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Wagner Santos
ENEM
Aula 04 - Gêneros Textuais
Exasiu
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – GIT – Prof. Wagner Santos
Sumário
INTRODUÇÃO 4
1 TIPOS TEXTUAIS 4
1.1 Conceituação 4
Narrativo 6
Argumentativo 8
Expositivo 9
Descritivo 10
Injuntivo 11
2 GÊNEROS TEXTUAIS 12
Conto 13
Crônica 13
Romance 14
Dissertação-argumentativa 14
Artigo de opinião 15
Carta-argumentativa 15
Editorial 16
Carta do leitor 16
Notícia 17
Reportagem 17
Texto científico 17
Texto didático 18
3 TIPOS DE DISCURSO 19
4 EXERCÍCIOS 25
5 GABARITO 39
Falar sobre texto é uma das mais experiências mais interessantes que o curso para o
ENEM propicia a um professor linguista como esse que vos fala. Entender a língua como uma
construção, ou construto (bonito isso, não é mesmo?) é sensacional, principalmente quando
entendemos que estamos diante de um elemento inato do ser humano, que se realiza na
sociedade de forma plena e completa, não sendo somente uma relação chatinha de decorar
e saber classificações (essas que também são interessantes, mas aplicadas à prática
discursiva).
1.1 Conceituação
Para darmos continuidade ao pensamento, é necessário que pensemos em algumas
coisas, iniciando pelo pensamento do que seria, conceitualmente, a tipologia textual. Vamos
lá:
Não se preocupem que logo exploraremos os tipos textuais de forma a não deixar
dúvidas do que eles são. Contudo, antes de partirmos para essa facilitação, queria trazer um
pequeno trecho em que o principal teórico1 dos gêneros define a tipologia.
Desse trecho, queria destacar exatamente a ideia de que os tipos não se referem,
necessariamente, a textos materializados. É literalmente uma abstração teórica. Pensem da
seguinte forma: a narração é uma tipologia e, por isso, somente como narração, não
existe. Essa tipologia só passa a existir por meio dos gêneros, como veremos na próxima
seção. Logo, quando escrevemos ou lemos um conto, nos deparamos com a materialização
do gênero conto, que pertence à narração.
Para facilitar a sua vida, que eu sei estar sendo bombardeada com muitas informações
diferentes, vamos imaginar uma interface com a matemática. Calma que não é nada
complicado não! Peguemos a teoria básica de conjuntos: a tipologia textual é o conjunto que
contém subconjuntos representados pelos diversos gêneros. Vou ilustrar a seguir, para
facilitar a sua visualização.
Escolhi a tipologia narrativa somente por ser mais usual no seu dia a dia, facilitando a
compreensão dos dois conceitos (lembrando que aprofundaremos o conceito de gêneros
mais à frente). Vale, ainda, destacarmos dois pontos importantes sobre os tipos textuais:
• Varia a quantidade de gêneros a depender do teórico utilizado, variando entre
cinco e dez tipos. Como nosso objetivo é o ENEM, apresentamos o pensamento
de Marcuschi, que é o teórico que balizou o pensamento de gêneros do ENEM.
1
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
• Além disso, não devemos confundir os tipos textuais com os gêneros literários,
sendo válidas as duas classificações, sendo elas encaixadas em questão ou
pensamento específico.
Passamos, então, para a especificação dos tipos aqui estudados. Bora que só bora!
Narrativo
A tipologia narrativa apresenta-se como aquela em que ocorre uma ação num
determinado tempo e espaço. Normalmente, apresenta-se personagens – humanos ou não
humanos – que protagonizam ou auxiliam no desenvolvimento dessas ações. Esse tipo de
texto tende a ter uma estrutura padrão.
É claro que, quando tratamos da Literatura em suas construções narrativas, temos
construções que são variáveis demais, dado que a Literatura apresenta uma liberdade muito
grande, podendo, ou não, seguir a estrutura que apresentaremos a seguir. Voltamos à
discussão logo depois.
Esse esquema é bastante comum em gêneros como contos, romances e novelas, que
exploraremos na próxima seção. Contudo, é sempre interessante destacar que autores como
Machado de Assis, nosso maior autor de todos os tempos infindáveis do Universo Sideral
inteiro (desculpem, mas sou realmente fã), não se utilizam, muitas vezes, de elementos
completos como esses. Nem sempre, em suas obras, temos clímax, por exemplo. O mesmo
costuma acontecer com nossa Musa Eterna Clarice Lispector.
Além dessa estrutura, é interessante notar que temos alguns elementos que pertencem
à narrativa e que a caracteriza como tipologia, vejamos.
É fundamentada nessas ideias acima que temos, usualmente, a colocação das notícias
dentre os textos narrativos.
Argumentativo
Este é o tipo mais importante para os vestibulares, dado que, como ocorre no ENEM, a
grande maioria das provas de redação exige a produção de textos dessa natureza. Claro que
nosso objetivo, aqui, não é o de teorizar sobre a escrita do texto, pois vocês têm um curso
sensacional de redação que já faz isso. Contudo, é interessante que saibamos analisar os
elementos dessa tipologia, que é muito mais abrangente do que somente a dissertação-
argumentativa, como normalmente ocorre nos materiais de gêneros e tipologia.
