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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – GIT – Prof.

Wagner Santos

ENEM
Aula 04 - Gêneros Textuais
Exasiu
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Prof. Wagner Santos

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 1

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Sumário
INTRODUÇÃO 4

1 TIPOS TEXTUAIS 4

1.1 Conceituação 4

1.2 Tipos textuais: classificação 6

Narrativo 6

Argumentativo 8

Expositivo 9

Descritivo 10

Injuntivo 11

2 GÊNEROS TEXTUAIS 12

2.1 Gêneros da narrativa 13

Conto 13

Crônica 13

Romance 14

2.2 Gêneros argumentativos 14

Dissertação-argumentativa 14

Artigo de opinião 15

Carta-argumentativa 15

Editorial 16

Carta do leitor 16

2.3 Gêneros expositivos 16

Notícia 17

Reportagem 17

Texto científico 17

Texto didático 18

2.4 Gêneros descritivos 18

2.5 Gêneros injuntivos 18

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3 TIPOS DE DISCURSO 19

3.1 Discurso direto 19

3.2 Discurso indireto 20

3.3 Discurso indireto livre 23

4 EXERCÍCIOS 25

5 GABARITO 39

6 QUESTÕES RESOLVIDAS E COMENTADAS 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DAS AULAS 66

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E aí, Bolas de Fogo? Como estamos?


Chegou a hora de falar do conteúdo mais cobrado, ao lado da interpretação, do ENEM:
tipologia e gêneros textuais. Aproveito para, logo aqui, explicar a vocês o porquê dessa
cobrança toda.
Desde o começo do nosso curso, você tem me ouvido falar que o ENEM tem uma visão
linguística que entendemos como sociointeracionista, certo? Inclusive, você nem deve mais
aguentar me ouvindo falar disso o tempo inteiro. Então, a cobrança do texto a partir das
relações de tipologia e de gênero está completamente concatenada com essas ideias, dado
que temos uma relação mais clara da aplicação social do texto.
Aprofundaremos isso no decorrer de nossa aula, pode deixar.
Nessa aula, veremos:
• Os tipos textuais;
• Os principais gêneros textuais cobrados no ENEM; e
• Tipos de discurso (muito usados na narrativa).
Parece pouco, né? Mas não é pouco mesmo. Estamos longe, longe disso.
Bora que só bora?

Falar sobre texto é uma das mais experiências mais interessantes que o curso para o
ENEM propicia a um professor linguista como esse que vos fala. Entender a língua como uma
construção, ou construto (bonito isso, não é mesmo?) é sensacional, principalmente quando
entendemos que estamos diante de um elemento inato do ser humano, que se realiza na
sociedade de forma plena e completa, não sendo somente uma relação chatinha de decorar
e saber classificações (essas que também são interessantes, mas aplicadas à prática
discursiva).

1.1 Conceituação
Para darmos continuidade ao pensamento, é necessário que pensemos em algumas
coisas, iniciando pelo pensamento do que seria, conceitualmente, a tipologia textual. Vamos
lá:

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Não se preocupem que logo exploraremos os tipos textuais de forma a não deixar
dúvidas do que eles são. Contudo, antes de partirmos para essa facilitação, queria trazer um
pequeno trecho em que o principal teórico1 dos gêneros define a tipologia.

Desse trecho, queria destacar exatamente a ideia de que os tipos não se referem,
necessariamente, a textos materializados. É literalmente uma abstração teórica. Pensem da
seguinte forma: a narração é uma tipologia e, por isso, somente como narração, não
existe. Essa tipologia só passa a existir por meio dos gêneros, como veremos na próxima
seção. Logo, quando escrevemos ou lemos um conto, nos deparamos com a materialização
do gênero conto, que pertence à narração.
Para facilitar a sua vida, que eu sei estar sendo bombardeada com muitas informações
diferentes, vamos imaginar uma interface com a matemática. Calma que não é nada
complicado não! Peguemos a teoria básica de conjuntos: a tipologia textual é o conjunto que
contém subconjuntos representados pelos diversos gêneros. Vou ilustrar a seguir, para
facilitar a sua visualização.

Escolhi a tipologia narrativa somente por ser mais usual no seu dia a dia, facilitando a
compreensão dos dois conceitos (lembrando que aprofundaremos o conceito de gêneros
mais à frente). Vale, ainda, destacarmos dois pontos importantes sobre os tipos textuais:
• Varia a quantidade de gêneros a depender do teórico utilizado, variando entre
cinco e dez tipos. Como nosso objetivo é o ENEM, apresentamos o pensamento
de Marcuschi, que é o teórico que balizou o pensamento de gêneros do ENEM.

1
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

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• Além disso, não devemos confundir os tipos textuais com os gêneros literários,
sendo válidas as duas classificações, sendo elas encaixadas em questão ou
pensamento específico.

Passamos, então, para a especificação dos tipos aqui estudados. Bora que só bora!

1.2 Tipos textuais: classificação


Apresentaremos, a seguir, os cinco tipos textuais de forma mais específica. Vale
ressaltar que deixaremos os gêneros para a próxima seção, indicando suas ligações com os
tipos textuais.

Narrativo
A tipologia narrativa apresenta-se como aquela em que ocorre uma ação num
determinado tempo e espaço. Normalmente, apresenta-se personagens – humanos ou não
humanos – que protagonizam ou auxiliam no desenvolvimento dessas ações. Esse tipo de
texto tende a ter uma estrutura padrão.
É claro que, quando tratamos da Literatura em suas construções narrativas, temos
construções que são variáveis demais, dado que a Literatura apresenta uma liberdade muito
grande, podendo, ou não, seguir a estrutura que apresentaremos a seguir. Voltamos à
discussão logo depois.

Esse esquema é bastante comum em gêneros como contos, romances e novelas, que
exploraremos na próxima seção. Contudo, é sempre interessante destacar que autores como
Machado de Assis, nosso maior autor de todos os tempos infindáveis do Universo Sideral

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inteiro (desculpem, mas sou realmente fã), não se utilizam, muitas vezes, de elementos
completos como esses. Nem sempre, em suas obras, temos clímax, por exemplo. O mesmo
costuma acontecer com nossa Musa Eterna Clarice Lispector.
Além dessa estrutura, é interessante notar que temos alguns elementos que pertencem
à narrativa e que a caracteriza como tipologia, vejamos.

Esses elementos são explorados de forma mais profunda no curso de redação.


Contudo, gostaria de adiantar algumas particularidades/curiosidades:

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Assim, entendemos que um texto, para pertencer à tipologia narrativa, deverá


apresentar:
• Uma ação a ser narrada (contada).
• Alguém que a conte.
• Elementos que sejam responsáveis por essa ação.
• Tempo e espaço em que se desenrolem as ações.

É fundamentada nessas ideias acima que temos, usualmente, a colocação das notícias
dentre os textos narrativos.

Argumentativo
Este é o tipo mais importante para os vestibulares, dado que, como ocorre no ENEM, a
grande maioria das provas de redação exige a produção de textos dessa natureza. Claro que
nosso objetivo, aqui, não é o de teorizar sobre a escrita do texto, pois vocês têm um curso
sensacional de redação que já faz isso. Contudo, é interessante que saibamos analisar os
elementos dessa tipologia, que é muito mais abrangente do que somente a dissertação-
argumentativa, como normalmente ocorre nos materiais de gêneros e tipologia.
O objetivo de um texto argumentativo é expor um ponto de vista sobre determinado
tema ou assunto. Para isso, devem-se utilizar argumentos que corroborem sua tese acerca do
tema proposto. Apesar de ser um texto de caráter opinativo, tende a aparecer com
frequência usando uma linguagem mais formal ou impessoal.

A estrutura de todos os textos argumentativos é extremamente semelhante, dado que


visam à defesa de uma tese em específico. Assim, ainda que tenhamos diversos gêneros
relacionados a essa tipologia, todos, via de regra, utilizam a mesma estrutura, com pequenas
adaptações para o uso social do texto (conceituação que está relacionada diretamente com o
gênero e não com o tipo).

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Analisaremos os gêneros na seção seguinte, como você bem sabe. Contudo, é


interessante notar que temos, dentre os argumentativos, uma gama de possibilidades em que
se defendem pontos de vista e argumenta-se para essa defesa.
Em essência, como se diz na teoria linguística do texto, o texto argumentativo se
fundamenta no binômio tese e argumentos. Contudo, como dica, para você, ao escrever no
ENEM, temos um trinômio: tese, argumentos e repertório. Não se esqueça disso jamais, viu,
meu jovem bola de fogo?

Expositivo
Diferente do argumentativo, o tipo expositivo apresenta uma ideia, mas não se deve
opinar nem emitir juízo de valor sobre ela. Assim, ao invés de apresentar argumentos para
embasar sua tese (que também podemos chamar de “fala”), esse tipo textual faz uso de dados
científicos, definições, conceitos, comparação de informação, entre outros recursos. Esses
recursos são utilizados para dar a melhor possibilidade de compreensão do tema. Note que o
foco, no argumentativo, é a tese, enquanto no expositivo é o tema. Essa diferença de foco é
essencial para que compreendamos essas duas tipologias que se aproximam, no final das
contas.
Ainda que seja composto por diversos gêneros, temos, no texto jornalístico, o
exemplo mais comum de textos da tipologia expositiva, uma vez que seu objetivo é o de
transmitir, tanto quanto for possível, uma notícia na integridade dos fatos.
Além desse gênero, encontramos ainda os textos didáticos – como apostilas,
dicionários, livros teóricos e enciclopédias – que também devem se comprometer com o
tipo expositivo. Um exemplo, então, é exatamente esse texto que estás a ler nesse momento.
Como nosso objetivo é explicar, da forma mais profunda possível para nosso curso, os
assuntos, temos claramente um texto expositivo. Só quero convencer vocês, de verdade, de
que Machado de Assis é o maior autor em língua portuguesa de todos os tempos. Só isso.
Veja aqui uma comparação de dois textos tratando do mesmo assunto, porém um com
caráter expositivo e outro com caráter opinativo.

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Expositivo Opinativo

“A Academia de Cinema de “Pode-se dizer que a edição de 2019


Hollywood anunciou nesta terça-feira, 22, os do Oscar começou fazendo história. Roma
indicados ao Oscar 2019, a 91ª edição da quebrou um forte estigma (ou seria
premiação, que acontecerá no dia 24 de preconceito?) e se tornou o primeiro filme
fevereiro. Roma, dirigido pelo mexicano em língua espanhola a ser indicado na
Alfonso Cuarón e produzido pela Netflix, categoria principal. E não só isso: a
teve dez indicações, incluindo melhor filme, produção de Alfonso Cuarón foi indicada
melhor diretor e melhor roteiro. Pela quinta em outras nove categorias, como Melhor
vez, um filme concorre nas categorias melhor Fotografia, Atriz, Atriz Coadjuvante e
filme e melhor filme estrangeiro na mesma Roteiro Original. É um feito e tanto que
edição.” merece forte comemoração, ainda mais
Fragmento retirado de El País, 22/01/19 quando o longa-metragem provavelmente
fizer a limpa em, pelo menos, metade deles.
Vai ser um momento e tanto pro Oscar, que
se torna cada vez mais mexicano.”
Fragmento retirado de Esquina da Cultura,
22/01/19

Notem que, no primeiro fragmento, o foco está somente em apresentar um


acontecimento, sem que tenhamos qualquer opinião sobre ele. O contrário está no segundo
texto, em que o autor defende a ideia de que o Oscar, como premiação, tem se transformado,
cada vez mais, em um evento de valorização do cinema mexicano. Esses dois exemplos são
interessantes, porque demonstram que, na coluna de cinema do Esquina da cultura, há
produção de um texto argumentativo incomum para vocês.

