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1ª Edição

Laboratório de Química Geral

Cláudia Alves de Sousa Muniz


Josy Eliziane Torres Ramos
Ricardo Paulo Fonseca Melo
Sanderlir Silva Dias
Shirlene Kelly Santos Carmo
Prefácio

Esta apostila foi elaborada pelos professores de Química do departamento de Ciências

Exatas e Naturais do Campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido em Pau dos

Ferros. A mesma tem por objetivo, inteirar o aluno aos conhecimentos básicos de um

laboratório de química, tornando-o capaz de reconhecer as principais vidrarias e outros

equipamentos utilizados em um laboratório, além de propiciar a execução práticas laboratoriais

através de experimentos elaborados de acordo com a teoria abordada na disciplina de química

geral.

O primeiro capítulo introduz alguns aspectos de segurança, indispensáveis a um

laboratorista, mostrando algumas regras básicas, a importância do uso de EPI e EPC, dentre

outros.

No segundo capítulo são mostrados alguns equipamentos, vidrarias, algumas

manipulações, acessórios e procedimentos utilizados em um laboratório de química.

Nos demais capítulos são oferecidos uma variedade de experimentos abordando

assuntos, de acordo com a ementa, da disciplina de química geral.

O professor fará uso desse material de forma a aproveitá-lo da melhor maneira possível.

O mesmo utilizará as mais diversas técnicas de avaliação, podendo ser cobrado relatórios, pré-

laboratórios, pós-laboratórios, realização de outros trabalhos e mini-testes, assim como prova

escrita. Cada professor tem autonomia para escolher a forma de avaliação.

É oferecida também nesse material, uma tabela periódica atualizada, e algumas tabelas

de conversão de unidades.
Conversão de unidades

Massa
g Kg u.m.a. ton
23
1 grama (g) 1 0,001 6,024x10 0,000001102
1quilograma (Kg) 1000 1 6,024x1026 0,001102
1 slug 14590 14,59 8,789x1027 0,01609
1 u.m.a. 1,66x10-24 1,66x10-27 1 1,829x10-30
1 onça 28,35 0,02835 1,708x1025 0,00003125
1 libra (lb) 453,6 0,4536 2,732x1026 0,0005
1 ton 907200 907,2 5,465x1029 1

Comprimento
cm M km in ft mi
1 centímetro (cm) 1 0,01 0,00001 0,3937 0,0328 0,000006214
1 metro (m) 100 1 0,001 39,3 3,281 0,0006214
1 quilômetro (km) 100000 1000 1 39370 3281 0,6214
0,000025
1 polegada (in) 2,54 0,0254 1 0,08333 0,00001578
4
1 pé (ft) 30,48 0,3048 3,048 12 1 0,0001894

Volume
m³ cm³ l ft³ in³
1 metro cúbico(m³) 1 1000000 1000 35,31 61020
1 centímetro 0,000035
0,000001 1 0,001 0,06102
cúbico(cm³) 31
1 litro(l) 0,001 1000 1 0,03531 61,02
1 pé cúbico(ft³) 0,02832 28320 28,32 1 1728
0,000578
1 polegada cúbica(in³) 0,00001639 16,39 0,01639 1
7

Vários
Comprimento 1m=3,281pés=39,37pol
Área 1m²=10,76pés²=1.550pol²
Volume 1m³=35,3pés³=1.000litros
Volume 1galão(USA)=3,8litros 1galão(GB)=4,5 litros
Massa 1kg=2,2 lb 1lb=0,45kg 1 onça=28,35g
Pressão 1atm=1,033kgf/cm²=14,7lbf/pol²(PSI)
Pressão 1bar=100kPa=1,02atm=29,5polHg
Energia 1kWh=860kcal 1kcal=3,97Btu
Energia 1kgm=9,8J 1Btu=0,252kcal
Temperatura ºF=32+1,8.ºC K=273+ºC R=460+ºF
Sumário

UNIDADE I

CAPÍTULO I - SEGURANÇA NO LABORATÓRIO 7


CAPÍTULO II – EQUIPAMENTOS, VIDRARIAS, MANIPULAÇÕES E OUTROS ACESSÓRIOS E
PROCEDIMENTOS INDISPENSÁVEIS EM LABORATÓRIO DE QUÍMICA 14
PÓS-LABORATÓRIO 27
CAPÍTULO III - DENSIDADE DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS 29
METODOLOGIA 30
PRÉ-LABORATÓRIO 32
PÓS-LABORATÓRIO 32
CAPÍTULO IV – TESTE DE CHAMAS 33
CAPÍTULO V - EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO 37
METODOLOGIA 39
PRÉ-LABORATÓRIO 41
PÓS-LABORATÓRIO 41
CAPÍTULO VI – INDICADORES ÁCIDOS-BASES 42

UNIDADE II

CAPÍTULO VII - CONSERVAÇÃO DA MASSA 50


METODOLOGIA 51
PRÉ-LABORATÓRIO 52
PÓS-LABORATÓRIO 52
CAPÍTULO VIII - SOLUÇÕES 54
METODOLOGIA 55
PRÉ-LABORATÓRIO 56
CAPÍTULO IX - ANÁLISE VOLUMÉTRICA 58
METODOLOGIA 59
PRÉ-LABORATÓRIO 60
PÓS-LABORATÓRIO 60

UNIDADE III

CAPÍTULO X - CALORIMETRIA 61
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 66
PRÉ-LABORATÓRIO 69
PÓS-LABORATÓRIO 70
CAPÍTULO XI - FATORES QUE INFLUENCIAM A VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO QUÍMICA 71
METODOLOGIA 72
PRÉ-LABORATÓRIO 75
PÓS-LABORATÓRIO 75
CAPÍTULO XII - EQUILÍBRIO QUÍMICO 76
METODOLOGIA 79
PRÉ-LABORATÓRIO 83
Unidade I

CAPÍTULO I - Segurança no laboratório

Regras básicas

Um laboratório de Química é um local onde são manipuladas substâncias tóxicas,


inflamáveis, corrosivas, etc. A minimização dos riscos de acidentes no laboratório passa
pela obediência a certas normas. A seguir encontram-se algumas normas que deverão ser
observadas e seguidas pelos alunos antes, durante e após as aulas práticas.

Não é permitido brincadeiras em um laboratório. O laboratório de química é um


lugar de trabalho.

Não beba nem coma no laboratório, pois qualquer alimento que esteja no ambiente
laboratorial está sujeito a contaminação.

Siga rigorosamente as instruções fornecidas pelo professor, não mexendo em


qualquer coisa que esteja fora do escopo da prática.

Durante a sua permanência no laboratório use sempre os equipamentos de proteção


individual (EPI) indispensáveis: Calça comprida, calçado fechado e bata apropriada.
Outros EPIs serão fornecidos quando necessário, como por exemplo, óculos de segurança e
luvas.

Caso tenha cabelo comprido, mantenha-o preso durante a realização das


experiências. Recomenda-se a não utilização de lentes de contato durante as aulas.

Todas as experiências que envolvam a libertação de gases e/ou vapores tóxicos


devem ser realizadas na capela, que é um compartimento fechado e envidraçado, contendo
um exaustor, que serve para proteger dos gases tóxicos que venham a ser liberados durante
a manipulação de determinadas substâncias.

Ao preparar soluções aquosas de um ácido, coloque o ácido concentrado sobre uma


razoável quantidade de água. Nunca adicione água diretamente ao ácido concentrado.

Nunca usar a boca para pipetar. Fazer uso dos pipetadores.

Nunca aqueça o tubo de ensaio, apontando a extremidade aberta para um colega ou


para si mesmo, pois pode ocorrer uma ejeção de fluido quente.

Não coloque sobre a bancada de laboratório bolsas, agasalhos ou qualquer material


estranho ao trabalho que estiver a ser realizado.

No caso de contato de um produto químico com os olhos, boca ou pele, lave


abundantemente com água. A seguir, procure atendimento médico.

Saiba a localização e como utilizar o chuveiro de emergência, extintores de


incêndio e lava olhos.

Nunca teste um produto químico pelo sabor.

Não é aconselhável testar um produto químico pelo odor, porém caso seja
necessário, não coloque o frasco sob o nariz. Desloque suavemente com a mão, para a sua
direção, os vapores que se desprendem do frasco.

Não aqueça líquidos inflamáveis em chama direta. Usar sempre um aquecedor


elétrico ou uma manta de aquecimento.

Abra os frascos o mais longe possível do rosto e evite aspirar ar naquele exato
momento. Faça isso na capela.

Os frascos contendo reagentes devem ser sempre identificados. Indicar o nome da


substância, sua concentração, o nome do responsável e a data da fabricação.

Nunca volte a colocar no frasco um produto químico retirado em excesso e não


usado. Ele pode ter sido contaminado.

Quando sair do laboratório, verifique se não há torneiras (água, gás ou outros)


abertas. Desligue todos os aparelhos, deixe todo o equipamento limpo e lave as mãos.

8
Equipamentos de proteção coletiva (EPCs)

São denominados EPCs os equipamentos que, quando utilizados de forma correta,


permitem executar operações em boas condições de salubridade para o operador e as
demais pessoas no laboratório. Estes equipamentos permitem também eliminar ou reduzir
o uso de alguns Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) como será visto mais adiante.

A capela é um bom exemplo de EPC. Seu revestimento interno deve ser resistente
aos produtos com os quais se vai operar. O sistema de exaustão deve ter potência suficiente
para promover a exaustão dos gases. Deve haver um sistema de iluminação adequado. Os
equipamentos elétricos e interruptores devem ser à prova de explosão. A Figura 1.1 ilustra
exemplos de capelas.

Figura 1.1. Exemplos de capelas.

Só deve-se operá-la com os sistemas de exaustão e iluminação ligados e em perfeito


funcionamento. Aconselha-se remover vidrarias e frascos desnecessários ao trabalho.
Deve-se manter a janela (guilhotina) com a menor abertura possível. Ao terminar o
trabalho, é necessário deixar o exaustor funcionando de 10 a 15 minutos, depois, então,
desocupar e limpar a capela, se necessário. O chuveiro de emergência auxilia o
laboratorista nos primeiros socorros, principalmente em casos de derramamento de ácidos
ou outras substâncias que provoquem queimaduras. Ele deve estar bem identificado e
disposto em local de fácil acesso. Devem ser alimentados com água de boa qualidade e de
fonte ininterrupta.

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A Figura 1.2 ilustra um chuveiro de emergência e seu funcionamento.

Figura 1.2. Chuveiro de emergência.

O lava olhos, assim como o chuveiro de emergência, auxilia o laboratorista em


primeiros socorros. No caso de queimaduras na vista com agente corrosivo, lavar o olho
durante 10 a 15 minutos e consultar um médico.

A Figura 1.3 ilustra um lava olhos e seu funcionamento.

Figura 1.3. Lava olhos.

Os extintores de incêndio são equipamentos indispensáveis. Têm a finalidade de


extinguir ou controlar incêndios em casos de emergência. Em geral estão dispostos na
forma de um cilindro que pode ser carregado até o local do incêndio, contendo um agente
extintor sob pressão.

10
A Figura 1.4 ilustra extintores de incêndio.

Figura 1.4. Extintores de incêndio.

O agente extintor mais apropriado para cada tipo de incêndio depende do material
que está em combustão. Em alguns casos, alguns agentes extintores não devem ser
utilizados pois colocam em risco a vida do operador do equipamento. Os extintores trazem
em seu corpo as classes de incêndio para as quais é mais eficiente, ou as classes para as
quais não devem ser utilizados:
 Classe A: Incêndio em materiais sólidos cuja queima deixa resíduos ocorrendo em
superfície e em profundidade, como madeira, papel, tecidos, borracha. Para esta
classe é recomendado o uso de extintores contendo água ou espuma.
 Classe B: Incêndio em líquidos e gases cuja queima não deixa resíduo e ocorre
apenas na superfície, como a gasolina, o álcool, o GLP (gás liquefeito de petróleo).
Para esta classe é recomendado o uso de extintores contendo espuma, dióxido de
carbono e pó químico.
 Classe C: Incêndio que envolva materiais condutores que estejam potencialmente
conduzindo corrente elétrica. Neste caso o agente extintor não pode ser um
condutor para não eletrocutar o operador. Para esta classe devem ser utilizados
apenas os extintores contendo dióxido de carbono e pó químico.
 Classe D: Incêndio que envolva metais pirofóricos (combustão que se inicia
espontaneamente no ar) como, por exemplo, potássio, alumínio, zinco ou titânio.
Requerem extintores com agentes especiais que extinguem o fogo por abafamento,
como os de cloreto de sódio.

11
Equipamentos de proteção individual (EPIs)

Os equipamentos de proteção individual, conhecidos por EPIs, destinam-se a


proteger o trabalhador ou o analista em operações em que a proteção coletiva não é
suficiente para garantir a saúde e integridade física da pessoa.

Por exemplo, quando há riscos de exposição a vapores ou pós, fora da capela, faz-
se necessário o uso de uma máscara e, essa, dependendo da substância que for manipular,
deve conter filtros. A Figura 1.5 mostra alguns EPIs.

Figura 1.5. Exemplos de EPIs – máscaras, óculos de proteção, luvas, protetores


auriculares, bata ou jaleco, capacete e botas.

Outro exemplo de EPI suas as luvas, que, dependendo da situação poderá ser de
diversos tipos, como luvas de borracha, luvas de couro etc.

