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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

REDAÇÃO MILITAR 2021


Aula 2
Deslizes que são apontados na correção das redações

Deslizes de estudo de redação (mas que não aparecem nas marcações


da correção)

Esquemas

Profª. Marina Gonçalves

AULA 02

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 1


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Sumário
1.0 NORMA CULTA 5

1.1. ORTOGRAFIA 6

1.2. CONSTRUÇÃO DE ORAÇÕES 7

1.3. PONTUAÇÃO 10
1.1.1 EXEMPLO DE PARÁGRAFO COM MUITOS DESVIOS DE PONTUAÇÃO 18

2.0 NÃO ATENDER AO TIPO TEXTUAL 21

2.1. FAZER UM TEXTO QUE NÃO É DISSERTATIVO 21

2.2. EXEMPLO DE REDAÇÃO COM TRECHO NARRATIVO MUITO GRANDE 24

2.3. FAZER UM TEXTO QUE NÃO É DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO 24

3.0 TEMA 27

3.1. ABORDAGEM INCOMPLETA DO TEMA 27


3.1.1 FUGA DO TEMA 27
3.1.2 TANGENCIAMENTO DO TEMA 28
3.1.3 COMO ABORDAR ESSE DESLIZE 28

3.2. "E QUANDO NÃO SEI NADA DO TEMA?" 30

3.3. ABORDAGEM RASA DO TEMA/ SENSO COMUM 39


3.3.1 EXEMPLO 42

4.0 COESÃO 45

4.1 USO INADEQUADO DE CONECTIVOS OU DE ESTRUTURAS CONECTIVAS 45


4.1.1 EXEMPLO 46

4.2 ESTRUTURAS DO TEXTO DESCONEXAS 47

5.0 REPERTÓRIO 49

5.1 CÓPIA 49
5.1.1 EXEMPLO DE TREINO DE PARÁFRASE 50

5.2 USO DE REPERTÓRIO FORA DO TEMA OU QUE NÃO CONTRIBUI PARA A ARGUMENTAÇÃO 51

6.0 CONCLUSÃO 52

6.1 AUSÊNCIA DE CONCLUSÃO 52

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6.2 CONCLUSÃO COM INFORMAÇÕES NOVAS 54

7.0 MÁ DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE ESTUDO 55

8.0 REPERTÓRIO É UMA MULETA PARA VOCÊ? 60

9.0 TREINO MENTIROSO 63

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

12.0 ESQUEMAS: LISTA DE IMAGENS E TABELAS 67

12.1 USO DAS PONTUAÇÕES NA REDAÇÃO 67

12.2 PROPOSTA FUVEST 2020 74

12.3 TREINO DE PARÁFRASE FUVEST 2020 76

12.4 PROPOSTA FUVEST 2013 77

12.5 EXEMPLO REDAÇÃO FUVEST 2013 78

12.6 PROPOSTA ITA 2020 80

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APRESENTAÇÃO DA AULA 2

O objetivo da aula 2 no nosso manual de redação é ajudar na sua compreensão das


correções de suas redações, é ajudar que você saiba qual o erro que está acontecendo e quais as
consequências desse erro.
Iremos identificar tanto erros de escrita e que costumam ser marcados pelos corretores
quanto erros de planejamento de escrita da sua redação. Esse segundo grupo de erros não é
identificado e destacado pelos corretores, pois eles não conseguem saber como fazemos as
redações em nossas casas durante o estudo.
O motivo de esse material existir é que um dos principais erros que encontro na
metodologia de estudo de redação dos alunos (e que impede seu progresso) é fazer redação atrás
de redação sem um feedback honesto do progresso (eu já cometi esse erro durante meus estudos
também!).
Se você não olhar o que errou e buscar corrigir, não vai magicamente aumentar suas notas
apenas por escrever “um monte” de redação, ok?
O perigo dessa prática é justamente deixar você no escuro. Se seu erro é ortografia, ficar
lendo redações acima da média não vai ajudar em muita coisa. Você precisa saber quais os erros
para não tentar tratar cárie com remédio para dor de cabeça.
Sim, é mais ou menos isso que acontece quando você não sabe exatamente qual o erro e
como fazer com ele.
Além disso, para cada erros que discutirmos, vamos também discutir o que você pode fazer
para tentar parar de cometer esse deslize e aumentar suas notas de redação, ok?
Então, mãos à obra!
Vamos juntos!

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1.0 NORMA CULTA


Esse é o conjunto de erros que pega aqueles alunos que acreditam que dá para mandar
muito bem em redação sem um domínio bacana de gramática. Cuidado!

De todos os itens de erros sobre os quais falaremos, acredito que o principal efeito do erro
de norma culta é causar, em menor e em maior grau, a perda de credibilidade do seu texto. Vou
explicar.
A redação será praticamente a única parte do seu vestibular que terá correção humana,
não é mesmo? As questões das disciplinas são corrigidas com base na obtenção da resposta/
alternativa correta, o que não é muito questionável nem abre muita margem para o subjetivo:
acertou ou errou.
Na redação, o processo é um pouco diferente. Sua redação será lida por um corretor e, por
mais que ele seja capacitado e conhecedor do seu ofício, ele também carrega suas próprias visões
de mundo e opiniões sobre redação quando vai corrigir. Isso não é uma falha nem uma
parcialidade, é inevitável que vejamos o mundo segundo os olhos que temos.
Portanto, errar muita norma culta pode fazer a visão do corretor sobre seus descontos de
pontos serem mais duras, por perda de credibilidade. Ao contrário, um texto que passa muita
credibilidade pode fazer com que o corretor reflita cautelosamente sobre os descontos, pois
passou a valorizar a qualidade daquele texto.
ALERTA ADICIONAL:
Letra “feia” não é um erro de norma culta, desde que seja legível. Entretanto, seja muito
criterioso ao analisar se sua letra está legível.
O que quero dizer com isso?
Bom, você pode até achar que sua letra é “ruinzinha, mas dá para o gasto”, como diz
uma amiga minha. Entretanto, o corretor lê muitas redações com diversas letras, tanto
melhores quanto piores que a sua. Por isso, a sua “ruinzinha, mas dá para o gasto” pode ser

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“excelente” para um corretor que leu muitas redações com letras ilegíveis ou “ilegível” para o
corretor que leu muitas redações com as letras redondinhas.
Você deve alterar toda a sua letra por isso? De forma alguma, isso levaria tempo demais
e seu processo de passar a redação para a folha oficial ficaria muito mais lento.
Contudo, sugiro fortemente que você faça uma verificação de sua letra pedindo que
outras pessoas leiam seu texto pronto. Várias pessoas, pode ser na sua família mesmo. Se, ao
lerem, você escutar muito “qual essa palavra aqui?” ou “nossa, não estou enxergando, que letra
pequena!”, trate de melhorar esses pontos, pois o corretor está sujeito às mesmas dificuldades
e letra difícil de ler dá uma canseira danada.

1.1. ORTOGRAFIA

De forma resumida, aqui são os erros de escrita das palavras. Alguns dos erros comuns são
trocar as letras “s” e “z” ou confundir palavras parecidas (mas completamente diferentes) como
“trás” e “traz”.
Caso você receba muitas penalizações de ortografia, atenção! Esse daqui é um dos pontos
para se garantir, não para se perder na prova. Invista em melhorar sua ortografia e isso é uma
recomendação muitíssimo séria.
Para fazer isso, você deve ler mais (podem ser até redações) e estudar ortografia. Sim,
ortografia lá do ensino fundamental! Acentuação de ditongo, plural de substantivo composto,
palavras primitivas e palavras derivadas, por exemplo.

Ler redações modelo terá pouca utilidade aqui. É um fato que geralmente as redações‐
modelo apresentarão poucos ou nenhum deslize de norma culta, e isso as torna fonte pobre de
palavras para você que ainda está cometendo uma boa quantidade desses erros.
Além disso, qual a chance de que o texto modelo tenha utilizado exatamente a palavra que
você precisa aprender? Pouca, já que existem muitas palavras na nossa língua! Ou seja: pode ser
um grande desperdício de tempo e não atacar o que você precisa.

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Sendo assim, recomendo que você volte e estude ortografia, fazendo listas de exercícios
sobre isso e também crie um caderninho ou uma lista de palavras. Anote seus erros e os estude.
Todo dia, pegue esse caderninho e tente fixar na cabeça a escrita correta das palavras que você
tem errado. Também anote o significado delas, não decore a escrita sem saber como usá‐las, isso
vai dar muito errado!
Parece monótono e é um pouco chato mesmo, mas reforço que é muito difícil tirar uma
nota alta de redação caso sua ortografia esteja muito comprometida.
A leitura de bons materiais (jornais, revistas, livros) pode contribuir nisso também, pois
você tem contato com palavras escritas corretamente. Contudo, para atacar especificamente a
questão de erros de ortografia, você deve unir a leitura de textos escritos corretamente, evitar a
leitura de materiais de ortografia incorreta e estudar ortografia, conforme falei.
É preciso força, mas pense que essa “dorzinha” por um tempinho pode significar sua
aprovação, enquanto que sua resistência em estudar ortografia pode causar uma “dorzona” da
reprovação no futuro.

1.2. CONSTRUÇÃO DE ORAÇÕES


Aqui, os erros principais não são mais de escrita das palavras e sim na formação de construções
frasais. Por esse motivo, erros que comprometem a escrita correta das orações estão aqui.
Alguns exemplos: concordância entre sujeito e verbo, regência verbal ou nominal, uso
inadequado de pronomes relativos.
Não está entendendo do que estou falando? Veja:
 Concordância entre sujeito e verbo:
O pai e a mãe do menino esteve aqui hoje (incorreto).
O pai e a mãe do menino estiveram aqui hoje (correto).

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Explicação: como o sujeito é composto (núcleos: “pai” e “mãe”), é necessário que o verbo
esteja na terceira pessoa do plural.

 Regência verbal:
Um exemplo simples com o verbo “assistir”. Desejamos que a frase indique que o menino
viu o jogador de futebol.
O menino assistiu ao jogador de futebol (correto, “assistir a” tem sentido de ver).
O menino assistiu o jogador de futebol (incorreto, “assistir” tem sentido de ajudar, de
prestar assistência).

Explicação: a regência do verbo assistir pode interferir em seu sentido. Dessa forma,
“assistir + a” é sinônimo de “ver”, de “visualizar”; “assistir” sem preposição associada é
sinônimo de “ajudar”.

 Uso inadequado de pronomes relativos:


Minha vizinha deixou seu celular na esquina da rua que moramos (incorreto).
Minha vizinha deixou seu celular na esquina da rua em que moramos (correto).
Minha vizinha deixou seu celular na esquina da rua onde moramos (correto).

Explicação:
‐ Na primeira frase, é necessário considerar que o verbo morar pede a preposição “em”,
de modo que temos a construção “Moramos na rua”, por exemplo. Sendo assim, essa
preposição acompanha o pronome relativo no caso em que ele é usado.
‐ A segunda frase corrige a ausência da preposição “em” na primeira frase.
‐ A terceira frase apresenta outro pronome relativo, o “onde”, equivalente ao “em que”
no caso de se referir especificamente a lugares físicos.

Adicional sobre o ONDE x EM QUE:

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Referência a lugar físico: O colégio onde estudei com meu marido é tradicional. (correto)

Sem referência a lugar físico: Os casos onde há dúvidas sobre a integridade da realização
da prova serão avaliados pela banca. (incorreto)
O correto seria: Os casos em que há dúvidas sobre a integridade da realização da prova
serão avaliados pela banca.

Esses foram exemplos muito simples para que você comece a entender do que estamos
falando.
Caso sua redação receba muitas marcações de erro nas construções frasais, seu estudo
precisa focar em gramática e principalmente nos tópicos mais recorrentes que aparecerem
marcados em seu texto.
Aprenda regência verbal e nominal com detalhes, faça listas de exercícios sobre isso
para ajudar a decorar os verbos mais usados e os nomes mais frequentes.
Além disso, estude a questão de orações coordenadas e subordinadas novamente, por
exemplo, não para decorar os nomes delas e suas classificações (isso não será importante na
redação), mas para aprender qual tipo de oração subordinada origina cada efeito de sentido.
Essa diferenciação, por sua vez, é altamente importante.

