Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Roman
inFamília
Curitiba PR
Janeiro 2005
1
1 PREMISSAS 5
3 SOBRE AS AULAS 12
3.1 Método das perguntas 12
3.1.1 Levantamento dos pré-conceitos: mergulho na ambiente contextual 12
4 MÓDULO DE REVISÃO 17
5 AVALIAÇÃO 18
6 Conclusão 19
2
A criança aprende as coisas do
mundo e forma seus referenciais. O
adulto interpreta as coisas do
mundo partindo desses referenciais
– seus pré-conceitos.
3
ANTES DE TUDO
4
1 PREMISSAS
Esta metodologia de aprendizagem tem como fundamentação pragmática que:
5
O mediador em sala tem facilidade em estimular os alunos para raciocínio
interpretativo das demandas clínicas mais freqüentes e para as questões que
angustiam normalmente um profissional no enfrentamento de problemas relacionados
ao tema.
Lembrar que os sujeitos que serão atendidos nas unidades de saúde estão em
um contexto, são sujeitos singulares e a incerteza é o plano de fundo que acompanha
as práticas na atenção primária. Portanto, todo o processo de capacitação
interpretativa deverá evitar trazer situações ideais do objeto de “pesquisa de
laboratório” ou de doenças puras, sem contexto, claramente definidas, que não
ocorrem na prática da APS.
6
2 Sobre as questões que conduzem as aulas
7
1.2 Quanto a Formatação do Material Didático
Como material para o estudo durante a aula serão distribuídas questões sobre
as quais se processarão as discussões, conforme explicitado adiante. Nas últimas
quatro horas de cada módulo os alunos montarão um resumo (Linhas Essenciais de
Cuidado - LEC) de um tema clínico relacionado ao principal, baseados em guidelines
atualizados. Para os temas que envolvam mais aconselhamento e cuidados além da
prescrição de fármacos (tabagismo, por exemplo) será dramatizado o atendimento de
um caso clínico.
1.2.1 Questões
A partir da lista dos 16 blocos de temas, os docentes deverão formular cerca de
40 questões (10 para cada pequeno grupo) que terão subsídios para as respostas no
texto distribuído ou acessados (Duncan, Dynamed, Nice ou outro). Essas quarenta
questões devem estar presentes no cotidiano do cuidado, abordando o conteúdo
clínico e, embutido neste, os conteúdos conceituais e os instrumentais.
Como o processo se organiza e se baseia sobre questões e não sobre exposição do tema em aula, a formatação de
tais questões é estratégica. Traz consigo a fundamentação do modelo. Por isso, pode-se exemplificar da seguinte forma:
8
c) Solicita dosagem de T3+T4+TSH.
Na formulação desta pergunta, seria importante não tirar o paciente de seu contexto real. Isto é, não há, na prática
clínica de Atenção Primária, uma glândula isolada que precisa ser tratada. Assim, talvez o melhor enunciado seja algo como
“Leonilda, auxiliar de enfermagem, diz que sua irmã e mãe fazem tratamento para problema de tireóide. Ela quer saber se
também tem problema...” ou “Sra. Anésia, do programa de hipertensos, está apresentando sonolência, fraqueza, queda de
cabelo nos últimos três meses, desde que soube que seu filho de 18 anos foi preso por trafico de drogas. Com esses sinais e
sintomas você suspeita de problema de tireóide. Assim...”
Lembrar que o que diferencia uma matriz conceitual de outra (neste caso biomedicina X integralidade) não são as
respostas que dão, mas as perguntas que os respectivos praticantes formulam.
As alternativas de respostas podem ser subsidiadas em livros de testes, BMJ, mesmo não sendo o ideal. Quando
reformuladas pelo docente, não devem conter uma alternativa correta e outras aleatórias. Ao contrário, as pouco (ou não)
adequadas devem ensejar comentários para explicitação do tema. Além disso, se possível, devem graduar níveis de
aproximação à questão proposta para subsidiar os mediadores sobre o horizonte de conhecimento dos profissionais alunos.
Por isso, no exemplo acima, a alternativa “e”, pode ter sido interessante de ser proposta já que o exame hemograma não tem
uma relação direta com o raciocínio clínico da investigação diagnóstica inicial. Mas, nas discussões em sala, enseja a
possibilidade de citar a anemia que acompanha o quadro. Mas, o crucial a ser discorrido sobre a alternativa “d” é que o exame
a ser solicitado (no caso, o TSH) tem sensibilidade e especificidade próximas a 99%. E, este é, exatamente, o momento de
tratar desse item transversal (tema instrumental): sensibilidade/especificidade.
Serão utilizados casos clínicos em duas ocasiões, ao longo do curso: como caso para discussão em grupo nos
módulos de revisão e, dramatizados, em quatro módulos temáticos (nas quatro horas finais) que tratam de assuntos com forte
ênfase na modificação de estilo de vida. Nos grupos serão discutidos, portanto, casos clínicos multifacetados, com
9
características reais, associando outros problemas de saúde (se possível os periféricos), além do contexto social e
comunitário.
O objetivo não é levar respostas exatas, mas estimular reflexão e opinião dos profissionais após a revisão resumida
apresentada. A participação nesta reflexão deverá ser observada atentamente pelo mediador tanto para avaliação sumária do
aprendizado como para retomada de questões e itens ainda não totalmente esclarecido.
Os casos deverão retratar situações reais do cotidiano. Por isso deverão ser exemplificadas historias clinicas de
muitas facetas de sofrimento como acontece de fato na prática. As discussões que saiam do tema focado na aula devem ser
estimuladas enquanto permanecerem no exercício clínico. Lembrar que o treinamento em APS transita pelo conhecimento,
mas também e, principalmente, por atitudes.
Por exemplo, em uma aula sobre Hipotireoidismo, os casos devem conter algo como:
Dona Liduvina de 64 anos vem à US por intensa dor de cabeça, que, por sinal, já a acompanha há mais de 40 anos.
Geralmente as crises vêm quando seu marido, Sr. Cavalcante, chega em casa alcoolizado e briga na família. Ela toma
continuamente os seguintes medicamentos: Metformina 500mg 1 X dia, Amiodarona 800mg 1 X dia e AAS 500mg 1 X dia.
Aumentou o peso em 5 kg nos últimos 3 meses, “mas acho que é porque tem me dado uma soneira muito grande. Tenho me
sentido cansada e aí não agüento e dou uma soneca.”
Como não há “respostas” exatamente certas – mas, sim, mais adequadas - para o caso, o mediador deverá evitar
suas participações de caráter “iluminador” com esclarecimentos “verdadeiros”. Mas deverá participar, sim, estimulando a
discussão, pontuando com mais interrogações, corrigindo rumos e evitando lutas retóricas. Há que se cuidar que o diálogo é
apenas um instrumento e a vitória retórica não se relaciona ao sucesso no aprendizado.
10
1.3 Alguns cuidados
11
3 Sobre as Aulas
Em geral, as aulas serão distribuídas em 16 módulos temáticos (distribuídos ao
longo de 2 anos) e 4 módulos de revisão (seguindo, sempre, quatro módulos
temáticos).
Não há aula expositiva. Toda dinâmica do curso se dará por estudo nos textos
subsidiários e discussão em pequenos grupos e no grande grupo. O docente pontua
comentários estratégicos sobre o conteúdo e tem um forte papel de condução dessa
dinâmica. Sempre finalizará os assuntos com sínteses integradoras. Daí a
necessidade de dominar plenamente o tema tratado.
Cada módulo temático tratará de um tema clínico principal (HAS, por exemplo)
que utilizará o 3.1) método das perguntas e tomará cerca de 2/3 do tempo do módulo.
O outro terço será dedicado na 3.2) elaboração das LEC - Linhas Essenciais de
Cuidados (busca na literatura e preenchimento, pelos grupos, do formulário
estruturado LEC sobre temas periféricos ao principal (ICC, IAM, por exemplo)). Para
três ou quatro temas que envolvam predominantemente vínculo e cuidados da equipe,
estímulo à mudança de comportamento e a intervenção não possa ser apenas
biomédica (Alcoolismo, por exemplo) serão realizadas dinâmicas de atendimento via
3.3) dramatização.
