramaticais diferentes.

Subgéneros da poesia
Écloga: pequeno poema pastoril que apresenta, na maioria das vezes, a forma de um diálogo entre pastores ou de um
solilóquio.
Canção: poema que exprime admiração ou entusiasmo por algo ou alguém; composição poética destinada a ser
cantada ou acompanhada com instrumentos musicais. Quanto ao assunto, a canção pode ser de tipo amoroso,
filosófico, satírico ou amoroso.
Ode: poema escrito em estilo elevado apresentando como temas a exaltação de cidadãos ou acontecimentos da vida
pública, os prazeres da existência, os encantos da vida rústica e reflexões filosóficas ou morais.
Hino: poema composto em honra de uma divindade, de uma personalidade excepcional ou de um ideal cívico ou
patriótico.
Elegia: composição lírica inspirada por algum acontecimento triste, como uma morte ou uma despedida.
Epigrama: dito espirituoso, breve e incisivo, que pode ter forma poética.
Epitáfio: em geral, são versos escritos em túmulos para homenagear pessoas ali sepultadas.
Madrigal: como composição lírica, manifesta um sentimento subjectivo; pela espécie de sentimento, expressa um
galanteio dirigido à formosura da mulher; pelo tratamento, é gracioso e leve. Exprime um pensamento fino, terno ou
galante e que, em geral, se destina a ser musicada.
Acalanto: cantiga para embalar crianças.

Formas poéticas fixas


Trova: poema autónomo de quatro versos em redondilha maior.
Vilancete: composição poética que se origina de um mote pequeno desenvolvendo-se depois nas coplas (estrofes) da
glosa ou volta e se constituindo do metro tradicional (redondilha menor ou maior).
Sextina: composição poética constituída por seis estrofes de seis versos (sextilhas) e um terceto a fechar. É uma forma
poética complexa, em que existe a repetição de palavras em posição diferente, de estrofe para estrofe.
Balada: canção popular de ritmo lento com uma narrativa, constituída, geralmente, por três estrofes com o mesmo
tipo de rima e seguidas por um fecho ou conclusão.
Soneto: poema composto por 14 versos. Pode ser apresentado em três formas de distribuição dos versos:
- Soneto italiano ou petrarquiano: apresenta dois quartetos e dois tercetos;
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- Soneto inglês ou Shakespeariano: três quartetos e um dístico;


- Soneto monostrófico: apresenta uma única estrofe de 14 versos.
- Soneto estrambótico ou irregular: apresenta mais de 14 versos, um acréscimo geralmente de 3 versos.
Haicai: poema pequeno de apenas três versos que segue algumas normas: a) o 1º e o 3º versos são redondilhas
menores e o 2º é uma redondilha maior, com 17 sílabas métricas ao todo; b) os versos podem ser rimados ou não; c)
fala directa ou indirectamente sobre a natureza, representada pelas estações do ano; d) reflecte um momento vivido
pelo poeta; e) linguagem simples; f) não tem título.
Quadra popular: composição poética constituída de quatro versos rimados, normalmente 2º com o 4º versos.
Décima: improviso com canto lento, próximo a uma declamação, com estrofes de 10 versos. Sua estrutura é a
seguinte: rima abbaaccddc, com versos heptassílabos ou octossílabos.
Acróstico: poema em que letras dos versos, as primeiras, no sentido vertical, formam o nome de pessoa ou uma frase
ou apenas uma palavra.
Rondel: poema composto de treze versos, distribuídos em três estrofes, sendo duas quadras seguidas de uma quintilha,
de forma que os dois primeiros versos da primeira quadra se repetem no final da segunda, e o primeiro verso da
quadra inicial repete no fecho da quintilha, assim: ABab / abAB /abbaA.

Figuras de estilo
Figuras de estilo: desvios em relação ao uso corrente da língua com o objectivo de embelezar e conferir
expressividade ao que se diz e ou se escreve.

Figuras de estilo em nível fónico


Aliteração: repetição intencional de sons consonânticos dentro da mesma palavra ou em várias palavras seguidas.
Assonância: repetição intencional dos mesmos sons vocálicos.

Figuras de estilo em nível morfossintáctico


Anáfora: repetição, no início de frases ou de versos sucessivos, de uma palavra ou grupo de palavras.
Assíndeto: omissão das conjunções entre as palavras ou frases sucessivas.
Elipse: omissão de uma palavra ou palavras que se submetem facilmente.
Enumeração: apresentação sucessiva de vários elementos da mesma classe gramatical.
Hipérbato: inversão da ordem habitual das palavras na oração ou da ordem das orações no período.
Interrogação retórica: pergunta para qual não se espere resposta, cujo objectivo é dar vivacidade ao discurso, criar
expectativa.
Paralelismo: repetição da mesma estrutura frásica.
Polissíndeto: repetição intencional de conjunções; é o contrário do assíndeto.
Quiasmo: existência de quatro elementos dispostos dois a dois, segundo uma estrutura cruzada.
Repetição: repetição de palavras para intensificar ou reforçar uma ideia, ou exprimir a duração de alguma coisa.
Zeugma: omissão de algum termo contido numa proposição anterior.

