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Seguindo as normas da

BNCC e as novas Matrizes


de Avaliações Externas.
Apresentação

Caro Professor,
Este material tem por finalidade contribuir para a formação do
professor que queira ampliar as opções na carreira, podendo
tornar-se um elaborador de itens ou autor de materiais didáticos.
O momento no cenário educacional, com a BNCC e a Reforma do
Ensino Médio, traz transformações em diversos aspectos do chão
da sala de aula. Tais mudanças são visíveis nas avaliações externas
que passarão por pelo menos quatro grandes transformações, que
são: mudanças dos currículos dos sistema educacionais; mudanças
das matrizes de avaliação; aplicação das provas em duas etapas,
no caso do ensino médio; e digitalização das provas.
Tais mudanças representam oportunidades para os professores
que estejam prontos para ocupar espaços e protagonizar a
construção de novos caminhos. Torne-se autor e assuma o controle
sobre suas horas e sobre sua carreira.
Ao final deste curso espera-se que, você professor, tenha
desenvolvido habilidades diferenciadas que possibilitem o
exercício de novas atividades na carreira, além de melhorar sua
atuação docente em sala de aula, uma vez que compreenda e
antecipe o processo cognitivo de estudantes, necessário para
elaborar um item, compreendendo os erros e acertos relacionados,
bem como os caminhos cognitivos para consolidar a
aprendizagem.
Por fim, o protagonismo do professor é
uma das alternativas para a construção das
melhorias na educação do nosso país, afinal,
os professores são peças indispensáveis
nesse jogo e a escolha é sua, entre participar
ativa ou passivamente da partida.
Venha conosco!!

01
Profª. Luzia Hippolyto

02
sumário

1. A BNCC, A REFORMA DO ENSINO MÉDIO E AS AVALIAÇÕES EXTERNAS 5


2. Etapas de uma avaliação em larga escala 10
3. O que é uma Matriz de Referência? 11
4. Os eixos cognitivos, eixos de conhecimento e habilidades da matriz 14
4.1 Exemplo de habilidades e matrizes 18
4.2 Matrizes do Saeb 2ºano, 5º ano, 9º ano do ensino fundamental e 3ª 20
série do ensino médio.
4.2.1 Matrizes de Linguagens no Ensino Fundamental 20
5. Já sei o que é Matriz de Referência, por onde eu começo? 23
5.1 Resumindo os passos para a elaboração do item 26
6. A estrutura e as partes de um item 26
6.1 Diferença entre item e questão 26
6.2 A estrutura do item 27
6.2.1 Item de Matemática 28
6.2.2 Item de Linguagens
28
6.3 Partes de um item
29
7. Como construir o texto base?
29
7.1 SITUAÇÃO-PROBLEMA:
30
7.2 CONTEXTUALIZAÇÃO
30
7.3 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO BASE
8. Como fazer o enunciado do item? 31
8.1 CARACTERÍSTICAS DO ENUNCIADO 32
9. Vixi, e as alternativas de respostas 34
9.1 DISTRATORES ISENTOS DE PEGADINHAS 35
9.2 DISTRATORES PLAUSÍVEIS 35
9.3 DISTRATORES E PARALELISMO 36
9.4 FACILITADORES DO GABARITO 37
9.5 RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS 37
10. Justificativas e Revisão dos Itens 38
11. Exemplo de Itens por área propedêuticas 39
11.1 Matemática 40
11.2 Linguagens e Códigos 41
11.3 Ciências Humanas
43
11.4 Ciências da Natureza
48
12. Considerações Finais
51
13. Referência Bibliográfica
56

03
1 A BNCC, A REFORMA DO ENSINO
MÉDIO E AS AVALIAÇÕES EXTERNAS

Discutiremos, ao longo deste texto, oportunidades para você professor tornar-se


um autor, senhor de suas horas, definidor de seus ganhos, protagonista de sua
carreira.
Diversas competências são necessárias ao desenvolvimento pleno da cidadania e,
em todos os casos, a educação é um caminho possível para o desenvolvimento
dessas competências e habilidades.
Muitos equívocos relacionados à educação tem sido corrigidos nas últimas
décadas no Brasil e os professores devem considerar este contexto histórico sob
pena de perderem oportunidades e deixarem-se conduzir pela carreira sem decidir
por si, sem assumir a responsabilidade por sua colocação e evolução na profissão.
A categoria de professores e educadores, antes de reivindicar a valorização de
suas carreiras precisa, por si mesmo, reconhecer e valorizar sua profissão como
algo criativo, dinâmico, envolvente, apaixonante; apropriar-se dos conteúdos e
desenvolver as habilidades que o exercício da docência exigem; utilizar seu
vocabulário próprio com correção e segurança; construir sua rede de
relacionamentos, seu network como parte do processo educativo; conhecer e
dominar os procedimentos indiretos que oferecem recursos para melhorar a
aprendizagem dos estudantes sob sua responsabilidade, como são a avaliação, o
planejamento, a gestão.
Tornar-se professor autor, protagonista de sua carreira implica estudar a
educação e ampliar sua visão sobre processos que até então consideravam
naturais, como por exemplo o direito à educação, a educação para a cidadania, a
avaliação educacional, a elaboração de material didático o uso de recursos de apoio,
tecnológicos ou não.
A Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2017) auxilia na clareza sobre como a
educação desenvolve a cidadania, uma vez que assume como valor o DIREITO DE
APRENDER e define as habilidades a serem desenvolvidas que devem ser comuns a
todos os sistemas educacionais para a garantia desse direito.

BNCC é um documento que precisa ser estudado


e apropriado por você, professor. Acesse a BNCC
aqui (http://basenacionalcomum.mec.gov.br/).

04
Tendo-se clareza sobre o que a educação deve desenvolver como aprendizado, a
avaliação pode verificar, medir, julgar o quanto tais objetivos ou o quanto as
habilidades previstas foram desenvolvidas pelos estudantes dos sistemas
educacionais em todas as unidades da federação.
As avaliações externas, como instrumentos reguladores dos sistemas educacionais,
devem atender à BNCC, ao mesmo tempo em que os currículos estaduais e os
projetos pedagógicos das escolas também o fazem.
No contexto da educação privada, as boas escolas e os sistemas educacionais
privados também consideram, desenvolvem e contratam suas avaliações externas e
participam de testes que oferecem diagnóstico/simulados e apontam as fragilidades a
serem superadas para a aprendizagem de seus estudantes, sobretudo no nível
médio, quando esta aprendizagem representa uma nota de proficiência a ser obtida,
por exemplo, através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e esse
desempenho, na forma de notas, determina um juízo da sociedade sobre a qualidade
da educação ali oferecida, bem como define o interesse das famílias e dos estudantes
em aderir ao seu ensino.
Eis o cenário educacional que abre possibilidades para os professores que
desenvolverem as habilidades para a elaboração de itens adequados às avaliações
em larga escala, tecnicamente perfeitos, para publicações didáticas ou para bancos de
itens a serem utilizados por sistemas educacionais em provas com o uso de modelos
matemáticos complexos para o cálculo das proficiências, tal como o modelo da Teoria
da Resposta ao Item, utilizada pelo Inep nas avaliações nacionais e por muitos
estados e municípios em suas avaliações estaduais.
Desenvolver tais habilidades tornam o professor um autor de itens de avaliação
externa, que podem ser publicados em provas diversas e constituem uma produção
valiosa para a educação do país. Elaborar itens é apenas uma das formas de
participar do processo avaliativo, que abre muitas oportunidades aos educadores.
O próprio Inep seleciona professores elaboradores de itens através de editais em
chamadas públicas como ocorre desde 2010, com o primeiro Edital de
Credenciamento Nº 01/2010 – INEP/MEC, para elaboração de itens para o ENEM, que
construiu o primeiro banco de professores colaboradores externos ao Inep para a
construção do Banco Nacional de Itens em apoio aos instrumentos de avaliação.
Desde então são publicados editais públicos para selecionar colaboradores para: o
Sistema de Avaliação da Educação Básica/Prova Brasil - Saeb - nas quatro áreas de
conhecimento sendo o último em 2018; para o Exame Nacional de Certificação de
Competências para Jovens e Adultos ENCCEJA - também nas quatro áreas de
conhecimento; para a Avaliação Nacional da Alfabetização - ANA - em linguagens e
matemática; para Exame para Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para
Estrangeiros (Celpe-Bras) em língua portuguesa; além das chamadas para selecionar
elaboradores para o nível superior em todas as áreas profissionais e tecnológicas.

05
Tendo-se clareza sobre o que a educação deve desenvolver com aprendizado, a
avaliação pode verificar, medir, julgar o quanto tais objetivos ou o quanto as
habilidades previstas foram desenvolvidas pelos estudantes dos sistemas
educacionais em todas as unidades da federação.

Torne-se um autor, elaborador de itens para as


avaliações externas, seja dono de suas horas,
protagonista de sua carreira. Acesse o site do
Inep aqui (https://www.gov.br/inep/pt-br)

A publicação da BNCC, em 2017, obriga a adequação das avaliações externas a base


nacional e reclama do Inep a renovação do banco de colaboradores para a
manutenção e expansão do Banco Nacional de Itens, sobretudo quando existe um
projeto de transposição das avaliações impressas para o ambiente digital, onde são
necessários mais itens em quantidade e qualidade para viabilizar os procedimentos
informatizados.