Os óculos de segurança são bastante utilizados em manipulação de reagentes


químicos que liberem vapores ou espirrem produtos químicos, quando se trabalha com
reagentes em pó, materiais particulados diversos ou proteção contra projéteis, radiações
ultravioleta e infravermelho, e a própria proteção da face; há também os protetores faciais
que podem agir como óculos de segurança.

Os protetores auriculares são indispensáveis quando se trabalha em ambientes com


ruídos acima do permitido pela legislação, acima de 60 decibéis. Os limites de tolerância

12
para ruídos, contínuo ou intermitente, vão depender do nível do ruído e do tempo de
exposição ao mesmo.

É importante frisar que devemos procurar obter as melhores condições possíveis no


laboratório no que diz respeito às instalações (iluminação, ventilação, uso de capelas etc.),
para se ter que recorrer ao uso de EPIs em último caso. Por outro lado, os EPIs, quando
necessários, devem ser de boa qualidade e proporcionar o máximo conforto possível.
Deve-se também fazer inspeção dos equipamentos de proteção nos prazos estabelecidos de
acordo com as normas técnicas de segurança.

Referências
Verga Filho, A. F. Manual de Segurança em Laboratórios. Conselho Regional de
Química - IV Região (SP). Campinas, 13 de setembro de 2008.

Pereira, M. M.; Estronca, T. M. R.; Nunes, R. M. D. R. Guia de segurança no


laboratório de química. Departamento de Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade de Coimbra, 2ª. Edição, 2013. Secção de textos – FCTUC.

13
CAPÍTULO II – Equipamentos, vidrarias, manipulações e outros
acessórios e procedimentos indispensáveis em laboratório de química

Equipamentos e vidrarias

Vários equipamentos e vidrarias são utilizados em um laboratório de química e o


manuseio adequado destes é fundamental para o analista. O Quadro 2.1 relaciona alguns
equipamentos de uso comum no laboratório e suas aplicações.

Quadro 2.1. Relação de alguns equipamentos de laboratório e algumas de suas aplicações.

Tubo de ensaio: Usado Becker: Balão de fundo Balão de fundo


principalmente testes Usado para chato: Usado redondo: Usado para
Erlemnmeyer:
de reação. aquecimento para aquecimento de líquidos
Usado para
de líquidos, aquecimento e e reações com
titulações e
reações de armazenamento desprendimento de
aquecimento de
precipitação, de líquidos. gases.
líquidos.
etc.

Funil de vidro: Usado


Balão de destilação:
em transferências de
Usado em destilações. Pipeta Proveta: Usado líquidos e em filtrações.
Possui saída lateral volumétrica: Pipeta graduada:
para medidas
para a condensação de Usada para Usada para medir
aproximadas de
vapores. medir volumes variáveis
volume de
volumes fixos de líquidos.
líquidos.
de líquidos.

14
Tela de amianto:
Usado para
Frasco de reagentes: Bico de Tripé de ferro: Cadinho de porcelana:
distribuir
Usado para o Bunsen: Usado para Usado para
uniformemente o
armazenamento de Usado em sustentar a tela aquecimentos à seco no
calor em
soluções. aquecimentos de amianto. bico de Bunsen e Mufla.
aquecimentos de
de
laboratório.
laboratório.

Triângulo de
porcelana: Usado
Pinça de madeira:
para sustentar Funis de
Estante para tubos de Usada para segurar
cadinhos de decantação:
ensaio: suporte de tubos de ensaio em
porcelana em Usado para
Bureta: Usada aquecimento no bico de
tubos de ensaio. aquecimento no
para medidas separação de
Bunsen.
bico de Bunsen. líquidos
precisas de
líquidos. imicíveis.

Vidro de relógio:
Placa de Petri: Usado para cobrir
usada para beckers em
Almofariz e pistilo:
fins diversos. evaporações, Pisseta: Usada Picnômetro: Usado para
Usado para triturar e
pesagens etc para lavagens, determinar a densidade
pulverizar sólidos.
remoção de de líquidos.
precipitados e
outros fins.

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Cápsula de

Cuba de vidro: Usada porcelana: Pinça metálica

para banhos de gelo e Usada para Casteloy: Usada para


Bastão de vidro: Dessecador:
fins diversos. evaporar transporte de cadinhos e
Usado para agitar Usado para
líquidos em outros fins.
soluções, resfriar
soluções.
transporte de substâncias em
líquidos na ausência de
filtração e outros umidade.

Garra metálica: Usada


em filtrações,
sustentação de peças,
tais como condensador,
Balão volumétrico: Funil de Buchner: Kitassato: Usado
funil de decantação e
Usado para preparar e Termômetro: Usado para para filtração a
outros fins.
diluir soluções. Usado para filtração a vácuo. vácuo.

medidas de
temperatura.

Pinça de Hoffman:
Suporte universal. Mufa: Suporte Escovas de
Anel para Usada para impedir ou
para a garra de limpeza: Usada
funil diminuir fluxos gasosos.
condensador. para limpeza de
tubos de ensaio
e outros
materiais.

16
Pêra: Usada para Espátulas: Usada para transferência de
Condensadores: Usado para
pipetar soluções. substâncias sólidas.
condensar os gases ou vapores na
destilação.

Estufa: Usada para Mufla: Usada para calcinações (até


secagem de materiais 1500°C)
(até 200°C).
Sistema de destilação: Usado na separação
de duas ou mais substâncias com base em
suas diferentes volatilidades.

Operações no laboratório e aparelhagem

Em experiências químicas, como as realizadas em aulas práticas, são usados


equipamentos específicos de química. A seguir são apresentadas algumas das aparelhagens
utilizadas em laboratório, assim como as principais operações realizadas.

Bico de Bunsen

Para obter calor nas experiências em laboratório usa-se comumente um aparelho


denominado bico de Bunsen. Neste aparelho, cujo esquema aparece na Figura 2.1, a
mistura gás-ar é queimada no tubo, gerando uma chama que pode ser de combustão
completa (azulada) ou incompleta (amarelada).

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A forma correta de usar o bico de Bunsen é fechar a entrada de ar no anel, abrir a
válvula de gás e acender. A chama será larga e amarela. Então, abre-se a entrada de ar até
que a chama fique azul, que é a ideal para o uso. Na mistura gás-ar, pode-se distinguir dois
cones de cores distintas: um mais interno de cor azul e outro mais externo de cor laranja. A
chama laranja é oxidante, a amarela é redutora e a azul é neutra, sendo o ponto mais quente
o ápice do cone azul.

Figura 2.1. Representação do bico de Bunsen.

Balança e pesagem

No laboratório, a massa de substâncias químicas é determinada com o uso de


balanças. Na maioria das análises, uma balança analítica precisa ser utilizada para se obter
massas altamente exatas. As balanças de laboratório menos exatas também são
empregadas para as medidas de massa quando a demanda por confiabilidade não for
crítica.
A precisão a ser utilizada depende do trabalho a ser desenvolvido. É importante
salientar que não se deve realizar pesagens de produtos químicos diretamente sobre o prato
da balança. Costuma-se usar um vidro de relógio ou outra vidraria. A Figura 2.2 ilustra
uma balança analitica com uma vidraria adequada para realização de pesagens.

Figura 2.2. Balança analitica com uma vidraria adequada para realização de pesagens.
18
Tipos de Balanças Analíticas

Por definição, uma balança analítica é um instrumento usado na determinação de


massas com uma capacidade máxima que varia de 1 g até alguns quilogramas, com uma
precisão de pelo menos 1 parte em 105 em sua capacidade máxima. A precisão e a exatidão
de muitas balanças analíticas modernas excedem a 1 parte em 106 em sua capacidade total.
As balanças analíticas mais comumente encontradas (macrobalanças) têm uma
capacidade máxima que varia entre 160 e 200 g. Com essas balanças, as medidas podem
ser feitas com um desvio-padrão de ±0,1 mg. As balanças semi-microanalíticas têm uma
carga máxima de 10 a 30 g com uma precisão de ±0,01 mg. Uma balança microanalítica
típica tem capacidade de 1 a 3 g e uma precisão de ±0,001 mg.
A primeira balança analítica de prato único surgiu no mercado em 1946. A
velocidade e conveniência de pesar com essa balança eram amplamente superiores ao que
se podia realizar com a balança de dois pratos tradicional. Conseqüentemente, essa balança
substituiu rapidamente a anterior na maioria dos laboratórios. A balança de prato único está
sendo substituída atualmente pela balança analítica eletrônica, que não tem braço nem
cutelo. A conveniência, a exatidão e a capacidade de controle e manipulação de dados por
computador das balanças analíticas asseguram que as balanças mecânicas de prato único
vão eventualmente desaparecerem de cena.

Precauções no uso de uma Balança Analítica

A balança analítica é um instrumento delicado que você precisa manusear com


cuidado. Consulte seu professor para obter as instruções detalhadas com relação ao
processo de pesagem em seu modelo específico de balança. Observe as seguintes regras
gerais no trabalho com uma balança analítica, não obstante a marca ou modelo.
1. Centralize tanto quanto possível a carga no prato da balança.
2. Proteja a balança contra a corrosão. Os objetos a serem colocados sobre o prato
devem ser limitados a metais inertes, plásticos inertes e materiais vítreos.
3. Observe as precauções especiais para a pesagem de líquidos.
4. Consulte o professor se julgar que a balança precisa de ajustes.
5. Mantenha a balança e seu gabinete meticulosamente limpos. Um pincel feito de pêlos
de camelo é útil na remoção de material derramado ou poeira.
6. Sempre deixe que um objeto que tenha sido aquecido retome à temperatura ambiente
antes de pesá-lo.

19
7. Utilize uma pinça para prevenir a absorção da umidade de seus dedos por objetos
secos.

Utilização de uma Balança Analítica

Existem duas técnicas para pesagens dependendo do tipo de balança. Uma delas é
pesar previamente a vidraria e em seguida o reagente químico, determinando a massa deste
por diferença. A outra consiste em zerar a balança com a vidraria a ser utilizada na
pesagem sobre o prato, obtendo-se diretamente a massa do reagente.
Para se fazer as pesagens adotam-se os seguintes procedimentos:

a) Observa-se se a balança está no nível; caso não esteja, regule-a girando os “pés”.
b) Fecham-se as portas de vidro.
c) Zera-se a balança pressionando o botão “tara”.
d) Abre-se a porta, coloca-se o que se deseja pesar e fecha-se a porta.
e) Espera-se até que o mostrador digital não flutue mais e anota-se a massa. Preste
atenção a unidade de medida (mg, g, ...).
f) A última casa decimal é a incerteza.

Medidas de volume

Os aparelhos para medir volume de líquidos em laboratório, os quais aparecem


descritos na Figura 2.3, podem ser classificados em dois grupos:
a) Aparelhos volumétricos, os quais medem um único volume de líquido.
Ex.: Balão volumétrico e pipeta volumétrica.
b) Aparelhos graduados, a qual permite a medida de diversos volumes de um líquido.
Ex.: Pipeta graduada, proveta e bureta.

A Figura 2.3 ilustra exemplos de aparelhos volumétricos.

Figura 2.3. Exemplos de aparelhos volumétricos.


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A superfície de um líquido raramente é plana. Dependendo da natureza das forças
intermoleculares existentes no líquido, a sua superfície geralmente apresenta-se curva,
podendo ser côncava ou convexa. Para efetuar a leitura, deve-se comparar o menisco
(ponto de máximo ou de mínimo da curvatura da superfície do líquido) com as linhas no
aparelho, conforme Figura 2.4.

Figura 2.4. Tipos de meniscos. Um menisco é a superfície curva de um liquido na sua


interface com a atmosfera.

Qualquer medida de volume feita com qualquer aparelho está sujeita a erros devido
a:
a) Dilatação e contração do material de vidro provocado pela variação de temperatura;
b) Ação da tensão superficial sobre a superfície líquida;
c) Imperfeita calibração dos aparelhos volumétricos;
d) Erro de paralaxe, o qual se origina no momento da leitura. Para evitar este erro,
deve-se sempre posicionar o aparelho de forma que o nível do líquido esteja na altura dos
olhos.
Na leitura de volumes, o olho precisa estar no nível da superfície do líquido, para se
evitar o erro devido à paralaxe, uma condição que faz que o volume pareça menor que seu
valor verdadeiro, se o menisco for visto de cima, e maior, se o menisco for visto de baixo.
A paralaxe é o deslocamento aparente do nível de um líquido ou de um ponteiro, à
medida que o observador muda de posição e ela ocorre quando um objeto pode ser visto a
partir uma posição que não seja a do ângulo correto para a sua observação.

21
Sistema Internacional de medidas

Em 1971, a 14ª Conferência Geral de Pesos e Medidas escolheu sete grandezas


como fundamentais, formando assim a base do Sistema Internacional de Unidades,
abreviado como SI e popularmente conhecido como sistema métrico. As unidades foram
escolhidas de modo que os valores dessas grandezas numa “escala humana” não fossem
excessivamente grandes ou excessivamente pequenos.
Muitas unidades secundárias (ou derivadas) são definidas em termos das unidades
das grandezas fundamentais. Assim, por exemplo, a unidade de potências no SI, que
recebeu o nome watt (abreviação W), é definida em termos das unidades de massa,
comprimento e tempo.
1 watt = 1 W = 1 Kg . m2 / s3
A Tabela 2.1 mostra as principais grandezas, com símbolo, do sistema internacional
de unidades, SI.

