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Sumário
1.0 O QUE É ESTRUTURA PADRÃO 7
2.0 MACROESTRUTURA 8
2.1 INTRODUÇÃO 8
2.3 CONCLUSÃO 13
3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 15
3.3 PONTE 24
3.4 TESE 25
4.5 FECHO 51
5.3 EXTRA ‐ CONCLUSÃO COM PROPOSTA DE INTERVENÇÃO (PARA AQUELES QUE VÃO FAZER ENEM TAMBÉM) 73
8.6 EXEMPLOS DE CONTEXTUALIZAÇÃO POR NOTÍCIA RECENTE/ EXEMPLIFICAÇÃO: REDAÇÃO FUVEST 2012 95
APRESENTAÇÃO DA AULA 1
Na aula 1 desse nosso manual de redação, o foco é discutir a estrutura da redação.
Sei que é um assunto longo e cheio de detalhes, mas vamos tentar levar a aula com a maior
leveza possível, sem muita teoria e recheando todo o nosso aprendizado com muitos exemplos e
mão na massa.
É preciso ter clareza de que existem muitas outras formas de escrever uma redação,
contudo, o formato de estrutura padrão que escolho para utilizar aqui pode ser o seu guia e
acelerar sua escrita, aumentar a organização de seu texto e melhorar a coesão destacando os
bons argumentos.
Caso você esteja perdido, ainda não sabe por onde começar, essa é uma sugestão forte:
estrutura padrão.
Existem outras estruturas padrão que você pode usar, não pense que essa é a única forma
possível. Entretanto, vamos discutir essa estrutura padrão que escolhi no curso devido à facilidade
de aplicação dela. Caso você tenha conhecimento de outra estrutura padrão de sua preferência e
queira treinar com ela, fique à vontade.
Caso você tenha conhecimento de outra estrutura padrão de sua preferência e queira
treinar com ela, fique à vontade. Meu único alerta é que você envie as redações para
a correção e obtenha feedback dos corretores, a fim de saber se essa forma
de estrutura está sendo feita corretamente por você e também se ela atende
às demandas da prova.
Para que você usufrua o máximo possível do que for falado aqui em aula,
recomendo que você faça seus próprios exemplos. Redação se aprende muito melhor e mais
rápido praticando.
Deixarei uma marcação de “hora de praticar” quando for a hora de pegar papel e caneta
e também escrever um trechinho de redação.
Além disso, quanto ao treino orientado da aula, sugiro a escrita de, pelo menos, uma
redação completa por semana, mesmo que você esteja começando.
Uma observação importante que precisamos fazer desde o começo dessa aula é a seguinte:
a maioria das bancas militares não libera espelho de redação público.
O que isso significa?
Significa que a banca não libera as correções das redações ou libera apenas o texto de cada
aluno para seu autor, não de forma pública. Sendo assim, para fins didáticos desse material,
muitas vezes utilizares como exemplo redações da Fuvest que foram liberadas antigamente como
“redações modelo”, visto que a Fuvest é uma banca que exige redação dissertativo argumentativa
tradicional. Também utilizaremos redações nota 1000 do Enem para fazer algumas análises.
Essa escolha se deve à maior disponibilidade de encontrar exemplos de redações de
excelente qualidade nessas bancas, em detrimento das bancas militares que não oferecem as
redações corrigidas publicamente.
Entretanto, trabalharemos com as propostas de redação militares levando em conta os
exemplos que discutiremos. Isso ocorrerá principalmente nas abas “hora de praticar”. Por isso,
reforço a importância do treino e sugiro com ênfase que você realmente pratique onde se sugere
que isso seja feito!
Já comece treinando desde o início mesmo.
Por fim, todos os exemplos de propostas de redação usadas, as redações completas usadas
nas explicações e demais materiais pertinentes estarão disponibilizados sem marcações e na
íntegra ao final do PDF, na parte de “esquemas”.
Recomendo fortemente que você tenha pelo menos esse material na forma impressa
para que possa tomar suas próprias notas.
Vamos lá?
Todos já ouvimos pelo menos uma vez que nossa redação deve ter começo, meio e fim.
Apesar de parecer bem intuitivo, precisamos entender bem cada uma dessas partes e
como elas se relacionam entre si a fim de fazer o texto o mais organizadamente possível.
O texto organizado oferece muitas vantagens, tanto para o aluno quanto para o corretor.
Veja abaixo:
MICROESTRUTURA:
É a estrutura mais interna do texto. É composta pelos pequenos blocos que existem dentro de
cada parágrafo, que são os blocos maiores.
2.0 MACROESTRUTURA
2.1 INTRODUÇÃO
A exposição oficial e formal do recorte temático/ponto de vista que você escolheu é a tese.
Existem outras formas de escrita da introdução, sem apresentar a tese ainda, por
exemplo, de forma que todo o texto seja construído induzindo o leitor a concluir a tese com
base no desenvolvimento e encontrá‐la ao final. É uma estrutura válida, entretanto, não
trabalharemos com essa estrutura, nossa tese sempre virá no final do primeiro parágrafo.
Não recomendo que utilize essa estrutura em nenhuma redação de vestibular militar,
ok? Principalmente, se você não possuir experiência com esse modelo de texto.
Caso queira muito utilizar, então treine bastante antes e peça ajuda aos corretores, ok?
Bom, uma maneira de manter a coesão entre as partes da macroestrutura é fazer uma tese
que se divide em duas partes e fazer cada parágrafo de desenvolvimento acerca de cada metade
da tese, respectivamente.
Você pode voltar e olhar o exemplo de introdução que fizemos para discutir “dissertação
argumentativa x dissertação expositiva” e verificar que ele segue essa divisão de duas partes para
a tese.
Além disso, é necessário manter a coesão também entre os próprios parágrafos de
desenvolvimento. Para isso, é importante termos em mente o conceito de progressão temática
(que ainda estudaremos nessa aula mesmo).
Simplificando, por enquanto, basta que saibamos que esse termo “progressão temática”
se refere ao fluxo de informações na redação (já ouviu algum corretor falando que a leitura do
seu texto estava um pouco travada? Pois é, exatamente isso.).
Porém, já trazendo algumas ideias para serem colocadas em prática, você pode fazer dois
parágrafos de desenvolvimento que se conversam, por exemplo:
D1: efeito daquele recorte temático no indivíduo
D2: consequência daquele efeito na sociedade como um todo
OU
D1: como aquele recorte temático é perceptível em sociedade?
D2: ao modificar a sociedade, o que é causado em cada indivíduo?
OU
D1: causa/ origem
D2: consequência
OU
D1: pontos positivos
D2: pontos negativos
Essas não são as únicas formas de dividir a tese em duas metades/ duas esferas para os
parágrafos de desenvolvimento, ok?
Contudo, podem ser boas ideias, principalmente em temas abstratos, pois, à medida em
que você consegue enxergar os efeitos daquele tema abstrato no indivíduo e no todo social, você
consegue torná‐lo um pouco mais concreto e encontra problemáticas mais práticas para abordar,
o que facilita a argumentação.
Existe um perigo no uso da divisão “pontos positivos/ pontos negativos”, então, muito
cuidado com ela, ok?
Qual o perigo? TEXTO EXPOSITIVO.
Pense comigo: se você apenas apresenta quais os lados positivos de um cenário e, em
seguida, também apresenta os pontos negativos, onde está sua argumentação?
Exatamente, pode ser que você se esqueça da argumentação com suas próprias palavras
e ideias.
Pode ser que você fique apresentando fatos, como dados estatísticos e argumentos de
autoridades no assunto, e esqueça de tecer sua própria linha de raciocínio!
Não se preocupe com os nomes, apenas observe as proporções, pois quando discutirmos
microestrutura nessa aula, falaremos em detalhes de cada pedacinho!
Linha 1
Linha 2
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Linha 4
Linha 5
Linha 6
Linha 7
Linha 8
2.3 CONCLUSÃO
Estamos chegando ao fim da redação.
A conclusão é o último parágrafo do texto e seu objetivo é realmente finalizar a ideia.
A estrutura padrão que sugerirei que você utilize consiste em retomar o que o texto já
falou em 3 lugares principais: tese, D1 e D2. Não é hora de trazer pontos de vista novos na
conclusão, entretanto, é possível trazer informações novas. Contudo, há maior chance de erro
desse jeito e, visando a ajudar a garantir sua redação e reduzir sua perda de pontos, sugiro a
retomada por ser menos arriscada e igualmente eficiente.
Observação: existem outras formas de conclusão que abordaremos nessa aula, mas a mais
simples é a retomada.
No que consiste a retomada? Exatamente o que o nome diz: reescrita das ideias centrais
já mencionadas.
Segue um esquemático simples com a proposta de microestrutura que trabalharemos.
Linha 1
Linha 2
Linha 3
Linha 4
Linha 5
Não é o recomendado que você ofereça proposta de intervenção em propostas que não
exigem, como é o caso da proposta das propostas militares.
O motivo é muito simples: uma conclusão com proposta de intervenção gasta mais linhas
e não é esse o foco da redação dissertativo‐argumentativa. Por isso, exceto quando for pedido,
diminua as linhas de conclusão e destine mais linhas à parte de argumentação, isto é, o
desenvolvimento, ok?
Linha 5
3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A contextualização é a informação que inicia o texto e apresenta o tema ao leitor. É
aquele pedacinho do primeiro parágrafo em que você pode citar informações ou repertórios que
não precisam de comprovação tão forte quanto as comprovações necessárias na argumentação.
É claro que você não pode começar o texto com afirmações absurdas ou que contrariam
o bom senso apenas por não precisar comprová‐las.
Aqui é um momento excelente para utilizar repertório externo, isto é, de sua realidade,
não constante nos textos de apoio.