Figuras de estilo em nível semântico


Alegoria: série de metáforas, comparações, imagens, utilizadas para concretizar um pensamento ou uma realidade
abstracta.
Antítese: apresentação de um contraste ou oposição entre duas ideias ou duas coisas.
Apóstrofe: chamamento ou interpelação de pessoas ou de alguma coisa personificada.
Comparação: consiste em estabelecer uma relação de semelhança por meio da conjunção como ou de outra expressão
equivalente, ou de verbos que sirvam para comparar.
Eufemismo: expressão de uma ideia ou uma realidade desagradável de uma forma atenuada, mais suave.
Gradação: trata-se de uma enumeração em que se verifica uma progressão de sentido crescente ou decrescente.
Hipálage: inversão de sentido em que se transfere para uma palavra uma característica que, na realidade, pertence a
outra.
Hipérbole: emprego de termos exagerados, a fim de pôr em destaque determinada realidade. É uma das figuras mais
comuns na linguagem corrente.
Ironia: consiste em exprimir uma ideia dizendo precisamente o contrário.
Metáfora: substituição de um termo por outro, com o qual apresenta semelhanças. É uma espécie de comparação
abreviada, porque não está presente a palavra ou expressão comparativa.
Imagem: recurso a aspectos sensoriais para, a partir daí, provocar uma forte evocação afectiva e os seus consequentes
efeitos sugestivos e emocionais.
Metonímia: substituição de um termo por outro com que está em íntima ligação.
Oximoro: ligação de dois termos que se esclarecem, mutuamente.
Perífrase: designa algo ou alguém de um modo mais descritivo, alongado e enfático e não pelos termos habituais, ou
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seja, diz por muitas palavras o que poderia ser dito por poucas.
Personificação: atribuição de propriedades humanas a animais, coisas ou ideias.
Pleonasmo: consiste em reforçar uma ideia pela repetição de palavras com significado idêntico.
Sinédoque: consiste em tomar a parte pelo todo ou vice-versa, o singular pelo plural ou vice-versa.
Sinestesia: mistura de sensações que pertencem a sentidos diferentes.

Comunicação
Comunicação: acto de transmitir e receber mensagem pela utilização de sinais e de símbolos.
Objectivos da comunicação:
. exprimir sentimentos;
. aconselhar, persuadir, fazer um pedido, dar uma ordem;
. dar informações;
. estabelecer, manter ou cortar o contacto;
. criar uma impressão de beleza.
Comunicação unilateral: estabelecida de um emissor para um receptor sem reciprocidade.
Comunicação bilateral: estabelecida com a alternância de papéis entre o emissor e o receptor realizando-se assim,
um intercâmbio de mensagens.
Ruído: tudo aquilo que perturba a perfeita transmissão e recepção da mensagem.
Redundância: existência, numa mensagem, de um número de elementos maior do que o estritamente necessário à
transmissão de um conteúdo informativo.
Cacofonia: má sonância resultante da disposição das palavras.
Hiato: dissonância resultante do emprego de vogais sucessivas.
Eco: repetição seguida dos mesmos sons.
Colisão: sequência de consoantes ásperas.

Elementos da comunicação:
. emissor ou locutor;
. receptor ou interlocutor;
. mensagem;
. código;
. canal;
. contexto: situacional, referencial, verbal.

Funções ou papéis da linguagem


Informativa ou referencial: o emissor procura basicamente informar; as palavras são usadas no seu sentido
denotativo. A mensagem centra-se na informação que o emissor transmite ao receptor. Predomina em jornais, livros
didácticos e científicos.
Emotiva ou Expressiva: revela a atitude do emissor perante a mensagem que produz, caracterizando-se pela
expressão de sentimentos e emoções. O discurso centrado no eu estaria impregnado de uma função expressiva.
Apelativa: o emissor pretende agir sobre o receptor, quer movê-lo a uma determinada acção, atitude, comportamento.
O discurso centrado no tu estaria impregnado de uma função apelativa.
Poética: o emissor aproveita a própria mensagem, nos sons, nas palavras, para sugerir, ampliar impressões… está
presente em textos de natureza muito diversa, mesmo nas produções verbais mais correntes.
Fática: emissor e receptor procuram verificar se o canal de comunicação funciona e se mantém o contacto entre os
dois participantes do acto comunicativo.
Metalinguística: emissor e receptor usam o código com o mesmo conteúdo semântico e sempre que se estuda a
língua através da língua. O dicionário é um exemplo típico desta função.
Jakobson, fez corresponder a cada um dos seis elementos da comunicação uma determinada função ou papel.
Assim…
... ao destinador (emissor ou locutor), fez Jakobson corresponder uma função emotiva (ou expressiva);
… à mensagem corresponderia uma função poética (ou estética);
… ao destinatário, uma função conativa (ou apelativa);
… ao contexto, uma função referencial (denotativa ou informativa);
… ao código, uma função metalinguística;
… ao canal, uma função fática.