Outro tópico que deve estar dominado é o uso de pronomes (dos mais diversos tipos:
pessoais, indeterminados, relativos, demonstrativos, etc.). Colocação pronominal também não
deve ficar de fora, ok?
Veja bem, seu guia deve ser seu texto e seus erros mais recorrentes, entretanto, esses
tópicos que mencionei são alguns dos pontos gramaticais que mais influenciam em redação, por
isso, garanta‐se neles mesmo que não estejam aparecendo nas marcações dos corretores, viu?
Novamente, a leitura de textos acima da média terá pouca utilidade nesse caso, pois a
contribuição delas será esparsa, atingindo seus erros específicos em poucos momentos.
O caminho é duro, mas é esse mesmo: estudar teoria gramatical e fazer listas e listas de
gramática!

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Sei que o estudo de gramática é desagradável e monótono para vários alunos.


Entretanto, é um conteúdo que você deve dominar para a vida, não para o vestibular ou para a
redação do vestibular.
Depois que você tiver conquistado sua aprovação e ingressar na faculdade e também no
mercado de trabalho, verá como faz diferença ser uma pessoa com domínio adequado da
linguagem.
Aqui, a credibilidade também entra: ser uma pessoa com domínio ruim do português
pode fazer com que você passe algumas “vergonhas” e perca algumas oportunidades.

1.3. PONTUAÇÃO
Esse erro pode parecer muito simples, mas ele precisa ser levado a sério, pois pode causar
mudanças de sentido muito prejudiciais, além de fazer o texto perder muita credibilidade.
A principal pontuação a aparecer nos comentários de redação provavelmente é a vírgula.
Não use a vírgula como uma “pausa” no texto. Essa é uma noção muito primitiva da
pontuação e certamente duvidosa, tendo em vista que diferentes leitores darão diferentes
“pausas” na leitura.
É claro que outros sinais de pontuação podem ser problemáticos, mas sugiro que você
comece pelo estudo do sinal de pontuação que mais aparece marcado como incorreto em seu
texto.
Estude pontuação novamente e faça listas de exercícios, aprendendo/ decorando as
regras de pontuação (vírgula não divide sujeito e predicado, orações subordinadas adjetivas
restritivas e explicativas e o papel da vírgula ao diferenciá‐las, etc.).
Os dois motivos para que você invista em pontuação são:

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 Parar de errar o que você já está errando e aumentar sua habilidade argumentativa por
meio de bons usos de pontuação (travessões e dois pontos podem ser enormes aliados
seus nisso se você souber como usá‐los);
 Garantir ao corretor uma leitura mais fluida e menos empacada de seu texto, o que é
altamente positivo, sabia? É muito desgastante ler um texto mal pontuado e que faz com
que você precise ficar voltando na frase anterior o tempo todo para compreender o que
está sendo dito.

Para que você já tenha um material mais sucinto para consultar, vou deixar um resuminho
dos usos das pontuações DE MODO FOCADO EM REDAÇÃO!
De modo algum, esse material substitui seu estudo e entendimento mais profundo das
pontuações, ok?
1. Vírgula (,)
É usada para:

a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou,
esperneou e, enfim, dormiu. (separando verbos)

Para a redação, o caso mais comum seria a enumeração de verbos ou de substantivos com o
objetivo de designar mais de uma característica a uma situação!

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b) isolar o vocativo: “Então, querida, não há mais nada a se fazer!”

É incomum que sejam utilizados vocativos na construção dissertativo argumentativa, portanto,


recomendo que você verifique primeiramente se o vocativo está utilizado corretamente. Se sim,
então há necessidade de utilizar a vírgula!

Caso você não esteja lembrando:

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Ou seja, de maneira simplificada: vocativo é a palavra ou expressão de “chamamento” na sua


sentença.

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c) isolar o aposto: ”O João, integrante honorário da equipe, veio assistir à peça”.

Diferentemente do vocativo, o aposto é menos incomum na construção dissertativo


argumentativa. Entretanto, em excesso, pode ser prejudicial por não ser tipicamente desse tipo
de texto. Portanto, ainda recomendo que você verifique primeiramente se o aposto está
utilizado corretamente. Se sim, então há necessidade de utilizar a vírgula!

Novamente, para te ajudar a dar aquela relembrada:

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Ou seja, de maneira simplificada: aposto é a palavra ou expressão que adiciona uma


característica na sua sentença.

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d) isolar termos deslocados de seus locais padrão na oração, como complementos ou adjuntos
adverbiais:

1. “Uma vontade desesperada de beber água, eu senti quando terminei de malhar!”


(deslocamento de complemento verbal para o começo da frase)

A ordem direta da frase seria: eu senti uma vontade desesperada de beber água quando terminei
de malhar.

Esse caso é mais incomum na redação dissertativo argumentativa, pois, como você deve ter
percebido, é um estilo de construção frasal que deixa a frase com um “tom literário”, aproxima
um pouco da poesia. Minha sugestão é que você evite esse tipo de construção se não tiver
segurança total com ela.

2. Naquele momento, nada foi feito para que pudéssemos sair. (deslocamento de adjunto
adverbial para o começo da frase)

A construção que utiliza o deslocamento do adjunto adverbial é extremamente comum na


redação dissertativo argumentativa. Recomendo que você exercite o uso dela em suas redações
por ser elegante quando bem utilizada.

O mais comum é que os advérbios e expressões com teor adverbial sejam utilizados deslocados
no começo (isolado por uma vírgula) ou no meio da frase (entre duas vírgulas).

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e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além
disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

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Vale salientar que conjunções são ferramentas muito úteis no texto dissertativo, visto que o foco
é provar um ponto de visto por meio de um raciocínio lógico. Use e abuse delas em suas
construções.

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f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009.

Esse tipo de construção envolvendo data ou local é tipicamente de carta e não deve ser utilizada
no texto dissertativo argumentativo exceto em situação extraordinária e muito específica!

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g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que
esperava.

As orações são um dos assuntos mais complexos da parte de sintaxe, ao mesmo tempo que são
ferramentas extraordinárias para melhorar sua linguagem na redação.
Caso você não se lembre dessa parte na aula de gramática, corra para dar uma leve relembrada.

Para a redação, não vai ser importante que você saiba os nomes e as classificações decoradas. O
importante vai ser saber o efeito de sentido que cada uma dessas construções sintáticas,
principalmente orações adjetivas e adverbiais, causa.
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2. Pontos

2.1 ‐ Ponto‐final (.)


É usado ao final de frases para indicar a finalização da sentença. Deve vir seguido de palavra
iniciada por letra maiúscula.

Observação: O ponto deve aparecer no final de abreviaturas como Sr., a. C., Ltda., vv., num.,
adj., obs.

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2.2 ‐ Ponto de Interrogação (?)

O ponto de interrogação é usado para:

a) Formular perguntas diretas:

Você quer ir conosco ao cinema?


Desejam participar da festa de confraternização?

b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma


determinada situação:

O quê? não acredito que você tenha feito isso! (atitude de indignação)
Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (surpresa)

Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino?
(expectativa)

É muito importante destacar que, de modo geral, o ponto de interrogação não aparecerá muito
nas construções utilizadas em redações dissertativo argumentativas.

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2. 3 – Ponto de Exclamação (!)


OBSERVAÇÃO: nenhum dos casos de ponto de exclamação apresentados abaixo serão comuns
na redação dissertativo argumentativa.
Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias:

a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa,
súplica, ordem, horror, espanto:

Iremos viajar! (entusiasmo)


Foi ele o vencedor! (surpresa)
Por favor, não me deixe aqui! (súplica)
Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto)

b) Depois de vocativos e algumas interjeições:

Ui! que susto você me deu. (interjeição)


Foi você mesmo, garoto! (vocativo)

c) Nas frases que exprimem desejo:

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Oh, Deus, ajude‐me!

Observações dignas de nota:


* Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e admiração,
o uso dos pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe:

Que que eu posso fazer agora?!

* Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não há
problema algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note:
Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.

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3. Ponto e vírgula (;)

É usado para:

a) separar itens enumerados:


A Matemática se divide em:
‐ geometria;
‐ álgebra;
‐ trigonometria;
‐ financeira.

b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas
olhou ao longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.

Importante destacar que o uso de ponto e vírgula do item b é o uso que será mais interessante
que você domine para utilizar na redação.

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4. Dois‐pontos (:)

É usado quando:

a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala:

Ele respondeu: não, muito obrigado!

Esse uso aparecerá pouco na redação dissertativo argumentativa. Exceto em casos muito
específicos e intencionais, desconfie dessa construção ao tentar usá‐la e verifique se usou
corretamente.

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b) se quer indicar uma enumeração:

Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus
colegas e não responda à professora.

Esse uso também aparecerá pouco na redação dissertativo argumentativa

c) como ferramenta para introduzir exemplificação:

Muitas ferramentas automatizadas hoje substituem, total ou parcialmente, a interação pessoa


– pessoa: iFood, para alimentação, Uber, para transporte.

Essa construção fica muito bacana na redação dissertativo argumentativa, recomendo.

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5. Aspas (“”)
São usadas para indicar:

a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme.
Ainda na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no
exterior” (Carta Capital on‐line, 30/01/09)

b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de “outdoor”.

Ambos os usos de aspas mencionados são importantes para a redação dissertativo


argumentativa e podem e devem ser utilizadas nesses casos.

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
6. Reticências (...)

São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar ideia de continuidade ao
que se estava falando:

a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,


O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa? (...)
b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...
c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

Em geral, pontuação não utilizada na dissertação argumentativa.


‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
7. Parênteses ( )

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 17


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples indicações.

Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, há o
predomínio de vírgulas).

O uso de parêntesis apenas ocorrerá na redação dissertativo argumentativa em casos muito


específicos e intencionais. Nesses casos, é preciso analisar individualmente cada ocorrência
para ver se está correto e adequado.

‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
8. Travessão (–)

O travessão é indicado para:

a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:


‐ Quais ideias você tem para revelar?
‐ Não sei se serão bem‐vindas.
‐ Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste projeto.
b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses:
Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo.

Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado.

c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra:


O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada.

Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu melhor amigo.

d) Introduzir uma ideia complementar ou um exemplo, nesse caso, em geral, utilizam‐se 2


travessões (ou hífens):

Muitas ferramentas automatizadas hoje substituem, total ou parcialmente, a interação


interpessoal – essencial para a construção da identidade, principalmente na infância ‐, de
modo a construir uma geração de crianças excessivamente estimuladas.

Esse é um excelente uso para a dissertação argumentativa.


Material desse box baseado na matéria disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/pontuacao.htm. Acesso em maio de 2021.

1.1.1 EXEMPLO DE PARÁGRAFO COM MUITOS DESVIOS DE


PONTUAÇÃO

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 18


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Veja um exemplo de introdução, para uma dissertação argumentativa, que contém uma
quantidade maior de desvios de pontuação. Perceba como esses desvios prejudicam a leitura e a
credibilidade do texto.
Desde as civilizações antigas, a arte e a cultura possuem uma vasta admiração onde
através delas houve a possibilidade do desenvolvimento social e pensamento crítico por meio
de livros, teatro, pinturas, e outros meios. Consequentemente, uma população com uma ideia
criada tende a evoluir, buscando igualdade perante todas as classes, pois se todos obtiverem
acesso a educação cultura de alta qualidade, a chance de opressão ou preconceito diminuirá
drasticamente.

O principal sinal de pontuação faltante nesse trecho é a vírgula.


Onde faltam vírgulas?
Desde as civilizações antigas, a arte e a cultura possuem uma vasta admiração, onde,
através delas houve a possibilidade do desenvolvimento social e pensamento crítico por meio
de livros, teatro, pinturas, e outros meios. Consequentemente, uma população com uma ideia
criada tende a evoluir, buscando igualdade perante todas as classes, pois, se todos obtiverem
acesso a educação cultura de alta qualidade, a chance de opressão ou preconceito diminuirá
drasticamente.