O objetivo de um texto argumentativo é expor um ponto de vista sobre determinado
tema ou assunto. Para isso, devem-se utilizar argumentos que corroborem sua tese acerca do
tema proposto. Apesar de ser um texto de caráter opinativo, tende a aparecer com
frequência usando uma linguagem mais formal ou impessoal.
Expositivo
Diferente do argumentativo, o tipo expositivo apresenta uma ideia, mas não se deve
opinar nem emitir juízo de valor sobre ela. Assim, ao invés de apresentar argumentos para
embasar sua tese (que também podemos chamar de “fala”), esse tipo textual faz uso de dados
científicos, definições, conceitos, comparação de informação, entre outros recursos. Esses
recursos são utilizados para dar a melhor possibilidade de compreensão do tema. Note que o
foco, no argumentativo, é a tese, enquanto no expositivo é o tema. Essa diferença de foco é
essencial para que compreendamos essas duas tipologias que se aproximam, no final das
contas.
Ainda que seja composto por diversos gêneros, temos, no texto jornalístico, o
exemplo mais comum de textos da tipologia expositiva, uma vez que seu objetivo é o de
transmitir, tanto quanto for possível, uma notícia na integridade dos fatos.
Além desse gênero, encontramos ainda os textos didáticos – como apostilas,
dicionários, livros teóricos e enciclopédias – que também devem se comprometer com o
tipo expositivo. Um exemplo, então, é exatamente esse texto que estás a ler nesse momento.
Como nosso objetivo é explicar, da forma mais profunda possível para nosso curso, os
assuntos, temos claramente um texto expositivo. Só quero convencer vocês, de verdade, de
que Machado de Assis é o maior autor em língua portuguesa de todos os tempos. Só isso.
Veja aqui uma comparação de dois textos tratando do mesmo assunto, porém um com
caráter expositivo e outro com caráter opinativo.
Expositivo Opinativo
Descritivo
Um texto do tipo descritivo busca expor ou relatar. O foco é, essencialmente, listar
características de um determinado elemento a partir de suas características, que podem ser
bastante diferentes. Pode-se, assim, descrever uma série de assuntos diferentes: uma pessoa,
física e psicologicamente; um objeto; uma obra de arte; um lugar ou época histórica; um
acontecimento.
É muito comum encontrar trechos descritivos em textos em que predominam outras
tipologias, sendo realmente muito difícil encontrar um texto inteiro que seja, somente,
descritivo. Podemos dizer, então, que esse tipo de texto acaba servindo de apoio ou base para
os demais tipos, tanto que, normalmente, cobra-se a identificação de trecho descritivos em
outros textos.
É muito comum, inclusive, que tenhamos a descrição em textos literários,
principalmente quando consideramos os elementos que são necessários à narrativa literária.
Dessa forma, muitos autores de romances, por exemplo, realizam descrições minuciosas em
meio a suas obras narrativas. Diários e relatos de viagem também são permeados por muitas
descrições. Nestes casos, os textos contêm muitos adjetivos para ajudar a provocar sensações
no leitor. Classificados, currículos e guias de viagem são outros bons exemplos de texto
descritivo.
“San Andrés é uma ilha pobre, que San Andrés está fora da rota de
carece de cuidado, mas tem um mar incrível furações, mas pode ser afetada
e passeios surpreendentes. Um destino para indiretamente por furacões no Caribe,
aproveitar pequenos prazeres, descansar, sofrendo com ventos e chuvas, mais comuns
pegar um bronzeado, fazer compras e curtir entre agosto e outubro.
paisagens de tirar o fôlego.” Fragmentos retirados de Guia de Destinos, s/d.
Notem que temos, no primeiro fragmento, uma descrição mais pessoal, também
chamada de “subjetiva”, dado que o autor apresenta uma série de juízos de valor e imprime
pessoalidade ao trecho em questão. O objetivo, nesse caso, é somente descrever a ilha. No
segundo caso, temos uma descrição mais objetiva, sem as impressões pessoais a que nos
referimos no primeiro trecho.
Injuntivo
O quinto e último tipo textual, o injuntivo, tem por objetivo instruir ou prescrever. Esse
tipo de texto aparece com frequência no ENEM, exatamente por apresentar elementos
identificáveis que o fazem pertencer a essa tipologia. Gosto sempre de destacar que, ainda
que ele seja constante em textos não literários, não é exclusividade desses gêneros, podendo
aparecer em consonância com textos literários, em especial a poesia. Vejamos um exemplo
dessa utilização literária:
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-
as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.
Receitas:
Receita de Ambrosia
Ingredientes
- 2 colheres (sopa) de leite;
- 8 ovos;
- 6 colheres (sopa) de açúcar;
- 3 xícaras (chá) de suco de limão;
- Cravo e canela.
Modo de preparo
- Bata os ovos até ficar homogêneo.
- Em uma panela média, misture o açúcar, cravo e canela até ferver.
- Depois de ferver, adicione leite, limão e os ovos batidos.
- Mexa de tempos em tempos, em fogo baixo, até ferver.
- Deixe descansar e sirva depois de frio.
Com relação aos gêneros, é isso aí, bolas de fogo. Sempre pense que esses tipos
apresentam uma relação clara de objetivo, que é a característica principal a unir os gêneros
dentro de um mesmo texto. Vamos seguir para os gêneros principais?
Perceba que, enquanto o tipo textual é uma construção mais abstrata, os gêneros
textuais apresentam-se como a realização concreta desses tipos. Assim, quando nos
deparamos com um texto para lermos, nos deparamos com um gênero pertencente a uma
tipologia, fazendo ligação entre os dois. É interessante, ainda, notar que temos uma relação
clara de cobrança tanto da tipologia, quanto dos gêneros, por isso a divisão do material entre
os dois.
Para que vocês conheçam as principais características dos gêneros, apresento um
esquema objetivo para a hora da prova, fundamentado, claro, na ideia de que vocês não
deverão produzir nenhum desses gêneros no exame. Preste atenção, principalmente para
conseguir diferenciar os gêneros ao responder as questões, principalmente porque eles
apresentam somente trechos dos textos originais.
Crônica
Romance
Destaco, aqui, que esse gênero não é comum no ENEM como forma de resposta às
questões. Entendemos que, por ser um gênero essencialmente escolar, não faz sentido que
seja utilizado para geração de questões acerca de gêneros e afins. Note, ainda, que é o texto
que você produz e que mais se aproxima do que entendemos como textos científicos, sendo,
inclusive, o seu ponto de produção linguística mais monitorada, como aprendemos na aula
anterior.
Artigo de opinião
Carta-argumentativa
Editorial
Carta do leitor
Notícia
Reportagem
A reportagem é extremamente semelhante à notícia. Contudo, ela visa, de forma mais
direta, apresentar profundidade no tema a ser tratado, podendo, ainda, ser gerada a partir de
uma notícia. Quando isso ocorre, discute-se o tema trazido pela notícia.
Texto científico
Com relação ao texto científico, recomendamos que vocês fiquem atentos, antes de
tudo, às referências do texto. Isso auxilia, inclusive, na determinação da tipologia e dos
gêneros de forma geral. Ao se deparar com a referência de revistas científicas, você já tem
uma vantagem quanto à classificação.
Texto didático
• Manual de instruções: é um texto que indica como se deve lidar com algum
elemento, sempre dando instruções de montagem ou de comportamento com
relação a um elemento. É interessante que podemos ter, ainda, influência literária
nesse gênero.
• Receitas: são textos em que temos indicação de como preparar um determinado
alimento. Como vimos, podemos ter a construção literária, brincando com o
gênero, fato muito comum e provável no ENEM, que costuma valorizar a relação
de diálogo entre os textos.
• Bulas de remédio: nesse caso, temos indicações muito claras de como um
determinado produto deve ser utilizado. É interessante notar que temos a
construção de uma linguagem bastante direta e clara, para evitar usos incorretos
do produto vendido.
No português, é bastante comum que tenhamos o uso das aspas, ainda, como
indicação de citação direta, por exemplo, em textos jornalísticos e textos científicos. Vejamos,
então, como isso se dá:
A fala em discurso direto também costuma ser precedida dos chamados verbos
dicendi: verbos que denotam ações ligadas à fala, como “perguntar”, “dizer”, “exclamar”,
“responder”, entre outros. Estes verbos também podem aparecer ao fim das falas ou até
mesmo no meio delas – nestes casos, frequentemente divididas ou intercaladas por travessão.
Exemplos:
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os
olhos no papel.
(In: A cartomante, Machado de Assis)
Quaresma foi inflexível; disse que não, que lhe eram absolutamente
antipáticas tais disputas, que não tinha partido e mesmo que tivesse não iria afirmar
uma cousa que ele não sabia ainda se era mentira ou verdade.
(In: O triste fim de Policarbo Quaresma, Lima Barreto)
Assim como no discurso direto, há a presença dos verbos dicendi, porém aqui eles se
encontram seguidos de conectivos de subordinação, ou seja, os verbos referentes a fala
precedem orações independentes que expressam a fala da personagem.
Observe que se este período estivesse em discurso direto, a redação dos termos
destacados seria:
Como é possível observar, não é apenas no uso de aspas ou travessão que está a
diferença entre o discurso direto e indireto. Uma das principais diferenças na transposição
é a alteração do tempo verbal.
Exemplos:
Mudança de pretérito imperfeito (indireto) para presente (direto):
Discurso indireto
Rangel desceu os olhos ao baixo da página, viu a quadra correspondente ao
número, e leu-a: dizia que sim, que havia uma pessoa, que ela devia procurar
domingo, na igreja, quando fosse à missa.
(O diplomático, Machado de Assis)
Discurso direto
Rangel desceu os olhos ao baixo da página, via a quadra correspondente ao
número, e leu-a:
“Há uma pessoa que você deve procurar domingo, na igreja, quando for à
missa.”
Mudança de pretérito mais que perfeito (indireto) para pretérito perfeito (direto):
Discurso indireto
Lendo essa carta, Lourenço Camargo afigurou-se receber as últimas palavras
do filho; e lembrou-se quanto fora injusto duvidando da realidade desse casamento
de que ali tinha a prova irrecusável.
(Senhora, José de Alencar)
Discurso direto
Lendo essa carta, Lourenço Camargo afigurou-se receber as últimas palavras
do filho; e lembrou-se: “Quão injusto eu fui injusto duvidando da realidade desse
casamento de que aqui tenho a prova irrecusável”.
Discurso indireto
Um dia, em que a afilhada fora visitar a madrinha, esta lhe disse que a iria em
breve buscar para sua casa.
