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GOVERNO DE GOIÁS

Secretaria de Desenvolvimento Econômico


Superintendência Executiva de Ciência e Tecnologia
Gabinete de Gestão de Capacitação e Formação Tecnológica

Laboratório de Produção
Cenográfica II
2017
ETAPA III
CURSO TÉCNICO DE CENOGRÁFIA

Laboratório de Produção
Cenográfica II
Julho de 2017
4

Ficha Catalográfica
5

Governador do Estado de Goiás Equipe de Elaboração


Marconi Ferreira Perillo Júnior Organização
José Teodoro Coelho
Secretário de Desenvolvimento Econômico, Científico
e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação Supervisão Pedagógica e EaD
Francisco Gonzaga Pontes Denise Cristina de Oliveira
Maria Dorcila Alencastro Santana
Superintendente Executivo de Ciência e Tecnologia
Mauro Netto Faiad Professor Conteudista
do curso de Cenograƒia
Chefe de Gabinete de Gestão de Capacitação e Luis Guilherme Barbosa dos Santos
Formação Tecnológica
Soraia Paranhos Netto Projeto Gráfico
André Belém Parreira
Coordenação Pedagógica do Programa Nacional de Maykell Guimarães
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego José Francisco Machado
José Teodoro Coelho
Designer
Coordenação Rede e-Tec Brasil José Francisco Machado
Carmem Sandra Ribeiro do Carmo
José Teodoro Coelho Revisão da Língua Portuguesa
Cícero Manzan Corsi

Banco de Imagens
www.pixabay.com/
www.commons.wikimedia.org/
www.flickr.com/
6

Lista de Ícones

DICAS VAMOS REFLETIR VOCABULÁRIO


Este baú é a indicação de onde Este quebra-cabeças indica o O dicionário sempre nos ajuda a
você pode achar informações momento em que você pode e compreender melhor o significado
importantes na construção e deve exercitar todo seu potencial. das palavras, mas aqui resolvemos
no aprofundamento do seu Neste espaço, você encontrará dar uma forcinha para você e
conhecimento. Aproveite, destaque, reflexões e desafios que tornarão trouxemos, para dentro da apostila,
memorize e utilize essas dicas para ainda mais estimulante o seu as definições mais importantes na
facilitar os seus estudos e a sua vida. processo de aprendizagem. construção do seu conhecimento.

SAIBA MAIS VAMOS RELEMBRAR FIQUE ATENTO PESQUISE


Aqui você encontrará Esta folha do bloquinho A exclamação marca Aqui você encontrará
informações autoadesivo marca aquilo tudo aquilo a que você links e outras sugestões
interessantes que devemos lembrar deve estar atento. São para que você possa
e curiosidades. e faz uma recapitulação assuntos que causam conhecer mais sobre
Conhecimento nunca é dos assuntos mais dúvida, por isso exigem o que está sendo
demais, não é mesmo? importantes. atenção redobrada. estudado. Aproveite!

Hiperlinks de texto

MÍDIAS INTEGRADAS ATIVIDADES DE HIPERLINKS CONTEÚDO


Aqui você encontra dicas APRENDIZAGEM As palavras grifadas INTERATIVO
para enriquecer os seus Este é o momento em amarelo levam Este ícone indica
conhecimentos na área, de praticar seus você a referências funções interativas, como
por meio de vídeos, conhecimentos. externas, hiperlinks e páginas com
filmes, podcasts e outras Responda as como forma de hipertexto.
referências externas. atividades e finalize aprofundar um
seus estudos. tópico.
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Sumário
Lista de Ícones 6