Entretanto, há diversas outras incorreções nesse trecho e esses deslizes prejudicam a


compreensão do trecho. Abaixo, deixo o trecho reescrito com sugestões que melhoram o
entendimento da ideia que foi escrita. Sugiro que você analise os trechos e busque perceber como
você pode fazer essas melhorias em suas redações.
Perceba que a ideia central do parágrafo será mantida, assim como a ordem das orações.
As sugestões serão apenas no campo gramatical, levando em conta vocabulário, pontuação,
ortografia e morfossintaxe.
Sugestões de melhor escrita:
Desde as civilizações antigas, a arte e a cultura são atividades admiradas em sociedade,
visto que possibilitaram o desenvolvimento social e o pensamento crítico por meio de livros, de

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 19


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

peças teatrais, de pinturas. Essa possibilidade é muito relevante, já que uma população com
valores de justiça e de igualdade bem construídos tende a evoluir, buscando a igualdade entre
todas as classes: se todos obtiverem acesso à educação e à cultura de alta qualidade, a chance
de se normalizarem cenários de opressão ou de preconceito diminuirá drasticamente.

Observações:
 O uso de “consequentemente” estava incorreto, visto que o trecho apresentado após esse
conectivo não era uma consequência do que se falava anteriormente.
 A expressão “ideia criada” não deixa claro ao leitor/ corretor o que se deseja dizer. Evite
que isso aconteça em suas redações.
 Procure fazer enumerações com palavras do mesmo grupo. Por isso, prefira escrever “por
meio de livros, de peças teatrais, de pinturas” a “por meio de livros, teatro, pinturas”.

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2.0 NÃO ATENDER AO TIPO TEXTUAL

Não atender ao tipo textual proposto é um dos deslizes mais graves, podendo inclusive
levar à anulação da redação. Segundo um documento oficial de redação de vestibular do nosso
país, o manual de redação Enem 2016, temos a seguinte definição:

O que é não atender ao tipo textual?


Não atende ao tipo textual a redação que esteja predominantemente fora do padrão
dissertativo‐argumentativo, sem apresentar quaisquer indícios de caráter dissertativo
(explicações, exemplificações, análises ou interpretações de aspectos dentro da temática
solicitada) ou de caráter argumentativo (defesa ou refutação de ideias dentro da temática
solicitada).

Esse é a primeira marcação com que você deve se preocupar!


Você pode incorrer nesse erro ao fazer um texto que não é dissertativo: uma narração ou
um trecho narrativo muito longo no seu texto.
Ou, você pode incorrer nesse erro fazendo outra forma de texto dissertativo: o principal
caso é fazer um texto dissertativo expositivo ao invés de argumentativo.
Qualquer outro texto será incorreto, como carta. Entretanto, pelas suas diferenças muito
grandes com o texto dissertativo argumentativo, essa se torna uma possibilidade pequena. A
maioria dos deslizes ocorre mesmo é com essas duas estruturas: narração e texto dissertativo
expositivo.

2.1. FAZER UM TEXTO QUE NÃO É DISSERTATIVO


Primeiro, você deve conhecer quais as características dos outros textos, principalmente as
da narração, para que você garanta que está escrevendo um texto dissertativo.

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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Portanto, vamos começar vendo rapidamente as principais características de um texto


narrativo.

NARRAÇÃO
Tipo de texto que conta uma sequência de fatos, reais ou imaginários, nos quais as
personagens atuam em um determinado espaço e no decorrer do tempo.
Baseia‐se na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito. Apresenta uma
determinada estrutura e os seus elementos incluem o narrador, enredo, espaço, personagens,
espaço e tempo. Na narrativa, o narrador é o responsável por contar a história.
A estrutura do texto narrativo
Apresentação: algumas personagens são apresentadas e algumas circunstâncias da história são
expostas, como o momento e o lugar de desenvolvimento da ação;
Complicação: parte do texto em que a ação tem início propriamente dito. Os episódios se
sucedem com tensão, conduzindo ao clímax;
Clímax: ponto da narrativa em que a ação alcança o seu momento crítico, tornando o desfecho
inevitável;
Desfecho: solução do conflito produzido pelas ações das personagens.
Personagens
A narrativa é centrada em um conflito vivido pelas personagens. Elas podem ser
principais ou secundárias, de acordo com o papel que desempenham no enredo, e podem ser
apresentadas de forma direta (aparecendo claramente no texto) ou indireta (aparece aos
poucos, e o leitor constrói a sua imagem com o desenrolar do enredo, a partir de suas ações).
Existe um protagonista, personagem principal, e um antagonista, personagem que age
contra o protagonista, tentando impedi‐lo de alcançar os seus objetivos. Também há a presença
dos coadjuvantes, personagens secundários que também exercem papéis essenciais na história.

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Elementos da narrativa
Os elementos que compõem a narrativa são o foco narrativo (1ª e 3ª pessoa), as
personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante), narrador (narrador‐personagem,
narrador‐observador), tempo (cronológico e psicológico) e espaço.
São três os tipos de foco narrativo:
Narrador‐personagem: tipo de narrador que conta a história na qual é participante. A história
é contada em 1ª pessoa e ele é narrador e personagem ao mesmo tempo;
Narrador‐observador: narrador em 3ª pessoa que conta a história como alguém que observa
tudo o que acontece, transmitindo os fatos ao leitor;
Narrador‐onisciente: sabe todas as informações sobre o enredo e as personagens, revelando
seus pensamentos e sentimentos íntimos. Normalmente ele utiliza o discurso indireto livre em
suas narrativas.
https://www.estudopratico.com.br/narrativa/#:~:text=Apresenta%20uma%20determinada%20estrutura%20e,personagens%20mais%20ou%20menos%20complexas. Acesso
em 14/09/2020. Adaptada.

Agora que você leu essa pequena explicação, você acha que o texto narrativo se parece
com o texto dissertativo argumentativo? Não, certo? Perceba que a ideia central de uma narração
é “contar uma história”. Sendo assim, essa modalidade não se encaixa bem na redação que você
deve produzir.
Algumas das principais diferenças estão na existência de personagens, na ocorrência de
sequências de ações e na possibilidade do foco narrativo em primeira pessoa. Para saber se você
está errando no tipo de texto e fazendo um texto narrativo, você pode procurar por essas
características (elas não devem estar presentes).

Entretanto, como você deve saber, pequenas narrações podem ser utilizadas no texto
dissertativo argumentativo como estratégias de escrita desde que não transformem o texto em

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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

uma maioria narrativa. Alguns dos espaços da estrutura que discutimos que aceitam a narração
são a contextualização e a expansão do tópico frasal.

2.2. EXEMPLO DE REDAÇÃO COM TRECHO NARRATIVO MUITO


GRANDE

No livro "1984" de George Orwell, descreve‐se uma sociedade utópica, em que a


população é controlada por uma entidade onipresente denominada “O grande irmão”. Essa
entidade busca impedir qualquer manifestação de pensamentos contrários aos impostos pelos
governantes. Ainda hoje, encontram‐se países com governo ditatorial tal qual descrito na obra
de Orwell, como exemplo a Coreia do Norte, onde o governo limita informações
disponibilizadas para seu povo e monitora continuamente a privacidade de seus indivíduos.
Nesse sentido, o controle social é um malefício que inibe a liberdade de ideias por uso do medo,
além de impossibilitar o desenvolvimento tecnológico que pode ser benéfico para a sociedade.

Acima, temos um parágrafo de introdução. No trecho, toda a marcação em vermelho indica


narração. A proporção “número de linhas de narração = 6” e “número de linhas totais = 8” é igual
a 6/8 = 75%.
Dessa forma, percebe‐se que a maior parte do parágrafo mostrado está fora do tipo textual
pedido. Numa primeira análise, não há problema que muitas linhas sejam utilizadas com narração
na contextualização, mas, no exemplo fornecido, há exagero.
Pode ser que faltem linhas para argumentar mais à frente na redação.

2.3. FAZER UM TEXTO QUE NÃO É DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO


O primeiro passo para evitar fugir do tipo de texto é conhecer, em detalhes, o tipo de texto
que você DEVE fazer. Quais as características do texto dissertativo argumentativo?
Novamente, vamos utilizar um a definição de um documento oficial acerca de redação de
vestibular, o Manual de redação Enem 2016:

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O que é um texto dissertativo‐argumentativo?


O texto dissertativo‐argumentativo é um texto que se organiza na defesa de um ponto
de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, para influenciar a
opinião do leitor ou ouvinte, tentando convencê‐lo de que a ideia defendida está correta. É
preciso, portanto, expor e explicar ideias. Daí sua dupla natureza: é argumentativo porque
defende uma tese, uma opinião, e é dissertativo porque são utilizadas explicações para justificá‐
la. Seu objetivo é, em última análise, convencer ou tentar convencer o leitor pela apresentação
de razões e pela evidência de provas, à luz de um raciocínio coerente e consistente.
A sua redação atenderá às exigências de elaboração de um texto dissertativo
argumentativo se combinar os dois princípios de estruturação:

O tipo de texto que é mais confundido com a dissertação argumentativa é a dissertação


expositiva. Perceba que esses dois já se aproximam mais por serem ambos textos dissertativos.
Isso significa que ambos possuem traços mais científicos e possuem ponto de vida.

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Entretanto, a diferença principal está justamente na argumentação, como já falamos na


nossa aula anterior. O texto dissertativo argumentativo ARGUMENTA para fundamentar o
ponto de vista escolhido, enquanto o texto dissertativo expositivo EXPÕE o ponto de vista e não
necessariamente se preocupa em argumentar.
Sendo assim, uma forma de perceber se seu texto está tendendo para o expositivo é se
perguntar: “qual o ponto de vista? ” e “qual os eixos centrais que estou usando para fundamentar
esse ponto de vista?”.
Caso você não consiga encontrar o ponto de vista, isso pode indicar fortemente que seu
texto dissertativo não possui tese, o que é muito grave, dado que a modalidade de texto proposta
roda em torno de um ponto de vista central. Mas supondo, nesse momento, que você conseguiu,
então partimos para a segunda pergunta. É necessário que você consiga apontar no seu texto e
afirmar “isso daqui fundamenta a ideia central do texto”.
Caso você simplesmente não encontre essa parte (principalmente nos parágrafos de
desenvolvimento), seu texto não é dissertativo argumentativo. Caso você encontre em outras
partes do texto, cuidado. Pode ser que a organização e o projeto de texto não estejam bacanas.
Nesse segundo caso, não há penalização por desobediência ao tipo de texto, mas sua
argumentação pode perder força e deixar de destacar bons argumentos por falta de organização.
Nesse sentido, recomendo fortemente que você invista em organização nos seus textos.

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3.0 TEMA

Esse item é relevante para basicamente todos os vestibulares mais conhecidos. O tema é
dado pela proposta de redação que vem na prova de cada ano. Sendo assim, não é algo que você
possa decorar. O que você pode fazer, e é isso mesmo que fazemos, é treinar seu olhar para
conseguir abstrair tema e, principalmente, recorte temático com qualidade. Assim, venha a
proposta que vier, você consegue lidar, pois possui “bagagem de temas”.

3.1. ABORDAGEM INCOMPLETA DO TEMA


Já falamos muito sobre a importância de prestar atenção corretamente ao tema e também
a uma outra parte importante: recorte temático.
Conseguir atingir tema e recorte temático corretamente diminui muito as suas chances de
receber uma marcação de fuga ou de tangenciamento do tema (e essas penalizações costumam
custar muito caro na nota da redação). Vamos entendê‐las.

3.1.1 FUGA DO TEMA

A fuga completa do tema ocorre quando o texto nem mesmo passa perto do que a
proposta traz para ser abordado, então é quando a compreensão de “tema” não ocorreu.
Por exemplo: um texto sobre a evolução das tecnologias de transporte e você escrever
sobre a evolução das sociedades modernas em termos sanitários.
Por meio desse exemplo bem simples, notamos que é menos comum que a gente escreva
uma redação completamente fora do pedido?

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3.1.2 TANGENCIAMENTO DO TEMA


Entretanto, o segundo caso, de tangenciamento, é bem mais comum e, aqui, por sua vez,
a compreensão de “tema” ocorreu e a de “recorte temático” não ocorreu.
Nesse segundo caso, o que ocorre é que você escreveu sobre algo que tem a ver com o
tema pedido, mas se afastou, em algum ponto do caminho, do que era sugerido pelos textos
de apoio.
Como falamos, uma forma usual de acontecer isso é se afastar do tema por meio da
escolha de um recorte temático diferente daquele que a coletânea indica para utilizar (sim, a
coletânea indica muito sobre recorte temáticos).
Um exemplo bem simples: um texto sobre a evolução das tecnologias de transporte e
você escrever sobre a evolução das tecnologias de comunicação.
Caso você não se recorde da diferença entre tema e recorte temático, volte e veja esse
tópico novamente.