Ainda teremos uma aula destinada a repertório e lá abordaremos alguns tipos de
repertório, como estudar para obter mais repertórios e também como utilizá‐los em redação.
De modo geral, todo repertório é válido quando bem utilizado.
Começar o texto por uma definição, por uma notícia veiculada em grande canal de
comunicação ou citando um autor ou evento histórico (desde que o repertório seja usado
produtivamente e com pertinência) é um bom caminho na direção de garantir nota alta.
3.2.1 DEFINIÇÃO
A contextualização por definição é uma maneira de começar o texto que envolve trazer
a definição de um ou de mais termos que compõem o núcleo do recorte temático escolhido. As
definições podem ser “oficiais”, isto é, retiradas de dicionários, ou escritas com suas próprias
palavras e de acordo com seu próprio entendimento do termo.
Em geral, é mais comum utilizar a definição oficial do dicionário apenas quando a
proposta de redação oferecer a você essa definição do dicionário, pois não é uma informação que
costumamos ter decorada.
Entretanto, definições podem aparecer dentro de textos sem que estejam entre aspas
e tenham sido retiradas de dicionários. É importante que você tenha um olho atento a isso, pois,
nesse caso, você pode fazer uma contextualização por definição com suas próprias palavras.
Veja a seguir um exemplo de introdução que utiliza a contextualização por definição. É
o texto referente à proposta de redação da Fuvest 2020 (que discutimos anteriormente nessa
aula). O texto completo também será disponibilizado no final desses PDF, na parte de esquemas,
caso você queira analisar detalhadamente a estrutura padrão que ele segue.
Contextualização por definição:
Pode‐se entender “ciência” como a busca pelo conhecimento aprofundado sobre um
assunto e “tecnologia” como o conjunto de técnicas e de processos usados na realização de um
objetivo – por exemplo, as pesquisas científicas. Nesse sentido, as sociedades desenvolvidas
modernas podem ser consideradas ambientes científicos e frequentemente usufruem das
inovações científicas e tecnológicas para melhoria da qualidade de vida no cotidiano:
eletricidade ou avanços médicos e infraestruturais. Contudo, embora a dependência científico‐
tecnológica por parte dessas sociedades seja enorme, o conhecimento acerca dessas áreas
ainda não é eficientemente acessível ao homem comum.
Sabe quando você conhece um filme que se encaixa muito bem na proposta de redação
pedida? Essa é a forma de contextualização que permite que você utilize esse filme (ou outro
repertório autêntico que você possua).
Vamos analisar uma introdução de uma redação feita sobre o tema “ambiente público
versus ambiente privado”. A redação está transcrita de forma completa no final dessa aula.
A seguir, a introdução:
Exemplo de contextualização utilizando referências imagéticas:
Há cerca de 70 anos, Jackson Pollock pintou a tela “Silver over Black”, uma pintura de
traços e pontos, um emaranhado de cores e de formas. Tal qual a aleatoriedade da pintura, o
ambiente urbano moderno também se configura num fluxo diverso e aparentemente aleatório,
isto é, num palco dinâmico de interações dos indivíduos entre si e deles com o meio. Nesse
contexto, o meio público tem sido cada vez mais desvalorizado em detrimento do espaço
privado, supostamente mais seguro. Consequentemente, o indivíduo passa a ter pouco contato
com o outro, o que, muitas vezes, pode culminar em um sentimento de não pertencimento ao
todo social.
Uma observação importante sobre essa forma de contextualização é que toda referência
imagética é válida, não apenas aquelas consideradas “clássicas”. Entretanto, é bom manter em
mente que se trata de uma prova de instituição militar e que, por isso, pode ser melhor ficar
atento ao decoro e evitar referências que sejam polêmicas.
Isso não significa deixar de utilizar obras contemporâneas da música, da escrita ou da
escultura. Apenas significa uma recomendação de que você preste atenção para sempre se
manter respeitoso.
Transcrição:
Transcrição:
Exemplo de contextualização utilizando notícia recente e exemplificação:
Dentre as turbulências ocorridas no ano de 2011, a movimentação popular
reivindicando governos democráticos em países como Síria e Egito teve um papel de destaque
no cenário mundial. O êxito na luta contra esses ditadores só foi possível graças à mobilização
e ao engajamento político da população local. Esse fato nos mostra como a participação política
é indispensável, e que ela pode sem mudar a realidade de um país.
Gostaria que você percebesse que ambos os exemplos utilizaram a mesma “notícia
recente” em sua contextualização. Não selecionei esses 2 exemplos sem motivo: quero que você
observe essas ideias e as armazene. Você também pode começar um texto seu contextualizando
por meio da Primavera Árabe.
Além disso, preste atenção que foi um fenômeno ocorrido em 2011 e utilizado na
redação de 2012 da Fuvest por 2 candidatos. Sendo assim, é importante saber um pouquinho do
que está acontecendo na atualidade. Não é nada de perder muito tempo lendo um monte de
notícias, mas de assistir ao jornal ou ler ao jornal online uma vez ou outra. Isso pode contribuir
para seu repertório nesse tipo de contextualização.
Se você não sabe nada a respeito de uma atualidade, note também que ler redações,
como essas, que utilizaram esse repertório é uma forma de ganhar repertório para você também.
Chega de perder tempo fazendo longas pesquisas na internet achando que é assim que você vai
ganhar repertório!
Para aqueles que gostarem de um material mais visual, deixo como recomendação o
seguinte vídeo do canal da BBC News Brasil no youtube, falando a respeito da Primavera Árabe
em mais detalhes, além e explicar seu começo e suas motivações, além das questões políticas
envolvidas.
O que foi e como acabou a Primavera Árabe | 21 notícias que marcaram o século 21
https://www.youtube.com/watch?v=A50LpB8lhgw
Observação: o vídeo alerta para a presença de imagens chocantes, então tenha isso em mente
caso decida assisti‐lo.
Como o próprio nome diz, a alusão histórica é uma forma de contextualização em que
você faz uso de um fato histórico, isto é, de um momento relevante do passado.
É importante ter em mente que esse tipo de contextualização geralmente pede uma
ponte que conecte o passado com o presente e com a problemática atual que você discutirá.
Afinal, desde aquele acontecimento do passado até hoje, os valores da sociedade e sua
organização se alteraram, de modo que um fato histórico pode não “ter peso” argumentativo.
Para ficar mais claro, tente imaginar assim: você está tentando argumentar sobre o
fenômeno da superexposição nas redes sociais por meio de ideias de Sócrates sem ter feito
nenhuma ponte entre passado e presente. Deixe que eu faça uma pergunta: tinha redes sociais
na época de Sócrates? Os estudos dele falam de redes sociais?
Não falam!
Por isso, é essencial que você utilize a ponte e conecte a sua releitura das ideias do
passado de modo que elas se encaixem sem problemas de salto de raciocínio nas questões atuais
que estão sendo discutidas.
Vejamos abaixo um exemplo de contextualização por alusão histórica em uma redação
modelo da Fuvest 2012 (redação completa disponível no final do PDF):
Transcrição:
Exemplo de contextualização por alusão histórica:
O surgimento da ciência política remonta à época da Antiguidade, ainda quando os
gregos se organizavam em torno das pólis e começavam a definir os primeiros conceitos de
cidadania que, posteriormente, difundir‐se‐iam pelo mundo. É indiscutível a importância da
política para a, então, formação da sociedade tão como ela é conhecida na contemporaneidade.
A partir dela, foram definidos direitos e deveres e, ainda mais relevante, tornou‐se possível a
participação do povo nas decisões que dizem respeito à vida em comunidade.
3.2.5 CITAÇÃO
A contextualização por citação é aquela que contém, de fato, uma citação de alguém.
A citação pode aparecer de forma direta (entre aspas e transcrita tal qual o autor da citação a
proferiu) ou indireta, utilizando expressões auxiliares como “de acordo com fulano” ou “segundo
as ideias de fulano”.
Veja dois exemplos de redação modelo Fuvest 2012 que usa da contextualização por
citação:
Transcrição:
Exemplo de contextualização por citação:
“O homem é um ser político”, já dizia Aristóteles. Com efeito, uma das principais
características que nos diferencia dos outros seres vivos é a nossa capacidade de tomar decisões
que visem ao bem comum, levando a pólis à felicidade. Entretanto a lógica neoliberal, vigente
no mundo pós‐moderno, conduz a sociedade para o caminho oposto, apresentando a
participação política como algo já superado, num contexto que provoca nos cidadãos o desejo
de proclamarem‐se “apolíticos”, embora não devesse ser assim, visto que a participação política
é indispensável para a organização da vida em sociedade.
Transcrição:
Exemplo de contextualização por citação:
“O homem é um ser racional, social e político”. Esta frase foi dita pelo filósofo grego
Aristóteles que, por ter nascido na cidade de Estagira, era um meteco (estrangeiro) em Atenas
e não possuía direitos políticos. Ainda assim, ressaltava o quão importante era a participação
do cidadão na tomada de decisões para o bom funcionamento da pólis e também para a
felicidade dos indivíduos, vista como causa final do homem. Mais de dois mil anos após o fim
da civilização grega clássica, vê‐se o desinteresse da sociedade por assuntos relacionados à
3.3 PONTE
conectivo “Ainda nos dias de hoje...” quanto de forma mais longa com uma sentença “ Tal qual
no século XVIII, nos dias atuais...”
É importante ter em mente, porém, que essa sentença não pode ser longa demais, a
ponte deve ser curta.
Outro exemplo: se você começou seu texto com uma obra literária ou cinematográfica
de ficção, é necessário que você conecte a ficção com a realidade que você irá discutir no texto.
Isso pode ser feito com frases como “a ficção encontra reflexo na sociedade atual no que se
relacionada a...”