(In: A mão e a luva, Machado de Assis)
Discurso direto
Um dia, em que a filhada fora visitar a madrinha, esta lhe disse:
— Em breve vou lhe buscar para minha casa.
Pronome demonstrativo este (a), estes (as) e Pronome demonstrativo aquele (a) e aqueles
esse (a), esses (as) (as)
Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o
tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem
tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo,
longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica
olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando,
aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser
sentimental!
Nesse trecho, percebe-se que temos uma representação de fala que denota uma
análise de um trecho do texto. É uma representação de fala da personagem. Nesse caso, se
estivesse em discurso indireto, seria:
Sente uma coisa no peito e diz que a vida é uma coisa que piora com o tempo,
pensando em como era inocente e como tinha os olhos limpos antes da idade.
Discurso direto
Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal e
disse:
- Meu Deus, mas que cidade linda! No Ano Novo eu começo a trabalhar.
Discurso indireto
Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal e
disse que a cidade era linda e que no Ano Novo começaria a trabalhar.
Bom! Falamos foi muitas coisas, hein? Agora iremos pra onde? Para o treinamento
perfeito! Muitos e muitos exercícios.
1. (ENEM/2018)
Reclame
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
... ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
agradece a preferência.
(CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014)
2. (ENEM/2018)
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos
dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na
garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio
de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída
pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que,
ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com
os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
— Cale-se ou expulso a senhora da sala.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão
estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser
objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher
que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um
adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão
curvos.
(LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997)
Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional,
que pode apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse
fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a
A. expositiva, em que se apresentam as razões da atitude provocativa da aluna.
B. injuntiva, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo professor à aluna.
C. descritiva, em que se constrói a imagem do professor com base nos sentidos da
narradora.
D. argumentativa, em que se defende a opinião da enunciadora sobre o personagem-
professor.
E. narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo
tempo e lugar.
3. (ENEM/2018)
Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da
associação de verbos no modo imperativo à
A. indicação de diversos canais de atendimento.
B. divulgação do Centro de Defesa da Mulher.
C. informação sobre a duração da campanha.
D. apresentação dos diversos apoiadores.
E. utilização da imagem das três mulheres.
4. (ENEM/2018)
Gaetaninho
Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro
só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de
Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. [...]
— Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.
Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.
No bonde vinha o pai do Gaetaninho.
A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.
— Sabe o Gaetaninho?
— Que é que tem?
— Amassou o bonde!
A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.
Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não
ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um
caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas
não levava a palhetinha.
Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que
feria a vista da gente era o Beppino.
MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo Horizonte; Rio
de Janeiro: Vila Rica, 1994.
5. (ENEM/2018)
Cores do Brasil
Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques
Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do
Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira,
assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a
produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O
organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta
muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar
informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos
que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões
do Brasil.
WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).
O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil.
Na organização desse trecho predomina o uso da sequência
A. injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.
B. argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.
C. narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
D. descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
E. expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.
6. (ENEM/2017)
Doutor dos sentimentos
Veja quem é e o que pensa o português António Damásio, um dos maiores nomes da
neurociência atual, sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro, das emoções
e da consciência
Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos penteados para trás e costuma vestir terno
e gravata. A surpresa vem quando começa a falar. António Damásio não confirma em nada
o clichê que se tem de cientista. Preocupado em ser o mais didático possível, tenta,
pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que cabível, traduzir para os leigos
estudos complexos sobre o cérebro. Português, Damásio é um dos principais expoentes da
neurociência atual.
Diferentemente de outros neurocientistas, que acham que apenas a ciência tem
respostas à compreensão da mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm
necessariamente daí. Para ele, um substrato imprescindível para entender a mente, a
consciência, os sentimentos e as emoções advém da vida intuitiva, artística e intelectual.
Fora dos meios científicos, o nome de Damásio começou a ser celebrado na década de
1990, quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de emoção, razão e do cérebro
humano.
TREFAUT, M. P. Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2014 (adaptado).
7. (ENEM/2017)
Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil.
Editora Planeta, 296 páginas.
Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso
país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos
chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo
depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da
charmosa e iniciante Marília Medalha.
Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro,
o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som
das guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque
com os Mutantes.
Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo
Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite,
ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o
filme vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar,
agora sem os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de
si um livro de histórias, pensando bem, de História.
VILLAS. A Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 18 jun. 2014 (adaptado).
8. (ENEM/2017)
TEXTO I
Frevo: Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do Carnaval pernambucano. Trata-
se de uma marcha de ritmo frenético, que é a sua característica principal. E a multidão
ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa ideia de fervura (o povo
pronuncia frevura, frever) que se criou o nome frevo.
CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2001 (adaptado).
TEXTO II
Frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade
O frevo, ritmo genuinamente pernambucano, agora é do mundo. A música que
hipnotiza milhões de foliões e dá o tom do Carnaval no estado foi oficialmente reconhecida
como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris, nesta quarta-feira,
durante cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco).
Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br. Acesso em: 14 jun. 2015.
9. (ENEM/2016)
Receita
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.
SARAMAO. J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.
10. (ENEM/2016)
O humor e a língua
Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constituição
linguística. Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que
posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem
simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade,
por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que
é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais
uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade,
etnia/raça e outras diferenças, instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo
isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que são ouvidas e
contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a
devida atenção a esse material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e
pesquisas participantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por
exemplo, se pesquisarmos uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus.
