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RECONHECIMENTO DE TIPOS
E DE GÊNEROS TEXTUAIS
Capítulo 05
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RECONHECIMENTO
.
DE TIPOS E
DE GÊNEROS TEXTUAIS
Os tipos textuais baseiam-se em estudos e conceitos acadêmicos e não são usadas, na prática, no pro-
cesso comunicativo.

Os gêneros textuais, por sua vez, materializam-se no dia a dia, são os textos usados no cotidiano, com-
põem todo e qualquer processo comunicativo, sendo, na prática, importantíssimos para um futuro uni-
versitário, que passará anos na graduação redigindo textos, expondo teses, apresentando trabalhos, dis-
cursando etc.

Vejamos o conceito de gênero:

É o estudo de certos padrões de composição de texto determinados pelo contexto em que são produzi-
dos, pelo público a quem se destinam, por sua finalidade etc.

São exemplos de gêneros textuais: crônica, conto, fábula, romance, editorial, artigo de opinião, manifes-
to, relatório, discurso (político, de formatura) etc.

Qualquer texto, oral ou escrito, filia-se a um gênero textual, porém, como os gêneros textuais estão
intimamente ligados ao uso que as pessoas fazem da linguagem, eles não são estáticos; passam por mu-
danças constantes, e há – inclusive – o surgimento de novos gêneros textuais. Como exemplo, tem-se o
surgimento dos ‘infogêneros’ (gêneros textuais que surgiram da comunicação via internet).

Quando se produz um texto (qualquer que seja o gênero), precisa-se decidir por narrar um acontecimen-
to, expor ideias, descrever um objeto ou cena, argumentar, ou dar instruções. Em cada um desses casos,
deve-se recorrer a estruturas específicas de cada tipologia textual, por isso todo texto possui um gênero
textual específico e possui também uma tipologia textual predominante.

Os gêneros subdividem-se basicamente da seguinte forma:

1. GÊNEROS ARGUMENTATIVOS 2. GÊNEROS DESCRITIVOS

3. GÊNEROS NARRATIVOS 4. GÊNEROS INJUNTIVOS

5. GÊNEROS EPISTOLARES

GÊNEROS ARGUMENTATIVOS
Os gêneros argumentativos são aqueles que pretendem estabelecer uma discussão reflexiva sobre de-
terminado tema a fim de convencer o leitor de que a tese defendida é a ideal. Mesmo que não consiga
convencê-lo, deve o texto argumentativo levar o leitor a um raciocínio crítico sobre o assunto abordado.

Os textos argumentativos têm em comum a estrutura da dissertação: introdução, desenvolvimento e


conclusão.
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Introdução:
É o parágrafo inicial do texto argumentativo. É de fundamental importância, pois contextualiza o leitor so-
bre a temática que será abordada no texto e a quais elementos dentro do tema será dada a ênfase. Possui
característica expositiva-argumentativa, sugere qual será a linha argumentativa a ser desenvolvida.

Desenvolvimento:
É a exposição de elementos que irão fundamentar a tese exposta na introdução. Nesse ponto, há a pre-
sença, em massa, de marcadores argumentativos.
O parágrafo de desenvolvimento é composto de um tópico frasal (o argumento em si) mais o desenvol-
vimento que ratifique tal .

ARGUMENTO: – relação de causa/consequência, adversidade, explicação, adição enfática, exemplifica-


ção etc.

Conclusão:
É a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que
já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter, de forma sintética, o
objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica
empregada no desenvolvimento. É o fecho do texto.

GÊNEROS DESCRITIVOS
São aqueles cuja característica reside no fato de haver predominância textual de sintagmas ligados à
relação “substantivo/adjetivo”.

Os principais gêneros descritivos são os laudos médicos, as notificações de trânsito etc.

GÊNEROS NARRATIVOS
Para que possamos estudar os gêneros narrativos, é necessário que vejamos o conceito de narração e
seus componentes.

A palavra narração designa o ato de narrar, ou seja, o ato de relatar, de contar uma história. Narrar é re-
latar um acontecimento ou uma série de acontecimentos (reais ou imaginários), mais ou menos sequen-
ciados, em que personagens se movimentam em certo espaço à medida que o tempo passa (em relação
à narrativa: anterior, posterior e concomitante e durativo).

- Os elementos que compõem a narração são:

• Narrador: é a categoria narrativa por meio da qual o autor conta a história. Não se confunde narrador
com autor. Pode, em linhas gerais, ser observador ou onisciente. Há ainda o foco narrativo, que pode ser
em 1° ou 3° pessoa.

• Enredo: trama; conflito; sequência de ações interligadas que compõem a narrativa. Pode ser linear ou
não linear.
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• Personagens: seres (personificados) que desempenhas as ações que compõem a narrativa. Podem ser
principais (protagonista ou antagonista) ou coadjuvantes e podem ser apresentados de forma direta ou
indireta.

• Espaço: é o ambiente em que as ações se descrevem. Elemento importantíssimo, junto ao tempo, para
a criação do contexto da história.

• Tempo: além de indicar anterioridade, posterioridade e concomitância das ações em relação à narrati-
va, o tempo é importantíssimo para a disposição das ações no enredo e para que se entenda o contexto
histórico em que a narração está inserida. Pode ser cronológico ou psicológico.

›› texto narrativo possui a seguinte estrutura:

• Apresentação: parte em que se apresentam alguns personagens e se expõem algumas circunstâncias


da história, como o momento e o lugar em que a ação se desenvolverá. O autor, de certa maneira, cria um
cenário e marca o tempo para o início das ações dos personagens.

• Complicação: aqui se inicia propriamente a ação. Algo acontece, por algum motivo, ou algum perso-
nagem toma alguma atitude que pode causar transformações no ou nos episódios iniciais. Esse processo
de transformação leva ao clímax.

• Clímax: ponto crítico máximo da história.

• Desfecho ou desenlace: solução do conflito conduzido pelas ações dos personagens, ou seja, restabe-
lecimento do equilíbrio..

GÊNEROS INJUNTIVOS
São aqueles cuja finalidade é a de instruir, ordenar ou determinar o cumprimento de determinada atividade.

Os principais gêneros injuntivos são receita médica, os pedidos da petição inicial e o dispositivo de
uma sentença.

GÊNEROS EPISTOLARES
Aqui, iniciaremos o estudo dos gêneros textuais que tendem a ter não um conteúdo, mas sim uma estru-
tura em comum: as cartas.

Segundo a LEI Nº 6.538, DE 22 DE JUNHO DE 1978 (Lei dos Serviços Postais), carta é objeto de corres-
pondência, com ou sem envoltório, sob a forma de comunicação escrita, de natureza administrativa,
social, comercial, ou qualquer outra, que contenha informação de interesse específico do destinatário.

Como as cartas possuem conteúdo variado, o que irá aproximá-las é a estrutura e não a temática.
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Depois de termos uma teoria geral sobre tipos e gêneros, vejamos os dois gêneros que geralmente
são mais cobrados em provas.

CRÔNICA
Crônica é uma narrativa breve, de caráter reflexivo-interpretativo, que parte de assuntos cotidianos, a
fim de levar o leitor a uma reflexão (geralmente com humor e ironia).

›› CARACTERÍSTICAS GERAIS:

A crônica é um texto de caráter reflexivo e interpretativo, que parte de um assunto do cotidiano, um


acontecimento banal, sem significado aparentemente relevante.

É um texto subjetivo, pois apresenta a perspectiva do seu autor, podendo ser irônico ou humorístico.

É um texto breve e surge sempre assinado numa página fixa do jornal.

›› CARACTERÍSTICAS QUANTO AO DISCURSO:

• Texto curto e inteligível (de imediata percepção).


• Apresenta marcas de subjetividade – discurso na 1ª e 3ª pessoa;
• Pode comportar diversos modos de expressão, isoladamente ou em simultâneo:

- narração;
- descrição;
- contemplação / efusão lírica;
- comentários;
- reflexão.

›› CARACTERÍSTICAS QUANTO À LINGUAGEM:

• Linguagem com duplos sentidos / jogos de palavras/ conotações;


• Utiliza a ironia;
• Registro de língua corrente (marcas de coloquialidade);
• Discurso que vai do oralizante ao literário;
• Predominância da função emotiva da linguagem sobre a informativa;
• Vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção do autor;
• Pontuação expressiva;
• Emprego de recursos estilísticos.

›› CARACTERÍSTICAS QUANTO À TEMÁTICA:

• Aborda aspectos da vida social e cotidiana;


• Transmite os contrastes do mundo em que vivemos de maneira crítica, irônica e, muitas vezes, com humor;
• Apresenta episódios reais ou fictícios – verossímeis, porém.

É bom lembrar que a crônica é, hoje, um texto de forma livre. Não pode ser caracterizada apenas como
um tipo de narração. Existem as crônicas argumentativas, muito comuns em telejornais, e outras que
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misturam tipologias. O autor de uma crônica possui total liberdade de produção, exceto se ele for um
vestibulando, pois, nesse caso, deve ele se utilizar das características supracitadas. Veja, abaixo, alguns
tipos de crônica.

ESPÉCIES DE CRÔNICA
Crônica Narrativa
Tem por eixo uma história, o que a aproxima do conto. Pode ser narrado tanto na 1ª quanto na 3ª pessoa do
singular. Texto lírico (poético, mesmo em prosa). Comprometido com fatos cotidianos ("banais", comuns).

Crônica Argumentativa
Opinião explícita, com argumentos mais "sentimentalistas" do que "racionais" (em vez de "segundo o
IBGE a mortalidade infantil aumenta no Brasil", seria "vejo mais uma vez esses pequenos seres não ali-
mentarem sequer o corpo"). Exposto tanto na 1ª pessoa do singular quanto na do plural.

Crônica Narrativo-Descritiva
É quando uma crônica explora a caracterização de seres, descrevendo-os. E, ao mesmo tempo mostra
fatos cotidianos ("banais", comuns) no qual pode ser narrado em 1ª ou na 3ª pessoa do singular. Ela é
baseada em acontecimentos diários.

Crônica Humorística
Deve ter algo que chame a atenção do leitor assim como um pouco de humor. É sempre bom ter poucos
personagens e apresentar tempo e espaços reduzidos. A linguagem é próxima do informal. Visão irônica
ou cômica de fatos apresentados.

Crônica Lírica
Apresenta uma linguagem poética e metafórica. Nela predominam emoções, os sentimentos (paixão,
nostalgia e saudades), traduzidos numa atitude poética.
Crônica Poética
Apresenta versos poéticos em forma de crônica,expressando sentimentos e reações de um determi-
nado assunto.

Crônica Jornalística
Apresentação de noticias ou factos baseados no cotidiano. Pode ser policial, desportiva, etc...

Crônica Histórica
Baseada em fatos reais, ou fatos históricos.

"Minha geração se formou muito na leitura de bons cronistas" Humberto Werneck


Assim, de maneira prática, você que já estudou a dissertação argumentativa aqui no Instituto Carlos An-
dré, já sabe os princípios, os aspectos formais e os aspectos materiais desse texto. Agora, façamos uma
comparação entre a dissertação e o artigo de opinião:
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ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião é um texto escrito para ser publicado em jornais e revistas, e traz reflexões a respeito
de um tema atual de interesse do grande público. Nesse gênero, o autor desenvolve um ponto de vista a
respeito do tema com argumentos sustentados por informações e opiniões que se complementam ou se
opõem. No texto, predominam sequências expositivo-argumentativas.

Trata-se do texto em que, a partir de uma questão polêmica, o articulista (redator), em um tom de con-
vencimento, apresenta seu ponto de vista sobre a questão, usando o poder da argumentação, defenden-
do, exemplificando, justificando ou desqualificando posições.

É um texto argumentativo extremamente pessoal, em que o autor não só pode, como deve se utilizar de
marcadores linguísticos de pessoalidade (adjetivos e advérbios). Dada a pessoalidade do gênero, o artigo
de opinião é sempre assinado pelo escritor e as opiniões ali transmitidas não são de responsabilidade do
meio de divulgação (revista, jornal etc.), mas sim do próprio redator.

Recomenda-se que seja utilizada, no artigo de opinião, a mesma estrutura do texto dissertativo.

• PRINCÍPIOS DO ARTIGO DE OPINIÃO


a) Polêmica no ponto de vista:

De modo contrário ao que se vê na dissertação, no artigo de opinião a tese do articulista pode ser contrá-
ria ao que se entende por politicamente correto, desde que seja fundamentada.

b) Pessoalidade:

Diferentemente da dissertação, o artigo de opinião é marcado pelo posicionamento parcial do articulis-


ta. Assim, o escritor de um artigo não deve se preocupar com recursos linguísticos que impliquem neu-
tralidade. É importante, no entanto, esclarecer que os pontos de vista, mesmo sendo pessoais, devem
ter fundamento.

c) Temporalidade:

Ao contrário da dissertação, o artigo de opinião possui marcação temporal, e, portanto, refere-se a um de-
terminado assunto cujo tempo é definido e que possui importância para o caráter argumentativo do texto.

d) Persuasão:

No texto dissertativo, verifica-se que o convencimento visa a dissuadir o leitor de determinado pensa-
mento, por meio de mecanismos imparciais. No artigo de opinião, os mecanismos são parciais, de modo
que se admitem recursos ligados à emoção.

• ASPECTOS FORMAIS E MATERIAIS DA DISSERTAÇÃO


Introdução:
Formalmente, é o parágrafo inicial do texto dissertativo, haja vista que contém a tese, e contextualiza o
leitor sobre o projeto de texto e sobre a temática que será abordada no texto e quais são os elementos
do tema que receberão ênfase.
Do ponto de vista material, a introdução contém tese e caminho argumentativo.
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Desenvolvimento:
Formalmente, trata-se da argumentação da dissertação. Nesse momento, há três argumentos possíveis,
com os seguintes mecanismos argumentativos:

Os argumentos por convicção - exigem maior capacidade intelectiva, pois envolve a criação de nexos
lógicos que não sejam fruto de uma interpretação pessoal facilmente contestável.

Vejamos agora, caro leitor, as possibilidades de tais argumentos na prática:

a) Mecanismo de definição:

Neste tipo de parágrafo, o autor procura definir uma palavra ou um conceito pouco conhecido ou de de-
finição duvidosa ou discutível. Esse desenvolvimento lança a base para uma argumentação mais sólida,
pois deixa claro em que conceitos o autor se baseia.

b) Mecanismo de comparação:

A frase nuclear pode-se desenvolver através da comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e
apresenta-lhes as semelhanças ou dessemelhanças.

c) Mecanismo de causa e consequência

A frase nuclear, muitas vezes, encontra no seu desenvolvimento um segmento causal ( fato motivador) e
, em outras situações, um segmento indicando consequências ( fatos decorrentes) .

›› Os argumentos por comprovação- partem do princípio de que informações objetivas são percebidas
como prova irrefutável de uma determinada afirmação. Incluem exemplos, informações de natureza his-
tórica, estatísticas ou outros dados numéricos que corroborem diretamente para provar a tese defendida.

Vejamos agora, caro leitor, as possibilidades de tais argumentos, na prática:

a) Mecanismo de enumeração de dados:

O tipo mais comum de desenvolvimento é aquele organizado com base na enumeração de dados que
contribuem para um determinado argumento. Esses dados incluem estatísticas, classificações, conceitos
e detalhes a respeito do tema.

b) Mecanismo de exemplificação:

Esse tipo de desenvolvimento tem a função de comprovar os argumentos propostos com base em dados
concretos da realidade. Quando isso acontece, o autor muitas vezes deixa de usar os verbos no presente
atemporal para utilizá-los no pretérito perfeito do indicativo ou outro. Essa mudança não é problemática
quando o exemplo contribui para a argumentação do texto.

c) Mecanismo de alusão histórica:

Este tipo de desenvolvimento é geralmente usado quando se deseja explicar algo do presente a partir de
um ou mais fatos do passado. Serve também para fazer comparações com a realidade atual. É preciso to-
mar cuidado para não exagerar no uso de exemplos históricos, a não ser que o tema da dissertação exija
isso especificamente. A alusão histórica em excesso pode ser considerada como falta de conhecimentos
atuais sobre o tema em questão ou incapacidade crítica.
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›› Os argumentos por citação servem para demonstrar uma perspectiva analítica particular e emprestam
ao texto a confiabilidade de que goza a autoridade citada.

Vejamos agora, caro leitor, as possibilidades de tais argumentos na prática:

a) Mecanismo de citação ou testemunho:

O argumento fortalecer-se-á, nesse tipo de desenvolvimento, de acordo com o reconhecimento social


ou intelectual da pessoa ou obra que é citada. As transcrições de trechos de obras ou de falas/entrevistas
devem ser literais e feitas entre aspas, evidenciando fidelidade às ideias da fonte mencionada.

Conclusão:

É o fecho do texto. Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação
da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no desenvolvimento. Pode-se
concluir por meio de:

• Síntese;
• Proposta;

• ASPECTOS FORMAIS E MATERAIS DO ARTIGO DE OPINIÃO


Introdução:

Formalmente, o artigo de opinião também possui o parágrafo inicial do texto. Ocorre, no entanto, que
tal texto não necessariamente, possuirá a tese e o caminho argumentativo nesse primeiro parágrafo. São
recomendáveis vários recursos argumentativos que serão vistos mais adiante.

Desenvolvimento:

Formalmente, assim como na dissertação, o desenvolvimento do artigo de opinião possui argumentos e


mecanismos argumentativos. Ocorre, no entanto, que, além dos já conhecidos métodos argumentati-
vos da dissertação, há outros mecanismos:

• Intertextualidade
• Interdiscursividade
• Polifonia
• Ironia
• Contra-argumentação
• Metáfora
• Anáfora
• Pergunta retórica
• Sarcasmo
• Aforismo
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Conclusão:

Assim como na dissertação, trata-se do fecho do texto. Ocorre que, no artigo de opinião, a conclusão pode
possuir inclusive a tese ou mesmo gerar uma reflexão no leitor, sem que conclua literalmente o texto.

MODELOS DE ARTIGO DE OPINIÃO


TEXTO I

A EDUCAÇÃO DOS PAIS VAI MAU – COM U MESMO!


Carlos André

Leitor,

Certamente, algumas pessoas - ao lerem esse título - já me excomungaram em uma inquisição educa-
cional; já fizeram uma petição ao órgão responsável pela Língua Portuguesa, na Organização das Nações
Unidas, para que eu seja julgado no Tribunal de Nuremberg, por apologia ao desvio gráfico; já me envia-
ram até para expiação no fogo do inferno do analfabetismo gramatical, não é?
Esses famosos apressadinhos, leitores apenas dos títulos de textos, devem estar pensando o seguinte:
“Como pode? Ele é um professor de português! Ele não pode confundir MAL (com l) com MAU (com u)! ”
Pois é, leitor....
Você – que já está acostumado às minhas provocações – certamente sabe que eu, em uma filosofia egíp-
cio-linguística, propus a seguinte indagação: DECIFRA-ME OU TE DEVORO!
Você – que é politizado e letrado – sabe que eu jamais poderia - como gramático e, portanto, como orien-
tador da morfossintaxe lusitano-tupiniquim – ser displicente; que eu jamais poderia deixar de adequar
meu texto à modalidade escrita e formal de linguagem.
Você – que lê este blog para refletir comigo sobre as funções sintáticas e sobre as classes gramaticais apli-
cadas ao texto e ao contexto – sabe que o MAL (com L) pode funcionar como conjunção temporal (Mal ela
chegou, eu saí), como substantivo (O mal nunca vence) ou, ainda, como advérbio (A educação vai mal).
Você – que tem como um dos seus melhores adjetivos conhecer os adjetivos - sabe que essa classe gra-
matical representa a palavra MAU (com U): O mau pai destrói o filho ou o pai é mau.
Mas, mesmo você, aí com uma pulga atrás da orelha, deve estar pensando no porquê do título... no por-
quê do MAU (com U)!
Pois bem, leitor! Já explico:
Na última semana, recebo de um amigo um e-mail em que havia uma reportagem com a seguinte manchete:
CONAR ABRE PROCESSO PARA JULGAR DIGITAU COM U DE COMERCIAL DO ITAÚ.
Na reportagem, falava-se que os pais haviam acionado o CONAR, em razão de a propaganda do banco
descrito acima ensinar as crianças a escrever ‘errado’.
Bom é lembrar que o CONAR é o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Trata-se de
uma organização não governamental que visa a promover a liberdade de expressão e a defender as prer-
rogativas constitucionais da propaganda comercial, bem como a impedir que a propaganda enganosa ou
abusiva cause constrangimento ao consumidor.
Veja só, Leitor... vejo só...
Alguns pais – ressentidos - como diria o filósofo Luiz Felipe Pondé, em A Era do Ressentimento, represen-
taram contra o banco citado, com o fito de que ele fosse punido, de forma a ter propaganda retirada do
ar, em razão do ‘erro’, ao escrever digitau (com u)!
Leitor, leitor...
Eu confesso que – às vezes – tenho um sentimento melancólico e desencorajado em relação aos rumos
da educação brasileira, o que é ratificado quando leio comportamentos infantis daqueles, cuja responsa-
bilidade é a instrução dos infantes.
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É lamentável ter clara a ideia de que, no Brasil, o processo educacional ainda seja visto com absoluto
amadorismo, não só por parte do Estado como também por parte da família: os dois entes constitucio-
nalmente responsáveis pela educação.
É angustiante ter a percepção de que, em uma terra em que há tanta inteligência latente, como afirma
o sociólogo francês Edgar Morin; em que há clarividência de potencial humano para liderar os rumos do
Planeta, conforme já declarou o antropólogo (também da Gália), Lévi Strauss, haja tanta falta de leitu-
ra... haja tanto analfabetismo funcional...
Ler é muito mais do que ler! Ler é compreender o gênero textual; é dominar os mecanismos e os recursos
linguísticos responsáveis pela construção do tecido comunicativo; é ter a percepção dos diversos semas
e fazer releituras deles. Enfim, ler é adequar a humanidade do texto à humanidade do leitor! Somente
quem faz isso é que – verdadeiramente- lê!
Infelizmente, os cavaleiros da alfabetização (até bem-intencionados, eu acho...embora, de boas inten-
ções, o inferno e o sistema educacional já estejam cheios) não compreenderam, nem a linguagem, nem
a intencionalidade discursiva da propaganda.
Não compreenderam o aspecto linguístico, porque não se trata de um erro. Sim! Não se trata de um erro,
ou de uma mera substituição do L por U. Trata-se da formação de um bom neologismo que ratifica a fun-
ção metalinguística de comunicação (aquela que centraliza a comunicação no código).
Quem vir a propaganda perceberá logo que a agência responsável (que se chama África) teve a ideia de
que se soletrasse a palavra D I G I T A U (com U), de maneira a que o termo fosse remetido apenas ao Ban-
co Itaú. Para os idealizadores do texto, naquela propaganda, e somente naquela propaganda, D I G I T A U
seria grafada com U. Isso significa que houve restrição, do que se pode depreender estar implícita a ideia
de um neologismo para atender apenas àquele gênero textual, apenas àquela propaganda.
Ademais, esse neologismo, embora motivado por intenções mercadológicas (é claro), é formado por um
belíssimo processo de formação de signos, constante da Última Flor do Lácio: a composição por agluti-
nação! O neologismo D I G I T A U é a fusão da expressão digital do Itaú.
Percebeu?
Ora, caso os pais questionassem o aspecto mercadológico da propaganda, em razão de ter uma filosofia
de esquerda etc, deveriam fazê-lo por um viés mais inteligente, de reconhecimento da eficácia da cons-
trução linguística como forma de dominação do pensamento etc etc etc. Não poderiam ser tão simplistas
e apontarem ingenuamente o recurso da propaganda como um simples erro gráfico.

Leitor,
Ainda há mais:
Se você for verificar a lógica de intencionalidade discursiva, aí é que você ficará verdadeiramente enver-
gonhado pela atitude dos pais, e quererá mudar-se para a Dinamarca!
A propaganda, motivo do fricote, deve ser interpretada dentro de um sistema hermenêutico- sistemáti-
co que leve em conta as ações do Banco em relação ao intenso estímulo à leitura: esse banco possui um
programa específico, no site, para incentivo ao gosto por livros.
Mais importante: há que se levar em conta também a reflexão trazida pela propaganda sobre as habilida-
des da geração Y (digital) e os desafios em relação ao não gasto de papel.
Por fim, há que se refletir linguisticamente sobre o fenômeno da vocalização da consoante lateral L, na
variante do português do Brasil. Bom é lembrar que aqui na Terra do Brasileiro Jobim, mesmo se escre-
vendo a palavra canaL, pronuncia-se canaU.
Entendeu, leitor?
Por óbvio, como linguista, não faço apologia a desmandos e a artificialismos linguísticos! O meu e o seu
compromissos (bem como o da família e o do Estado) deve ser no sentido da plena alfabetização; do le-
tramento; da percepção libertadora do ato comunicativo, nas palavras de mestre Paulo Freire.
É mister ter a consciência de que, no Brasil, a culpa pela má-educação não é apenas do Estado: ela tam-
bém tem sido da família!
Portanto, não se pode negar que a educação dos pais vai maU, com U mesmo!
Até a próxima!
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TEXTO II

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Sou ateu e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos. A humanidade inteira segue uma reli-
gião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem
necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem ex-
traterrestres.
Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que
tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última
batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por
ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.
Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de
seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos
celestiais. Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos à interferências mágicas em assun-
tos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna não faz sentido. Não se trata
de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente porque não consegue. O mesmo mecanismo
intelectual que leva alguém a crer leva outro a desacreditar.
Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode discordar de sua cosmovisão, devem
pensar que eles também são ateus quando confrontados com crenças alheias. Que sentido tem para
um protestante a reverência que o hindu faz diante da estátua de uma vaca dourada? Ou a oração do
muçulmano voltado para Meca? Ou o espírita que afirma ser a reencarnação de Alexandre, o Grande?
Para hindus, muçulmanos e espíritas esse cristão não seria ateu? Na realidade, a religião do próximo não
passa de um amontoado de falsidades e superstições. Não é o que pensa o evangélico na encruzilhada,
quando vê as velas e o galo preto? Ou o judeu quando encontra um católico ajoelhado aos pés da virgem
imaculada que teria dado à luz ao filho do Senhor? Ou o politeísta, ao ouvir que não há milhares, mas um
único Deus? Quantas tragédias foram desencadeadas pela intolerância dos que não admitem princípios
religiosos diferentes dos seus? Quantos acusados de hereges ou infiéis perderam a vida?
O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser pensante obriga-os a questionar suas
próprias convicções. Não é outra a razão que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades
humanas e atribuir as demais às tentações do diabo. Generosidade, solidariedade, compaixão e amor ao
próximo constituem reserva de mercado dos tementes a Deus, embora em nome d’Ele sejam cometidas
as piores atrocidades.
Os pastores milagreiros da TV, que tomam dinheiro dos pobres, são tolerados porque o fazem em nome
de Cristo. O menino que explode com a bomba no supermercado desperta admiração entre seus pares,
porque obedeceria aos desígnios do Profeta. Fossem ateus seriam considerados mensageiros de sata-
nás. Ajudamos um estranho caído na rua, damos gorjetas em restaurantes nos quais nunca voltaremos e
fazemos doações para crianças desconhecidas, não para agradar a Deus, mas porque cooperação mútua
e altruísmo recíproco fazem parte do repertório comportamental não apenas do homem, mas de gorilas,
hienas, leoas, formigas e muitos outros, como demonstraram os etologistas. O fervor religioso é uma
arma assustadora, sempre disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso. Em vez de unir,
ele divide a sociedade — quando não semeia o ódio que leva às perseguições e aos massacres. Para o
crente, os ateus são desprezíveis, desprovidos de princípios morais, materialistas, incapazes de um gesto
de compaixão, preconceito que explica por que tantos fingem crer no que julgam absurdo.
Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião
ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne
intolerante, autoritária ou violenta. Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem
crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas
convicções que apregoam.

(Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, 21/04/2012)


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MODELO DE CRÔNICA
NÃO OFEREÇA UM BAGUETE A UM ITALIANO
Carlos André

Manhã de terça-feira de Carnaval. Saio para comprar pão, como - aliás - faço todos os dias!
A verdade é que a compra de um pão é muito mais do que um ato de compra de um símbolo crístico que nos
remente à alteridade. A compra de um pão é a oportunidade única de conhecermos as pessoas na aurora de
suas percepções; no despertar de suas bondades; no alvorecer de suas necessidades de convivência.
À hora da compra do pão, todo mundo ratifica a filosofia rouasseaniana de que o homem é bom; de que a
fraternidade é o que move as relações humanas; e, finalmente, de que a insólita e draconiana convivência
do resto do dia é causada tão-somente por um sistema competitivo anti-humanista, que nos afasta de
nossa humanidade.
Mas, não se esqueça, leitor!
O texto foi escrito em uma manhã de carnaval e - como você sabe - o carnaval, até pela etimologia, carnis
vales, reserva-nos a visão da face hedonista do ser humano; dos prazeres da carne; da intimidade com
nossas fraquezas narcísicas, herculeamente combatidas nos jejuns pascais.
No carnaval, as máscaras são, em uma lógica lacaniana, a representação de nós mesmos; de nossas fra-
quezas diante de nossa insignificância cósmica...
Acalme-se, leitor!
Não quero assustar você! Não quero aqui fazer a filosofia do pão ou um congraçamento com a episte-
mologia cosmogônica existencial... Não... O que eu quero é falar a você da nossa querida Última Flor do
Lácio, a partir de um fato que me marcou a última manhã de Carnaval deste ano.
Pois bem!
Cheguei ao supermercado para comprar o bendito pão e, por óbvio, postei-me à fila para esperar minha vez
de ser atendido, quando, de repente... (como dizem os italianos: ―Porca miséria!)...vejo uma cena grotesca!
Não é que uma senhora hedônico-narcísica, saída das entranhas da Sapucaí, pede um pão, que, segundo
ela, seria italiano, que – novamente, segundo ela – era UM BAGUETE.
Sim, leitor!
Ela pediu um pão ITALIANO que – acredite, segundo ela – era UM BAGUETE.
Um pouco estarrecida, mas com muita gentileza, a atendente - quase que em um estado de ironia eu-
femística - indagou se ela gostaria do pão italiano que estava ao lado, ou se gostaria mesmo de UMA
BAGUETE, francesa.
Leitor,
Em um surto de autossuficiência linguística, daqueles que não se encontram nem em filólogos como
Aurélio e Houaiss, aquela senhora, rainha de bateria da escola Acadêmicos da Ignorância, retrucou ime-
diatamente as sábias palavras da atendente:
- A senhorita não sabe nem o que vende! Baguete é um pão italiano! Continuou:
- Ah! Somente para constar, a palavra é masculina, porque é um pão!
Ao mesmo tempo em que saia, a mulher - com um ar de superioridade daqueles que não são percebidos
nem em Luís XIV, à época áurea do absolutismo francês – dizia que morara na Itália por 11 anos, quase
como um sinal de gozo capitalista.
Leitor,
A verdade é que o gênero das palavras não é um assunto considerado simples e seguidor de uma lógica
aristotélica, matemática. O gênero de uma palavra é assunto que ultrapassa as fronteiras da etimologia:
aventura-se também ao campo da sociologia. Por isso, não é realmente fácil...
Mas...
É fundamental entender que dominar o gênero gramatical de um verbete (se masculino ou feminino) é
muito importante, principalmente em situações formais ou contextualmente exigíveis, como é o caso do
que ocorreu em nossa história.
É importante também ratificar (aliás, é muito importante ratificar) que gênero gramatical não possui
qualquer relação com sexo. Ninguém pensará, por exemplo, que a palavra cadeira é feminina porque é
mulherzinha, não é? Como falei, gênero possui relação com etimologia e com sociologia.
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Algumas palavras possuem o gênero feminino determinado por uma marca (o que chamamos gramati-
calmente de desinência). A palavra filha, por exemplo, possui um a final que marca o gênero feminino.
É fácil perceber! Basta trocar a desinência a por o que a palavra é flexionada ao gênero masculino: filho.
Já alguns verbetes como testemunha, por exemplo, não possuem marca de gênero. Você não pensou que
o a final possa ser substituído por o, não é? Não existe a palavra testemunho!
Em Língua Portuguesa, as palavras que mais nos dão vontade de pular do prédio, em razão de dúvida
quanto ao gênero, são as que terminam em e!
Que atire o primeiro dicionário aquele que nunca teve dúvida em palavras como champanhe, alface e
omelete! Vamos leitor, confesse! Você já teve!
Bem,
O ideal, nesses casos, aí é dar uma espiadinha no dicionário e perceber que a primeira palavra é masculi-
na e as duas últimas são femininas: O champanhe; A alface; A omelete!
Antes que você me pergunte, eu já vou falar em BAGUETE!
Leitor,
Em verdade vos digo:
BAGUETE não possui origem italiana; não é pão italiano coisíssima nenhuma. A origem do termo é fran-
cesa baguette e significa bastão pequeno, fino. Basta olhar o formato desse pão e ver a relação com a
origem da palavra.
Ademais, o termo possui gênero feminino. Deve-se pedir, portanto, UMA BAGUETE; não UM BAGUETE.
Assim, por respeito ao gênero e ao secular povo da bota, NÃO OFEREÇA UM BAGUETE A UM ITALIANO.
Até a próxima!
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