Então, resumindo o que já falamos até agora nos 3 exemplos que citamos, para que
você possa visualizar um padrão para as pontes, mencionamos:
“Ainda nos dias de hoje...”
“Tal qual no século XVIII, nos dias atuais...”
“A ficção encontra reflexo na sociedade atual no que se relacionada a...”
3.4 TESE
Esse é o núcleo da introdução e, na verdade, também é o núcleo do texto todo. Aqui
deve estar seu posicionamento, de forma sucinta e clara. Não é o momento de comprovar ou de
trazer os exemplos, apenas de dizer qual ponto de vista será trabalhado.
É muito importante que as ideias centrais do D1 e do D2 estejam na tese da forma mais
organizada que você conseguir. Caso sua tese afirme algo e o corretor perceba que o D1 ou o D2
falam de algo um pouco diferente, será apontado problema de coesão dos parágrafos com a
tese, o que será penalizado.
Tenho a preocupação de deixar muitíssimos exemplos nessa aula para que você consiga
visualizar exatamente o que está acontecendo e do que estou falando, consigo ver a teoria
realmente acontecendo!
Você pode estar se perguntando: e os textos militares?
Não se preocupe! Trataremos especificamente de propostas de redação da sua prova
na parte de praticar, portanto, realize as práticas sugeridas e estude redação com constância, ok?
Sugiro a escrita de 1 redação por semana, pelo menos.
Então, vamos lá!
Vamos utilizar a seguinte legenda para os textos:
contextualização, ponte, 1ª parte da tese, 2ª parte da tese
Versão 2: com referências externas que aprendi sobre a questão educacional dos surdos dando uma
pesquisada
TÍTULO Realidade do estudante surdo no Brasil
INTRODUÇÃO [“Libras É Merda?”, curta feito por surdos e lançado em Brasília em 2019, busca
(contextualização¹ impactar a sociedade ouvinte para com o desafios dos surdos, que, muitas vezes,
+ ponte² + tese³) culminam no isolamento deles e na dependência para realizar tarefas cotidianas.]¹[
Uma das esferas abordadas é a educacional – do nível básico ao superior‐, em que
O exercício nessa parte do material é que você crie parágrafos de introdução para essa
proposta usando cada uma das formas de contextualização que discutimos nessa aula até agora.
BIZU: preste bastante atenção na tese, pois essa é a parte da microestrutura da introdução
que possui maior relevância para o texto inteirinho!
Portanto, corre para realizar essa atividade! Não ignore a prática, ok? Ela faz toda a
diferença no seu aprendizado e na sua agilidade com a redação a longo prazo.
O formato que recomendo é composto por: tópico frasal, expansão do tópico frasal e
fecho.
Não se preocupe se não entender nenhum desses nomes, vamos estudar cada uma
dessas partes a seguir.
RELEMBRANDO: Suponha um parágrafo de desenvolvimento de 8 linhas e a seguinte
legenda: tópico frasal (azul claro), expansão do tópico frasal (vermelho) e fecho (azul escuro).
Linha 1
Linha 2
Linha 3
Linha 4
Linha 5
Linha 6
Linha 7
Linha 8
Abaixo deixo algumas construções simples que podemos utilizar para relacionar duas
metades de tese que originarão dois parágrafos de desenvolvimento (perceba que cada tese
usada nos exemplos que virão abaixo se encaixa em uma dessas construções):
(Assim, o tópico frasal do D1 irá parafrasear A e o tópico frasal do D2 irá parafrasear B.)
A leva a B:
“A carência de medidas públicas relacionadas à melhoria da qualidade de vida – educação,
saúde, segurança ‐ gera a ocorrência de problemas sociais”;
Para A, B:
“No mundo do livre mercado, existem forças poderosas para as quais é interessante,
mercadologicamente, que a população se alimente mal”;
A é B: “Ainda hoje, a violência é vista como principal ferramenta para imposição do poder por
aqueles que o detém”.
Atenção! Esses exemplos não são soltos. Todos eles foram utilizados nos parágrafos que
construí mais à frente nessa aula para falarmos sobre formas de argumentar.
Para nossos exemplos, veremos os parágrafos seguintes das redações que vimos como
exemplos de tese mais acima nessa aula. A tese se encontra ao final do parágrafo de introdução
e as duas partes que a compõem foram marcadas de amarelo e de verde, respectivamente.
Lembra?
Agora, marcarei os tópicos frasais do D1 e do D2 com a cor correspondente e você poderá
perceber como as ideias são parecidas, apenas escritas de forma diferente.
que a maioria dos indivíduos dos países desenvolvidos possui um smartphone ‐ fruto da
evolução das ciências da comunicação ‐ e a minoria, por sua vez, sabe como esse aparelho
funciona. Isso torna comum o uso de frases como “desliga e vê se volta a funcionar” em caso
de alguma falha técnica. Nesse sentido, a ciência torna‐se, simultaneamente, uma facilitadora
da vida moderna e um fator de desigualdade entre aqueles com acesso a esse conhecimento e
aqueles sem essa possibilidade.
Há cerca de 70 anos, Jackson Pollock pintou a tela “Silver over Black”, uma pintura de
traços e pontos, um emaranhado de cores e de formas. Tal qual a aleatoriedade da pintura, o
ambiente urbano moderno também se configura num fluxo diverso e aparentemente aleatório,
isto é, num palco dinâmico de interações dos indivíduos entre si e deles com o meio. Nesse
contexto, o meio público tem sido cada vez mais desvalorizado em detrimento do espaço
privado, supostamente mais seguro. Consequentemente, o indivíduo passa a ter pouco contato
com o outro, o que, muitas vezes, pode culminar em um sentimento de não pertencimento ao
todo social.
Se o meio urbano coletivo é associado à ideia de perigo, naturaliza‐se a preferência pelo
espaço privado. Um dos grandes temores dos moradores das cidades modernas se relaciona à
violência: anda‐se escondendo o celular e a carteira, a passos rápidos, de um ambiente fechado
a outro, com medo de que na travessia, nas ruas, esses pertences sejam roubados, por exemplo.
Nesse sentido, percebe‐se que a popularidade dos shoppings advém justamente do fato de
serem ambientes fechados e fiscalizados que condensam uma grande gama de serviços –
alimentação, entretenimento. Dessa forma, os indivíduos não precisam se arriscar nas ruas para
comprarem roupas, almoçarem e se divertirem. A vida nas cidades, portanto, tem deixado, cada
vez mais, de, de fato, acontecer nas cidades.
Em decorrência desse crescente confinamento, reduz‐se o senso de pertencimento. A
desvalorização do ambiente público aliada à praticidade oferecida pelo grande número de
serviços automatizados e individualizados – iFood, Netflix – diminui a convivência entre as
pessoas no ambiente urbano. Devido a esse isolamento, muitos não se enxergam parte das
cidades, sentem‐se deslocados, o que pode acarretar, dentre outros males, a solidão e a
depressão. A primeira já é considerada uma epidemia moderna por alguns governos, tanto que
foi criado no Reino Unido um Ministério da Solidão, especialmente direcionada a lidar com os
cidadãos que se sentem assim. Já a segunda configura, segundo especialistas, o mal do século
XXI. Assim, a cidade perde seu papel de cenário das experiências do indivíduo, que não se sente
mais parte dela.
(tópico frasal¹ + [Existem diversos serviços de streaming – distribuição digital via internet – de
expansão do
áudio ou de vídeo: Spotify, Deezer, Amazon prime ou Netflix, por exemplo. É
tópico/ exemplo²)
comum que esses serviços armazenem qual o último episódio de série visto
ou qual a última playlist ouvida. Assim, a partir desses dados armazenados,
muitas vezes sem conhecimento explícito do usuário, os serviços buscam
auxiliar para que o ser humano não tenha que se preocupar “lembrando”
dessas informações. Contudo, além disso, são feitos cálculos estatísticos que
cruzam as diversas variáveis obtidas – idade, localidade, gênero, quantidade
de horas assistidas/ouvidas – a fim de desenvolver um produto considerado
altamente atraente a esse determinado grupo alvo.]²
D2 [A partir do perfil traçado, o usuário passa a ser apresentado a produtos e a
(tópico frasal¹ +
serviços de que estatisticamente tende a gostar, porém sem que tenha
expansão do
decidido procurar por eles.]²[É comum que o feed – barra de rolagem – do
tópico/ exemplo²
Instagram comece a apresentar perfis patrocinados sobre um determinado
+ fecho³)
serviço, logo após o dono do Instagram ter feito uma busca online, mesmo
que despretensiosa, acerca desse serviço. Dessa forma, esse usuário é
manipulado a sentir necessidade desse serviço e a conhecer apenas as
possibilidades já filtradas pelo algoritmo do Instagram, nesse caso, de
maneira que sua liberdade de decisão é prejudicada.]²[A longo prazo, o
usuário nem mais percebe que está sendo levado a “escolher” dentro de um
grupo amostral pré‐ selecionado]². [Sua liberdade de escolha, portanto, é
ilusória.]³
Versão 2: com referências externas que aprendi sobre a questão educacional dos surdos dando uma
pesquisada
A progressão temática está associada à capacidade de sequenciar ideias, de modo que elas
tenham sentido sozinhas e que também construam sentido em conjunto, por meio do
estabelecimento de relações lógicas.
Diferentemente das estratégias de progressão textual, cujo principal aliado na redação são
os conectivos (como as conjunções), a progressão temática não se faz por meio de ferramentas
tão concretas. Ela ocorre de fato pela conexão entre as ideias. Aqui discutimos um detalhe muito
importante que são os saltos de raciocínio.
