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EXTENSIVO
ENEM
2023
Aula 01 – Redação
Tema, projeto de texto, tese e esboço
AULA 01 – REDAÇÃO 1
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 4
1. ATITUDE INICIAL 4
1. O TEMA NO ENEM 5
2. TEXTO E CONTEXTO 13
3.2. Recorte 20
4. PROJETO DE TEXTO 21
6. ESBOÇO 31
6.1. Brainstorming 31
6.2. Esboço 34
7. O PARÁGRAFO 37
8. TÓPICO FRASAL 40
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9.1. Estilo 54
12.CONSIDERAÇÕES FINAIS 67
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Atenção: essa é a primeira versão, sem revisão do texto final. Você pode encontrar alguns
erros e faltam pelo menos um exercício e um tópico.
A atualização será disponibilizada dentro de 24h. Não se esqueça de substituir os cadernos.
Grato pela compreensão.
Fernando
Introdução
Salve,
Esse é o pdf 01 de Redação voltada para o Enem. Vamos juntos. No primeiro pdf,
procurei reunir as informações mais relevantes para quem está se preparando para o exame.
Fiz uma leitura dirigida da "Cartilha do Candidato”. Mas isso em si mesmo não é lá de grande
valia, afinal, você poderia ler sozinho as recomendações do INEP que, aliás, são muito boas.
O que você encontrou de efetivo no pdf anterior foram os exercícios e a explicitação da lógica
que direciona a escolha temática do ENEM.
O nosso foco agora é prestar atenção ao caminho que leva à escrita: interpretação do
tema, confecção do projeto de texto, definição de tese e produção de rascunho.
Este pdf é sobre isso e muito mais, na medida em que você vai encontrar material para...
1. Atitude inicial
Eu entendo. Escrever é árduo e muitas vezes humilhante. Você faz um texto irado, pede
que alguém leia, e o máximo de reconhecimento que recebe é “tá legal”. Caramba, “tá legal” é
a pior coisa que alguém gostaria de ouvir quando deixa aquele filhinho chamado texto na mão
de qualquer um. Por isso, vai um conselho de Yoga que acho perfeito para quem escreve.
Na Yoga, você não deve olhar para os outros. Deve olhar para dentro de si e desafiar
seus próprios limites, colocar-se à prova para conhecer seus limites numa espécie de processo
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de conhecimento. Olha que ideia perfeita para redação. Escreva para melhorar suas
habilidades, reconhecer seus limites e descobrir capacidades expressivas próprias.
A melhor maneira de fazer isso, nesse momento, é procurar temas que você domina.
Um dos autores sobre redação que acompanho contou uma experiência interessante. Em uma
sala em que os alunos tinham bastante resistência para escrever, ele fez uma proposta
indecente: “escrevam o texto das suas vidas, sobre algo que você sabem fazer”. Um dos
alunos, que basicamente nunca escrevia, entregou um texto sobre como fazer uma prancha de
surf. Não era qualquer texto. Realmente, o rapaz tinha soltado o verbo. Ficou muito claro para
o professor que a maior dificuldade para a escrita é o objeto do texto. Deixe o escritor se
expressar sobre o que ele realmente conhece, e o texto será o outro.
A sugestão, portanto, nesse começo de percurso de estudo, é que você escolha, por
ora, os temas que você domina. Deixe sua linguagem fluir.
1. O Tema no Enem
A perspectiva de formação escolar é cartesiana. Isso significa que o tipo de discurso que
circula em qualquer área da ciência vale-se dos pressupostos de René Descartes (1596-1650),
filósofo que lançou as bases do método científico. Bom, o pensador era também matemático,
então você já viu...
Ele postulou que a verdade poderia ser alcançada e, para isso, bastaria recolher
evidências, reuni-las pelo pensamento linear, obedecer às regras de dedução e o resultado
seria a coação de outras mentes. O bordão do rapaz era: “aquilo que for pensado de forma
clara e distinta será verdadeiro.”
O ENEM, além de cartesiano, ainda é iluminista, como vimos no pdf anterior. A banca
seleciona uma situação-problema que de alguma maneira fere os direitos humanos e pede que
o candidato escreva um texto sobre isso. Ou seja, o tema no Enem se identifica com uma
situação que deve servir como ponto de partida para a reflexão. Qual a importância do tema?
Nesse sentido, o ENEM não oferece nenhuma dificuldade. O tema é claro e explícito,
mas isso não significa que a apreensão das nuances do tema sejam fáceis, pois a banca
considera que o candidato deva perceber a profundidade da questão abordada.
1
Penteado, J.R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 8ª edição, 1982
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no Brasil. direitos
2016 Caminhos para combater o racismo no Brasil. Questão social /
(2ª direitos
aplicação)
2017 Desafios para a formação educacional de surdos Questão social/
no Brasil. direitos
2017 (2ª Consequências da busca por padrões de beleza Ética
aplicação) idealizados.
2018 Manipulação do comportamento do usuário pelo Questão social/
controle de dados na internet. direitos
2019 Democratização do acesso ao cinema no Brasil. Questão social/
direitos
2020 O estigma associado às doenças mentais na Quesão social/
sociedade brasileira' direitos
Temas
Os dois grandes temas desse exame giram em torno dos direitos garantidos pela
Constituição e pelo tema da ética. Surpresa?
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Para quem deseja ver no ENEM um exame político, vai dar com os burros n’água ao
fazer uma análise isenta. A questão política só foi abordada diretamente uma vez.
O outro grande tema é o da Ética. Faz sentido. Trata-se de uma perspectiva cidadã
discutida no pdf anterior. Ou seja, o senso comum de que tudo é culpa do governo não cola
nesse exame. Logicamente, o poder público tem um papel importante nas ações de
intervenção de grande impacto, mas quem efetiva práticas que fazem a diferença são os
cidadãos comuns.
Em todo caso, algumas grandes áreas temáticas merecem ser explicadas com mais
detalhes.
Ética
A palavra vem do grego ethos que se associa à forma de comportar-se. Pode-se falar
em ethos pessoal, por exemplo, “a honestidade é o ethos de tal indivíduo”. De forma mais
ampla, pode-se usar a palavra para um tipo de comportamento próprio de uma sociedade, por
exemplo, “o ethos do brasileiro é a malandragem”.
Esse uso bastante peculiar decorre do sentido que Aristóteles atribui ao termo. Ele
escreveu um tratado sobre o tema, no qual ele aconselhava seu filho Nicômaco a como se
comportar para ser feliz. O texto girava em torno da análise das virtudes e dos hábitos como
maneira de prescrever uma forma segura para viver bem no cotidiano. Digamos que essa ética
é a mais particular, a do indivíduo.
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Vou dar um exemplo, corujinha singular. Pense um pouco nas inovações no campo da
medicina e da biologia. Hoje, é possível mapear o DNA e até mesmo manipulá-lo. É possível
fazer clones e selecionar algumas características físicas de nossos descendentes. Essa é uma
possibilidade técnica, mas poderia ser adotada indiscriminadamente de acordo com a vontade
de cada um? O uso dessa tecnologia não tornaria o convívio social mais agressivo e
excludente? Até onde a manipulação da natureza em nosso favor pode ir sem prejudicar a
própria natureza ou a espécie humana a longo prazo?
Essas questões são éticas e sociais porque a resposta a elas gera leis e regras que vão
além do âmbito subjetivo de como viver bem. Mesmo que não gere leis, elas acabam por
pautar valores e julgamentos, servindo de parâmetros para decisões judiciais. Considere um
tema como “A questão do idoso no Brasil”.
Não se trata de uma questão particular. Você pode tratar mal o idoso e ainda ser feliz de
uma forma bastante egoísta. A questão é mais ampla, pois discutem-se, na verdade, os
parâmetros sociais dos tipos de comportamento que serão aceitos socialmente ao se avaliar a
relação que cada brasileiro estabelece com os idosos.
Essa discussão pode gerar regras, leis e até estatutos como, de fato, ocorreu. Contudo,
mesmo havendo um estatuto do idoso e regras para proteção da terceira idade, o desrespeito é
flagrante no cotidiano. A proposta leva o candidato a pensar em como deve ser o
comportamento das pessoas de forma coletiva para que a vida social não seja insuportável.
A expressão “questão social” se relaciona de forma direta com conflitos gerados por
tensões entre grupos sociais ou pelo reconhecimento de situações de vitimação decorrentes da
desigualdade social aguda. Ao longo do século XX, o termo foi ganhando relevância.
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para grupos que historicamente tiveram seus direitos negados: mulheres, negros,
homossexuais etc.
Temas como “conflito agrário”, “cotas para negros”, “violência contra a mulher” são
considerados temas sociais e, dependendo do encaminhamento, podem também ser do âmbito
da política.
Política
Política é fácil de entender o que significa: questões que giram em torno de ações que
envolvem a ação do Estado em alguma medida. Tome-se como exemplo a questão agrária.
Ações relacionadas ao problema agrário no Brasil só podem ser resolvidas com decisões de
alguma instância do governo: executivo, legislativo e executivo. No Enem, quando caiu um
tema desse naipe foi sobre participação política. Uma questão que tem agitado os meios
acadêmicos e pensantes nesses dois últimos anos tem sido a da democracia: limites, validade
e corrosão dessa forma de governo.
Educação
Dentro desse tópico, a Banca costuma considerar coisas muito pontuais, como por
exemplo, o próprio exame pediu para que o candidato dissertasse sobre O poder de
transformação da leitura. Os resultados negativos do Brasil nessa área e a recente mudança
na Lei de Diretrizes e Bases do MEC tornam esse tema bastante atrativo para um exame que
pede ao candidato que pense em propostas de intervenção
Mídia e Arte
Entre o final do século XIX e começo do XX, a arte se torna o campo da consciência
crítica, ou seja, escritores e artistas fazem questão de trazer para dentro do seu ofício os temas
sociais mais delicados além de uma condenação explícita à burguesia. Basta considerar as
características gerais do Realismo, das Vanguardas Europeias ou mesmo do Modernismo
brasileiro entre 1920 e 1940.