Próximos anos trarão muitas


chamadas públicas para a
renovação do banco de
colaboradores do Inep.

http://portal.inep.gov.br/web/guest/banco-nacional-de-itens

06
Além do Inep, os sistemas educacionais municipais, estaduais e privados precisam
intensificar o uso de avaliações externas como instrumento de gestão pedagógica
para a melhoria do desempenho dos seus estudantes nas avaliações externas. A
habilidade de elaborar itens adequados às avaliações em larga escala não está
disponível, mesmo para os bons professores que atuam nas melhores escolas, pois
isso não faz parte da formação e não é tarefa que se desenvolva intuitivamente,
exigindo estudo, treino, orientação formativa e crítica eficaz.
Os sistemas educacionais municipais, estaduais e privados precisam contratar
elaboradores de itens, contratam empresas especializadas em avaliação educacional
que também contratam elaboradores, enfim, há um mercado a ser ocupado por você
professor, que desenvolveu essa habilidade entre suas competências profissionais.
Os certificados ou as declarações de participação em avaliações em larga escala,
sejam municipais, estaduais ou em redes privadas podem ser a porta de acesso para
você tornar-se colaborador do Banco Nacional de Itens do Inep, ou de avaliações
estaduais. Construa sua carreira fazendo parte de um dos processos importantes da
educação, tornando-se referência para a sua área, valorizado e desejado pelas escolas
das redes públicas e/ou privadas. Seja requisitado pelas escolas e escolha onde
dedicar suas horas de trabalho.
2.
1.

1. https://ftd.com.br/
2. https://www.moderna.com.br/pagina-inicial.htm
3. https://www.cebraspe.org.br/ 3.
4.
4. http://fundacaocaed.org.br/#!/pagina-inicial

A BNCC obriga todos os sistemas educacionais, públicos ou privados, a rever seus


currículos e melhorar o atendimento à base comum de habilidades que os estudantes
têm direito a aprender no processo educativo, além de ser necessário avaliar a base
comum e os itinerários formativos que advêm do novo ensino médio. O presente
curso desenvolve, com você, a habilidade de elaborar itens de qualidade segundo as
melhores técnicas de elaboração de itens para avaliações em larga escala, adequadas
para todas as áreas de conhecimento, para todos os níveis educacionais. As técnicas
de elaboração de itens aqui oferecidas são as mesmas aplicadas pelas avaliações dos
sistemas de ensino municipais, estaduais e privados, bem como pelo Inep, nas
avaliações nacionais. O domínio sobre as técnicas de elaboração de itens é um
diferencial para professores protagonistas de suas carreiras e agrega valor à carreira
docente, além de ampliar a possibilidade de empatia do professor para com os
estudantes, na medida em que exige o esforço de conhecer e considerar o
pensamento e a realidade do aluno. Sigamos em frente.

07
2 ETAPAS DE UMA AVALIAÇÃO
EM LARGA ESCALA
A avaliação em larga escala é atividade de alta complexidade com múltiplas etapas
que antecedem a aplicação do teste, tal como ocorre com as avaliações externas
conduzidas pelos órgãos que avaliam os sistemas educacionais ou que aplicam
exames de seleção padronizados para grandes populações. Quando cumpridas todas
as etapas preparatórias de uma avaliação, tem-se segurança sobre o instrumento que
será aplicado, sobre a possibilidade de replicar aplicações com a mesma precisão
sobre as medidas obtidas e as afirmações probabilísticas que podem ser formuladas
para a tomada de decisão quanto à seleção, à promoção, à recondução, enfim,
qualquer que seja o juízo a ser realizado pela avaliação.

Sendo assim, participar de uma avaliação como elaborador de itens é oferecer um


insumo imprescindível para a realização de um processo planejado e conduzido por
atores especialistas de diversas áreas de conhecimento, a semelhança da condução
de uma produção cinematográfica onde cada personagem e cada colaborador é parte
da engrenagem a ser posta em movimento com o propósito de oferecer dados,
informações e subsídios para decisões e julgamentos educacionais diversos. Em cada
uma das etapas os professores são os principais participantes que podem garantir a
qualidade e a eficácia da avaliação educacional.
As etapas de uma avaliação em larga escala podem ser descritas em:

Determinação da população a ser


avaliada ou de um plano amostral

Elaboração ou utilização da matriz de


referência.
Construção dos itens.
Pré-testagem dos itens
Análise Estática e Pedagógica do itens

Montagem dos cadernos de testes


- blocos incompletos balanceados.
Testes Padronizados.
Questionários Contextuais

Aplicação dos Instrumentos.


Processamento e Constituição da
base de dados da avaliação.

Análise dos resultados: utilização da Teoria Clássica e da


Teoria da Resposta ao Item.
Produção dos Resultados.
Construção e interpretação das escalas de Proficiência.
Elaboração dos Relatórios Gerais e Pedagógicos
08
3 O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA?

As matrizes de referência para a avaliação em larga escala são elaboradas pelo


órgão avaliador considerando a etapa de escolarização, os conteúdos programáticos,
os pressupostos pedagógicos que devem orientar o ensino e as habilidades que
devem ser demonstradas pelos estudantes ao final daquele ciclo educacional.

A matriz de referência de cada disciplina a ser avaliada orienta a elaboração dos


itens que compõem os testes e possibilita a construção de um banco de itens que,
por sua vez, oferece a possibilidade de montagem de sucessivas provas com itens
equivalentes.

Assim, essas matrizes especificam o que será avaliado e como se dará a construção
desse processo. Por indicarem apenas habilidades essenciais para cada período de
escolarização avaliado, a matriz de referência não contempla todo o currículo escolar,
de forma que nunca deve ser usada para substituir a Matriz Curricular, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) e, hoje, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC).
eixo do
O QUE É UMA MATRIZ conhecimento?
DE REFERÊNCIA? Eixo cognitivo?
A? B? C?
Eixo cognitivo
EIXO DO
CONHECIMENTO A B C
1 A1 B1 C1

2 A2 B2 C2

3 A3 B3 C3
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

A elaboração das matrizes de referência da avaliação em larga escala é uma etapa


pedagógica onde os professores são protagonistas. As matrizes são a referência para
a construção dos testes de conhecimento, dos questionários contextuais e de outros
instrumentos de coleta de dados. No caso de testes de conhecimento ou testes de
proficiência de avaliações em larga escala nacionais, sob responsabilidade do Inep,
as matrizes definem as habilidades que serão medidas, que vão compor uma
avaliação da proficiência do respondente, portanto, dão origem aos itens que são
construídos com base nos currículos a serem avaliados.

Cada habilidade da matriz é o ponto de partida para um item a


ser elaborado para a prova, que vai compor o banco de itens, de
onde os especialistas vão selecionar aqueles itens para compor
blocos de itens que são organizados em sequência lógica nas
provas que serão aplicadas em cada versão da prova ou da 09
avaliação. Os itens também são diferentes entre si, sobretudo no
conteúdo programático, no contexto, no que está sendo solicitado ao respondente,
pois os itens devem buscar aspectos diferentes sobre uma amplitude de temas
curriculares disponíveis.

A construção das matrizes de referência exige a presença e a participação de


educadores que conheçam os currículos e as realidades educacionais de onde serão
extraídas as informações necessárias às matrizes. Sem matrizes os instrumentos de
medição seriam aleatórios, cegos, sem possibilidade de replicação da medida. Com
as matrizes o processo pode ser transparente, replicável, balizado tecnicamente para
a construção de instrumentos equivalentes a serem utilizados em momentos
diferentes, enfim, as matrizes conferem clareza e orientação a todo o processo da
avaliação e sua construção junto com os especialistas em educação é etapa
necessária para qualquer avaliação educacional em larga escala. No caso de cursos
superiores ou cursos tecnológicos ou profissionalizantes, a matriz pode ser obtida
por meio da análise dos respectivos projetos pedagógicos dos cursos, cujos objetivos
educacionais podem servir de referência para uma matriz de avaliação. A redação
dos objetivos de curso e de disciplinas segue a mesma lógica da redação de
descritores de uma matriz de referência, com a definição de operações cognitivas a
serem realizadas com objetos do conhecimento em determinadas condições
(MAGER, 1984). Adiante seguimos a descrição das referências para a construção
dos itens e os critérios para a sua utilização em avaliações em larga escala.

10
4 OS EIXOS COGNITIVOS, EIXOS DE
CONHECIMENTO E HABILIDADES DA MATRIZ.

As matrizes de referência para avaliações externas da educação básica sofreram


modificações em face ao advento da BNCC, que obrigou a revisão de todos os
processos avaliativos em larga escala. A revisão de algumas das matrizes de
avaliação da educação básica, a cargo do Inep, já foram publicadas e podem ser
vistas no link. (http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb/matrizes-e-escalas)

O Inep baseia-se nos currículos e nas diversas avaliações da educação básica,


nacionais, internacionais, na análise dos dados empíricos produzidos pelos
instrumentos, na análise pedagógica dos itens, dos instrumentos e dessas medidas
para propor as matrizes que devem possibilitar a construção de itens que possam
medir a proficiência dos estudantes da educação básica ao ensino superior, com
base no processo educativo da etapa de ensino, com uso desse conhecimento ou
dessas habilidades em situações mais próximas possíveis da realidade e da vida em
sociedade.
Sem matrizes não seria possível a construção de um banco de itens para avaliar
as habilidades definidas para cada etapa de ensino, pois não haveria padronização
dos itens e cada qual poderia medir diferentes aspectos da aprendizagem de tal
maneira que a medida não seria comparável, transparente, previsível, válida ou
confiável.

As avaliações dos cursos superiores realizadas pelo Inep tem matrizes, no entanto
elas não são divulgadas então devem-se buscar referências para a elaboração de
itens nos objetivos educacionais definidos nos Projetos Políticos Pedagógicos dos
cursos superiores desenvolvidos pelas respectivas instituições, pois tais projetos
atendem às referências nacionais da profissão ou da área, atendem à legislação e
atendem aos demais balizadores para o desenvolvimento de aprendizagens que
podem ser medidas por meio de avaliações externas como no Enade ou semelhante.

Na educação básica, as recentes matrizes do Saeb, desenvolvidas pelo Inep a


partir da BNCC, oferecem três dimensões estruturantes para orientar a elaboração
dos itens, resumidamente descritas como: as diferentes situações/contextos que
envolvem a ciência, a tecnologia e a vida em sociedade; as possíveis ações/operações
cognitivas que devem ser efetivadas pelos aprendizes nessas situações; e os
diferentes conhecimentos mobilizados para tal. Veja a estrutura genérica da matriz
na gravura adiante.

11
A Resolução CNE no 2/2017 determina o prazo para
Por que o SAEB adequação das Matrizes à BNCC, no entanto o Plano
não mudou na Nacional de Educação fixou metas para o Índice de
aplicação de 2019, Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb – até 2021.
visto que a BNCC é Por isso os testes de Língua Portuguesa e Matemática
de 2018? aplicados nos 5o e 9o anos e na 3a série do Ensino
Médio não podem sofrer alteração até 2021.

No presente curso vamos analisar somente as matrizes atualizadas segundo a


BNCC, por entender que as demais matrizes serão alteradas em seguida por conta
da necessidade de adequação à BNCC e todas, portanto, deverão seguir a estrutura
destas primeiras.

Por sua vez, as matrizes do Enem e do ENCCEJA estão em revisão, devem ser
publicadas conforme a BNCC e a reforma do ensino médio assim que os currículos
estaduais sejam igualmente publicados. Ademais, as avaliações serão transpostas
para o ambiente digital e isso também provoca impacto sobre os itens e a revisão
das matrizes.

Por essas razões, os órgãos que realizam as avaliações em larga escala, sobretudo
o Inep, devem editar chamadas públicas para atualizar o banco de colaboradores
para os respectivos Bancos de itens. As matrizes de referência orientam os
colaboradores, dos sistemas e do Inep, na confecção de itens para a formação do
banco de itens.

O que permite a construção de um banco de itens diversificado, criativo, original e


abrangente é a participação de colaboradores de diversas localidades do país,
seguindo uma mesma orientação para que a elaboração dos itens atenda a esses
três eixos ou dimensões, ou seja, os itens construídos a partir do cruzamento dessas
três dimensões podem ser considerados adequados para medir a proficiência
solicitada pela matriz. Tal realidade não seria possível se o universo de elaboradores
fosse restrito aos especialistas do Inep ou se não alcançasse todas as rincões do país
com suas regionalidades retratadas em itens.

Veja o documento de referência do Saeb no link adiante.

12
Arquivo completo na integra disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/saeb/2018/docu
mentos/saeb_documentos_de_referencia_versao_1.0.pdf

Os itens devem resultar do cruzamento entre elementos do Eixo do Conhecimento


(composto por objetos de conhecimento dos componentes curriculares da BNCC) e
do Eixo Cognitivo, bem como devem atender à necessidade de contextualização, em
alguns casos. Desse cruzamento resultam habilidades que guiarão a construção do
teste.

EIXOS DO EIXOS
CONHECIMENTO COGNITIVOS
Refere-se aos conhecimentos A partir das habilidades da BNCC,
escolares que são solicitados ou dos referenciais das avaliações
mobilizados diante de uma internacionais e de uma taxonomia
demanda cognitiva. São os objetos de aprendizagem definiram-se os
de conhecimento e as temáticas Eixos Cognitivos que correspondem
que são foco dos componentes às operações cognitivas que os
curriculares de cada área de estudantes devem ser capazes de
conhecimento da BNCC. demonstrar que dominam por meio
de uma avaliação em larga escala.

De um estudo detalhado da BNCC concluiu-se que os processos cognitivos


definidos como reconhecer, identificar, relacionar, compreender, distinguir,
comparar, analisar, entre outros listados na revisão da taxonomia de Bloom
(Krathwohl, 2002), são passíveis de serem considerados em uma Matriz de avaliação
(BRASIL INEP, 2018).

A taxonomia revisada de Bloom (CONKLIN, 2005) (KRATHWOHL, 2002) é a


referência para a definição de operações cognitivas relativas a cada habilidade a ser
aprendida na educação básica, pois apresenta uma classificação e organização
dessas operações em diferentes níveis de complexidade. Estudar a revisão da
taxonomia de Bloom oferece recursos para compreender e melhor utilizar tais
operações cognitivas traduzidas nos verbos presentes nas matrizes. A mesma
compreensão sobre as operações cognitivas auxilia na definição de objetivos
educacionais para o ensino, bem como repercute na elaboração das avaliações
internas, produzidas para avaliar o cumprimento dos objetivos das disciplinas e das
aulas.
13
E O QUE É UMA HABILIDADE?

eixo do
conhecimento
+ eixo
cognitivo
= HABILIDADES

Uma habilidade é uma ação que o indivíduo é capaz de realizar, portanto, no caso
de habilidades escolares é composta pela junção do conteúdo programático e da
operação mental necessária para responder ao item. O item respondido deve
revelar, pois, a capacidade ou não do aluno de fazer algo ou usar o conhecimento
escolar em uma situação específica.

EIXO COGNITIVO
A matriz do Enem, quando
EIXOS DO CONHECIMENTO A B C
divulgada, seguirá a mesma lógica
1 A1 B1 C1 de construção da matriz do Saeb,
uma vez que ela também
2 A2 B2 C2
atenderá a BNCC.
3 A3 B3 C3

Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

Por um lado, os eixos de conhecimento descrevem conteúdos curriculares que os


sistemas de ensino devem considerar. Por outro lado, os eixos cognitivos descrevem
as operações cognitivas que os respondentes devem ser capazes de demonstrar em
relação aos conhecimentos relacionados.

4.1 EXEMPLO DE HABILIDADES E MATRIZES


Vejamos alguns exemplos de habilidades onde são descritos os eixos cognitivos e
os eixos do conhecimento.

Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso da pontuação.

EIXO COGNITIVO + EIXO DO CONHECIMENTO

MATRIZ LINGUAGENS E CÓDIGOS - 5º ANO


EIXO DO CONHECIMENTO: Análise Linguística/ Semiótica
EIXOS COGNITIVOS: Analisar
14
Identificar as principais características dos regimes monárquicos
absolutistas europeus

EIXO COGNITIVO + EIXO DO CONHECIMENTO + MODIFICADOR

MATRIZ DE CIÊNCIAS HUMANAS - 9º ANO


EIXO DO CONHECIMENTO: Poder, Estado e Instituições
EIXOS COGNITIVOS: A ( Identificar)

Avaliar os métodos mais adequados para separação de diferentes


sistemas heterogêneos.

EIXO COGNITIVO + EIXO DO CONHECIMENTO

MATRIZ DE CIÊNCIAS DA NATUREZA ENEM


EIXO DO CONHECIMENTO: Matéria e Energia
EIXOS COGNITIVOS: Avaliar (C)

Inferir os elementos ausentes em uma sequência de números naturais


ordenados ou de objetos e figuras.

EIXO COGNITIVO + EIXO DO CONHECIMENTO

MATRIZ DE MATEMÁTICA 2° ANO


EIXO DO CONHECIMENTO: Álgebra
EIXOS COGNITIVOS: (Compreender e aplicar conceitos e Procedimentos)
Inferir

Note que as habilidades das diferentes áreas possuem eixos de conhecimentos


distintos. Natural, pois aos eixos do conhecimento são decorrentes dos domínios da
BNCC, enquanto os eixos cognitivos dizem respeito a ação mental que podem ser
repetidas para diferentes objetos do conhecimento.

Por exemplo, as matrizes das avaliações do Saeb, em cada uma das etapas de
ensino, consideram as áreas de conhecimento que serão avaliadas, como pode ser
visto adiante.

15
MATRIZES DO SAEB 2ºANO, 5º ANO, 9º ANO DO
4.2 ENSINO FUNDAMENTAL E 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO.

4.2.1 MATRIZES DE LINGUAGENS NO ENSINO


FUNDAMENTAL
Saeb 2º Ano do Ensino Fundamental
Para o 2º ano do ensino fundamental, alfabetização portanto, a matriz de referência
apresenta três eixos do conhecimento. Não há explicitamente a definição de eixo
das operações cognitivas que serão avaliados, no entanto os verbos que
representam as operações cognitivas que aparecem nas habilidades da matriz são:
reconhecer, ler, escrever, localizar, inferir.

Tabela 1: Matriz do 2º ano

QUADRO V- Habilidades da Matriz LP 2º ano EF por Eixo do Conhecimento


EIXO DO CONHECIMENTO HABILIDADE

Relacionar elementos sonoros das palavras com


sua representação escrita
Apropriação do Sistema
Ler palavras
de Escrita Alfabética
Escrever palavras
Ler frases
Localizar informações explícitas em textos
Reconhecer a finalidade de um texto
Inferir o assunto de um texto
Inferir informações em textos verbais
Leitura Inferir informações em textos que articulam linguagem
verbal e não verbal
Verbal e não verbal
Produção textual Escrever texto
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

Saeb 5º e 9º Anos do Ensino Fundamental


As Matrizes de Linguagens do 5º e do 9º anos são uma só e propõem a
categorização dos conhecimentos e abordagens da área em torno de seis eixos do
conhecimento e quatro eixos cognitivos. Deve-se observar que o eixo do
conhecimento de Inglês só será avaliado externamente a partir do 6° ano. Note-se
também que o eixo cognitivo abre espaço para a produção e consequentemente
para a avaliação escrita, seja ditado (2ºano) ou redação.

A tabela apresenta os eixos do conhecimento e os eixos cognitivos de linguagem


da matriz do Saeb e que, certamente, são prenúncio da matriz do Enem.

16
Tabela 2: Matriz de Linguagens do 5º ano e 9º ano

EIXOS COGNITIVOS

EIXOS DO CONHECIMENTO RECONHECER ANALISAR AVALIAR PRODUZIR


LEITURA
ANÁLISE LINGUÍSTICA /
SEMIÓTICA
PRODUÇÃO DE TEXTOS
ARTE
EDUCAÇÃO FÍSICA
INGLÊS*
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

4.2.2 MATRIZ DE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL


A Matriz de Matemática do Saeb está organizada em cinco eixos do conhecimento
e quatro dois cognitivos, onde estes apontam para a avaliação da aplicação de
conceitos e a argumentação matemática, ampliando o escopo das operações
cognitivas em relação às matrizes anteriores. Não seria estranho se fossem
oferecidos itens abertos nas próximas edições do SAEB e espera-se que a
digitalização das provas abra mais espaço para esse tipo de item. As matrizes do 2º
ano, 5º ano e 9º ano são uma só e apresentam a seguinte estrutura:

Tabela 3: Matriz de Matemática do 2º ano, 5º ano e 9º ano

EIXOS COGNITIVOS
COMPREENDER E APLICAR RESOLVER PROBLEMAS E
EIXOS DO CONHECIMENTO CONCEITOS E PROCEDIMENTOS ARGUMENTAR

NÚMEROS
ÁLGEBRA
GEOMETRIA
GRANDEZAS E MEDIDAS
PROBABILIDADE
E ESTATÍSTICA
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

MATRIZ DE CIÊNCIAS DA NATUREZA NO ENSINO


4.2.3 FUNDAMENTAL
A Matriz de Ciências da Natureza do Ensino Fundamental reúne áreas de
conhecimentos diversas como biologia, química e física, estruturadas em três eixos
do conhecimento e três tipos de operações cognitivas com diferentes níveis de
complexidade. A estrutura permite que sejam produzidos itens de cada ciência no
cruzamento de todos os eixos do conhecimento com os eixos cognitivos, sem
exclusividade para nenhuma das três. A matriz também permite visualizar uma
adaptação facilitada para itens digitais com itens de diferentes tipos no futuro.
confira a tabela completa na próxima página!

17
Tabela 4: Matriz de Ciências da Natureza do 5º ano e 9º ano

EIXOS COGNITIVOS

EIXOS DO CONHECIMENTO A B C
MATÉRIA E ENERGIA
VIDA E EVOLUÇÃO
TERRA E UNIVERSO
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

A - Processos cognitivos de baixa complexidade


B - Processos cognitivos de média complexidade
C - Processos cognitivos de alta complexidade

MATRIZ DE CIÊNCIAS DA HUMANAS NO ENSINO


4.2.4 FUNDAMENTAL
A Matriz de Ciências Humanas reúne componentes curriculares de história e de
geografia, estruturadas em seis eixos do conhecimento e três tipos de operações
cognitivas com diferentes níveis de complexidade. A estrutura também permite que
todos os cruzamentos dêem origem a itens de todas as disciplinas, sem
exclusividade para nenhuma. A digitalização das provas em breve encontrará
matrizes adequadas para dar origem a um novo banco de itens de diferentes tipos
de itens, abertos, fechados, animados, dinâmicos.

Tabela 5: Matriz de Ciências Humanas do 5º ano e 9º ano

EIXOS COGNITIVOS

Eixo A Eixo B Eixo C


EIXOS DO CONHECIMENTO RECONHECIMENTO E COMPREENSÃO E AVALIAÇÃO E
IDENTIFICAÇÃO ANÁLISE PROPOSIÇÃO

Tempo e espaço: fontes e


formas de representação
Natureza e questões
sociambientais
Culturas, identidades e
diversidades
Poder, Estado e
Instituições
Cidadania, direitos
humanos e movimentos
sociais
Relações de trabalho,
produção e circulação
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

18
O FUTURO DAS AVALIAÇÕES EXTERNAS NO ENSINO
4.2.5 FUNDAMENTAL
Uma característica importante das novas Matrizes de Referência propostas a
partir da BNCC é que, para a adequada avaliação da proficiência prevista nos testes,
faz-se necessário trabalhar, também, com itens de resposta construída ou itens
abertos de resposta discursiva. A inclusão de itens neste formato é novidade no
âmbito das avaliações em larga escala no Brasil, como no Saeb ou no Enem e, como
tal, vai mudar o formato dos bancos de itens e desdobrar a formação de
elaboradores de itens. A digitalização das provas reforça esta tendência de maior
complexidade do banco de itens, sem no entanto deixarem de existir itens fechados
que serão aplicados junto com itens abertos.

19
5 JÁ SEI O QUE É MATRIZ DE REFERÊNCIA,
POR ONDE EU COMEÇO?
O primeiro e mais importante passo para a construção de um item é, uma vez
que se conhece a matriz da avaliação, selecionar uma habilidade ou um descritor
que esteja dentro de suas competências e preparar-se para concretizar uma forma
de verificar se o estudante apresenta tal habilidade. Caso não tenhamos uma matriz,
podemos selecionar um objetivo de curso ou objetivo de disciplina para orientar a
formulação do item.

Nunca devemos fazer um item e


depois procurar a habilidade onde
o que não ele possa ser encaixado. O contrário
pode ocorrer? é correto, ou seja, escolher uma
habilidade e fazer o item para ela.

Vejamos como exemplo a matriz de linguagens, uma habilidade no eixo de


conhecimento Arte. Para este conteúdo programático devemos elaborar itens onde
o respondente seja solicitado ou demonstre ser capaz de RECONHECER, ANALISAR,
AVALIAR ou PRODUZIR, seja um conceito, um período, uma fase ou uma obra, de
maneira que muitos itens são possíveis de serem elaborados para medir esta
habilidade.
Selecionamos como exemplo uma das operações cognitivas para o componente
curricular ARTE, por exemplo, ANALISAR.

Tabela 5: Matriz de Ciências Humanas do 5º ano e 9º ano

EIXOS COGNITIVOS

EIXOS DO CONHECIMENTO RECONHECER ANALISAR AVALIAR PRODUZIR


LEITURA
ANÁLISE LINGUÍSTICA /
SEMIÓTICA
PRODUÇÃO DE TEXTOS
ARTE ITEM A SER
ELABORADO
EDUCAÇÃO FÍSICA
INGLÊS*
Fonte: Inep - Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018

Então, a tarefa é elaborar um item que verifique se o respondente é capaz de


ANALISAR algum aspecto relacionado a ARTES, dentre aqueles conteúdos
programáticos da etapa de ensino em avaliação. Suponhamos, portanto, que
estamos fazendo um item para avaliação do 9º ano do ensino fundamental. É
necessário conhecer os conteúdos relacionados ou as unidades temáticas relativas
ao ensino e à aprendizagem desenvolvida até o 9ª ano, de onde poderemos 20
considerar o conteúdo para o item.
Pode-se usar a BNCC para ver os temas que devem ser tratados em relação a ARTE
para o 9º ano do ensino fundamental, para exemplificar a articulação do eixo do
conhecimento com o eixo cognitivo no item. Este é um conhecimento que o
professor da área de Arte normalmente domina, sendo-lhe mais fácil selecionar
possíveis conteúdos para a elaboração de um item.

Neste caso, a BNCC estabelece que a unidade de Arte deve conter cada uma das
quatro linguagens do componente curricular – Artes visuais, Dança, Música e Teatro
– que constituem unidades temáticas que reúnem objetos de conhecimento e
habilidades. Além dessas, uma última unidade temática, Artes integradas, explora as
relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, inclusive
aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e
comunicação.

O passo necessário, portanto, é selecionar uma dessas unidades temáticas para o


item, o que pode ser feito com base em algum texto base que o professor tenha
previamente selecionado. Sim, uma vez que tenhamos a habilidade de elaborar
itens segundo as técnicas adequadas, podemos pré-selecionar textos base para
futuros itens, deixando-os em espera até que sejamos motivados a elaborar itens,
seja para uma avaliação interna de sua disciplina, seja para uma avaliação externa.
A seleção de texto base deve considerar os requisitos para tal, que será tratado
adiante.

Como estamos usando uma habilidade de artes do 9ºano do ensino fundamental


e não existirá itens de artes para este ano até 2021, vamos elaborar um item para a
habilidade selecionada adaptado a partir de uma item aplicado no Enem 2018,
adequando-o para a matriz do 9º ano do ensino fundamental.

Uma das funções da obra de arte é representar o contexto


sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira
metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil
exemplifica:

a) o processo de modernização.
b) a natureza exuberante.
c) as estruturas metálicas.
d) a melhoria de vida.

21
RESUMINDO OS PASSOS PARA A
5.1 ELABORAÇÃO DO ITEM

1. Conhecer a Matriz da Avaliação

2. Selecionar uma habilidade da Matriz

3. Identificar a unidade temática do eixo


do conhecimento e a operação cognitiva

4. Selecionar um texto base dentro da


unidade temática
5. Estabelecer um contexto a partir do
texto base, que pode ser definido ao
elaborar o enunciado
6. Definir o enunciado que realize a
operação cognitiva

7. Elaborar as alternativas de resposta,


gabarito e distratores plausíveis

Para elaborar o item, cada parte deve obedecer a passos e condições especiais
que são descritas adiante.

22
6 A ESTRUTURA E AS PARTES DE UM ITEM

Um item de teste é a unidade básica para a medição de proficiência através de


um instrumento de coleta de dados que pode ser uma prova/teste ou um
questionário. No caso de testes de conhecimento, são muito utilizados os itens
fechados no formato de múltipla escolha (uma resposta certa alternativas
oferecidas), que podem medir competências e habilidades do respondente para a
área do conhecimento ou para os componentes curriculares contemplados no
projeto pedagógico ou na grade curricular de um sistema de ensino ou de uma
escola.

6.1 DIFERENÇA ENTRE ITEM E QUESTÃO


É comum ouvir professores perguntando sobre qual a diferença entre item e
questão. De modo simplificado, o item é uma estrutura de medida que se permite
ser alocado numa escala de medida de proficiência que é uma forma de
representação dos resultados de uma avaliação em larga escala. Ademais,
frequentemente é unidimensional, isto é, o item avalia uma única habilidade para
facilitar o entendimento de uma escala de proficiência que reúne vários itens e
representam o desempenho do estudante em uma etapa do ensino.

A “questão”, por sua vez, não tem restrições para ser utilizada em um teste,
podendo avaliar mais de uma habilidade sem o compromisso de mensuração, sem
oferecer uma medida para uma escala, frequentemente utilizado de forma livre para
avaliações pedagógicas internas do tipo erro ou acerto.

“item é uma unidade de medida, na


maior parte das vezes unidimensional, a
ser consolidado em uma escala.”

6.2 A ESTRUTURA DO ITEM


A nomenclatura sobre a estrutura do item pode variar segundo o órgão elaborador
dos testes, segundo o sistema educacional que produz e aplica os itens ou segundo
a empresa que mantém um banco de itens para avaliações externas. Uma
referência para a nomenclatura pode ser encontrada em Halladyna e Downing
(1989). Para orientar a discussão neste curso de elaboração de itens, vamos adotar
as definições utilizadas pelo Inep, que é o responsável pelas avaliações em larga
escala no país, no entanto, considere que a convenção sobre esta estrutura é
apenas para facilitar a comunicação entre os elaboradores e os administradores de
banco de itens e não altera sua essência. Vejamos, a seguir, a estrutura dos itens e
para este caso apresentaremos um item da Matemática e um item da Linguagens. 23
6.2.1 ITEM DE MATEMÁTICA

Uma cozinheira, especialista em fazer


bolos, utiliza uma forma no formato Texto Base
representado na figura:

Nela identifica-se a representação de duas


figuras geométricas tridimensionais. Essas
Enunciado
figuras são:
ou comando
A um tronco de cone e um cilindro.
B um cone e um cilindro.
C um tronco de pirâmide e um cilindro. Alternativas de
D dois troncos de cone. resposta (distratores)
E dois cilindros.

6.2.1 ITEM DE LINGUAGENS

Dia 20/10É preciso não beber mais. Não é preciso sentir


vontade de beber e não beber: é preciso não sentir vontade
de beber. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso
fechar o balanço e reabrir. É preciso não dar de comer aos
urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso sacudir a
poeira. É preciso poder beber sem se oferecer em Texto Base
holocausto. É preciso. É preciso não morrer por enquanto. É
preciso sobreviver para verificar. Não pensar mais na solidão
de Rogério, e deixá-lo. É preciso não dar de comer aos
urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer em via
pública.

TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J(Org.) Poesia (im)popular brasileira. São Bernardo do
Campo: Lamparina Luminosa, 2012.

O processo de construção do texto formata uma mensagem Enunciado


por ele dimensionada, uma vez que
ou comando
A. configura o estreitamento da linguagem poética.
B. reflete as lacunas da lucidez em desconstrução.
C. projeta a persistência das emoções reprimidas. Alternativas de
D. repercute a consciência da agonia antecipada. resposta (distratores)
E. revela a fragmentação das relações humanas.

24
6.3 PARTES DE UM ITEM

Tabela 7: Estrutura do Item


PARTES DESCRIÇÃO

Texto, imagem e/ou outros recursos que


contextualizam e apresentam uma situação ou um
fenômeno ou uma sentença que deve motivar uma
TEXTO BASE OU SUPORTE
pergunta, uma questão a ser respondida. O texto base
então poderá trazer um poema, uma tirinha, uma
forma geométrica, uma foto, uma ilustração, etc.

É o comando que faz com que o respondente


mobilize seus recursos cognitivos para responder ao
item, representando uma habilidade cognitiva que está
ENUNCIADO descrita na matriz. Pode ser uma sentença para ser
OU COMANDO
completada por uma das alternativas ou uma pergunta
para identificar a opção necessária à solução do
problema.

Correspondem às possíveis alternativas de resposta


erradas e apresentam características específicas, como
DISTRADORES
plausibilidade, paralelismo e ausência de armadilha.

única opção correta que indica o processo cognitivo


GABARITO que demonstra o domínio da habilidade testada.

No próximo tópico apresentaremos as técnicas de elaboração e características


necessárias a cada uma das partes do item.

25
7 COMO CONSTRUIR O TEXTO BASE?

Texto base são os textos verbais ou não verbais pertencentes a diversos gêneros
discursivos de autoria própria e/ou de terceiros que constituem a parte do item que
referencia o objeto do conhecimento, ou o conteúdo. Quando a autoria for de
terceiros, deve-se indicar a referência completa, conforme a ABNT, de maneira a que
a informação seja recuperável, pois trata-se de uma material pedagógico público,
balizado em princípios educacionais científicos. Ressalta-se que de um modo geral,
para as avaliações em larga escala, os textos de autoria própria deverão ser
evitados, exceto na Matemática. O texto base contextualiza e apresenta os
elementos do objeto do conhecimento para propor uma situação-problema para a
qual o item pede solução pelo respondente.

Eventualmente pode ocorrer que o elaborador, ao invés de problematizar,


apresenta um exercício e ao invés de contextualizar, faz uso de pretexto
desnecessário para aquela dada situação problema.

Portanto, uma elaboração adequada requer:

7.1 SITUAÇÃO-PROBLEMA:
São situações que solicitam ao respondente assumir posição, demonstrar
conhecimento e/ou tomar decisão na direção de sua resolução, superação e/ou
esclarecimento. Para sua resolução, é preciso saber como agir diante do problema,
selecionando opção, ação ou procedimento, segundo as referências do
conhecimento escolar, científico ou de outra natureza, aceito como resposta
adequada à situação. Isto implica ativar esquemas mentais, mobilizando
conhecimentos prévios e transportando-os ou atualizando-os em função da situação
problematizada, que é aceito como demonstração de competência ou de habilidade.
A problematização é diferente de polêmica, de discussão ou disputa por posições ou
pontos de vista, pois essas variações prejudicam a capacidade de medição do item e
comprometem qualquer avaliação de proficiência. Temas polêmicos, violências,
expressões agressivas e outras variações podem mobilizar respostas emocionais ao
invés de operações cognitivas.

Problema é diferente de Exercício: O exercício supõe a


repetição de uma operação para favorecer a aquisição de
uma habilidade – de um padrão, um esquema ou hábito –
que, para aquele que a executa, não constitui um
problema.
26
7.2 CONTEXTUALIZAÇÃO

O ensino contextualizado é largamente difundido como sendo a melhor


alternativa para a promoção do aprendizado significativo dos estudantes. A
aproximação e articulação dos temas escolares com a realidade extra-escolar
cotidiana é proposta pedagógica de grande parte das escolas do país, ainda que não
seja tão comum encontrar onde tal articulação seja realmente adequada, produtiva
ou mesmo, alcançada. A BNCC propõe que o ensino seja permeado por este
contexto que refere-se à situação da realidade na qual o conteúdo escolar é
referenciado, articulado, aplicado. Pede-se, portanto, que uma avaliação do tipo
prova, que tenha por referência um ensino contextualizado, ofereça ao respondente
itens igualmente contextualizados, relacionados com algum aspecto da realidade do
estudante para que ele resolva o que está sendo proposto. O Inep define contexto

"Como a situação criada ou forjada para


estabelecer relações entre os conhecimentos
tradicionalmente veiculados na escola e a vida
dos estudantes (Brasil, 2014)"

O contexto, portanto, oferece e emprega elementos que promovem sentido mais


amplo à situação-problema, sem se restringir ao conhecimento isolado,
representando uma possibilidade de aplicação desse conhecimento ao solicitar uma
operação mental sobre uma situação qualquer da realidade. O contexto pode
relacionar quaisquer aspectos ou situações da vida individual e coletiva, como por
exemplo, variações de espaços (ambientes rural, urbano, etc.); de tempo; da cultura,
da saúde, do trabalho. Outros contextos como o político, econômico, cultural,
técnico, ético são possíveis, enfim, aspectos ou situações relacionadas à vida dos
estudantes que são, por exemplo, nomeados pela BNCC por sua relevância social e
contemporaneidade, como segurança no trânsito, cuidados de si, educação
financeira, sustentabilidade e meio ambiente, processos e equipamentos
tecnológicos, clima, diversidade cultural, bem como os contextos da história da
ciência e de investigação em ciência. A adequada contextualização estabelece
relação entre o aspecto da realidade selecionado e a situação problema proposta,
solicitando ao respondente que demonstre a habilidade na situação colocada. Um
relação artificial, ou absurda, ou irreal, ou forçada, caracteriza o uso de um pretexto
para a situação problema, diferente de um contexto. Pode-se testar a pertinência do
contexto quando o elaborador do item cobre o texto base e verifica se é possível ao
respondente identificar a resposta correta mesmo sem ler ou ver o texto base. Se
for possível, neste caso o texto base ali disponível é um pretexto para o item e não
um contexto.

27
7.3 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO BASE

Adequados ao período de escolarização avaliado.


Considerar o contexto dos avaliados.
Considerar o tempo para a realização do teste.
Constituir-se de fragmento que permita a apreensão do sentido global,
unidade mínima significativa.
No caso de figuras/ gráficos, boa qualidade gráfica.
Apresentar referência bibliográfica completa dos textos base, dos gráficos,
figuras, ilustrações e tabelas.
Para a Ciências da Natureza e para a Matemática as informações poderão
ser adaptadas, desde que esteja explícito ao final da referência.
Conter títulos (mesmo os fragmentos – textos verbais).
Textos verbais devem ser numerados de 05 em 05 linhas (textos verbais).
Apresentar imagens de gráficos, figuras e tabelas nítidas e bem
posicionadas.

ALERTA TEXTO BASE NÃO PODE


apresentar preconceito em relação a: etnia, gênero,
cultura, religião, profissão, crenças, etc.
textos de autoria do elaborador de itens (exceto gráficos
ou ilustrações), de propaganda ou de divulgação de
produtos e/ou marcas.
textos, gráficos, figuras ilustrativas e tabelas não
relacionadas ao problema.

28
8 COMO FAZER O ENUNCIADO DO ITEM?

Frequentemente enunciado é descrito como sinônimo de comando do item e


consiste na problematização e/ou na indicação da operação a ser executada pelo
examinando na solução ou esclarecimento do problema proposto. A situação-
problema pode ser problematizada no comando, dependendo do texto base
utilizado. O enunciado pode definir a operação a ser realizada pelo respondente
como: uma frase incompleta ou uma pergunta, não sendo utilizado uma ordem do
tipo: selecione a correta, indique a alternativa ou outras semelhantes.

O enunciado do item adiante apresenta uma frase incompleta.

Enem 2018, LINGUAGENS

Quebranto

às vezes sou o policial que me suspeito


me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo e me dou porrada
às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
[…]
às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno
começo
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
às vezes!…
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).

Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é


recorrente a presença de elementos que traduzem
experiências históricas de preconceito e violência. No
poema, essa vivência revela que o eu lírico

a. incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.


b. submete-se à discriminação como meio de
fortalecimento.
c. engaja-se na denúncia do passado de opressão e
injustiças.
d. sofre uma perda de identidade e de noção de
pertencimento.
e. acredita esporadicamente na utopia de uma
sociedade igualitária. 29
O enunciado do item adiante é uma pergunta.
Enem, 2018, Ciências da Natureza
Considere, em um fragmento ambiental, uma árvore matriz com frutos (M) e outras
cinco que produziram flores e são apenas doadoras de pólen (DP1, DP2, DP3, DP4 e
DP5). Foi excluída a capacidade de autopolinização das árvores. Os genótipos da matriz,
da semente (S1) e das prováveis fontes de pólen foram obtidos pela análise de dois
locos (loco A e loco B) de marcadores de DNA, conforme a figura.

Colevatti, R G; TELLES, M. P.; T. N. Dispersão do pólen entre pequizeiros: uma atividade para a genética do ensino superior. Genética do ensino superior. Genética na Escola, n 1, 2013 (adapto)

A progênie S1 recebeu o pólen de qual doadora?


a. DP1
b. DP2
c. DP3
d. DP4
e. DP5

8.1 CARACTERÍSTICAS DO ENUNCIADO

Deve apresentar, de modo completo, o problema a ser solucionado.


Deve deixar clara a habilidade indicada pelo descritor.
Deve fazer referência, quando necessário, à linha do texto.
Deve atender à norma culta da língua.

ALERTA ENUNCIADO NÃO PODE


ter expressões negativas (incorreta).
induzir a resposta do estudante.
utilizar ordens como: “Assinale a resposta correta”, “Qual
das alternativas...”, “A alternativa que indica...”.
redação na 1ª pessoa.

30
9 VIXI, E AS ALTERNATIVAS DE RESPOSTAS

As alternativas de respostas devem avaliar a habilidade requerida. Divide-se as


alternativas de respostas em dois grupos: os distratores e o gabarito.

Gabarito: resposta correta e que demonstra que o avaliado adquiriu a


habilidade requerida pelo item.

Distratores: alternativas errada, mas plausíveis. Isto é, indicam possíveis


caminhos, dentro da habilidade de requerida, que o
avaliado tenha realizado na tentativa de responder ao item.

9.1 DISTRATORES ISENTOS DE PEGADINHAS


Os distratores devem ser elaborados sem
“pegadinhas” ou “armadilhas” que solicitam muito
mais a atenção e/ou concentração do respondente,
em detrimento da operação cognitiva da habilidade
Pegadinhas correspondem a
testada pelo item. A armadilha pode ser a troca de
elementos que exigem do
palavras isoladas em sentenças aparentemente
avaliado algo diferente da
corretas, a colocação de negativas ao final ou no
habilidade cognitiva testada,
meio de sentenças adequadas com o uso do “não”
como por exemplo, atenção
ou do prefixo “in/a” , a repetição de trechos do texto- aos detalhes, concentração
base, o preciosismo sobre detalhes e não sobre a ou outra ação cognitiva.
situação global, por exemplo.

9.2 DISTRATORES PLAUSÍVEIS


Plausível é algo que se pode admitir como razoável, aceitável. O distrator deve ser
plausível para o respondente, que não pode eliminá-lo por sua impossibilidade ou sua
irrealidade em relação a problematização colocada no item. Significa que o respondente
não pode acertar o item por eliminação dos distratores irreais, impossíveis e defeituosos,
escolhendo o gabarito sem que domine a habilidade testada. Frequentemente os
distratores podem ser eliminados por apresentarem termos absolutos, como: sempre,
muitas vezes, nunca, todos, tudo, nenhum e outros. Por isso tais termos não devem ser
utilizados nos distratores ou no item. O distrator também não pode negar o sentido ou a
afirmação do enunciado ou do texto base, tornando-se irreal ou absurdo, tampouco
escapar ao contexto ou às possibilidades de resposta à situação problema. Plausível,
portanto, é característica do distrator que corresponda a um erro comum dos estudantes

31
em situação de aprendizado, quando ainda não dominam a habilidade e cometem erros,
precipitações, equívocos, deslizes ou simplificações inadequadas, que são conhecidas pelos
bons professores que escutam, dialogam, respondem, conhecem os estudantes durante o
esforço para o aprendizado. Um item elaborado pelo professor que conhece os estudantes
apresenta distratores que indicam o tipo de erro que eles cometem e que devem ser
superados na medida em que as habilidades sejam desenvolvidas. Tais erros típicos do
aprendizado são o caminho para a construção dos distratores, que não precisam conter
armadilhas, absurdos, negações ou outras distrações.

Quando o teste de conhecimento oferece itens que satisfazem a estas exigências de


qualidade, pode-se esperar que a análise dos resultados da avaliação ofereça, aos
avaliadores, informação sobre erros típicos dos respondentes, indicando caminhos para a
melhoria do ensino e do aprendizado, esclarecendo os professores sobre as
incompletudes, as inconsistências, os equívocos ou as fragilidades das operações cognitiva
dos estudantes. Tais resultados também informam sobre cada público respondente, por
exemplo, os erros típicos cometidos pelos respondentes de alto, de médio e de fraco
desempenho, auxiliando na definição de estratégias diferentes para cada público.

Eis como utilizar a avaliação como recurso para a construção do caminho para a melhoria
do ensino, para a correção de rumos e a superação dos obstáculos à aprendizagem.

9.3 DISTRATORES E PARALELISMO


Outra característica dos distratores que pode comprometer a medição da habilidade
é o paralelismo necessário que deve estar presente entre eles, no caso de textos,
complemento de sentenças ou assemelhados.

Paralelismo sintático, estabelece que os distratores e o gabarito tenham construções


semelhantes, seja com verbo ou sujeito ou derivado no início, meio e fim da sentença,
de maneira que a diferença entre eles esteja no sentido da sentença e não na
construção frasal. Assim o respondente é solicitado a demonstrar uma habilidade
diante de alternativas semelhantes em estrutura sintática, mas diferentes em sentido
global oferecido, o que torna mais confiável e precisa a medida sobre tal habilidade.

O paralelismo semântico também deve caracterizar as alternativas, na medida do


possível, quando o enunciado problematiza e as possibilidades de resposta são
passíveis de serem plausíveis e sintaticamente paralelas mantendo o mesmo campo,
ou valor, ou sentido, ou recurso semântico para as alternativas.

O paralelismo também aplica-se à extensão dos distratores, que devem ser


semelhantes, próximos, de maneira que não seja a extensão maior ou menor que
possibilite identificar o gabarito ou desqualificar distratores.
32
9.4 FACILITADORES DO GABARITO

Algumas características do gabarito e dos distratores podem levar a sua identificação


comprometendo a qualidade da medida obtida pelo item. Por exemplo, quando o
gabarito repete parte do enunciado ou do texto base, quando apresenta palavras difícil
entendimento para os respondentes, quando sua redação o deixa ambíguo, impreciso,
confuso, ou quando não respeitam às exigências de plausibilidade e paralelismo.

ITEM MEDE HABILIDADE PORTANTO NUNCA


USAR
Pedir a alternativa incorreta, falsa, errada
não mede habilidade.
Todas ou nenhuma das anteriores.
Combinação entre elas.

9.5 RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS


Para as alternativas erradas, porém plausíveis:
Os distratores devem ser plausíveis.
Devem apresentar paralelismo sintático-semântico-extensão.
Não é permitida alternativa que induza ao erro.
Sem a palavra NÃO ou do prefixo IN-.
Sem alternativas com detalhes irrelevantes ou conteúdos absurdos.
Sem alternativas mutuamente excludentes, salvo em casos em que o descritor o
exigir.
Sem alternativas que induzam ao acerto por exclusão lógica.
Ordenadas segundo progressão textual ou ordem alfabética.
Vocabulário adequado ao período de escolarização avaliado.
Constituir-se como respostas completas.
Não muito longas.

Para o Gabarito
Corresponder à habilidade indicada pelo descritor.
Não ser atrativo em relação aos distratores.
A mesma extensão dos distratores.
Paralelismo sintático e semântico em relação aos distratores.
Vocabulário adequado ao período de escolarização avaliado.
Claro e objetivo

34
10 JUSTIFICATIVAS E REVISÃO DOS ITENS

Por trás de bons itens de avaliação em larga escala e de concursos públicos sempre
encontramos justificativas formuladas separadamente para cada uma das alternativas,
sejam distratores ou o gabarito.

As justificativas têm sua utilidade incontestável, sobretudo considerando que os


itens armazenados em banco de itens podem ser utilizados muito tempo após sua
elaboração, quando talvez não seja mais viável interpelar o elaborador do item para
justificar a correção do gabarito único e o erro presente em cada distrator. Além do
mais, ao justificar um e outro o elaborador certifica-se de que item não apresenta
duplo gabarito, nem ambiguidades que possam gerar questionamentos em recursos e
a desqualificação do item, pois há argumentos e segurança ao justificar o acerto e o
equívoco implícito na resolução da situação-problema abordada no item.

Apontar o erro ou o equívoco de cada distrator também favorece a revisão final do


elaborador na busca da plausibilidade destes, garantindo que os erros sejam
possibilidades pedagógicas apresentadas frequentemente pelos estudantes cuja
aprendizagem da habilidade encontra-se em desenvolvimento, mas incompleta. No
caso de avaliações em larga escala desenvolvidas pelo Inep, não são aceitas
justificativas tautológicas, do tipo, - é errado por que não é correto-, sendo motivo para
a rejeição ou devolução para que sejam refeitos bons itens que serão descartados se
não tiverem justificativa.