Sabe quando você constrói a ideia inteirinha na sua cabeça, está muito legal, mas quando
você pede a alguém que leia seu texto a pessoa não pega o que você quis dizer? Provavelmente
você teve saltos de raciocínio. Então vamos explicar o que eles são.
São saltos que você dá na construção da sequência lógica entre as ideias. Para você, parece
muito claro que A e B se relacionam, contudo, é necessário prestar atenção se para todos isso
também fica claro. Se houver a menor chance de que não (e normalmente isso ocorre, pois
precisamos considerar os pontos de vista diversos), garanta‐se e construa a linha lógica passo a
passo.
Agora que entendemos os saltos de raciocínio, vamos pensar na progressão temática.
Entre a macroestrutura (entre introdução e desenvolvimentos), é mais imediato notar que
há conexão devido à relação entre partes da tese e tópicos frasais. Percebe que não se trata do
uso de conectivos e sim da ligação entre as ideias?
Entre o restante do texto e a conclusão fica imediato também, pois a conclusão da redação
pede uma proposta de solução para os problemas apresentados.
Agora, progressão temática entre os dois parágrafos de desenvolvimento? Sim, também
é muito importante.
É quando começamos a discutir uma ideia no D1 e continuamos no D2 seguindo o
raciocínio que essa ideia está proporcionando. Pode ser um efeito dela ou uma consequência. De
alguma forma temos que encontrar um “gancho” entre a ideia do D1 e a do D2, de modo que elas
façam sentidos juntas e em sequência.
Uma dica aqui é analisar qual das duas ideias possui mais peso analítico e argumentativo
e reservá‐la ao D2, pois isso faz com que o texto cresça e gradativamente construa sua força
argumentativa. É uma estratégia bacana!
Além disso, fazer com que exista um conectivo entre as duas metades da tese e usar um
conectivo de sentido semelhante ao começar o D2 ajuda na criação dessa progressão!
Quer um exemplo? Vamos ver como exemplo uma redação feita para a proposta Fuvest
2020 (que já analisamos nessa aula, quando demos exemplo de contextualização por definição,
lembra?). Esse texto encontra‐se completo e sem marcações ao final do PDF.
Você deve notar que o D1 é argumentativamente mais fraco que o D2, quase uma
constatação, quase um senso comum. Já o D2, por sua vez, possui força argumentativa, pois
mostra como efeito social a desigualdade.
Além disso, foi‐se usado um conectivo coerente com a relação de sentido passada na tese
(marcação em azul claro).
Você deve ter percebido que há algumas marcações na introdução desse texto. Elas
indicam:
2 – Ponte
3 – 1ª metade da tese: a ideia central dessa metade é “as sociedades modernas dependem
muito da ciência e da tecnologia”. Isso é argumentativamente fraco, pois é um senso comum,
quase uma constatação, concorda?
4 – 2º metade da tese: a ideia central dessa metade é a de que “não há acesso democrático à
ciência e a desigualdade científica agrava outras desigualdades e distancia ainda mais o homem
comum das possibilidades de melhorar de vida que talvez estejam em suas mãos”. Perceba que
esse ponto de vista é muito mais profundo do que o ponto de vista abordado na metade
anterior.
Perceba como, cada vez mais, os textos vão ficando mais e mais amarradinhos quanto mais
ferramentas passamos a conhecer.
Novamente, veremos exemplos das redações que já estamos discutindo e agora o foco é
prestar atenção na parte da expansão do recorte temático.
Como conversamos, é nessa parte que fica a argumentação mesmo. Os parágrafos
selecionados trazem diferentes formas de argumentar, todas na estrutura padrão.
Mais a frente, nessa aula mesmo, você estudará várias formas de argumentação e poderá
adquirir novas ideias para seus textos.
Aqui, a marcação das expansão do tópico frasal virá em azul.
pessoas que sabem sobre ciência e tecnologia. Esse fenômeno pode ser observado no fato de
que a maioria dos indivíduos dos países desenvolvidos possui um smartphone ‐ fruto da
evolução das ciências da comunicação ‐ e a minoria, por sua vez, sabe como esse aparelho
funciona. Isso torna comum o uso de frases como “desliga e vê se volta a funcionar” em caso
de alguma falha técnica. Nesse sentido, a ciência torna‐se, simultaneamente, uma facilitadora
da vida moderna e um fator de desigualdade entre aqueles com acesso a esse conhecimento e
aqueles sem essa possibilidade.
Versão 2: com referências externas que aprendi sobre a questão educacional dos surdos dando uma
pesquisada
TÍTULO Realidade do estudante surdo no Brasil
INTRODUÇÃO [“Libras É Merda?”, curta feito por surdos e lançado em Brasília em 2019,
(contextualização¹
busca impactar a sociedade ouvinte para com o desafios dos surdos, que,
+ ponte² + tese³)
muitas vezes, culminam no isolamento deles e na dependência para realizar
tarefas cotidianas.]¹[ Uma das esferas abordadas é a educacional – do nível
básico ao superior‐, em que o surdo não se insere adequadamente.]²
[Embora o deficiente auditivo possua seus direitos à educação de qualidade
assegurados por lei, a educação brasileira não atende a essa premissa.
Consequentemente, na escola, na graduação e no mercado de trabalho, o
surdo esbarra em barreiras sistêmicas à inclusão.]³
D1 [Apesar de a lei garantir, não há suporte eficiente para a formação de alunos
(tópico frasal¹ +
surdos. ]¹ [Em teoria, cabe ao poder público oferecer educação básica e
expansão do
superior, em libras e em português normativo, em escolas bilíngues/
tópico/ exemplo²
inclusivas. Contudo, dados do Inep mostram mais matrículas de surdos em
+ fecho³)
classes comuns do que em inclusivas. Se por um lado, isso contribui para
reduzir o isolamento físico do surdo, por outro, há o obstáculo da escassez
de ouvintes que saibam língua de sinais, a qual fica majoritariamente restrita
à população surda, segundo o curta. Dessa forma, o deficiente frequenta
salas, em que os profissionais não falam libras, nem os colegas. Isso resulta
em uma incompreensão de mão dupla: o aluno surdo não compreende o
conteúdo e alunos e professores ouvintes não o compreendem para auxiliá‐
lo.]² [Assim, na prática, o surdo está isolado da educação de qualidade.]³
D2 [Em decorrência da formação inadequada, surdos encontram barreiras para
(tópico frasal +
entrar no ensino superior e no mercado de trabalho, podendo trazer danos
expansão do
psicológicos.]¹[Com a alfabetização defasada na escola, muitos surdos não
tópico/ exemplo²)
se oralizam. Assim, o indivíduo adulto não acompanha bem as aulas na
universidade, geralmente também não adaptada às libras. Muitas vezes, ela
delega ao aluno surdo que encontre a solução– gerando inconvenientes,
como um parente oralizado indo às aulas para traduzir. Entretanto, para os
diplomados, outro obstáculo: empresas não adaptadas a empregar
4.5 FECHO
Tal como na macroestrutura, em que o texto deve ter começo, meio e fim, cada parágrafo
do desenvolvimento também precisa possuir essa sequência. Para indicá‐la, podemos utilizar uma
estrutura curta que é o fecho.
Ele não é obrigatório e pode não ser necessário se o parágrafo de desenvolvimento
possuir começo, meio e fim sem ele. Ele atua como um reforço da ideia central do parágrafo (do
tópico frasal), porém de forma sumarizada.
O fecho corresponde à “conclusão” do parágrafo de desenvolvimento. Ele traz, de forma
muito enxuta, a ideia central daquele parágrafo. É uma pequena conclusão do parágrafo
(realmente bem pequena, menor que a conclusão do texto certamente).
Tal qual na conclusão do texto, o fecho não é o momento de trazer informações novas ao
parágrafo, visto que não há mais espaço para discuti‐las.
A maioria das sociedades modernas depende das inovações científicas no dia a dia. Foi
por meio da ciência, com a descoberta da penicilina e com o desenvolvimento do saneamento
básico, que se tornou possível erradicar diversas doenças, como a poliomielite, e reduzir
substancialmente as mortes devido à precariedade das condições sanitárias. O papel da ciência,
portanto, na maioria das vezes, é oferecer melhor qualidade de vida. Assim, há uma
dependência de suas inovações, presentes e atuantes no cotidiano do cidadão, para a
manutenção do estilo de vida atual.
Entretanto, os conhecimentos científicos por trás da presença diária da ciência na vida
do homem comum ainda não são acessíveis a ele. Segundo o cientista e autor Carl Sagan, há
uma desproporcionalidade: crescente uso tecnológico no dia a dia e decrescente número de
pessoas que sabem sobre ciência e tecnologia. Esse fenômeno pode ser observado no fato de
que a maioria dos indivíduos dos países desenvolvidos possui um smartphone ‐ fruto da
evolução das ciências da comunicação ‐ e a minoria, por sua vez, sabe como esse aparelho
funciona. Isso torna comum o uso de frases como “desliga e vê se volta a funcionar” em caso
de alguma falha técnica. Nesse sentido, a ciência torna‐se, simultaneamente, uma facilitadora
da vida moderna e um fator de desigualdade entre aqueles com acesso a esse conhecimento e
aqueles sem essa possibilidade.