Descritivo
Um texto do tipo descritivo busca expor ou relatar. O foco é, essencialmente, listar
características de um determinado elemento a partir de suas características, que podem ser
bastante diferentes. Pode-se, assim, descrever uma série de assuntos diferentes: uma pessoa,
física e psicologicamente; um objeto; uma obra de arte; um lugar ou época histórica; um
acontecimento.
É muito comum encontrar trechos descritivos em textos em que predominam outras
tipologias, sendo realmente muito difícil encontrar um texto inteiro que seja, somente,
descritivo. Podemos dizer, então, que esse tipo de texto acaba servindo de apoio ou base para
os demais tipos, tanto que, normalmente, cobra-se a identificação de trecho descritivos em
outros textos.
É muito comum, inclusive, que tenhamos a descrição em textos literários,
principalmente quando consideramos os elementos que são necessários à narrativa literária.
Dessa forma, muitos autores de romances, por exemplo, realizam descrições minuciosas em
meio a suas obras narrativas. Diários e relatos de viagem também são permeados por muitas
descrições. Nestes casos, os textos contêm muitos adjetivos para ajudar a provocar sensações
no leitor. Classificados, currículos e guias de viagem são outros bons exemplos de texto
descritivo.

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Aqui, apresentamos dois fragmentos descritivos, um com muitos adjetivos e o outro


mais objetivo, ambos do mesmo texto:

“San Andrés é uma ilha pobre, que San Andrés está fora da rota de
carece de cuidado, mas tem um mar incrível furações, mas pode ser afetada
e passeios surpreendentes. Um destino para indiretamente por furacões no Caribe,
aproveitar pequenos prazeres, descansar, sofrendo com ventos e chuvas, mais comuns
pegar um bronzeado, fazer compras e curtir entre agosto e outubro.
paisagens de tirar o fôlego.” Fragmentos retirados de Guia de Destinos, s/d.

Notem que temos, no primeiro fragmento, uma descrição mais pessoal, também
chamada de “subjetiva”, dado que o autor apresenta uma série de juízos de valor e imprime
pessoalidade ao trecho em questão. O objetivo, nesse caso, é somente descrever a ilha. No
segundo caso, temos uma descrição mais objetiva, sem as impressões pessoais a que nos
referimos no primeiro trecho.

Injuntivo
O quinto e último tipo textual, o injuntivo, tem por objetivo instruir ou prescrever. Esse
tipo de texto aparece com frequência no ENEM, exatamente por apresentar elementos
identificáveis que o fazem pertencer a essa tipologia. Gosto sempre de destacar que, ainda
que ele seja constante em textos não literários, não é exclusividade desses gêneros, podendo
aparecer em consonância com textos literários, em especial a poesia. Vejamos um exemplo
dessa utilização literária:

Receita de um poema dadaísta (Tristan Tzara, criador do Dadaísmo)

Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-
as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.

Os textos dessa tipologia buscam, essencialmente, ordenar, persuadir ou orientar o


leitor/receptor de alguma maneira. Justamente por isso, tendem a aparecer com os verbos no
modo imperativo. A linguagem desses textos costuma ser o mais objetiva possível.

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Podem ser considerados injuntivos manuais, editais, receitas culinárias, códigos de


leis, bulas de remédio, contratos de trabalho, entre outros.

Receitas:
Receita de Ambrosia
Ingredientes
- 2 colheres (sopa) de leite;
- 8 ovos;
- 6 colheres (sopa) de açúcar;
- 3 xícaras (chá) de suco de limão;
- Cravo e canela.

Modo de preparo
- Bata os ovos até ficar homogêneo.
- Em uma panela média, misture o açúcar, cravo e canela até ferver.
- Depois de ferver, adicione leite, limão e os ovos batidos.
- Mexa de tempos em tempos, em fogo baixo, até ferver.
- Deixe descansar e sirva depois de frio.

Com relação aos gêneros, é isso aí, bolas de fogo. Sempre pense que esses tipos
apresentam uma relação clara de objetivo, que é a característica principal a unir os gêneros
dentro de um mesmo texto. Vamos seguir para os gêneros principais?

O estudo dos gêneros hoje, principalmente depois do ENEM, passou a ocupar a


“primeira página” dos manuais dos professores, fato extremamente interessante, claro, mas
que nos leva a refletir sobre o seguinte: esse é um tema que começou a ser tratado agora?
A resposta é muito clara e indicativa de uma verdade interessante: os gêneros são
estudados e aplicados há mais tempo do que qualquer outra forma de análise linguística ou
textual. Assim, percebe-se que não há nenhuma novidade em pensar nos gêneros textuais
para a aprendizagem da linguagem, contudo, é interessante pensar que o ENEM os colocou
de volta “na berlinda”.
Tendo entendido isso, é interessante que entendamos o que seria um gênero textual.

Perceba que, enquanto o tipo textual é uma construção mais abstrata, os gêneros
textuais apresentam-se como a realização concreta desses tipos. Assim, quando nos
deparamos com um texto para lermos, nos deparamos com um gênero pertencente a uma
tipologia, fazendo ligação entre os dois. É interessante, ainda, notar que temos uma relação

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clara de cobrança tanto da tipologia, quanto dos gêneros, por isso a divisão do material entre
os dois.
Para que vocês conheçam as principais características dos gêneros, apresento um
esquema objetivo para a hora da prova, fundamentado, claro, na ideia de que vocês não
deverão produzir nenhum desses gêneros no exame. Preste atenção, principalmente para
conseguir diferenciar os gêneros ao responder as questões, principalmente porque eles
apresentam somente trechos dos textos originais.

2.1 Gêneros da narrativa


Conto

Crônica

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Romance

2.2 Gêneros argumentativos


Dissertação-argumentativa

Destaco, aqui, que esse gênero não é comum no ENEM como forma de resposta às
questões. Entendemos que, por ser um gênero essencialmente escolar, não faz sentido que
seja utilizado para geração de questões acerca de gêneros e afins. Note, ainda, que é o texto
que você produz e que mais se aproxima do que entendemos como textos científicos, sendo,
inclusive, o seu ponto de produção linguística mais monitorada, como aprendemos na aula
anterior.

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Artigo de opinião

Carta-argumentativa

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Editorial

Carta do leitor

2.3 Gêneros expositivos


Dentre os gêneros expositivos, dada a sua quantidade considerável, selecionei aqueles
três que comumente aparecem nas provas. É interessante notar que as questões que
envolvem esse tipo de texto também perpassam as funções da linguagem, de forma que
temos uma complexidade de utilização para esses textos.
É muito comum que reportagens e notícias (entendidas no ENEM como textos
expositivos, ainda que seja comum sua classificação dentre as narrativas), além de textos
científicos e didáticos (principalmente no que tange a linguística e as relações de linguagem).

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Notícia

Reportagem
A reportagem é extremamente semelhante à notícia. Contudo, ela visa, de forma mais
direta, apresentar profundidade no tema a ser tratado, podendo, ainda, ser gerada a partir de
uma notícia. Quando isso ocorre, discute-se o tema trazido pela notícia.

Texto científico
Com relação ao texto científico, recomendamos que vocês fiquem atentos, antes de
tudo, às referências do texto. Isso auxilia, inclusive, na determinação da tipologia e dos
gêneros de forma geral. Ao se deparar com a referência de revistas científicas, você já tem
uma vantagem quanto à classificação.

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Texto didático

2.4 Gêneros descritivos


Nessa tipologia, como explicado na seção anterior, normalmente não temos textos que
sirvam como gêneros específicos dele. É sempre um texto que serve de construção e apoio a
outros textos. Por exemplo, nos manuais de instrução, temos descrição dos elementos a serem
utilizados, assim como em diversos outros gêneros dos demais tipos. Nesse caso, analisamos
os trechos indicados e buscamos as características típicas dessa tipologia. Não se esqueça de
que ele pode perpassar muitos gêneros

2.5 Gêneros injuntivos


No caso dos gêneros injuntivos, temos, essencialmente, três opções, pelas quais
passaremos muito rapidamente, dado que a cobrança desses gêneros é pouco comum, sendo
mais corriqueira a cobrança com relação à tipologia de forma geral, sem especificidades
extremadas. Assim, temos os seguintes gêneros:

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• Manual de instruções: é um texto que indica como se deve lidar com algum
elemento, sempre dando instruções de montagem ou de comportamento com
relação a um elemento. É interessante que podemos ter, ainda, influência literária
nesse gênero.
• Receitas: são textos em que temos indicação de como preparar um determinado
alimento. Como vimos, podemos ter a construção literária, brincando com o
gênero, fato muito comum e provável no ENEM, que costuma valorizar a relação
de diálogo entre os textos.
• Bulas de remédio: nesse caso, temos indicações muito claras de como um
determinado produto deve ser utilizado. É interessante notar que temos a
construção de uma linguagem bastante direta e clara, para evitar usos incorretos
do produto vendido.

Em se tratando do gênero dramático ou narrativo da escrita, há três possíveis modos de


redação da fala: discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre. Vamos nos dedicar
com maior detalhamento a cada um deles.

3.1 Discurso direto


Segundo Rocha Lima (2011), o discurso direto ocorre quando “o escritor apresenta a
personagem e deixa-a expressar-se, reproduzindo-lhe textualmente as palavras” (p. 592).
Identificar um discurso direto é simples: ele costuma ser expresso por um travessão
antes da fala ou pelo emprego de aspas. No caso das construções em português, é mais
comum que tenhamos o uso dos travessões, ainda que não seja errado usarmos as aspas. É
interessante notar que o uso das aspas é mais comum nos textos que são traduzidos. Para que
seja mais fácil a sua compreensão, vamos dar uma olhada em alguns exemplos:

OS DOIS HOMENS SE MATERIALIZARAM inesperadamente, a poucos metros


de distância, na estreita ruazinha iluminada pelo luar. Por um momento eles ficaram
imóveis, as varinhas apontadas para o peito um do outro; então, reconhecendo‐se,
guardaram a varinha sob a capa e começaram a andar apressados na mesma
direção.
— Novidades? — perguntou o mais alto dos dois.
— As melhores — respondeu Severo Snape.
A rua era ladeada por um silvado, à esquerda, e por uma sebe alta e
cuidadosamente aparada, à direita. As longas capas dos homens esvoaçavam ao
redor dos tornozelos enquanto eles caminhavam.
— Pensei que fosse me atrasar — disse Yaxley, suas feições grosseiras
desaparecendo e reaparecendo à sombra dos galhos de árvores que se
interpunham ao luar. — Foi um pouco mais complicado do que imaginei. Mas acho
que ele ficará satisfeito. Você tem certeza de que será bem recebido?
(J. K. Rowling. Harry Potter e as Relíquias da Morte.)