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consciência social significativa. A arte passa a ser produto de consumo prazeroso e não forma
de reconhecimento crítico do social.
Um dos temas com uma certa frequência nos Vestibulares diz respeito à influência da
mídia de massa na vida das pessoas. O Enem, de forma indireta, abordou essa questão
quando, na segunda aplicação de 2017, solicitou que o candidato refletisse sobre os padrões
de beleza.
Além desse tema, outra questão quentíssima diz respeito à liberdade de expressão.
Esse tópico não se restringe às mídias tradicionais, mas pode ser abordado relacionado às
redes sociais, que nos últimos anos começaram a chamar a atenção por levantarem dilemas
éticos devido à nova forma de se relacionar que se tornou planetária.
Em 2004 e 2018, a banca do Enem elaborou propostas que, de uma forma ou de outra,
eram atravessadas pela discussão em torno da internet: “Como garantir a liberdade de
informação e evitar abusos nos meios de comunicação (2004) e manipulação de dados da
internet (2018). Trata-se, na verdade, de um novo meio de interligar pessoas. Significa que a
internet amplia todos os temas próprios de outras áreas, tornando-os mais evidentes e
ampliando as consequências éticas, políticas e sociais de outras questões. Há bullying? Pois,
na internet, isso é amplificado pelo cyberbullying; há pedofilia no mundo real? Na internet, isso
ganha outras dimensões; mentiras são espalhadas pelo senso comum? Na internet, as fake
News ganham ares de verdade. ]
Meio Ambiente
Além disso, dissemina-se a tese de que a natureza e a sociedade não devem mais ser
analisadas de forma separada. Todo sistema necessita de energia para seu funcionamento. A
sociedade obtém sua energia da natureza. Os biossistemas fazem parte de uma estrutura
semiaberta porque tudo gira em torno da energia externa do sol. Através das plantas, a
energia solar é utilizada pelos seres humanos . De forma cega estamos destruindo as bases
do sistema.
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Em todo caso, nunca é demais relembrar que você pode escorregar feio nesse exame.
Opa... agora vamos à seção que dá até arrepios: fuga total ou parcial do tema, um show
de horror, que você deve evitar a todo custo.
O primeiro caso ocorre por desatenção. Em 2017, logo depois da aplicação do Enem,
circulou, nas redes sociais, uma suposta mensagem de “Whatsapp” de alguém que afirmava ter
se enganado. Escrevera sobre cegos, quando o tema era sobre os “desafios para a formação
educacional de surdos no Brasil”. Claro que isso não vai acontecer com você, corujinha esperta
que está se preparando forte para o Vestibular.
Você pode ser obrigado a incluir um subtema e não fazê-lo, o que configura fuga parcial.
Em 2015, o Enem propôs o seguinte tema: “A persistência da violência contra a mulher no
Brasil”. Suponha alguém que discutisse com propriedade o tema da violência contra a mulher
a partir de dados atuais, mas não considerasse a palavrinha capciosa que acompanha o tema
“persistência”, obviamente, o candidato não teria sua redação zerada, mas fugiria parcialmente
do tema. Então, cuidado!!!
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FICA A DICA
Uma das maneiras de saber se você está fugindo do tema ou não é contar a ocorrência das
palavras-chave no texto. Se você deve dissertar sobre “violência”, “mulher” e “persistência”,
esses vocábulos devem aparecer no mínimo umas quatro vezes num texto de 30 linhas.
Falar sobre “violência” sem usar a palavra “violência” não é tarefa humana ou é brincadeira
de mímica. Claro que você pode usar sinônimos, mas observe que essas palavras devem
estar presentes quase em cada parágrafo.
2. Texto e Contexto
Para entender essa questão, observe a propaganda abaixo.
(disponível em
https://www.propagandashistoricas.com.br/2014/04/yamaha-rd-50-primeira-moto-
brasileira.html, consultado em 12.03.2019)
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“Ninguém segura esse país”. A impressão que se tinha era a de que, finalmente, o país faria
parte do seleto grupo de nações desenvolvidas.
Seria bom, mas não extremamente necessário. Lembre-se de que a banca do Enem
elabora situações-problema. A ideia é de que, se você não souber muita coisa sobre o
assunto, mas receber dados, que serão dados pela coletânea, você será capaz de reconstruir
um contexto que permita fazer bom texto dentro do que o Enem espera.
Proposta de redação
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos
construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma
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TEXTO II
Acre sofre com invasão de imigrantes do Haiti
Nos últimos três dias de 2011, uma leva de 500
haitianos entrou ilegalmente no Brasil pelo Acre,
elevando para 1 400 a quantidade de imigrantes
daquele país no município de Brasileia (AC). Segundo
o secretário-adjunto de Justiça e Direitos Humanos do
Acre, José Henrique Corinto, os haitianos ocuparam a
praça da cidade. A Defesa Civil do estado enviou
galões de água potável e alimentos, mas ainda não
providenciou abrigo.
A imigração ocorre porque o Haiti ainda não se
recuperou dos estragos causados pelo terremoto de
janeiro de 2010. O primeiro grande grupo de haitianos
chegou a Brasileia no dia 14 de janeiro de 2011. Desde
então, a entrada ilegal continua, mas eles não são
expulsos: obtêm visto humanitário e conseguem tirar
carteira de trabalho e CPF para morar e trabalhar no
Brasil.
Segundo Corinto, ao contrário do que se imagina, não
são haitianos miseráveis que buscam o Brasil para
viver, mas pessoas da classe média do Haiti e profissionais qualificados, como engenheiros,
professores, advogados, pedreiros, mestres de obras e carpinteiros. Porém, a maioria chega
sem dinheiro.
Os brasileiros sempre criticaram a forma como os países europeus tratavam os imigrantes.
Agora, chegou a nossa vez — afirma Corinto.
Disponível em: http://www.dpf.gov.br. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).
TEXTO III
Trilha da Costura
Os imigrantes bolivianos, pelo último censo, são mais de 3 milhões, com população de
aproximadamente 9,119 milhões de pessoas. A Bolívia em termos de IDH ocupa a posição
de 114º de acordo com os parâmetros estabelecidos pela ONU. O país está no centro da
América do Sul e é o mais pobre, sendo 70% da população considerada miserável. Os
principais países para onde os bolivianos imigrantes dirigem-se são: Argentina, Brasil,
Espanha e Estados Unidos.
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Assim sendo, este é o quadro social em que se encontra a maioria da população da Bolívia,
estes dados já demonstram que as motivações do fluxo de imigração não são políticas, mas
econômicas. Como a maioria da população tem baixa qualificação, os trabalhos artesanais,
culturais, de campo e de costura são os de mais fácil acesso.
OLIVEIRA, R.T. Disponível em: http://www.ipea.gov.br. Acesso em: 19 jul. 2012 (adaptado).
O que a Banca esperava que o aluno fizesse? Que refletisse em relação a esse
problema dentro da chave humanista apontada no texto 1, afinal se os imigrantes foram
importantes para a formação do Brasil, qual é a lógica de, neste momento, demonizar a
imigração? Com esse texto, a banca queria lembrar ao candidato que ele também é fruto de
imigração, já que quase todos os brasileiros têm algum ascendente que imigrou para o país.
Que lógica há em criticar severamente imigrantes se nossos avós fizeram a mesma coisa?
Apesar disso, havia espaço para a crítica à política de imigração no Brasil, mas
qualquer que fosse, deveria se dar dentro da justificativa humanista, de solidariedade. Você
poderia defender que o Brasil precisaria restringir um pouco a entrada desses imigrantes por
não ter como recebê-los de forma humanitária; ou defender que o Brasil deveria abrir os braços
para os imigrantes.
Isso significa fazer uma interpretação temática a partir do contexto, que nesse
caso inclui entender os pressupostos desse exame que já foram inclusive discutidos no pdf
anterior. Com uma proposta de fechamento das fronteiras por motivos xenófobos, você tiraria
zero no quesito proposta de intervenção.
A partir dessa leitura de contexto do excerto I, você deveria fazer uma leitura
atenta para ter a dimensão do problema. O texto II descreve a imigração de haitianos. Eles
saem da América Central e viajam milhares de quilômetros para entrar no Brasil pelo Acre com
finalidade de continuar a viagem até o sul. É muito sacrifício e envolve muitos gastos. Isso é
confirmado pela reportagem que faz um perfil socioeconômico dos haitianos que chegam aqui,
eles pertencem à classe média e têm boa formação.
Eles mostram qual a situação dos imigrantes. São seres humanos que estão
fugindo ou de desastre natural, ou da miséria. Fazem um tremendo esforço para encontrar uma
situação mais favorável em outro lugar, algo que qualquer um faria se não tivesse mais
perspectivas em seu país de origem.
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terrível, essas pessoas têm o direito de ir e vir, mas estão à procura de um lugar no qual
possam ter um futuro.
A contraposição, implícita, entre mundo ideal e mundo real deve ajudá-lo a ler a
proposta e configurar um percurso argumentativo.
Consideremos a prova do Enem 2020 . A Banca, depois de elencar dois textos e uma
imagem, solicitava que o aluno produzisse uma dissertação em prosa, sem deixar explícito o
tema: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”
A coletânea
Quem vai me salvar do
senso comum?
Primeiro texto
Texto I
A maior parte das pessoas, quando ouve falar em "saúde mental'. Esse texto
pensa em ‘doença mental". Mas a saúde mental implica muito mais que problematiza “o que
a ausência de doenças mentais. Pessoas mentalmente saudáveis é doença metal?”
compreendem que ninguém é perfeito, que todos possuem limites e
que não se pode ser tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma
série de emoções como alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e
frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da
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Esse texto lembra uma questão que não deveria passar “batido”: é muito
difícil estabelecer a linha divisória entre saúde e doença no que diz respeito a questões
psicológicas. Além disso, nos lembra que quando lidamos como transtornos desse tipo,
sentimentos variados estão envolvidos.