[Os dados dos usuários da internet são utilizados em algoritmos que traçam
D1 um perfil dos gostos desses usuários frente a um determinado serviço.]¹
(tópico frasal¹ +
expansão do [Existem diversos serviços de streaming – distribuição digital via internet – de
tópico/ exemplo²)
áudio ou de vídeo: Spotify, Deezer, Amazon prime ou Netflix, por exemplo. É
comum que esses serviços armazenem qual o último episódio de série visto
ou qual a última playlist ouvida. Assim, a partir desses dados armazenados,
muitas vezes sem conhecimento explícito do usuário, os serviços buscam
auxiliar para que o ser humano não tenha que se preocupar “lembrando”
dessas informações. Contudo, além disso, são feitos cálculos estatísticos que
cruzam as diversas variáveis obtidas – idade, localidade, gênero, quantidade
de horas assistidas/ouvidas – a fim de desenvolver um produto considerado
altamente atraente a esse determinado grupo alvo.]²
D2 [A partir do perfil traçado, o usuário passa a ser apresentado a produtos e a
(tópico frasal¹ +
expansão do serviços de que estatisticamente tende a gostar, porém sem que tenha
tópico/ exemplo²
+ fecho³) decidido procurar por eles.]²[É comum que o feed – barra de rolagem – do
Instagram comece a apresentar perfis patrocinados sobre um determinado
serviço, logo após o dono do Instagram ter feito uma busca online, mesmo
que despretensiosa, acerca desse serviço. Dessa forma, esse usuário é
manipulado a sentir necessidade desse serviço e a conhecer apenas as
possibilidades já filtradas pelo algoritmo do Instagram, nesse caso, de
maneira que sua liberdade de decisão é prejudicada.]²[A longo prazo, o
usuário nem mais percebe que está sendo levado a “escolher” dentro de um
grupo amostral pré‐ selecionado]². [Sua liberdade de escolha, portanto, é
ilusória.]³
Versão 2: com referências externas que aprendi sobre a questão educacional dos surdos dando uma
pesquisada
D1 [Apesar de a lei garantir, não há suporte eficiente para a formação de alunos
(tópico frasal¹ +
expansão do surdos. ]¹ [Em teoria, cabe ao poder público oferecer educação básica e
tópico/ exemplo²
+ fecho³) superior, em libras e em português normativo, em escolas bilíngues/
inclusivas. Contudo, dados do Inep mostram mais matrículas de surdos em
classes comuns do que em inclusivas. Se por um lado, isso contribui para
reduzir o isolamento físico do surdo, por outro, há o obstáculo da escassez
de ouvintes que saibam língua de sinais, a qual fica majoritariamente restrita
à população surda, segundo o curta. Dessa forma, o deficiente frequenta
salas, em que os profissionais não falam libras, nem os colegas. Isso resulta
em uma incompreensão de mão dupla: o aluno surdo não compreende o
conteúdo e alunos e professores ouvintes não o compreendem para auxiliá‐
lo.]² [Assim, na prática, o surdo está isolado da educação de qualidade.]³
D2 [Em decorrência da formação inadequada, surdos encontram barreiras para
(tópico frasal +
expansão do entrar no ensino superior e no mercado de trabalho, podendo trazer danos
tópico/ exemplo²)
Essa forma de argumentação consiste em enumerar uma série de fatos que se conectam
segundo um raciocínio lógico que comprova a relevância do que você está defendendo. É
importante que você explicite bem que haverá uma ordem de ideias no desenvolvimento
(progressão temática).
É uma forma de argumentação baseada na capacidade de estabelecer relações lógicas
(causa/consequência, oposição, conclusão, etc.) entre as ideias de forma a encadeá‐las e
conseguir sair de um ponto A e, passando por diversos pontos B, C e D, concluir um ponto final E.
Uma boa aplicação desse método argumentativo vem acompanhada do uso de muitos
conectivos, o que é benéfico para a competência IV do Enem.
Para isso, você pode trabalhar, por exemplo, com dois problemas na tese e destrinchá‐los
em parágrafos diferentes.
Use expressões como: em primeiro lugar, primeiramente, segundamente, além disso,
ademais, outro fator importante, em primeira análise, em segunda análise, em primeira instância,
etc.
“[Em primeiro lugar4, a carência de medidas públicas relacionadas à melhoria da qualidade de vida
– educação, saúde, segurança ‐ gera a ocorrência de problemas sociais]1. [[De acordo com Jürgen
Habermas, filósofo alemão, para que haja a comunicação plena e o acordo de interesses, nesse
caso entre povo e representantes, deve‐se existir o agir comunicativo.]5 No entanto6, nem sempre
essa comunicação ocorre de forma eficiente, visto que manifestações populares que possuem o
objetivo de reivindicar direitos e melhorias são menosprezadas por parte da população e dos
políticos, devido à ocorrência de destruição e badernas realizadas por malfeitores que não
integram os movimentos]2. [Assim7, o povo não consegue se fazer ouvido, a carência de políticas
públicas permanece e aumentam os problemas sociais.]3”
Trecho escrito com inspiração do exemplo de redação que pode ser acessado em : https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo‐de‐redacao/manifestacoes‐populares‐em‐evidencia‐no‐seculo‐xxi/1096999
Referência 4: Essa expressão nos faz pensar que se trata de um primeiro parágrafo de
argumentação, visto que ficaria um pouco fora de ordem se o argumento de “primeiro lugar”
visse no segundo parágrafo de argumentação, depois de algum outro argumento já ter sido
trazido.
Referência 5: Aqui, a citação do filósofo Jürgen Habermas não faz com que o argumento
se torne “de autoridade”, visto que a fala dele não comprova a ideia central do parágrafo
(referência 2). Sua fala funciona como ponto de partida para a cadeia de raciocínio lógico
traçada.
Em termos de repertório, o uso do filósofo configura uso pertinente e produtivo de
referência legitimada pelas áreas do conhecimento e pode contribuir para aumento da nota
(dependendo do restante da produção textual).
Referência 6: Nesse parágrafo, foi feita a escolha de citar o ponto de vista do filósofo e
depois opor‐se a ele. Uma outra construção, em um parágrafo diferentemente escrito, poderia
concordar com o ponto de vista do intelectual, usando “nesse sentido” ou “desse modo”
(próximo caso). Ainda seria um argumento pelo estabelecimento de relações lógicas.
Referência 7: O fecho começa, tal qual indicado para se fazer na conclusão do texto, com
um conectivo que expressa ideia conclusiva. Faz sentido, não faz? Perceba que após o
conectivo, o fecho resume de forma muito sucinta todas as ideias trazidas no parágrafo (sem
acrescentar mais nenhuma).
Nesse argumento, a validade da tese defendida (ou da parte da tese associada àquele
parágrafo de desenvolvimento, isto é, a validade do respectivo tópico frasal) é atribuída pela
credibilidade da opinião de alguém publicamente visto como autoridade na área.
A fala da autoridade pode vir na forma de citação direta (com o uso de aspas) ou indireta,
conforme mostra o exemplo.
No caso em que a citação vem de forma direta, com uso de aspas, então a transcrição da
fala da autoridade deve vir literal. Isso significa que você deve transcrever exatamente as palavras
utilizadas na fala original daquele indivíduo que você selecionou como autoridade.
“Mas e se eu lembrar do conteúdo da frase, mas não lembrar das palavras exatamente?”
Nessa situação, dê preferência para a citação indireta, sem o uso de aspas. Quando você
faz uma citação indireta, você relata, com suas palavras, o conteúdo da fala da autoridade. Não é
necessário transcrever literalmente igual como no caso da citação direta, ok?
“[No mundo do livre mercado, existem forças poderosas para as quais é interessante,
mercadologicamente, que a população se alimente mal.]1 [[De acordo com Marx, em um mundo
capitalizado, a busca pelo lucro ultrapassa valores éticos e morais]4. [[Nesse sentido]5, é
estabelecido um ciclo vicioso: as pessoas se alimentam mal e isso causa a degradação de suas
saúdes, fazendo com que seja necessário que elas dispendam dinheiro com tratamentos,
medicamentos, cuidados físicos e reeducação alimentar. Contudo, os alimentos orgânicos – vistos
como mais saudáveis – geralmente são mais caros. Então, após recuperarem‐se, as pessoas estão
“mais pobres” e, para comer mais barato, novamente comem mal.]2 [Dessa forma, reestabelecem
o ciclo que gera lucro para diversos setores industriais – saúde, alimentos, estética e cuidados
físicos ‐, mas não para o próprio povo.]3”
Trecho escrito com inspiração da redação que pode ser acessada em: https://www.imaginie.com.br/enem/exemplo‐de‐redacao/desafios‐do‐combate‐a‐obesidade‐
infantil/1551376#:~:text=Em%20primeiro%20plano%20deve%2Dse,ultrapassa%20valores%20%C3%A9ticos%20e%20morais.
Entretanto,
Então se faz
manter esse
necessário que Dessa forma,
ritmo é caro Então, após
as pessoas voltam a se
(por exemplo, se tratarem,
Isso causa a gastem dinheiro alimentar mal
Pessoas se alimentos as pessoas
degradação em e prejudicar
alimentam orgânicos e retornam ao
de suas tratamentos, suas saúdes e
mal considerados ritmo de
saúdes medicamentos, precisam de
mais antes, por ser
cuidados físicos tratamentos
saudáveis mais barato
e reeducação novamente
costumam ser
alimentar
mais caros)
Note que a argumentação por relações lógicas pode estar presente conjuntamente com
outras formas argumentativas, somando suas forças e oferecendo um parágrafo mais
argumentativo.
Se você recebe muitas correções de redação indicando que falta aprofundamento nos
seus argumentos ou que seus argumentos ficaram rasos, deixo essa construção argumentativa
como sugestão para que você treine e veja se consegue aumentar sua performance nessa
competência da correção da redação.
4.7.3 EXEMPLIFICAÇÃO
Essa forma de argumentação consiste em trazer um exemplo específico como principal
ponto de concretude do parágrafo, tendo o propósito de mostrar que o que foi dito sobre a
sociedade (dentro do tema da redação) de fato existe na vida em coletividade, não é um
fenômeno isolado e, por isso, pode ser visto acontecendo.
Esse exemplo deve ser, preferencialmente, de conhecimento geral e deve impactar de
forma coletiva a sociedade ou o grupo social abordado, não pode ser um exemplo local, que não
afete o público proposto enquanto grupo.