Sumário 7

Apresentação 8

Introdução 9

Produção Cenográfica de Médio/Grande Porte 11

Elaboração de projeto autoral com estudo de volumetria na caixa cênica 26


Processos artísticos e técnicos de média complexidade 26

A Complexidade em Projetos Cenográficos 30

Referências 32
8

Apresentação
E mpreendedorismo, inovação, iniciativa, criatividade e habilidade para
trabalhar em equipe são alguns dos requisitos imprescindíveis para o
profissional que busca se sobressair no setor produtivo. Sendo assim, destaca-se o
profissional que busca conhecimentos teóricos, desenvolve experiências práticas
e assume comportamento ético para desempenhar bem suas funções. Nesse
contexto, os Cursos Técnicos oferecidos pela Secretaria de Desenvolvimento
de Goiás (SED), em parceria com o Governo Federal, por meio do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), visam garantir o
desenvolvimento dessas competências.
Com o propósito de suprir demandas do mercado de trabalho em qualificação
profissional, os cursos ministrados pelos Institutos Tecnológicos do Estado de
Goiás, que compõem a REDE ITEGO, abrangem os seguintes eixos tecnológicos,
nas modalidades EaD e presencial: Saúde e Estética, Desenvolvimento Educacional
e Social, Gestão e Negócios, Informação e Comunicação, Infraestrutura, Produção
Alimentícia, Produção Artística e Cultural e Design, Produção Industrial, Recursos
Naturais, Segurança, Turismo, Hospitalidade e Lazer, incluindo as ações de
Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (DIT), transferência de tecnologia e
promoção do empreendedorismo.
Espera-se que este material cumpra o papel para o qual foi concebido: o de
servir como instrumento facilitador do seu processo de aprendizagem, apoiando
e estimulando o raciocínio e o interesse pela aquisição de conhecimentos,
ferramentas essenciais para desenvolver sua capacidade de aprender a aprender.

Bom curso a todos!


SED – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tec-
nológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação
9 9

Introdução

Fonte: http://br.freepik.com

O desenvolvimento de um projeto cenográfico passa por diversas etapas, de acordo com a organização de
cada profissional ou equipe. Cada um dos componentes da equipe estará responsável pelo desenvolvimento de
uma etapa, assim, finalmente, reunidas todas as informações e produções técnicas e artísticas, se tem um projeto
cenográfico alinhado que viabiliza e otimiza processos para sua execução.
Vimos nas componentes anteriores que a adequação ou ajustes artísticos e técnicos acontecem normal e
naturalmente durante todo o processo de produção cenográfica. Diante disso, consideremos que cada mo-
mento de cada etapa é, no mínimo, um aperfeiçoamento, um aprendizado para o profissional cenógrafo.
Este aperfeiçoamento se dará durante todo o percurso correspondente a cada trabalho realizado, não
necessariamente somente dentro desse âmbito, cabendo a cada profissional estabelecer para si uma rotina
de pesquisa, que unirá uma fundamentação teórica vigorosa e prática constante, conceituais que sejam, das
suas atribuições.
Para tanto, aperfeiçoemos o nosso trabalho, buscando incessantemente a atualização dos nossos conheci-
mentos e praticando-os. Assim, definiremos os nossos caminhos na produção cenográfica, experimentando,
nos referenciando e inspirando, plenos em conhecimento teórico, artístico e técnico.
O conteúdo imagético deste caderno exemplificará para você algumas das formas de apresentação de pro-
jetos cenográficos, de acordo com algumas técnicas e materiais disponíveis para o desenvolvimento e aperfei-
çoamento das suas habilidades no fazer artístico, evidenciando a importância de um projeto que contenha uma
carga artística, porém não diminuindo jamais a importância dos programas de computador para essa atividade.
Materiais descartados são bastante adequados para processos criativos rápidos para a materialização ideias
ou estudos preliminares para conjuntos cenográficos. A justificativa estará na facilidade relativa na sua seleção
e aproveitamento, de acordo com o que já vimos e exercitamos nas disciplinas anteriores.
Dito isto, procuraremos aperfeiçoar, também, o nosso olhar na escolha desses materiais, buscando produ-
tos superiores, mas que não se desvinculem do conceito de sustentabilidade.
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Nesse caminho, buscaremos produções autorais com um grau mínimo na representação gráfica, artística e
técnica, unindo as diversas possibilidades de apresentação de uma ideia no campo da cenografia, efetivamente
buscando alcançar um aprimoramento adequado nas finalizações artísticas e técnicas de quaisquer produ-
tos que apresentemos. Haja vista você já dominar técnicas e conhecimento de materiais, bem como utilizar
suportes sólidos em fundamentação imagética e teórica, abordaremos neste caderno um viés interpretativo
com relação a imagens, sem deixar a construção de argumento, esta, fundamental para o bom exercício de
qualquer profissão.
Para tanto, observe neste conteúdo as possibilidades e as variações dessas possibilidades na construção de
conjuntos visuais e tridimensionais relacionados à produção cenográfica. Acredite no seu potencial criativo e
na sua identidade artística. O produto final você verá: satisfatório artística e tecnicamente ao que você deseja
em cenografia. Junto à visualização dos conjuntos artísticos propostos, perceba, analise e procure experimen-
tar. O exercício constante, sem dúvida, fará com que você aprimore o seu próprio fazer artístico neste campo,
desenvolva e afirme a sua identidade artística.
Utilize um modelo de caixa cênica que lhe convier técnica e profissionalmente, mas lembre-se que a caixa
cênica não é a última fronteira para você expressar a sua criatividade em produção de cenários. Lembre-se das
ruas, dos recantos e remansos da cidade, de toda cenografia urbana natural ou construída, de que todos os
componentes do meio em que vivemos, seja na cidade ou em qualquer outro lugar são inspiradores e poderão
abraçar o que se quiser nesta área. Apoie-se no urbano e nas urbanidades, reconheça e aproprie-se da arqui-
tetura do cotidiano e veja nela conjuntos cenográficos temporários ou permanentes formados por objetos,
equipamentos e pessoas.
11