Texto II
Pergunte-se: qual a relação entre esse texto e o tema e texto anterior? O texto
anterior mostrava claramente que era difícil fazer uma distinção entre doente e são.
Este define estigma. Pense o que acontece na nossa sociedade...O diagnóstico de
ser portador de uma doença mental leva o paciente a ser rotulado de frouxo, por
aqueles que não acreditam em doença mental, mas fraqueza da vontade; e de incapaz por
aqueles que acreditam que existem males da alma.
AULA 01 – REDAÇÃO 18
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Números da depressão
AULA 01 – REDAÇÃO 19
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A dita doença mental embuti um problema terrível: como determinar quando uma tipo de
traço próprio do comportamento normal se torna excessivo e, portanto, sintoma de uma
doença? Essa compreensão do problema deveria nos levar a ser mais cuidadosos em nomear
alguém como “doente mental”, até porque, essa palavra marca o indivíduo que passa a ser alvo
de vários tipos de preconceito. Imagine o que isso representa, num mundo em que um único
distúrbio psicológico como a depressão acomete mais de 11,5 milhões de brasileiros.
Essa brincadeira já nos dá ideia de como a coletânea tem o poder de interagir com o
leitor tornando seu texto e sua expressão sobre a ideia muito mais complexas e interessantes.
3.2. Recorte
No caderno de Competência 2, a banca diz textualmente, “Para avaliar o texto na
Competência II, é fundamental sabermos diferenciar uma abordagem temática completa de
uma incompleta.” O que o Inep queria dizer com abordagem incompleta? O desprezo do leitor
pelo recorte do tema. Para exemplificar, a Instituição lembrava que “no caso do Enem 2018,
considerava-se abordagem completa se o participante mencionasse “o controle de dados na
internet” E “a manipulação do comportamento” e/ou as consequências, os efeitos e os
exemplos do ato de manipular o usuário.
Surdos e
AULA 01 – REDAÇÃO 20
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Você já deve ter reparado que as propostas do Enem sempre se sustentam sob duas palavras
importantes, uma que representa o assunto e outra o recorte.
4. Projeto de texto
Depois de fazer uma boa leitura dos texto de apoio e apreender muito bem o tema, hora
de começar a esboçar o que será seu texto. No caderno do Inep, já citado na aula passada, a
banca usa o termo “projeto de texto” como critério de avaliação e apresenta a definição que
volto a repetir agora neste pdf.
Em primeiro lugar, é preciso destacar que as pessoas que utilizam Três ideias são
cada vez mais a internet são cerca de 64,7% entre 10 anos ou mais. desenvolvidas:
Isso mostra o que Habermas constata: a crescente capacidade de uso amplitude do uso,
da razão instrumental e tecnológica. Além disso, o consumismo típico
razão instrumental,
consumismo
AULA 01 – REDAÇÃO 21
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Ademais, há que se levar em conta a ideia de Kant: o homem tem que Uso aleatório de
caminhar em direção a sua maioridade. Contudo, o que vemos são Kant. Volta ao
pessoas se valem de sites, que usam algoritmos. Ficam escravas do
consumismo, sem
consumo, não procuram desenvolver sua interioridade.
ligar à manipulação
Você já reparou que não vale muito. O texto ficou confuso. pela internet.
Percebe-se nitidamente, que o autor tinha algumas frases coringas que ele tentou
encaixar no tema, preocupando-se mais com o repertório do que com a unidade do texto. O
texto ficou sem projeto. Como se fosse um saco de ideias que comportassem qualquer
pensamento legal, contato que ligasse da alguma maneira ao tema.
Depois de muito pelejar, construímos um esqueleto (uma estrutura geral que pode
servir para vários temas) juntos e aí veio a iluminação: o texto continuava ruim. Não era a
falta de citação ou mesmo de frases de ligação que dariam a nota acima da média, ela
entendeu. Virou um dia para mim e perguntou, para minha surpresa: está faltando projeto de
texto, né?
Não vou dizer que o final tenha sido o mais feliz do universo. Ela não tirou mil.
Mas tirou um nota melhor do que tiraria se tivesse continuado a usar aquele esquema de
amontoado de ideias. Além disso, ela foi segura para prova porque entendeu que não é
decorando frases que o texto seria bom.
Em 2013, o jornal O Globo publicou algumas redações que alcançaram a nota máxima
no Enem. Observe a introdução de uma redação publicada.
1
Ao ser trabalhada a questão da imigração com destino ao
Brasil, muito se pensa nos acontecimentos e nos fluxos ocorridos ao
longo da história. No entanto, a nação brasileira constitui-se, no Introdução do
século XXI, uma potência econômica em crescimento e ganha tema
AULA 01 – REDAÇÃO 22
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
O verbo “pode-se” introduz a ideia que o autor do texto quer defender. Tendo feito
uma boa leitura de contexto, inclusive do encaminhamento humanista da Banca, o autor
defende que a imigração é importante para o Brasil e decorre da situação de potência
econômica. É interessante que isso é expresso de forma bastante neutra, como se fosse uma
constatação expositiva, mas a escolha dos “campos da cultura” e da “qualidade de vida”
manifestam de forma sutil a escolha do autor.
2
A chamada era da informação apresenta diversas falhas. A
veracidade dos fatos que chegam ao conhecimento da população é
uma delas, visto que, com a alta tecnologia do século XXI, há
Tese clara e
variados meios de comunicação pelos quais as notícias são
transmitidas nem sempre correspondendo à realidade. Em vista da contundente
resolução desse problema, deve haver ações por parte do Estado,
dos próprios meios de comunicação e, principalmente, do indivíduo
que recebe as informações.
Esse excerto é direto. Logo nas duas primeiras linhas, o autor já define seu
posicionamento: “A chamada Era da Informação apresenta diversas falhas.” Essa opinião
desperta o interesse do leitor, que fica curioso: quais falhas? Ele terá que ler o texto para
descobri-las.
Nos 2 fragmentos, você percebeu que o autor expressa sua opinião e posicionamento.
Isso pode ocorrer de forma mais desenvolvida ou expositiva ou mais breve e contundente.
O que é tese?
A tese nada mais é do que a sua opinião sobre o tema, expressa verbalmente e
estruturada em uma ou mais frases articuladas com sujeito, verbo e complemento. Um termo
como “a necessidade de vigilância em relação às fake News” não configura tese. Isso expressa
um tema.
AULA 01 – REDAÇÃO 23
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Um leitor não pode começar a ler um texto tentando adivinhar qual a opinião do escritor,
pois, nessa circunstância, não poderia avaliar se os argumentos se sustentam.
Um texto deve ser interessante para o leitor. Uma tese óbvia demais ou aquela
que “chove no molhado” não permitirá um desenvolvimento interessante. Toda tese que poda a
capacidade do escritor de mostrar seu valor na argumentação é ruim.
Às vezes, quando a tese é muito simples, vale a pena mencionar o seu oposto,
para valorizá-la e transformar o texto numa espécie de discussão que vai despertar o interesse.
Suponha que você simplesmente queira defender a ideia de que a tal “vigilância epistêmica” é
importante. Essa ideia parece óbvia e desnecessária. Para chamar a atenção do leitor, pode-se
começar com a ideia oposta. Algo como: “Muitos acreditam que vivemos no maravilhoso
AULA 01 – REDAÇÃO 24
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mundo da informação, no qual até mesmo fotos documentais de difícil acesso podem ser
disponibilizadas através das redes sociais, contudo, dada a forma como circula a informação no
mundo, é necessário bastante cuidado ao acessar informações.”
Ficou comprido, né? Mas observe que agora a tese ficou interessante e já aponta
uma possível trajetória.
Afirmar que uma questão tem dois lados, sem dar ênfase a qualquer dos aspectos ou
fazer simplesmente uma enumeração de argumentos favoráveis e contrários é um “tiro no pé”.
Lembre-se de que o corretor quer avaliar sua capacidade argumentativa, não quer
avaliar sua competência de contabilizador de argumentos, aquele cara que começa a redação
dizendo “por um lado a informação na internet pode levar ao engano....” e, depois de despejar
os argumentos sobre isso, começa outro parágrafo com “ por outro lado também pode nos
informar...”e faz a mesma coisa.
AULA 01 – REDAÇÃO 25
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Atividade física é
A última, sem dúvida nenhuma. Por quê? Você deve estar se perguntando! Na frase em
amarelo, faz-se um julgamento, “a atividade física pode ser prejudicial”, e aponta-se dois
motivos que dão força argumentativa ao que foi dito, há dois fatores que concorrem para tonar
o exercício físico perigoso.
A forma tradicional de se formatar uma tese que torna mais fácil o trabalho de escrita é
esta:
Afirmação
sobre o tema
Argumento 1 Argumento 2 Tese
AULA 01 – REDAÇÃO 26
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O que é tese?
· Aquilo que vai ser defendido no texto;
· Resumo do texto a ser produzido;
· Responde ao tema, considerando inclusive as palavras principais do tema.
AULA 01 – REDAÇÃO 27
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Para explicar melhor, considere essas duas teses textuais que tirei de duas redações
nota 1000 do Enem:
Teste textual 1
Teste textual 2
Note que a primeira tese manifesta bem o espírito do Enem. Mas isso é o que está
escrito. O texto a seguir demonstra que ele tinha um projeto. Ele desenvolveu a ideia a partir
do contraste entre os princípios constitucionais e filosóficos e a realidade. Tese dele se fosse
expressa de forma plena deveria ficar assim: “a manipulação do comportamento de usuários
pela seleção prévia de dados é inconcebível, já que opõe os princípios de direito às práticas de
fato. Nesse caso, ele teria colocado o argumento 1 (princípios de direitos) e o argumento 2
(práticas de fato).