Algumas ideias são:
Notícias de impacto nacional que foram veiculadas nos grandes veículos de comunicação;
Grandes acontecimentos em outros países, mas que foram amplamente noticiados nos
veículos de comunicação brasileiro;
Situações que estão muito atuais e comentadas no momento da escrita da redação (lembra
dos “rolezinhos” por volta de 2013 e de 2014? Seriam exemplos de situações como essa);
Dessa forma, não valem exemplos do seu núcleo familiar, da sua escola ou de vizinhos,
caso não sejam exemplos que repercutiram, por exemplo, em âmbito nacional, e que não foram
divulgados em grandes jornais e em outros veículos de comunicação.
Algumas expressões que podemos usar para introduzir esse tipo de argumento são: como
pode ser visto em, para contextualizar, por exemplo, a exemplo de, a título de exemplificação,
como acontece no caso, etc.
Algumas notícias de grande impacto no Brasil e no mundo nos últimos tempos e que
podem ser úteis nessa forma de argumentação:
Ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos
Primavera Árabe, no Oriente Médio
Rolezinhos, principalmente no estado de São Paulo
Paralisação dos caminhoneiros, no Brasil
Ato de terrorismo contra o jornal Charlie Hebdo, na França
Pandemia do Covid‐19, no mundo todo
Caso você queria ler sobre mais eventos marcantes do século XXI, tanto para se informar e
enriquecer seu repertório quanto para buscar novas ideias para sua redação, deixo a leitura da
seguinte página da Wikipedia como sugestão: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XXI.
Um dos itens dessa página que mais me interessou foi a parte de avanço tecnológico, você
também curte esses assuntos?
Nesse aspecto, surgem mais aspectos que podem ser mencionados na redação: uma delas,
amplamente veiculada nas redes sociais e impactante quando aconteceu, foi o momento em que
Elon Musk, empresário CEO da Tesla Motors, que também investe bastante em pesquisas
aeroespaciais com foco em descobrir, por exemplo, como levar seres humanos para Marte.
Agora, vamos ao exemplo de parágrafo argumentativo utilizando da exemplificação:
“[As políticas públicas externa e interna influenciam, cada uma em sua medida, na quantidade de
manifestações ocorrentes em um país.]1 [O impacto dessas políticas nos fatores socioeconômicos
– como custo de vida e mobilidade urbana ‐ é um dos principais motivadores dessas atitudes.
Como pode ser verificado em 2013, quando milhares de manifestantes ocuparam as ruas da
capital do estado de São Paulo em reivindicação por melhorias de infraestrutura e pela redução
dos preços dos transportes públicos no país, que aumentaram de forma considerável na
época.]2”
Trecho escrito com inspiração do trecho disponível em: https://blog.imaginie.com.br/dica‐de‐redacao‐tipos‐de‐paragrafos‐argumentativos/
Perceba que temos, provavelmente, um parágrafo de D1. A ideia central desse parágrafo
é a de que as políticas públicas são fatores que influenciam no bolso das pessoas e na satisfação
da população e, consequentemente, podem fazer com que o povo saia às ruas para manifestar.
A forma argumentativa utilizada para comprovar a veracidade dessa afirmação foi
justamente a exemplificação, isto é, mostrar que há um exemplo já ocorrido de situação em que
aconteceu esse fenômeno de políticas que influenciaram no bolso das pessoas e as levaram às
ruas para reclamar.
“[Umas das principais consequências negativas do uso excessivo dos aparelhos tecnológicos reside
no aumento dos problemas de saúde, principalmente a obesidade nos jovens. ]1 [Uma das
facilidades das novas tecnologias – em especial os smartphones – foi trazerem tudo “ao alcance
do toque”. Isso modifica a rotina das pessoas em diferentes níveis, sendo o âmbito da
movimentação corporal e do esforço físico um dos mais perceptíveis. Isso decorre do fato de que,
com tudo “ao alcance do toque” com aplicativos como o Ifood e os de Banking, reduz‐se a
necessidade de caminhar e de se locomover para atividades simplórias e cotidianas como pagar
contas no banco ou na lotérica ou ir ao restaurante almoçar. Como os jovens são a geração mais
profundamente inserida nesse cenário de constantes avanços tecnológicos, há maior impacto em
suas saúdes. Desse modo, como reflexo de uma geração gradativamente mais e mais sedentária,
8,4% dos adolescentes são obesos e mais de 30% das crianças apresentam excesso de peso,
segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde.]2 ”
Trecho escrito com inspiração da redação disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao‐para‐o‐enem‐e‐vestibular/analise‐de‐redacao‐desafios‐do‐combate‐a‐obesidade‐infantil
2/#:~:text=Como%20reflexo%20de%20uma%20popula%C3%A7%C3%A3o,recente%20do%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde.
Perceba que a ideia central desse parágrafo argumentativo reside justamente na relação
de causa e consequência:
Com essa ideia central em mente, perceba que foi construída uma argumentação por
relações lógicas, mas com poucos pontos, o que a enfraquece um pouco. Dessa forma, a
finalização com o dado numérico ajuda a fortalecer o argumento mostrando que a discussão
apresentada está coerente com as porcentagens desse fenômeno em sociedade, segundo
estudos.
Veja como fica o esquemático, acredito que irá contribuir para sua compreensão:
Pesquisa do
Ministério da Saúde
Isso faz com que as contém dados que
Os avanços pessoas não tenham comprovam o
tecnológicos, necessidade de se A redução dessas aumento estatistico
principalmente o locomover, nem de atividades físicas da obesidade na
smartphone, realizar nenhum cotidianas contribui sociedade atual,
contribuem para outros esforço além para o aumento do principalmente da
deixar "tudo ao do click na tela, para sedentarismo geração mais jovem,
alcance do toque" realizar atividades que é mais
cotidianas profundamente
inserida nessas novas
tecnologias
“[Umas das principais consequências negativas do uso excessivo dos aparelhos tecnológicos
reside no aumento dos problemas de saúde, principalmente a obesidade nos jovens. ]1 [Uma
das facilidades das novas tecnologias – em especial os smartphones – foi trazerem tudo “ao
alcance do toque”.]A [Isso modifica a rotina das pessoas em diferentes níveis, sendo o âmbito
da movimentação corporal e do esforço físico um dos mais perceptíveis.]B [Isso decorre do fato
de que, com tudo “ao alcance do toque” com aplicativos como o Ifood e os de Banking, reduz‐
se a necessidade de caminhar e de se locomover para atividades simplórias e cotidianas como
pagar contas no banco ou na lotérica ou ir ao restaurante almoçar.]C [Como os jovens são a
geração mais profundamente inserida nesse cenário de constantes avanços tecnológicos, há
maior impacto em suas saúdes.]D [Desse modo, como reflexo de uma geração gradativamente
mais e mais sedentária, 8,4% dos adolescentes são obesos e mais de 30% das crianças
apresentam excesso de peso, segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde.]E ”
Marcação 1 – Tópico frasal, ideia central do parágrafo. Quando você ler a “marcação E” mais
abaixo, perceberá como foi bem feito o uso do trecho “principalmente a obesidade nos jovens”.
Marcações de A a E – expansão do tópico frasal, é aqui que temos a argumentação. Perceba que
a argumentação se dá no seguinte fluxo: A ‐> B ‐> C ‐> D ‐> E, com excelente encadeamento das
ideias.
Marcação A: Uma das facilidades das novas tecnologias – em especial os smartphones – foi
trazerem tudo “ao alcance do toque”.]
‐ Traz exemplos concretos de situações que exigiam locomoção antes (ir ao banco pagar contas e
ir ao restaurante almoçar) e agora podem ser completamente resolvidas via smartphone (pelos
aplicativos de Banking e pelo Ifood).
______________________________________________________________________________
Marcação D: Como os jovens são a geração mais profundamente inserida nesse cenário de
constantes avanços tecnológicos, há maior impacto em suas saúdes.
‐ Introduz a ideia de que, dentre todas as pessoas, os fenômenos discutidos impactam em maior
grau as gerações mais jovens, por serem essas que possuem mais contato com a tecnologia.
Marcação E: Desse modo, como reflexo de uma geração gradativamente mais e mais sedentária,
8,4% dos adolescentes são obesos e mais de 30% das crianças apresentam excesso de peso,
segundo pesquisa recente do Ministério da Saúde.
‐ Unindo as ideias discutidas sobre os impactos do uso excessivo de smartphone com a questão
da geração, o parágrafo é encerrado com um dado estatístico que comprova que há, de fato, um
aumento da obesidade (que foi o problema que se escolheu como foco do parágrafo no tópico
frasal) nos jovens e nas crianças.
‐ O uso do trecho “principalmente a obesidade nos jovens” no tópico frasal foi um detalhe muito
importante, pois fez com que a linha argumentativa e o dado estatístico encaixassem muito bem
na ideia central do parágrafo. Perceba que, sem esse trecho, o tópico frasal não fica tão preciso
com relação às relações lógicas e ao dado estatístico.
Muitos estudantes ficam apavorados na hora da redação pensando que suas ideias não
se encaixam.
Perceba que não é necessário grande esforço, uma sacada mágica ou alguma habilidade
muito grande com a linguagem para encaixar melhor suas ideias.
A simples inclusão de um trecho como “principalmente a obesidade nos jovens” já faz
com que seu tópico frasal fique mais preciso.
Outro bizu da professora é o seguinte: use vocabulário precisos. Procure por palavras
que significam exatamente o que você quer dizer. Isso ajuda muito!
Alguns indicadores de argumento por analogia são: igualmente, como se, da mesma
forma, bem como, assim também, assim como, do mesmo modo, tanto quanto, tal qual, por
analogia, comparativamente, etc.
