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CAPÍTULO – III - GEODINÂMICA EXTERNA DA TERRA

1. ACÇÃO GEOLÓGICA DOS GLACIARES

Apesar de cobrirem actualmente cerca de 10% da superfície emersa da terra, as geleiras


constituem um elemento extremamente importante na constituição na constituição física do
planeta.

O manto de gelo que recobre actualmente a Antárctica por exemplo, representa o maior
sorvedouro de calor da terra influenciando profundamente as condições climáticas, circulação das
águas oceânicas e da atmosfera terrestre.

Para um geólogo, um bloco de gelo é uma rocha, uma massa de grãos cristalinos do mineral gelo.
Tal como a maioria das rochas, o gelo é duro mas é muito menos denso do que a maioria das
rochas.

Os glaciares são enormes massas de gelo em terra firme constituídas por neve recristalizada, que
se deslocam lentamente por acção da gravidade.

2. FORMAÇÃO DOS GLACIARES

Um glaciar forma-se quando existe abundante precipitação de neve durante a estação fria e esta
não se derrete na estação quente. Esta neve acumulada (Nevado), é gradualmente convertida em
gelo e, quando o gelo se torna suficientemente espesso, começa a fluir. São, assim necessárias
duas condições essenciais para a sua formação: temperaturas baixas e quantidades adequadas
de neve.

Para que os glaciares se formem, as temperaturas devem ser suficientemente baixas para manter
a neve durante todo o ano. Estas condições são encontradas nas altas latitudes (regiões polares
árcticos e antárcticos e sub-polares) e nas elevadas altitudes (montanhas – Alpes e Andes). Como
consequencia do movimento do gelo, podem abrir-se no glaciar, fendas transversais ou
longitudinais com até mais de 100 metros de profundidade.

3. TIPOS DE GLACIARES

Os glaciares podem ser classificados com base no tamanho e na forma em dois tipos básicos: os
glaciares de vale ou alpinos e os glaciares continentais ou inlandsis.

Glaciares de vale ou alpinos

Os glaciares de vale ou alpinos são rios de gelo que se formam nas partes mais altas das
cordilheiras montanhosas onde a neve se acumula, geralmente em vales pré-existentes (bacias de
recepção), fluindo ao longo dos mesmos. A maioria destes glaciares ocupa a largura total do vale
e pode afundar a sua base rochosa sob centenas de metros de gelo.

Em climas mais quentes, de latitudes mais baixas, os glaciares de vale podem ser encontrados
apenas nos topos dos picos das montanhas mais altas.

Nos climas mais frios, das altas latitudes, os glaciares de vale podem descer muitos quilómetros
ao longo do comprimento total do vale; em alguns locais, eles podem estender-se como largas
línguas glaciária nas terras baixas que rodeiam as frentes montanhosas.

Quando o glaciar de vale flui por cordilheiras costeiras, ele pode acabar no oceano, onde se
desprendem massas de gelo que formam os icebergues.
Glaciares continentais ou inlandsis.

Um glaciar continental é muito maior do que um glaciar de vale e é constituído por um manto de
gelo extremamente lento, daí também o seu outro nome de inlandsis.

Os maiores inlandsis actualmente são os que cobrem grande parte da Gronelândia e da


Antárctida. O gelo glaciar da Gronelândia e da Antárctida não se encontra confinado aos vales de
montanha mas cobre praticamente toda a sua superfície sólida.

Na Gronelândia, 2,8 milhões de quilómetros cúbicos de gelo cobrem cerca de 80% da área total de
4,5 milhões de quilómetros quadrados da ilha.

Maior ainda é o inlandsis antárctico onde o gelo cobre cerca de 90% da Antárctida, cobrindo uma
área de cerca de 12,5 milhões de quilómetros quadrados e atingindo profundidades médias de
3000 metros, estando o seu ponto mais elevado situado a uma cota superior a 4000 metros.

As calotas polares são massas de gelo formadas nos pólos Norte e Sul da Terra. A maior parte da
calota polar árctica formou-se nas águas oceânicas e não é, geralmente, referida como um glaciar.

Os leitos glaciares abandonados e invadidos pelo mar têm o nome de Fiorde. As rochas que
fizeram parte do leito de um glaciar podem ser reconhecidas pelas suas superficies arredondadas,
polidas e estriadas. Devido ao efeito visual que provocam, assemelhando-se a rebanhos de
ovelhas, denominam-se rochas aborregadas ou arrebanhadas.

Glaciação e Ablação

A Glaciação é um termo geral usado para designar todos os processos e resultados ligados ao
período de tempo durante o qual se verifica a cobertura ou ocupação de uma área por um lençol
de gelo ou glaciar.

A quantidade total de gelo que um glaciar perde anualmente corresponde à sua ablação.

Existem quatro mecanismos responsáveis pela ablação de um glaciar:

1. Degelo: quando um glaciar se começa a derreter perde material;

2. Desprendimento de icebergues: quebram-se peças de gelo e formam-se icebergues quando um


glaciar desce até à linha de costa;

3. Sublimação: nos climas frios, o gelo pode passar directamente do estado sólido para o estado
gasoso;

4. Erosão eólica: ventos fortes podem erodir o gelo primariamente por degelo e sublimação.

4. DEPOSIÇÃO DE MATERIAIS

Uma acumulação de material rochoso, arenoso e argiloso transportado pelo gelo ou depositado
como terreno errático é denominada de moreia.

Existem muitos tipos de moreia, cada uma nomeada de acordo com a sua posição em relação ao
glaciar que as formou e as mais proeminentes são:

1. Moreias laterais: dispõem-se nas margens do glaciar e são constituidas fundamentalmente, por
detritos de talude e material resultante da erosão da margem do leito do glaciar. São superficiais.

2. Moreias medianas: ocorrem quando há junção de dois glaciares, ocupando a zona média do
glaciar resultante. São superficiais.
3. Moreias frontais: são constituidas pelos materiais detriticos que se depositam na frente do
glaciar.

4. Moreias internas: são constituidas por materiais detriticos transportados no interior do glaciar,
material detritico esse que caiu nas fendas ou foi erodido das margens do leito.

5. Moreias de fundo: são constituidas por materiais detriticos que atingem o leito do glaciar ou
que foram erodidos do fundo do leito.

O tamanho dos detritos transportados é muito variável. Se são de grande tamanho e aparecem
muito longe do seu lugar de origem, denominam-se blocos erráticos.

Quando os glaciares recuam devido à elevação da temperatura, podem constituir-se depressoes


limitadas por moreias frontais que são preenchidas pela agua resultante da fusao do gelo,
formando lagos de barragem. Na parte terminal de uma moreia frontal pode constituir-se uma
torrente glaciária ou um rio.

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