Tabela 2.1. Unidades Fundamentais do SI.

Grandeza Nome da unidade Símbolo

Comprimento Metro m

Tempo Segundo s

Massa Quilograma kg

Corrente Elétrica Ampère A

Temperatura
Kelvin K
Termodinâmica

Intensidade Luminosa Candeia cd

Quantidade de Matéria Mol mol

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Matemática básica

Em um laboratório de química é fundamental o conhecimento de algumas


propriedades básicas da matemática. Dentre tantas, segue-se uma pequena revisão das
principais.

Logaritmo
Definição de logaritmo: Chama-se logaritmo de x na base a um número b tal que se

elevarmos a ao expoente b obtemos x; isto é,


Condição de existência de um logaritmo:

Para logab existir, deve-se ter:


Logaritmo positivo: b > 0
Base positiva e diferente de 1: a > 0 e ≠ 1

Consequência da definição:
loga1 = 0, pois a0 =1
logaa =1, pois a1 = a
logaam = m, pois logaam=p↔ap=am . Portanto, p=m e, então, logaam=m
alogab = b, pois ax=b ↔x = logab, substituindo x por logab em ax = b, resulta
alogab=b

Propriedades do logaritmo:
loga(M.N) = logaM + logaN
loga(M/N) = logaM – logaN
loga MN = N . logaM

Cologaritmo:
loga(1/b) = - logab = cologab, com b >0 e 1 ≠ a > 0

Os logaritmos que tem por base o número e (base de Neeper) chama-se logaritmo
neperiano ou logaritmo normal e escreve-se muitas vezes da seguinte forma: Logex= ln

23
Cálculo de erros
Ao trabalhar com dados experimentais em laboratório, é nescessário que se realize
várias vezes um mesmo experimento, pelo fato de que em cada procedimento que acontece
estar incluído alguns erros. Que podem ser:
Grosseiro: Pode ser provocado por falhas ocasionais e/ou anormais dos
instrumentos, do observador ou de outros parâmetros intervenientes.
Sistemático: Normalmente decorrente da má condução da experiência, má
calibração dos instrumentos e dos descuidos de planejamento.
Aleatório: Naturalmente decorrente da própria experiência, uma vez que o rigor
absoluto ou reprodução exata dos valores em sucessivas medições não são os esperados.
Numericamente o erro pode ser calculado:

Erro% = |Valor teórico – Valor experimental|*100


Valor teórico

Média e desvio padrão


A média é o valor para onde mais se concentra os dados. Esse valor pode ser
calculado a partir do postulado de Gauss: "O valor mais provável que uma série de
medidas de igual confiança nos permite atribuir a uma grandeza é a média aritmética dos
valores individuais da série".
= (∑Xi) /N
Onde N é o número de vezes que se repete o experimento.
À medida que seus valores são mais próximos dessa média, estes também serão
mais consistentes e próximos do verdadeiro. Dessa forma, quanto mais afastados dessa
média, menos consistentes serão os valores. É a partir desse raciocínio que se conclui a
variação dos resultados em torno do ponto, denominando-se desvio padrão, que se pode
calcular referente à média da seguinte forma:
σ = ∑(│Xi ─ │) / N
Sua representação será: X= ±σ

Exemplo:

Com auxilio de uma régua milimetrada, mede-se certo comprimento 5 vezes. Qual
deve ser a valor médio o desvio padrão.

24
N SN (cm) (S) (cm)

1 5,82 0,01

2 5,83 0,00

3 5,85 0,02

4 5,81 0,02

5 5,86 0,03

N=5 SN = 29,17 N= 0,08

Valor médio de S = (5,82 + 5,83 + 5,85 + 5,81 + 5,86) / 5 = 5,83 cm.


1 = | 5,83 - 5,82 | = 0,01
2 = | 5,83 - 5,83 | = 0,00
3 = | 5,83 - 5,85 | = 0,02
4 = | 5,83 - 5,81 | = 0,02
5 = | 5,83 - 5,86 | = 0,03
médioS = (0,01 + 0,00 + 0,02 + 0,02 + 0,03) / 5 = 0,02
O valor medido de S mais provável, portanto, será dado como:
S = 5,83 ± 0,02

Linearização e extrapolação de dados


Outra ferramenta que facilitará a análise em diversas situações em laboratório será a
linearização de dados, podendo fazer um gráfico do primeiro grau e prever vários
resultados. Ao se obterem os resultados experimentais, devem-se usar as seguintes
fórmulas para encontrar o coeficiente angular (b) e linear (a) da reta que mais se aproxima
do resultado desejado:

Ŷ  a  bX

a
 y  b x  Y  bX
n

25
A partir do resultado obtido, pode-se calcular o coeficiente de correlação(r) que
varia de -1 a 1 e em suma informa a confiabilidade desta reta. Portanto, quanto mais
próximo de zero, menos indicada ela se torna.

Ao desenhar a reta estamos interpolando os dados. Interpolação é o preenchimento


dos espaços em branco entre os dados experimentais através de uma curva contínua que
supostamente mostra o comportamento dos próprios pontos.
Outra relação importante é a extrapolação, que consiste em prolongar a curva fora
dos limites dos valores medidos, sob o pressuposto que o comportamento da curva
permanece sendo o mesmo fora do intervalo do experimento.

Algarismo Significativo
Em cálculo trabalha-se com valores extremamente grandes como também muito
pequenos. Por isso, se faz necessário saber como se deve representar o valor experimental.
Por exemplo, se ao medir certo comprimento com um paquímetro, e caso a incerteza desse
equipamento for de ±0,1 mm, a leitura deve ser registrada até o décimo do milímetro.
O Algarismo significativo de um número está em referência aos dígitos de certo
resultado. E a melhor forma de representá-lo é quando o último digito apresenta-se com
um algarismo duvidoso. Assim, vamos observar o exemplo: 514,0mm
O algarismo mais a esquerda não-nulo é o algarismo mais significativo.
Exemplo: 0,051 40m;
O algarismo mais a direita é o menos significativo, mesmo sendo zero.
Exemplo: 51,40mm;
Todos os algarismos entre o mais e os menos significativos são contados como
significativos.
Exemplo: 0, 051 40m = 5, 140 cm = 51,40mm = 5, 140 × 104 μm
*Todos com 4 algarismos significativos e expressando a mesma medida de um
comprimento.
OBS: Os zeros à esquerda não são considerados algarismos significativos como no
exemplo: 0, 000123, que contém apenas três algarismos significativos.

26
Arredondamento
Na regra de arredondamento existem três casos:
Quando o algarismo incerto for maior que 5, arredonda-se o penúltimo número para
uma unidade a mais: Exemplo: 5,4987 = 5,499
Quando o algarismo incerto for menor que 5, o penúltimo número permanece o
mesmo: Exemplo: 2,1921 = 2,192
Quando o algarismo incerto for 5 observa-se o penúltimo número, se for par,
mantém-se igual. Se for ímpar, aumenta uma unidade na mesma. Exemplo: Par: 3, 2845 =
3, 284 / Ímpar: 9, 135 = 9,14

Referências

HARRIS, Daniel C. Análise química quantitativa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. 862
p.

MANDIN, Daniel. Estatística descomplicada. 1ª edição, Vestcon.

SILVA, W. P.; Silva, C. M. D. P. S. Tratamento e dados Experimentais. 2ª Ed., Editora


Universitária/UFPB, João Pessoa, 1998.

Pós-Laboratório

1) Represente esquematicamente as principais zonas da chama de um bico de Bunsen,


indicando o ponto mais quente.

2) Descreva como você procederia para realizar uma pesagem, por diferença, de
5,6643g de NaCl, sendo a massa do recipiente (vidro de relógio) igual a 10,2590g.

3) O que significa erro de paralaxe e como podemos evitá-lo?

4) Para a preparação de uma solução a partir de um reagente líquido, qual o material


utilizado, o procedimento a ser adotado e os cuidados necessários?

27
5) Faça o arredondamento dos números abaixo, para três casas decimais após a
vírgula.

a) 120, 4784 = __________ b) 83, 1236 = __________

c) 71, 2315 = __________ d) 457,1025 = __________

28
CAPÍTULO III - Densidade de sólidos e líquidos

Objetivos

Medir a densidade de líquidos e de sólidos utilizando a técnica de picnometria e o


princípio de Arquimedes.

Introdução

A densidade absoluta de uma substância é definida como sendo a relação entre a


massa e o volume dessa substância. A densidade é função da temperatura. As unidades de
densidade absoluta podem ser descritas como: g/cm3, Kg/m3, lb/ft3 etc.

A densidade relativa de uma substância é a razão entre a densidade absoluta dessa


substância e a densidade absoluta de uma substância padrão, tomada como referência,
como a água, obviamente nas mesmas e na mesma temperatura de operação.

A picnometria é uma técnica laboratorial utilizada para fazer a determinação da


densidade de líquidos. Pode também determinar-se a densidade de sólidos, devendo antes
ser dissolvido.

O picnômetro é um recipiente de vidro com tampa esmerilhada,


vazada por tubo capilar, que permite seu completo enchimento
com líquidos. A capacidade volumétrica do instrumento é
facilmente determinável pela pesagem de um líquido tomado como
padrão de densidade, na temperatura de operação. O picnômetro é
uma vidraria especial que possui baixo coeficiente de dilatação.

Arquimedes foi um dos mais importantes cientistas da antiguidade, que dentre


outras invenções notáveis estão a alavanca e a hidrostática.

Descobriu a relação existe entre a massa de um corpo e seu volume, e fundamentou


a teoria do empuxo. "Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equilíbrio,
dentro de um campo gravitacional, fica sob a ação de uma força vertical, com sentido
29
ascendente, aplicada pelo fluido; esta força é denominada empuxo, cuja intensidade é igual
à do peso do fluido deslocado pelo corpo."

O empuxo é a força que provoca a flutuação dos corpos nos líquidos, sendo
proporcional a densidade, ao volume do corpo e a aceleração da gravidade.

Um instrumento que rege esse princípio é o densímetro. Esse instrumento


mede a densidade dos líquidos. Trata-se de um tubo de vidro com certa
quantidade de chumbo na base. Na parte de cima do tubo há uma escala
desenhada. Ao mergulhar o densímetro no líquido, ele afunda até deslocar
um volume de fluido cujo peso se iguale ao dele. A superfície do líquido
indica determinado ponto na escala, isto é, sua densidade. Esses instrumentos
são muito usados em postos de gasolina para verificar por meio da densidade
o grau de pureza do álcool usado como combustível.

Metodologia

Materiais e reagentes
 Picnômetro
 Funil simples pequeno
 Pisseta
 Provetas de tamanhos variados
 Hidróxido de sódio 0,5 mol/L
 Amostras de materiais sólidos

O aço é uma liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono, com
percentagens deste último variando entre 0,008 e 2,11%. Distingue-se do ferro fundido,
que também é uma liga de ferro e carbono, mas com teor de carbono entre 2,11% e 6,67%.
A diferença fundamental entre ambos é que o aço, pela sua ductibilidade, é facilmente
deformável por forja, laminação e extrusão, enquanto que uma peça em ferro fundido é

30
fabricada pelo processo de fundição ou usinagem. No entanto, o valor teórico da densidade
do aço, exibido posteriormente, Tabela 3.1, é um valor médio.

Vale salientar que, a partir dos valores de densiade é possível, dentre outras coisas,
caracterizar um determinado material, observando inclusive o grau de pureza.

A Tabela 3.1 mostra os valores teóricos das densidades das amostras de materiais
sólidos, a 20°C, utilizadas no experimento.

Tabela 3.1. Valores teóricos das densidades das amostras de materiais sólidos, aço,
alumínio e cobre, a 20°C.

Amostra de material Valor teórico da densidade a 20°C


d (kg/m³) d (g/cm³)
Aço 7860 7,860
Alumínio 2697 2,697
Cobre 8920 8,920

Procedimento experimental

Picnometria
a) Pese o picnômetro (com a tampa) vazio e seco;
b) Coloque água destilada no picnômetro até que o volume do líquido fique acima do
colo;
c) Coloque a tampa capilar, verifique se ficou cheio e enxugue cuidadosamente o
excesso de líquido;
d) Pese o picnômetro com água destilada;
e) Esvazie o picnômetro;
f) Lave inteiramente o picnômetro com a solução a ser analisada (NaOH 0,5 mol/L);
g) Coloque a solução no picnômetro até que o nível do líquido fique acima do colo;
h) Coloque a tampa capilar e enxugue cuidadosamente o excesso de líquido;
i) Pese o picnômetro com a solução.

Método de Arquimedes
a) Em uma balança, pese os materiais sólidos e anote as massas;
b) Coloque um determinado volume de água, suficiente para submergir a amostra de
material sólido; faça isso para os três materiais;

31
c) Coloque a amostra do material sólido na proveta;
d) Anote o valor do volume de água deslocado;
e) Calcule as densidades dos materiais.

Resultados
Tabela 3.2. Dados experimentais.
Vobjeto (cm3)
Objeto massa (g) Vi (mL) Vf (mL) Vobjeto (mL)
1mL = 1cm3
Aço
Alumínio
Cobre

Referências

ATKINS, Peter e JONES, Loretta. Princípios de Química: Questionando a vida


moderna e o meio ambiente. 1a. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química – A Ciência Central. 9ª ed.;
Pearson; São Paulo; 2006.
RUSSELL, John B., Química geral, 2ª. Ed, vol 1,São Paulo, Ed Pearson Makron
Books,1994.

Pré-Laboratório
1. Explique a diferença entre densidade absoluta e densidade relativa.
2. O que é picnometria?
3. Descreva o princípio de Arquimedes.

Pós-Laboratório
1. A partir dos dados obtidos na prática calcule o volume do picnômetro e a densidade
da solução analisada.
2. Efetue os cálculos das densidades das amostras sólidas.
3. Efetue os cálculos dos erros percentuais das densidades.
4. Comente os possíveis erros.
32
CAPÍTULO IV – Teste de Chamas

Objetivos

Identificar metais presentes em amostra de sais através da coloração da chama


decorrente da queima de cristais do sal.

Introdução

O teste de chama é um procedimento usado para testar qualitativamente a presença


de certos metais em compostos químicos. Quando o composto a ser estudado é submetido
ao aquecimento em uma chama, ele é decomposto e atomizado, e os átomos e íons
formados sofrem excitação e posterior emissão de luz. Baseado no espectro de emissão do
elemento, o composto vai modificar a cor da chama para uma cor característica do
elemento.

Todas as substancias são formadas de pequenas partículas chamadas átomos. Os


gregos antigos foram os primeiros a saber que a matéria é formada por tais partículas, as
quais chamaram átomos, que significa indivisível. Os átomos porem são compostos de
partículas menores: os prótons, os nêutrons e os elétrons.

 Modelo de Dalton (bola de bilhar):

O átomo de John Dalton era uma bolinha maciça e indivisível.

Para ele, a matéria era formada por partículas que não podiam ser divididas chamadas de
átomos.

 Modelo atômico de Thomson:

O modelo atômico de Thomson é conhecido como pudim de passas e enuncia que


o átomo é uma esfera de carga elétrica positiva, não maciça e que nela se encontram cargas
negativas estáticas distribuídas uniformemente, de modo que sua carga elétrica total seja
nula.

33
 Modelo atômico de Rutherford:

Rutherford, com a intenção de aprofundar seus estudos, foi para a Inglaterra


submeter-se à orientação de Thomson nas investigações sobre as propriedades dos raios X
e das emissões radioativas. Em seus estudos, ele conseguiu, através de experimentos,
bombardear uma fina lâmina de ouro com partículas alfa (núcleo do átomo de hélio). Ele
percebeu que a maioria das partículas alfa emitidas atravessava a lâmina sem sofrer
qualquer desvio. Porém uma pequena parte das partículas sofria um desvio. Com isso, ele
pôde concluir que o átomo possuía um pequeno núcleo e uma grande região vazia.

Em seu experimento ele enunciou que os elétrons eram dotados de cargas


negativas enquanto que no núcleo se encontravam as cargas positivas. Dessa forma,
baseando-se no sistema planetário, Rutherford propôs para o átomo de hidrogênio um
modelo semelhante.

 Modelo atômico de Bohr:

O modelo de Rutherford tinha alguns problemas sérios: um átomo contendo um


núcleo pequeno positivamente carregado deveria ser instável, se os elétrons estivessem
parados, nada os impediria de serem atraídos para o núcleo.

A teoria de Bohr trouxe uma contribuição importante para compreensão da


estrutura atômico. Seu primeiro sucesso foi à explicação dos espectros de emissão dos
átomos. A emissão da luz era provocada por uma descarga elétrica através do hidrogênio.
Alguns destes átomos podem adquirir um excesso de energia interna e emitir luz na região
do visível, ultravioleta ou infravermelho. Seu pensamento estava baseado em alguns
postulados:

No átomo, só é permitido ao elétron estar em certos estados estacionários, sendo


que cada um deles possui uma energia fixa e definida. Quando um átomo estiver em um
destes estados, ele não pode emitir luz. No entanto, quando um estado de alta energia passa
para um de menor há emissão de um quantum de radiação.

Os elétrons possuem energia quantizada enquanto presentes em torno do núcleo,


um elétron sempre ocupa um nível energético bem definido e não qualquer valor de
energia. Se um elétron receber energia adequada (calor, luz, etc.), ele pode sofrer uma
mudança de nível energético mais baixo para outro de energia mais alta, ocorrendo assim a

34
excitação. O estado excitado é um estado metaestável de curta duração (10-8 s) e o elétron
retorna imediatamente ao seu estado fundamental ou estados energéticos intermediários.

A energia absorvida durante a excitação é emitida na forma de radiação


eletromagnética em diversos comprimentos de onda λ ou frequências f (velocidade da luz c
= f.λ), sendo que algumas dessas emissões ocorrem em frequências que o olho humano é
capaz de detectar (espectro visível). Como o elemento emite uma radiação característica
(com diversas linhas espectrais definidas) ela pode ser usada como método analítico.

Em geral, os metais alcalinos e alcalinos terrosos são os elementos cujos elétrons


exigem menor energia para serem excitados e, por isso, são utilizados experimentalmente
em testes de chama ou percepção visual para identificação do elemento. Por exemplo, no
átomo de potássio, cuja configuração eletrônica é 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s1, o elétron 4s1 mais
externo pode ser facilmente levado para o nível 4p, ocorrendo a excitação eletrônica.

O elétron excitado apresenta tendência a voltar a seu estado normal, 4s1, emitindo
uma quantidade de energia, na forma de fóton, bem definido (766,5 nm). Além dessa
transição eletrônica, outra podem ocorrer, contudo esta é a mais provável acarretando
numa coloração violeta da chama. Uma das utilidades para a qual o teste de chama
contribuiu ao longo desses séculos foi o desenvolvimento de fogos de artifício, com uma
grande gama de cores devido à utilização de diversas combinações de sais, compostos
orgânicos e metais em pó.

Referências

BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E.; BURDGE, J. R., Química – A


Ciência Central. 13ª ed.; Pearson Education do Brasil; São Paulo; 2016.
JESUS, H. C. de, Show de química: aprendendo química de forma lúdica e
experimental; 2ª edição; Vitória – ES; Gráfica e Editora GSA; 2013.

Procedimento Experimental

Materiais
- Placa de Petri;
35
- Palitos de fósforo;
- Iodeto de potássio (KI);
- Cloreto de sódio (NaCl);
- Carbonato de cálcio (CaCO3);
- Cloreto de bário (BaCl2);
- Sulfato de cobre (CuSO4).

Métodos
Uma maneira de executar o teste de chama é utilizando álcool. O procedimento
consiste em espalhar uma pequena quantidade de álcool sobre uma placa de Petri e, em
seguida, misturar cristais do sal com o álcool. Depois, coloca-se fogo no álcool para
promover a formação da chama, que dependendo do cristal analisado, assumirá cor
característica.

Resultados

Substância Cor emitida

Pré-Laboratório
1) Faça um esquema que represente o espectro de cores emitido pelos elementos em
função do comprimento de ondas pertencente a cada faixa.

Pós-laboratório
1) Como você explica a emissão de luz de cores diferentes por cada material que foi
aquecido na chama?

36
CAPÍTULO V - Extração líquido-líquido

Objetivo

Determinar o teor de álcool em uma amostra de gasolina.

Introdução

Petróleo
O petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos, com cadeias carbônicas que podem
variar de 1 (um) a mais de 60 (sessenta) átomos de carbono; apresentando compostos de
cadeias normal, ramificada, saturada, insaturada, homocíclica, heterocíclica, etc. Além de
hidrocarbonetos, pode conter também, em menores quantidades, compostos de enxofre,
nitrogênio, oxigênio e metais.

A origem da palavra petróleo vem do latim, que significa óleo na pedra, ou pedra
que contem óleo. Ele é originado da decomposição da matéria orgânica contida em restos
de animais e plantas que, ao longo de milhares de anos, foram depositados, ficando em
condições de temperaturas e pressões elevadas, além de pouca oxigenação, levando a
formação do petróleo. O petróleo pode-se deslocar para outras regiões, até encontrar uma
armadilha, a rocha selante, formando assim um reservatório.

Desde a antiguidade utiliza-se petróleo, porém de forma aleatória, como na


impermeabilização de vasos cerâmicos das civilizações pré-colombianas e nos processos
de mumificação dos antigos egípcios.

Os primeiros relatos de exploração do petróleo retratam de 1859, quando o Coronel


Drake, deparou-se com uma exsudação natural de petróleo em sua propriedade no estado
da Pensilvânia, EUA. A partir daí o petróleo começou a ser utilizado para iluminação, pois
antigamente utilizava-se óleo de baleia na iluminação, pois ainda não havia energia
elétrica.

Gasolina

A gasolina é uma das frações do petróleo. Trata-se de uma mistura de


hidrocarbonetos de cadeias que podem variar de 5 (cinco) a 10 (dez) átomos de carbono.
Seu principal constituinte é o iso-octano. Ela pode ser obtida por vários métodos, como
destilação fracionada, isomerização, alquilação e craqueamento catalítico.

37
O teor de álcool etílico anidro na gasolina é fixado por Portaria do Ministério da
Agricultura, conforme Decreto Nº 3.966/2001. O percentual máximo de álcool etílico
anidro adicionado à gasolina é de 25% desde 07/2007.

Álcool combustível

O álcool utilizado como combustíveis nos postos de gasolina é o etanol hidratado.


Na gasolina, o álcool é adicionado é o etílico anidro, como mencionado anteriormente. O
etanol pode ser obtido desde uma reação como o próprio petróleo, pela fermentação da
beterraba, como é feito na Europa, ou do milho, nos Estados Unidos. No Brasil, o etanol é
produzido a partir da cana-de-açúcar. A cana é processada em usinas, passando por
diversas operações como moagem, fermentação e destilação.

Forças intermoleculares

As forças intermoleculares são forças existentes entre as moléculas de compostos


que formam ligações covalentes. Essas forças são bem mais fracas do que as ligações
químicas.

A Figura 5.1 ilustra a diferença entre uma ligação química e atração intermolecular.

Figura 5.1. Ilustração da diferença entre ligação química e atração intermolecular.


(Brown et al, 2005).

As forças intermoleculares podem ser do tipo: dipolo-dipolo, íon-dipolo, força de


dispersão de London e pontes/ligações de hidrogênio. As forças dipolo-dipolo ocorrem em
compostos polares, ou seja, compostos onde existe uma diferença de eletronegatividade
entre os elementos ligantes. As moléculas se atraem quando o lado positivo de uma está
próximo do lado negativo de outra. Ex: H-Cl

As forças do tipo íon-dipolo ocorrem entre compostos polares e na presença de íons


em suspensão. Esse tipo de força intermolecular é mais forte do que a dipolo-dipolo. Ex:

38
H-Cl em solução salina de Na+Cl-. As forças de dispersão de London ocorrem entre
moléculas apolares. Um momento de dipolo instantâneo, bastante pequeno, pode ser criado
devido o movimento de eletros em um átomo ou molécula. Ex: N2, O2, CH4

As pontes ou ligações de hidrogênio são forças intermoleculares mais fortes. Elas


ocorrem em compostos polares onde a diferença de eletronegatividade é mais pronunciada.
É formada entre o hidrogênio (H) e outro elemento demasiadamente eletronegativo como o
Flúor, Oxigênio, Nitrogênio (F, O, N). Ex: H2O, HF O Fluxograma (Brown et al, 2005) a
seguir, Figura 5.2, resume os tipos de forças intermoleculares.

Figura 5.2. Fluxograma com os tipos de forças intermoleculares (Brown et al, 2005).

Metodologia

Materiais e reagentes
 Becker de 100 mL
 Proveta de 100 mL, com tampa
 Luvas
 Óculos de segurança
 Gasolina comum
 Solução de cloreto de sódio 10%w

39
Procedimento experimental
a) Colocar 50 mL da amostra de gasolina na proveta de 100 mL, previamente limpa,
desengordurada e seca, observando a parte inferior do menisco;
b) Em outra proveta de 100 mL, medir 50 mL de solução de cloreto de sódio 10%w,
tomando os mesmos cuidados do passo anterior;
c) Colocar os 50 mL de solução de cloreto de sódio 10%w na proveta com a gasolina;
d) Tampar de forma adequada a proveta;
e) Misturar as camadas de água e gasolina através de três inversões sucessivas da
proveta, evitando agitação enérgica;
f) Deixar a proveta em repouso por 5 minutos de modo a permitir a separação
completa das duas camadas;
g) Anotar o aumento da camada aquosa em mililitros.

Para calcular o teor de álcool, faça a seguinte regra de três:

Válcool
% * 100
Vinicial _ gasolina

Para se determinar quantos mililitros de álcool estão presentes em um litro da


amostra de gasolina, efetua-se a seguinte operação:

mL Válcool

L 0,05

A Figura 5.3 exibe o esquema do experimento, mostrando cada etapa.

(a) (b) (c)

Figura 5.3. Esquema do experimento. (a) Proveta preenchida com 50 mL de gasolina; (b)
Adição de 50 mL de solução de cloreto de sódio 10%w; (c) Captura do álcool presente na
gasolina.

40
Referências

BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química – A Ciência Central. 9ª ed.;


Pearson; São Paulo; 2006.

THOMAS, J. E. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Interciência: Petrobras, Rio


de Janeiro - RJ, 2001.

Pré-laboratório
1. O que são forças intermoleculares?
2. Quais os tipos de forças intermoleculares?
3. Dê a definição de cada força intermolecular, citando um exemplo de cada.
4. Por que no Brasil se adiciona álcool à gasolina?
5. Faça uma pesquisa sobre as principais frações do petróleo, com definição,
principais usos, características físicas etc.
6. Faça uma pesquisa, mostrando em poucas linhas, como é produzido o álcool no
Brasil.

Pós-laboratório
1. Qual dos líquidos tem maior densidade? Como você deduziu sua resposta?
2. Por que a água extrai o álcool da gasolina?
3. Qual o teor de álcool na gasolina em % e em mL/L?
4. Calcule o erro experimental baseado na percentagem de álcool permitida na
gasolina. Comente os possíveis erros.

41
CAPÍTULO VI – Indicadores Ácidos-Bases

Objetivos

Esta aula prática tem por objetivo geral desenvolver o conceito de equilíbrio ácido-
base, explicitando suas aplicações na Química e no cotidiano do aluno, utilizando os pigmentos
naturais e suas propriedades como exemplo. Como objetivos específicos dessa aula prática,
destacamos os seguintes pontos:

- Reconhecer um equilíbrio ácido-base;

- Aplicar o conceito de equilíbrio ácido-base na compreensão e resolução de problemas;

- Entender e utilizar o conceito de pH;

- Compreender o funcionamento de um indicador ácido-base;

Introdução

Equilíbrio ácido-base

Segundo o conceito de Brönsted-Lowry, um ácido é uma espécie química que doa


prótons (íons H+) durante uma reação química, enquanto que uma base é uma espécie
química que recebe prótons durante uma reação química.

Exemplo: reação ácido-base genérica:

42
Ácidos e bases são extremamente importantes em química, pois muitas reações
químicas de interesse envolvem essas substâncias. Quando um ácido doa um próton a uma
base forma-se um novo ácido e uma nova base que podem também reagir entre si, o
resultado é uma reação reversível que tenderá a um estado de equilíbrio.

Quando um ácido perde um próton dá origem a uma base conjugada e quando uma
base recebe um próton produz um ácido conjugado. Desse modo, em uma reação ácido-
base podemos estabelecer pares conjugados ácido-base.

Auto-ionização da água

Um dos equilíbrios ácido-base mais importantes é a reação de auto-ionização da


água:

Na reação de auto-ionização da água, uma molécula de água doa um próton para


uma outra molécula de água formando íons hidroxônio (H3O+) e íons hidroxila (OH-). A
água doa prótons e recebe prótons nessa reação, agindo como ácido e como base
simultaneamente, diz-se então que ela é uma espécie anfótera. A constante de equilíbrio
para a reação de auto-ionização da água é chamada de produto iônico da água e designada
por Kw, sendo que:

43
Determinou-se, experimentalmente, que as concentrações de íons H3O+ e OH-, em
água pura a 25 °C são ambas iguais a 10-7 mol.L-1. Dessa forma o valor de Kw a uma
temperatura de 25 °C é igual a 10-14.

A escala de pH

A concentração de íons H3O+ (ou H+ de forma simplificada) é de fundamental


importância em muitas reações químicas e bioquímicas que ocorrem em meio aquoso. Em
1909, Sören P. T. Sörensen (1868-1939), bioquímico dinamarquês, estabeleceu uma
maneira conveniente de expressar a acidez utilizando o logaritmo negativo da concentração
do íon hidrogênio:

Sörensen chamou o novo conceito de expoente do íon hidrogênio representado pelo


símbolo pH “pondus hidrogenn - potencial de hidrogênio”. Devido ao uso do artifício
matemático “– log [H+]” os valores dessa escala são positivos na faixa de concentração
abaixo de 1 mol/L.
A rigor, o pH é mais bem definido como sendo pH = -log ah, onde ah é a atividade
do íon hidrogênio. Em soluções contendo mais de um íon a atividade e a concentração são
diferentes, porque a atividade é a concentração real de um eletrólito em solução. Ela é
função de todos os componentes iônicos em solução (força iônica).
O conceito de pH pode ser estendido a outras grandezas e podemos definir uma
função “p” de tal forma que:

Assim, teremos: pOH = - log [OH-]


pKw = - log Kw = - log 10-14 = 14
pNO3- = - log [NO3-]

Em solução aquosa as concentrações dos íons OH- e H+ estão relacionadas e por


conseguinte os valores de pH e pOH, de forma que temos:

44
Quando as concentrações dos íons H+ e OH- são iguais em uma solução aquosa,
teremos o pH igual a 7,0 e o meio é considerado neutro. Quando a concentração de íons
H+ é superior à concentração de íons OH- a solução aquosa é considerada ácida, e quando
ocorre o inverso é chamada de básica ou alcalina ([OH-] > [H+]). As relações existentes
entre o pH, o pOH e as concentrações de íons H+ e OH- são exemplificadas no Quadro 01:

Quadro 01 – Relações entre pH, pOH e as concentrações de H+ e OH- em solução aquosa.

Indicadores ácido-base

Os indicadores ácido-base são substâncias que mudam de coloração segundo o pH


do meio onde se encontram. Um indicador ácido-base é um ácido ou uma base fraca cuja
forma ácida apresenta uma cor diferente da forma básica. Quando em solução o indicador
apresenta um equilíbrio do tipo:

Um aumento do pH do meio favorece a formação da forma básica do indicador e


uma diminuição do pH favorece a formação da forma ácida do indicador. Como critério
visual, a mudança da cor da forma ácida para a básica (e vice-versa) ocorre quando a razão
entre as concentrações da forma ácida (alcalina) e da alcalina (ácida) for maior que
aproximadamente 10. Essa razão pode ser melhor determinada utilizando-se um método
espectrofotométrico. O equilíbrio da mudança de cor (em uma dada força iônica) pode ser
dado pela Equação:

45
Onde pKin é a chamada constante aparente do indicador. Com base na mudança de
cor em função das concentrações das espécies ácida e básica (10/1 ou 1/10), a faixa de
viragem da cor do indicador pode ser expressa segundo a Equação:

Ou seja, a faixa de viragem do indicador corresponde a cerca de duas unidades de


pH. O primeiro indicador de pH comercialmente vendido foi o tornassol (litmato de
cálcio). Atualmente existem inúmeras substâncias usadas como indicadores ácido-base,
com faixas de viragem variadas como mostrado no Quadro 02.

Quadro 02 – Faixa de viragem de alguns indicadores ácido-base

Pigmentos naturais usados como indicadores ácido-base

As antocianinas são pigmentos da classe dos flavonóides responsáveis, em diversos


casos, pela coloração vermelha, azul ou violeta de diversos vegetais. Quando as antocianinas
são extraídas do vegetal, apresentam-se sob a forma de sais de flavílio, normalmente
glicosiladas, ou seja, ligadas a moléculas de açúcares tais como a β-D-glicose, β-D-galactose e
a α-D-rammose. Quando livres dos açúcares esses pigmentos recebem o nome de
antocianidinas.

46
As antocianinas possuem a propriedade de mudar de coloração em função do pH do
meio onde se encontram, assim, podem ser utilizadas como indicadores ácido-base naturais.

Obs: Cianidina (R1 = OH e R2 = H); Peonidina (R1 = OCH3 e R2 = H); Delfinidina


(R1 = OH e R2 = OH); Petunidina (R1 = OCH3 e R2 = OH); Malvidina (R1 = OCH3 e R2
= OCH3); Pelargonidina (R1 = H e R2 = H); Quando se aumenta o pH de uma solução
ácida contendo uma antocianidina, ocorrem os seguintes equilíbrios químicos envolvendo
o íon flavílio:

47
Estes equilíbrios estão na base das mudanças de coloração que ocorrem quando se
varia o pH do meio onde se encontram extratos vegetais contendo antocianidinas.

Procedimento Experimental

Materiais e Reagentes
MATERIAIS REAGENTES
Béqueres - 02 Ácido clorídrico 0,1 mol/ L
Bastão de vidro Hidróxido de sódio 0,1 mol/L
Proveta de 25 ml Água destilada
Funil Matéria vegetal
Papel de filtro
Tubos de ensaio - 03
Pipetas de pasteur
Almofariz e Pistilo
Chapa

Metodologia
a) Separar aproximadamente 10 g (20 mL opcionalmente) da matéria vegetal que será
utilizada na obtenção do extrato vegetal (beterraba, repolho roxo, feijão preto, etc.)
b) Medir 25 ml de água destilada, com a proveta.
c) Colocar a matéria vegetal e uma pequena alíquota da água medida anteriormente
(aproximadamente 10 ml) no almofariz.
d) Em seguida triturar o material com o auxílio do pistilo. Adicionar a quantidade restante
de água ao sistema. Esperar por aproximadamente 10 minutos. Obs: Para o feijão preto, a
mostra deve ser aquecida em um béquer, na chapa aquecedora, a fim de facilitar a obtenção
do seu extrato.

e) Filtrar o extrato, usando funil e papel de filtro, recolhendo o filtrado em um béquer.


f) Tomar 03 tubos de ensaio e adicionar 2,0 mL de HCl 0,1 mol.L-1 ao primeiro tubo
(meio ácido), 2,0 mL de água destilada ao segundo tubo (meio aproximadamente neutro) e
2,0 mL de NaOH 0,1 mol.L-1 ao terceiro tubo (meio básico). Identifique cada tubo usando
um pincel marcador para vidro.
g) Adicionar 6 gotas do extrato vegetal filtrado (indicador natural) em cada tubo de ensaio.

h) Observe as mudanças ocorridas nos tubos com a adição do indicador. Anote os


resultados. Confira com os outros grupos os resultados obtidos com os outros vegetais,
anote.

48
Pós Laboratório

a) Explique como funciona um indicador ácido-base.


b) Você conhece outros vegetais que poderiam apresentar concentrações elevadas de
antocianinas? Pesquise.
c) Faça uma tabela contendo o tipo de extrato vegetal utilizado (por todos os grupos!) e as
colorações do extrato em meio ácido, próximo do neutro e básico?

d) Faça uma pesquisa (01 folha) sobre a utilização de corantes vegetais como indicadores
de pH (não esqueça de indicar a fonte consultada).

Referências Bibliográfica

RAMOS, Luiz Antônio; LUPETTI, Karina Omuro; CAVALHEIRO, Éder T. Gomes;


FATIBELLO-FILHO, Orlando. Utilização do Extrato Bruto de Frutos de Solanum nigrum
L No Ensino de Química. Eclética Química. Vol. 25. 2000.

GAMA, Michelle da Silva e AFONSO, Júlio Carlos. De Svante Arrhenius ao Peagâmetro


Digital: 100 anos de Medida de Acidez. Química Nova. Vol. 30, N° 1. 2007.

49
Unidade II

CAPÍTULO VII - Conservação da Massa

Objetivos

Verificar a Lei da conservação da massa através da determinação da massa total


antes e depois de ocorrerem às seguintes reações:

Reação 1: Na2CO3 + CaCl2 → 2NaCl + CaCO3↓

Reação 2: 2NaCl + CaCO3 + H2SO4 → 2NaCl + CaSO4 + H2CO3

Introdução

Em 1774 Antoine Lavoisier enunciou a lei da conservação da massa, também


conhecida como lei de Lavoisier, onde afirmava, baseado em resultados de uma série de
experimentos, que mesmo com uma reação química não era possível criar massa, o que
ocorria era apenas a modificação dos compostos, conservando-se, desde que em um
sistema fechado, todos os átomos presentes antes das reações, apesar de os produtos se
apresentarem com configurações químicas e estado físico distintos dos reagentes.

Antoine-Laurent de Lavoisier nasceu em Paris, em 26 de agosto de


1743 e morreu em Paris, em 8 de maio de 1794. Era químico, e foi
considerado o criador da química moderna. Foi o primeiro cientista a
enunciar o princípio da conservação da matéria. Além disso,
identificou e batizou o oxigênio e participou na reforma da
nomenclatura química. Célebre pela sua frase "Na Natureza nada se
perde, nada se cria, tudo se transforma."

50
Por volta de 1905, Albert Einstein publicou a teoria da relatividade, revolucionando
os conhecimentos da época. Segundo a teoria, um objeto que se movimente com
velocidade próxima à velocidade da luz sofre efeitos como o aumento da sua massa entre
outros.
Juntamente com a equação da equivalência entre a massa e a energia, E=m·c2,
testes comprovaram a veracidade da teoria da relatividade mediante o estudo das reações
nucleares, onde ocorre a liberação de imensas quantidades de energia, resultantes da perda
de massa do sistema.
Apesar de ocorrer liberação de energia durante as reações químicas comuns, as
quantidades são demasiadamente inferiores às liberadas durante as reações nucleares, e,
portanto, não é mensurável a conversão de massa em energia nestas reações, verificando-se
assim a lei da conservação da massa em sistemas reacionais não nucleares.

Metodologia
Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
 Balança analítica  Carbonato de sódio 0,1 M
 Frascos pequenos  Cloreto de cálcio ,1 M
 Beckeres  Ácido sulfúrico 0,1 M
 Pipetas de 5 e 10 mL
 Pipetadores

Procedimento experimental

a) Pipetar 5 ml de solução de Na2CO3 (0,1 M) e colocar em um frasco. Fechar o


frasco;
b) Pipetar 5 ml de solução de CaCl2 (0,1 M) e colocar em um frasco. Fechar o
frasco;
c) Pipetar 10 ml de solução de H2SO4 (0,1 M) e colocar em um frasco. Fechar o
frasco;
d) Pesar os três frascos juntos. Anotar a massa do conjunto;
e) Fora da balança, adicionar a solução de CaCl2 (0,1 M) na solução de Na2CO3
(0,1 M) e tampar ambos os frascos. Agitar levemente o frasco que contém as
duas soluções e verificar o que ocorre;
51
f) Pesar novamente o conjunto de frascos e anotar a massa;
g) Novamente fora da balança, adicionar a solução de H2SO4 (0,1 M) no frasco
que contém a solução. Tampar o frasco rapidamente e agitar. Observar o que
ocorre.
h) Pesar mais uma vez o conjunto e anotar a massa.

Tabela 5.1. Dados experimentais.


Objeto Massa

Referências

ATKINS, Peter e JONES, Loretta. Princípios de Química: Questionando a vida


moderna e o meio ambiente. 1a. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química – A Ciência Central. 9ª ed.;
Pearson; São Paulo; 2006.
RUSSELL, John B., Química geral, 2ª. Ed, vol 1,São Paulo, Ed Pearson Makron
Books,1994.

Pré-Laboratório
1. O que diz a lei da conservação da massa, conhecida também por lei de Lavoisier?
2. Calcule o número de mols de cada solução utilizada nesse experimento.
3. Verificar se há reagente em excesso nas proporções em que foram utilizadas.
4. Considere a reação 2Na3PO4 + 3Ba(NO3)2 → Ba3(PO4)2 + 6NaNO3. Suponha que
uma solução contendo 3,5 g de Na3PO4 é misturada com uma solução contendo 6,4
g de Ba(NO3)2. Quantos gramas de fosfato de bário podem ser formados?

Pós-Laboratório
1. Com base nos dados obtidos, como é possível interpretar a Lei da Conservação da
Massa?

52
2. Qual a origem da turvação observada na primeira reação?
3. Calcule a média e o desvio padrão da massa do conjunto. Estime o erro
experimental. Comente o resultado.

53
CAPÍTULO VIII - Soluções

Objetivos

Inteirar o aluno com os cálculos e preparo de soluções.

Introdução

Soluções são misturas homogêneas de duas ou mais substâncias.


Nas soluções, o disperso recebe o nome de soluto, e o dispersante é denominado
solvente. Assim, por exemplo, quando dissolvemos açúcar em água, o açúcar é o soluto e a
água, o solvente.
Em geral as substâncias inorgânicas são polares, enquanto as orgânicas são
apolares. Uma substância polar tende a dissolver num solvente polar. Uma substância
apolar tende a se dissolver num solvente apolar.

Principais tipos de concentrações


Concentração comum: indica a massa de soluto presente em cada litro de solução.

Título: é a relação entre a massa do soluto e a massa da solução.

Molaridade: é a quantidade de mols de soluto presente em cada litro de solução.

Fração molar: é a relação entre o número de mols do soluto (ou de solvente) e o número
de mols da solução.

54
Molalidade: é a relação entre o número de mols do soluto, e a massa do solvente (em
Kg).

Metodologia

Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
 Balão volumétrico de 50 mL  Acido clorídrico (HCl), =1,19g/mL,
τ=37,5%
 Balão volumétrico de 100  Hidróxido de sódio (NaOH)
mL
 Bastão de vidro
 Becker de 100 mL
 Espátula
 Funil simples
 Pipetas
 Pissetas

Procedimento experimental

Preparo da solução de HCl 0,5 mol/L.

a) Em uma capela, meça numa proveta, 10,4 mL de HCl concentrado;


b) Coloque cerca de 100 mL de água destilada em um balão volumétrico de 250 mL e
transfira o volume de ácido medido para este balão;
c) Espere o balão esfriar até a temperatura ambiente e complete, até o menisco, com
água destilada;
d) Faça uma homogeneização por inversão;

55
e) Transfira a solução preparada para um frasco de vidro e rotule com os dados da
solução e o número de sua turma;

Preparo da solução de HCl 0,1 mol/L.

f) Meça 10 mL da solução de HCl, 0,5 mol/L, preparada anteriormente, e transfira


para um balão de 50 mL;
g) Complete com água destilada até o menisco, seguindo o procedimento de preparo
indicado anteriormente.

Preparo da solução de NaOH 0,5 mol/L.

h) Pese 2,0 g de NaOH em um Becker limpo e seco;


i) Dissolva-o, no próprio Becker, com água destilada;
j) Transfira a solução para um balão de 100 mL, e siga os procedimentos de preparo
de soluções;
k) Transfira a solução para um frasco de plástico e rotule.
l) Guarde as soluções preparadas em um armário para utilização nas próximas
experiências.

Referências

ATKINS, Peter e JONES, Loretta. Princípios de Química: Questionando a vida


moderna e o meio ambiente. 1a. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 911 p.
BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química – A Ciência Central. 9ª ed.;
Pearson ; São Paulo; 2006.
MAHAN, Bruce M. e MYERS, Rollie J. Química: um curso universitário. 4a. ed. São
Paulo: Edgard Blücher, 1995. 582 p.

Pré-Laboratório
1. O que é solução?
2. Descreva o procedimento adequado pra preparar uma solução quando o soluto é um
líquido.
56
3. Descreva o procedimento adequado pra preparar uma solução quando o soluto é um
sólido.
4. Qual o procedimento para preparar uma solução diluída a partir de uma solução
concentrada de uma determinada substância?
5. Calcule o volume de HCl necessário para preparar 250 mL de solução de HCl 0,5
mol/L, partindo de uma solução de HCl a 37% em massa e  = 1,19 g/mL.
6. Calcule o volume de HCl necessário para preparar 25 mL de solução de HCl 0,1
mol/L, partindo da solução de solução de HCl 0,5 mol/L.
7. Calcule a massa de NaOH necessária para preparar 250 mL de solução NaOH 0,5
mol/L.
8. Converta HCl 0,5mol/L para concentração comum.

57
CAPÍTULO IX - Análise volumétrica

Objetivos

Familiarizar o aluno com a análise volumétrica, através da padronização da solução


preparada na prática anterior.

Introdução

A análise volumétrica consiste na medida de volumes de duas soluções que reagem


entre si. Uma delas apresenta concentração previamente conhecida, atuando como padrão
de medida; a outra contém a espécie de concentração desconhecida que se deseja analisar.

Geralmente a solução padrão é adicionada gota a gota, por meio de uma bureta, à
solução de concentração desconhecida (contida num erlenmeyer). Este tipo de operação
recebe o nome de titulação.

Bureta: Solução titulante (concentração conhecida e volume medido)

Erlenmeyer: Solução titulada (volume conhecido + indicador ácido-base)

Como não é possível visualmente perceber o ponto de equivalência, é necessário


que se utilize um indicador, no erlenmeyer, para indicar, através da mudança de cor, o
ponto final da titulação.

Indicadores, de um modo geral, são bases ou ácidos orgânicos fracos, apresentando


cores diferentes quando nas formas protonada ou não-protonada. Consequentemente, a cor
do indicador dependerá do pH.

58
Metodologia

Materiais e reagentes

Materiais/Quantidade Reagentes
 Becker de 50 mL – 02  Ácido clorídrico 0,5 mol/L
 Bureta de 25 mL – 01  Hidróxido de sódio 0,5 mol/L
 Erlenmeyer de 125 mL – 01  Fenolftaleína 1%
 Funil simples – 01
 Garra para bureta – 01
 Pipeta conta gotas – 01
 Pipeta conta gotas – 01
 Pipeta volumétrica de 5 mL – 01
 Pisseta – 01
 Proveta de 10 mL – 01
 Suporte para bureta – 01

Procedimento experimental
a) Encha a bureta com a solução de hidróxido de sódio 0,5 mol/L, utilizando um funil;
b) Abra a torneira da bureta e deixe escoar a solução até o desaparecimento de bolhas:
c) Complete o volume com a solução e zere a bureta;
d) Junte 5 mL de solução padrão de ácido clorídrico e transfira para um erlenmeyer de
125 mL;
e) Adicione duas gotas de solução de fenolftaleína;
f) Abra cuidadosamente a torneira da bureta, de modo que a solução da base seja
adicionada gota a gota ao erlenmeyer, até o aparecimento de uma coloração rósea
persistente.
g) Anote o valor de hidróxido de sódio gasto na titulação

Tabela 9.1. Dados experimentais


Volume inicial Volume Final

59
Referências

ATKINS, Peter e JONES, Loretta. Princípios de Química: Questionando a vida


moderna e o meio ambiente. 1a. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. 911 p.

MAHAN, Bruce M. e MYERS, Rollie J. Química: um curso universitário. 4a. Ed.


São Paulo: Edgard Blücher, 1995. 582 p.

JEFFERY, G. H. et al. Análise Química Quantitativa. 5a. Ed. Editora Guanabara


Koogan S/A. Rio de Janeiro, 1992.

Pré-Laboratório
1) O que é titulação e qual sua finalidade?
2) Para que serve um indicador?

Pós-Laboratório
3) Explique quando se deve suspender a adição de solução padrão em uma titulação.
4) Calcule a concentração verdadeira de HCl.

60
Unidade III

CAPÍTULO X - Calorimetria

Objetivos

Determinar a capacidade calorífica de um calorímetro, o calor específico de um


metal e o calor de neutralização de uma reação de um ácido forte com uma base forte.

Introdução

Calorimetria é a medida do calor liberado ou absorvido numa transformação. O


aparelho utilizado nessa medida é o calorímetro, sendo o mais simples deles, o
calorímetro de água.
Quando uma transformação ocorre no interior de um calorímetro de água, a água
que ele contém sofre aquecimento ou resfriamento. Medindo-se a elevação ou
abaixamento da temperatura dessa massa de água, é possível calcular a quantidade de
calor liberada ou absorvida na transformação através da expressão:
Q = m.cp.t
Onde:
Q = quantidade de calor liberado ou absorvido (J ou cal);
m = massa da substância (g);
cp = calor específico da substância a pressão constante (J/g °C ou cal/g °C);
t = variação de temperatura (°C).

61
a) Determinação da Capacidade Calorífica ou Equivalente em Água do
Calorímetro (C)

Esta determinação é necessária porque o calorímetro troca calor com o sistema


que está sendo investigado no seu interior. Este processo é denominado de calibração.
A calibração é feita pela mistura, no interior do calorímetro, de quantidades
conhecidas de água fria e quente.
A capacidade calorífica (C) é definida (de modo simplificado) como sendo a
quantidade de energia absorvida por um corpo para que sua temperatura aumente em
1°C.
Geralmente, a capacidade calorífica de um calorímetro é determinada
colocando-se uma certa quantidade de água (mágua fria) a uma determinada temperatura
(tágua fria) em seu interior e mistura-se uma outra quantidade de água (mágua quente) a uma
outra temperatura (tágua quente). Mede-se a temperatura final (tequilíbrio), e calcula-se C a
partir da relação entre calor recebido (Qrecebido) e calor cedido (Qcedido).
Qcedido + Qrecebido = 0
Qcedido (água quente) + Qrecebido pelo calorímetro + Qrecebido (água fria) = 0
mágua quente.cágua quente.(tequilíbrio–tágua quente)+mcalorímetro.ccalorímetro.(tequilíbrio–tágua fria)+mágua fria.cágua
fria.(tequilíbrio–tágua fria) =0

Para o mesmo calorímetro → mcalorímetro.ccalorímetro = C


Assim,

A Figura 10.1 mostra um calorímetro de mistura e os acessórios utilizados no


experimento.

62
Figura 10.1. Calorímetro de mistura e os acessórios utilizados no experimento.

b) Determinação do Calor Especifico de um Metal

Para determinar o calor específico de um metal utilizando o método das


misturas, ou seja, aquece-se o metal a uma temperatura maior que a do ambiente e em
seguida ele é imerso na água contida no calorímetro que está à temperatura ambiente.
O metal vai ceder calor para água e para o calorímetro, até atingir a temperatura
de equilíbrio térmico. Aplicando o princípio da conservação de energia, como no item
anterior, temos:
Qcedido + Qrecebido = 0
Qcedido metal + Qrecebido pelo calorímetro + Qrecebido (água fria) = 0
mmetal.cmetal.(tequilíbrio–tmetal)+mcalorímetro.ccalorímetro.(tequilíbrio–tágua)+mágua.cágua.(tequilíbrio–tágua) = 0
mmetal.cmetal.(tequilíbrio–tmetal)+C.(tequilíbrio–tágua)+mágua.cágua.(tequilíbrio–tágua) = 0

O calor específico de alguns metais está representado na Tabela 10.1.

63
Tabela 10.1. Calor específico de alguns metais.

Metal c (cal/g °C)


Cobre 0,093
Latão 0,094
Ferro 0,119
Alumínio 0,219

c) Determinação da H de neutralização de um ácido forte (ácido clorídrico)


por uma base forte (hidróxido de sódio).

A variação de calor que ocorre em uma reação química entre produtos e


reagentes, a pressão constante, é chamada de entalpia de reação (H).
A entalpia de uma reação entre um ácido (AH) e uma base (BOH) é denominada
calor de neutralização. Em solução aquosa os ácidos e bases fortes encontram-se
completamente dissociados e o calor de neutralização é igual ao calor de dissociação da
água (com sinal contrário), visto que:

ou resumidamente:

O procedimento descrito no item 2.1 se aplica para a determinação do calor de


neutralização e uma vez conhecida a capacidade calorífica do calorímetro, pode-se
determinar o calor de neutralização, usando-se as relações:

Qcedido + Qrecebido = 0

64
Qcedido reação + Qrecebido pelo calorímetro + Qrecebido pela reação = 0
Qcedido reação + mcalorímetro.ccalorímetro.(tequilíbrio-to) + msolução.csolução.(tequilíbrio-to) =
0
Qcedido reação = -( msolução.csolução + C).( tequilíbrio-to)
H = Q cedido reação (J ou cal)
H / mol = H /n (J/mol ou cal/mol)

Onde: msolução = msolução HCl + msolução NaOH


mcalorímetro.ccalorímetro = C
n = número de moles de água formada
to = (tácido + tbase)/2

d) Avaliação do erro.

A validade das equações descritas nos itens anteriores pode ser afetada por
vários fatores tais como:
a) Falta de homogeneidade da temperatura no meio constituído por água e material,
devido à lentidão da troca de calor da água para o material, etc.;
b) Mau isolamento e perda de calor para o exterior.
A homogeneidade pode ser melhorada de diversas formas: (i) decréscimo do
tamanho do material, sobretudo para materiais com baixa condutividade térmica, (ii)
agitação, (iii) aumento do intervalo de tempo até à leitura da temperatura. O tempo de
homogeneização não deverá exceder 1 a 2 minutos quando os materiais são metais,
cerâmicas, rochas ou vidros granulados.
A agitação e o tempo também agravam a perda de calor para o exterior,
provocando decréscimo da temperatura e dando origem a valores de calor específico
sobreestimados. Essa perda de calor poderá ser atenuada com a utilização de recipientes
térmicos ou melhoramento do isolamento.

65
Procedimento Experimental

Materiais e reagentes

Materiais Reagentes
 Calorímetro de alumínio – 01  Água destilada
 Calorímetro de vidro – 01  Solução de HCl 0,5 mol/L
 Termômetro – 02  Solução de NaOH 0,5 mol/L
 Chapa aquecedora e agitador – 02
 Barra magnética – 01
 Espátula – 01
 Becker 250 mL – 02
 Amostra de metal – 01
 Piceta – 01
 Proveta 100 mL – 03

Metodologia

a. Determinação da capacidade calorífica do calorímetro

a) Utilizando uma proveta, medir 100 mL de água;


b) Coloque a água no calorímetro de alumínio à temperatura ambiente e agite a
água até a temperatura permanecer constante, isto é, atingir o equilíbrio térmico. Meça e
anote o valor desta temperatura inicial da água (tágua fria) e da massa de água (mágua fria);
c) Utilizando novamente a proveta, medir 100 mL de água (mágua quente) e aqueça em
um becker até cerca de 50°C (tágua quente);
d) Adicione rapidamente a água aquecida à água dentro do calorímetro, tampe-o.
Resfrie o termômetro em água corrente, antes de introduzi-lo no calorímetro. Agite a
água até a temperatura permanecer constante, isto é, até atingir o equilíbrio térmico.
Anote o valor da temperatura final (tequilíbrio).

66
Vágua fria = 100 mL → mágua fria =

Vágua quente = 100 mL → mágua quente =

tágua fria =

tágua quente =

tequilíbrio =

Dados:
1cal = 4,18J
Calor específico da água = 1cal/g °C

O Quadro 10.1 exibe a densidade da água, em g/mL, em diferentes temperaturas.

Quadro 10.1. Densidade da água em diferentes temperaturas.

Densidade (g/mL)

T
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
(°C)
0 0,9999 0,9999 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 1,0000 0,9999 0,9999 0,9998
10 0,9997 0,9996 0,9995 0,9994 0,9993 0,9991 0,9990 0,9988 0,9986 0.9984
20 0,9982 0,9980 0,9978 0,9976 0,9973 0,9971 0,9968 0,9965 0,9963 0,9960
30 0,9957 0,9954 0,9951 0,9947 0,9944 0,9941 0,9937 0,9934 0,9930 0,9926
40 0,9922 0,9919 0,9915 0,9911 0,9907 0,9902 0,9898 0,9894 0,9890 0,9885
50 0,9881 0,9876 0,9872 0,9867 0,9862 0,9857 0,9852 0,9848 0,9842 0,9838
60 0,9832 0,9827 0,9822 0,9817 0,9811 0,9806 0,9800 0,9765 0,9789 0,9784
70 0,9778 0,9772 0,9767 0,9761 0,9755 0,9749 0,9743 0,9737 0,9731 0,9724
80 0,9718 0,9712 0,9706 0,9699 0,9693 0,9686 0,9680 0,9673 0,9667 0,9660
90 0,9653 0,9647 0,9640 0,9633 0,9626 0,9619 0,9612 0,9605 0,9598 0,9591

67
b. Determinação do calor especifico de um metal

a) Coloque 100 mL de água (medidos com a proveta) no calorímetro de alumínio e


meça a temperatura da água (tágua). Meça e anote o valor desta temperatura inicial da
água (tágua) e da massa de água (mágua);
b) Determine a massa do metal (mmetal) em uma balança;
c) Coloque a peça de metal, presa por um fio, em um béquer com água
(aproximadamente 100 mL) e aqueça o conjunto até atingir a temperatura de ebulição.
Meça e anote esta temperatura que será a temperatura inicial da peça de metal (tmetal);
d) Rapidamente retire a peça da água em ebulição e coloque-a no calorímetro e
tampe o calorímetro;
e) Resfrie o termômetro em água corrente antes de introduzi-lo no calorímetro;
f) Agite a água do calorímetro, até a temperatura ficar constante, ou seja, atingir o
equilíbrio térmico. Meça e anote esta temperatura (tequilíbrio)

Vágua = 100 mL → mágua =

mmetal =

tágua =

tmetal =

tequilíbrio =

c. Determinação do calor de neutralização

a) Meça 80 mL de solução de hidróxido de sódio 0,5 mol/L na proveta e transfira


para o calorímetro de vidro. Meça e anote a temperatura (tbase);
b) Coloque 80 mL de solução de ácido clorídrico 0,5 mol/L na proveta. Meça e
anote a temperatura (tácido);
c) Misture as duas soluções no calorímetro e verifique a temperatura, anotando o
maior valor observado (tequilíbrio).

68
VNaOH = 80 mL → mNaOH =

VHCl= 80 mL → mHCl =

tNaOH =

tHCl =

tequilíbrio =
Dados:

C = 36 cal/°C
dNaOH (0,5 mol/L) = 1,0190 g/mL
dHCl (0,5 mol/L) = 1,0090 g/mL
csolução ≈ cágua = 1cal/g °C

Referências

BUENO, W.; Manual de laboratório de físico-química; McGraw-Hill; /São Paulo;


1980.
MASTERTON, W. L.; SLOWINSKI, E. J.; STANITSKI, C. L. Princípios de
Química; 6ª ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1990.

Pré-Laboratório
1. Defina: calor, trabalho, sistema, vizinhança, energia interna e entalpia.
2. Em que se baseia a primeira lei da termodinâmica? Enuncie e cite um exemplo.
3. Comparando o calor específico do metal com o da água, o metal se aquece ou se
resfria mais ou menos rapidamente que a água? Por quê?
4. Suponha que se tenham duas peças metálicas, uma de ferro e a outra de
alumínio, de mesma massa, em água em ebulição. Ambas são colocadas em recipientes
iguais com água a 25°C. Em qual caso a temperatura final da água será mais elevada?
Justifique.

69
Pós-Laboratório
5. Calcule a capacidade calorífica do calorímetro de alumínio.
6. Calcule o calor específico do metal utilizado e compare com o valor da Tabela
do item 2.2. Qual o desvio percentual do valor experimental obtido com o de referência?
Explique as possíveis causas deste desvio.
7. Calcule o calor molar de neutralização da reação ocorrida no item 3.3. Compare
com o valor teórico e comente os possíveis erros.

70
CAPÍTULO XI - Fatores que influenciam a velocidade de uma reação
química

Objetivos

Observar fatores que determinam e influenciam a velocidade das reações


químicas, tais como: temperatura, concentração, catalisadores e natureza dos reagentes.

Introdução

A termodinâmica nos informa a direção e a extensão de uma mudança química,


porém não indica como, nem a que velocidade, a reação se processa.

A velocidade de uma reação deve ser entendida como a mudança da


concentração de um reagente ou produto dividida pelo intervalo de tempo no qual a
mudança ocorre. Muitos fatores influem na velocidade de uma determinada reação,
entre eles: a temperatura dos reagentes, a concentração, a presença de catalisadores e a
extensão da superfície de contato entre os reagentes.

 Temperatura: A velocidade das reações químicas aumenta rapidamente


com a elevação da temperatura. Com o aumento da temperatura, aumenta-se a
energia cinética e, conseqüentemente, o número de colisões entre as partículas.

 Concentração: A velocidade de uma reação, geralmente, depende da


concentração dos reagentes, pois quanto maior a quantidade de soluto por volume
da solução, maior o número de colisões entre as partículas.

 Catalisador: É uma substância que aumenta a velocidade de uma reação


sem ser consumida. Depois que cessa a reação, ela pode ser recuperada da mistura
reacional quimicamente inalterada. Sua presença é indicada escrevendo-se seu
nome ou fórmula sobre a seta.

 Superfície de Contato: Quanto menor forem às dimensões das partículas


dos materiais reagentes, maior será a área superficial total exposta, o que permite
um melhor contato, resultando em reações mais rápidas.

71
Metodologia

Materiais e reagentes

Material - Quantidade Reagentes


Becker de 250 mL – 01 Solução de ácido oxálico (H2C2O4 . 2H2O) 0,25 mol/L
Becker de 80 mL - 02 Solução de ácido sulfúrico (H2SO4) 3 mol/L
Solução de permanganato de potássio (KMnO4) 0,01
Erlenmeyer 50 mL - 04
mol/L
Pipeta conta-gotas (O 1) Solução de sulfato de manganês (MnSO4) 1,0 mol/L
Pipeta de 5 mL - 02 Comprimido de Sonrisal®
Pisseta - 01
Suporte universal – 02
Almofariz – 01

Procedimento experimental
1) Prepare quatro erlenmeyers e rotule-os em A, B, C e D.

1.a) No erlenmeyer A, pipete 5mL de solução de ácido oxálico e 1mL de solução


de ácido sulfúrico. Prepare um relógio para marcar o tempo (deve marcar segundo).
Acrescente à mistura do erlenmeyer, 4mL de solução de permanganato de potássio.
Anote o tempo que a solução leva para descolorir totalmente.

1.b) Coloque no erlenmeyer B, 5 mL de solução de ácido oxálico e 1 mL de


solução de ácido sulfúrico. Acrescente 10 mL de água destilada e adicione à mistura
resultante, 4 mL de solução de permanganato de potássio, controlando o tempo gasto
para a solução se descolorir por completo. Compare com o tempo gasto no erlenmeyer
A e anote este resultado.

1.c) Coloque no erlenmeyer C, 5 mL de solução de ácido oxálico e 1 mL de


solução de ácido sulfúrico. Em seguida, coloque 5 gotas de solução de sulfato de
manganês. Adicione 4mL de solução de permanganato de potássio e anote o tempo que
a solução leva para descolorir. Compare este resultado com aquele do erlenmeyer A.

1.d) Coloque no erlenmeyer D, 5 mL de solução de ácido oxálico e 1 mL de


solução de ácido sulfúrico. Coloque o erlenmeyer em banho-maria a 60°C durante 5
minutos, agitando-o eventualmente. Adicione ao erlenmeyer, ainda em banho-maria, 4

72
mL de solução de permanganato de potássio e anote o tempo que a solução leva para
descolorir. Compare este resultado com aquele observado no experimento do
erlenmeyer A.

OBSERVAÇÃO: para os quatro itens realizados acima a reação é a seguinte:

5H2C2O4 + 3H2SO4 + 2KMnO4 K2SO4 + 2MnSO4 + 8H2O + 10CO2


O permanganato de potássio (KMnO4 →Mn7+) é um agente oxidante forte de cor
violeta intenso. Em soluções fortemente ácidas, ele é reduzido a Mn2+, que é incolor.

2) Prepare dois Beckers e rotule-os em A e B. Em cada um coloque água até a


marca de 40 mL. Adicionar simultaneamente nos béqueres, ½ comprimido de Sonrisal®
sem triturar, no becker A e ao becker B, ½ comprimido de Sonrisal® triturado. Anote o
tempo de reação de cada becker (A e B).

OBSERVAÇÃO: O Sonrisal®, um antiácido muito usado, emprega o


bicarbonato de sódio como princípio ativo. Ao colocarmos um comprimido de
Sonrisal® na água ele se dissolve devido à reação dos íons bicarbonato em meio ácido,
liberando CO2.

HCO3- + H2O ↔ H2CO3 + OH -

H2CO3 ↔ H2O + CO2↑

A Tabela 11.1 mostra a composição do Sonrisal®.

Tabela 11.1. Composição do Sonrisal®.

Composição Fórmula molecular Quantidade (mg)

Ácido Acetilsalicílico C9H8O4 325


Carbonato de Sódio Na2CO3 400
Bicarbonato de Sódio NaHCO3 1854
Ácido cítrico C6H8O7 1413

73
Referências

AZEVEDO, F. G.; DAMASCENO, G. M. G.; MELO, J. B. C.; OLIVEIRA, M. D.;


CABRAL, M. S. M.; MELO, M. V. M. C. Apostila de Química Experimental. Natal:
UFRN, 1999. 66 p.
BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E.; Química – A Ciência Central. 9ª ed.;
Pearson ; São Paulo; 2006.
BRADY, J. E.; HUMISTON, G. E.; Química Geral. 2ª ed.; Livros Técnicos e
Científicos Editora S.A.; Rio de Janeiro; 1992.
MAHAN, B. M.; MYERS, R. J.; Química - um curso universitário; Editora Edgard
Blücher L TDA.; São Paulo.; 1993.

Represente, na Tabela 11.2, o item estudado e o tempo de reação gasto para cada
procedimento, assim como o fator estudado.

Tabela 11.2. Dados experimentais.

Item Tempo de reação Fator estudado

1.a
1.b
1.c
1.d
2 – Becker A
2 – Becker B

Anotações:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

74
Pré-Laboratório

1. Defina velocidade de reação.


2. Explique, a nível molecular, o efeito da diluição sobre a velocidade das reações
químicas.
3. Explique a influência da natureza dos reagentes, da temperatura e do catalisador
na velocidade das reações químicas.
4. O que é um catalisador?
5. Dê exemplo de um processo em que se almeje a aceleração do mesmo.
6. Dê exemplo de um processo em que se almeje o retardo do mesmo.

Pós-Laboratório

1. No experimento qual fator influenciou mais na velocidade daquela reação?


2. Calcule a média e o desvio padrão dos dados obtidos por todos os grupos.
3. Calcule o erro.
4. Como poderíamos reduzir os erros?

75
CAPÍTULO XII - Equilíbrio Químico

Objetivos

Reconhecer as características de um sistema em equilíbrio químico,


compreender o conceito de constante de equilíbrio, aplicar o princípio de Le Chatelier
na previsão do comportamento de um equilíbrio químico, quando este está sujeito a uma
perturbação externa e entender como fatores, tais como, concentração, temperatura e
pressão afetam o equilíbrio químico.

Introdução

Quando um sistema reacional fechado atinge um estado de invariabilidade na


sua composição em função do tempo, dizemos que o sistema atingiu um estado de
equilíbrio químico.

Um estado de equilíbrio tende a ocorrer sempre que dois processos antagônicos


ocorrem simultaneamente e na mesma velocidade.

Quando o estado de equilíbrio químico é atingido cada substância é consumida


por uma reação na mesma velocidade em que é produzida por uma reação oposta, como
conseqüência, a concentração de cada substância permanece constante no sistema.

Quando o sistema atinge o equilíbrio a velocidade da reação direta (v1) se iguala


à velocidade da reação inversa (v2); a partir deste instante, as concentrações das espécies
não variarão mais, a menos que alguma perturbação externa seja exercida sobre o
sistema.

Quando um sistema reacional atinge o equilíbrio químico é importante notar que


as reações não param, ao contrário estas continuam a ocorrer simultaneamente, porém,
na mesma velocidade, dizemos assim que o equilíbrio químico é um equilíbrio
dinâmico.

76
A Constante de equilíbrio

Quando trabalhamos com um sistema reacional podemos definir a qualquer


instante um quociente de reação, Q, que indica o quanto a reação caminhou até aquele
instante em direção à formação dos produtos de reação.

Consideremos uma reação reversível genérica do tipo:

aA + bB cC + dD

O quociente de reação é calculado para cada instante, t, em função das


concentrações de todas as espécies que participam da reação e que estão presentes no
sistema reacional naquele instante:

[C ]c [ D ]d
Q
[ A]a [ B ]b
Quando o sistema reacional atinge o equilíbrio as concentrações das espécies
tornam-se constantes e, por conseguinte, o valor de Q também se torna constante,
recebendo o nome de constante de equilíbrio (Keq) . Assim, no equilíbrio temos:

[C ]ceq[ D]eq
d

K eq  a
[ A]eq [ B]beq

O valor da constante de equilíbrio é característico para cada reação considerada,


sendo função apenas da temperatura.

O princípio de Le Chatelier

Quando um sistema reacional atinge o equilíbrio, a concentração das espécies


tende a permanecer constante indefinidamente, a menos que o sistema sofra uma
perturbação externa (adição ou remoção de um constituinte, variações de temperatura ou
pressão).

A forma como os sistemas em equilíbrio se comportam frente a uma perturbação


externa foi elucidada pelo químico francês Henri Le Chatelier (1850 – 1936), no
chamado princípio de Le Chatelier.

77
A proposição do princípio de Le Chatelier é bastante simples: “Quando uma

perturbação externa é exercida sobre um sistema em equilíbrio químico, o


equilíbrio tende a se ajustar de forma a se contrapor à esta perturbação”.

O princípio de Le Chatelier é uma regra que permite prever, qualitativamente, o


comportamento de um sistema em equilíbrio quando este sofre alguma perturbação.

Efeito da adição ou remoção de um constituinte

Quando adicionamos um constituinte ao sistema reacional em equilíbrio, o


equilíbrio se deslocará no sentido de consumir parte do constituinte adicionado. Por
outro lado, quando um constituinte é removido do sistema reacional em equilíbrio, este
se deslocará no sentido de repor parte do constituinte retirado.

Efeito das variações de temperatura

Em uma reação química reversível, caso a reação direta seja exotérmica, a


reação inversa será endotérmica, de acordo com a lei de Hess. Quando um sistema
reacional em equilíbrio é aquecido, este se deslocará no sentido de absorver o calor que
está sendo fornecido ao sistema, favorecendo a reação endotérmica. Ao contrário,
quando um sistema em equilíbrio é resfriado se favorece a reação exotérmica, pois o
sistema se desloca no intuito de gerar o calor que está sendo perdido.

A temperatura é o único parâmetro operacional que altera diretamente o valor da


constante de equilíbrio.

A Figura 12.1 mostra nos três casos possíveis, a variação da constante de


equilíbrio com a temperatura.

78
Keq I

II

III

Temperatura

Figura 12.1. Variação da constante de equilíbrio em função da temperatura para


reações (diretas): I – endotérmicas (∆H > 0), II – atérmicas (∆H = 0) e III – exotérmicas
(∆H < 0).

Efeito das variações de pressão

A variação da pressão só afetará equilíbrios onde exista uma variação na


quantidade total de matéria gasosa entre reagentes e produtos. Sistemas reacionais que
não envolvem constituintes gasosos, não serão afetados pela pressão. Também, só
ocorrerá efeito da variação da pressão sobre o equilíbrio, caso esta seja acompanhada de
variações de volume.

Quando aumentamos a pressão deslocamos o equilíbrio no sentido da formação


de um menor número de moles gasosos. Uma diminuição da pressão deslocará o
equilíbrio no sentido da formação de um maior número de moles gasosos.

Metodologia

Materiais e reagentes
Materiais Reagentes
 Banho de gelo  Fenolftaleína 1%
 Banho-maria  Cloreto de cobalto II
 Bomba à vacuo  Álcool a 95%
 Kitassato  Sonrisal®

79
 Pinça de madeira  Cromato de potássio 0,2 mol/L
 Pipetas de Pasteur  Sulfato de alumínio 0,2 mol/L
 Tubos de ensaio  Acido clorídrico 1 mol/L
 Hidróxido de sódio 1 mol/L

Procedimento experimental

1.1 Conversão dos íons cromato em íons dicromato:

Os íons cromato, CrO42-, de coloração amarelo claro, são convertidos em íons


dicromato, Cr2O72-, de coloração alaranjada, segundo a reação:

2
7 H
2
4 2
2CrO H Cr
2O 2O

a) Em um tubo de ensaio adicione 1 mL (~ 20 gotas) de cromato de potássio 0,2


mol/L (solução amarela) e 1 mL de ácido clorídrico 1,0 mol/L. Observe o ocorrido, e
anote em seguida.

b) No mesmo tubo de ensaio adicione 1 mL de hidróxido de sódio 1,0 mol/L.


Observe o ocorrido, e anote em seguida.

1.2 Reação do íon alumínio (Al3+) com íons hidróxido:

Os íons alumínio reagem com os íons hidróxido, OH-, formando inicialmente um


precipitado branco de hidróxido de alumínio, Al(OH)3. A adição de um excesso de íons
hidróxido provocará, no entanto, a dissolução do precipitado de hidróxido de alumínio,
devido à formação de íons complexos tetrahidroxialuminato (solução incolor). As
reações envolvidas são:
3 
I) Al 3OH )3 
Al(OH

(precipitação do hidróxido de alumínio)

II) Al
(OH  
)3OH )4]
[Al(OH

(formação do complexo tetrahidroxialuminato)

80
a) Adicione cerca de 1 mL de solução de sulfato de alumínio 0,2 mol/L em um
tubo de ensaio, em seguida adicione hidróxido de sódio 1,0 mol/L gota a gota, agitando
sempre o tubo (observe a formação do precipitado). Continue adicionando hidróxido de
sódio até a completa dissolução do precipitado.

b) No mesmo tubo de ensaio adicione, gota a gota, ácido clorídrico 1,0 mol/L,
para obter novamente o precipitado branco, continue adicionando ácido clorídrico até
observar o desaparecimento do precipitado.

1.3 Reação de neutralização na presença de indicador

A fenolftaleína é um indicador ácido-base e, como tal, muda de coloração de


acordo com o pH do meio onde se encontra. Todo indicador ácido base é um ácido
fraco ou uma base fraca cuja coloração da forma ionizada é diferente da coloração da
forma não ionizada:
OH-

HIn H+ + In-
H+

(forma não ionizada) (forma ionizada)

(Fenolftaleína Incolor) (Fenolftaleína Rosa)

a) Em um tubo de ensaio adicione 1 mL de água destilada e 1 mL de hidróxido


de sódio. 1 mol/L. Agite.

b) No mesmo tubo de ensaio adicione 1 gota de fenolftaleína. Observe o


ocorrido.

c) Sempre no mesmo tubo de ensaio adicione, gota-a-gota, ácido clorídrico 1,0


mol/L. Observe o que ocorre.

1.4 Reação de intercâmbio de ligantes em complexos de cobalto

Um bom exemplo de reação de intercâmbio de ligantes é o caso do cloreto de


hexaaquacobalto(II), hexaédrico, de cor rosa que por aquecimento é convertido em um
complexo tetraédrico, trocando os ligantes aquo por ligantes cloro, adquirindo assim cor
azul. As reações envolvidas no processo são mostradas a seguir:

[Co(H2O)6]2+ + 4Cl- [CoCl4]2- + 6 H2O

81
(solução rosa) (solução azul)

a) Em um tubo de ensaio, adicionar cerca de 1 mL de solução 0,2 mol/L de


cloreto de cobalto II.

b) Adicionar alguns cristais de NaCl ao tubo de ensaio.

c) Aquecer o tubo de ensaio em banho-maria até ebulição. Observar as


modificações que ocorrem na solução contida no tubo de ensaio e anotar.

d) Resfriar o tubo de ensaio em banho de gelo, observar eventuais modificações


nas características da solução e anotar.

1.5 Reação ácido-base no Sonrisal®

O Sonrisal®, um anti-ácido muito usado, emprega o bicarbonato de sódio como


princípio ativo. Ao colocarmos um comprimido de Sonrisal® na água ele se dissolve
devido à reação dos íons bicarbonato em meio ácido, liberando CO2. A reação pode ser
controlada se usarmos um meio alcoólico (álcool a 95 %) no lugar de água pura.

HCO3- + H2O H2CO3 + OH-

H2CO3 H2O + CO2 ↑

a) Coloque cerca de 100 mL de álcool a 95 % em um kitassato;


b) Adicione um comprimido de Sonrisal®, tampe o kitassato com uma rolha e
conecte ao sistema de vácuo. Observe o desprendimento de bolhas de gás
em torno do comprimido.
c) Ligue o sistema de vácuo e observe a quantidade de bolhas desprendidas
pela reação.

Referências

BROWN, T. L.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E.; Química – A Ciência Central. 9ª


ed.; Pearson; São Paulo; 2006.
HARRIS, Daniel C. Análise química quantitativa. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.
862 p.
LEITE, R. H. L. Apostila de Química Analítica. UFERSA, 1ª ed., 2007.

82
Pré-laboratório
1) Escreva as expressões para as constantes de equilíbrio das reações estudadas e
explique os fatos ocorridos em cada item.
2) Explique o que diz o princípio de Le Chatelier?
3) Cite os efeitos que alteram o equilíbrio químico e explique a influência de cada
um.
4) Considere o seguinte equilíbrio:
N2O4 (g) 2NO2 (g) H = 58,0 kJ
Em qual sentido o equilíbrio se deslocará quando uma das seguintes variações for
feita ao sistema e explique por quê.
a) Adição de N2O4
b) Remoção de NO2
c) Aumento da pressão total pela adição de N2 (gás inerte) sem variação de
volume
d) Comprimir o sistema
e) Diminuição da temperatura

5) Considere a reação A+(aq) + B-(aq) AB(l) em equilíbrio a 25ºC. Sabendo que


para a reação direta A+(aq)+B-(aq)AB(l), a velocidade é v1 = 1,0x1013[A+][B-] e
que para a reação inversa AB(l)A+(aq)+B-(aq) , a velocidade é v2 = 4,0x10-7[AB].
Calcule o valor para a constante de equilíbrio.

83

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