O exemplo de parágrafo com essa estratégia argumentativa virá a seguir, juntamente ao
estudo da argumentação por alusão histórica. Você verá que essas duas estratégias
argumentativas andam muito juntas.
Aqui trazemos um exemplo que une essas duas formas de argumentar: alusão histórica e
analogia.
“[Ainda hoje, a violência é vista como principal ferramenta para imposição do poder por aqueles
que o detém. ]1 [[Herança do período militar, época em que se acentuou o esfacelamento das
diretrizes da sociedade brasileira como democrática, atualmente permanece o uso da violência
para impor as decisões de impacto na coletividade.]4 [Tal qual os modelos e as ações de
segurança pública durante a ditadura visavam à contenção social por meio do uso da força e de
armas para a repressão, essa ótica é perceptível hoje no comportamento das ações policiais
enfatizadas pelo terror e violência.]5 [Um exemplo que permite ilustrar esse cenário foi a
ocupação militar da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, marcada pelas guerras entre
traficantes e os próprios policiais, ocasionando centenas de mortes de inocentes.]6]2”
Aqui finalizamos nosso estudo de formas de argumentação, você está cheio de exemplos
e de técnicas para aplicar em seus textos a partir de agora!
Nessa prática, iremos completar mais um pouco dessa redação referente ao tema da prova
EN 2019: Os impactos da rapidez crescente nas mudanças tecnológicas.
Você pode utilizar os exemplos apresentados em aula como um norte para sua escrita,
tirando deles ideias e formas de utilizar as argumentações.
Pode‐se entender “ciência” como a busca pelo conhecimento aprofundado sobre um assunto
e “tecnologia” como o conjunto de técnicas e de processos usados na realização de um objetivo
– por exemplo, as pesquisas científicas. Nesse sentido, as sociedades desenvolvidas modernas
podem ser consideradas ambientes científicos e frequentemente usufruem das inovações
científicas e tecnológicas para melhoria da qualidade de vida no cotidiano: eletricidade ou
avanços médicos e infraestruturais. Contudo, embora a dependência científico‐tecnológica por
parte dessas sociedades seja enorme, o conhecimento acerca dessas áreas ainda não é
eficientemente acessível ao homem comum.
CONCLUSÃO:
Nessa conclusão, há uma finalização com frase inspiradora que está sublinhada (pode‐se
pensar até como uma mensagem moral). É um acréscimo válido, embora não seja necessário para
a conclusão por retomada.
O único risco ao utilizá‐la é ter certeza de que seu texto não ficará pedinte ou clichê, ok?
São vícios de escrita mal vistos e que empobrecem o texto.
Nesse sentido, como professora de redação, decidi trazer essa aba extra para te ajudar a
se preparar bem para o Enem também. Todas as outras partes da estrutura podem ser utilizadas
sem prejuízo na redação do Enem, entretanto, a conclusão sofre modificações consideráveis.
É claro que há mais detalhes acerca das outras partes da estrutura, mas esses detalhes não
são o foco desse curso. Caso você vá fazer também a prova do Enem e se interesse por mais
informações especificamente sobre essa redação, o curso “Manual de redação ENEM – de aluno
para aluno”, também de minha autoria e disponível na plataforma Estratégia Vestibulares, traz
tudo em detalhes:
Ação
• É o elemento mais importante da proposta de intervenção.
• Responde o questionamento: "o que deve ser feito?"
Agente
• Responde ao questionamento: "quem executa?"
• Agente genéricos como "ninguém" ou "alguém" devem ser contabilizados como
elemento nulo e não valerão na contagem de elementos que determina o nível da
nota na competência V.
Modo/meio
• Indica a ferramenta por meio da qual a ação será executada.
• Responde ao questionamento: "por meio de quê?"
Efeito
• Indica uma consequência, um efeito vindouro da ação.
• Responde ao questionamento: "Para quê?"
• Não há efeito nulo.
Detalhamento
• Uma informação extra acerca de algum dos 4 elementos anteriores que o candidato
deve trazer em sua proposta de intervenção.
• Responde ao questionamento: "Que outra informação sobre esses elementos foi
acrescentada pelo participante?”
Como a cartilha mesmo fala, talvez o item de maior dificuldade de entendimento por
parte dos estudantes seja o detalhamento. Por esse motivo, deixo a seguir alguns exemplos de
detalhamento que a própria cartilha ofereceu, para tentar deixar a compreensão o mais clara
possível:
Exemplo do detalhamento da ação (Página 18 da cartilha V): “Por isso é muito importante que
todos os usuários da internet pesquisem em diversas fontes diferentes, como por exemplo:
vários sites, livros, jornais e etc, antes de tomar uma decisão importante”. (Exemplificação)
Caso você não tenha nenhum interesse em Enem, pode optar por fazer apenas a conclusão
por retomada simples. Caso você considere o Enem e vá prestar essa prova, recomendo
fortemente que faça as duas conclusões.
Você vai perceber que não é necessário alterar nada no corpo do texto para fazer as
conclusões por retomada ou por proposta de intervenção.
Primeiramente, vamos ler o texto completo e sem marcações, depois vamos analisá‐lo em
detalhes:
Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam ser
guerreiras, profissão mais valorizada na época. Na contemporaneidade, tal barbárie não ocorre
mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os surdos – o
acesso à educação, devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta de atenção do
Estado à questão.
Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que age
como se os deficientes auditivos fossem incapazes de estudar e, posteriormente, exercer uma
profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal, trazido pela
socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas
param de vê‐la como errada. Um exemplo disso é a discriminação contra os surdos nas escolas
e faculdades – seja por olhares maldosos ou pela falta de recursos para garantir seu
aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado mesmo pelos
educadores, possivelmente leva à desistência do estudo, mantendo o deficiente à margem dos
seus direitos – fato que é tão grave e excludente quanto os homicídios praticados em Esparta,
apenas mais dissimulado.
Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância
estatal, uma vez que o governo nem sempre cobra das instituições de ensino a existência de
aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além da avaliação do português
escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas
também respeitar e crescer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto
o Estado e a escola não garantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por
parte dos professores e colegas – tal minoria ainda estará sofrendo práticas discriminatórias.
Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao
sistema educacional, é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as instituições
de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de especialização
à noite – horário livre para a maioria dos profissionais – de maneira a garantir que as escolas e
universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse grupo ao estudo. Em
Agora, vamos analisar juntos alguns pontos (não iremos analisar aqui questões
relacionadas a desvios gramaticais, nosso foco será na estrutura do texto e nas conexões entre os
enunciados):
1º parágrafo do texto:
[Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam ser
guerreiras, profissão mais valorizada na época. ]1 [Na contemporaneidade, tal barbárie não
ocorre mais]², [porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os
surdos – o acesso à educação, [devido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta
de atenção do Estado à questão]3.
Referência 1: contextualização.
Referência 2: ponte.
Referência 3: tese composta por duas partes SOCIEDADE/ESTADO (“preconceito ainda
existente em sociedade” + “falta de atenção do Estado à questão”).
Marcação em roxo: Coesão entre os dois elementos temporais (antigo e atual). Perceba
que a autora da redação utilizou uma referência à Grécia Antiga como contextualização. Essa
pode ser uma estratégia de redação muito eficiente para tirar total no que se refere à
repertório.
2º parágrafo do texto:
[Inicialmente, um entrave é a mentalidade retrógrada de parte da população, que age como
se os deficientes auditivos fossem incapazes de estudar e, posteriormente, (de) exercer uma
profissão.]1 [De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal, trazido pela
socióloga Hannah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas
param de vê‐la como errada. Um exemplo disso é a discriminação contra os surdos nas
escolas e faculdades – seja por olhares maldosos ou pela falta de recursos para garantir seu
aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado mesmo pelos
educadores, possivelmente leva à desistência do estudo, mantendo o deficiente à margem
dos seus direitos]2 – [fato que é tão grave e excludente quanto os homicídios praticados em
Esparta, apenas mais dissimulado. ]3
Referência 1: tópico frasal referente à primeira parte da tese que aborda o papel da sociedade
nos desafios a serem discutidos.
Referência 2: expansão do tópico, por meio de argumento de autoridade, exemplificação e
relação lógica (nesse caso o impacto das duas situações trazidas anteriormente no próprio
deficiente auditivo, que desiste de estudar)
Referência 3: fecho, com retomada breve da analogia feita na contextualização entre o cenário
de Esparta e o atual, com relação a pessoas com deficiência.
Marcação em cinza: O “de” entre parênteses foi acrescentado por mim, visto que
configura um desvio de paralelismo sintático (isso é um desvio de norma culta).
3º parágrafo do texto:
Referência 1: tópico frasal referente à segunda parte da tese que aborda o papel do Estado nos
desafios a serem discutidos.
Referência 2: expansão do tópico, por meio de argumento de autoridade e relação lógica.
Nesse caso, a partir da definição de “inclusão” que a candidata escolheu utilizar – aquela
dada pelo filósofo Habermas ‐, a expansão do tópico mostra o desafio ainda enfrentado pelos
surdos para que sejam de fato incluídos.
Portanto, houve conexão entre a frase do filósofo e o tema – o que indica pertinência –
e também houve uso produtivo, pois, essa definição de “inclusão” contribuiu ativamente para
a argumentação.
Nesse parágrafo de desenvolvimento, a autora não colocou fecho (o que não configura
erro de estrutura, tendo em vista que o fecho não é obrigatório. Com o treino, você começará
a também perceber em quais parágrafos fica melhor colocar e em quais não).