Embora, ele não tenha escrito isso, o texto estava estruturado dessa forma, ou seja, a
tese estava na cabeça dele.
AULA 01 – REDAÇÃO 28
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Qual é o melhor? Se o projeto estiver bem definido dentro da sua cabeça, quaisquer
dos dois caminhos levam à nota 1000.
Tipos de tese
Teses
Comentário.
AULA 01 – REDAÇÃO 29
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Segunda afirmação, tese 1. Trata-se de uma forma de dizer que o problema trazido pela
banca fere algum direito; ela é simples, não indica para o leitor à primeira vista qual deve ser o
desenvolvimento.
Terceira afirmação, tese 4. Essa frase do final do primeiro parágrafo deixa claro que é
preciso fazer alguma coisa, discutir e aplicar metodologias ativas.
Quinta afirmação, tese 3. Quando o autor diz que é fundamental analisar, ele apenas
indica que subdividirá o tema, sem indicar se considerará causa, consequência, comparação
ou outro caminho qualquer. Ele faz uma indicação genérica.
Para deixar claro uma ver por todas como o projeto de texto funciona, resolvi
considerar uma redação nota 1000 um tanto quanto manhosa para olhares incautos.
Normalmente, os caçadores de esqueleto, alunos que olham para as redações procurando as
citações interessantes, deixam de perceber o projeto de texto. Essa candidata usou e
abusou da citação, mas o texto tem projeto. O desafio é o seguinte: você conseguiria repor a
tese dela? Conseguiria dizer de qual tese, ela deve ter partido?
AULA 01 – REDAÇÃO 30
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O texto é um pouco chato pelas palavras que a autora faz questão de usar, meio
arcaica, como fulcral (fundamental), isso não é necessário no Enem, embora haja lendas de
que uma boa redação deve ter esse tipo de linguagem.
Apesar disso, o texto tem um projeto bem criativo. Basicamente, qual é o núcleo do
texto 2? O falta de autonomia e o conceito de menoridade de Kant. E qual é a base do outro
parágrafo? A metáfora da cegueira de Saramago. Juntando as duas ideias defendidas,
percebe-se a lógica: a manipulação do dados da internet promovem a menoridade intelectual
do indivíduo e a cegueira metafórica. Ela não amontou ideia bonitinhas, com citações
impactantes sem nenhuma finalidade. O texto foi bem pensado.
6. Esboço
Estou denominado de forma genérica esboço o processo todo, que pode ser dividido em
brainstorming e as mal traçadas linhas que antecedem a primeira escrita do texto.
6.1. Brainstorming
AULA 01 – REDAÇÃO 31
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Compreenda a proposta
Prepare-se para escrever, estando certo de que você entendeu bem a proposta. Anote
as palavras, doença mental e estigma. Depois pense nos tipos de doença mental, saberia o
nome de algumas delas? Considere, então, o que diz o texto 1, é possível delimitar com
certeza quais os critérios entre normalidade de doença? Qual critério seria?
Fragmente-a
Puxar Palavras
Uma palavra puxa a outra e nos leva a ter pensamentos mais complexos. Carlos
Drummond dizia “Penetra surdamente no reino das palavras./
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.” Podemos fazer uma adaptação, “penetra no
AULA 01 – REDAÇÃO 32
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universo do vocabulário do seu tema, lá estará seu texto esperando que a ligação entre os
vocábulos o faça nascer.
Louco, gato, palhaço, circo, riso, tristeza, sofrimento, CAPES, depressão, pressão, grito,
dormir, sentir, não sentir, remédio, Alice no país das maravilhas...
Pensamento Lateral
Force-se a pensar fora do pensamento linear que você começou a trilhar. Há algumas
técnicas:
Combine ideias. Doença mental pode se associar com que outros conceitos ou termos?
Bioética? Comportamento? Saúde? Medicina? Com qual você conseguiria juntar?
Analogia. Pense no tema associando-o a uma metáfora, a uma comparação, ou a uma
ilustração. Pode-se comparar um doente mental como alguém que caminha contra a
multidão. Essa comparação é interessante porque dá a ideia de alguém que talvez seja
incompreendido por não seguir massificado.
Inversão. Imagine como seria ver como os mesmos olhos rigorosos com que olhamos
os ditos doentes mentais, as pessoas comuns e suas manias. Há um livro interessante,
Ensaio sobre a Loucura de Erasmo de Roterdam, em que o autor faz exatamente isso.
Ele imagina a loucura falando sobre a forma de se comportar dos homens.
Exagero. Pense em situações-limite: se todos fossemos loucos?
Reordenação. Esse passo deve ser posterior à fixação escrita do seu brainstorming,
tem a ver com a escolha de qual ramificação de ideia você vai desenvolver primeiro.
Portanto, tem a ver com aquele momento próximo da escrita do texto. Você deve alterar
a ordem dos argumentos, trocando-as de lugar. Por exemplo, vamos supor que você
tivesse pensado em começar pelas causas do estigma em relação aos doentes mentais,
que tal começar pelas consequências?
Depois de ter forçado o processo criativo e ter enchido uma folha em branco com palavras
soltas, agora é a hora da “colheita”:
Coloque o tema no centro da folha.
Olhe para a folha com as palavras que você rabiscou. Procure aglutiná-las a partir de
alguma lógica em comum: algumas se referem às causas, outras, às consequências,
outras podem ser usadas para criar uma analogia ou comparação etc.
Use a lógica da organização por categoria para fazer as grandes ramificações. Por
exemplo, ao falar sobre causas do estigma, você pode considerar a causa história, a
psicológica a econômica.
Desenvolva cada ramificação e, quando possível, indique exemplos, fatos etc.
Feita a primeira versão desse primeiro esboço, elimine as ideias que são muito difíceis
de desenvolver ou as que não são adequadas à sua tese.
Se precisar, volte ao estágio do brainstorming e deixe “chover” ideias no seu texto.
AULA 01 – REDAÇÃO 33
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Ao final do processo, no caso do Enem, você deve ter material para produzir uma tese
completa, aquela que indica para você qual caminho seguir no texto,
Observação: esse é uma espécie de pré-esboço. Olhando para as ideias que você conseguiu
provocar, agora, você deve organizá-las de maneira que possam ir se estruturando de maneira
que você veja claramente como serão as partes do texto.
6.2. Esboço
Um esboço é um planejamento que inclui o processo de brainstorming, a
elaboração da tese e a indicação dos argumentos que serão usados. Deve ser uma espécie de
“mapa da mina”, no caso, da escrita, pois esse mapa vai sendo reelaborado conforme você vai
escrevendo o texto.
Funciona mais ou menos assim: tendo um plano de saída, você começa a escrever
tentando seguir o planejamento, mas a escrita é marota e, às vezes, leva você para outros
argumentos não previstos. Você não precisa reelaborar o esboço, ele foi um plano de saída,
mas o caminho pode ser diferente. Ele garante que você tenha pensando em várias
possibilidades de escrita do texto, mesmo que você descubra outras no processo.
Então chegou a hora de fazer um projeto de texto ou esboço. Segue um modelo que
inclui os dois momentos de criação do esboço. A primeira parte refere-se ao brainstorming, a
segunda parte seria o esboço propriamente dito.
AULA 01 – REDAÇÃO 34
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Agora é só fazer o
inverso. Escreva qual
é a tese, os
argumentos e o
repertório.
AULA 01 – REDAÇÃO 35
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O natural é que o candidato pense no tema, faça o brainstorming chegue a tese e pense
de forma geral nos argumentos, para daí começar a procurara repertórios para preencher
como argumento de sustentação.
Muitos estão querendo começar pelas citações de filósofos ou pensadores para depois
preencher com argumentação geral. Isso não é garantia de sucesso e nem é unanimidade. É
verdade que boa parte dos alunos que tiraram nota mil, usaram o recurso da citação, mas isso
aconteceu por um certo modismo. Disseminou-se a ideia de que o uso de estruturas fixas com
citações de filósofos e palavras rebuscadas dava nota elevada no Enem, e, em consequência
disso os alunos com boa capacidade descritas adotaram esse sistema. Ou seja, não dá pra
saber se as notas elevadas tem como causa o uso desse receituário, ou se o receituário parece
dar certo porque alunos bem preparados o usam, e nas mãos deles, dá certo.
Só para se ter uma ideia, resolvi trazer um redação nota 1000 de 2012, quando a moda
ainda não tinha começado. Observe que o texto é simples e quase lembra uma redação
qualquer.
AULA 01 – REDAÇÃO 36
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7. O parágrafo
Esse é o básico que serve para você expressar ideias bastante simples, afinal um
período não dá conta de ideias mais complexas. Suponha o seguinte microtexto:
Normalmente, nos vestibulares, exige-se um texto completo. O autor deve deixar claro
qual é a sua ideia sobre o assunto, deixando pouco espaço para que o leitor preencha com sua
experiência o que não foi dito. Tomemos a primeira frase “ A tragédia se abateu sobre as
nações”, um escritor detalhista passaria a explicar a afirmação.
AULA 01 – REDAÇÃO 37
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Agora sim o parágrafo conduz o leitor e expressa exatamente o que o escritor imaginou.
O que colaborou para isso? A capacidade de discriminar as ideias gerais que estavam na
primeira frase do parágrafo. Observe novamente o parágrafo, como ele está organizado?
O primeiro período contém a ideia núcleo da qual saíram todos as frases subsequentes.
Escrever parágrafos ou texto curto através dessa técnica é um bom jeito de ir organizando o
texto, aliás qualquer tipo de texto.
AULA 01 – REDAÇÃO 38
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QUESTÃO 14
A questão valoriza a habilidade da leitura e interpretação de texto, a
partir de um tema clássico de História: as Independências na América.