Por fim, a revisão final do item pode ser realizada através de um checklist fácil de ser
preenchido, tal como adiante:
Tabela 8: Revisão do Item
CHECK REVISÃO FINAL

Item mede a habilidade, pede que o respondente


HABILIDADE DA realize a operação cognitiva em um contexto aceitável
MATRIZ SELECIONADA
para a realidade escolar e para a etapa do ensino

Claro, como unidade com sentido, sem elementos


desnecessários, isento de polêmica ou ambiguidades,
TEXTO BASE definição gráfica, com referência bibliográfica e ao
cobrir o texto não é possível resolver o item, ou seja,
ele é realmente necessário

apresenta clareza sobre a problematização pretendida


e o que se espera do respondente, sem elementos
ENUNCIADO
desnecessários, formulado como pergunta ou como
frase incompleta

plausíveis, apresentam paralelismo, concisos, isentos


DISTRATORES de atrativos, de termos absolutos e absurdos

GABARITO único, paralelo, isento de atrativos, resulta da operação


cognitiva da habilidade medida

JUSTIFICATIVAS explicam os equívocos dos distratores como 35


possibilidades pedagógicas para respondentes que
não dominam a habilidade, gabarito único
11 EXEMPLO DE ITENS POR ÁREA
PROPEDÊUTICAS

Apresentamos adiante exemplos e atividades de itens para as áreas do


conhecimento propedêuticas, ou seja, aquelas mínimas apontadas pela BNCC e as
avaliações externas a fim de visualizarmos a elaboração de itens. Lembre-se de que os
itens são associados à nova Matriz de Referência do Saeb, apesar deles serem
anteriores. Isto é, a partir de itens já aplicados estamos relacionando-os com as
habilidades da Matriz do Saeb que atendem a BNCC. Caso sua área profissional não
esteja contemplada nestas áreas exemplificadas, pode-se obter a exemplificação por
aproximação, por exemplo, os itens de biologia podem ser aproximados para as áreas
de saúde, nutrição, gastronomia ou outras. Importante que você compreenda a
elaboração e possa aplicar a sua área específica.

11.1 MATEMÁTICA

11.1.1 MATEMÁTICA 5º ANO - SPAECE 2017

Observe abaixo o descanso de panela que Marli


comprou para sua casa.

O descanso de panela que Marli comprou tem o


formato de qual figura geométrica?
A Círculo.
B Hexágono.
C Quadrado.
D Retângulo.

Habilidade: 5G1.6 Reconhecer/ Nomear figuras geométricas planas (polígonos,


circunferência ou círculo)

Eixo cognitivo: Compreender e aplicar conceitos


Eixo do conhecimento: Geometria
35
Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.

A habilidade foi bem avaliada por este item?


___________________________________________
O enunciado desse item está claro e preciso?
___________________________________________
Os distratores são plausíveis?
____________________________________________
O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
____________________________________________
Sugira um outro distrator
____________________________________________
Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
____________________________________________________

11.1.2 MATEMÁTICA ENEM 2011


O medidor de energia elétrica de uma residência,
conhecido por “relógio de luz”, é constituído de
quatro pequenos relógios, cujos sentidos de
rotação estão indicados conforme a figura:

Habilidade: 1 - Reconhecer,
A medida é expressa em kWh. O número obtido na no contexto social, diferentes
leitura é composto por 4 algarismos. Cada posição significados e representações
do número é formada pelo último algarismo dos números e operações -
ultrapassado pelo ponteiro. naturais, inteiros, racionais
ou reais.
O número obtido na leitura em kWh na imagem é:

Eixo cognitivo: Compreender


A 2 614.
e Aplicar conceitos
B 3 624.
C 2 715.
Eixo do conhecimento:
D 3 725. Números
E 4 162.

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Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.
A habilidade foi bem avaliada por este item?
___________________________________________
O enunciado desse item está claro e preciso?
___________________________________________
Os distratores são plausíveis?
____________________________________________
O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
____________________________________________
Sugira um outro distrator
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Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
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11.2 LINGUAGENS E CÓDIGOS

11.2.1 LÍNGUA PORTUGUESA SPAECE 2018

De acordo com esse texto, a menina é

A) atrapalhada.
B) curiosa.
C) esquecida.
D) gulosa.

Habilidade 8 – Analisar os efeitos de sentido de recursos multissemióticos em


textos que circulam em diferentes suportes.

Eixo cognitivo: Analisar


Eixo do conhecimento: Leitura

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Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.
A habilidade foi bem avaliada por este item?
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O enunciado desse item está claro e preciso?
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Os distratores são plausíveis?
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O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
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Sugira um outro distrator
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Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
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11.2.2 LÍNGUA PORTUGUESA SPAECE 2018


TEXTO II

No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg (n.1925)


criou o termo combine para se referir a suas novas obras
que possuíam aspectos tanto da pintura como da
escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída
em uma exposição de jovens artistas americanos e
italianos no Festival dos dois Mundos em Spoleto, na
Itália. Os responsáveis pelo festival, entretanto, se
recusaram a expor a obra e a removeram para um
depósito.Embora o mundo da arte debatesse a inovação
de se pendurar uma cama numa parede, Rauschenberg
considerava sua obra “um dos quadros mais acolhedores
que já pintei, mas sempre tive medo de que alguém
quisesse se enfiar nela”.
DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte
moderna. São Paulo: Cosac e Naify, 2003.

A obra de Rauschenberg chocou o público na época em que foi feita, e recebeu forte influência de
um movimento artístico que se caracterizava pela

a) dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando uma produção rápida.


b) exploração insólita de elementos do cotidiano, dialogando com os ready-mades.
c) repetição exaustiva de elementos visuais, levando à simplificação máxima da composição.
d) incorporação das transformações tecnológicas, valorizando o dinamismo da vida moderna.
e) geometrização das formas, diluindo os detalhes sem se preocupar com a fidelidade ao real.

Habilidade: H14 - Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-


relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos
sociais e étnicos.

Eixo cognitivo: Reconhecer


Eixo do conhecimento: Arte

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Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.
A habilidade foi bem avaliada por este item?
___________________________________________
O enunciado desse item está claro e preciso?
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Os distratores são plausíveis?
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11.2.3 EDUCAÇÃO FÍSICA - ENEM 2015

A obesidade tornou-se uma epidemia global, segundo a Organização


Mundial da Saúde, ligada à Organização das Nações Unidas. O problema vem
atingindo um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, e entre
as principais causas desse crescimento estão o modo de vida sedentário e a
má alimentação. Segundo um médico especialista em cirurgia de redução de
estômago, a taxa de mortalidade entre homens obesos de 25 a 40 anos é 12
vezes maior quando comparada à taxa de mortalidade entre indivíduos de
peso normal. O excesso de peso e de gordura no corpo desencadeia e piora
problemas de saúde que poderiam ser evitados. Em alguns casos, a boa
notícia é que a perda de peso leva à cura, como no caso da asma, mas em
outros, como o infarto, não há solução.

O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta o excesso de peso e de


gordura corporal dos indivíduos como um problema, relacionando-o ao:

A) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante na sociedade requer


corpos magros.
B) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro interfere na autoestima
das pessoas.
c) quadro clínico da população, pois a obesidade é um fator de risco para o
surgimento de diversas doenças crônicas.
D) preconceito contra a pessoa obesa, pois ela sofre discriminação em
diversos espaços sociais.
E) desempenho na realização das atividades cotidianas, pois a obesidade
interfere na performance.

39
Habilidade: H10 - Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos
corporais em função das necessidades cinestésicas.

Eixo cognitivo: Reconhecer


Eixo do conhecimento: Educação Física

Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.


A habilidade foi bem avaliada por este item?
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O enunciado desse item está claro e preciso?
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Os distratores são plausíveis?
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O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
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Sugira um outro distrator
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Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
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11.3 CIÊNCIAS HUMANAS

11.3.1 GEOGRAFIA ENEM 2018

Participação percentual do extrativismo vegetal e da silvicultura


no valor da produção primária florestal — Brasil — 1996-2014

Considerando as diferenças entre extrativismo vegetal e silvicultura, a


variação das curvas do gráfico foi influenciada pela tendência de

a)conservação do bioma nativo,


b)estagnação do setor primário,
c)utilização de madeira de reflorestamento.
d)redução da produção de móveis. 40
e)retração da indústria alimentícia.
Habilidade: H6 - Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas
dos espaços geográficos.

Eixo cognitivo: B (Interpretar, Diferenciar, Comparar, Analisar)


Eixo do conhecimento: Natureza e questões socioambientais

Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.


A habilidade foi bem avaliada por este item?
___________________________________________
O enunciado desse item está claro e preciso?
___________________________________________
Os distratores são plausíveis?
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O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
____________________________________________
Sugira um outro distrator
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Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
____________________________________________________

11.3.2 CIÊNCIAS HUMANAS ENEM 2018

No início da década de 1990, dois biólogos importantes, Redford e


Robinson, produziram um modelo largamente aceito de “produção
sustentável” que previa quantos indivíduos de cada espécie poderiam ser
caçados de forma sustentável baseado nas suas taxas de reprodução. Os
seringueiros do Alto Juruá tinham um modelo diferente: a quem lhes
afirmava que estavam caçando acima do sustentável (dentro do modelo), eles
diziam que não, que o nível da caça dependia da existência de áreas de
refúgio em que ninguém caçava. Ora, esse acabou sendo o modelo batizado
de “fonte-ralo” proposto dez anos após o primeiro por Novaro, Bodmer e o
próprio Redford e que suplantou o modelo anterior.
CUNHA, M. C. Revista USP, n. 75, set.-nov. 2007.

No contexto da produção científica, a necessidade de reconstrução desse


modelo, conforme exposto no texto, foi determinada pelo confronto com
um(a)

a) conclusão operacional obtida por lógica dedutiva.


b) visão de mundo marcada por preconceitos morais.
c) hábito social condicionado pela religiosidade popular.
d) conhecimento empírico apropriado pelo senso comum.
e) padrão de preservação construído por experimentação dirigida.

41
Habilidade: H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que
determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

Eixo cognitivo: A (Identificar, Reconhecer)


Eixo do conhecimento: Natureza e questões socioambientais

Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.