4º parágrafo do texto:
Destarte, [para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao
sistema educacional]¹, é preciso que o [Ministério da Educação, em parceria com as
instituições de ensino]², [promova cursos de Libras para os professores]³, [por meio de
oficinas de especialização à noite – horário livre para a maioria dos profissionais]4 – [de
maneira a garantir que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos]5,
[facilitando o acesso desse grupo ao estudo]6. Em adição, o [Estado]7 [deve divulgar
propagandas institucionais ratificando a importância do respeito aos deficientes auditivos]8,
[com postagens nas redes sociais]9, [para que a discriminação dessa minoria seja reduzida]10,
[levando à maior inclusão.]11
Proposta 1: em azul
Referência 3: O que deve ser feito? “promova cursos de Libras para os professores”.
(Ação)
Perceba a utilização de uma expressão escrita que indica intenção interventiva (está
sublinhada).
Referência 2: Quem executa? “Ministério da Educação, em parceria com as instituições
de ensino”. (Agente)
Proposta 2: em laranja
Referência 8: O que deve ser feito? “deve divulgar propagandas institucionais
ratificando a importância do respeito aos deficientes auditivos”. (Ação)
Perceba a utilização de uma expressão escrita que indica intenção interventiva (está
sublinhada).
Referência 7: Quem executa? “Estado”. (Agente)
Referência 9: Como se executa? /Por meio do quê? “com postagens nas redes sociais”.
(Modo/meio)
Referência 10: Para quê? “para que a discriminação dessa minoria seja reduzida”.
(Efeito)
Referência 11: Que outra informação sobre esses elementos foi acrescentada pelo
participante? ”facilitando o acesso desse grupo ao estudo”. (Detalhamento)
Perceba que ambas as propostas são completas e, assim sendo, ambas seriam avaliadas
com nota máxima na competência V do Enem (proposta de intervenção). Caso uma delas fosse
completa e a outra não, a avaliação se manteria em nota máxima, pois se avalia apenas a
proposta mais completa dentre as propostas de intervenção apresentadas.
Além disso, note também que não há nada além dos 5 elementos que compõem a
proposta de intervenção e da breve retomada da tese e já se ocupou uma quantidade
considerável de linhas. Portanto, ao planejar sua conclusão‐solução, pense bem sobre o espaço
disponível que você separará para isso.
* Redação de Mariana Camelier Mascarenhas ‐ Manual de Redação do Enem 2018
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_do_enem_2018.pdf
Agora que fizemos nossa análise detalhada, vamos ler o comentário oficial sobre essa
redação. Você irá perceber que muitas das observações que temos feito ao longo de nosso curso
aparecem realmente na correção oficial. Foque nas observações sobre atender ao tipo textual e
ao tema, bem como a coesão e a argumentação, pois são pontos que a banca certamente olhará.
Estamos no caminho certo!
O comentário oficial estará nas caixas coloridas e as partes coloridas e referenciadas são a
discussão que teremos aqui em nossa aula.
COMENTÁRIO OFICIAL DA CORREÇÃO DO ENEM:
A participante demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua
portuguesa, uma vez que a [estrutura sintática é excelente e há apenas dois desvios]1: no
segundo parágrafo, no trecho “que age como se os deficientes auditivos fossem incapazes de
estudar e, posteriormente, exercer uma profissão”, em que a ausência da preposição “de”
antes de “exercer uma profissão” causa um problema de paralelismo; e no terceiro parágrafo,
em que se percebe a ausência de vírgula após a intercalação (“enquanto o Estado (...)
professores e colegas”).
Referência 3: Esse parágrafo analisa se houve ou não fuga do tema. Como discutimos
nessa aula, a banca espera que o tema seja analisado de uma forma ampla, isto é, todas as
palavras da frase tema sejam levadas em consideração, não apenas uma ideia central.
Sendo o tema “desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, seria um
tangenciamento do tema se não fossem discutidos de fato os desafios especificamente com
relação ao estudo (o que é feito na tese, visto que é a ideia principal. Essa tese continha duas
partes e cada uma deu origem a exatamente um parágrafo de desenvolvimento,
respectivamente).
O tema não era “surdos”, percebe?
Referência 5: a banca valoriza o uso da estrutura padrão pela candidata, pois esse uso
demonstra compreensão de gênero e de estrutura. Além disso, mostra que a candidata pensou
sobre quais estratégias argumentativas usar e planejou seu texto antes de propriamente
escrevê‐lo. Ela ganha credibilidade e um bom olhar do corretor com isso.
Por fim, a participante elabora excelente proposta de intervenção: concreta, detalhada e que
respeita os direitos humanos. As ações interventivas apresentadas no texto trazem, como
principal agente, o governo, o que retoma a ideia de que há uma falta de atenção a essa
problemática por parte do Estado. Além disso, a proposta está atrelada aos desafios
apresentados, uma vez que propõe ações que facilitem o acesso à educação e reduzam a
discriminação dos surdos.
Por fim, o comentário também destaca positivamente que a solução proposta resolve o
desafio abordado. Esse item é muito importante: não adianta possuir os 5 elementos (ação,
agente, modo/meio, efeito e detalhamento) se eles não se referem à problemática que você
expôs na tese.
Por isso, a retomada breve da tese é altamente recomendada: ela funciona como um
guia e ajuda a evitar que você se desvie do caminho que vem traçando.
Não podemos colocar tudo a perder no final do texto, certo?
SILVA, Eliana dos Santos; DA SILVA, Geraldo José. Aspectos microestruturais em textos dissertativos
universitários: o uso dos operadores argumentativos na construção textual.
Disponível em https://anaisonline.uems.br/index.php/enic/article/view/1118/1140. Acesso em
fevereiro de 2020.
Versão 2: com referências externas que aprendi sobre a questão educacional dos surdos dando uma
pesquisada
TÍTULO Realidade do estudante surdo no Brasil
INTRODUÇÃO [“Libras É Merda?”, curta feito por surdos e lançado em Brasília em 2019, busca
(contextualização¹ impactar a sociedade ouvinte para com os desafios dos surdos, que, muitas vezes,
+ ponte² + tese³) culminam no isolamento deles e na dependência para realizar tarefas cotidianas.]¹[
Uma das esferas abordadas é a educacional – do nível básico ao superior‐, em que
o surdo não se insere adequadamente.]² [Embora o deficiente auditivo possua
seus direitos à educação de qualidade assegurados por lei, a educação brasileira
não atende a essa premissa. Consequentemente, na escola, na graduação e no
mercado de trabalho, o surdo esbarra em barreiras sistêmicas à inclusão.]³
D1 [Apesar de a lei garantir, não há suporte eficiente para a formação de alunos
(tópico frasal¹ + surdos. ]¹ [Em teoria, cabe ao poder público oferecer educação básica e superior,
expansão do em libras e em português normativo, em escolas bilíngues/ inclusivas. Contudo,
tópico/ exemplo² dados do Inep mostram mais matrículas de surdos em classes comuns do que em
+ fecho³)
inclusivas. Se por um lado, isso contribui para reduzir o isolamento físico do surdo,
por outro, há o obstáculo da escassez de ouvintes que saibam língua de sinais, a
qual fica majoritariamente restrita à população surda, segundo o curta. Dessa
forma, o deficiente frequenta salas, em que os profissionais não falam libras, nem
os colegas. Isso resulta em uma incompreensão de mão dupla: o aluno surdo não
compreende o conteúdo e alunos e professores ouvintes não o compreendem
para auxiliá‐lo.]² [Assim, na prática, o surdo está isolado da educação de
qualidade.]³
D2 [Em decorrência da formação inadequada, surdos encontram barreiras para entrar
(tópico frasal + no ensino superior e no mercado de trabalho, podendo trazer danos
expansão do psicológicos.]¹[Com a alfabetização defasada na escola, muitos surdos não se
tópico/ exemplo²) oralizam. Assim, o indivíduo adulto não acompanha bem as aulas na universidade,
geralmente também não adaptada às libras. Muitas vezes, ela delega ao aluno
surdo que encontre a solução– gerando inconvenientes, como um parente
oralizado indo às aulas para traduzir. Entretanto, para os diplomados, outro
obstáculo: empresas não adaptadas a empregar funcionários surdos, mas com
uma cota de funcionários portadores de deficiência a cumprir. Daí decorre um
problema sistêmico de subutilização do surdo, muitas vezes confundido com um
deficiente mental e delegado a funções incoerentes com sua educação. Nesse
sentido, segundo a premissa calvinista de que o “trabalho enobrece o homem”,
esse fenômeno prejudica a independência do surdo e distorce a visão de si mesmo
como cidadão produtivo capaz de contribuir para a sociedade.]²
CONCLUSÃO/ A fim de diminuir a distância entre teoria e realidade na educação de surdos no
PROPOSTA DE Brasil, podem ser instituídas, nas redes públicas, classes de idiomas que incluam
INTERVENÇÃO libras. Assim, como consequência, serão formadas gerações bilíngues, o que
futuramente aumentará a acessibilidade do surdo ao mercado de trabalho.
Ademais, no exercício da cidadania, o cidadão ouvinte pode se educar – na internet
‐ para com as necessidades dos deficientes auditivos, contribuindo para eliminar
visões preconceituosas acerca de comprometimentos que tornem o surdo menos
capaz.
Macroestrutura
Microestrutura da introdução
Microestrutura do desenvolvimento
Microestrutura da conclusão
Muitos exemplos!!
Fique à vontade para entrar em contato comigo caso tenha alguma dúvida.
Deixo também meu Instagram, posto sempre bastante conteúdo por lá!
A frase que vou usar para finalizar nossa aula de hoje é uma frase que eu utilizo comigo
mesma quando estou fazendo uma tarefa difícil ou que não me agrada tanta. Se a redação não te
agrada tanto e você tem dificuldade, reflita sobre a seguinte frase e sobre o tamanho do seu
sonho: