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LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
sua progressão 20
1.4 Relação entre informações do texto e conhecimentos prévios 21
1.5 Identificação das palavras e ideias chave do texto 22
1.6 Aspectos semânticos do vocábulo da língua 24
1.7 Relação do texto com outros textos 27
1.8 Função da Linguagem 28
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Leitura, análise e interpretação de textos são habilidades que precisam ser exercitadas para se-
rem aprimoradas. Portanto, não tem como falarmos delas sem efetivamente lermos ou exercitar-
mos corretamente o que um texto comunica e quais elementos empregados nele contribuem
O texto como evento sóciocomunicativo torna-se o fio condutor de todas as interações humanas,
Ele também carrega em si um conteúdo ideológico resultante de uma posição Social, Histórica e
É com essa premissa básica que vamos iniciar o primeiro subtema desta unidade que está intrin-
O TEMA
sendo o que há de único e irrepetível em cada enunciado.
Por exemplo, quando alguém come algo que gosta e diz “Que delícia!” por
O ESTILO
sendo como o modo particular que cada um tem de se enunciar (dada
A FORMA COMPOSICIONAL
sendo um estilo dos gêneros, que são “relativamente estáveis”.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Observe os textos a seguir e perceba que eles apresentam propriedades específicas, ou seja, um
TEXTO A
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FONTE: https://www.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/
hollywood/, acesso em 02 out. 2019.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Não pela palavra fria que enquanto o homem trabalha quem come o arroz que ele colhe
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Mas pelo que ela semeia. vai preparando a explosão. se ele o colhe e não janta.
Quem fala em flor não diz tudo. Bomba colocada nele e faz arroz virar fome
Quem me fala em dor diz demais. muito antes dele nascer; é o mesmo que põe a bomba
O poeta se torna mudo que quando a vida desperta suja no corpo do homem.
Mais que palavra, diarréia e que explode em diarréia que mata nossos irmãos.
Que mata mais do que faca, Não é uma bomba limpa: deter o sabotador
mais que bala de fuzil, é uma bomba suja e mansa que instala a bomba da fome
E sobretudo é preciso
no Rio Grande do Norte, mas não apenas ali pra dentro de cada homem
de cem crianças que nascem, que a fome do Piauí trocar a arma de fome
setenta e seis leva á morte. se espalha de leste a oeste. pela arma da esperança.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
É certo que você, pela vivência que teve até chegar ao curso de graduação, já estudou diversos
aspectos da língua portuguesa. Por isso fica relativamente fácil identificar as diferenças de cada
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A principal diferença que percebemos em um primeiro plano visual diz respeito a sua forma com-
posicional.
O texto A, sendo uma propaganda, apresenta elementos verbais e não verbais (imagens) que, em
O modo como a linguagem é utilizada, fazendo referência a outros textos de domínio público,
exigem do leitor determinado conhecimento para que possa fazer a associação e compreender
a mensagem (subtema 1.7). Sendo mais específico, é preciso que a pessoa saiba a respeito do ro-
mance de Jorge Amado “Dona Flor e seus dois maridos”, popularizado em forma de filme, para
compreender os enunciados verbais “Ela ficou dividida entre dois amores da Hortifruti”, “Couve-
-flor e seus dois maridos”, e “Aqui a natureza é a estrela” e a imagem dos alimentos com uma ca-
beceira de cama. No entanto, a forma composicional, ou a forma como o texto se apresenta para
o leitor já nos diz que ele é uma propaganda, pois conseguimos visualizar os elementos típicos
de margem a margem, com seus parágrafos demarcados por um recuo (texto B) ou um espaça-
mento maior entre eles (texto C), de um título bem demarcado com fonte maior e centralizado e
do nome do autor logo abaixo, caracteriza uma organização textual (forma composicional) pró-
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Observe:
FRAGMENTO DO TEXTO B
Sentada na varanda da minha casa, observo a fumaça que sai do calorão do asfalto. É o
tempo da seca! E meus olhos experientes veem uma paisagem bem diferente daquela do meu
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tempo de infância. Faz tanto tempo! Mas a saudade insiste em bater e trazer recordações.