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No português, é bastante comum que tenhamos o uso das aspas, ainda, como
indicação de citação direta, por exemplo, em textos jornalísticos e textos científicos. Vejamos,
então, como isso se dá:

Idealizada a princípio com propósito histórico, a exposição de Claudia


Andujar ganhou uma dimensão urgente com a definição da nova política, segundo
o curador Thyago Nogueira.
“Agora, mais do que simples homenagem, gostaria que a exposição
mobilizasse as pessoas a se aproximarem da questão, a entenderem melhor do que
estamos falando, de quem são os povos indígenas e o que podemos fazer para
defendê-los”, disse.
(In: Nexo Jornal, 02/01/19)

A fala em discurso direto também costuma ser precedida dos chamados verbos
dicendi: verbos que denotam ações ligadas à fala, como “perguntar”, “dizer”, “exclamar”,
“responder”, entre outros. Estes verbos também podem aparecer ao fim das falas ou até
mesmo no meio delas – nestes casos, frequentemente divididas ou intercaladas por travessão.
Exemplos:

A cocote, logo que o viu aproximar-se, disse baixinho à menina:


—Não é preciso que ele saiba que vais lá domingo, ouviste?

(In: O cortiço, Aluisio Azevedo)

— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os
olhos no papel.
(In: A cartomante, Machado de Assis)

3.2 Discurso indireto


Já o discurso indireto é definido por Rocha Lima (2011) como aquele em que o autor
encaixa no seu próprio discurso as palavras da personagem, propondo-se tão somente a
transmitir-lhes o sentido intelectual e não a forma linguística que as caracteriza.

Quaresma foi inflexível; disse que não, que lhe eram absolutamente
antipáticas tais disputas, que não tinha partido e mesmo que tivesse não iria afirmar
uma cousa que ele não sabia ainda se era mentira ou verdade.
(In: O triste fim de Policarbo Quaresma, Lima Barreto)

Assim como no discurso direto, há a presença dos verbos dicendi, porém aqui eles se
encontram seguidos de conectivos de subordinação, ou seja, os verbos referentes a fala
precedem orações independentes que expressam a fala da personagem.

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O padre Amaro baixou devagar os olhos — e trincando migalhas, perguntou


se havia muitas doenças naquele Verão.
(In: O crime do padre Amaro, Eça de Queiroz)

Observe que se este período estivesse em discurso direto, a redação dos termos
destacados seria:

O padre Amaro baixou devagar os olhos – e trincando migalhas perguntou:


— Há muitas doenças neste Verão?

Como é possível observar, não é apenas no uso de aspas ou travessão que está a
diferença entre o discurso direto e indireto. Uma das principais diferenças na transposição
é a alteração do tempo verbal.

Quadro resumo da mudança de tempos verbais:

Discurso Direto Discurso Indireto

Presente Pretérito imperfeito

Pretérito perfeito Pretérito mais que perfeito

Futuro do presente Futuro do pretérito

Exemplos:
Mudança de pretérito imperfeito (indireto) para presente (direto):

Discurso indireto
Rangel desceu os olhos ao baixo da página, viu a quadra correspondente ao
número, e leu-a: dizia que sim, que havia uma pessoa, que ela devia procurar
domingo, na igreja, quando fosse à missa.
(O diplomático, Machado de Assis)

Discurso direto
Rangel desceu os olhos ao baixo da página, via a quadra correspondente ao
número, e leu-a:
“Há uma pessoa que você deve procurar domingo, na igreja, quando for à
missa.”

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Mudança de pretérito mais que perfeito (indireto) para pretérito perfeito (direto):

Discurso indireto
Lendo essa carta, Lourenço Camargo afigurou-se receber as últimas palavras
do filho; e lembrou-se quanto fora injusto duvidando da realidade desse casamento
de que ali tinha a prova irrecusável.
(Senhora, José de Alencar)

Discurso direto
Lendo essa carta, Lourenço Camargo afigurou-se receber as últimas palavras
do filho; e lembrou-se: “Quão injusto eu fui injusto duvidando da realidade desse
casamento de que aqui tenho a prova irrecusável”.

Mudança de futuro do pretérito (indireto), para futuro do presente (direto).

Discurso indireto
Um dia, em que a afilhada fora visitar a madrinha, esta lhe disse que a iria em
breve buscar para sua casa.
(In: A mão e a luva, Machado de Assis)

Discurso direto
Um dia, em que a filhada fora visitar a madrinha, esta lhe disse:
— Em breve vou lhe buscar para minha casa.

Além da mudança verbal, outras mudanças importantes a lembrar são:

Discurso Direto Discurso Indireto

Enunciado em 1ª ou 2ª pessoa Enunciado em 3ª pessoa

Verbo no imperativo Verbo no subjuntivo

Pronome demonstrativo este (a), estes (as) e Pronome demonstrativo aquele (a) e aqueles
esse (a), esses (as) (as)

Advérbio de lugar: aqui Advérbio de lugar: ali

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3.3 Discurso indireto livre


Esta modalidade é mais difícil de ser identificada. Ela consiste numa mistura dos dois
modos anteriores, mas com algumas características:

➢ O estilo de escrita é indireto;


➢ Não há necessariamente a ocorrência de verbo discendi;
➢ Não há conectivos indicando subordinação, ou seja, é uma construção em dois ou mais
períodos;
➢ O segundo – ou posterior – período é onde se encontra o pensamento da personagem.

Vamos tentar deixar mais claro com alguns exemplos:

Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o
tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem
tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo,
longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica
olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando,
aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser
sentimental!

(Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola)

Nesse trecho, percebe-se que temos uma representação de fala que denota uma
análise de um trecho do texto. É uma representação de fala da personagem. Nesse caso, se
estivesse em discurso indireto, seria:

Sente uma coisa no peito e diz que a vida é uma coisa que piora com o tempo,
pensando em como era inocente e como tinha os olhos limpos antes da idade.

Aqui, na construção do discurso indireto, vê-se a presença do conectivo que, indicando


subordinação entre as orações. No discurso indireto livre, não há a necessidade desse
conectivo.
Veja aqui outro exemplo de transposição do mesmo período para todos os tipos de
discurso:

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 23


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Discurso indireto livre


“Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal
Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano Novo eu começo a trabalhar”
(In: Faroeste Caboclo, Legião Urbana)

Discurso direto
Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal e
disse:
- Meu Deus, mas que cidade linda! No Ano Novo eu começo a trabalhar.

Discurso indireto
Ele ficou bestificado com a cidade. Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal e
disse que a cidade era linda e que no Ano Novo começaria a trabalhar.

Bom! Falamos foi muitas coisas, hein? Agora iremos pra onde? Para o treinamento
perfeito! Muitos e muitos exercícios.

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1. (ENEM/2018)
Reclame
se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
... ou transforme o mundo.
ótica olho vivo
agradece a preferência.
(CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014)

Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições


textuais que circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário,
a seguinte característica:
A. Extensão do texto.
B. Emprego da injunção.
C. Apresentação do título.
D. Disposição das palavras.
E. Pontuação dos períodos.

2. (ENEM/2018)
Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos
dele.
O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na
garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio
de ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída
pelo seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que,
ofendida, eu adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com
os colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:
— Cale-se ou expulso a senhora da sala.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 25


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Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão
estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser
objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher
que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um
adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão
curvos.
(LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997)

Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional,
que pode apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse
fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a
A. expositiva, em que se apresentam as razões da atitude provocativa da aluna.
B. injuntiva, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo professor à aluna.
C. descritiva, em que se constrói a imagem do professor com base nos sentidos da
narradora.
D. argumentativa, em que se defende a opinião da enunciadora sobre o personagem-
professor.
E. narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo
tempo e lugar.

3. (ENEM/2018)

Disponível em: www.sul21.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).

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Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da
associação de verbos no modo imperativo à
A. indicação de diversos canais de atendimento.
B. divulgação do Centro de Defesa da Mulher.
C. informação sobre a duração da campanha.
D. apresentação dos diversos apoiadores.
E. utilização da imagem das três mulheres.

4. (ENEM/2018)
Gaetaninho
Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro
só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de
Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. [...]
— Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.
Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.
No bonde vinha o pai do Gaetaninho.
A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.
— Sabe o Gaetaninho?
— Que é que tem?
— Amassou o bonde!
A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.
Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não
ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um
caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas
não levava a palhetinha.
Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que
feria a vista da gente era o Beppino.
MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo Horizonte; Rio
de Janeiro: Vila Rica, 1994.

Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a


narrativa utiliza recursos expressivos inovadores, como
A. o registro informal da linguagem e o emprego de frases curtas.
B. o apelo ao modelo cinematográfico com base em imagens desconexas.
C. a representação de elementos urbanos e a prevalência do discurso direto.
D. a encenação crua da morte em contraponto ao tom respeitoso do discurso.
E. a percepção irônica da vida assinalada pelo uso reiterado de exclamações.

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5. (ENEM/2018)
Cores do Brasil
Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques
Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do
Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira,
assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a
produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O
organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta
muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar
informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos
que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões
do Brasil.
WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil.
Na organização desse trecho predomina o uso da sequência
A. injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.
B. argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.
C. narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.
D. descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.
E. expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

6. (ENEM/2017)
Doutor dos sentimentos
Veja quem é e o que pensa o português António Damásio, um dos maiores nomes da
neurociência atual, sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro, das emoções
e da consciência
Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos penteados para trás e costuma vestir terno
e gravata. A surpresa vem quando começa a falar. António Damásio não confirma em nada
o clichê que se tem de cientista. Preocupado em ser o mais didático possível, tenta,
pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que cabível, traduzir para os leigos
estudos complexos sobre o cérebro. Português, Damásio é um dos principais expoentes da
neurociência atual.
Diferentemente de outros neurocientistas, que acham que apenas a ciência tem
respostas à compreensão da mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm
necessariamente daí. Para ele, um substrato imprescindível para entender a mente, a
consciência, os sentimentos e as emoções advém da vida intuitiva, artística e intelectual.
Fora dos meios científicos, o nome de Damásio começou a ser celebrado na década de
1990, quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de emoção, razão e do cérebro
humano.
TREFAUT, M. P. Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2014 (adaptado).