Assim como a questão anterior, exige a compreensão das relações
entre acontecimentos simultâneos no mundo atlântico.
a)
O processo de Independência da América Espanhola, como aponta
Simón Bolívar no trecho citado, foi multifatorial. Derivou da crise do
Antigo Regime e da circulação de ideais liberais na América, sendo Frase inicial que
seguido pela desintegração das colônias espanholas em países resume a resposta
fragmentados. Descontentamentos nas colônias levaram a
questionamentos e reivindicações por igualdade de representação
política perante a Espanha. As elites locais, desejosas de ampliar seu
poder, aproveitaram-se disso para propor transformações como o
liberalismo econômico. Destaca-se a ocorrência de mobilizações
populares, sendo o período marcado por intensas guerras e conflitos
civis, como os mencionados no documento.
b)
O texto expressa a insatisfação de Bolívar perante a não
concretização do projeto político pan-americanista. Dentro desse
projeto, enunciado, por exemplo, no Congresso do Panamá, em
1826, havia a proposta de criação de uma confederação de países Frase inicial que
hispano-americanos independentes. Apesar da adesão da Grande resume a resposta
Colômbia, México, Peru, Bolívia e Guatemala, o projeto não
conseguiu ser consolidado.
AULA 01 – REDAÇÃO 39
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8. Tópico frasal
Observe que o autor do parágrafo começa com uma frase que será o fio condutor desse
fragmento. A ideia é de que atravessar uma fronteira não é fácil e ele escolheu como
argumento o vestibular. A seguir, ele vai descrevendo o vestibular, como já fizemos em outros
exercícios e, assim, ele configura um argumento.
AULA 01 – REDAÇÃO 40
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Primeira pergunta que deve ser feita é: qual é a ideia núcleo do parágrafo? Parece que a
ideia era: apesar de haver o direito reconhecido de igualdade, os negros ainda sofrem com a
exclusão. Contudo, o autor do parágrafo ficou perdido repetindo informações sem deixar claro
qual era a ideia central.
Direito
De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal de 1988, todos são
iguais perante a lei. No entanto, a sociedade brasileira permanece
Não é cumprido
excludente, haja vista a desproporcionalidade de cargos entre negros e
brancos no mercado de trabalho. Ainda na temática, de acordo com
Aristóteles, é necessário tratar desigualmente os desiguais na exata Direto
medida das suas desigualdades, como ocorre nas cotas raciais -
medida que prevê uma parcela de vagas de um determinado espaço
da sociedade a esse grupo. Todavia, tal medida no ramo trabalhista e
nas universidades ainda causam incômodo em parcela da população
que não sente os efeitos da isonomia deficitária. Sob essa ótica, faz-se Não é cumprido
necessário analisar a persistência da desigualdade racial
principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho e
providências à problemática levantada.
Note que o autor repete a mesma estrutura preenchendo com repertórios diferentes, o
que não permite que o leitor perceba claramente aonde ele quer chegar.
AULA 01 – REDAÇÃO 41
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Percurso histórico
A primeira frase já inclui algo da tese e apresenta qual o momento histórico que você irá
selecionar de forma bastante geral. No desenvolvimento, você detalha.
Confronto
AULA 01 – REDAÇÃO 42
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Causa/Consequências
Q1. O texto abaixo é um fragmento adaptado do artigo de Vladimir Safatle “Talvez haja algo
limitador em tratar uma vida plena como uma vida feliz” publicado na Folha em 18.08.2017.
Para os gregos, o conceito de felicidade tinha outra dimensão. Não era uma palavra que se
conjugava no particular. Aristóteles, por exemplo, lembrava que a felicidade (eudaimonia)
era a atividade de acordo com a virtude.
O pensador estabeleceu um critério. Haveria uma excelência a alcançar por meio do
exercício de virtudes, atividade esta que nos permitiria evitar os extremos e alcançar a justa
medida, o que aparece como a condição para realizarmos o que nos seria melhor.
Tais virtudes não eram, no entanto, meras determinações normativas dos comportamentos
individuais. As virtudes dos indivíduos eram as mesmas virtudes da pólis, ou seja, eram as
mesmas disposições de conduta e julgamento necessários para a conservação da pólis.
Com o advento do pensamento liberal, houve uma mudança. A partir do século 17, a
felicidade começou a se associar à liberdade do indivíduo frente à sociedade. Cada um é
visto como portador de sistemas particulares de interesses, como agente maximizador de
prazer e de afastamento do desprazer, o indivíduo liberal é, inicialmente, alguém que calcula
os resultados de suas ações a partir dos benefícios oferecidos.
A própria noção de "interesse" é elucidativa nesse contexto. "Interesse" é o nome que
daremos, a partir de então, às paixões submetidas ao cálculo, enunciadas sob a forma de
determinações conscientes que produzem deliberações conscientes, representações que
poderiam ser assumidas como projetos que claramente dou para mim.
AULA 01 – REDAÇÃO 43
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(Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/08/1910722-
talvez-haja-algo-limitador-em-tratar-uma-vida-plena-como-uma-vida-feliz.shtml, acessado
em 18.04.2019)
Q2. O próximo texto é uma adaptação feita a partir do texto de Wagner Carelli, publicado
pela revista Carta Capital (15: 12-15, out. 1995) e replicado por Platão & Fiorin (1996, p.34
[2]). Propositalmente foram retiradas as primeiras frases de cada parágrafo. Você as
encontrará abaixo do texto. Assinale a alternativa que apresenta de forma coerente
sequência correta dos tópicos frasais.
O malcriado brasileiro
No Brasil, uma parte da elite faz questão de adotar um tipo de comportamento marcado pela
indiferença social, arrogância, ostentação e desprezo pela miséria. São pessoas ricas que
fazem questão de ignorar o país em que vivem.
___________________________________________________.Michel Lind, em seu livro
The Next American Nation, cunhou o termo “ brasilianização” para explicar “a crescente
retirada das classes superiores para trás das barricadas de uma própria nação-dentro-da-
nação, um mundo de bairros privados, escolas privadas, polícia privada, saúde privada e até
ruas privadas, muradas contra a miséria ao redor.
___________________________________________________.Há, segundo ele, evidências
ainda escassas – que considera ameaçadoras – da tendência nos Estados Unidos, mas
reconhece no Brasil sua origem e sua forma. As classes mais altas optam, sem qualquer
vergonha, pela separação social visível espacialmente.
___________________________________________________. No dia a dia esse fato pode
ser verificado. Tomemos o caso de Marcos G., publicitário bem-sucedido, rico, 38 anos que
deu uma mountain bike importada - preço por volta de seus R$500,00 - para o filho Bruno
G., 9 anos. Era um presente de aniversário. Marcos e família moram em Alphaville, um
condomínio da alta classe média da região periférica de São Paulo, concebido dentro dos
padrões dos melhores subúrbios americanos. Passada uma semana do aniversário, Marcos
notou que o filho brincava a pé. Perguntou pelo presente, e o menino desconversou.
Confessou depois muito embaraçado que a bicicleta fora, digamos, expropriada por Pedro
A. C., 10 anos, filho do bem-sucedido empresário da construção civil Carlos Alberto C., rico,
por volta, dos 40, 42 anos, morador de uma casa enorme na quadra de cima. Marcos bateu
à casa de Carlos Alberto. O próprio Carlos Alberto atendeu. "Vim buscar a bicicleta do
Bruno, que o Pedro tomou emprestada", disse Marcos. Carlos Alberto não gostou: "Me diz o
preço dessa m... aí que eu pago". Marcos disse que a bicicleta não estava à venda, entrou
para pegá-la, e voltou para casa.
____________________________________________________. Sob a rubrica de um
egoísmo terminal – que não apenas usa o outro, mas o elimina ou o ignora – é possível
sistematizar um rol de atitudes típicas. O caso do lixo, por exemplo: na cabine do carro –
de preferência importado -, o lixo não fica; fora, na rua, pode ficar. Abre-se a porta do
elevador e o malcriado não espera que as pessoas saiam de lá de dentro: ele caminha
diretamente rumo ao fundo do elevador, como se entre almas.
Tópicos frasais
I.O afastamento do espaço social leva tais indivíduos a atitudes egoístas que negam a
possibilidade de convivência.
II. Esse tipo de comportamento chegou a ser observado além-fronteiras e nos Estados
Unidos mereceu uma tese.
III. Lind pensa no fenômeno como uma tendência geral.
IV. Não só essa atitude, mas outras do nosso dia a dia, configuram o que podemos chamar
de malcriado brasileiro.
Assinale a sequência correta dos tópicos que completam o início de cada parágrafo.
AULA 01 – REDAÇÃO 44
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Q1. O texto abaixo é um fragmento adaptado do artigo de Vladimir Safatle “Talvez haja algo
limitador em tratar uma vida plena como uma vida feliz” publicado na Folha em 18.08.2017.
Para os gregos, o conceito de felicidade tinha outra dimensão. Não era uma palavra que se
conjugava no particular. Aristóteles, por exemplo, lembrava que a felicidade (eudaimonia)
era a atividade de acordo com a virtude. O pensador estabeleceu um critério. Haveria uma
excelência a alcançar por meio do exercício de virtudes, atividade esta que nos permitiria
evitar os extremos e alcançar a justa medida, o que aparece como a condição para
realizarmos o que nos seria melhor.
Tais virtudes não eram, no entanto, meras determinações normativas dos comportamentos
individuais. As virtudes dos indivíduos eram as mesmas virtudes da pólis, ou seja, eram as
mesmas disposições de conduta e julgamento necessários para a conservação da pólis.
Com o advento do pensamento liberal, houve uma mudança. A partir do século 17, a
felicidade começou a se associar à liberdade do indivíduo frente à sociedade. Cada um é
visto como portador de sistemas particulares de interesses, como agente maximizador de
prazer e de afastamento do desprazer, o indivíduo liberal é, inicialmente, alguém que calcula
os resultados de suas ações a partir dos benefícios oferecidos.