POSSENTI, S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).
A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira,
sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
A. sua função humorística.
B. sua ocorrência universal.
C. sua diversidade temática.
D. seu papel como veículo de preconceitos.
E. seu potencial como objeto de investigação.
11. (ENEM/2016)
Grupo transforma pele humana em neurônios
Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar células extraídas da pele de
uma mulher de 82 anos sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e conseguiu
transformá-las em células capazes de se transformarem virtualmente em qualquer tipo de
12. (ENEM/2015)
Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente
Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de
toneladas de lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas.
O hábito de descartar embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias
persiste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia,
além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, contribuir para
as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos
perigos que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser
devolvido para a cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias
poderia ter melhor destino. Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam
se transformar em sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os carros.
Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.
13. (ENEM/2015)
Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir
outra vez à Galiza e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte
da mesa, mas também com novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos,
com toda certeza, está também o destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino
do Galego incorporado à grande família lusófona.
E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema
apresentado. Escolhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras
viam a língua portuguesa no seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em
1897, está agora completando 110 anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas,
literatos, poetas que se reuniam na secretaria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico
literário e por um literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e desse entusiasmo saiu
a ideia de se criar a Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia Brasileira
de Letras.
Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua
inauguração até a data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria
ser uma academia de Letras, portanto, de literatos.
BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.
14. (ENEM/2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios
em 1928.
[…]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para
eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior
não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas
históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos
são badalados. Porque se derrubou a Bastilha – um telegrama; porque se deitou pedra na
rua – um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILIANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios,
e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a
atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
A. emprega sinais de pontuação em excesso.
B. recorre a termos e expressões em desuso no português.
C. apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o
destinatário.
D. privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado.
E. expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga emocional.
15. (ENEM/2014)
Mães
Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento
raro — em seu texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem).
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a
procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo
materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-
la sem ter retribuído plenamente o amor que receberam.
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.
16. (ENEM/2013)
O cartão-postal é um gênero textual geralmente usado por turistas quando estão viajando,
para enviar, aos que ficaram, imagens dos lugares visitados. Entretanto, o cartão-postal
apresentado é uma peça publicitária, e reconhece-se nela a intenção de
A. apresentar uma paisagem de um local específico, conteúdo recorrente em um
cartão-postal.
B. incentivar as pessoas de uma cidade a enviar cartões-postais umas para as outras.
C. instituir um novo tipo de cartão-postal, o virtual, a ser comercializado em um site da
internet.
D. fazer propaganda de um ponto turístico romântico específico, atraindo a visitação
por casais.
E. comemorar a data da instituição do cartão-postal no Brasil, ainda na época do
Império.
17. (ENEM/2012)
Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da
língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da
língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”,
como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento
da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas
desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até
hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos dos nossos ex-
colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos
decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas:
regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos
uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra
língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não
faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo
o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos
mais falantes de português do que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial. s/d.
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma
padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
A. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero
entrevista requer o uso da norma padrão.
B. apresenta argumentos carentes de comprovação cientifica e, por isso, defende um
ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
C. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele,
enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
D. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a
incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
E. defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente
para acabar com a hegemonia do antigo colonizador.
18. (ENEM/2011)
A discussão sobre "o fim do livro de papel" com a chegada da mídia eletrônica me
lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez
não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de
Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e
lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico, em "chips quânticos", sei lá o quê. O texto é uma
espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro
em Braille, folheto, "coffee-table book", cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer texto
pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem
a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.
TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.
19. (ENEM/2011)
20. (ENEM/2010)
Câncer 21/06 a 21/07
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo
de agir. O corpo indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se
ressentirá. O que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma
“desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se
recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-
se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que
será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de
modo maduro. Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá
da intimidade com os assuntos da alma.
(Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009)
O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função
específica, seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos
conhecimentos construídos sócio culturalmente. A análise dos elementos constitutivos
desse texto demonstra que sua função é
A. Vender um produto anunciado.
B. Informar sobre astronomia.
C. Ensinar os cuidados com a saúde.
D. Expor a opinião de leitores em um jornal.
E. Aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.
1. B 8. C 15. D
2. E 9. A 16. E
3. E 10. E 17. A
4. A 11. E 18. D
5. E 12. E 19. A
6. A 13. B 20. E
7. E 14. E
1. (ENEM/2018)
Reclame
agradece a preferência.
A. Extensão do texto.
B. Emprego da injunção.
C. Apresentação do título.
Comentário:
A injunção se apresenta nos verbos no imperativo, dando uma sugestão ao leitor (use
lentes / transforme o mundo). Assim, a alternativa correta é alternativa B.
A alternativa A está incorreta, pois um texto publicitário não é necessariamente curto,
apenas os slogans têm tamanho reduzido.
Gabarito: B
2. (ENEM/2018)
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.
Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão
estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser
objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher
que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um
adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão
curvos.
(LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997)
Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional, que
pode apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse
fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a
E. narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo tempo
e lugar.
Comentário:
A autora comenta uma situação: quando o professor diz que irá expulsá-la da sala e ela
o desafia a fazê-lo – o que ele a caba não fazendo. É o principal traço constitutivo de um conto.
Assim, a alternativa correta é alternativa E.