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Língua
Língua: sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade.
Vocabulário: conjunto de palavras que ocorre num determinado contexto ou numa área específica de saber, como
profissional, científica ou técnica.
Código oral e código escrito
CÓDIGO ORAL CÓDIGO ESCRITO
O emissor, que está presente fisicamente, utiliza
sobretudo frases curtas; são frequentes as O emissor normalmente está ausente.

repetições, hesitações e exclamações de palavras
e as formas contraídas.
As orações são comumente ligadas por As orações são comumente ligadas por

coordenação. subordinação.
3ª Entoação, pausas na voz, ritmo da fala, gestos. Sinais de pontuação, ritmo da escrita.
Menos rigor no cumprimento das regras Frases mais longas e aperfeiçoadas com

gramaticais. vocabulário escondido, maior rigor gramatical.
5ª Bordões de fala (digamos, justamente…) ---

Registos de Língua
Língua padrão ou norma ou registo corrente: base comum que se converte num código conhecido e partilhado
por todos os falantes de uma mesma comunidade linguística, permitindo a comunicação entre todos. Em relação à
norma ou registo corrente, cada um dos outros registos constitui um desvio, uma variação.
Registo familiar: emprega-se em situações informais (em família, com amigos…), não se afastando muito da língua
corrente. Faz uso de vocabulário e sintaxe simples e pouco variados.
Registo cuidado: emprega-se em situações mais formais (em discursos parlamentares, em conferências…). Usa um
vocabulário mais seleccionado e uma construção frásica mais elaborada.
Registo popular: este registo está geralmente associado a um baixo grau de instrução; faz uso de um vocabulário
muito próprio, afastando-se frequentemente das regras da gramática normativa. O registo popular pode recorrer a
regionalismos, gíria e calão.
Regionalismos: usos da língua característicos de determinada região, em nível do vocabulário, da construção frásica,
da pronúncia.
Gíria: código construído por determinados grupos sociais ou profissionais (por exemplo, a gíria futebolística e a gíria
académica), sendo dificilmente compreendido por quem não pertence ao grupo.
Calão: caracteriza-se pela utilização de termos considerados grosseiros ou obscenos.

Texto
Texto: conjunto de frases relacionadas entre si que formam um todo com sentido.
Um texto, para ser texto, deve ter, pelo menos, as seguintes propriedades:
Adequação: uso dos vários registos de linguagem mobilizados. Fala-se de adequação de um texto, quando quem
fala ou escreve produz um enunciado que está em sintonia com a sua cultura, com a cultura daquele a quem se dirige,
com as exigências do contexto em que se encontra etc.
Coerência: organização estruturada da informação que o texto contém. Diz-se que um texto é coerente quando
aquilo que ele transmite está de acordo com o conhecimento que cada falante tem do mundo e quando nele são
respeitados três princípios gerais: o princípio da não contradição, que assegura que, num texto, as situações
representadas não sejam logicamente incompatíveis; o princípio da não tautologia, que garante a ausência de
repetições de informação desnecessárias; o princípio da relevância, que obriga a que as situações representadas
estejam relacionadas entre si.
Coesão: eficiente uso de mecanismos linguísticos que ligam as várias ideias. Os fragmentos de um texto (coeso) estão
ligados entre si, isto é, estabelecem entre eles determinadas relações através de uma série de mecanismos,
fundamentalmente linguísticos.
Progressão temática: avanços na informação prestada pelo texto. Sem progressão temática, o texto torna-se
repetitivo, enfadonho, desinteressante, soporífero, sebáceo.

Texto não literário e texto literário


Texto não literário: informa sobre um acontecimento de modo objectivo, seguindo a norma e com carácter utilitário.
Texto literário: usa uma linguagem subjectiva e conotativa, recria uma realidade, afasta-se da norma tornando-se mais
difícil de ser compreendido.
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Formas naturais de literatura


As formas naturais de literatura são três: narrativa, lírica e dramática.
Forma narrativa: valoriza a acção que deve ser contada.
Forma lírica: valoriza o sentimento que deve ser expresso.
Forma dramática: valoriza a acção que deve ou pode ser representada.

Prosa e poesia
Prosa: forma de discurso oral ou escrito que não obedece às normas da métrica e da rima; genericamente, trata-se da
forma de escrever em linhas contínuas.
Poesia: composição em que se exprimem emoções ou sentimentos segundo uma organização rítmica das palavras,
aliada a recursos estilísticos e imagéticos.

Fonética
Fonética: estuda a natureza física da produção, propagação e percepção dos sons da fala. Subdivide-se em fonética
articulatória, acústica e perceptiva.
Fonética articulatória: estuda os movimentos do aparelho fonador, aquando da produção dos sons, ou seja, da
emissão da mensagem.
Para que haja produção dos sons característicos da fala humana é necessário estarem reunidas três condições: corrente
de ar, obstáculo à corrente de ar e caixa de ressonância. Estas condição são reunida pelo aparelho fonador humano,
constituído pelas seguintes partes: pulmões, brônquios, traqueia; laringe; cavidades supralaríngeas (faringe, boca
e fossas nasais).
Fonética acústica: estuda a transmissão da mensagem, a sua natureza física, sendo o som estudado como um
fenómeno vibratório que possui certas características: amplitude, duração, frequência.
Fonética perceptiva: estuda a percepção dos sons, desde o aparelho auditivo à recepção da fala.

Fonologia
Fonologia: estuda o papel de cada som e o seu valor distintivo no interior de uma língua específica.
Sons linguísticos
Para a classificação dos sons é importante ter em consideração três aspectos:
1º, como são produzidos;
2º, como são transmitidos;
3º, como são entendidos.
Os sons linguísticos classificam-se em vogais, consoantes, semivogais e glides.
Vogal: som produzido pela vibração das cordas vocais e transformado pela forma das estruturas supralaríngeas, que
estão abertas ou entreabertas à passagem do ar na cavidade bucal.
Consoante: som produzido pela vibração das cordas vocais e transformado por um obstáculo à passagem do ar pelas
cavidades supralaríngeas.
Em relação à função silábica, especialmente para a Língua Portuguesa, as vogais são sempre centro de sílaba, enquanto
as consoantes são fonemas que só figuram na sílaba junto a uma vogal.
Semivogal: situa-se entre um som vocálico e um consonântico; trata-se do fonema /i/ e /u/ que quando junto a uma
vogal, forma uma sílaba.
Glide: (som) semivogal de transição ouvido durante a articulação que liga dois sons fonéticos vocálicos contíguos.
Ex: caiaque.