A própria noção de "interesse" é elucidativa nesse contexto. "Interesse" é o nome que
daremos, a partir de então, às paixões submetidas ao cálculo, enunciadas sob a forma de
determinações conscientes que produzem deliberações conscientes, representações que
poderiam ser assumidas como projetos que claramente dou para mim.
(Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2017/08/1910722-
talvez-haja-algo-limitador-em-tratar-uma-vida-plena-como-uma-vida-feliz.shtml, acessado
em 18.04.2019)
Q2. O próximo texto é uma adaptação feita a partir do texto de Wagner Carelli, publicado
pela revista Carta Capital (15: 12-15, out. 1995) e replicado por Platão & Fiorin (1996, p.34
[2]). Propositalmente foram retiradas as primeiras frases de cada parágrafo. Você as
encontrará abaixo do texto. Assinale a alternativa que apresenta de forma coerente
sequência correta dos tópicos frasais.
AULA 01 – REDAÇÃO 45
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O malcriado brasileiro
No Brasil, uma parte da elite faz questão de adotar um tipo de comportamento marcado pela
indiferença social, arrogância, ostentação e desprezo pela miséria. São pessoas ricas que
fazem questão de ignorar o país em que vivem.
___________________________________________________.Michel Lind, em seu livro
The Next American Nation, cunhou o termo “ brasilianização” para explicar “a crescente
retirada das classes superiores para trás das barricadas de uma própria nação-dentro-da-
nação, um mundo de bairros privados, escolas privadas, polícia privada, saúde privada e até
ruas privadas, muradas contra a miséria ao redor.
___________________________________________________.Há, segundo ele, evidências
ainda escassas – que considera ameaçadoras – da tendência nos Estados Unidos, mas
reconhece no Brasil sua origem e sua forma. As classes mais altas optam, sem qualquer
vergonha, pela separação social visível espacialmente.
___________________________________________________. No dia a dia esse fato pode
ser verificado. Tomemos o caso de Marcos G., publicitário bem-sucedido, rico, 38 anos que
deu uma mountain bike importada - preço por volta de seus R$500,00 - para o filho Bruno
G., 9 anos. Era um presente de aniversário. Marcos e família moram em Alphaville, um
condomínio da alta classe média da região periférica de São Paulo, concebido dentro dos
padrões dos melhores subúrbios americanos. Passada uma semana do aniversário, Marcos
notou que o filho brincava a pé. Perguntou pelo presente, e o menino desconversou.
Confessou depois muito embaraçado que a bicicleta fora, digamos, expropriada por Pedro
A. C., 10 anos, filho do bem-sucedido empresário da construção civil Carlos Alberto C., rico,
por volta, dos 40, 42 anos, morador de uma casa enorme na quadra de cima. Marcos bateu
à casa de Carlos Alberto. O próprio Carlos Alberto atendeu. "Vim buscar a bicicleta do
Bruno, que o Pedro tomou emprestada", disse Marcos. Carlos Alberto não gostou: "Me diz o
preço dessa m... aí que eu pago". Marcos disse que a bicicleta não estava à venda, entrou
para pegá-la, e voltou para casa.
____________________________________________________. Sob a rubrica de um
egoísmo terminal – que não apenas usa o outro, mas o elimina ou o ignora – é possível
sistematizar um rol de atitudes típicas. O caso do lixo, por exemplo: na cabine do carro –
de preferência importado -, o lixo não fica; fora, na rua, pode ficar. Abre-se a porta do
elevador e o malcriado, não espera que as pessoas saiam de lá de dentro: ele caminha
diretamente rumo ao fundo do elevador, como se entre almas.
Tópicos frasais
I.O afastamento do espaço social leva tais indivíduos a atitudes egoístas que negam a
possibilidade de convivência.
II. Esse tipo de comportamento chegou a ser observado além-fronteiras e nos Estados
Unidos mereceu uma tese.
III. Lind pensa no fenômeno como uma tendência geral.
IV. Não só essa atitude, mas outras do nosso dia a dia, configuram o que podemos chamar
de malcriado brasileiro.
Assinale a sequência correta dos tópicos que completam o início de cada parágrafo.
a) I, II, III e IV.
b) II, III, IV e I.
c) III, II, IV e I.
d) IV, I, III e II.
e) I, IV, II e III.
Comentário:
Frase II para o segundo parágrafo. Esse parágrafo apresenta a tese de Michel Lind, portanto
o tópico frasal seria aquele que primeiro menciona o fato de o fenômeno ter merecido uma
tese.
Frase III para o terceiro parágrafo. Veja, no terceiro parágrafo, amplia-se a observação
passando do Brasil para os EUA, portanto, o autor pensa nisso como tendência geral.
Frase IV para o quarto parágrafo. Esse parágrafo descreve o cotidiano e o tópico frasal IV
fala do nosso dia a dia.
AULA 01 – REDAÇÃO 46
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
Frase I para o quinto parágrafo. O quinto parágrafo é mais geral no começo e afirma o
egoísmo como traço do brasileiro. Essa generalização está presente no tópico I.
Gabarito: B”
Vai encarar?
Meu desafio: interprete os textos da coletânea, mas não de qualquer maneira. Faça um
comentário escrito. Lembre-se: Redação é a escrita para o outro e, ao tentar comentar um
fragmento na forma dissertativa, você estará se exercitando nesse tipo de linguagem que
necessariamente deve ser dominado.
Outro detalhe é que, muitas vezes, a interpretação solicitada numa prova de Redação
não é restrita como aquela que você faz quando resolve questões de Português. A Banca
escolhe textos capazes de estimular sua reflexão, ou seja, sua interpretação deve ser ampla e
associativa. Enquanto estiver lendo o excerto, pense em exemplos concretos, relacione com
teorias sociológicas, lembre-se de notícias de jornais afins, considere as causas e
consequências do fenômeno analisado etc. A partir dessa tempestade mental, que você deve
se habituar a exercitar, escreva um comentário.
AULA 01 – REDAÇÃO 47
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
* Só para lembrar: período gramatical é configurado pelo intervalo entre letra maiúscula
e o ponto.
A seguir, você vai encontrar uma proposta de redação. Não faça a redação completa
ainda. A atividade consiste em fazer comentários de partes da coletânea. Para que você não
fique perdido, você encontrará exemplos e instruções de como fazer.
FUVEST/2001
Um dia sim, outro também. Duas bombas, suásticas nazistas e muitas mensagens pregando
a tolerância zero a negros, judeus, homossexuais e nordestinos marcaram a Semana da
AULA 01 – REDAÇÃO 48
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
Como prometeram, era só o começo. No dia seguinte, terça-feira 5, o mesmo grupo mandou
outra bomba, dessa vez para a associação da Parada do Orgulho Gay.
(Isto é, 08/09/2000)
Desde então [os anos 80], o poder racista alastrou-se por todo o mundo numa torrente de
excessos sanguinolentos. Também na Alemanha, imigrantes e refugiados foram mortos
friamente por maltas de radicais de direita em atentados incendiários. Até hoje, a esfera
pública minimiza tais crimes como obra de uns poucos jovens desclassificados. Na verdade,
porém, o poder racista à solta nas ruas é o prenúncio de uma reviravolta nas condições
atmosféricas mundiais.
(Robert Kurz)
Um dos eventos realizados no final de abril deste ano no Chile foi uma conferência
internacional secreta de militantes extremistas de direita e organizações neonazistas
planejada e divulgada pela Internet. Foram convidados a participar do "Primeiro Encontro
Ideológico Internacional de Nacionalismo e Socialismo" representantes do Brasil, Uruguai,
Argentina, Venezuela e Estados Unidos.
(Isto é, 08/09/2000)
(...) Nos últimos anos, grupos neonazistas têm se multiplicado. Tanto nos Estados Unidos e
na Europa quanto aqui parece existir uma relação entre o desemprego estrutural do sistema
capitalista e a ascensão desses grupos de inspiração neonazista.
(Página da Internet)
Toda proclamação contra o fascismo que se abstenha de tocar nas relações sociais de que
ele resulta como uma necessidade natural, é desprovida de sinceridade.
(Bertolt Brecht)
Considerar alguém como culpado, porque pertence a uma coletividade à qual ele não
"escolheu" pertencer, não é característica própria só do racismo. Todo nacionalismo mais
intenso, e até mesmo qualquer bairrismo, consideram sempre os outros (certos outros)
como culpados por serem o que são, por pertencerem a uma coletividade à qual não
escolheram pertencer. (...)
(Cornelius Castoriadis)
"A violência é a base da educação de cada um."
AULA 01 – REDAÇÃO 49
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
Q1. O tema é neonazismo e, segundo o parágrafo final das instruções da proposta, você
deveria pensar na questão sob a perspectiva do “crescimento do movimento”, do “sentido
histórico do fenômeno” e dos “pontos de vista sobre ele”. A partir do fragmento 1 da
coletânea, faça um comentário autoral considerando a amplitude do movimento e o alvo
desse novo fascismo.
A Semana da Pátria de 2000, em São Paulo, foi marcada por manifestações violentas de
cunho neonazista. Duas bombas foram enviadas para defensores dos direitos humanos com
mensagens de ódio contra negros, gays e nordestinos. Não é um fato de menor importância.
Se no Brasil, país marcado pela mistura racial, houve um movimento desse porte, imagine o
que está ocorrendo na Europa, continente no qual o orgulho racial ainda prevalece.Vivemos
tempos sombrios, questões que acreditávamos superadas estão retornando de forma
incompreensível.
Comentário: Observe que, nos dois primeiros períodos, eu resumi o fato descrito no texto de
origem sem mencionar a experiência de tê-lo lido.
Quando se pede um exercício desse tipo ou mesmo uma dissertação que tenha como
suporte um fragmento textual é comum o candidato comece o texto mencionando a fonte,
mais ou menos assim no texto acima, o autor fala de uma manifestação nazista ocorrida na
Semana da Pátria . Evite. Essa forma de se referir ao tema dá um caráter subjetivo ao texto,
manifestando desconhecimento das regras da dissertação.