A alternativa B está incorreta, pois não há no texto esse traço, apenas a narração de um
evento em que o professor deu uma ordem.
A alternativa C está incorreta, pois apesar de haver uma descrição do professor, este
não é o elemento característico dos contos presente neste fragmento.
A alternativa D está incorreta, pois a opinião da autora transparece, mas não é o que
torna este fragmento típico de um conto.
Gabarito: E
3. (ENEM/2018)
Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da associação
de verbos no modo imperativo à
Comentários:
A publicidade é um gênero que mistura textos verbais e não verbais de modo a atingir
o público-alvo. Na peça apresentada no enunciado, há uma referência imagética à imagem
famosa dos três macaquinhos em que um não vê, o outro não ouve e o outro não fala. A ideia
aqui é incentivar mulheres a romperem o silêncio sobre os casos de violência de gênero e
denunciarem. Assim, a proposta de imagem é que as mulheres não fechem os olhos, nem os
ouvidos e falem sobre o assunto. A alternativa correta, portanto, é alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois os canais são apresentados para que as mulheres
saibam para onde denunciar, mas somente eles não seriam suficientes para indicar uma
possível mudança de comportamento.
A alternativa B está incorreta, pois, assim como em A, apresentar um local para onde
direcionar a denúncia não é suficiente para incitar mudança de comportamento.
A alternativa C está incorreta, pois esse tipo de campanha não tem duração. Não se
pode fazer a denúncia apenas em um momento do ano. Campanhas de conscientização
servem para que haja uma mudança de comportamento perene nas pessoas.
Gabarito: E
4. (ENEM/2018)
Gaetaninho
Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro
só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de
Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. [...]
— Sabe o Gaetaninho?
— Amassou o bonde!
Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que
feria a vista da gente era o Beppino.
Comentários:
A alternativa C está incorreta, pois ainda que esses elementos de fato componham o
texto, eles não podem ser classificados como inovadores.
A alternativa D está incorreta, pois o texto todo é bastante informal e direto. Não há
estranhamento na descrição da morte.
Gabarito: A
5. (ENEM/2018)
Cores do Brasil
Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques
Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do
Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira,
assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção
O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil.
Na organização desse trecho predomina o uso da sequência
Comentários:
O texto aponta informações acerca do livro, deixando claro qual a sua constituição, por
que foi lançado, quantos artistas estão lá, o que é arte naïf etc. Assim, por ser um texto que
busca informar sobre esse tipo de arte, ele pode ser caracterizado como expositivo. A
alternativa correta é alternativa E.
A alternativa D está incorreta, pois não há aqui a presença marcante de adjetivos como
um texto descritivo demandaria.
Gabarito: E
6. (ENEM/2017)
Veja quem é e o que pensa o português António Damásio, um dos maiores nomes da
neurociência atual, sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro, das emoções e
da consciência
Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos penteados para trás e costuma vestir terno
e gravata. A surpresa vem quando começa a falar. António Damásio não confirma em nada o
clichê que se tem de cientista. Preocupado em ser o mais didático possível, tenta,
pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que cabível, traduzir para os leigos
estudos complexos sobre o cérebro. Português, Damásio é um dos principais expoentes da
neurociência atual.
Comentários:
A alternativa E está incorreta, pois o texto não quer meramente informar, mas também
descrever.
Gabarito: A
7. (ENEM/2017)
Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso
país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos
chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo
depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da
charmosa e iniciante Marília Medalha.
Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro,
o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som das
guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com
os Mutantes.
Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo
Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite,
ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o filme
vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar, agora sem
os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de
histórias, pensando bem, de História.
Comentários:
A resenha é um gênero textual que se propõe a analisar e opinar sobre alguma obra,
de qualquer natureza que seja. Aqui, o texto não só opina sobre o livro como também sobre
a matéria que o inspirou: uma edição do festival de música da Record. Assim, a alternativa
correta é alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois não há a descrição como traço predominante, ainda
que ela apareça principalmente no parágrafo em que se falam dos artistas que participaram
da final.
A alternativa C está incorreta, pois isso aparece no livro, mas não está aqui na resenha.
A alternativa D está incorreta, pois não se explica o contexto da música brasileira nesse
período, apenas fala-se sobre a final de uma das edições dos festivais da canção.
Gabarito: E
8. (ENEM/2017)
TEXTO I
TEXTO II
A. resumir e avaliar.
B. analisar e reportar.
C. definir e informar.
D. comentar e explanar.
E. discutir e conscientizar.
Comentários:
- Saberes: aquilo que envolve o conhecimento sobre a feitura de algo, as práticas que levam
à criação de objetos, alimentos etc. Estão listados no livro de registro de saberes o modo
artesanal de fazer queijo de Minas, nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do Salitre;
o modo de fazer cuias do Baixo Amazonas; o modo de fazer viola de cocho; o modo de fazer
renda irlandesa do Sergipe; o ofício das baianas de acarajé; o ofício dos mestres de capoeira;
o ofício de sineiro; a produção tradicional e práticas socioculturais associadas à cajuína no
Piauí; os saberes e práticas associados aos modos de fazer bonecas carajá; e o sistema agrícola
tradicional do Rio Negro.