Classificação das vogais de acordo com os traços fonológicos


Quanto ao ponto de articulação
Anterior ou palatal: quando articulada na parte anterior da cavidade bucal, com a língua elevada em direcção ao
palato duro, próximo dos dentes. Ex.: café, vidro (i, e, é, ê).
Média ou central: quando articulada com a língua abaixada, quase em posição de repouso. Ex.: cama (a, â, á).
Posterior ou velar: quando articulada na parte posterior da cavidade bucal e a língua se dirige para o palato mole. Ex.:
óptimo, sumo (o, ó, ô, u).
Quanto ao arredondamento ou não arredondamento dos lábios
Arredondadas: quando se dá a projecção e arredondamento dos lábios, provocando um estreitamento da passagem
do ar. Ex.: mola, muro.

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Não arredondadas: quando há relaxamento dos lábios. Ex.: fita, tela, dedo, gato.
Quanto ao timbre ou grau de abertura
Aberta: pato.
Semiaberta: café, nova, avó.
Semifechada: medo, câmara, flor.
Fechada: amigo, sete, tu.
Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal
Orais: quando o palato mole está elevado permitindo que a corrente expiratória se realize toda pela boca. Ex.: gato,
azul, eléctrico.
Nasais: quando o palato mole está abaixado permitindo que a corrente expiratória se realize, ao mesmo tempo, pela
boca e pelas fossas nasais. Ex.: nunca, irmã, ponto, crente, um, jardim.
Quanto à intensidade e acento
Tónica ou acentuada: quando há mais força expiratória e sobre ela recai o acento tónico. Ex.: ap ito, árvore, caça,
papel.
Átona (pretónica e postónica) ou não acentuada: quando há menos força expiratória e está em sílaba não acentuada.
Ex.: árvore, caça, apito.

Sequências de sons vocálicos


Ditongo: combinação de um som vocálico com um som semivocálico, ou vice-versa, emitida num só esforço de voz.
Os ditongos podem ser classificados em:
Decrescentes ou verdadeiros: quando a semivogal vem depois da vogal. Ex.: meu, pai, herói, Caetano, intuito.
Crescentes ou falsos: quando a semivogal antecede a vogal. Ex.: tranquilo, igual, equestre, eloquente.
Orais: quando constituídos por uma vogal oral. Ex.: mau, pai, boi, qual, leite, sorriu.
Nasais: quando constituídos por uma vogal nasal. Ex.: mãe, não, salão, põe, Camões, amam, tem, muito.
Tritongos: são formados por uma semivogal, uma vogal e outra semivogal, podendo ser classificados como orais ou
nasais. Ex.: enxaguei, delinquiu; xaguão, delínquem, xaguões.
Hiato: são formados pelo encontro de duas vogais que pertencem a sílabas diferentes. Não constituem ditongo,
porque se trata de duas vogais pronunciadas de modo distinto, que pertencem a sílabas distintas.
Compare-se:
- pais (plural de pai) em que o encontro ai se pronuncia numa só sílaba [ʹpaiʃ].
- país (região) em que o a pertence a uma sílaba e o i a outra [paʹiʃ].

Classificação dos sons consonantais de acordo com os traços fonológicos


Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal
Orais: passagem do ar apenas pela cavidade bucal. Ex.: fé, só, chá, véu, Zé, asa, já, lei, aro, rio.
Nasais: passagem do ar pelas cavidades bucal e nasal. Ex.: mau, nó, anho.
Quanto ao papel das cordas vocais
Surdas: sem vibração das cordas vocais. Ex.: pai, teia, fé, só, chá, caves, cão.
Sonoras: com vibração das cordas vocais. Ex.: bem, dedo, gago, véu, Zé, asa, já, lei, lhe, aro, rio.
Quanto ao modo de articulação ou passagem do ar pelo trato vocal
Oclusivas: quando há um fechamento completo dos articuladores, impedindo a passagem do ar pelo canal bucal. Ex.:
pai, bem, teia, cão, dedo, gago.
Constritivas fricativas: quando há um estreitamento no trato vocal, com os dois articuladores a aproximarem-se,
provocando obstrução parcial à passagem do ar. Ex.: fé, só, chá, caves, véu, Zé, asa, já, mesmo.
Constritivas laterais: quando há obstrução da corrente expiratória no centro da cavidade bucal causada pelo contacto
da língua com os alvéolos dos dentes ou com o palato, obrigando o ar a sair pelos lados da língua. Ex.: lei, lhe.
Constritivas vibrantes: quando há vibração ou batimentos rápidos da língua, ou do véu palatino. Ex.: aro, rio.
Quanto ao ponto ou zona de articulação
Bilabiais: contacto dos lábios. Ex.: pai, bem, mau.
Labiodentais: constrição do ar causada pelo contacto dos dentes do maxilar superior com o lábio inferior. Ex.: fé,
véu.
Linguodentais: aproximação ou contacto da zona anterior à ponta da língua com a face interior dos dentes do maxilar
superior. Ex.: teia, dedo, só, Zé, asa.
Alveolares: contacto da ponta da língua com os alvéolos no maxilar superior. Ex.: lei, aro, nó.
Palatais: contacto do dorso da língua com o palato duro, ou céu da boca. Ex.: chá, caves, já, mesmo, lhe, anho.
Velares: contacto da parte posterior da língua com o palato mole, ou véu palatino. Ex.: cão, gago, rio.
Sequências de sons consonânticos
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Grupo consonântico: reunião de duas consoantes seguidas pertencentes à mesma sílaba. Os grupos mais
frequentes têm a consoante l ou r como segunda consoante. Ex.: ablativo, bravo, clima, creme, drama, flauta,
franca, glaciar, grupo, aplanar, pronto, atlas, outro, palavra, benigno, omnívoro, pneuma, psicologia, adepto,
algoritmo.
Estes grupos consonânticos, quando em início de palavras, são inseparáveis.