Meu resumo inicial é uma paráfrase curta, fato que não compromete a avaliação do meu
texto. Na verdade, ela é necessária, pois só assim meu leitor poderia entrar em contato com
o tema que eu irei comentar.
Essa também é uma regra para o texto dissertativo completo. O parágrafo de introdução
pode conter paráfrases curtas, muitas vezes, fundamentais para que o leitor entenda
posteriormente seu argumento. No terceiro período, ao dizer “isso não é um fator de menor
importância”, apresento um mote para problematizar o fenômeno ocorrido. Desejei mostrar o
grave problema que o fato revela, o retorno de práticas historicamente condenáveis. A
comparação entre Europa e Brasil, que vem logo a seguir, configura o momento de
expansão do tema.
Q4.
Considere os fragmentos 4 e 5 e desenvolva a ideia de que a causa do neonazismo é social.
Se for necessário, pesquise o que é “desemprego estrutural do sistema capitalista”.
Os movimentos neofascistas têm se multiplicado no mundo. Qual a causa desse fenômeno?
Acreditar que isso se deve à maldade humana ou à ignorância das pessoas é um forma
simplista ou ingênua de tratar a questão. Ações violentas geralmente são respostas a um
tipo de pressão insuportável para o indivíduo e, no mundo contemporâneo, não há tensão
maior do que a necessidade de se integrar à sociedade de consumo através de uma
colocação no sistema produtivo. Ora, a situação de pleno emprego é impossível. Surge
assim um ressentimento daqueles que se acreditam capacitados para um lugar ao sol na
sociedade, mas que se sentem relegados a segundo plano, circunstância que se configura
como solo fértil para esses movimentos de ódio.
AULA 01 – REDAÇÃO 50
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
Comentário: A estrutura dessa resposta é um pouco diferente. Como o texto fonte não
relatava nenhum fato mais extenso, ao contrário, era um texto curto e opinativo, a solução
foi resumir toda ideia no primeiro período e problematizar o tema através de uma pergunta e
da negação do senso comum de que a maldade ou a ignorância seriam a causa do
neonazismo. Esse é um tipo de excerto que exige a ampliação das ideias pela causa.
Explicar toda a cadeia causal de um fenômeno dá trabalho e consome número significativo
de linhas.
Q5. Os dois últimos excertos fazem referência ao nacionalismo e ao bairrismo como causa
desses movimentos de ódio. Como se desenvolve o nacionalismo? Qual o pressuposto
básico desse sentimento? Como ele reforça o ímpeto neofascista?
Comentário: O excerto de Robert Kurz permite fazer uma pequena paráfrase, já que ele
relata, de forma geral, fatos associados ao crescimento do neofascismo. Você nem precisa
quebrar muito a cabeça para problematizar a questão, pois a própria frase dele “prenúncio
de uma reviravolta nas condições atmosféricas mundiais” já é uma baita problematização,
bastaria interpretá-la. A curiosidade do leitor fica por conta de saber como você irá
desenvolver essa ideia. Kurtz fez uma metáfora que permite muitas especulações. As
“condições atmosféricas” podem se referir a circunstâncias sociais, políticas, econômicas e
culturais. Ele acredita que o neofascismo é uma espécie de sintoma revelador de que algo
não está funcionando muito bem na sociedade. Escolha algum problema social que pode
ser associado a essa violência e o explore.
Comentário: Seu texto poderia seguir o modelo dado. Você poderia fazer a paráfrase sobre
as reuniões neofascistas na América. A seguir, valeria a pena problematizar a questão,
considerando vários fatores que tornam a América diferente da Europa: miscigenação,
imigração, transferência de populações de forma compulsória (escravidão). A própria
problematização abriria o leque de expansão argumentativa do seu texto.
Q5. Os dois últimos excertos fazem referência ao nacionalismo e ao bairrismo como causa
desses movimentos de ódio. Como se desenvolve o nacionalismo? Qual o pressuposto
básico desse sentimento? Como ele reforça o ímpeto neofascista?
Comentário: Novamente, temos pela frente fragmentos muito curtos, apenas opinativos, sem
nenhum relato de algum fato ou fenômeno. A estrutura do parágrafo deve ser semelhante à
da resposta da questão 4. Você faz uma paráfrase da ideia principal (algo sobre o
nacionalismo ou sobre a violência como forma de educação). A seguir cabe problematizar a
AULA 01 – REDAÇÃO 51
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
opinião apresentada, isso sempre pode ser feito através de uma pergunta. Depois disso, o
trabalho consiste em reconstituir o raciocínio argumentativo que vai do nacionalismo até o
neofascismo. Essa relação embora pareça óbvia, não é. Afinal, o nacionalismo foi um
conceito construído na Europa como forma de exclusão e de acirramento de animosidades
seja entre os próprios europeus (entre franceses e alemães) ou entre europeus e
colonizados. Lembre-se de que o nascimento do nacionalismo se dá no terreno da crença
da superioridade.
O uso desses recursos tem a ver com o pensamento e com o estilo. Imagine a seguinte
diálogo:
AULA 01 – REDAÇÃO 52
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
Observe a resposta, ela é simples, uma oração com sentido que faz a vez de frase
também. Ela revela uma reflexão rápida sobre um assunto. Óbvio que se o nosso entrevistador
fosse estimulado a dizer mais, a refletir mais sobre o que estava falando, ele teria que
acrescentar circunstâncias que tornariam mas complexa sua fala. Podemos começar pelo
básico, o que ele diz se aplica a que época e para quem e para que regiões?
Essa frase é constituída de uma oração, tem quase a mesma informação da anterior,
mas está recortada por circunstâncias que lhe dão mais consistência e manifestam uma
reflexão mais profunda. Mas vamos supor que o nosso entrevistado tivesse mais detalhes
sobre essas circunstâncias e quisesse ser ainda mais preciso, somente expressões acopladas
às palavras com conjunções como “de” e “como” (“de países...”; “como parâmetro”). Ele teria
que transformar essas circunstâncias em outras orações.
Agora o texto manifesta uma análise mais detalhada que exigiu do nosso entrevistado
recortes como aquele que se observa depois de “economistas liberais”, uma oração
subordinada explicativa. Como fazer a crítica aos liberais que não vivem em países em
desenvolvimento e que fazem teorias que parecem se adequar à realidade deles? Com a
oração subordinada nosso enunciador consegue acrescentar essa informação.
Observe ainda, o uso do gerúndio “desprezando”. Como se sabe, o gerúndio é usado
para apresentar ação concomitante, como ocorre na frase “os economistas defendem medidas
duras, recebendo altos salários”. Mas em textos dissertativos, o gerúndio pode assumir o
sentido de uma ação consecutiva como acontece no trecho “desprezando os números que
revelam a desigualdade social. A preocupação com sucesso financeiro tem como
consequência o desprezo pelas questões sociais.
Daí surge um problema. Às vezes, você tem muita informação sobre o assunto e isso
acaba por tornar sua ideia um pouco confusa. O reflexo é imediato. Seu parágrafo não terá
AULA 01 – REDAÇÃO 53
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
fim, manifestando um número enorme de relações lógicas e circunstâncias que para você
podem parecer claras, mas para o seu leitor se tornam insuportáveis.
Nesse caso, você deve estar começando a entender como o jogo entre simplicidade e
complexidade de um parágrafo construído por tópico frasal torna o texto mais agradável e
compreensível para o leitor. Vamos deixar nosso entrevistado reelaborar mais uma vez a sua
ideia.
O que deve ter ficado bastante claro para você? O manejo de orações, frases e períodos
deve ser balizado por 3 elementos:
- complexidade do pensamento;
- clareza;
- estilo.
Falta falar de estilo...
9.1. Estilo
Othon M. Garcia, na sua incrível “bíblia”, Comunicação em prosa moderna, faz uma
análise do uso da construção da frase como recurso de produção de sentido, ou seja, de
estilo. Ele dá como exemplo 7 tipos de frase: de arrastão, entrecortada, de ladainha, labiríntica,
fragmentária, caótica, intercalada. Mas para efeito de compreensão do efeito que a construção
frasal pode dar ao seu texto, vou considerar apenas 3: de arrastão, labirítintica e intercalada
Frase de Arrastão
AULA 01 – REDAÇÃO 54
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arrastando uma às outras, tenuamente atadas entre si por um número pouco variado de
conectivos coordenativos: e, mas, aí, mas aí, então, mas então.”2
Não que tal recurso não possa ser usado, mas com bastante cuidado. O texto ganha
dinamicidade, mas perde complexidade própria de reflexões mais elaboradas.
Frase labiríntica
É aquilo que Othon chama de período tenso. O escritor apresenta uma oração que é
interrompida criando expectativa até que afinal ela se completa. O leitor é obrigado a prestar a
atenção, nas informações novas, ao mesmo tempo que espera o desfecho da informação
inicial. Considere o período abaixo.
Frase intercalada
Esse tipo de frase, segundo Othon “Existe, no âmbito da justaposição (rever 1.4.2 e
1.4.3), uma classe de orações que não pertencem propriamente à sequência lógica das outras
do mesmo período, no qual se inserem como elemento adicional, sem travamento sintático e,
frequentemente, se não predominantemente, com propósito esclarecedor. Múltiplas nas suas
acepções, elas denunciam, na maioria dos casos, um como que segundo plano do raciocínio,
uma espécie de pensamento em surdina.”
A desigualdade que se verifica até hoje, tem ares de endêmica (por
mais que os “especialistas” digam o contrário, e apontem
malabarismos estatísticos para manter o otimismo), fato que leva a
uma certa condescendência com aquilo que prejudica o
desenvolvimento do país. 3
A frase entre parênteses permite uma certa crítica da crítica, momento em que se
reforça a tese, pois o autor se permite enfatizar seu ponto de vista.
2
Garcia. O.M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a pensar. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2011
3
Idem, ibidem.