Nasci numa fazenda do município de Catalão, tinha uma vida simples e tranquila. Meu pai
cuidava da roça, do gado, e mamãe, da casa, da comida e da educação dos filhos. Meus irmãos e
FRAGMENTO DO TEXTO C
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o
conhecimento do que se passa em um lugar épossível em todos os [...]
No entanto, para identificarmos mais detidamente qual gênero textual corresponde à forma
de seu conteúdo para sabermos. Em relação a isso, traremos uma abordagem mais detalhada
O texto D, pela sua estrutura visual, evidencia uma organização própria de poemas, mas só com
a leitura dele podemos dizer que, mesmo com uma linguagem poética e metafórica, também é
dissertativo, pois introduz a temática da fome, estabelece suas consequência, expõe exemplos,
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Veja:
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A palavra diarréia. é uma bomba suja e mansa
Não pela palavra fria que elimina sem barulho
Mas pelo que ela semeia. vários milhões de crianças.
Quem fala em flor não diz tudo. Quem faz café virar dólar
Quem me fala em dor diz demais. e faz arroz virar fome
O poeta se torna mudo é o mesmo que põe a bomba
sem as palavras reais. suja no corpo do homem.
PROPÕE INTERVENÇÃO:
EXEMPLIFICA: Mas precisamos agora
Por exemplo, a diarréia, deter o sabotador
no Rio Grande do Norte, que instala a bomba da fome
de cem crianças que nascem, dentro do trabalhador.
setenta e seis leva á morte.
E sobretudo é preciso
É como uma bomba D trabalhar com segurança
que explode dentro do homem pra dentro de cada homem
quando se dispara, lenta, trocar a arma de fome
a espoleta da fome. pela arma da esperança.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Você deve estar se perguntando: Mas é poema, como pode ser dissertativo?
E eu te respondo que sim, o texto D tem a estrutura de um poema, mas o seu conteúdo se orga-
niza em forma de uma dissertação (como exemplifiquei), assim como você já deve ter visto um
poema em tom narrativo, ou alguma letra de música com tom de protesto. Na unidade 4, ao tra-
zermos a temática específica dos gêneros textuais e tipologias abordamos isso mais a fundo. Se
O texto E com forma composicional própria e diferente dos demais textos também é representa-
tivo de um estilo de gênero. Porém, para nos certificarmos de a qual gênero textual ele se refere,
textuais é que podemos concluir que se trata de uma notícia, pois além do título, apresenta um
pequeno texto colocado em destaque - que na linguagem jornalística é chamado de lide - com
EM SÍNTESE:
Os textos têm um modo de organização específico que pode ser identificado a partir dos co-
nhecimentos prévios. Podemos identifica-los num plano visual, ou quando procedemos com a
Para quem ainda não aprofundou o conhecimento acerca das características dos diferentes gê-
neros textuais que circulam na sociedade, terá a oportunidade de fazê-lo com os estudos da uni-
Seguindo com a unidade temática 1, avançamos para os próximos subtemas nos quais retomare-
mos esses textos, ampliando o que foi exposto até o momento, uma vez que os conteúdos desta
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
questão discursiva, aquela em que você tem que escrever um texto, geralmente dissertativo-ar-
gumentativo (mais comum nesses exames) apresenta uma coletânea de textos para que, a partir
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Essa coletânea, na verdade, traz diversas abordagens sobre um tema com o intuito de oferecer
ao candidato subsídios para a construção de seus próprios argumentos e defesa de seu ponto de
vista (tese).