Unidade I

Produção Cenográfica de
Médio/Grande Porte
Elaboração de projeto de médio/grande porte, desenho e maquetaria, confecção de adereços com técni-
cas, materiais tradicionais e alternativos, sustentabilidade e reaproveitamento de materiais descartados.
Elaborar uma ideia, no sentido de desenvolvê-la artisticamente, compreenderá a expressão, também artís-
tica dessa vontade, desejo ou necessidade. Mais que simplesmente dimensionamentos e desenhos em escala,
a expressão gráfica para a produção cenográfica vislumbrará a exteriorização de ideias. Essa “verbalização”
gráfica tornará o produto final um resultado da expressão artística interna individual e coletiva, realçando os
pormenores e as nuances dramáticas do espetáculo, fundamentados no embasamento teórico e prático.

Segundo Mantovani (1989, p. 13), o cenógrafo

(...) se expressa através de uma linguagem visual, e encena plasticamente um texto


dramático ou outra proposta de espetáculo. (...) Passará depois a estudar e analisar a
proposta ou texto dramático, para iniciar uma pesquisa antes de criar a cenografia. Es-
boçará e desenhará a sua proposta até a execução da maquete, que será apresentada
ao grupo e, se aprovada, inicia-
rá a fase propriamente dita de
execução dos cenários.

Essa expressão, portanto, seguirá a algumas pre-


missas artísticas e técnicas, orientadas por processos
artísticos e técnicos básicos. Esses processos básicos
são o estabelecimento de uma linguagem na qual li-
nhas e traços, perspectiva e graficação de vistas e cor-
tes sejam minimamente compreensíveis tanto pelos
pares do profissional quanto pelo leigo, que precisará,
sem dúvida, de um reforço à interpretação dos dese-
nhos e maquetes produzidos. 1 – Esboço livre. Figuras humanas. Lápis sobre papel
Fonte: Acervo do autor
Da análise de uma ideia textual à produção de ce-
nografia propriamente dita, nunca esqueçamos da
pesquisa ampla e específica como a base sólida do
produto final que ofereceremos.
A poética visual e textual, inerente ao trabalho do
artista cenógrafo, aparecerá naturalmente, em um
conjunto de desenhos e palavras contextualizadas à
expressão gráfica. Junte-se imagem e palavra e o re-
forço na linguagem do artista aparecerá, conferindo
uma perspectiva fortemente reveladora em desejos
e necessidades internas do artista, obviamente que
alinhados às reflexões do encenador e dos membros
2 – Esboço livre. Fonte: Acervo do autor
da equipe em relação ao espetáculo que está em vias de produção.
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O desenho livre, diante do processo criativo, poderá ser a expressão gráfica mais “fácil”, em um primeiro
momento. É ela, essa expressão, que demonstrará, de fato, que a nossa capacidade criativa é ilimitada, inde-
pendentemente de a considerarmos contrária a essa afirmação. Todos podem desenhar. Treino, curiosidade
pesquisa são fundamentais.
As questões de representação gráfica fidedigna à realidade
não são fatores menores, ou serão considerados inapropria-
dos ou nem mesmo inadequados neste sentido profissional,
mas serão, sim, justapostos à necessidade e à vontade de cada
profissional e sua expressão individual.

3 – Canetas Hidrocor 4 – Croquis para componentes cenográficos.


Fonte: http://www.riomaster.com.br/produtos/detalhes/caneta Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2013,
para o espetáculo “Carmen y Carmen”,
no Teatro Escola Basileu França.
Fonte: Acervo do autor

A expressão gráfica virá naturalmente. O artista utilizará, a princípio, os materiais que estiverem ao seu
alcance e a técnica que souber desenvolver, esta, fundamentada nos princípios do desenho, sem se esquecer
de que valorizar a sua expressão é essencial.