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Na organização do texto, a sequência que atende à função sociocomunicativa de


apresentar objetivamente o cientista António Damásio é a
A. descritiva, pois delineia um perfil do professor.
B. injuntiva, pois faz um convite à leitura de sua obra.
C. argumentativa, pois defende o seu comportamento incomum.
D. narrativa, pois são contados fatos relevantes ocorridos em sua vida.
E. expositiva, pois traz as impressões da autora a respeito de seu trabalho.

7. (ENEM/2017)
Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil.
Editora Planeta, 296 páginas.
Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso
país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos
chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo
depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da
charmosa e iniciante Marília Medalha.
Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro,
o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som
das guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque
com os Mutantes.
Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo
Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite,
ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o
filme vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar,
agora sem os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de
si um livro de histórias, pensando bem, de História.
VILLAS. A Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 18 jun. 2014 (adaptado).

Considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade,


nesse fragmento de resenha predominam
A. caracterizações de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960.
B. questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960.
C. relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967.
D. explicações sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960.
E. opiniões a respeito de uma obra sobre a cena musical de 1967.

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8. (ENEM/2017)
TEXTO I
Frevo: Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do Carnaval pernambucano. Trata-
se de uma marcha de ritmo frenético, que é a sua característica principal. E a multidão
ondulando, nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa ideia de fervura (o povo
pronuncia frevura, frever) que se criou o nome frevo.
CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2001 (adaptado).

TEXTO II
Frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade
O frevo, ritmo genuinamente pernambucano, agora é do mundo. A música que
hipnotiza milhões de foliões e dá o tom do Carnaval no estado foi oficialmente reconhecida
como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris, nesta quarta-feira,
durante cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (Unesco).
Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br. Acesso em: 14 jun. 2015.

Apesar de abordarem o mesmo tema, os textos I e II diferenciam-se por pertencerem a


gêneros que cumprem, respectivamente, a função social de
A. resumir e avaliar.
B. analisar e reportar.
C. definir e informar.
D. comentar e explanar.
E. discutir e conscientizar.

9. (ENEM/2016)
Receita
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.
SARAMAO. J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.

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Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem


reconfigurar-se em função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de
gêneros, pois
A. introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.
B. explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.
C. explora elementos temáticos presentes em uma receita.
D. apresenta organização estrutural típica de um poema.
E. utiliza linguagem figurada na construção do poema.

10. (ENEM/2016)
O humor e a língua
Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constituição
linguística. Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que
posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem
simultaneamente um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade,
por um lado, e uma coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que
é e como funciona uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais
uma sociedade se debate, uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade,
etnia/raça e outras diferenças, instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo
isso está sempre presente nas piadas que circulam anonimamente e que são ouvidas e
contadas por todo mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a
devida atenção a esse material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e
pesquisas participantes. Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por
exemplo, se pesquisarmos uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus.
POSSENTI, S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).

A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira,
sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por
A. sua função humorística.
B. sua ocorrência universal.
C. sua diversidade temática.
D. seu papel como veículo de preconceitos.
E. seu potencial como objeto de investigação.

11. (ENEM/2016)
Grupo transforma pele humana em neurônios
Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar células extraídas da pele de
uma mulher de 82 anos sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e conseguiu
transformá-las em células capazes de se transformarem virtualmente em qualquer tipo de

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 31


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órgão do corpo. Em outras palavras, ganharam os poderes das células-tronco


pluripotentes, normalmente obtidas a partir da destruição de embriões.
O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista Science, existe desde o ano
passado, quando um grupo liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as chamadas iPS
(células-tronco de pluripotência induzida). O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez
que é possível aplicá-lo a células de pessoas doentes, portadoras de esclerose lateral
amiotrófica (ELA), mal que destrói o sistema nervoso progressivamente.
“Pela primeira vez, seremos capazes de observar células com ELA ao microscópio e ver
como elas morrem”, disse Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que
financiou parte da pesquisa. Observar em detalhes a degeneração pode sugerir novos
métodos para tratar a ELA.
KOLNERKEVIC, I. Folha de S. Paulo. 1 ago. 2008 (adaptado).

A análise dos elementos constitutivos do texto e a identificação de seu gênero permitem ao


leitor inferir que o objetivo do autor é
A. apresentar a opinião da diretora do Projeto ALS.
B. expor a sua opinião como um especialista no tema.
C. descrever os procedimentos de uma experiência científica.
D. defender a pesquisa e a opinião dos pesquisadores dos EUA.
E. informar os resultados de uma nova pesquisa feita nos EUA.

12. (ENEM/2015)
Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente
Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de
toneladas de lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas.
O hábito de descartar embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias
persiste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia,
além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, contribuir para
as enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos
perigos que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser
devolvido para a cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias
poderia ter melhor destino. Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam
se transformar em sacos de lixo, baldes, cabides e até acessórios para os carros.
Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de composição de texto,


determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam,
por sua finalidade. Pela leitura do texto apresentado, reconhece-se que sua função é
A. apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país.
B. alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do mercado de recicláveis.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 32


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C. divulgar a quantidade de produtos reciclados retirados das rodovias brasileiras.


D. revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos
anos.
E. conscientizar sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas
rodovias.

13. (ENEM/2015)
Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir
outra vez à Galiza e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte
da mesa, mas também com novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos,
com toda certeza, está também o destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino
do Galego incorporado à grande família lusófona.
E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema
apresentado. Escolhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras
viam a língua portuguesa no seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em
1897, está agora completando 110 anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas,
literatos, poetas que se reuniam na secretaria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico
literário e por um literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e desse entusiasmo saiu
a ideia de se criar a Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia Brasileira
de Letras.
Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua
inauguração até a data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria
ser uma academia de Letras, portanto, de literatos.
BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.

No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara, na Academia Galera da Língua


Portuguesa, verifica-se o uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão da língua.
Esse uso
A. torna a fala inacessível aos não especialistas no assunto abordado.
B. contribui para a clareza e a organização da fala no nível de formalidade esperado
para a situação.
C. atribui à palestra características linguísticas restritas à modalidade escrita da língua
portuguesa.
D. dificulta a compreensão do auditório para preservar o caráter rebuscado da fala.
E. evidencia distanciamento entre o palestrante e o auditório para atender os objetivos
do gênero palestra.

14. (ENEM/2015)
Exmº Sr. Governador:
Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios
em 1928.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 33


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[…]
ADMINISTRAÇÃO
Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para
eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior
não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas
históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos
são badalados. Porque se derrubou a Bastilha – um telegrama; porque se deitou pedra na
rua – um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama.
Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.
GRACILIANO RAMOS
RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios,
e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a
atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor
A. emprega sinais de pontuação em excesso.
B. recorre a termos e expressões em desuso no português.
C. apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o
destinatário.
D. privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado.
E. expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga emocional.

15. (ENEM/2014)
Mães
Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento
raro — em seu texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem).
Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a
procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo
materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-
la sem ter retribuído plenamente o amor que receberam.
Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.

Os gêneros textuais desempenham uma função social específica, em determinadas


situações de uso da língua, em que os envolvidos na interação verbal têm um objetivo
comunicativo. Considerando as características do gênero, a análise do texto Mães revela
que sua função é
A. ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, especialmente na velhice.
B. influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer agir segundo um modelo
sugerido.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 34


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C. informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e necessidades.


D. avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal ou de revista.
E. apresentar nova publicação, visando divulgá-la para leitores de jornal.

16. (ENEM/2013)

Disponível em: www.quiosqueazul.blogspot.com. Acesso em: 25 out. 2011.

O cartão-postal é um gênero textual geralmente usado por turistas quando estão viajando,
para enviar, aos que ficaram, imagens dos lugares visitados. Entretanto, o cartão-postal
apresentado é uma peça publicitária, e reconhece-se nela a intenção de
A. apresentar uma paisagem de um local específico, conteúdo recorrente em um
cartão-postal.
B. incentivar as pessoas de uma cidade a enviar cartões-postais umas para as outras.
C. instituir um novo tipo de cartão-postal, o virtual, a ser comercializado em um site da
internet.
D. fazer propaganda de um ponto turístico romântico específico, atraindo a visitação
por casais.
E. comemorar a data da instituição do cartão-postal no Brasil, ainda na época do
Império.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 35


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17. (ENEM/2012)
Entrevista com Marcos Bagno
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da
língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da
língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”,
como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento
da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.
No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas
desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até
hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos dos nossos ex-
colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos
decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas:
regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos
uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra
língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não
faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.
Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo
o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos
mais falantes de português do que em toda a Europa!
Informativo Parábola Editorial. s/d.

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma
padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele
A. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero
entrevista requer o uso da norma padrão.
B. apresenta argumentos carentes de comprovação cientifica e, por isso, defende um
ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.
C. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele,
enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
D. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a
incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.
E. defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente
para acabar com a hegemonia do antigo colonizador.

18. (ENEM/2011)
A discussão sobre "o fim do livro de papel" com a chegada da mídia eletrônica me
lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez
não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de
Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e
lidos — em CD-ROM, em livro eletrônico, em "chips quânticos", sei lá o quê. O texto é uma
espécie de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro
em Braille, folheto, "coffee-table book", cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer texto

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 36


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pode se reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem
a São Saruê, se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.
TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes


em via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que
A. o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da
tecnologia.
B. o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de
valores culturais.
C. o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros
e suportes impressos.
D. os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo
que os livros desapareçam.
E. os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras
literárias dos mais diversos gêneros.

19. (ENEM/2011)

Veja. 27 abr. 2011 (adaptado).

Os textos pertencem a gêneros em razão de configurações e de propósitos comunicativos


específicos, os quais revelam sua função social. O texto em análise apresenta-se como
A. uma peça publicitária, uma vez que promove o produto de uma instituição financeira.
B. um panfleto, porque visa a orientar a população para desenvolver práticas
ecológicas.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 37


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C. um manifesto de ambientalistas, já que denuncia o desperdício de água pela


população.
D. uma reportagem, pois busca conscientizar a população para a necessidade de
poupar água.
E. uma notícia, pois informa a criação de um banco para cuidar de recursos hídricos.

20. (ENEM/2010)
Câncer 21/06 a 21/07
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo
de agir. O corpo indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se
ressentirá. O que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma
“desintoxicação”. Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se
recompor. Há preocupação com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-
se: palavra preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que
será testada. Melhor conter as expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de
modo maduro. Sentirá vontade de olhar além das questões materiais – sua confiança virá
da intimidade com os assuntos da alma.
(Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009)

O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função
específica, seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos
conhecimentos construídos sócio culturalmente. A análise dos elementos constitutivos
desse texto demonstra que sua função é
A. Vender um produto anunciado.
B. Informar sobre astronomia.
C. Ensinar os cuidados com a saúde.
D. Expor a opinião de leitores em um jornal.
E. Aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 38


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1. B 8. C 15. D
2. E 9. A 16. E
3. E 10. E 17. A
4. A 11. E 18. D
5. E 12. E 19. A
6. A 13. B 20. E
7. E 14. E

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 39


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1. (ENEM/2018)

Reclame

se o mundo não vai bem

a seus olhos, use lentes

... ou transforme o mundo.

ótica olho vivo

agradece a preferência.

(CHACAL. Disponível em: www.escritas.org. Acesso em: 14 ago. 2014)

Os gêneros podem ser híbridos, mesclando características de diferentes composições textuais


que circulam socialmente. Nesse poema, o autor preservou, do gênero publicitário, a seguinte
característica:

A. Extensão do texto.

B. Emprego da injunção.

C. Apresentação do título.

D. Disposição das palavras.

E. Pontuação dos períodos.

Comentário:

A injunção se apresenta nos verbos no imperativo, dando uma sugestão ao leitor (use
lentes / transforme o mundo). Assim, a alternativa correta é alternativa B.
A alternativa A está incorreta, pois um texto publicitário não é necessariamente curto,
apenas os slogans têm tamanho reduzido.

A alternativa C está incorreta, pois o título não é característico da publicidade.

A alternativa D está incorreta, pois a disposição poética apresentada não é


necessariamente comum à publicidade

A alternativa E está incorreta, pois a pontuação dos períodos não é necessariamente


típica da publicidade.

Gabarito: B

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 40


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2. (ENEM/2018)

Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de
profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.

O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros contraídos. Em vez de nó na


garganta, tinha ombros contraídos. Usava paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de
ouro encimando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo
seu silêncio e pela controlada impaciência que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu
adivinhara. Passei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os colegas,
interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia, vermelho:

— Cale-se ou expulso a senhora da sala.

Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me mandar! Ele não mandava, senão
estaria me obedecendo. Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser
objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o amava como a mulher
que eu seria um dia, amava-o como uma criança que tenta desastradamente proteger um
adulto, com a cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de ombros tão
curvos.

(LISPECTOR, C. Os desastres de Sofia. In: A legião estrangeira. São Paulo: Ática, 1997)

Entre os elementos constitutivos dos gêneros está a sua própria estrutura composicional, que
pode apresentar um ou mais tipos textuais, considerando-se o objetivo do autor. Nesse
fragmento, a sequência textual que caracteriza o gênero conto é a

A. expositiva, em que se apresentam as razões da atitude provocativa da aluna.


B. injuntiva, em que se busca demonstrar uma ordem dada pelo professor à aluna.

C. descritiva, em que se constrói a imagem do professor com base nos sentidos da


narradora.

D. argumentativa, em que se defende a opinião da enunciadora sobre o personagem-


professor.

E. narrativa, em que se contam fatos ocorridos com o professor e a aluna em certo tempo
e lugar.

Comentário:

A autora comenta uma situação: quando o professor diz que irá expulsá-la da sala e ela
o desafia a fazê-lo – o que ele a caba não fazendo. É o principal traço constitutivo de um conto.
Assim, a alternativa correta é alternativa E.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 41


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A alternativa A está incorreta, pois há a presença da opinião da autora no texto.

A alternativa B está incorreta, pois não há no texto esse traço, apenas a narração de um
evento em que o professor deu uma ordem.

A alternativa C está incorreta, pois apesar de haver uma descrição do professor, este
não é o elemento característico dos contos presente neste fragmento.

A alternativa D está incorreta, pois a opinião da autora transparece, mas não é o que
torna este fragmento típico de um conto.

Gabarito: E

3. (ENEM/2018)

Disponível em: www.sul21.co,.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).

Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da associação
de verbos no modo imperativo à

A. indicação de diversos canais de atendimento.

B. divulgação do Centro de Defesa da Mulher.

C. informação sobre a duração da campanha.

D. apresentação dos diversos apoiadores.

E. utilização da imagem das três mulheres.

Comentários:

A publicidade é um gênero que mistura textos verbais e não verbais de modo a atingir
o público-alvo. Na peça apresentada no enunciado, há uma referência imagética à imagem

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 42


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famosa dos três macaquinhos em que um não vê, o outro não ouve e o outro não fala. A ideia
aqui é incentivar mulheres a romperem o silêncio sobre os casos de violência de gênero e
denunciarem. Assim, a proposta de imagem é que as mulheres não fechem os olhos, nem os
ouvidos e falem sobre o assunto. A alternativa correta, portanto, é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois os canais são apresentados para que as mulheres
saibam para onde denunciar, mas somente eles não seriam suficientes para indicar uma
possível mudança de comportamento.

A alternativa B está incorreta, pois, assim como em A, apresentar um local para onde
direcionar a denúncia não é suficiente para incitar mudança de comportamento.

A alternativa C está incorreta, pois esse tipo de campanha não tem duração. Não se
pode fazer a denúncia apenas em um momento do ano. Campanhas de conscientização
servem para que haja uma mudança de comportamento perene nas pessoas.

A alternativa D está incorreta, pois a quantidade de apoiadores, em princípio, não é


decisiva para uma mudança de comportamento quanto à decisão de denunciar a violência.

Gabarito: E

4. (ENEM/2018)

Gaetaninho

Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro
só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de
Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. [...]

— Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.

Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.

No bonde vinha o pai do Gaetaninho.

A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.

— Sabe o Gaetaninho?

— Que é que tem?

— Amassou o bonde!

A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.

Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho


não ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um
caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não
levava a palhetinha.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 43


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Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que
feria a vista da gente era o Beppino.

MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo


Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994.

Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a narrativa


utiliza recursos expressivos inovadores, como

A. o registro informal da linguagem e o emprego de frases curtas.

B. o apelo ao modelo cinematográfico com base em imagens desconexas.

C. a representação de elementos urbanos e a prevalência do discurso direto.

D. a encenação crua da morte em contraponto ao tom respeitoso do discurso.

E. a percepção irônica da vida assinalada pelo uso reiterado de exclamações.

Comentários:

O texto se constrói a partir de elementos da oralidade, construindo orações como “Que


é que tem?” e alguns períodos mais curtos, como em “Um sonho”. Isso afasta o texto do
registro formal e aproxima do informal da linguagem, mais ligado ao popular e oral. Assim, a
alternativa correta é alternativa A.

A alternativa B está incorreta, pois a associação com o cinema costuma estar na


fragmentação, na colagem de imagens diferentes. Isso não ocorre aqui, uma vez que a história
é contada de maneira linear.

A alternativa C está incorreta, pois ainda que esses elementos de fato componham o
texto, eles não podem ser classificados como inovadores.

A alternativa D está incorreta, pois o texto todo é bastante informal e direto. Não há
estranhamento na descrição da morte.

A alternativa E está incorreta, pois as exclamações não são frequentes no texto.

Gabarito: A

5. (ENEM/2018)

Cores do Brasil

Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques
Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do
Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira,
assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 44


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que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do


livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São
muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas
há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do
primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER SEBASTIÃO. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil.
Na organização desse trecho predomina o uso da sequência

A. injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.

B. argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.

C. narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.

D. descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.

E. expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

Comentários:

O texto aponta informações acerca do livro, deixando claro qual a sua constituição, por
que foi lançado, quantos artistas estão lá, o que é arte naïf etc. Assim, por ser um texto que
busca informar sobre esse tipo de arte, ele pode ser caracterizado como expositivo. A
alternativa correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois na injunção há uma tentativa de dar ordens ou


comandos ao leitor, o que não acontece aqui.

A alternativa B está incorreta, pois um texto argumentativo busca corroborar um ponto


de vista sobre algum assunto e aqui há apenas uma exposição de dados sobre o livro.

A alternativa C está incorreta, pois não há o aparecimento de discurso direto nesse


trecho.

A alternativa D está incorreta, pois não há aqui a presença marcante de adjetivos como
um texto descritivo demandaria.

Gabarito: E

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6. (ENEM/2017)

Doutor dos sentimentos

Veja quem é e o que pensa o português António Damásio, um dos maiores nomes da
neurociência atual, sempre em busca de desvendar os mistérios do cérebro, das emoções e
da consciência

Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos penteados para trás e costuma vestir terno
e gravata. A surpresa vem quando começa a falar. António Damásio não confirma em nada o
clichê que se tem de cientista. Preocupado em ser o mais didático possível, tenta,
pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que cabível, traduzir para os leigos
estudos complexos sobre o cérebro. Português, Damásio é um dos principais expoentes da
neurociência atual.

Diferentemente de outros neurocientistas, que acham que apenas a ciência tem


respostas à compreensão da mente, Damásio considera que muitas ideias não provêm
necessariamente daí. Para ele, um substrato imprescindível para entender a mente, a
consciência, os sentimentos e as emoções advém da vida intuitiva, artística e intelectual. Fora
dos meios científicos, o nome de Damásio começou a ser celebrado na década de 1990,
quando lançou seu primeiro livro, uma obra que fala de emoção, razão e do cérebro humano.

TREFAUT, M. P. Disponível em: http://revistaplaneta.terra.com.br. Acesso em: 2 set. 2014 (adaptado).

Na organização do texto, a sequência que atende à função sociocomunicativa de apresentar


objetivamente o cientista António Damásio é a

A. descritiva, pois delineia um perfil do professor.


B. injuntiva, pois faz um convite à leitura de sua obra.

C. argumentativa, pois defende o seu comportamento incomum.

D. narrativa, pois são contados fatos relevantes ocorridos em sua vida.

E. expositiva, pois traz as impressões da autora a respeito de seu trabalho.

Comentários:

O texto apresenta uma descrição a partir de adjetivos do perfil do professor Damásio.


Logo no início, já encontramos trechos como “Ele é baixo, usa óculos, tem cabelos brancos
penteados para trás e costuma vestir terno e gravata” e “Preocupado em ser o mais didático
possível, tenta, pacientemente, com certa graça e até ironia, sempre que cabível, traduzir para
os leigos estudos complexos sobre o cérebro”, caracterizando-o tanto física quanto
psicologicamente. Assim, a alternativa correta é alternativa A.

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A alternativa B está incorreta, pois não há a sugestão ou ordenamento de ações para o


leitor.

A alternativa C está incorreta, pois não há a defesa de um ponto de vista a partir de


argumentos.

A alternativa D está incorreta, pois descreve-se o professor, não se apontam fatos de


sua vida.

A alternativa E está incorreta, pois o texto não quer meramente informar, mas também
descrever.

Gabarito: A

7. (ENEM/2017)

Uma noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil.

Editora Planeta, 296 páginas.

Mas foi uma noite, aquela noite de sábado 21 de outubro de 1967, que parou o nosso
país. Parou pra ver a finalíssima do III Festival da Record, quando um jovem de 24 anos
chamado Eduardo Lobo, o Edu Lobo, saiu carregado do Teatro Paramount em São Paulo
depois de ganhar o prêmio máximo do festival com Ponteio, que cantou acompanhado da
charmosa e iniciante Marília Medalha.

Foi naquela noite que Chico Buarque entoou sua Roda viva ao lado do MPB-4 de Magro,
o arranjador. Que Caetano Veloso brilhou cantando Alegria, alegria com a plateia ao som das
guitarras dos Beat Boys, que Gilberto Gil apresentou a tropicalista Domingo no parque com
os Mutantes.

Aquela noite que acabou virando filme, em 2010, nas mãos de Renato Terra e Ricardo
Calil, agora virou livro. O livro que está sendo lançado agora é a história daquela noite,
ampliada e em estado que no jargão jornalístico chamamos de matéria bruta. Quem viu o filme
vai se deliciar com as histórias – e algumas fofocas – que cada um tem para contar, agora sem
os cortes necessários que um filme exige. E quem não viu o filme tem diante de si um livro de
histórias, pensando bem, de História.

VILLAS. A Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 18 jun. 2014 (adaptado).

Considerando os elementos constitutivos dos gêneros textuais circulantes na sociedade,


nesse fragmento de resenha predominam

A. caracterizações de personalidades do contexto musical brasileiro dos anos 1960.

B. questões polêmicas direcionadas à produção musical brasileira nos anos 1960.

C. relatos de experiências de artistas sobre os festivais de música de 1967.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 47


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D. explicações sobre o quadro cultural do Brasil durante a década de 1960.

E. opiniões a respeito de uma obra sobre a cena musical de 1967.

Comentários:

A resenha é um gênero textual que se propõe a analisar e opinar sobre alguma obra,
de qualquer natureza que seja. Aqui, o texto não só opina sobre o livro como também sobre
a matéria que o inspirou: uma edição do festival de música da Record. Assim, a alternativa
correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois não há a descrição como traço predominante, ainda
que ela apareça principalmente no parágrafo em que se falam dos artistas que participaram
da final.

A alternativa B está incorreta, pois não há o aprofundamento em polêmicas nesse


trecho, apenas fala-se sobre a importância dessa noite, sem entrar no mérito da censura à
música ou à perseguição a artistas nessa época.

A alternativa C está incorreta, pois isso aparece no livro, mas não está aqui na resenha.

A alternativa D está incorreta, pois não se explica o contexto da música brasileira nesse
período, apenas fala-se sobre a final de uma das edições dos festivais da canção.

Veja o que o Memorial da Resistência diz sobre os festivais de música durante o


regime militar:
A ERA DOS FESTIVAIS
A partir de 1965, os Festivais da Canção foram, ao mesmo tempo, um momento
extraordinário de explosão artística, um marco divisório na canção popular
brasileira – em torno dos festivais giravam todas as vertentes do nosso cancioneiro
– e alvo da repressão política. Em 1971, vários compositores liderados por
Gutemberg Guarabira, decidiram usar o festival como forma de protesto:
inscreveram canções e não entregaram as letras. O plano era aguardar até o último
momento do encerramento das inscrições e só então entregar as letras de uma vez
– todas contra a ditadura. A censura, porém, conseguiu brecar o movimento e, em
protesto, 12 compositores redigiram uma carta aberta à população e retiraram suas
canções do Festival: Paulinho da Viola, Edu Lobo, Egberto Gismonti, Vinicius de
Moraes, Toquinho, Chico Buarque, Ruy Guerra, Capinan, Sérgio Ricardo, Tom
Jobim, Marcos e Paulo Sérgio Valle. Os militares não tiveram dúvida: todos os
artistas foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional.
Fonte: http://memorialdademocracia.com.br/resistencia-cultural/musica

Gabarito: E

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8. (ENEM/2017)

TEXTO I

Frevo: Dança de rua e de salão, é a grande alucinação do Carnaval pernambucano. Trata-se


de uma marcha de ritmo frenético, que é a sua característica principal. E a multidão ondulando,
nos meneios da dança, fica a ferver. E foi dessa ideia de fervura (o povo pronuncia frevura,
frever) que se criou o nome frevo.

CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2001 (adaptado).

TEXTO II

Frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade

O frevo, ritmo genuinamente pernambucano, agora é do mundo. A música que


hipnotiza milhões de foliões e dá o tom do Carnaval no estado foi oficialmente reconhecida
como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O anúncio foi feito em Paris, nesta quarta-feira,
durante cerimônia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco).

Disponível em: www.diariodepernambuco.com.br. Acesso em: 14 jun. 2015.

Apesar de abordarem o mesmo tema, os textos I e II diferenciam-se por pertencerem a


gêneros que cumprem, respectivamente, a função social de

A. resumir e avaliar.

B. analisar e reportar.
C. definir e informar.

D. comentar e explanar.

E. discutir e conscientizar.

Comentários:

O primeiro trecho apresenta uma definição do que é o frevo. Partindo de uma


perspectiva histórica, o autor utiliza linguagem mais descritiva para definir o que é essa dança.
Repare que há inclusive uma estrutura de verbete: a palavra seguida de dois pontos e uma
descrição sobre o assunto.

Já no segundo trecho, vemos uma notícia: há o relato do momento em que o frevo se


torna patrimônio imaterial da humanidade. O objetivo aqui é informar acerca de algum fato.

Assim, as palavras que respectivamente representam os trechos são “definir” e


“informar”. A alternativa correta é alternativa C.

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PATRIMÔNIOS IMATERIAIS DO BRASIL

O Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) divide o patrimônio


imaterial do Brasil em quatro categorias:

- Saberes: aquilo que envolve o conhecimento sobre a feitura de algo, as práticas que levam
à criação de objetos, alimentos etc. Estão listados no livro de registro de saberes o modo
artesanal de fazer queijo de Minas, nas regiões do Serro e das Serras da Canastra e do Salitre;
o modo de fazer cuias do Baixo Amazonas; o modo de fazer viola de cocho; o modo de fazer
renda irlandesa do Sergipe; o ofício das baianas de acarajé; o ofício dos mestres de capoeira;
o ofício de sineiro; a produção tradicional e práticas socioculturais associadas à cajuína no
Piauí; os saberes e práticas associados aos modos de fazer bonecas carajá; e o sistema agrícola
tradicional do Rio Negro.

- Celebrações: eventos populares ligados à religião, os folguedos brasileiros. Estão listados


no livro de registro de celebrações o Círio de Nossa Senhora de Nazaré; o Complexo Cultural
do Bumba-Meu-Boi do Maranhão; a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty e a de
Pirenópolis; a Festa de Sant’Ana de Caicó; a Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim; as
Festividades do Glorioso São Sebastião na região do Marajó; e o Ritual yaokwa do povo
indígena enawenê-nawê.

- Formas de expressão: criações e práticas ligadas à cultura, artes nas suas mais variadas
formas, como música, performances, artes corporais etc. Estão listados no livro de registro de
formas de expressão o Carimbó; a Arte Kusiwa — pintura corporal e arte gráfica wajãpi Cavalo-
marinho ; o Fandango caiçara; o Frevo; o Jongo no Sudeste; o Maracatu-Nação e o Maracatu
de baque solto; as Matrizes do samba no Rio de Janeiro: partido alto, samba de terreiro e
samba-enredo; o toque dos sinos em Minas Gerais; a roda de capoeira; Rtixòkò: expressão
artística e cosmológica do povo carajá; o Samba de roda do Recôncavo Baiano; o tambor de
crioula do Maranhão; e o teatro de bonecos popular do Nordeste.

- Lugares: espaços físicos, não construídos. Locais na natureza que representam algo para
alguma população. Estão listados no livro de registro de lugares: a Cachoeira de Iauaretê —
lugar sagrado dos povos indígenas dos Rios Uaupés e Papuri; a Feira de Caruaru; e a Tava —
lugar de referência para o povo guarani

E a vaquejada?

Desde o fim de 2016, a vaquejada e o rodeio são considerados oficialmente como


manifestações da cultura nacional e patrimônio cultural imaterial, a partir da Lei 13.364/2016.
A decisão causa polêmica, pois para muitos grupos ativistas pela causa animal consideram
que são práticas de tortura aos animais. Por outro lado, muitos grupos afirmam que são
eventos que movimentam muito dinheiro e que a economia local depende deles.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 50


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Em 2019 foi publicada a Lei 13873/19 que regulamentou as práticas, passando a


reconhecê-las como práticas esportivas e equestres tradicionais. A lei apenas exige que se
trate do bem-estar dos animais em relação à água, alimentação e local para descanso.

As práticas seguem sendo vistas como reprováveis por muitos grupos da sociedade.
Você deve ficar atento a esse tipo de situação recente em que há discordância profunda
entre grupos, envolvendo a aprovação ou não de leis. São assuntos que podem
potencialmente aparecer em sua prova.

Gabarito: C

9. (ENEM/2016)

Receita

Tome-se um poeta não cansado,

Uma nuvem de sonho e uma flor,

Três gotas de tristeza, um tom dourado,

Uma veia sangrando de pavor.

Quando a massa já ferve e se retorce

Deita-se a luz dum corpo de mulher,

Duma pitada de morte se reforce,

Que um amor de poeta assim requer.

SARAMAO. J. Os poemas possíveis. Alfragide: Caminho, 1997.

Os gêneros textuais caracterizam-se por serem relativamente estáveis e podem reconfigurar-


se em função do propósito comunicativo. Esse texto constitui uma mescla de gêneros, pois

A. introduz procedimentos prescritivos na composição do poema.

B. explicita as etapas essenciais à preparação de uma receita.

C. explora elementos temáticos presentes em uma receita.

D. apresenta organização estrutural típica de um poema.

E. utiliza linguagem figurada na construção do poema.

Comentários:

O poema é intitulado “Receita” isso sugere que ele irá indicar uma série de
procedimentos a serem seguidos para se alcançar algum objetivo – no caso, a composição de

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 51


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um poema. Ele faz uso, por exemplo, de verbos no imperativo, traço característico de textos
injuntivos. Assim, o poema adiciona características de injunção a um texto literário poético.
Assim, a alternativa correta é alternativa A.

A alternativa B está incorreta, pois a receita aqui é a construção de um poema, não uma
receita comum.

A alternativa C está incorreta, pois o poeta explora a forma e a linguagem,


principalmente os imperativos, não o tema.

A alternativa D está incorreta, pois a estrutura é uma mistura entre poema e receita.

A alternativa E está incorreta, pois a linguagem figurada é típica do texto poético, não
configura mescla de gêneros.

Gabarito: A

10. (ENEM/2016)

O humor e a língua

Há algum tempo, venho estudando as piadas, com ênfase em sua constituição


linguística. Por isso, embora a afirmação a seguir possa parecer surpreendente, creio que
posso garantir que se trata de uma verdade quase banal: as piadas fornecem simultaneamente
um dos melhores retratos dos valores e problemas de uma sociedade, por um lado, e uma
coleção de fatos e dados impressionantes para quem quer saber o que é e como funciona
uma língua, por outro. Se se quiser descobrir os problemas com os quais uma sociedade se
debate, uma coleção de piadas fornecerá excelente pista: sexualidade, etnia/raça e outras
diferenças, instituições (igreja, escola, casamento, política), morte, tudo isso está sempre
presente nas piadas que circulam anonimamente e que são ouvidas e contadas por todo
mundo em todo o mundo. Os antropólogos ainda não prestaram a devida atenção a esse
material, que poderia substituir com vantagem muitas entrevistas e pesquisas participantes.
Saberemos mais a quantas andam o machismo e o racismo, por exemplo, se pesquisarmos
uma coleção de piadas do que qualquer outro corpus.