A habilidade foi bem avaliada por este item?
___________________________________________
O enunciado desse item está claro e preciso?
___________________________________________
Os distratores são plausíveis?
____________________________________________
O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
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Sugira um outro distrator
____________________________________________
Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
____________________________________________________

11.4 CIÊNCIAS DA NATUREZA

11.4.1 BIOLOGIA ENEM 2015

No início da década de 1990, dois biólogos importantes, Redford e


Robinson, produziram um modelo largamente aceito de “produção
sustentável” que previa quantos indivíduos de cada espécie poderiam ser
caçados de forma sustentável baseado nas suas taxas de reprodução. Os
seringueiros do Alto Juruá tinham um modelo diferente: a quem lhes
afirmava que estavam caçando acima do sustentável (dentro do modelo), eles
diziam que não, que o nível da caça dependia da existência de áreas de
refúgio em que ninguém caçava. Ora, esse acabou sendo o modelo batizado
de “fonte-ralo” proposto dez anos após o primeiro por Novaro, Bodmer e o
próprio Redford e que suplantou o modelo anterior.

No contexto da produção científica, a necessidade de reconstrução desse


modelo, conforme exposto no texto, foi determinada pelo confronto com
um(a)

a) conclusão operacional obtida por lógica dedutiva.


b) visão de mundo marcada por preconceitos morais.
c) hábito social condicionado pela religiosidade popular.
d) conhecimento empírico apropriado pelo senso comum. 42
e) padrão de preservação construído por experimentação dirigida.
Habilidade: H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que
determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

Eixo cognitivo: A (Identificar, Reconhecer)


Eixo do conhecimento: Natureza e questões socioambientais

Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.


A habilidade foi bem avaliada por este item?
___________________________________________
O enunciado desse item está claro e preciso?
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Os distratores são plausíveis?
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O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
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Sugira um outro distrator
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Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
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11.4.2 FÍSICA ENEM 2014

Christiaan Huygens, em 1656, criou o relógio de pêndulo. Nesse dispositivo,


a pontualidade baseia-se na regularidade das pequenas oscilações do
pêndulo. Para manter a precisão desse relógio, diversos problemas foram
contornados. Por exemplo, a haste passou por ajustes até que, no início do
século XX, houve uma inovação, que foi sua fabricação usando uma liga
metálica que se comporta regularmente em um largo intervalo de
temperaturas.
YODER, J. G. Unrolling Time: Christiaan Huygens and the mathematization of nature.
Cambridge: Cambridge University Press, 2004 (adaptado).

Desprezando a presença de forças dissipativas e considerando a aceleração


da gravidade constante, para que esse tipo de relógio realize corretamente a
contagem do tempo, é necessário que o(a)

A) comprimento da haste seja mantido constante.


B) massa do corpo suspenso pela haste seja pequena.
C) material da haste possua alta condutividade térmica.
D) amplitude da oscilação seja constante a qualquer temperatura.
E) energia potencial gravitacional do corpo suspenso se mantenha constante.

43
43
Habilidade: H1 – Reconhecer características ou propriedades de fenômenos
ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes
contextos.

Eixo cognitivo: B (Reconhecer e Relacionar)


Eixo do conhecimento: Matéria e Energia

Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.


A habilidade foi bem avaliada por este item?
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11.4.3 QUÍMICA ENEM 2013

Músculos artificiais são dispositivos feitos com plásticos inteligentes que


respondem a uma corrente elétrica com um movimento mecânico. A
oxidação e redução de um polímero condutor criam cargas positivas e/ou
negativas no material, que são compensadas com a inserção ou expulsão de
cátions ou ânions. Por exemplo, na figura os filmes escuros são de polipirrol e
o filme branco é de um eletrólito polimérico contendo um sal inorgânico.
Quando o polipirrol sofre oxidação, há a inserção de ânions para compensar
a carga positiva no polímero e o filme se expande. Na outra face do
dispositivo o filme de polipirrol sofre redução, expulsando ânions, e o filme se
contrai. Pela montagem, em sanduíche, o sistema todo se movimenta de
forma harmônica, conforme mostrado na figura.
DE PAOLI, M. A. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, maio 2001 (adaptado).

44
A camada central de eletrólito polimérico é importante porque

A) absorve a irradiação de partículas carregadas, emitidas pelo aquecimento


elétrico dos filmes de polipirrol.

b) permite a difusão dos íons promovida pela aplicação de diferença de


potencial, fechando o circuito elétrico.

c) mantém um gradiente térmico no material para promover a


dilatação/contração térmica de cada filme de polipirrol.

d) permite a condução de elétrons livres, promovida pela aplicação de


diferença de potencial, gerando corrente elétrica.

e) promove a polarização das moléculas poliméricas, o que resulta no


movimento gerado pela aplicação de diferença de potencial.

Habilidade: H20 – Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas,


substâncias, objetos ou corpos celestes.

Eixo cognitivo: B (Caracterizar)


Eixo do conhecimento: Matéria e Energia

Faça a crítica ao item, conforme a ficha de revisão da pág anterior.


A habilidade foi bem avaliada por este item?
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O enunciado desse item está claro e preciso?
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Os distratores são plausíveis?
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O que faria um aluno escolher por cada uma das alternativas?
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Sugira um outro distrator
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Este item poderia ser melhorado? Em caso afirmativo faça uma nova redação.
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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação em larga escala exige a participação e a colaboração de inúmeros atores,


incluindo os administradores do banco de itens, os psicometristas, os responsáveis pela
logística, chegando até você, professor elaborador de itens. O banco de itens somente
recebe os itens elaborados segundo estas técnicas descritas até aqui, após passar por
rigorosas revisões:

1. técnica, que verifica o atendimento aos critérios estruturais do item;


2. pedagógica, que verifica conteúdos, mérito, problematização e
3. linguística, que verifica correção da linguagem e referências.

O processo de elaboração de itens precisa avançar apesar da crítica rigorosa, além


de certificar-se de que atende aos critérios por meios próprios de verificação. A
verificação por pares pode ser um caminho para validar itens antes de apresentá-los
para ser incluído no banco de itens, quando o processo de elaboração for desenvolvido
por mais de um elaborador e a troca de informação entre eles for autorizada pelos
solicitantes dos itens. A análise de itens por pares exige paciência, bom senso,
parcimônia e resiliência. Paciência para ouvir as críticas, muitas vezes adequadas. Bom
senso para não criticar como se nada e tudo fossem as únicas opções. Parcimônia, por
que as vezes o colega tem a solução para um defeito do item e precisamos aceitar, com
humildade, a colaboração. Resiliência por que precisamos ouvir, sem tomar a crítica
sobre o item como algo pessoal e sem desqualificar-se por conta do defeito que é
normal que ocorra no início do processo de elaboração.

No caso de elaboração de itens para avaliações consideradas de sigilo, a troca de


informação entre pares pode não ser aceita, sendo possível ao elaborador somente a
autocrítica.

Uma tarefa que auxilia na consolidação do item é, portanto, a elaboração das


justificativas do gabarito e dos distratores. Cada distrator deve ser justificado quando ao
erro a que corresponde, quanto à plausibilidade, ao mesmo tempo em que o gabarito
deve explicar sua correção em relação às demais alternativas. Frequentemente a
elaboração das justificativas demonstra para o elaborador do item a necessidade de
melhorar algum aspecto do item que ele não havia percebido até então. A justificar não
pode ser tautológica, errado por que não é o correto, nem superficial, de maneira que
qualquer psicometrista ou administrador do banco de itens possa, por meio dessas
justificativas, analisar os erros típicos dos públicos respondentes.

46
13 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BRASIL. Guia de elaboração e revisão de itens. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e


Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 2010.

________. Manual elaboração itens SAEB. Inep, Brasília, 2014.

________. Inclusão de Ciências no Saeb: documento básico. Brasília: Inep, 2013.

________. Saeb: documento de referência. Versão 1.0. Brasília: Inep, 2018.

_______. Base Nacional Comum Curricular – Educação é a Base. Brasília: MEC, 2017.

CONKLIN, J. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revision of Blooms’s


taxonomy of educational objectives. Educational Horizons, v. 83, n. 3, p. 153-159, 2005.

HALADYNA, Thomas e DOWNING, Steven. A taxonomy of multiple-choice item-writing


rules. In Applied Measurement in Education, nº 2 / 1 , pag 37 -50, Lawrence Erlbaum
Associates Publishers, New Jersey, 1989.

KRATHWOHL, D. R. A revision of Bloom’s taxonomy: an overview. Theory in Practice, v.


41, n. 4, p. 212-218. College of Education, The Ohio State University, 2002.

MAGER, F Robert. Preparing Instructional Objectives. Lake Editora, Utah, 1984.

47
Anexo I RESUMO – Como elaborar um item
ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DE UM ITEM

Consulte a Matriz de Habilidades da avaliação, selecionando uma habilidade,


que fica na intersecção entre o eixo cognitivo e o eixo do conhecimento da
1 matriz. Caso não tenha matriz, consulte um objetivo do curso ou da aula para
construir o item que avalie o cumprimento do objetivo educacional.

Certifique-se de que você domina os conteúdos e a operação cognitiva


2 solicitada pela matriz.

Escolha um texto base que possibilite que a habilidade escolhida seja


explorada.
3 - utilizar, quando possível, fontes primárias, originais, sem adaptações;
- referência bibliográfica completa, ABNT;
- adequados ao público-alvo;
- levar em consideração o tempo de leitura do item.

Proponha ou aponte uma situação problema que atenda à habilidade


escolhida, apresentando ou descrevendo o que se quer solucionar,
4 relacionando o conhecimento escolar com algum aspecto da realidade do
público-alvo. Essa proposição pode estar no próprio enunciado.

Elabore o enunciado .
- uso de termos impessoais. Ex. “infere-se”, “aponta”, “depreende-se” etc;
5 - construir um comando afirmativo, nunca usar: “falso”, “exceto”, “incorreto”,
“errado”.
- nunca usar vocábulos absolutos como: “sempre”, “nunca”, “todo”,
“totalmente”,”nenhum”, “nada”, “completamente”, “somente” etc.
Elabore as alternativas: 01 gabarito e 03 ou 04 distratores.
Com:
- paralelismo;
- coerentes com o comando e o texto-base;
6 - sem repetição de palavras que aparecem no comando;
- alternativas incorretas plausíveis.

O Gabarito:
- claro, preciso, única correta.

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