Sílaba
Sílaba: som ou conjunto de sons de uma palavra, cujo núcleo é formado por uma vogal ou um ditongo (ou tritongo)
e que se pronunciam numa só emissão de voz.
Classificação das sílabas
Quanto ao som final:
Sílaba aberta: quando termina em vogal ou semivogal. Ex.: a-pa-ga-do.
Sílaba fechada: quando termina em consoante. Ex.: trans-por-tar.
Quanto à acentuação:
Sílaba tónica: sílaba proferida com mais intensidade do que as outras. Esta possui o acento tónico.
Sílaba subtónica: quando a sílaba mantém aberta a pronúncia, mas é menos intensa do que a tónica e, geralmente,
não tem acento gráfico, embora o possa ter tido no passado.
Sílaba átona: todas as outras sílabas da palavra que não têm acentuação tónica.
Ex.: telhado, admiravelmente.
te lha do
SÍLABA ÁTONA SÍLABA TÓNICA SÍLABA ÁTONA

ad mi ra vel men te
S. ÁTONA S. ÁTON. SÍLABA SUBTÓNICA S. ÁTONA SÍL. TÓNICA S. ÁTONA
De acordo com a posição em relação à sílaba tónica, a sílaba átona pode ser…
Pretónica: antes da sílaba tónica. Ex.: telhado.
Postónica: depois da sílaba tónica. Ex.: telhado.
Contagem silábica
As palavras podem classificar-se quanto ao número de sílabas.
Monossílabo: possui 1 (uma) só sílaba: é, eu, há.
Dissílabo: possui 2 sílabas: fo-lha, te-la, a-í.
Trissílabo: possui 3 sílabas: mé-di-co, fun-da-ção, a-ba-no.
Polissílabo: possui mais de 3 sílabas: gra-má-ti-ca, a-pren-di-za-gem, so-bre-tu-do.
Posição da sílaba tónica
Conforme a posição da sílaba tónica, as palavras (tónicas) podem classificar-se em…
Esdrúxulas ou proparoxítonas: o acento tónico recai sobre a antepenúltima sílaba (3ª): médico, América, matemática.
Graves ou paroxítonas: o acento tónico recai sobre a penúltima sílaba (2ª): boneca, cadeira, linha.
Agudas ou oxítonas: o acento tónico recai sobre a última sílaba (1ª): café, coração, aconteceu, caminhar
Há palavras monossilábicas que não têm acento tónico (palavras átonas); pronunciam-se subordinando-se à palavra a
que se ligam e podem classificar-se em…
Proclíticas: as que se pronunciam subordinando-se ao acento tónico da palavra seguinte. Ex.: O livro. Que lindo.
Enclíticas: as que se pronunciam subordinando-se ao acento tónico da palavra anterior. Ex.: Comeu-a. Deu-ma.
Mesoclíticas: as que dependem do acento tónico tanto da palavra que as precede como da que as sucede. Ex.: Amá-
lo-á.

A palavra
Palavra: unidade gráfica e fonológica, com significado ou função gramatical, que pertence a uma determinada classe.
Palavra simples: formada por um único radical, admite afixos derivacionais, sendo uma unidade de sentido
indivisível. Ex. dou / damos; lindo / linda; bomba / bombas; tempo / tempos.
Palavra complexa: divisível em unidades menores de sentido, sendo formada através dos processos de derivação ou
composição. Ex: dádiva, lindamente, bomba-relógio, contratempo.
Base: constituinte a partir do qual se formam novas palavras, podendo corresponder a um radical, a uma palavra
simples ou a uma palavra complexa. Ex: sol > solar, solar > solarengo.
Palavra variável: pode ser flexionada, por exemplo, em número ou género. Ex: bonit- > bonito, bonita, bonitos,
bonitas.

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Palavra invariável: não admite qualquer especificação de flexão. São palavras invariáveis as preposições e
conjunções.
Significado: característica da palavra em possuir um significado, ou seja, referenciar um aspecto do domínio da
experiência da realidade. Ex: gato > O significado da palavra remete para o referente da realidade: animal doméstico,
mamífero da família dos felídeos.
Significante: estrutura fonológica (pronúncia) e gráfica (escrita) da palavra. Ex: gato > A estrutura fonológica desta
palavra compreende quatro sons [g-a-t-u]; a estrutura gráfica compreende quatro letras, g-a-t-o.
Denotação: valor constante associado ao significado de uma palavra, remetendo para o aspecto da realidade imediata
que referencia. Ex: pé > A palavra apresentada corresponde, na realidade, à parte inferior do corpo que se articula
com a perna.
Conotação: corresponde aos sentidos que uma palavra pode assumir em contextos ou situações distintas entre si. Ex:
Preciso de usar pé de cabra para arrancar este prego [pé > ferramenta de carpintaria].