3.1.3 COMO ABORDAR ESSE DESLIZE

Agora, você pode estar pensando: e o que devo fazer sobre isso?
Bom, primeiramente, se você recebeu uma redação com uma indicação que remete a esse
erro, recomendo fortemente que você a reescreva tentando atacar por outro ângulo que forneça
discussão ou realmente abrindo argumentação a partir do ponto de vista que você trouxe.
Além disso, para melhorar sua abordagem de tema e de recorte temático, uma opção
adicional é ler textos modelo/ acima da média quando são possíveis de se encontrar (nas próprias
aulas dos materiais de redação e até mesmo na internet) sobre o mesmo tema da sua redação
ou algum tema muito próximo.
O ideal seria que você conseguisse ler exatamente sobre o seu tema e sobre a sua prova,
mas nem sempre isso acontece, então esteja pronto para fazer alguns ajustes.

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Como ler textos modelo/acima da média ajuda?


Como estamos falando de uma dissertação, para que o texto esteja completamente
dentro do tema, é recomendado que o ponto de vista escolhido também esteja dentro do tema.
Sendo assim, ao ler redações que foram altamente pontuadas, você pode identificar pontos de
vista e relações de sentido entre as partes da coletânea que antes passaram despercebidas a
você.

Lembrete importante:

Sua redação no momento do vestibular será o seu único texto com o qual o corretor terá
contato. Por esse motivo, não há problema em utilizar ideias e fragmentos inspirados em outros
textos que você já leu ou reproduzir frases e construções de outros textos seus que deram certo.
Pense que maravilha não seria se o tema da prova viesse super parecido com algum tema
que você já fez durante seu estudo!
Se isso acontecer, significa que você tem a oportunidade de usar seu texto anterior, se
quiser e se ele tiver sido um texto bacana. O corretor do vestibular não saberá (e mesmo que
saiba, não pode penalizar) que você já treinou aquele tema e já tinha as ideias na cabeça.

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Além de ler textos acima da média, você também enriquece sua abordagem de tema lendo
outras propostas que conversam com o tema daquela que você está estudando no momento. As
bancas de redação dos vestibulares se encontram em muitos momentos e muitos temas são
“repetidos” ou aparecem novamente com uma roupa diferente.

3.2. "E QUANDO NÃO SEI NADA DO TEMA?"


Um exemplo que você pode tirar de base são os temas da prova de 2020 do ITA e da Fuvest.
Você deve identificar que não possuem o mesmo recorte temático, contudo, ambos
discutem aspectos relacionados à ciência e à tecnologia na vida contemporânea.
Observe que as duas frases –tema possuem semelhanças e pontos em comum:
FUVEST 2020: o papel da ciência no mundo contemporâneo
ITA 2020: em que medida o conhecimento tecno‐científico segue princípios ético‐morais

Veja abaixo as propostas.


FUVEST 2020:

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Lembre‐se de que já analisamos essa proposta na nossa aula anterior. Vamos ver
novamente a análise dos textos motivadores, a fim de refrescarmos nossa memória e podermos
comparar com a proposta apresentada do ITA.
Além da análise de proposta que a aula traz, você pode enriquecer essas análises de tema
com suas próprias conclusões, repertórios que você possua ou diferentes pontos de vista que
você adquiriu.

ANÁLISE DA PROPOSTA DE REDAÇÃO FUVEST 2020:


FRASE TEMA: O papel da ciência no mundo contemporâneo
 De que formas a ciência está presente no mundo contemporâneo?
 Como essas formas impactam a vida das pessoas? Qual seu papel?

TEXTO 1:
 Nem toda invenção científica leva ao bem (exemplos: bomba atômica – Einstein e
Oppenheimer, dois dos físicos do projeto, viram a devastação causada e relatam ter
ficado devastados com o que a bomba foi capaz de fazer);

TEXTO 2:
 Ciência enquanto característica social;

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 “Sociedades cientificamente desenvolvidas” é uma classificação que indica


desigualdade, como em “sociedade economicamente desenvolvidas”?;
 Unir ciência e tecnologia? O que isso significa? Como pode ocorrer?

TEXTO 3:
 Teoria, em grego, quer dizer “o ser em contemplação”;
 Unir ciência e arte? O que significa? Como pode ocorrer?

TEXTO 4:
 As sociedades modernas dependem da tecnologia;
 Conhecimento científico não é democrático (classe social/idade);
 Carl Sagan – cientista e autor sobre ciência;

TEXTO 5:
 Há pessoas que não acreditam na ciência (exemplo: terraplanistas)
 Exemplos de fenômenos cotidianos decorrentes do avanço da ciência:
o Saúde: aumento da expectativa de vida
o Engenharia: infraestrutura/ segurança
o Física/ química: eletricidade

Mesmo que você não tenha intenção de prestar Fuvest nem ITA, isso não significa que você
deve ignorar as discussões que apresentaremos a seguir, ok?
Mesmo que você não tenha interesse em outras provas além da sua, destaco que estudar
outras propostas, em termos de redação, é muito interessante no que se refere ao treino para
identificar temas e saber o que falar sobre eles.

ITA 2020:

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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Vamos analisar rapidamente cada texto da proposta ITA 2020 para enxergarmos
momentos de interseção com o tema trazido pela redação 2020 da Fuvest. Além de ligações
imediatas com o tema, estudar outras propostas de redação enriquece suas discussões frente a
variações desses temas que possam aparecer.

ANÁLISE DA PROPOSTA DE REDAÇÃO ITA 2020:


Frase‐tema: em que medida o conhecimento técnico científico segue princípios ético
morais?
 São tomadas medidas eticamente questionáveis em “nome da ciência”? Exemplos: teste
de produtos cosméticos em animais
 Existe um limite que a ciência não pode ultrapassar?
 Um tópico bem em alta nessa área, não relacionado à área das ciências médicas, é a
espionagem, facilitada pelo mundo conectado.

Item 1:
 Exemplos de procedimentos moralmente questionáveis em nome da ciência: missões
espaciais, desenvolvimento de medicamentos contra doenças.

Item 2:
 O médico não consegue encontrar o paciente em meio a tantos aparelhos. Isso tende a
nos indicar que a charge busca criticar o exagero de máquinas. Nesse sentido, fica a reflexão:
todas as inovações tecnológicas realmente ajudam ou alguns processos são melhores se feitos
“à moda antiga”?
 A compra excessiva de aparelhos eletrônicos tem a ver com status?

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 36


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Item 3:
 Atualmente, o avanço tecnológico tem aumentado a desigualdade social, tendo em vista
que está concentrado na mão de poucos.
 O avanço tecnológico não tem contribuído, de modo geral, para a melhoria na vida do
homem comum.
 Pode‐se adentrar também na discussão sobre a possibilidade de um mundo em que as
máquinas se voltaram contra os humanos, porém, é importante ter a percepção de que esse
não foi o ponto central do texto.

Item 4:
 Os avanços científicos e tecnológicos permitem que processos sejam feitos com maior
segurança/ rapidez e com materiais mais modernos e mais duradouros. Exemplo:
reparo de construções civis antigas.

Agora que as duas propostas foram analisadas, pergunto a você: não dava para abstrair
“papéis da ciência” na proposta apresentada pelo ITA? Dava, não é mesmo? Portanto, se você
tiver estudado essas duas propostas e apareça algo relacionado a um papel da ciência que foi
abordado aqui, você possui uma visão mais rica sobre esse tema, o que diminui as chances de que
você fuja do tema.
Sendo assim, caso você estude para fazer suas redações procurando sem rumo no
Google, já adianto: você pode estar fugindo do tema por isso.
“Mas Marina, não sei nada sobre o tema, preciso pesquisar muito para me informar! ”
É verdade que você deve buscar repertório enquanto estuda, contudo, é preciso
estratégia de estudos para redação também. Quando você usa a busca do Google de forma não
planejada para essa pesquisa sobre o tema, você provavelmente terá contato com uma gama
muito grande de informações que nem sempre se conectam. Isso faz com que você expanda
demais os horizontes no tema e provavelmente acabe fugindo do recorte temático. É verdade,
informação demais pode ser o motivo de seu texto receber uma marcação de tangenciamento
do tema.

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Agora que já discutimos isso, você não vai mais cometer esse deslize, né?

Abaixo, deixo uma dica de repertório para expandir seus conhecimentos sobre diferentes
perspectivas dentro desse tema abrangente que é a questão técnico‐científica hoje em dia, ok?

Vou deixar uma Ted Talk muitíssimo interessante acerca da reflexão da tecnologia e da
evolução tecnológica nas questões éticas e jurídicas.

https://www.ted.com/talks/karina_penna_neves_como_a_tecnologia_desafia_as_leis_e_a_etica_mundial

Infelizmente, não consegui encontrar a transcrição dessa Ted Talk para disponibilizar ao
final do PDF para aqueles alunos que prefiram a leitura. Caso algum de vocês encontre a
transcrição enquanto assiste ao vídeo, não deixe de me avisar, por favor!

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 38


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3.3. ABORDAGEM RASA DO TEMA/ SENSO COMUM


Ainda sobre abordagem do tema, um outro desvio que pode ocorrer está associado à
profundidade com que se discute o tema.
Muitas vezes, os temas da proposta de redação abordam assuntos que possuem muita
discussão na sociedade, o que faz com que alguns pontos de vista fiquem arraigados em nossas
mentes. Precisamos ter cuidado, porém, para identificar se esses pontos de vista apresentam boa
criticidade e se irão propiciar uma boa discussão.
No caso em que isso não acontece, geralmente temos em nossa redação uma tese ou uma
argumentação muito rasa, baseada no senso comum.
Tente pensar assim: se você está tentando defender algo em que a maioria das pessoas
já acredita (um senso comum), você não precisará de argumentos fortes e isso fará com que sua
redação seja penalizada em mais de um aspecto, provavelmente.
Se suas redações costumam receber essa marcação, a leitura de textos modelo/ acima da
média ainda é uma ótima ferramenta, pois permite que você adquira novos pontos de vista para
ter na manga e para utilizar em temas parecidos.
Muitas vezes, escuto a palavra ‘repertório’ como associada apenas ao uso de frases de
autores ou ao uso de um estudo, de um filme ou de uma música na redação. Entretanto, você não
deve deixar de lado a aquisição de “repertórios de pontos de vista”. Tenha uma grande gama de
pontos de vista e de relações de sentido conhecidos para poder utilizar em seus textos nos mais
diferentes temas que aparecerem.

Não entende do que estou falando? Veja:


TEMA: Consumismo
TESE: O material tem sido anunciado como caminho para a felicidade e substituído as interações
interpessoais significativas, o que culmina em um cenário de crescente individualismo.

TEMA: Desenvolvimento técnico‐ científico

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TESE: Ao mesmo tempo em que as tecnologias vendem a promessa da cura de doenças e da


longevidade, elas agravam as já existentes desigualdades sociais quando permitem o acesso de
alguns às mais inovadoras tecnologias e não contribuem para o acesso de outros às tecnologias
de níveis mais básicos, como saneamento básico.

As teses acima precisam ser lapidadas para se encaixarem perfeitamente em algum texto
(principalmente no nível mais abaixo, que é de recorte temático), mas são exemplos de
“repertórios de ponto de vista”. Já li essas ideias em redações (de outras pessoas e minhas
próprias) e, portanto, tenho ideias rápidas do que poderia discutir quando leio um determinado
tema.
Reforço que a parte de conseguir fazer isso “rápido” é essencial, visto que você estará
participando de um processo seletivo com outras provas que também precisam ser bem feitas
dentro do prazo estabelecido.
E como saber se o ponto de vista da redação está raso?
Eu sempre me perguntava o seguinte: esse pensamento existe no cotidiano das pessoas
como algo batido, já aceito?
Se sim, a chance é grande de que você esteja utilizando um ponto de vista baseado no
senso comum.
Sabe aqueles ditados da sua avó? Quase isso haha.