Agora imagine que você se deparou com a proposta da professora de “Formação Geral”, de es-
crever sobre educação ambiental/ ecologia/biodiversidade. Nota-se que o tema gerador é muito
amplo, mas se considerarmos o contexto de queimadas na Amazônia, podemos trazer uma te-
mática específica, organizando uma ideia por vez, sem perder o todo enunciativo. Daí decorrem
Nem sempre os textos apresentam a temática de forma explícita. Muitas vezes, é preciso ler o
Responder a essa pergunta também é uma atribuição do título do texto que deve resumir as
ideias apresentadas de forma atrativa, com vistas a despertar no leitor o desejo de proceder com
a leitura. Logo, a principal diferença entre tema e título é que o tema corresponde a um conteúdo
Ainda, para que nossas ideias se apresentem com mais clareza, precisamos organizá-las uma por
vez, por meio dos parágrafos, que precisam ser construídos de modo claro e coerente, ou seja,
as ideias devem estar relacionadas a temática principal, articuladas em si. Afinal, é muito ruim
quando lemos um texto que muda bruscamente de assunto ou que “não diz coisa com coisa”,
não é mesmo?
Feitas essas considerações que podemos chamar de teóricas sobre tema, título e parágrafo, ve-
jamos como isso se materializa de forma harmoniosa, retomando o texto B, “Valor de Infância”.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
VALOR DE INFÂNCIA
Sentada na varanda da minha casa, observo a fumaça que sai do caldo do asfalto. É o tem-
po da seca! E meus olhos experientes veem uma paisagem bem diferente daquela do meu tempo
de infância. Faz tanto tempo! Mas a saudade insiste em bater e trazer recordações.
Nasci numa fazenda do município de Catalão, tinha uma vida simples e tranquila. Meu
pai cuidava da roça, do gado, e mamãe, da casa, da comida e da educação dos filhos. Meus irmão
e eu tivemos uma infância ingênua, sem riquezas ou luxo, mas havia uma alegria de viver muito
grande, principalmente na hora da diversão. A noite, subindo em pedaços de galhos cortados em
forma de forquilha, brincávamos de perna de pau e assim éramos palhaços no nosso circo imagi-
nário; o aplauso era o zunzum de grlos e cigarras e o céu, a lona pretacheia de furinhos iluminados.
A casa, de estilo bem antigo, fica à sombra de flamboyants e tinha um pomar que adoçava
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minha infância: mangas, carambolas, laranjas, jabuticabas pretinhas! Ali, a sinfonia dos passaru-
nhos alegrava nosso dia. E bastava andar um pouco mais pelos arredores da fazenda para encon-
trar as mais coloridas e doces frutas do Cerrado. Eu me lambuzava com as mangabas, muricis,
gabirobas...uma delícia! Naquela época, a infância tinha muito mais sabor!
Mas o que eu mais gostava de fazer era tomar banho no riacho que ficava nos fundos da
minha casa. A água era sempre limpa e fresquinha e lá meu irmão tentava me ensinar a nadar.
Ele dizia que bastava engolir um lambari vivo que eu iria a aprender rapidinho, mas eu nunca tive
essa coragem. O riacho era passagem para outtras fazendas e para a escola e, ao fazer a travessia,
precisávamos nos equilibrar na pinguela - tronco que servia de ponte. Quando alguém caía, tchi-
bum... aproveitava para se refrescar nas águas cristalinas.
Íamos a pé para a escola, juntos com os filhos dos vizinhos, e o caminho era o nosso par-
que de diversão, principalmente quando chovia, pois, descalços, brincávamos de chutar a água
empoçada uns aos outros, e todos virávamos piratas nas canoinhas de papel que deixávamos a
enxurrada levar.
Certa noite, estávamos dormindo e o galo já começava os avisos do dia, quando, de re-
pente, ouvimos foguetes e cantoria: era uma "treição". Isso acontecia toda vez que os vizinhos e
amigos se juntavam e, de surpresa, chagavam à casa de alguém para ajudar a fazer alguma ta-
refa mais difícil. No nosso caso, era a reconstrução do rego d'água. Enquanto os homens ficavam
naquela labuta, as mulheres preparavam as comidas. O cheiro do pequi era o sinal de almoço na
mesa, que tinha também frango, angu, quiabo frito, arroz e tutu de feijão. No fim da tarde, o som
da sanfona chamava para encerrar o serviço e o forró levantava a poeira na pista de chão batido.
As festas de roça alegravam a vida das pessoas. Eram feitas em ranchões, cobertos co
folhas de coqueiro e iluminadas por lamparinas. Minha mãe preparava e doava pratos deliciosos
- as prendas - que eram disputados na hora do leilão. Vestidos com roupas de chita, íamos com a
intenção de dançar a noite inteira, mas, quando acabava o querosene das lamparinas, a escuridão
colocava fim à festa daquela noite.E era só esperar pela próxima...
A vida simples na roça me ensinou a dar valor a essas reuniões de amigos e de familiares, a
respeitar os mais velhos, a pedir a benção aos pais até na hora de dormir, a dar a palavra em nome
da honra, e me ensinou também que a história da nossa vida se mistura à história do nosso lugar.
Hoje, muito desses valores já não existem. E os lugares também não existem.
Depois de muitos anos, voltei à fazenda à fazenda onde nasci. esperava encontrar, ao me-
nos, as paredes da velha casa, alguma árvore do pomar ou então saborear as doçuras do Cerrado,
tudo numa tentativa de encontrar ali um restinho da minha antiga felicidade. Não restou nenhu-
ma árvore e o riacho banhou minha infância estava morrendo, quase seco. O meu lugar se foi e
agora só existe em minha memória.
Se tem um desejo?
Voltar aos tempos de criança e viver tudo de novo!
(Elissama Miller da Silva Mota)
Observe, com as partes destacadas em amarelo no texto, que a temática de memórias de infân-
cia e da mudança de valores em tempos de globalização é bem sintetizada pelo título escolhido
pela autora e que no decorrer de todo o memorial ela é sempre retomada para garantir um todo
coerente.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
E os parágrafos?
Observe como cada um deles aborda um assunto diferente (tópico discursivo), mas relacionado
ao tema central:
» 1º PARÁGRAFO:
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infância, em tempo de seca.
» 2º PARÁGRAFO:
» 3º PARÁGRAFO:
Descreve como eram os sabores da infância com a localização da casa em meio a um pomar.
» 4º PARÁGRAFO:
» 5º PARÁGRAFO:
» 6º PARÁGRAFO:
» 7º PARÁGRAFO:
» 8º PARÁGRAFO:
» 9º PARÁGRAFO:
» 10º PARÁGRAFO:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» 11º PARÁGRAFO:
Também composto por uma única frase declarativa – Responde a sua própria inda-
gação.
Essa é uma estratégia para se manter a unidade temática por meio do que chamamos de pro-
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sua progressão.
do tema é um texto coerente (detalhamento na unidade 4). Portanto, para se manter a unidade
!
CAMPO LEXICAL
DE UM MESMO RADICAL:
Exemplo:
Byte...
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Retorne ao texto B “Valor da infância” e observe que a palavra “infância”, bem como outras desse
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letânea de textos sobre a temática em questão para que ele desenvolva a escrita, estamos dizendo
que é preciso ter o que dizer para dizer. Afinal, qualquer um teria dificuldade em escrever sobre
algo que não conhece, não é verdade? Por isso, é ofertado um mínimo de conteúdo sobre o tema
para que o candidato que não tenha conhecimento do tema, consiga elaborar um texto e para o
que conheça consiga ampliar e desenvolver seu texto de acordo com a proposta da questão.
Da mesma forma ocorre em relação a leitura. Quando lemos algum texto que trata de um assunto
que conhecemos a compreensão fica muito mais fácil. Ao contrário, quando lemos a respeito de um
assunto que nunca, ou pouco vimos, precisamos fazer um esforço muito maior para compreendê-lo.
