Você está na página 1de 4

A corrente tradicional ou positivista no pensamento geográfico tem suas raízes no

século XIX, um período marcado pela ascensão do positivismo e pela expansão imperialista
europeia. Essa abordagem, influenciada pela crença na superioridade da ciência e da razão,
busca explicar fenômenos geográficos por meio de observações diretas e coleta de dados
empíricos. Os geógrafos tradicionais enfocam a objetividade, utilizando frequentemente
métodos quantitativos para analisar aspectos físicos da geografia, como características
naturais e padrões de distribuição.

Historicamente, o contexto em que emergiu essa corrente foi marcado por mudanças
políticas, sociais e econômicas significativas na Europa. A industrialização, urbanização e
colonização de terras distantes moldaram o pensamento geográfico tradicional, refletindo uma
visão de mundo muitas vezes eurocêntrica. O capitalismo consolidava-se como sistema
econômico dominante, intensificando a exploração de recursos naturais em áreas distantes.

Na esfera educacional, a corrente tradicional se manifesta em práticas pedagógicas


concentradas no professor. O ensino é percebido como uma transmissão de conhecimento
acumulado ao longo dos anos, com ênfase nos modelos e na memorização de informações
geográficas. A visão de mundo apresentada é, por vezes, eurocêntrica, destacando
exploradores e descobrimentos.

Os temas abordados incluem localização, com destaque para a descrição e


localização precisa de características naturais como montanhas, rios e cidades. A cartografia
desempenha um papel central na representação precisa do espaço geográfico, enquanto a
exploração de novas terras e recursos é um tema recorrente. O conteúdo do ensino geográfico
tradicional enfoca a descrição e catalogação de características físicas da Terra, como relevo,
climas e recursos naturais, contribuindo para uma abordagem mais factual e objetiva.

A corrente neopositivista, também conhecida como Geografia Analítica, representa


uma evolução do positivismo e se destaca por uma abordagem rigorosa, analítica e
matemática na compreensão dos fenômenos geográficos. Surgida no século XX, em um
contexto marcado por guerras mundiais, a Guerra Fria e avanços tecnológicos significativos,
essa abordagem reflete a influência das ciências exatas e tecnológicas.

Na Geografia Analítica, os geógrafos buscam desenvolver modelos e teorias


precisas, utilizando métodos quantitativos para analisar padrões e processos espaciais. A
ênfase na objetividade, modelagem e formulação precisa de teorias destaca-se como
característica fundamental dessa corrente. A análise espacial quantitativa é central, utilizando
métodos matemáticos e estatísticos para explicar padrões espaciais de fenômenos geográficos.

No contexto educacional, a Geografia Analítica influencia a geografia escolar de


diversas maneiras. O conteúdo do ensino é enriquecido com a introdução de modelos e teorias
matemáticas para explicar fenômenos geográficos complexos. A abordagem pedagógica
prioriza métodos quantitativos, estimulando a resolução de problemas e o pensamento
analítico por parte dos alunos. A visão de mundo transmitida é caracterizada pela ênfase em
abordagens científicas e objetivas para entender o espaço e os processos geográficos.

Assim, a Geografia Analítica representa uma abordagem contemporânea que busca


fundamentar a disciplina em bases mais científicas, utilizando ferramentas matemáticas e
analíticas para compreender e explicar os fenômenos geográficos. Sua influência na geografia
escolar contribui para uma formação mais analítica e quantitativa dos estudantes,
preparando-os para enfrentar os desafios complexos do mundo contemporâneo.

A abordagem histórico-crítica na geografia emerge como uma resposta às


transformações sociais intensas do século XX, marcado por movimentos sociais,
descolonização e críticas às estruturas de poder. Esta corrente combina elementos da geografia
histórica com uma análise crítica e social, buscando entender como o passado influencia o
presente e como as estruturas de poder moldam a distribuição de recursos e o uso do espaço.

No contexto histórico, a abordagem histórico-crítica se desenvolveu em um ambiente


de crescente ativismo político, movimentos de direitos civis e maior conscientização sobre
questões sociais e políticas. Economicamente, debates sobre desigualdade econômica,
desenvolvimento global e a exploração de recursos em países em desenvolvimento
influenciaram a perspectiva desses geógrafos. Culturalmente, a abordagem incorpora
perspectivas críticas e sociais, destacando a importância das interpretações e das relações de
poder.

Os geógrafos histórico-críticos possuem um interesse particular em questões de


desigualdade e justiça espacial. A análise espacial desempenha um papel crucial nessa
abordagem, mas é contextualizada em um entendimento mais amplo das relações de poder,
estruturas sociais e mudanças históricas que moldam a distribuição espacial de recursos e
desigualdades.

Na esfera educacional, a influência da abordagem histórico-crítica se reflete no


conteúdo do ensino. Os temas explorados incluem as relações de poder, desigualdades sociais,
conflitos territoriais e mudanças históricas. A abordagem pedagógica incentiva a análise
crítica, discussões sobre justiça social e a consideração das perspectivas históricas para
compreender as complexidades do espaço geográfico.

A visão de mundo e sociedade promovida por essa corrente na geografia escolar visa
a conscientização crítica sobre desigualdades e questões sociais. Ao explorar estruturas de
poder, conflitos territoriais e resistências sociais relacionados ao espaço, os estudantes são
estimulados a desenvolver uma compreensão mais profunda e contextualizada das dinâmicas
geográficas e sociais.
A abordagem humanista na geografia surge como uma resposta ao contexto
dinâmico do século XX, permeado por mudanças culturais, movimentos contraculturais e uma
crescente ênfase na subjetividade. Essa corrente se destaca por seu enfoque no sujeito, com
um ensino centrado no aluno e uma ênfase nas relações interpessoais e no crescimento
resultante dessas interações.

Histórica e socialmente, a abordagem humanista floresceu em um período de


valorização da diversidade cultural, dos direitos civis e do movimento pelos direitos das
mulheres. Economicamente, os debates sobre consumo, cultura e a relação humana com o
meio ambiente moldaram as discussões da época. A influência das ciências sociais, como
psicologia e antropologia, contribuiu para a ênfase na experiência humana e na subjetividade.

A visão de mundo promovida pela abordagem humanista valoriza as perspectivas


individuais, as experiências pessoais e as relações emocionais com o ambiente. Na análise
espacial, a geografia humanista adota uma abordagem mais flexível e subjetiva, considerando
como as pessoas percebem e vivenciam o espaço. A análise espacial é utilizada para
compreender as conexões entre a experiência humana e o ambiente.

Na geografia escolar, a abordagem humanista influencia o conteúdo do ensino,


destacando experiências humanas, percepções do espaço, culturas locais e conexões
emocionais com o ambiente. A abordagem pedagógica valoriza a subjetividade, adotando
métodos qualitativos e abordagens participativas que reconhecem a importância das
experiências pessoais dos alunos. A visão de mundo e sociedade promovida é caracterizada
pelo reconhecimento da diversidade cultural, pela valorização das perspectivas individuais e
pelo enfoque nas relações interpessoais como elementos fundamentais para a compreensão do
espaço geográfico.

Em síntese, a abordagem humanista na geografia escolar busca uma compreensão


mais profunda e contextualizada do espaço, reconhecendo a importância das experiências
individuais e das relações interpessoais na construção do conhecimento geográfico.

Você também pode gostar