- Formas de expressão: criações e práticas ligadas à cultura, artes nas suas mais variadas
formas, como música, performances, artes corporais etc. Estão listados no livro de registro de
formas de expressão o Carimbó; a Arte Kusiwa — pintura corporal e arte gráfica wajãpi Cavalo-
marinho ; o Fandango caiçara; o Frevo; o Jongo no Sudeste; o Maracatu-Nação e o Maracatu
de baque solto; as Matrizes do samba no Rio de Janeiro: partido alto, samba de terreiro e
samba-enredo; o toque dos sinos em Minas Gerais; a roda de capoeira; Rtixòkò: expressão
artística e cosmológica do povo carajá; o Samba de roda do Recôncavo Baiano; o tambor de
crioula do Maranhão; e o teatro de bonecos popular do Nordeste.
- Lugares: espaços físicos, não construídos. Locais na natureza que representam algo para
alguma população. Estão listados no livro de registro de lugares: a Cachoeira de Iauaretê —
lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri; a Feira de Caruaru; e a Tava —
lugar de referência para o povo guarani
E a vaquejada?
As práticas seguem sendo vistas como reprováveis por muitos grupos da sociedade.
Você deve ficar atento a esse tipo de situação recente em que há discordância profunda
entre grupos, envolvendo a aprovação ou não de leis. São assuntos que podem
potencialmente aparecer em sua prova.
Gabarito: C
9. (ENEM/2016)
Receita
Comentários:
O poema é intitulado “Receita” isso sugere que ele irá indicar uma série de
procedimentos a serem seguidos para se alcançar algum objetivo – no caso, a composição de
um poema. Ele faz uso, por exemplo, de verbos no imperativo, traço característico de textos
injuntivos. Assim, o poema adiciona características de injunção a um texto literário poético.
Assim, a alternativa correta é alternativa A.
A alternativa B está incorreta, pois a receita aqui é a construção de um poema, não uma
receita comum.
A alternativa D está incorreta, pois a estrutura é uma mistura entre poema e receita.
A alternativa E está incorreta, pois a linguagem figurada é típica do texto poético, não
configura mescla de gêneros.
Gabarito: A
10. (ENEM/2016)
O humor e a língua
A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira,
sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
Comentários:
O texto aponta que a partir da piada pode-se compreender não só sobre a língua da
época – já que a piada parte de duplos sentidos e ambiguidades – como também as questões
que preocupam aquela sociedade – como gênero, raça, classe etc. O texto ainda aponta que
os antropólogos não estão prestando atenção suficiente a esse tipo de produção em seu
potencial como objeto de investigação. Assim, a alternativa correta é alternativa E.
A alternativa C está incorreta, pois ainda que ela possa versar sobre vários temas, o
importante na piada é o que ela demonstra sobre a sociedade.
Gabarito: E
11. (ENEM/2016)
O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista Science, existe desde o ano
passado, quando um grupo liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as chamadas iPS
(células-tronco de pluripotência induzida). O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez
que é possível aplicá-lo a células de pessoas doentes, portadoras de esclerose lateral
amiotrófica (ELA), mal que destrói o sistema nervoso progressivamente.
“Pela primeira vez, seremos capazes de observar células com ELA ao microscópio e ver
como elas morrem”, disse Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que
Comentários:
A notícia tem como objetivo informar os avanços das pesquisas acerca do tratamento e
Esclerose lateral amiotrófica. Ela aponta que um grupo de pesquisadores americanos
realizaram uma nova pesquisa que trouxe bons resultados para o tratamento. Assim, a
alternativa correta é alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois o relato da pesquisadora não é sua opinião, mas sim
a apresentação de resultados.
A alternativa B está incorreta, pois o aturo não se julga especialista no tema, ainda que
relate a fala de especialistas.
A alternativa C está incorreta, pois o que temos no texto é uma breve descrição dos
processos da pesquisa apontada, não uma descrição de metodologia científica de pesquisa.
Gabarito: E
12. (ENEM/2015)
enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos perigos
que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser devolvido para a
cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias poderia ter melhor destino.
Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em sacos de lixo,
baldes, cabides e até acessórios para os carros.
D. revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos anos.
Comentários:
O texto é informativo, uma reportagem que visa a conscientização das pessoas acerca
da necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias, apontando os
problemas advindos do descarte indevido de resíduos plásticos e papel. Assim, a alternativa
correta é alternativa E.
A alternativa A está incorreta, pois os dados são apenas uma das informações acessadas
para buscar a conscientização das pessoas.
A alternativa B está incorreta, pois os riscos apontados são do descarte não do mercado
de recicláveis.
Gabarito: E
13. (ENEM/2015)
E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema
apresentado. Escolhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras viam
a língua portuguesa no seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está
agora completando 110 anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas, literatos, poetas
que se reuniam na secretaria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico literário e por um
literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a
Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia Brasileira de Letras.
Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua
inauguração até a data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria ser
uma academia de Letras, portanto, de literatos.
Comentários:
disso, uma palestra é um evento formal. Por isso, a linguagem tende a ser mais formal. Assim,
a alternativa correta é alternativa B.
A alternativa A está incorreta, pois ainda que esteja falando de acordo com a norma
culta, seu léxico não é difícil ou desconhecido.
A alternativa D está incorreta, pois o objetivo aqui é que a fala seja compreendida por
todos, não que não se compreenda. Não há rebuscamento na fala.
A alternativa E está incorreta, pois em uma palestra não se deve buscar o afastamento
das pessoas, mas sim a proximidade para que elas possam compreender.