5 – Estudo preliminar para cenografia. Hidrocor e papel. Croquis para componentes cenográficos. Escala: 1:50. Autor:
Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2013, para o espetáculo “Carmen y Carmen”, no Teatro Escola Basileu França
Fonte: Acervo do autor
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Com o conhecimento e prática de desenhos em escala, o cenógrafo se expressará com um conteúdo de


grau maior de aperfeiçoamento técnico. Entrarão aqui os conhecimentos de escala e proporção, essenciais
para o ajustamento de todo o conjunto cenográfico para o espaço.

Na verdade, o espetáculo pode ser apresentado em qualquer lugar, desde a praça a


um lugar alternativo – um galpão, por exemplo – e não necessariamente em um tea-
tro institucionalizado, que é um lugar fixo na cidade, com uma função sócio-cultural
estabelecida, dependendo da época e do país (MANTOVANI, 1989, p. 7).

A caixa cênica pode ser qualquer que se queira ou imagine. Nesse sentido, nenhum espaço, com as devidas
cautelas técnicas e estéticas, limitará a atividade da cenografia e da encenação, bem como o desenvolvimento
de quaisquer processos criativos.

6 – Execução de cenografia. 7 – Cenografia e ensaio geral para o espetáculo


Ensaio geral para o espetáculo “Carmen y Carmen”, “Carmen y Carmen”, no Teatro Escola Basileu França em 2013.
no Teatro Escola Basileu França em 2013 Fonte: Acervo do autor
Fonte: Acervo do autor

Dos processos artísticos e técnicos para produção


de cenografia, muitas etapas serão cumpridas no que
diz respeito, especialmente, a um pré-dimensionamen-
to coerente com a escala do espaço cênico. O cenó-
grafo deverá, obrigatoriamente, conhecer as dimen-
sões desse espaço e, assim, construir o seu projeto de
maneira adequada ao lugar. O conceito de lugar ultra-
passa a compreensão simplista que atribuímos a ele, 8 – “The Valenciennes Passion” –
inicialmente. Mantovani (1989, p. 7) vem nos orientar Pintura para cenografia: Hubert Cailleau, 1547.
à lembrança de que “(...) os cenários são habitados Fonte: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b55005970q
por atores e constituem um dos elementos do espetáculo. Assim sendo, devem ser adequados a ele, e não
podem sobressair aos outros elementos”. A autora, portanto, nos oferece um caminho sensato de visualização
da encenação ocorrendo, na qual, de fato, quem deverá ter mais olhos para si serão os atores.
14

Estudos mais elaborados em desenho de cenografia são comuns. Têm o valor de uma obra de arte, se
assim, justamente, os considerarmos. O artista cenógrafo poderá propor em seus trabalhos uma expressão
nesses moldes. Dessa forma, obviamente, conferirá um valor artístico maior aos seus trabalhos.
Os processos de expressão gráfica que antecedem produção cenográfica podem surgir vindos de diversos
caminhos, do esboço a carvão ou a lápis à produção de desenhos através da utilização de softwares. Todas as
formas de expressão gráfica culminarão em uma execução do projeto cenográfico. A prática determinará esse
fim e condicionará os caminhos técnicos para a produção cenográfica.

9 – Esboço. Estudo preliminar para cenografia.


Fonte: http://hofferdesign.weebly.com/sketches-white-model1.html

10 – Esboço. Estudo preliminar para cenografia. Lápis e papel. Croquis para componentes cenográficos.
Escala: 1:50. Autor: Luis Guilherme, 2017. Fonte: Acervo do autor
15

Dentro das possibilidades de cada profissional, técnicas e artísticas, virá a materialização das ideias sobre
suportes quaisquer. Suportes são os papéis ou outros elementos que receberão os croquis ou outro tipo de
expressão gráfica.

11 – Esboço. Estudo preliminar para cenografia. 12 – Estudo preliminar para cenografia. Lápis e papel.
Lápis e esferográfica sobre papel. Croquis para componentes cenográficos. Escala: 1:50.
Autor: Luis Guilherme, 2013. Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2014,
Fonte: Acervo do autor para o espetáculo “Auto da Compadecida”,
no Teatro Escola Basileu França
Fonte: Acervo do autor