12
Quando adequado, o docente poderá exibir imagens (PPT) ou músicas para
que a entrada no tema possa efetivamente buscar os conceitos, lembranças e
sensações (estas, estímulos da memória) anteriores de cada aluno.
Se, por exemplo, a questão fosse: “Em que época viveu Arquimedes?”,
podemos raciocinar (se não soubermos a resposta mecânica exata) que,
provavelmente, pelo que lembramos, ele era grego (ou romano?) e deve ter vivido
pouco antes de Cristo. Mas, posso achar que foi contemporâneo de Galileu, lá pelo
século XV ou XVI. Quando buscamos na memória, percebemos algumas imagens –
confusas, se as questões não dizem respeito ao nosso cotidiano: justamente essas
imagens serão o ancoradouro do novo conceito.
Pois bem, para raciocinar para a resposta, tivemos como adultos que buscar o
máximo da (pouca?) informação que estava armazenada em forma de imagem (com
se fosse um arquivo “jpeg” do sistema win32) que cada um tem a respeito da questão
suscitada. O esforço pressionou-nos para buscarmos o conceito mínimo (que é o
máximo) que estava dentro de cada um.
13
Quando os textos comentam que viveu na época grega e que fabricava armas
de guerra, defendendo sua cidade contra a força dos romanos, a imagem de que viveu
cerca de 200 anos antes de Cristo vai conectar com a mínima e geralmente
equivocada informação que havia, vinculando-a à rede de conceitos do aprendiz. Com
isso tenta-se evitar que o novo conceito seja uma “bolha” isolada que, esvoaçante,
transita nas mentes de aprendizes e, depois, é levada com o próximo vento.
Provavelmente esse modelo de aprendizagem não se aplica a crianças que,
felizmente neste caso, não estarão entre os aprendizes.
14
1.4.3 Discussão em grupo sobre as questões.
Cada grupo discute todas as questões e propõe respostas escritas em tópicos,
agora de consenso. Sem consulta, neste momento, a texto subsidiário.
Agora, no grupo grande (plenária), isto é, na sala toda, cada grupo interroga os
demais grupos sobre as questões sobre as quais detém as respostas. Os grupos
interrogados contestarão após discussão rápida (buchico) sobre os “palpites”
consensados (o conceito que o pequeno grupo elegeu como mais adequado).
15
grupo cuida de um assunto periférico ao tratado no módulo. Na última hora do módulo,
cada pequeno grupo compartilha e defendo sua LEC.
16
4 Módulo de Revisão
A cada quatro módulo, será feita uma revisão sobre os 4 módulos anteriormente
estudados. Essa revisão compõe justamente o quinto, décimo, décimo-quinto e o
vigésimo módulos.
17
5 Avaliação
O ideal de avaliações individualizadas sobre mudança na capacidade de cuidar
de casos reais no cotidiano do aluno é impossível neste caso de capacitação teórica.
A não ser que o próprio serviço faça essa avaliação.
Assim, em cada módulo poderá ser aplicado um teste de suficiência sobre itens
essenciais do tema dado no módulo anterior. As respostas serão enviadas ao docente
que, à luz das respostas poderá enfatizar pontos para recuperação no módulo de
revisão.
18
6 Conclusão
Este texto visa a dar algum tipo de noção sobre o caminho do processo de
capacitação e municiamento para que profissionais de APS possam interpretar as
demandas clínicas apresentadas pelas pessoas sob cuidado. Restringe-se a
capacitações rápidas e pós-graduação.
19
ANEXO1 Linhas Essenciais de Cuidado (LEC)
Regras
1. O texto é sumário e tem por objetivo a leitura rápida para tomada de decisão.
Deve ser o mais claro possível e enxuto.
3. Lembrar que o texto será lido por um profissional, no caso, médico de atenção
primária que precisa de subsídio para tratar e cuidar. Portanto, para qualquer
estudo adicional de aprofundamento, será fornecida a bibliografia no item
“Observação”.
20
5. IRET
AGRAVO
DESTAQUES
PREVALÊNCIA
CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICAS
CONSEQÜÊNCIA/PROGNÓSTICO
MONITORAMENTO
FÁRMACOS
ABORDAGEM FAMILIAR
OBS
21