Isso está relacionado aos conhecimentos prévios ou às informações que temos guardadas em nos-
sa mente e que acionamos quando precisamos. Esses conhecimentos prévios podem ter sido ad-
quiridos a partir da vivência, das leituras que fizemos, da relação com o outro, enfim. O interessante
é que todo esse conhecimento armazenado sempre se renova, se amplia, se modifica, ou até mes-
mo se perde (esquecemos) se não for acionado. Eles são fundamentais, pois contribuem para que
possamos fazer inferências, ou seja, para que possamos construir compreensões a partir do que
"
No livro “Texto e leitor – aspectos cognitivos da leitura”, Ângela Kleiman (2002, p.13) afirma que
vida.
" 21
UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Você assistiu a
noticiários na TV
sobre isso? Leu
alguma coisa na
internet ou redes
sociais?
O que é isso?
O que dá para
concluir com isso?
subitem 1.3. Ao mesmo tempo em que elas colaboram para a manutenção da unidade temática e
progressão do texto, elas indicam e sintetizam a temática. Podem ser palavras ou expressões.
Para exemplificarmos, vamos recorrer ao texto C: “Por uma globalização mais humana”, de Milton
Santos.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Como já abordamos, o título nos ajuda a identificar, inicialmente, o conteúdo global do texto. Logo, fica
fácil perceber que o conteúdo refere-se à “globalização”. Para identificarmos as palavras e ideias chaves,
vamos procura-las buscando responder a seguinte pergunta: O que é globalização, segundo o texto?
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Milton Santos
Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso
técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico baseado na importância obtida pela tecnologia,
a chamada ciência da produção.
Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensáve à produ-
ção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.
Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente por todo o planeta, e o co-
nhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.
Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos - a competitividade.
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece em qual-
quer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontece em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na reaidade, as relações cha-
madas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas
transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E, ao contrá-
rio do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num
mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.
A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.
O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globaização perversa. Ela está sendo tanto
mais perversa porque as enormes possibilidaes oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não
estão sendo adequadamente usadas.
Não cabe, todavia, perder a esperança porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20,
se usados de uma outra maneira, bastariam para reproduzir muito mais alimentos do que a popua-
lação atual necessita e, aplicadoa à medicina, reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.
Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos
e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É pos-
sível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro
tipo de globalização.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
Veja que procuramos por palavras que respondessem sinteticamente à pergunta ou que fossem
Depois de marcarmos as palavras ou expressões relativas ao tema do texto, com nossos conhe-
cimentos prévios (linguísticos, textuais e de mundo) e com os adquiridos com a leitura do texto,
que promove um consumo excessivo e uma competitividade que reforça desigualdades e que é
perversa.
Diante disso, como palavras chaves que sintetizam as ideias do texto podemos elencar: internaciona-
semânticas que contribuem para uma leitura, uma análise e uma interpretação mais eficiente de
um texto. Mas ainda tem alguns outros aspectos que são importantes conhecermos e diferen-
ciarmos, tendo em vista que eles contribuem para a construção de sentidos, para o efeito estilís-
Como já foi explicado o que é campo lexical, explicarei agora o que é campo semântico, pois não
"
são a mesma coisa. Embora parecidos, apresentam distinções significativas. Para facilitar, vejamos
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campo/área de conheci-
mento
» POLISSEMIA:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
rência a algo, a alguém, a fatos, a eventos, a sentimentos (referenciação), sem ser repetitivo, e man-
Observe como no trecho do texto C, a seguir, a temática da globalização é retomada com o uso de sinônimos:
[...]
Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais, e o que acontece
em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o que acontece em
todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações
chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empre-
sas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
[...]
E como no mesmo trecho o autor faz uso do hiperônimo com a expressão "organização interna-
cionais" referindo-se "... a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas trans-
nacionais..."
[...]
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma escala global. Na realidade, as relações
chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empre-
sas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.
Seguimos com a leitura, análise e interpretação de textos dando uma atenção especial à intertex-
tualidade.