O conhecimento e prática de escalas são


fundamentais para qualquer projeto ceno-
gráfico. É através deles que o profissional
expressará adequadamente o que porá so-
bre o espaço cênico. É uma forma sensata
de agenciamento desse espaço e a conso-
lidação técnicas das propostas que desen-
volveu. Nesse caminho, estarão juntos os
outros profissionais do espetáculo: do en-
cenador ao iluminador cênico, do ator ao
responsável pela alteração de cenários se o
espetáculo vários atos. Estes necessitarão, e
caso estejam abertos a isto, de orientações
13 – Croquis.Estudos morfológicos e estruturais
técnicas, como, por exemplo, a marcação sobre cenografias de outros autores.
dos atores na geografia do palco, para a Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
definição de onde serão, de fato, os lugares Fonte: Acervo do autor
nos quais haverá pontos de luz, sombra etc, bem como a movimentação dos atores na encenação.
O cenógrafo poderá buscar orientação e desenvolvimento do seu processo criativo, estudando outros au-
tores. Esse processo oferecerá também, como exercício, o aprimoramento na expressão gráfica e, por conse-
guinte, otimizará e dinamizará a execução de cenários.
Como espaço tridimensional, a cenografia aceitará as mais diversas propostas para composição. Seja em
altura, largura ou profundidade, o aproveitamento do espaço cênico dependerá da contextualização entre
proposta e lugar. O lugar teatral poderá ser o lugar da cidade, sob o ponto de vista da composição criada ou
natural. Lugar não é simplesmente local. Considere o conceito de lugar como sendo a amplificação social e cul-
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tural do conceito de local. O lugar é o espaço do habitar


individual e coletivo, onde é expressada a maior parte
dos elementos do cotidiano.
O cenógrafo poderá buscar orientação e desenvolvi-
mento do seu processo criativo estudando outros auto-
res. Esse processo oferecerá também, como exercício,
o aprimoramento na expressão gráfica e, por conse-
guinte, otimizará e dinamizará a execução de cenários.
Como espaço tridimensional, a cenografia aceitará
as mais diversas propostas para composição. Seja em
altura, largura ou profundidade, o aproveitamento do
espaço cênico dependerá da contextualização entre
proposta e lugar. O lugar teatral poderá ser o lugar da
cidade, sob o ponto de vista da composição criada ou
natural. Lugar não é simplesmente local. Considere o
conceito de lugar como sendo a amplificação social e
14 – Croquis. Estudos morfológicos e estruturais sobre
cultural do conceito de local. O lugar é o espaço do ha-
cenografias de outros autores.
bitar individual e coletivo, onde é expressada a maior Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
parte dos elementos do cotidiano. Fonte: Acervo do autor
Nesse caminho de raciocínio, a compreensão de lugar fornecerá informações um tanto mais complexas,
mas não menos compreensíveis do comportamento humano real e dramatizado nas encenações. A potenciali-
zação da dramaticidade poderá vir plena, em parte, obviamente, resultante do estudo, da pesquisa e do exercí-
cio prático de observação do cotidiano do lugar, materializado no planejamento cenográfico, com a linguagem
adequada à proposta de encenação (ou o texto dramático). A compilação de informações é bastante adequa-
da, mas, reforçando a ideia de exercício, é a prática constante que garantirá uma diversificação de expressões
artísticas e técnicas que solucionarão uma proposta dramática em termos de cenografia.
A observação da tridimensionalidade das coisas cotidianas muito certamente oferecerá um conteúdo mais
amplo ao profissional em cenografia. Perceber é diferente de olhar, aproxima-se de enxergar com mais densi-
dade a vida – amplamente, e transpor para o palco, em qualquer lugar que seja, a sua representação.

15 – Croquis. Estudos morfológicos e estruturais sobre cenografias de outros autores.


Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor
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16 – Croquis. Estudos morfológicos e estruturais sobre cenografias de outros autores.


Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor

Frente às possibilidades de exercício prático de desenho para aperfeiçoamento da expressão gráfica, o pro-
fissional cenógrafo intuirá a melhor forma a qual se adapte. É uma decisão pessoal. Certamente, ele escolherá
a que mais perfeitamente lhe convier, conforme as suas habilidades – já desenvolvidas ou em aperfeiçoamen-
to, ou aquelas nas quais deseja uma imersão maior, por simples vontade ou curiosidade.
Esse aperfeiçoamento se inicia no exercício constante, como já foi dito anteriormente, em vários momen-
tos. O conjunto do aprendizado se revela, então, quando o profissional naturalmente, através de exercícios
conceituais ou reais próprios ou de outros autores, coloca em ação as habilidades que construiu. A construção
de cenografia naturalmente virá quando apreendemos a poética do texto dramático e a materializamos em
forma de desenhos e maquetes.