Monossemia: verifica-se quando uma palavra admite um único significado. Ex: ornitologia > estudo das aves.
Polissemia: verifica-se quando uma palavra adquiri vários significados, existindo entre eles traços de sentido comuns,
diz-se polissémica, ou seja, pode assumir vários significados. Ex: O meu leitor de CD’s está avariado [leitor >
electrodoméstico capas de identificar a informação digital de um Compact Disk]. / O Pedro é o leitor mais assíduo
desta biblioteca [leitor > pessoa que se dedica à acção de ler].

Constituintes morfológicos da palavra


Na palavra, encontram-se os seguintes constituintes morfológicos: radical, tema e desinência. Ex: bananal
banan a l
RADICAL TEMA DESINÊNCIA
Afixo: constituinte que se associa ao radical e, dependendo da sua posição na palavra, é…
- Interfixo / infixo: afixo que ocorre entre duas formas de base ou entre a base e um afixo; afixo no interior da
palavra. Ex: o l de chaleira, o t de cafeteira, o z de capinzal.
- Prefixo: afixo que surge à esquerda da base. Ex: ilegível, injiustiça, dissílabo.
- Sufixo: afixo que surge à direita da base. Ex: imaginação, rapazinho, normalmente.

Processos morfológicos de formação de palavras


Derivação: processo de formação de palavras a partir de outras já existentes.
Processos de derivação por afixação
A derivação por afixação: consiste no acréscimo de um afixo a uma base.
Na derivação por afixação, as palavras podem ser formadas por prefixação, sufixação e parassíntese.
Prefixação: o afixo é colocado à esquerda da base: contar > des - contar > descontar.
Sufixação: o afixo é colocado à direita da base. Ex: amoroso, amorosamente; amor > -oso, -mente.
Parassíntese: o afixo é colocado, simultaneamente, tanto à esquerda (prefixação) como à direita (sufixação) da base.
Ex: desalmado; alm(a) > des-, -ado.

Processos de derivação sem afixação


Derivação regressiva: palavra derivada é criada pela redução da palavra base. Neste processo, existe sempre a
modificação da classe de palavra. Ex: abraçar > abraço; dançar > dança.
Derivação imprópria: consiste em formar nomes a partir de palavras ou expressões não nominais. Ex: Ele foi
empurrado contra a parede. / A tua casa tem um contra: fica longe. [preposição > nome]
Conversão: obtém-se uma nova palavra partindo de outra já existente, sem qualquer transformação formal da
mesma. O processo de conversão integra a palavra numa nova classe de palavras. Ex: Vamos comer sopa. / O
comer está na mesa.

Composição
Composição: processo morfológico que consiste em formar uma nova palavra pela união de duas ou mais bases.
Podem ocorrer dois processos de composição: composição morfológica ou composição morfossintáctica.
Composição morfológica ou aglutinação: verifica-se quando existe a junção de um radical a outro radical ou a
uma ou mais palavras, passando a existir apenas uma sílaba predominante e modificando a forma gráfica. Ex:
aguardente > Junção das palavras água e ardente.
Composição morfossintáctica ou justaposição: reúne duas ou mais palavras com hífen ou sem hífen, mantendo a
sua forma fonética e gráfica. As palavras formadas por composição possuem um sentido único e autónomo. Ex:
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abelha-mestra / trabalhador-estudante > Junção de palavras das classes nome+nome. // guarda-chuva /


beija-flor > verbo+nome.