AULA 01 – REDAÇÃO 55
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A Proposta 1, da UFPR, pede que candidato faça um texto curto de resposta a ideia de
Jason Brennar sobre Epistocracia. É um texto para se exercitar.
Já a proposta 2 é desafiante, mas nem tanto. Escolhi uma proposta do Enem sobre um
tema que você já deve ter discutido ou mesmo já discutiu: o racismo.
Divirta-se.
AULA 01 – REDAÇÃO 56
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
(Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1829957>)
ter de 10 a 12 linhas;
• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
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TEXTO II
AULA 01 – REDAÇÃO 58
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Proposta 1
Proposta e tema
AULA 01 – REDAÇÃO 59
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
facilidade de acreditar naquilo que se apresenta como verdade. É um tema muito interessante
que levanta ideias muito variadas para a construção de um texto (aqui, acho sacanagem ter
que escrever sobre isso em no máximo 12 linhas).
Por um lado, os acontecimentos políticos do mundo, nos últimos tempos, têm
demonstrado um enorme despreparo, por parte do povo, para a tomada de decisões. Temos
vivenciado, em todo mundo, a ascensão de governos que fundamentam suas campanhas em
“verdades” fundamentadas em informações falsas, que conseguem propagação rápida pelas
redes sociais. Isso, segundo o texto, acontece na relação de eleição de Donald Trump, nos
Estados Unidos, e no plebiscito britânico acerca da saída da Comunidade Europeia, o famoso
“Brexit”. Para o autor, essas duas decisões foram fundamentadas em relações de
desconhecimento das realidades envolvidas, que, claramente, foram manipuladas por
interesses externos, ou nem tão externos assim.
É interessante notar que, ao olharmos por esse lado, encontramos certa lógica naquilo
que o filósofo defende, contudo, nos deparamos com dois problemas. Primeiro, com a
desinformação inclusive dessa classe considerada mais sábia que a popular, visto que é
comum que encontremos, hoje, pessoas que se dizem estudiosas e “cientistas”, mas que,
ainda assim, “compram” ideias anticientíficas, como a ideia de que a Terra é plana ou de que
as vacinas são construções feitas para aumentar o número de doentes pelo mundo, em lugar
de prevenir as doenças que promete combater. Apesar do conhecimento que essas pessoas
dizem ter, o processo ideológico influencia diretamente nas decisões. Não é segredo, para
nenhum de nós, que vivemos em momento de polarização ideológica, em que os dois lados
compram verdades de forma muito fácil, cada um olhando para os interesses mais próximos
aos seus.
Além disso, apesar de ser uma ideia, em determinados momentos, tentadora, a noção
apresentada pelo filósofo afasta o elemento central da democracia: o povo. Solucionar o
problema extirpando aquilo que o causa, nesse contexto, é privar de decisão aqueles que,
como a classe “sábia” (que nem considero tão sábia assim), também fazem parte da sociedade
e são cidadãos. Claro que isso nos coloca em um impasse que, sinceramente, deixarei para a
reflexão de vocês: apesar de democrática, a participação de todos não tem conseguido
resolver os problemas de todos. Você deve estar achando que eu fiquei doido e apresentei
uma ideia sem sentido, né? Na realidade, o que quero dizer é que as decisões não estão
sendo tomadas pensando em todos, senão em privilégio de alguns.
Com relação ao texto em si, você deverá escrever um texto dissertativo-argumentativo,
mas com um espaço muito pequeno de linhas. Dessa forma, como apresentaremos a seguir,
talvez seja mais interessante que você apresente seu texto organizado em um parágrafo-
dissertativo, com caráter, claro, argumentativo. Não se preocupe que esse tipo de construção
não se diferencia demais da organização de um texto maior, visto que apresenta todas as
partes necessárias à construção dissertativa-argumentativa.
Texto motivador
Como você pôde perceber, essa proposta apresenta somente um texto motivador
extremamente importante para a construção de seu texto, visto que ele contém as informações
que deverão ser discutidas em seu texto. Dessa forma, é muito importante que você o leia com
atenção, para que possa depreender o pensamento do filósofo e, assim, poder se posicionar
sobre ele. Faça dessa leitura uma constante na sua escrita. Os textos motivadores, via de
regra, nos direcionam para o tema e nos auxiliam a construir um pensamento mais próximo da
realidade, fugindo, muitas vezes, daquilo que chamamos de senso comum. A seguir, para te
ajudar nessa compreensão, apresentamos os pontos mais importantes do texto.
AULA 01 – REDAÇÃO 60
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Gênero textual
Como comentei rapidinho anteriormente, a melhor ideia para a sua produção de texto
nessa proposta é a produção de um parágrafo-dissertativo, muito utilizado em certames que
apresentam questões subjetivas e que exigem respostas mais objetivas. Para a construção
desse parágrafo, pensaremos em um texto organizado não em parágrafos, mas em períodos
dentro de um parágrafo, mantendo a ideia de construção de introdução, desenvolvimento e
conclusão, somente adaptada à necessidade de espaço. A seguir, apresentamos um resumo
das características desse tipo de produção.
AULA 01 – REDAÇÃO 61
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Destaco, ainda, que esse exemplo colocado na análise deve ser visto apenas como um
exemplo, não o tome como um modelo a ser seguido, visto que isso não existe em teoria
textual. Contudo, siga a estrutura apresentada para exemplificar esse texto menos usado por
nós.
Teses
Para a construção de seu texto, você deverá se posicionar acerca da ideia apresentada
pelo filósofo Brennan. Dessa forma, você deverá concordar com ele ou discordar dele, de
forma bastante clara e objetiva. Recomendamos, inclusive, que você não permaneça “em cima
do muro”, visto que o texto é curto para que você deixe sua ideia clara para esse
posicionamento. Na análise do tema, apresentamos alguns elementos mais próximos da
argumentação para que você fundamente suas ideias. Pense em seus argumentos
antecipadamente e escreva o seu texto deixando tudo muito claro. Só sucesso!
Proposta 2
Tema e proposta
O tema “Caminhos para combater o racismo” é um imbróglio que assola o Brasil desde
os tempos de Escravidão no Brasil. Quando nos deparamos com esse tema, a primeira
perspectiva é que depois de tantos anos da Escravidão, ainda precisamos procurar políticas
para combater o racismo, pois ele não foi superado. Isso se constata, tanto nas diversas
AULA 01 – REDAÇÃO 62
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – REDAÇÃO
reportagens que denunciam atos de racismo nas diversas esferas da sociedade, quanto ao
analisamos os índices de emprego oferecidos a negros e a brancos, os quais nos mostram que
os cargos altos se encontram, em sua maioria, em posse de pessoas brancas. Também o
assunto nos lembra que o maior índice de assassinatos está sobre os corpos negros, que a
maioria das pessoas que moram em favelas também o são, demonstrando que a Escravidão
acabou, mas não houve assistência do Estado para atender essas pessoas. Assim, têm-se no
Brasil um grande problema, que envolve uma parte muito grande de nossa sociedade.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições
seguintes: ou fale acerca do preconceito como fator de segregação, ou argumente sobre a
ineficiência da ação estatal para acolher e inserir a comunidade negra na sociedade Brasileira.
Observe que se você escolher a primeira opção argumentativa, você pode falar sobre a
Escravidão, sobre como os negros eram tratados pela sociedade daquela época e como essa
herança se transpõe até os dias atuais, levando, inclusive, a certa parcela da sociedade
acreditar que por a pessoa ser negra, já não é confiável, é criminosa. Por sua vez, caso você
queira trabalhar com a segunda opção, você pode resgatar a ineficiência do Estado em acolher
as pessoas negras após a Escravidão, como isso fortaleceu as desigualdades que assistimos
até os dias de hoje. Também você pode apontar que a ausência de assistencialismo implica em
uma educação precária para essa parcela da social, que diretamente os conduz para
empregos mais desvalorizados socialmente.
AULA 01 – REDAÇÃO 63
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Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como
comentamos acima, é amplo, e apresentar a sua tese. Quando pensamos na competência 3 do
ENEM, a do projeto de texto, é interessante mostrar, logo antes de argumentar, qual o seu
caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu
leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em
contato com ele ela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do
seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando
tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os
argumentos e, como diria Marília Mendonça, seja fiel a eles.
AULA 01 – REDAÇÃO 64
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Coletânea de textos
Assim, abaixo, apontamos para você as ideias centrais dos textos apresentados nesta
coletânea.
TEXTO I
TEXTO II
AULA 01 – REDAÇÃO 65
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Observe que na construção de sua argumentação, você precisa criar uma tese para ser
comprovada ao longo de sua redação. Portanto, essa tese, a partir do tema exposto, pode
partir da necessidade de se criar políticas para combater o racismo no Brasil. Em vista disso, é
preciso pensar em argumentos que não simplesmente vão reafirmar a existência dessa
necessidade, mas vão apontar os problemas que levaram a essa necessidade.
Além disso, é interessante perceber que trabalharemos com um tipo diferente de tese, a
que chamo de “tese causativa”, ou seja, precisaremos definir o porquê existe a necessidade de
combater o racismo e, em seguida, apresentamos argumentos que se ligam à ideia das causas
e consequências, por exemplo, dessa existência. É, literalmente, construir a motivação da
existência da necessidade de combater o racismo e, por isso, argumentamos em favor de
comprovar a existência.
AULA 01 – REDAÇÃO 66
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12.Considerações finais
Chegamos ao final desta aula do nosso curso de Redação. Expliquei com o máximo de
detalhes o significado e a importância do tema na produção do seu texto.
Estou certo de que você, que me acompanhou e fez as atividades sugeridas, teve um
ótimo aproveitamento .
Confira comigo. Ao final desta aula, espera-se que você tenha compreendido a
necessidade de:
- fazer esboço.
AULA 01 – REDAÇÃO 67
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Blog de crônicas :
https://www.outrasvias.com/
AULA 01 – REDAÇÃO 68