DICAS
Oriente-se pela bibliografia já estudada e sugerida nos outros cadernos deste curso. Ela mui-
to provavelmente abrirá os caminhos que você deseja percorrer na produção de cenografia.
Não se esqueça de que a pesquisa, baseada na curiosidade, também reforça o seu embasa-
mento imagético, teórico e prático.

17 – Croquis. Estudos morfológicos e estruturais sobre cenografias de outros autores.


Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor
18

Estudar e praticar graficamente a expressão de outros profissionais fará com que você compreenda os seus
processos criativos, bem como neles se apoie para estabelecer-se nos seus próprios.

18 – Maquete conceitual para cenografia. Papel de embalagem.Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017
Fonte: Acervo do autor

A limitação na produção de material cenográfico não existe, por assim dizer, se observarmos as possibi-
lidades artísticas que a diversidade em materiais nos oferece. Todo tipo de material poderá resultar em um
conjunto cenográfico de exercício.

19 – Maquete conceitual para cenografia. Papel de embalagem. Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor
19

A criatividade não tem limites, sem que nos esqueçamos das fundamentações técnicas para sustentá-la.
Conhecer as técnicas para desenho de croquis e para perspectiva é essencial. É através deles que a expressão
gráfica se aproximará da intenção para a prática. As técnicas são variáveis. Há técnicas simples e complexas e a
escolha do profissional é que determinará a sua produção cenográfica.

20 – Maquete de produção cenográfica de Edward Gordon Craig. Papel. Sem escala.


Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017. Fonte: Acervo do autor

21 – Maquete conceitual para cenografia. Papel. Sem escala. Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor

O exercício para este caderno será o aperfeiçoamento das atividades realizadas nas etapas anteriores.
Apoie-se nelas e desenvolva seus trabalhos com um caráter maior de aprimoramento técnico, evitando todo
tipo de material que possa configurar o seu trabalho como pouco amadurecido nesse campo. Observe a lim-
peza do seu resultado. Confira os procedimentos utilizados para construção de uma proposta cenográfica
bidimensional e tridimensional e verifique a resistência do seu produto final.
20

As maquetes conceituais o colocarão na prática direta do processo criativo livre. Essa liberdade, no entanto,
deverá estar embasada em algumas prioridades construtivas, como, por exemplo, a escolha correta dos ma-
teriais para as técnicas pretendidas. Uma cola a base de água, ilustrando a ação, poderá danificar um modelo
reduzido feito em papel, pois ela será absorvida e poderá enrugá-lo, da mesma forma que estenderá o período
de secagem. Opte por colas para isopor e as que têm como base o silicone. De fato, você perceberá, o tempo
de confecção das maquetes será menor e você poderá estender, isto sim, o tempo de dedicação para a criati-
vidade, inclusive construindo mais maquetes do que fora anteriormente planejado ou pretendido.

22 – Maquete conceitual para cenografia. Papel. Sem escala. Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor

As noções de desenho e de perspectiva


você terá na bibliografia já disposta a você
nas disciplinas já estudadas. Elenque-as e
reforce seus estudos e exercícios. Pesquise
e as soluções – individuais e específicas para
os seus desejos e necessidades, aparecerão
naturalmente. Montenegro (2001), parte da
bibliografia sugerida, apresentou a você, na
etapa anterior, na disciplina Laboratório de
Produção Cenográfica I, as soluções gráficas
para o melhor desenho em perspectiva. Não
há dúvida que a revisão o auxiliará ainda mais 23 – Maquete para cenografia. Variação sobre projeto
neste processo de exercício de técnicas de cenográfico de Edward Gordon Craig. Papel. Sem escala. Autor:
construção cenográfica. Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017. Fonte: Acervo do autor
As maquetes conceituais exercitarão sua percepção sobre composição cenográfica – considerando escala,
proporção e ambientação/apropriação da caixa cênica. Farão com que você compreenda volumetria e profundi-
dade, essenciais para a compreensão e assimilação da tridimensionalidade em expressão gráfica e maquetaria.
Um projeto cenográfico que será realizado, diferentemente do exercício para um projeto conceitual, depen-
de de diversos critérios técnicos, como por exemplo, inicialmente, de um levantamento das dimensões do es-
paço a ser utilizado. Sendo uma caixa cênica padrão, um espaço aberto em um lugar urbano ou outro qualquer,
o cenógrafo deverá obrigatoriamente conhecê-lo em área útil.
21