Processos irregulares de formação de palavras


Existem processos de criação de palavras que não constituem formas regulares para a sua formação, surgindo, muitas
vezes, por razões estéticas ou expressivas.
Extensão semântica: significações que a palavra pode adquirir por necessidade de referenciar novas realidades. Ex:
Em informática, rato (componente periférico do computador), janela (área de visualização de documento), abrir,
fechar, copiar, salvar (acções praticadas em ambiente informático).
Purismo: comete-se em nível da pronúncia das palavras. Ex: ministro, em vez de menistro / vizinho, em vez de
vezinho
Plebeísmo ou vulgarismo: emprego de expressões próprias da plebe ou do vulgo. Ex: gajo, cheta, cachola (>cabeça)
Regionalismo: emprego de palavras e frases usadas exclusivamente em certas regiões. Ex: recos, em vez de porcos /
monte, em vez de casal (>alentejo)
Neologismos: palavras ou expressões novas que integram o léxico da língua, num período recente, não tendo, no
entanto, sido dicionarizadas. Ex: aeródromo, aeroporto, estádio, patologia, televisão, conceptismo, fixismo, radiodifusão...
Estrangeirismo: uso de palavras estrangeiras. Ex: box, ecrã; boné, réveillon; batuque, cacimba…
Arcaísmos: são palavras e locuções que, pertencendo ao léxico do português, caíram em desuso Ex: soidade (saudade),
mui (muito), viver a sabor (viver em função do prazer)...
Cultismo: uso de palavras rebuscadas das línguas de prestígio (Latim, Grego...). Ex: cátedra, pleno, cardíaco...
Truncação (ou truncamento): formação de novas palavras a partir da eliminação da sequência final da palavra, não
havendo alteração do sentido ou da classe da palavra: quilo < quilograma; pneu < pneumático; foto < fotografia; metro
< metropolitano; moto < motociclo.
Acrónimos: palavras derivadas das iniciais de várias palavras. Ex.: ONU < Organização das Nações Unidas; SIDA
< Sindroma de Imuno Deficiência Adquirida.
Siglas: formam-se, como os acrónimos, através das iniciais de várias palavras. Contudo, distinguem-se dos acrónimos
por os seus elementos serem pronunciados separadamente. Ex.: CPLP < Comunidade de Países de Língua Oficial
Portuguesa; HIV < Vírus de Imunodeficiência Humana; ONG < Organização Não Governamental.
Entrecruzamento: palavras entrecruzadas são aquelas que resultam do cruzamento de duas palavras, em que se
utilizou o início de uma e a parte final de outra: informática < informação automática; bit < binary digit.
Hibridismo: palavras híbridas são aquelas que têm elementos de idiomas diversos. Ex: agrónomo (lat. agro + grego
nomo), televisão (grego tele + lat. visione)
Onomatopaísmo: as onomatopeias são palavras que resultam da reprodução de vozes ou ruídos, tanto de animais
como de abjectos. Ex: tic-tac, toc-toc, trimm!!, có-có-ró-có-có, miar, cacarejar.
Expressão idiomática: combinação fixa de palavras que adquire um significado que não pode ser compreendido
pela divisão das palavras da expressão idiomática. Estas expressões são vulgarmente conhecidas como «franses-feitas».
Ex: andar de boca em boca > informação transmitida oralmente; sem pés nem cabeça > sem sentido.

Relações entre as palavras


Relações semânticas
Relações de hierarquia:
Hiperonímia: relação hierárquica de inclusão semântica entre duas unidades lexicais, partindo do genérico
(hiperónimo) para o específico (hipónimo), sendo que o primeiro impõe sempre as suas propriedades ao segundo,
criando assim, entre eles, uma dependência semântica. Ex.: O termo meio de transporte impõe as suas propriedades
semânticas aos seus hipónimos : autocarro, avião, comboio, metro, barco etc.
Hiponímia: relação hierárquica de inclusão semântica entre duas unidades lexicais, partindo do específico
(hipónimo) para o genérico (hiperónimo), sendo que o primeiro, para além de conservar as propriedades semânticas
impostas pelo segundo, possui os seus próprios traços diferenciadores. Ex.: O significado de gato implica o significado
de animal.
Relações de inclusão:
Holonímia: relação de hierarquia semântica entre duas unidades lexicais; uma denota um todo (holónimo) sem
impor obrigatoriamente as suas propriedades semânticas à outra, considerada sua parte (merónimo). Ex.: Carro
estabelece uma relação de holonímia com volante, sem porém lhe impor as suas propriedades.
Meronímia: relação de hierarquia semântica entre duas unidades lexicais, uma denotando a parte (merónimo) e
criando uma relação de dependência ao implicar a referência a um todo (holónimo), relativo a essa parte. Ex.: A
unidade lexical dedo (merónimo) implica a unidade lexical mão (holónimo).
Relações de equivalência:

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Sinonímia: relação de equivalência semântica entre duas ou mais unidades lexicais que reenviam para o mesmo
referente. Pode verificar-se diferentes relações entre sinónimos. Ex: cara / rosto; lindo / belo.

Relações fonéticas e gráficas


Relações de homonímia: propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que partilham a mesma
grafia ou a mesma pronúncia, mas que conservam significados distintos. Ex.: canto (verbo cantar) e canto (nome
masculino).
Relações de homofonia: propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que possuem a mesma
forma fonética mas significados diferentes. Ex.: passo / paço; sem / cem.
Relações de homografia: propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que possuem a mesma
forma gráfica (homógrafos), formas fonéticas idênticas, mas conservando significados diferentes. Ex.: copia (verbo
copiar) e cópia (nome masculino); sé / se; este / Este.
Relações de paronímia: propriedade semântica característica das unidades lexicais com sentidos diferentes, mas
com formas relativamente próximas. Ex.: exprimir / espremer; cumprimento / comprimento.
Outras relações entre as palavras
Campo semântico: conjunto de sentidos que pode ter uma mesma palavra. A mesma palavra pode assumir vários
valores em função do contexto e da situação. Ex: Nunca parti o pé (parte inferior do corpo que se articula com a
perna). / Plantei um pé de café (exemplar individual de uma planta). / Acabei de gastar o meu pé de meia (poupança)
/ Infelizmente, não passo de um pé de chinelo (pessoa pobre).
Campo lexical: conjunto de palavras que remete para diferentes elementos de um determinado domínio da realidade.
Sendo o léxico da língua um sistema vasto, podem identificar-se campos lexicais em que conjuntos de palavras
estabelecem entre si relações semânticas e remetem para uma mesma realidade extra-linguística. Ex: ensinar,
aprender, professor, aluno, aprendizagem, estudo, etc. > O campo lexical de ensino organiza este conjunto de
palavras em torno de uma mesma realidade.
Família de palavras (ou palavras cognatas): conjunto de palavras que têm a mesma origem, partilhando do mesmo
radical (base). São palavras que partilham um radical comum. Ex: água, aguar, aguado, aguardente > Conjunto de
palavras da família de água.
Palavras divergentes: palavras com o mesmo étimo e formas diferentes. Ex: digitu > dedo / digito; directu > direito
/ directo; plenu > cheio / pleno.
Palavras convergentes: palavras com a mesma forma e étimos diferentes. Ex: como < como conjunção ou advérbio,
deriva de quomodo / como forma verbal, deriva de comedo; rio < como forma verbal, tem por étimo rideo / como
substantivo, provém de rivu.