Além disso, o ponto de vista deve permitir gancho para você responder perguntas ao longo
do seu texto:
 Por que esse fenômeno ocorre?
 Quais as origens desse fenômeno?
 O que mantém o fenômeno ocorrendo? Ou O que impede a sociedade de mudar essa
situação?
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Conseguir responder essas perguntas é um indicativo de que a argumentação está se


aprofundando.

Um detalhe importante é que você pode fazer com que um ponto de vista simples e do
senso comum se torne algo mais elaborado por meio da forma que você o escreve.
Sendo assim, ler redações modelo apenas por ler, não adianta nada, ok? Você deve fazer
a leitura tentando identificar em quais momentos a ideia apresentada é muito bacana e também
muito simples, porém escrita de forma mais detalhada, com vocabulário mais rico.
Essa é uma estratégia que você pode investir em dominar caso já esteja conseguindo
produzir redações medianas com constância, isto é, se já está tirando em torno de 6 ou do 7 quase
sempre. Apenas a nota não é suficiente para que eu avalie com certeza, entretanto, é um
indicativo de que o domínio da estrutura (seja a que propus nesse curso, seja outra de sua
preferência) já está bacana.
O raciocínio aqui é que não adianta tentar aprofundar se você ainda não domina a base,
ok?

Você pode estar se perguntando como evitar pontos de vista rasos sobre temas em que
seu conhecimento realmente é superficial. Como falamos já nessa aula, ler propostas de redação
(da sua banca e de outras bancas parecidas) e redações modelo feitas com base nessas propostas
pode ser uma excelente prática, mesmo em temas extremamente abstratos.
Você deve estar se perguntando como ler propostas abstratas ajuda.
É bem simples, na verdade: ajuda no sentido de que te faz ter mais familiaridade com
textos que abordem discussões filosóficas e sociológicas, reflexões abstratas sobre a sociedade,
sobre as pessoas e seus hábitos e comportamentos.
Em época de vestibular, não é uma boa se propor a ler livros e obras longas nesses
assuntos, por isso, as propostas de redação (que costumam ser curtas) e as redações
propriamente ditas se tornam ricas fontes de repertório de tese.

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3.3.1 EXEMPLO
A seguir, temos um exemplo de uma redação modelo da Fuvest 2013, liberada pela banca
da Fuvest, que aborda uma questão rasa de maneira muito bem escrita. Dessa forma, o que seria
uma discussão rasa, se torna uma discussão bem elaborada.

O texto aborda a questão conhecida de “ser versus ter” na contemporaneidade, mas preste
bastante atenção na maneira em que a redação é escrita.

O consumo e o vazio contemporâneo


O anúncio do “cartão de crédito X” é um claro símbolo textual de um ideário
onipresente no mundo pós‐moderno: o consumista. A imagem de um “shopping center” – o
templo do consumo – alia‐se aos dizeres de que o melhor que o mundo tem a oferecer pode
ser obtido via cartão de crédito, ou seja, é material. Tal mentalidade frívola permeia as mentes
contemporâneas, levando o homem pós‐moderno a crer, erroneamente, que pode se tornar
pleno exclusivamente por meio do consumo.
As origens de tal mentalidade encontram‐se na ânsia capitalista de garantir o lucro das
elites detentoras dos meios de produção. Para isso, faz‐se o uso de dois organismos simbióticos:
a mídia e a propaganda. Os veículos midiáticos, no que diz respeito ao processo de sedução do
consumidor, são responsáveis pela criação de ídolos – pessoas aparentemente fabulosas, cujas
imagens são visadas a ser apropriadas pelo espectador. Nesse interím, a propaganda entra
como estímulo à perseguição de tal simulacro, por meio da tentativa de convencer o
consumidor que este se tornará perfeito ao conquistar elementos materiais, assim como faz o
anúncio do “Cartão de Crédito X”.
As consequências desse processo alienante foram descritas por Karl Marx, ainda no
século XIX, por meio de dois conceitos: o fetiche da mercadoria e a reificação do homem. O
primeiro consiste no endeusamento do objeto de consumo e o segundo na depreciação do
homem diante da supervalorização do material. Desse modo, almeja‐se satisfazer a inquietude
inerente à condição humana por meio de artifícios materiais, a despeito de artifícios realmente
capazes de atender à ânsia do homem, como a construção de laços e a apreensão do

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conhecimento. Assim, constrói‐se um ciclo vicioso: o homem cultiva seu vazio interior por meio
do consumo, ao mesmo tempo em que tenta satisfazer‐se por meio dele.
O sentimento de frustração oriundo desse processo manifesta‐se estatisticamente: o
número de casos clínicos de depressão, bem como o número de suicídios, é cada vez maior no
mundo ocidental. Logo, ao contrário do que afirma o ideário materialista, o consumo se torna
nocivo a partir do momento em que não contribui para o bem‐estar do homem, mas para seu
auto‐flagelo. Não, o melhor do mundo não pode ser aproveitado com o “Cartão de Crédito X”.

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4.0 COESÃO

Acredito que, dentre os tópicos de erros apontados na correção das redações, um dos mais
frequentes seja a coesão. Quando eu era vestibulanda, umas das marcações mais complicadas de
receber eram as que se relacionavam a essa parte, pois, muitas vezes, eram apontados saltos de
raciocínio ou falta de conexão entre as ideias e eu ficava pensando “caramba, mas eu entendi
tudinho do texto, não há saltos de raciocínio!”.
É normal se isso também acontece com você, afinal, toda a ideia do texto partiu de você!
Sendo assim, você precisa treinar seu olho para conseguir enxergar os saltos que os outros
possivelmente verão e tentar antecipá‐los. A coesão é uma competência menos objetiva do que
a norma culta, sabe. Por exemplo, no caso de marcações que indicam erros de ortografia, há
pouco espaço para a subjetividade: ou a grafia da palavra está correta, ou a palavra está incorreta.
Já na coesão, por sua vez, nem tudo é tão preto no branco.
Existem alguns deslizes que são objetivos também, como o uso inadequado de conectivos,
sobre o qual falaremos. Entretanto, existem outros que envolvem principalmente as relações de
sentido do texto e, por isso, geram mais divergências de pontos de vista quando o texto é lido por
diferentes leitores.
Vamos lá!

4.1 USO INADEQUADO DE CONECTIVOS OU DE ESTRUTURAS


CONECTIVAS
Quando uma marcação indica que o conectivo está usado inadequadamente, o principal
motivo para isso pode se dever ao fato de que você queria expressar uma ideia e, por utilizar uma
conjunção incorreta, por exemplo, sua frase adquire outro sentido ou, até mesmo, fica sem
sentido.
Para o leitor treinado, a estranheza gerada pelo uso incorreto de conectivo é muito
marcante, entretanto, esse erro não é tão penalizado em termos de credibilidade quanto os erros
mais simples, como os de ortografia.

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Você pode estar se perguntando o motivo e posso tentar explicar: a coesão vai muito além
da simples colocação da palavra certa ou errada. Ela está diretamente relacionada com a
amarração das ideias no texto e, por se tratar de um aspecto mais elaborado do que ortografia,
por exemplo, também não faz seu texto perder tanta credibilidade.
O outro lado da moeda também vale: por ser um processo mais elaborado da escrita, fazê‐
lo corretamente aumenta muito a credibilidade do seu texto. Então, se você queria uma razão
para investir em melhorar seu uso de conectivos, agora não há mais desculpa!

Para melhorar a questão dos erros de conectivos, a leitura de textos acima da média
também não irá contribuir muito, pois os sentidos tradicionais de conectivos são abordados como
tópicos de gramática. Assim, caso você erre muito na hora de usar as conjunções, recomendo
fortemente que você estude essa parte das aulas de gramática novamente. Pegue listas de
exercícios sobre conjunções e sobre orações subordinadas (principalmente adverbiais) e faça
muitas questões.

4.1.1 EXEMPLO

Vejamos uma sentença com uso inadequado de conectivos:


"O novo Ministro da Fazenda é João Paulo, ex‐CEO de multinacional que pediu demissão há um mês
e aceitou o convite para voltar à empresa."
Sabe‐se que a conjunção "e" é aditiva, tem o papel de acréscimo. Logo: o novo ministro aceitou o
convite para voltar à empresa agora ou há um mês, quando pediu demissão?
Veja a reescrita: "O novo Ministro da Fazenda é João Paulo, ex‐CEO de multinacional, que pediu
demissão há um mês, mas agora aceitou o convite para voltar à empresa."
‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
Vejamos este outro trecho:

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"Como a loja, entretanto, está em péssima situação financeira, será preciso, além disso, investir o
que for possível na coleção dessa estação."
Há conectivos em excesso: "como"; "entretanto"; "além disso". Seguem duas sugestões:
"Como a loja está em péssima situação financeira, será preciso investir o que for possível na coleção
dessa estação". (ideia de causa e consequência)
"A loja está em péssima situação financeira, porém será preciso investir o que for possível na
coleção dessa estação." (ideia de adversidade, contrariedade)
‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐
Além disso, há a recomendação para se tomar cuidado com frases longas e desconexas:
"A comissão encontrou equipamentos velhos no laboratório e muitas amostras de órgãos
abandonados, que deveriam servir para o diagnóstico de câncer, mas já foram analisadas as
lâminas com o exame preventivo, que também estavam esquecidas e foram alvo de denúncias na
semana passada."
Essa escolha de escrita é prejudicial à compreensão do trecho e deve ser evitada. Opte por colocar
conectivos e pontos finais:
"Alvo de denúncias na semana passada, a comissão encontrou equipamentos velhos no laboratório
e muitas amostras de órgãos abandonados, que deveriam servir para o diagnóstico de câncer. Além
disso, foram encontradas lâminas com o exame preventivo, igualmente esquecidas."
Trecho adaptado de https://exame.com/carreira/3‐exemplos‐de‐uso‐errado‐de‐conectivos‐em‐portugues/. Acesso em maio de 2021.

4.2 ESTRUTURAS DO TEXTO DESCONEXAS


Existe um outro tipo principal de marcação de coesão na redação e esse não está
diretamente relacionado à gramática e sim aos saltos de raciocínio e à interligação entre as ideias.
Nesse segundo caso, a falha de coesão é indicada pela falta de conexão entre as estruturas do
texto.
Essa é uma falha mais grave que o uso incorreto de conectivos e está intimamente
relacionada ao mau uso da estrutura padrão.
Agora que você já estudou a aula sobre estrutura padrão, você está craque em identificar
cada pedacinho do texto e em saber sua função. Sendo assim, você sabe que a tese deve estar

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conectada com os tópicos frasais e com as expansões dos tópicos frasais, pois eles buscam
fundamentar o ponto de vista escolhido.
Da mesma forma, você também sabe que a conclusão deve estar relacionada ao longo do
texto, tendo em vista que você deve concluir as ideias anteriormente discutidas. No caso da
redação do Enem, a única informação adicional que pode aparecer na conclusão (caso você
escolha colocar a proposta de intervenção na conclusão) é justamente a proposta de intervenção,
ok?
Caso você enfrente dificuldades de coesão relacionadas a esse item, isto é, você usa os
conectivos corretamente para juntar as frases, entretanto, possui dificuldade para juntar ideias
maiores entre si no texto, não é o estudo de gramática que será seu aliado.
Para aprender a usar estratégias de progressão textual e para que seu texto transcorra
bem, a leitura de textos modelo pode ser uma excelente ferramenta, pois você pode ver boas
estruturas bem amarradinhas e tentar reproduzir em seu texto.
Além disso, nesse caso em específico, procurar uma ajuda individual, como mentoria ou
aula particular em redação, pode ser muito benéfico, pois você pode ser ajudado individualmente
e de forma focada a marrar as SUAS ideias e lapidar o SEU texto. É algo um pouco mais fácil de
fazer com o auxílio de alguém experiente nesse ramo.