POSSENTI, S. Ciência Hoje, n. 176, out. 2001 (adaptado).

A piada é um gênero textual que figura entre os mais recorrentes na cultura brasileira,
sobretudo na tradição oral. Nessa reflexão, a piada é enfatizada por

A. sua função humorística.


B. sua ocorrência universal.

C. sua diversidade temática.

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D. seu papel como veículo de preconceitos.

E. seu potencial como objeto de investigação.

Comentários:

O texto aponta que a partir da piada pode-se compreender não só sobre a língua da
época – já que a piada parte de duplos sentidos e ambiguidades – como também as questões
que preocupam aquela sociedade – como gênero, raça, classe etc. O texto ainda aponta que
os antropólogos não estão prestando atenção suficiente a esse tipo de produção em seu
potencial como objeto de investigação. Assim, a alternativa correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois a função humorística é a parte menos importante


para o texto.

A alternativa B está incorreta, pois segundo o texto, a piada é fruto de um contexto


específico, não podendo assim ser universal.

A alternativa C está incorreta, pois ainda que ela possa versar sobre vários temas, o
importante na piada é o que ela demonstra sobre a sociedade.

A alternativa D está incorreta, pois a piada apenas demonstra os preconceitos da


sociedade e deve ser entendida dessa maneira, não como se ela fosse um problema isolado.

Gabarito: E

11. (ENEM/2016)

Grupo transforma pele humana em neurônios

Um grupo de pesquisadores dos EUA conseguiu alterar células extraídas da pele de


uma mulher de 82 anos sofrendo de uma doença nervosa degenerativa e conseguiu
transformá-las em células capazes de se transformarem virtualmente em qualquer tipo de
órgão do corpo. Em outras palavras, ganharam os poderes das células-tronco pluripotentes,
normalmente obtidas a partir da destruição de embriões.

O método usado na pesquisa, descrita hoje na revista Science, existe desde o ano
passado, quando um grupo liderado pelo japonês Shinya Yamanaka criou as chamadas iPS
(células-tronco de pluripotência induzida). O novo estudo, porém, mostra pela primeira vez
que é possível aplicá-lo a células de pessoas doentes, portadoras de esclerose lateral
amiotrófica (ELA), mal que destrói o sistema nervoso progressivamente.

“Pela primeira vez, seremos capazes de observar células com ELA ao microscópio e ver
como elas morrem”, disse Valerie Estess, diretora do Projeto ALS (ELA, em inglês), que

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financiou parte da pesquisa. Observar em detalhes a degeneração pode sugerir novos


métodos para tratar a ELA.

KOLNERKEVIC, I. Folha de S. Paulo. 1 ago. 2008 (adaptado).

A análise dos elementos constitutivos do texto e a identificação de seu gênero permitem ao


leitor inferir que o objetivo do autor é

A. apresentar a opinião da diretora do Projeto ALS.

B. expor a sua opinião como um especialista no tema.

C. descrever os procedimentos de uma experiência científica.

D. defender a pesquisa e a opinião dos pesquisadores dos EUA.

E. informar os resultados de uma nova pesquisa feita nos EUA.

Comentários:

A notícia tem como objetivo informar os avanços das pesquisas acerca do tratamento e
Esclerose lateral amiotrófica. Ela aponta que um grupo de pesquisadores americanos
realizaram uma nova pesquisa que trouxe bons resultados para o tratamento. Assim, a
alternativa correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois o relato da pesquisadora não é sua opinião, mas sim
a apresentação de resultados.

A alternativa B está incorreta, pois o aturo não se julga especialista no tema, ainda que
relate a fala de especialistas.

A alternativa C está incorreta, pois o que temos no texto é uma breve descrição dos
processos da pesquisa apontada, não uma descrição de metodologia científica de pesquisa.

A alternativa D está incorreta, pois, assim como em A, não há a opinião dos


pesquisadores, mas sim a apresentação de resultados da pesquisa.

Gabarito: E

12. (ENEM/2015)

Embalagens usadas e resíduos devem ser descartados adequadamente

Todos os meses são recolhidas das rodovias brasileiras centenas de milhares de


toneladas de lixo. Só nos 22,9 mil quilômetros das rodovias paulistas são 41,5 mil toneladas.
O hábito de descartar embalagens, garrafas, papéis e bitucas de cigarro pelas rodovias
persiste e tem aumentado nos últimos anos. O problema é que o lixo acumulado na rodovia,
além de prejudicar o meio ambiente, pode impedir o escoamento da água, contribuir para as

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enchentes, provocar incêndios, atrapalhar o trânsito e até causar acidentes. Além dos perigos
que o lixo representa para os motoristas, o material descartado poderia ser devolvido para a
cadeia produtiva. Ou seja, o papel que está sobrando nas rodovias poderia ter melhor destino.
Isso também vale para os plásticos inservíveis, que poderiam se transformar em sacos de lixo,
baldes, cabides e até acessórios para os carros.

Disponível em: www.girodasestradas.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

Os gêneros textuais correspondem a certos padrões de composição de texto, determinados


pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade.
Pela leitura do texto apresentado, reconhece-se que sua função é

A. apresentar dados estatísticos sobre a reciclagem no país.

B. alertar sobre os riscos da falta de sustentabilidade do mercado de recicláveis.

C. divulgar a quantidade de produtos reciclados retirados das rodovias brasileiras.

D. revelar os altos índices de acidentes nas rodovias brasileiras poluídas nos últimos anos.

E. conscientizar sobre a necessidade de preservação ambiental e de segurança nas


rodovias.

Comentários:

O texto é informativo, uma reportagem que visa a conscientização das pessoas acerca
da necessidade de preservação ambiental e de segurança nas rodovias, apontando os
problemas advindos do descarte indevido de resíduos plásticos e papel. Assim, a alternativa
correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois os dados são apenas uma das informações acessadas
para buscar a conscientização das pessoas.

A alternativa B está incorreta, pois os riscos apontados são do descarte não do mercado
de recicláveis.

A alternativa C está incorreta, pois o objetivo é conscientizar a população, não divulgar


os números.

A alternativa D está incorreta, pois os acidentes são apenas uma informação


apresentada para reforçar a tentativa de conscientização da população.

Gabarito: E

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13. (ENEM/2015)

Em primeiro lugar gostaria de manifestar os meus agradecimentos pela honra de vir


outra vez à Galiza e conversar não só com os antigos colegas, alguns dos quais fazem parte da
mesa, mas também com novos colegas, que pertencem à nova geração, em cujas mãos, com
toda certeza, está também o destino do Galego na Galiza, e principalmente o destino do
Galego incorporado à grande família lusófona.

E, portanto, é com muito prazer que teço algumas considerações sobre o tema
apresentado. Escolhi como tema como os fundadores da Academia Brasileira de Letras viam
a língua portuguesa no seu tempo. Como sabem, a nossa Academia, fundada em 1897, está
agora completando 110 anos, foi organizada por uma reunião de jornalistas, literatos, poetas
que se reuniam na secretaria da Revista Brasileira, dirigida por um crítico literário e por um
literato chamado José Veríssimo, natural do Pará, e desse entusiasmo saiu a ideia de se criar a
Academia Brasileira, depois anexada ao seu título: Academia Brasileira de Letras.

Nesse sentido, Machado de Assis, que foi o primeiro presidente desde a sua
inauguração até a data de sua morte, em 1908, imaginava que a nossa Academia deveria ser
uma academia de Letras, portanto, de literatos.

BECHARA, E. Disponível em: www.academiagalega.org. Acesso em: 31 jul. 2012.

No trecho da palestra proferida por Evanildo Bechara, na Academia Galera da Língua


Portuguesa, verifica-se o uso de estruturas gramaticais típicas da norma padrão da língua. Esse
uso

A. torna a fala inacessível aos não especialistas no assunto abordado.


B. contribui para a clareza e a organização da fala no nível de formalidade esperado para
a situação.

C. atribui à palestra características linguísticas restritas à modalidade escrita da língua


portuguesa.

D. dificulta a compreensão do auditório para preservar o caráter rebuscado da fala.

E. evidencia distanciamento entre o palestrante e o auditório para atender os objetivos do


gênero palestra.

Comentários:

O uso da norma culta da linguagem é fundamental em um texto do gênero da palestra,


que entra na categoria de textos didáticos. Nesse tipo de texto, o importante é manter a
clareza para que as informações sejam compreendidas sem dúvidas ou ambiguidades. Além

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disso, uma palestra é um evento formal. Por isso, a linguagem tende a ser mais formal. Assim,
a alternativa correta é alternativa B.

A alternativa A está incorreta, pois ainda que esteja falando de acordo com a norma
culta, seu léxico não é difícil ou desconhecido.

A alternativa C está incorreta, pois, dependendo da situação, também é possível manter


a formalidade na fala.

A alternativa D está incorreta, pois o objetivo aqui é que a fala seja compreendida por
todos, não que não se compreenda. Não há rebuscamento na fala.

A alternativa E está incorreta, pois em uma palestra não se deve buscar o afastamento
das pessoas, mas sim a proximidade para que elas possam compreender.

Gabarito: B

14. (ENEM/2015)

Exmº Sr. Governador:

Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em
1928.

[…]

ADMINISTRAÇÃO

Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para


eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não
ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas
ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são
badalados. Porque se derrubou a Bastilha – um telegrama; porque se deitou pedra na rua –
um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama.

Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929.

GRACILIANO RAMOS

RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962.

O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e
é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção
por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor

A. emprega sinais de pontuação em excesso.

B. recorre a termos e expressões em desuso no português.

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C. apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o


destinatário.

D. privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado.

E. expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga emocional.

Comentários:

Apesar de ser um texto oficial, o documento é contaminado por uma linguagem mais
subjetiva, possivelmente por conta da outra profissão de Graciliano Ramos: a de escritor.
Assim, ainda que não seja comum nesse gênero de texto, Graciliano adiciona uma carga
emocional forte ao falar sobre questões orçamentárias. Assim, a alternativa correta é
alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois não há nada de incomum em muitos sinais de


pontuação em textos de gênero mais protocolar.

A alternativa B está incorreta, pois o texto é do início do século XX, período em que
diversas dessas palavras ainda eram comuns ao léxico.

A alternativa C está incorreta, pois o autor não busca intimidade com o interlocutor,
apenas escreve de maneira poética.

A alternativa D está incorreta, pois os termos técnicos não estariam em


desconformidade com esse gênero textual.

Gabarito: E

15. (ENEM/2014)

Mães

Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento
raro — em seu texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem).

Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a
procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo materno,
ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter
retribuído plenamente o amor que receberam.

Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012.