A área útil é o espaço que estará disposto ao uso para o conjunto da encenação, recebendo a ela própria, a
cenografia, a iluminação específica criada pelo profissional da área, adereços diversos etc.
A área útil é o espaço que estará disposto ao uso para o conjunto da encenação, recebendo a ela própria, a
cenografia, a iluminação específica criada pelo profissional da área, adereços diversos etc.
Uma trena e um simples bloco de papel, sem pauta, serão de grande e imediata utilidade. Fazem-se os
croquis ou os esboços dessa área e posteriormente “passa-se a limpo” esses desenhos, em escala apropriada
e com a marcação de tudo que possa ser tecnicamente interessante para a sua apropriação cenográfica.
Conhecer de escalas, portanto, é essencial, compreendendo que é a partir delas, no desenho técnico, é que
serão compreendidas altura, largura e profundidade do espaço cenográfico a ser utilizado. Em um desenho
mais elaborado que os croquis constarão, da mesma forma que os elementos da cenografia, as possíveis mar-
cações para os atores, músicos e outros profissionais do espetáculo. Pode ser incluído aqui um suporte técnico
para o profissional da iluminação cênica, que compreenderá a ideia do encenador e agilizará seu processo de
elaboração da luz do espetáculo.
A ideia inicial para um conjunto cenográfico partirá, em um primeiro momento, do franco pensamento do
diretor. Ele é quem, através da potencialização das ideias que deseja expressar, orientará o processo criativo
do cenógrafo. Por sua vez, este profissional contribuirá com este processo, materializando os pensamentos do
diretor, no sentido de desenhar a imaginação dele.
Isto posto e feito, parte-se para a elaboração de desenhos com um grau maior de aperfeiçoamento e que
contenham um mínimo de informações técnicas, estas, definitivamente determinantes e condicionantes dos
processos de execução da cenografia, entenda-se, marcenaria cênica e demais atividades relacionadas.

24 – Croqui para cenografia. Espetáculo: “A Viagem de um barquinho” (2017). Direção: Allan Lourenço da Silva.
Concepção cenográfica: Allan Lourenço da Silva e Luis Guilherme Barbosa dos Santos. Lápis e papel. Sem escala.
Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor
22

Em diálogos formais e informais as ideias surgem e ressurgem. A imaginação dos profissionais, em conjunto
com a expressão gráfica, iniciarão o processo de definição do conjunto cenográfico.
O apoio técnico para esta expressão gráfica, como já mencionado, estará na experimentação, na curiosida-
de, no interesse e no exercício constante dos fazeres técnicos e artísticos. Dessa forma, haverá um alinhamento
entre as partes artísticas e técnicas correspondentes a esta área de produção.

25 – Croqui para cenografia. Espetáculo: “A Viagem de um barquinho” (2017). Direção: Allan Lourenço da Silva.
Concepção cenográfica: Allan Lourenço da Silva e Luis Guilherme Barbosa dos Santos. Lápis e papel. Sem escala.
Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017.
Fonte: Acervo do autor

Mesmo desenhos com um caráter


aproximado da arte poderão ser feitos
em escala. O desenho de uma vista de um
dos atos para o espetáculo “A viagem de
um barquinho” (2017), a seguir, contém
a expressão da ideia do diretor. Está em
escala (1:50), correspondendo às dimen-
sões da caixa cênica do Teatro Basileu
França. Os componentes são dispostos
na parte visível da caixa, delimitada pela
“boca de cena”, cujas dimensões são 12
metros de largura por 8 metros de altura.
Considere-se ainda a sua profundida-
de, de 12 metros, a partir da “boca de 26 – Croqui para cenografia. Espetáculo: “A Viagem de um barquinho”
cena”. Entenda que há bastante espaço a (2017). Direção: Allan Lourenço da Silva. Concepção cenográfica: Allan
Lourenço da Silva e Luis Guilherme Barbosa dos Santos. Nanquim e
ser utilizado, de acordo com essa propos- papel. Escala: 1:50. Desenho: Luis Guilherme Barbosa dos Santos,
ta cenográfica. O “rider técnico” do teatro Fonte: Acervo do autor
mostrará a quantidade de varas de cenário e de iluminação disponíveis, bem como outros elementos fixos do
teatro, facilitando as questões relativas à espacialidade e a sua apropriação pelo cenógrafo.
23

É um desenho aparentemente simples, mas que contém as informações técnicas mínimas para a ocupa-
ção tridimensional daquele espaço: larguras, comprimentos, alturas e configurações morfológicas e estéticas
do cenário planejado. Em associação a esta expressão gráfica virá a otimização da dinâmica do espetáculo, a
movimentação em cena, a ordem de surgimento dos painéis cenográficos e, sem dúvida, uma predefinição da
iluminação cênica e os componentes específicos definidos pelo iluminador.