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5.0 REPERTÓRIO

5.1 CÓPIA
Uma das grandes atenções que devemos ter quando estamos utilizando a coletânea é a
seguinte: a coletânea pode nos dar muitas ideias, mas não podemos copiar nada da prova em
nossas redações.
Há uma diferença bem grande entre a cópia direta de trecho da prova, de frases idênticas
dos textos de apoio, e de paráfrases e de reescritas da ideia com as suas próprias palavras. A cópia
pode inclusive levar à anulação, caso o texto se encaixe nesse critério.
Se você enfrenta dificuldade para conseguir abstrair ideias dos textos de apoio e escrevê‐
las com as próprias palavras, o exercício que você deve fazer é o “treino de paráfrase”.
Você pode estar se perguntando: mas o que é isso?
Bom, o treino de paráfrase é pegar um texto de apoio (preferencialmente pequeno) e
tentar escrever a ideia central desse texto com suas palavras. Esse treino exercita a sua
habilidade de ler e de compreender uma ideia e de depois reproduzi‐la segundo seu próprio
entendimento e usando suas próprias palavras!

Depois, com o treino, você pode começar a fazer o exercício com mais de um texto,
tentando encontrar os ganchos de conteúdo que os conectam até que chegue a fazer o exercício
com todos os textos que compõem a coletânea, quando ela possui muitos textos.
Uma das formas mais eficientes de conseguir acertar tema e recorte temático é saber
abstrair corretamente as temáticas de outros temas, principalmente os que devem direcionar sua
escrita!
Com o tempo, você irá perceber que se tornará bem mais fácil reescrever uma ideia com
seu próprio vocabulário apropriando‐se dela e dando maior tom autoral ao seu texto, além de
corretamente relacionada à proposta de redação.

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5.1.1 EXEMPLO DE TREINO DE PARÁFRASE

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5.2 USO DE REPERTÓRIO FORA DO TEMA OU QUE NÃO CONTRIBUI


PARA A ARGUMENTAÇÃO
Aqui é o famoso “encher linguiça”.
Ocorre quando temos um repertório que não se relaciona com o tema ou com o recorte
temático, por mais que seja um excelente repertório. Além de não contribuir para a
argumentação, ele ainda possui o agravante de estar fora do tema.
É frequente observar ocorrências desse caso com frases clichês de filósofos, sociólogos ou
de autores. Quando você quer muito usar uma frase “de efeito” e faz uma força para encaixá‐la
em sua redação, o corretor percebe a frase não fica muito bacana, dá para ver que ela está fora
do lugar.
Nesse caso, a reescrita da redação é super recomendada, ainda mais tendo em vista que
aqui temos impacto em outros aspectos além da coesão, como a adequação ao tema.

Caso você enfrente a situação de estar frente a um tema de redação sobre o qual você
não tem nenhum nome de filósofo para citar, não se desespere. Embora seja um repertório
forte e usual de muitos candidatos, é possível tirar uma excelente nota de redação sem utilizar
dele.
Recomendo que você dê preferência a outras formas argumentativas ao invés de
inventar falas de algum filósofo ou de tentar encaixar mais ou menos algum filósofo que você
tem na manga, mas que sabe que não encaixará muito bem com a proposta e com o tema.
Geralmente, quando estamos corrigindo as redações, conseguimos perceber quando há
alguma tentativa forçada como essa de encaixar filósofos que não encaixam muito bem. Isso
faz com que o texto perca um pouco de credibilidade e já conversamos sobre a importância
dessa questão da credibilidade, não é mesmo?
Portanto, evite usar filósofos de muleta na sua redação! Também saiba se virar sem eles!

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6.0 CONCLUSÃO

A conclusão é uma das partes integrantes indispensáveis da redação dissertativo


argumentativa. Por isso, é muito importante que ela esteja presente, a fim de que o tipo de texto
seja atendido corretamente.
Quanto aos tipos de conclusão que se pode fazer: a redação militar não pede proposta de
intervenção, o que abre espaço para maior liberdade para escolher qual forma de conclusão você
prefere.

“Ah, mas posso fazer uma conclusão com proposta de intervenção mesmo assim?”
Se você se refere ao modelo de conclusão proposto e pedido pela banca de redação do
Enem, não recomendo que você faça essa escolha. Repetindo, o motivo é simples: uma
proposta de intervenção complexa e completa como a pedida pelo Enem ocupa uma grande
quantidade de linhas, o que faz com que essas linhas tenham que sair de algum lugar do texto.
Para uma redação que não pede esse tipo de conclusão, é mais interessante que você
destine essas linhas à argumentação. Essa é, afinal, a parte mais importante do texto
dissertativo argumentativo.

Agora que já relembramos a recomendação de não utilizar a mesma conclusão do modelo


Enem, vamos ver o que você não deve fazer na conclusão da sua redação.

6.1 AUSÊNCIA DE CONCLUSÃO


A ausência física do parágrafo de conclusão na sua folha de redação pode ser fortemente
penalizada, talvez até como fuga do tipo de texto. Sempre preste muita atenção nisso.

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Normalmente, a maioria de nós não planeja uma redação sem conclusão, nosso instinto e
intuito ao escrever é que a redação tenha as 3 partes essenciais: introdução – argumentação –
conclusão.
Mas, então, como acabamos caindo nesse deslize? Como podemos acabar tendo uma
redação sem conclusão bem ali, na hora da prova?
O motivo mais comum é falta de planejamento. O que quero dizer com falta de
planejamento?
Normalmente, você queria colocar uma conclusão no seu texto, entretanto, você não fez
um rascunho que obedecia ao espaço da folha oficial de redação e, quando foi passar a limpo, seu
texto simplesmente não coube.
Faltavam poucas linhas para seu espaço acabasse e você precisava decidir se finalizava o
D2 ou se fazia a conclusão.
Nesses casos, dê preferência por encurtar o D2 da melhor forma que você puder sem
comprometer demais a ideia trabalhada nesse parágrafo de desenvolvimento e por colocar uma
conclusão em seu texto. É melhor um texto com o D2 mais curto (mas também não curto demais,
é preciso ter realmente muito cuidado) do que um texto sem conclusão.
Uma outra estratégia que você pode utilizar está na redução do tamanho da letra. Não é a
melhor das estratégias, pois o corretor olha com o olho torto quando vê que você precisou apertar
as letras no final, mas é um último recurso válido se chegar nesse ponto de ter que escolher bem
o que colocar na redação e o que tirar. Caso você conclua que realmente não dá para tirar nada
sem prejudicar o texto todo, então a letra miúda pode salvar seu pescoço e permitir que você
escreva tudo.
Contudo, a letra pequena traz consigo um probleminha. Geralmente, para escrevermos
com uma letra menor e mais apertada do que estamos acostumados, precisamos escrever mais
devagar, por isso, você precisa ter muita atenção com o tempo caso esteja enfrentando essa
dificuldade na hora da redação. Se decidir diminuir a letra, fique de olho no relógio e corra o
máximo que puder sem comprometer a gramática e a legibilidade de sua letra.

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6.2 CONCLUSÃO COM INFORMAÇÕES NOVAS


Essa é importantíssima, por isso a gente fala muitas vezes!
A conclusão deve “concluir” o texto, não deve trazer informações novas que virão como
pontas soltas. Você deve utilizar esse momento do texto para fechar o raciocínio, não para deixar
nada “jogado ao vento”.
Não está entendendo do que estou falando?
Quando você escreve seu texto, antes de entregar ou de passar a tinta, leia sua conclusão
de novo e tente ligar cada informação que existe na conclusão a alguma outra parte do texto.
Realmente ligar, entende?
Caso você não consiga, isso provavelmente indica que tem informações novas sendo
acrescentadas na conclusão, bem no acréscimo do segundo tempo, o que não é uma das melhores
práticas e pode ser penalizada, principalmente em relação à coesão.

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7.0 MÁ DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE ESTUDO

Um dos principais relatos que recebo dos alunos de redação estão relacionados ao
seguinte:

“Marina, eu me esforço muito para fazer redação, fico dois dias na semana separando as ideias
e me preparando, mas tiro notas baixas nas redações dos simulados ou fico super empacado,
não consigo fazer. ”

A confusão aqui é bem nítida.


Vou fazer uma analogia com o treino da academia e vamos ver se você descobre antes de
eu contar: imagine que você é um atleta e precisa se preparar para fazer barras em uma
competição.

Não tenho corujinha fazendo barra, então vamos colocar a corujinha fazendo supino
haha
Barra é aquele exercício em que você se pendura pelo braço em uma barra de ferro mais
alta que sua cabeça e precisa subir o corpo um pouco acima dessa barra usando apenas a força
dos braços e dos membros superiores. É um exercício de dificuldade razoável, viu.

Bom, seu treinador primeiro fortalecerá seus membros superiores com exercícios
destinados a eles (como o supino, que mostrei na corujinha) a cada treino, que deve ser uma
sessão de cerca de 1h.

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Esse primeiro passo é necessário para que você ganhe um pouco de força nos braços, senão
você vai apenas se dependurar na barra e não terá condições de puxar o corpo para cima nem um
pouquinho.
Depois de vários treinos e do fortalecimento dos membros superiores, você começará a
fazer algumas poucas barras. Provavelmente, nesse começo de barras, você não conseguirá fazer
nenhuma, apenas sentirá a força muscular repuxando nos bíceps e tríceps para cima, mas ainda
não verá resultado do corpo subindo.

Contudo, nada de desistir, não é mesmo?


Bom, ao longo do tempo, você irá ganhar mais força ainda nos membros superiores e
gradativamente conseguirá vencer o peso do próprio corpo e subir. Você repetirá esse movimento
por muito treinos ainda até que o peso do próprio corpo seja “pouco”.
Quando esse momento chegar, uma estratégia que seu treinador pode usar é colocar um
cinto de halteres na sua cintura.

Halteres são “pesos”, usados para exercícios de bíceps, por exemplo, além de muitos
outros. Você deve conhecê‐los. Caso não saiba realmente do que estou falando, dê uma rápida
procurada no Google, a fim de compreender perfeitamente a analogia que estou trabalhando.

Assim, você começa a praticar a barra com um pouquinho mais de peso, começando com
pouco e aumentando também. A longo prazo, você estará treinado e capaz de fazer 10 barras,
por exemplo, com muitos quilos a mais do que o peso de seu corpo, correto?

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Bom, qual o objetivo de se submeter a um treino muito mais árduo do que a realidade
da prova de barra?
Se você faz 10 barras com mais peso, conseguirá fazer 15, 20, 25 somente com o peso do
próprio corpo! E é importante lembrar que você fará apenas uma vez, não é repetitivo como no
treino, levando o músculo à fadiga.
Por isso mesmo, o nome é treino. No treino, você cria memória muscular para conseguir
realizar aquela atividade. Você ganha preparo físico e força.
Já no dia da prova, você precisa desses atributos que desenvolveu para conseguir
desempenhar a prova uma única vez e ser aprovado nela.
Vamos ver a analogia com redação?
Bom, quando você começa, seu professor passará os passos básicos da escrita do texto
dissertativo argumentativo, destacando o essencial para depois investir em detalhamento e em
microestrutura. Seu primeiro passo é conseguir fazer um texto dissertativo argumentativo que
contenha introdução, desenvolvimento e conclusão após algumas sessões de treino de escrita (de
aproximadamente 1h ou um pouquinho mais).
Estamos considerando que problemas de gramática já foram sanados, não irão impactar
negativamente sua redação. Entretanto, caso você não tenha bom domínio de gramática, você
travará uma luta constante com pontos perdidos em ortografia e em norma culta. Não ignore
esse fraco se você possuir!

Não sabe qual está sendo seu maior fraco na redação? Caso queira, pode me procurar para
analisarmos juntos, na mentoria ou no atendimento, qual está sendo sem calcanhar de Aquiles
na redação.
Se você não sabe o que significa “calcanhar de Aquiles”, pode ir procurar também, hein?
Isso é repertório haha

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Trecho retirado de https://super.abril.com.br/comportamento/calcanhar‐de‐aquiles‐lenda‐grega‐explica‐origem‐do‐ponto‐fraco/. Acesso em maio de 2021.