Gabarito: B
14. (ENEM/2015)
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em
1928.
[…]
ADMINISTRAÇÃO
GRACILIANO RAMOS
O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e
é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção
por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
Comentários:
Apesar de ser um texto oficial, o documento é contaminado por uma linguagem mais
subjetiva, possivelmente por conta da outra profissão de Graciliano Ramos: a de escritor.
Assim, ainda que não seja comum nesse gênero de texto, Graciliano adiciona uma carga
emocional forte ao falar sobre questões orçamentárias. Assim, a alternativa correta é
alternativa E.
A alternativa B está incorreta, pois o texto é do início do século XX, período em que
diversas dessas palavras ainda eram comuns ao léxico.
A alternativa C está incorreta, pois o autor não busca intimidade com o interlocutor,
apenas escreve de maneira poética.
Gabarito: E
15. (ENEM/2014)
Mães
Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento
raro — em seu texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem).
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a
procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo materno,
ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter
retribuído plenamente o amor que receberam.
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.
A. ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, especialmente na velhice.
Comentários:
O texto em questão faz uma espécie de resenha/comentário acerca de outro texto. Ele
tem o objetivo de fazer juízos de valor (“Triste, mas verdadeira) e avaliar a matéria publicada
anteriormente. Assim, a alternativa correta é alternativa D.
A alternativa A está incorreta, pois não há a indicação de quais cuidados se deve ter
com as mães, apenas a indicação que alguns filhos se sentem responsáveis por cuidar das
mães mais velhas.
A alternativa C está incorreta, pois não se entra no mérito dos sentimentos dos idosos
tampouco os cuidados que demandam e suas necessidades.
A alternativa E está incorreta, pois o texto aponta que o texto analisado já foi publicado,
ou seja, não é novo.
Gabarito: D
16. (ENEM/2013)
O cartão-postal é um gênero textual geralmente usado por turistas quando estão viajando,
para enviar, aos que ficaram, imagens dos lugares visitados. Entretanto, o cartão-postal
apresentado é uma peça publicitária, e reconhece-se nela a intenção de
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois aqui não há um destaque para a paisagem como
parte da mensagem, como num cartão postal.
A alternativa C está incorreta, pois em nenhum momento fala-se sobre novos modos de
envio ou escrita de cartões-postais.
A alternativa D está incorreta, pois a propaganda é sobre uma data comemorativa, não
um ponto turístico romântico.
Gabarito: E
17. (ENEM/2012)
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo
o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos
mais falantes de português do que em toda a Europa!
Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma
padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
A. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista
requer o uso da norma padrão.
C. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele,
enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
D. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a
incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
Comentários:
A alternativa B está incorreta, pois o autor embasa sua fala a partir de registros escritos,
documentos históricos que comprovam seu ponto.
A alternativa C está incorreta, pois o que o autor defende é que não se pode aceitar
apenas uma norma em detrimento de outros modos de falar, não fazendo referência a quem
são as pessoas que falam cada uma delas preferencialmente.
A alternativa D está incorreta, pois o autor diz achar que não faz sentido incorporar os
modos de falar da Europa como mais corretos, sendo que há uma população muito maior no
Brasil e que esta tem suas próprias regras.
A alternativa E está incorreta, pois ele aponta que apenas em São Paulo já há um número
maior de falantes do português do que na Europa.
Gabarito: A
18. (ENEM/2011)
A discussão sobre "o fim do livro de papel" com a chegada da mídia eletrônica me
lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez
não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de
Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos
— em CD-ROM, em livro eletrônico, em "chips quânticos", sei lá o quê. O texto é uma espécie
de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em Braille,
folheto, "coffee-table book", cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer texto pode se
reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê,
se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.
A. o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da
tecnologia.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, pois o autor afirma que ainda que o folheto de cordel
suma, o texto do cordel permanece em outras mídias.
A alternativa B está incorreta, pois o autor não dá garantias de que o formato livro de
papel continuará existindo para todo o sempre, mas sim sobre a permanência dos textos.
A alternativa C está incorreta, pois o prazer de ler livros de papel não está em questão
no texto.
A alternativa E está incorreta, pois é possível ler obras literárias em diversos formatos,
não apenas nos livros de papel.
Gabarito: D
19. (ENEM/2011)
A. uma peça publicitária, uma vez que promove o produto de uma instituição financeira.
E. uma notícia, pois informa a criação de um banco para cuidar de recursos hídricos.
Comentários:
A alternativa B está incorreta, pois ainda que ele oriente práticas ecológicas, o objetivo
é a oferta de um serviço, não a simples conscientização.
Gabarito: A
20. (ENEM/2010)
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo
de agir. O corpo indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se
ressentirá. O que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”.
Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação
com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra
dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que será testada. Melhor conter as
expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá vontade
de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade com os assuntos da
alma.
O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função
específica, seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos
conhecimentos construídos sócio culturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse
texto demonstra que sua função é
Comentário:
A alternativa A está incorreta, pois não há propósito de consumo, mas sim de sugestão
de comportamento.
A alternativa B está incorreta, pois não é um texto didático de astronomia, mas sim um
texto baseado em astrologia.
A alternativa D está incorreta, pois não se refere às opiniões dos leitores, mas sim da
percepção do astrólogo sobre o momento.
Gabarito: E