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
É nesse plano do conteúdo que o diálogo, ou a referência a outro enunciado aparece, formando o
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intertextualidade - interação
Todos nós carregamos uma bagagem vivencial que nos permite fazer comparações de uma coisa
ções que se evidenciam incompletas, fazer avaliações que vão ao encontro de nossos gostos, dese-
jos, sentimentos e tirar conclusões daquilo que vivemos. Tais habilidades cognitivas também são
Quantas vezes você já leu ou viu algo que te fez lembrar de uma outra coisa (outra história
que leu, algum acontecimento vivido por você ou que ficou sabendo)?
Isso é muito comum, pois estamos rodeados de textos e vivemos no mundo da linguagem.
Portanto, a intertextualidade nos permite atribuir novos sentidos ao texto, fazer relações de um
caso o leitor não tenha a experiência com outras leituras do campo temático abordado. Quantas
vezes também você já leu ou viu algo do qual não entendeu nada? Isso também é muito comum,
pois nem sempre temos a bagagem vivencional sobre os mais variados temas.
leitor/consumidor, bem como vimos no texto A. E todos os enunciados podem ser relacionados a
outro se considerarmos que eles nunca são novos. Observe as imagens abaixo e as intertextualida-
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
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intenção, uma finalidade. Logo, somos um emissor ou destinador, que dirige uma mensagem (con-
junto de informações) referente a algo (situação, contexto), a alguém (receptor ou destinatário), por
meio de um canal de comunicação (meio físico que permite a comunicação: televisão, rádio, jornal,
Portanto, emissor, receptor, código, mensagem, referente e canal são elementos constitutivos do ato
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
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A partir desses elementos da comunicação e acordo com as nossas intenções, configuram-se seis
funções da linguagem:
Palavra-chave: Receptor, pois tem como objetivo influenciar o receptor ou destinatário, com
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UNIDADE 1 :
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» FUNÇÃO APELATIVA:
» EMOTIVA
SAMBA EM PRELÚDIO
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Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar.
[...]
Vinícius de Moraes
» FÁTICA
Palavra-chave: canal, pois tem como foco principal o contato entre o emissor e o receptor.
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UNIDADE 1 :
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» METALINGUÍSTICA
típica das gramáticas e dicionários que utilizam a escrita para falar das regras ou significados
dela própria.
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» POÉTICA
objetivo de torna-la diferente, surpreendente, com expressões fora das habituais, fugindo da
Diferentemente da função emotiva que tem como objetivo emocionar o leitor, a função po-
ética se importa mais com a mensagem em si e a forma de como ela será transmitida. As
palavras são usadas no sentido figurado (sobre sentido figurado ver Unidade 2).
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UNIDADE 1 :
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Observe que, na manchete da notícia, o foco está no assunto “redução do pó preto”, ou seja, no
referente.
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UNIDADE 1 :
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Em síntese:
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Poética Mensagem Valorizar o Texto
Referencial Referente Transmitir Informação
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
RESUMO
Os textos têm um modo de organização específico que pode ser identificado em um
» Tema,
» Título e
» Parágrafo.
gerais do texto.
de ligação que dão o encadeamento ao texto são fundamentais para se manter a uni-
» Linguístico,
» Textual e
» De mundo.
» POLISSEMIA:
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UNIDADE 1 :
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» SINONÍMIA:
(preto = negro)
» ANTONÍMIA:
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(frio – quente)
» HIPERONÍMIA:
Sentido mais abrangente atribuído a uma palavra em seu campo semântico (animal = gato,
leão, cobra...)
» PARONÍMIA:
(cavaleiro – cavalheiro)
» INTERTEXTUALIDADE:
» EMOTIVA:
» FÁTICA:
» METALINGUÍSTICA:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
» POÉTICA:
» REFERENCIAL:
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UNIDADE 1 :
LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ASSOCIADOS AOS TEMAS GERAIS
REFERÊNCIA:
Material para uso exclusivo dos alunos da Rede de Ensino Doctum. Proibida a reprodução e o compartilhamento digital, sob as penas da lei.
revista. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010.
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2002.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção
OLIVEIRA, Luciano Amaral (org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São Paulo:
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