Depois que você dominou o basicão da estrutura, o professor começará a discutir temas e
abordagens de recorte temático. No começo, você sentirá que entendeu a ideia, mas que não
está vindo retorno nas notas das redações corrigidas. Essa é a parte em que você começa a fazer
barra e sente que os braços estão esforçando, mas o corpo ainda não está subindo.
Após várias redações com notas medianas e relativamente aumentando um pouco, você
começará a perceber melhor o que fazer, devido ao treino, e as notas começarão a dar retorno.
Em determinado momento, nessa parte do processo, você dominará a escrita do texto
dissertativo argumentativo bacana e suas notas ficarão ali no 7,5‐8,5 talvez variando um pouco
ocasionalmente.
Esse é o momento de amarrar os pesos na cintura. Você começa a praticar redações com
microestrutura, lapidando na forma e no estilo, fazendo em menos tempo.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 58


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Todas essas são ferramentas que DIFICULTAM a escrita seja no conteúdo, seja na redução
do tempo. Recomendo fortemente que você não se mantenha na sua zona de conforto por
medo ou por preguiça e abrace essas dificuldades com garra, pois o benefício é grande!
O efeito é o mesmo daquele nas barras: você consegue fazer uma redação mediana bacana
com mais facilidade na hora do simulado e da prova, pois seu treino está mais difícil do que aquilo.
Logo, quando recebo:
“Marina, eu me esforço muito para fazer redação, fico dois dias na semana separando as ideias
e me preparando, mas tiro notas baixas nas redações dos simulados ou fico super empacado,
não consigo fazer. ”
Perceba que o estudante está treinando mais leve e deixando para enfrentar o mais difícil
na hora da prova.
Pense comigo: se você precisa fazer 10 barras com 10kg na cintura e treina fazer 10 barras
com 5 kg na cintura, você tem garantia de que conseguirá fazer o necessário no dia da prova?
Claro que não!
O mesmo acontece com redação. Você irá sentir um enorme desconforto no simulado e
nas provas se mente para si mesmo e treina com mais tempo. Um dos maiores fatores de
desconforto em prova é justamente ter que “pensar rápido”.
Portanto, aluno meu que estudou esse material não vai mais cometer esse deslize,
combinado?

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8.0 REPERTÓRIO É UMA MULETA PARA VOCÊ?

Outro erro de treino é usar repertório de muleta.


O que isso significa?
Significa que você não está treinando o SEU raciocínio e o SEU olhar sobre os temas e está
buscando pontos de vista prontos.
“Marina, como funciona isso?”
Existem muitas formas, mas uma das principais é quando você não começa a redação até
ter feito uma pesquisa bem grande no Google sobre o tema e anotado várias citações de autores
e também vários números de estudos estatísticos que apareceram.

Comenta comigo no fórum se você costuma estudar redação desse jeito, procurando tudo no
Google. É de muita ajuda saber como anda o estudo de vocês.

Isso funciona como muleta pelo seguinte: você só poderá construir um texto utilizando
argumentos que você encontrou em pesquisa se souber todos eles decorados no momento da
prova ou se a prova fornecer esses dados.
O primeiro caso de saber tudo decorado pode ser um enorme desperdício de espaço de
memória que você poderia utilizar nas outras matérias. Perceba que não estou dizendo que você
não pode utilizar citações de autores ou dados estatísticos, claro que você pode! Eu sei uma ou
outra citação de que gosto e alguns estudos também.
O problema está em construir toda a sua redação com base nesses argumentos e que
esses argumentos venham de pesquisa na hora da escrita da redação.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 60


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Além de enfraquecer a argumentação, já que citações dos outros e dados estatísticos de


estudos retiram um pouco do SEU ponto de vista sobre o texto, eles também diminuem a
criticidade da redação dissertativo argumentativa.

Essa mesma recomendação não se aplica ao Enem. Caso você vá prestar Enem além das
provas militares, é importante que você saiba que ambas as bancas valorizam filósofos de
formas diferentes.
No Enem, repertório externo é valorizado e, na verdade, inclusive obrigatório se você
quiser tirar total na competência II.
Nas bancas militares, dados estatísticos aparecem bem menos (inclusive devido ao fato
de que a banca não costuma fornecer dados estatísticos em suas propostas de redação, ao
passo que a proposta de redação do Enem costuma trazer muitos dados estatísticos).
Entretanto, filósofos também são uma estratégia argumentativa válida.
A diferença aqui é que, geralmente, a profundidade com que se usa as ideias do filósofo
é um pouco maior do que no Enem, por isso, evite apenas “jogar” uma informação de filósofo
solta por aí na redação. Não vai ficar muito bom. Procure conectá‐la com as discussões da
redação e inseri‐la de forma coesa.

Voltando aos dados estatísticos e às citações decoradas.


Tente imaginar assim: quando você usa esses dados em meio a informações suas, é como
se os dados fossem os tijolinhos da parede e suas informações, opiniões e posicionamentos
fossem a massa, colando os tijolos e fazendo uma construção mais sólida. Por outro lado, quando
você apenas coloca os dados, é como se você estivesse empilhando os tijolos, porém sem massa
para prendê‐los, o que, perceptivelmente, constrói uma parede mais fraca!
Bom, agora o segundo caso: se a prova fornecer esses detalhes.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 61


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Particularmente, percebo o primeiro caso como mais grave e o segundo como uma
questão de tentar sair na frente. Eu não ignoraria nenhum dos dois, mas se você tiver que
escolher só um por algum motivo obscuro, escolha parar de fazer o primeiro caso.
O principal problema do segundo caso é que todo mundo (ou quase todo mundo) irá
utilizar o que estiver na coletânea em termos de dados estatísticos. Estou falando isso como
vestibulanda, não como professora de redação.
Pense comigo: quando você lê uma coletânea de redação e ela traz estudos e várias taxas
e porcentagens, você não fica tentado a usá‐las em seu texto logo? Geralmente, ficamos! Isso
acontece porque o dado estatístico, por exemplo, é uma informação pronta e você pode apenas
aplicá‐lo (não recomendo, como falamos no caso 1), o que é mais fácil do que construir um ponto
de vista autoral e que se distancie do senso comum.
Portanto, sim, se está na coletânea, é um jeito “fácil” de ter repertório.
Entretanto, esse “fácil” pode sair caro em sua redação. Pense como um corretor: se você
lê um monte de redações utilizando a mesma linha de raciocínio (ou muito parecidas), porque era
o que a coletânea trazia, aquilo fica batido e sem graça.
Além disso, se alguém utilizou a coletânea muito bem e inovou, por comparação, as
redações “semelhantes” e em menor nível receberão menor pontuação.
Caso você evite utilizar dados que todo mundo irá usar, esse fator de a nota cair por
comparação é atenuado e você ainda pode receber uma correção com bons olhos por ter trazido
algo diferente e autoral.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 62


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

9.0 TREINO MENTIROSO

Existe também o outro extremo da moeda.


Ao mesmo tempo em que algumas pessoas acham que redação é costurar trechos de
pesquisas do Google, temos também os vestibulandos que sentam sem bagagem nenhuma em
frente a uma folha de papel e esperam que venha uma inspiração para fazer a redação deum
determinado tema.

Essa forma de “escrita criativa” não se ajusta bem ao vestibular por um motivo muito
simples: você está sendo avaliado, com concorrência alta e critérios de correção que tendem
a ser objetivos.

Por isso, uma aposta mais certeira é tentar sistematizar suas metodologias.
Vamos fazer algumas reflexões juntos.
“Qual estrutura de texto dissertativo argumentativo é minha preferida? ”
Perceba que não coloque “nesse tema” na pergunta, porque a estrutura de redação da
sua preferência não deve depender do tema.
Recomendo que você escolha primeiro uma estrutura e depois aprenda a encaixar a
grande maioria dos estilos de tema que costumam aparecer na prova nessa estrutura que você
escolheu (e deve dominar primeiro; volte e leia o item “má distribuição do tempo” de novo e
perceba que o primeiro passo do treino é estrutura).

“Qual contextualização combina mais com esse tema? ”

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 63


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Agora, a parte “com esse tema” apareceu. Isso é compreensível tendo em vista que a
contextualização deve apresentar o tema e a abordagem do texto ao leitor. Dessa forma,
diferentes temas podem pedir diferentes “apresentações”.
Lembre‐se de que discutimos MUITAS formas diferentes de contextualizar seu texto na
aula de estrutura padrão. Sendo assim, volte e estude essa parte novamente se ainda estiver
com dúvidas.
Entretanto, apenas ler as formas de contextualizar sem praticá‐las provavelmente terá
pouco impacto. Para que você aprenda, de fato, exercite a escrita de diferentes formas de
contextualização.
O que isso significa? Uma ideia pode ser você escrever diferentes introduções, trocando
as contextualizações, para uma mesma redação e vendo os efeitos de sentido e as mudanças
que cada tipo de contextualizar oferece ao seu texto.

“Com qual tese consigo argumentar melhor nesse tema?”


Mais importante ainda do que na contextualização, agora na tese é impossível pensar
como fazer sua tese sem levar o tema em consideração. Sua tese deve ser seu ponto de vista,
como vimos na aula de estrutura e ela deve oferecer o gancho para a sua argumentação. Sendo
assim, tenha em mente 2 ou 3 formatos de tese que proporcionam a você as melhores
passagens para a argumentação.
Quando digo “formatos”, estou me referindo a estruturas como:
CAUSA + CONSEQUÊNCA
SOCIEDADE + INDIVÍDUO
PONTOS POSITIVOS + PONTOS NEGATIVOS
Ou, ainda, outras de sua preferência.

“O que eu tenho de ferramentas para usar em um tema em que meu repertório seja
pequeno?”
Você precisa estar preparado para essa possibilidade, você sabe disso, não é?

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 64


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Pense de forma objetiva: se você não domina bem um tema de matemática, você diz
para si mesmo que vai enfrentar essa questão com base na inspiração e na criatividade, caso
ela apareça na prova?
Acho que não, hein. Você provavelmente irá acrescentar esse tópico da matemática em
seus estudos e tentar fortalecer sua bagagem para conseguir lidar com essa questão.
O estudo de redação deve ser encarado de forma semelhante, com base no esforço, no
estudo frequente, no treino com “questões” (o que é escrever sua redação) e na leitura de boas
redações para adquirir repertório.

Sendo assim, é pouco proveitoso “estudar” redação com base na inspiração. A inspiração
não fornece um estudo sistemático e organizado e pode ocorrer algum triste imprevisto com a
proposta e resultar em um tema para o qual sua inspiração não dará conta do recado.
Se você não possuir mais nenhuma estratégia para conseguir decidir o que escrever e
escrever rápido, você sairá no prejuízo.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 65


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Manuais de redação Enem, disponíveis em:


http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2019/redacao_enem2019_car
tilha_participante.pdf. Acesso em fevereiro de 2020.
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2018/manual_de_reda
cao_do_enem_2018.pdf. Acesso em fevereiro de 2020.
Provas anteriores do ITA, disponíveis em:
http://www.vestibular.ita.br/provas/redacao_2020_2f.pdf
Provas anteriores da Fuvest, disponíveis em:
https://www.fuvest.br/vestibular‐da‐usp/
Ted Talks, disponíveis em:
https://www.ted.com/

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Aqui chegamos ao final de nossa aula sobre principais erros que são cometidos em redação.
Se você chegou até aqui, já está de posse de ferramentas essenciais para levar seu texto às notas
mais altas.

Fique à vontade para entrar em contato comigo caso tenha alguma dúvida.

Deixo também meu Instagram, outro canal de comunicação que você pode utilizar para
falar comigo!

A frase da aula de hoje será:

Aprenda a descansar, não a desistir.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 66


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

12.0 ESQUEMAS: LISTA DE IMAGENS E TABELAS

12.1 USO DAS PONTUAÇÕES NA REDAÇÃO


1. Vírgula (,)
É usada para:

a) separar termos que possuem mesma função sintática na oração: O menino berrou, chorou,
esperneou e, enfim, dormiu. (separando verbos)

Para a redação, o caso mais comum seria a enumeração de verbos ou de substantivos com o
objetivo de designar mais de uma característica a uma situação!

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b) isolar o vocativo: “Então, querida, não há mais nada a se fazer!”

É incomum que sejam utilizados vocativos na construção dissertativo argumentativa, portanto,


recomendo que você verifique primeiramente se o vocativo está utilizado corretamente. Se sim,
então há necessidade de utilizar a vírgula!