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TEXTO DE LEITURA - 1
CANTO INTERIOR DE UMA NOITE FANTÁSTICA
Sereno, mas resoluto
aqui estou – eu mesmo! – gritando desvairado
que há um fim por que luto
e me impede de passar ao outro lado.

Ante esta passagem de nível


nada de fáceis transposições
Do lado de cá – pareça embora incrível
é que me meço: princípio e fim das multidões.

Não quero tudo quanto me prometem aliciantes


Nada quero, se para mim nada peço,
o meu desejar é outro – o meu desejo é antes
TEXTO DE LEITURA - 2
o desejo dos muitos com que me pareço.
SONETO DE SEPARAÇÃO
Quem quiser que venha comigo
nesta jornada terrena, humana e sincera De repente do riso fez-se o pranto
E se for só – ainda assim prossigo Silencioso e branco como a bruma
num mar de tumulto, impelindo os remos sem galera. E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
Que venham glaucas ondas em voragem
que ardam fogos infernais De repente da calma fez-se o vento
que até os vermes tenham a coragem Que dos olhos desfez a última chama
de me cuspir no rosto e no mais. E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
Que os lobos uivem famintos
que os ventos redemoinhem furiosos De repente não mais que de repente
que até os répteis soltem seus instintos Fez-se de triste o que se fez amante
e me envolvam traiçoeiros e viscosos. E de sozinho o que se fez contente

Que me derrubem e arremessem ao chão Fez-se do amigo próximo, distante


que espezinhem meu corpo já cansado Fez-se da vida uma aventura errante
à tortura e ao chicote ainda responderei não De repente, não mais que de repente
e a cada queda – de novo serei alevantado.
E não transporei a linha divisória Vinícius de Morais.
<http://www.portugues.com.br/literatura/poemas-forma-
entre o meu e o outro caminho fixa.html>. Acesso em 08 Fev 2015.
Mesmo que a minha luta não tenha glória
é no campo de combate que alinho.

Assim continuarei a lutar, ai a lutar!


num perigoso mar de paixões e escolhos
e – companheiros – se neste sofrer me virdes chorar
não acrediteis em vossos olhos!
Luanda, 31-7-1952
António Jacinto, in Nuvem Passageira,
colectânea de Poesia por Filomena Gloveth e Seomara Santos, UEA, 2005
In MAGALHÃES et alii, Língua Portuguesa 11ª Classe. Portugal: Porto, 2008, págs.149-150

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TEXTO DE LEITURA - 3 TEXTO DE LEITURA – 4


O MEU CANTO ANGOLA AVANTE
O meu canto é acordar Ó Pátria, nunca mais esqueceremos
todos os dias Os heróis do quatro de Fevereiro.
e com preces de louvor agradecer por mais um Ó Pátria, nós saudamos os teus filhos
acordar Tombados pela nossa Independência.
Honramos o passado, a nossa História,
O meu canto é acordar Construímos no trabalho o homem novo.
todos os dias Honramos o passado, a nossa História,
e ter a felicidade de ver o sol brilhar Construímos no trabalho o homem novo
O meu canto é acordar (Coro)
todos os dias Angola, avante! Revolução,
e ter a certeza de continuar a sonhar Pelo Poder Popular!
Pátria Unida, Liberdade,
O meu canto é acordar Um só povo, uma só Nação!
todos os dias
com esperança de não ver mais crianças a sofrer Angola, avante! Revolução,
Pelo Poder Popular!
O meu canto é acordar Pátria Unida, Liberdade,
todos os dias Um só povo, uma só Nação!
e saber que falta sempre algo para aprender
Levantemos nossas vozes libertadas
O meu canto é acordar Para glória dos povos africanos.
todos os dias Marchemos, combatentes angolanos,
e lembrar que o verdadeiro caminho para a paz é Solidários com os povos oprimidos.
perdoar
Orgulhosos lutaremos pela paz,
O meu canto é acordar Com as forças progressistas do mundo.
todos os dias Orgulhosos lutaremos pela paz,
e ter sempre alguém com quem a vida partilhar Com as forças progressistas do mundo
O meu canto é acordar (Coro)
todos os dias Angola, avante! Revolução,
e ter a certeza que vale a pena continuar a amar Pelo Poder Popular!
Maria Celestina FERNANDES, id., pág. 463 Pátria Unida, Liberdade,
Um só povo, uma só Nação!

Angola, avante! Revolução,


Pelo Poder Popular!
Pátria Unida, Liberdade,
Um só povo, uma só Nação!
ANGOLA, Assembleia Nacional Constituinte. Constituição.
Imprensa Nacional, Fevereiro de 2010, Anexo III.
<http://batalhao.no.sapo.pt/index8.htm>. Acesso em 08 Fev 2015.
[Hino Nacional da República de Angola]

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