Os gêneros textuais desempenham uma função social específica, em determinadas situações


de uso da língua, em que os envolvidos na interação verbal têm um objetivo comunicativo.
Considerando as características do gênero, a análise do texto Mães revela que sua função é

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A. ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, especialmente na velhice.

B. influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer agir segundo um modelo


sugerido.

C. informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e necessidades.

D. avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal ou de revista.

E. apresentar nova publicação, visando divulgá-la para leitores de jornal.

Comentários:

O texto em questão faz uma espécie de resenha/comentário acerca de outro texto. Ele
tem o objetivo de fazer juízos de valor (“Triste, mas verdadeira) e avaliar a matéria publicada
anteriormente. Assim, a alternativa correta é alternativa D.

A alternativa A está incorreta, pois não há a indicação de quais cuidados se deve ter
com as mães, apenas a indicação que alguns filhos se sentem responsáveis por cuidar das
mães mais velhas.

A alternativa B está incorreta, pois o texto é apenas um comentário, uma constatação,


não buscando influenciar os leitores.

A alternativa C está incorreta, pois não se entra no mérito dos sentimentos dos idosos
tampouco os cuidados que demandam e suas necessidades.

A alternativa E está incorreta, pois o texto aponta que o texto analisado já foi publicado,
ou seja, não é novo.

Gabarito: D

16. (ENEM/2013)

Disponível em: www.quiosqueazul.blogspot.com. Acesso em: 25 out. 2011.

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O cartão-postal é um gênero textual geralmente usado por turistas quando estão viajando,
para enviar, aos que ficaram, imagens dos lugares visitados. Entretanto, o cartão-postal
apresentado é uma peça publicitária, e reconhece-se nela a intenção de

A. apresentar uma paisagem de um local específico, conteúdo recorrente em um cartão-


postal.

B. incentivar as pessoas de uma cidade a enviar cartões-postais umas para as outras.

C. instituir um novo tipo de cartão-postal, o virtual, a ser comercializado em um site da


internet.

D. fazer propaganda de um ponto turístico romântico específico, atraindo a visitação por


casais.

E. comemorar a data da instituição do cartão-postal no Brasil, ainda na época do Império.

Comentários:

A peça publicitária em questão visa a comemoração do Dia do Cartão-postal no Brasil.


Ela se vale da forma do cartão-postal, porém o conteúdo é publicitário. Assim, a alternativa
correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois aqui não há um destaque para a paisagem como
parte da mensagem, como num cartão postal.

A alternativa B está incorreta, pois não há necessariamente o incentivo, apenas uma


homenagem.

A alternativa C está incorreta, pois em nenhum momento fala-se sobre novos modos de
envio ou escrita de cartões-postais.

A alternativa D está incorreta, pois a propaganda é sobre uma data comemorativa, não
um ponto turístico romântico.

Gabarito: E

17. (ENEM/2012)

Entrevista com Marcos Bagno

Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da


língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da
língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar de “haver”,
como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da
história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 60


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No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas


desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até
hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos dos nossos ex-
colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos
decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas:
regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma
língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua
diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz
sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora.

Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo
o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos
mais falantes de português do que em toda a Europa!

Informativo Parábola Editorial. s/d.

Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma
padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele

A. adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista
requer o uso da norma padrão.

B. apresenta argumentos carentes de comprovação cientifica e, por isso, defende um


ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto.

C. propõe que o padrão normativo deve ser usado por falantes escolarizados como ele,
enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados.
D. acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a
incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu.

E. defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para


acabar com a hegemonia do antigo colonizador.

Comentários:

A entrevista é um texto escrito, com o objetivo de apresentar as falas, opiniões e


apontamentos de alguma pessoa. Como texto jornalístico informativo, ela deve ser escrita de
acordo com a norma culta, para garantir a compreensão de todos. Isso não exclui o fato,
porém, de que o autor defende que não se podem excluir os diversos modos de falar o
português ou hierarquizar-se o que seria certo e errado. Na fala, na oralidade, há muitas outras
opções para além da norma culta. A alternativa correta é alternativa A.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 61


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A alternativa B está incorreta, pois o autor embasa sua fala a partir de registros escritos,
documentos históricos que comprovam seu ponto.

A alternativa C está incorreta, pois o que o autor defende é que não se pode aceitar
apenas uma norma em detrimento de outros modos de falar, não fazendo referência a quem
são as pessoas que falam cada uma delas preferencialmente.

A alternativa D está incorreta, pois o autor diz achar que não faz sentido incorporar os
modos de falar da Europa como mais corretos, sendo que há uma população muito maior no
Brasil e que esta tem suas próprias regras.

A alternativa E está incorreta, pois ele aponta que apenas em São Paulo já há um número
maior de falantes do português do que na Europa.

Gabarito: A

18. (ENEM/2011)

A discussão sobre "o fim do livro de papel" com a chegada da mídia eletrônica me
lembra a discussão idêntica sobre a obsolescência do folheto de cordel. Os folhetos talvez
não existam mais daqui a 100 ou 200 anos, mas, mesmo que isso aconteça, os poemas de
Leandro Gomes de Barros ou Manuel Camilo dos Santos continuarão sendo publicados e lidos
— em CD-ROM, em livro eletrônico, em "chips quânticos", sei lá o quê. O texto é uma espécie
de alma imortal, capaz de reencarnar em corpos variados: página impressa, livro em Braille,
folheto, "coffee-table book", cópia manuscrita, arquivo PDF… Qualquer texto pode se
reencarnar nesses (e em outros) formatos, não importa se é Moby Dick ou Viagem a São Saruê,
se é Macbeth ou O livro de piadas de Casseta & Planeta.

TAVARES, B. Disponível em: http://jornaldaparaiba.globo.com.

Ao refletir sobre a possível extinção do livro impresso e o surgimento de outros suportes em


via eletrônica, o cronista manifesta seu ponto de vista, defendendo que

A. o cordel é um dos gêneros textuais, por exemplo, que será extinto com o avanço da
tecnologia.

B. o livro impresso permanecerá como objeto cultural veiculador de impressões e de


valores culturais.

C. o surgimento da mídia eletrônica decretou o fim do prazer de se ler textos em livros e


suportes impressos.

D. os textos continuarão vivos e passíveis de reprodução em novas tecnologias, mesmo


que os livros desapareçam.

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 62


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E. os livros impressos desaparecerão e, com eles, a possibilidade de se ler obras literárias


dos mais diversos gêneros.

Comentários:

O autor do texto defende que, independentemente do meio de difusão, os textos


seguem vivos. Um mesmo texto pode aparecer tanto no formato de livro quanto de PDF, por
exemplo. Assim, mesmo que o formato livro de papel desapareça, os conteúdos dos livros, os
textos, não desaparecem, pois adaptam-se às novas tecnologias. Assim, a alternativa correta
é alternativa D.

A alternativa A está incorreta, pois o autor afirma que ainda que o folheto de cordel
suma, o texto do cordel permanece em outras mídias.

A alternativa B está incorreta, pois o autor não dá garantias de que o formato livro de
papel continuará existindo para todo o sempre, mas sim sobre a permanência dos textos.

A alternativa C está incorreta, pois o prazer de ler livros de papel não está em questão
no texto.

A alternativa E está incorreta, pois é possível ler obras literárias em diversos formatos,
não apenas nos livros de papel.

Gabarito: D

19. (ENEM/2011)

Veja. 27 abr. 2011 (adaptado).

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Os textos pertencem a gêneros em razão de configurações e de propósitos comunicativos


específicos, os quais revelam sua função social. O texto em análise apresenta-se como

A. uma peça publicitária, uma vez que promove o produto de uma instituição financeira.

B. um panfleto, porque visa a orientar a população para desenvolver práticas ecológicas.

C. um manifesto de ambientalistas, já que denuncia o desperdício de água pela


população.

D. uma reportagem, pois busca conscientizar a população para a necessidade de poupar


água.

E. uma notícia, pois informa a criação de um banco para cuidar de recursos hídricos.

Comentários:

A peça apresentada é visa promover um produto de uma instituição financeira: você


troca os litros economizados de água na sua conta por vantagens como descontos em sites
de compras. Assim, a alternativa correta é alternativa A.

A alternativa B está incorreta, pois ainda que ele oriente práticas ecológicas, o objetivo
é a oferta de um serviço, não a simples conscientização.

A alternativa C está incorreta, pois a propaganda é de uma espécie de banco, não é um


manifesto. O manifesto é um gênero argumentativo.

A alternativa D está incorreta, pois, assim como em B, o objetivo é a oferta de um


serviço, não a simples conscientização.

A alternativa E está incorreta, pois não há a informação, o relato da criação do banco,


mas sim uma explicação de como ele funciona.

Gabarito: A

20. (ENEM/2010)

Câncer 21/06 a 21/07

O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças na sua autoestima e no seu modo
de agir. O corpo indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a área gástrica se
ressentirá. O que ficou guardado virá à tona, pois este novo ciclo exige uma “desintoxicação”.
Seja comedida em suas ações, já que precisará de energia para se recompor. Há preocupação
com a família, e a comunicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra preciosa é palavra
dita na hora certa. Isso ajuda também na vida amorosa, que será testada. Melhor conter as
expectativas e ter calma, avaliando as próprias carências de modo maduro. Sentirá vontade
de olhar além das questões materiais – sua confiança virá da intimidade com os assuntos da
alma.

(Revista Cláudia. Nº 7, ano 48, jul. 2009)

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 64


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O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais, seu contexto de uso, sua função
específica, seu objetivo comunicativo e seu formato mais comum relacionam-se aos
conhecimentos construídos sócio culturalmente. A análise dos elementos constitutivos desse
texto demonstra que sua função é

A. Vender um produto anunciado.

B. Informar sobre astronomia.

C. Ensinar os cuidados com a saúde.

D. Expor a opinião de leitores em um jornal.

E. Aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.

Comentário:

O horóscopo se apresenta como um texto injuntivo já que aconselha o comportamento


do leitor e fornece sugestões de ação, além do uso constante de verbos no imperativo. A
alternativa correta é alternativa E.

A alternativa A está incorreta, pois não há propósito de consumo, mas sim de sugestão
de comportamento.

A alternativa B está incorreta, pois não é um texto didático de astronomia, mas sim um
texto baseado em astrologia.

A alternativa C está incorreta, pois as referências à saúde aparecem em uso metafórico


(engolir sapos e área gástrica, por exemplo).

A alternativa D está incorreta, pois não se refere às opiniões dos leitores, mas sim da
percepção do astrólogo sobre o momento.

Gabarito: E

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 65


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Chegamos ao fim de nossa aula de hoje. Na próxima, falaremos de um assunto muito


próximo desse: as funções da linguagem, que se relacionam diretamente com o tema desta
aula. Vai ser como que uma continuidade. Bora que só bora e um excelente estudo para vocês!

Folha de versão: 25/01/2022

AULA 04 – Tipos e Gêneros Textuais 66

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