Caso você não esteja lembrando:

Ou seja, de maneira simplificada: vocativo é a palavra ou expressão de “chamamento” na sua


sentença.

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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

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c) isolar o aposto: ”O João, integrante honorário da equipe, veio assistir à peça”.

Diferentemente do vocativo, o aposto é menos incomum na construção dissertativo


argumentativa. Entretanto, em excesso, pode ser prejudicial por não ser tipicamente desse tipo
de texto. Portanto, ainda recomendo que você verifique primeiramente se o aposto está
utilizado corretamente. Se sim, então há necessidade de utilizar a vírgula!

Novamente, para te ajudar a dar aquela relembrada:

Ou seja, de maneira simplificada: aposto é a palavra ou expressão que adiciona uma


característica na sua sentença.

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d) isolar termos deslocados de seus locais padrão na oração, como complementos ou adjuntos
adverbiais:

1. “Uma vontade desesperada de beber água, eu senti quando terminei de malhar!”


(deslocamento de complemento verbal para o começo da frase)

A ordem direta da frase seria: eu senti uma vontade desesperada de beber água quando terminei
de malhar.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 68


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

Esse caso é mais incomum na redação dissertativo argumentativa, pois, como você deve ter
percebido, é um estilo de construção frasal que deixa a frase com um “tom literário”, aproxima
um pouco da poesia. Minha sugestão é que você evite esse tipo de construção se não tiver
segurança total com ela.

2. Naquele momento, nada foi feito para que pudéssemos sair. (deslocamento de adjunto
adverbial para o começo da frase)

A construção que utiliza o deslocamento do adjunto adverbial é extremamente comum na


redação dissertativo argumentativa. Recomendo que você exercite o uso dela em suas redações
por ser elegante quando bem utilizada.

O mais comum é que os advérbios e expressões com teor adverbial sejam utilizados deslocados
no começo (isolado por uma vírgula) ou no meio da frase (entre duas vírgulas).

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e) separar expressões explicativas, conjunções e conectivos: isto é, ou seja, por exemplo, além
disso, pois, porém, mas, no entanto, assim, etc.

Vale salientar que conjunções são ferramentas muito úteis no texto dissertativo, visto que o foco
é provar um ponto de visto por meio de um raciocínio lógico. Use e abuse delas em suas
construções.

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f) separar os nomes dos locais de datas: Brasília, 30 de janeiro de 2009.

Esse tipo de construção envolvendo data ou local é tipicamente de carta e não deve ser utilizada
no texto dissertativo argumentativo exceto em situação extraordinária e muito específica!

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g) isolar orações adjetivas explicativas: O filme, que você indicou para mim, é muito mais do que
esperava.

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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

As orações são um dos assuntos mais complexos da parte de sintaxe, ao mesmo tempo que são
ferramentas extraordinárias para melhorar sua linguagem na redação.
Caso você não se lembre dessa parte na aula de gramática, corra para dar uma leve relembrada.

Para a redação, não vai ser importante que você saiba os nomes e as classificações decoradas. O
importante vai ser saber o efeito de sentido que cada uma dessas construções sintáticas,
principalmente orações adjetivas e adverbiais, causa.
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2. Pontos

2.1 ‐ Ponto‐final (.)


É usado ao final de frases para indicar a finalização da sentença. Deve vir seguido de palavra
iniciada por letra maiúscula.

Observação: O ponto deve aparecer no final de abreviaturas como Sr., a. C., Ltda., vv., num.,
adj., obs.

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2.2 ‐ Ponto de Interrogação (?)

O ponto de interrogação é usado para:

a) Formular perguntas diretas:

Você quer ir conosco ao cinema?


Desejam participar da festa de confraternização?

b) Para indicar surpresa, expressar indignação ou atitude de expectativa diante de uma


determinada situação:

O quê? não acredito que você tenha feito isso! (atitude de indignação)
Não esperava que fosse receber tantos elogios! Será que mereço tudo isso? (surpresa)

Qual será a minha colocação no resultado do concurso? Será a mesma que imagino?
(expectativa)

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 70


ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

É muito importante destacar que, de modo geral, o ponto de interrogação não aparecerá muito
nas construções utilizadas em redações dissertativo argumentativas.

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2. 3 – Ponto de Exclamação (!)


OBSERVAÇÃO: nenhum dos casos de ponto de exclamação apresentados abaixo serão comuns
na redação dissertativo argumentativa.
Esse sinal de pontuação é utilizado nas seguintes circunstâncias:

a) Depois de frases que expressem sentimentos distintos, tais como: entusiasmo, surpresa,
súplica, ordem, horror, espanto:

Iremos viajar! (entusiasmo)


Foi ele o vencedor! (surpresa)
Por favor, não me deixe aqui! (súplica)
Que horror! Não esperava tal atitude. (espanto)

b) Depois de vocativos e algumas interjeições:

Ui! que susto você me deu. (interjeição)


Foi você mesmo, garoto! (vocativo)

c) Nas frases que exprimem desejo:

Oh, Deus, ajude‐me!

Observações dignas de nota:


* Quando a intenção comunicativa expressar, ao mesmo tempo, questionamento e admiração,
o uso dos pontos de interrogação e exclamação é permitido. Observe:

Que que eu posso fazer agora?!

* Quando se deseja intensificar ainda mais a admiração ou qualquer outro sentimento, não há
problema algum em repetir o ponto de exclamação ou interrogação. Note:
Não!!! – gritou a mãe desesperada ao ver o filho em perigo.

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3. Ponto e vírgula (;)

É usado para:

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ESTRATÉGIA MILITARES – REDAÇÃO

a) separar itens enumerados:


A Matemática se divide em:
‐ geometria;
‐ álgebra;
‐ trigonometria;
‐ financeira.

b) separar um período que já se encontra dividido por vírgulas: Ele não disse nada, apenas
olhou ao longe, sentou por cima da grama; queria ficar sozinho com seu cão.

Importante destacar que o uso de ponto e vírgula do item b é o uso que será mais interessante
que você domine para utilizar na redação.

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4. Dois‐pontos (:)

É usado quando:

a) se vai fazer uma citação ou introduzir uma fala:

Ele respondeu: não, muito obrigado!

Esse uso aparecerá pouco na redação dissertativo argumentativa. Exceto em casos muito
específicos e intencionais, desconfie dessa construção ao tentar usá‐la e verifique se usou
corretamente.

b) se quer indicar uma enumeração:

Quero lhe dizer algumas coisas: não converse com pessoas estranhas, não brigue com seus
colegas e não responda à professora.

Esse uso também aparecerá pouco na redação dissertativo argumentativa

c) como ferramenta para introduzir exemplificação:

Muitas ferramentas automatizadas hoje substituem, total ou parcialmente, a interação pessoa


– pessoa: iFood, para alimentação, Uber, para transporte.

Essa construção fica muito bacana na redação dissertativo argumentativa, recomendo.

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5. Aspas (“”)
São usadas para indicar:

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a) citação de alguém: “A ordem para fechar a prisão de Guantánamo mostra um início firme.
Ainda na edição, os 25 anos do MST e o bloqueio de 2 bilhões de dólares do Oportunity no
exterior” (Carta Capital on‐line, 30/01/09)

b) expressões estrangeiras, neologismos, gírias: Nada pode com a propaganda de “outdoor”.

Ambos os usos de aspas mencionados são importantes para a redação dissertativo


argumentativa e podem e devem ser utilizadas nesses casos.

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6. Reticências (...)

São usadas para indicar supressão de um trecho, interrupção ou dar ideia de continuidade ao
que se estava falando:

a) (...) Onde está ela, Amor, a nossa casa,


O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa? (...)
b) E então, veio um sentimento de alegria, paz, felicidade...
c) Eu gostei da nova casa, mas do quintal...

Em geral, pontuação não utilizada na dissertação argumentativa.


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7. Parênteses ( )

São usados quando se quer explicar melhor algo que foi dito ou para fazer simples indicações.

Ele comeu, e almoçou, e dormiu, e depois saiu. (o e aparece repetido e, por isso, há o
predomínio de vírgulas).

O uso de parêntesis apenas ocorrerá na redação dissertativo argumentativa em casos muito


específicos e intencionais. Nesses casos, é preciso analisar individualmente cada ocorrência
para ver se está correto e adequado.

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8. Travessão (–)

O travessão é indicado para:

a) Indicar a mudança de interlocutor em um diálogo:


‐ Quais ideias você tem para revelar?
‐ Não sei se serão bem‐vindas.
‐ Não importa, o fato é que assim você estará contribuindo para a elaboração deste projeto.

AULA 0 – O CURSO E A DISSERTAÇÃO DE PROVA 73


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b) Separar orações intercaladas, desempenhando as funções da vírgula e dos parênteses:


Precisamos acreditar sempre – disse o aluno confiante – que tudo irá dar certo.

Não aja dessa forma – falou a mãe irritada – pois pode ser arriscado.

c) Colocar em evidência uma frase, expressão ou palavra:


O prêmio foi destinado ao melhor aluno da classe – uma pessoa bastante esforçada.

Gostaria de parabenizar a pessoa que está discursando – meu melhor amigo.

d) Introduzir uma ideia complementar ou um exemplo, nesse caso, em geral, utilizam‐se 2


travessões (ou hífens):

Muitas ferramentas automatizadas hoje substituem, total ou parcialmente, a interação


interpessoal – essencial para a construção da identidade, principalmente na infância ‐, de
modo a construir uma geração de crianças excessivamente estimuladas.

Esse é um excelente uso para a dissertação argumentativa.


Material desse box baseado na matéria disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/pontuacao.htm. Acesso em maio de 2021.

12.2 PROPOSTA FUVEST 2020

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12.3 TREINO DE PARÁFRASE FUVEST 2020

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12.4 PROPOSTA FUVEST 2013

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12.5 EXEMPLO REDAÇÃO FUVEST 2013

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O consumo e o vazio contemporâneo


O anúncio do “cartão de crédito X” é um claro símbolo textual de um ideário
onipresente no mundo pós‐moderno: o consumista. A imagem de um “shopping center” – o
templo do consumo – alia‐se aos dizeres de que o melhor que o mundo tem a oferecer pode
ser obtido via cartão de crédito, ou seja, é material. Tal mentalidade frívola permeia as
mentes contemporâneas, levando o homem pós‐moderno a crer, erroneamente, que pode se
tornar pleno exclusivamente por meio do consumo.
As origens de tal mentalidade encontram‐se na ânsia capitalista de garantir o lucro
das elites detentoras dos meios de produção. Para isso, faz‐se o uso de dois organismos
simbióticos: a mídia e a propaganda. Os veículos midiáticos, no que diz respeito ao processo
de sedução do consumidor, são responsáveis pela criação de ídolos – pessoas aparentemente
fabulosas, cujas imagens são visadas a ser apropriadas pelo espectador. Nesse interím, a
propaganda entra como estímulo à perseguição de tal simulacro, por meio da tentativa de
convencer o consumidor que este se tornará perfeito ao conquistar elementos materiais,
assim como faz o anúncio do “Cartão de Crédito X”.
As consequências desse processo alienante foram descritas por Karl Marx, ainda no
século XIX, por meio de dois conceitos: o fetiche da mercadoria e a reificação do homem. O
primeiro consiste no endeusamento do objeto de consumo e o segundo na depreciação do
homem diante da supervalorização do material. Desse modo, almeja‐se satisfazer a
inquietude inerente à condição humana por meio de artifícios materiais, a despeito de
artifícios realmente capazes de atender à ânsia do homem, como a construção de laços e a
apreensão do conhecimento. Assim, constrói‐se um ciclo vicioso: o homem cultiva seu vazio
interior por meio do consumo, ao mesmo tempo em que tenta satisfazer‐se por meio dele.
O sentimento de frustração oriundo desse processo manifesta‐se estatisticamente: o
número de casos clínicos de depressão, bem como o número de suicídios, é cada vez maior no
mundo ocidental. Logo, ao contrário do que afirma o ideário materialista, o consumo se torna
nocivo a partir do momento em que não contribui para o bem‐estar do homem, mas para seu
auto‐flagelo. Não, o melhor do mundo não pode ser aproveitado com o “Cartão de Crédito X”.

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12.6 PROPOSTA ITA 2020

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