27 – Maquete estrutural para cenografia. Espetáculo: “A Viagem de um barquinho” (2017).


Direção: Allan Lourenço da Silva. Concepção cenográfica: Allan Lourenço da Silva e Luis Guilherme Barbosa dos Santos.
“Foam” e papel Kraft. Sem escala. Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos. Fonte: Acervo do autor

Definido em desenho, este já acordado entre direção e cenografia, virá então uma maquete, em escala ou
não (considere fortemente a proporção entre os elementos). Nela poderá ser percebida, de fato, a disposição
dos componentes cenográficos sobre o palco, facilitando a compreensão de larguras e profundidade da caixa
cênica, da mesma forma que possibilitará ao diretor do espetáculo redimensionar ou redistribuir a movimen-
tação dos atores em cena.

28 – Maquete eletrônica para cenografia. Espetáculo: “A Viagem de um barquinho” (2017).


Direção: Allan Lourenço da Silva. Concepção cenográfica: Allan Lourenço da Silva e Luis Guilherme Barbosa dos Santos.
Software: SketchUp 2017. Escala: metros. Autor: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017. Fonte: Acervo do autor
24

As maquetes eletrônicas são uma alternativa bastante interessante quando se quiser, ou se optar, por uma
forma de visualização “realista” do planejamento cenográfico. Há diversas plataformas de edição e criação de
imagens de ambientes. A visualização certamente que será melhor e há profissionais capacitados para este fim.
Na imagem a seguir, está o planejamento cenográfico realizado. O conjunto de ideias, materializado sobre
o palco, reflete os pensamentos e processos criativos da equipe. Nele, o palco, é que está, a valer, o que fora
imaginado e planejado artística e tecnicamente. É a realização de um sonho e de um objetivo.

29 – Luz, cenografia e encenação. Palco do Teatro Escola Basileu França. Espetáculo: “A Viagem de um barquinho”
(2017). Direção: Allan Lourenço da Silva.Concepção cenográfica: Allan Lourenço da Silva e
Luis Guilherme Barbosa dos Santos. Foto: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2017. Fonte: Acervo do autor

As perspectivas para um projeto cenográfico de média complexidade são as melhores quando, reforçamos,
há o suporte técnico e teórico. Vai-se diretamente à proposta aproximada da realidade que se pretende e di-
minui-se o tempo de “desvios” não compatíveis com uma produção que necessita desse olhar.

30 – Maquete para cenografia de espetáculo. Caixa cênica do Teatro Goiânia. Espetáculo: “Don Fernando”. Papel e
diversos materiais. Escala 1:50. Projeto e maquete: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2014. Fonte: Acervo do autor
25

Para uma maquete rápida, tudo que tivermos a nossa disposição poderá ser utilizado. Consideremos quais-
quer objetos como potenciais elementos de composição cenográfica, entendendo que para o momento real,
do agenciamento espacial do palco, modificações poderão surgir, e elas são normais de acontecer inclusive
durante o período de acontecimento do espetáculo, seja uma semana, sejam alguns anos.

31 – Maquete para cenografia de espetáculo. 32 – Maquete para cenografia. Palco para instalação na
Caixa cênica do Teatro Goiânia. Praça Cívica – Goiânia – GO. Papel. Escala 1:50.
Espetáculo: “Don Fernando”. Papel. Escala 1:50. Projeto e maquete: Luis Guilherme Barbosa dos Santos,
Projeto e maquete: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, Ano: 2014. Fonte: Acervo do autor
Ano: 2014. Fonte: Acervo do autor

33 – Maquete para cenografia. Espetáculo: “Carmina Burana” – Teatro Escola Basileu França (2013).
Papel. Escala 1:50. Maquete: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2014. Fonte: Acervo do autor

Nessa unidade, você percebeu que sempre é possível materializar uma ideia para cenografia. Bastam de-
senvolvimento e aperfeiçoamento das suas habilidades técnicas e artísticas. Quanto aos materiais, eles são
os mais diversos. Pesquise, colete, reutilize. Guarde os materiais que você acredite serem interessantes e de
provável utilidade para os seus projetos. Eles, de alguma maneira, serão úteis e contribuirão para a comple-
mentação do seu trabalho.
26

Unidade II

Elaboração de projeto autoral com


estudo de volumetria na caixa cênica
Processos artísticos e técnicos de média complexidade

Um projeto autoral começará pela decisão que a partir da vinculação do conteúdo teórico e prático que
você já assimilou e exercitou. A partir do aperfeiçoamento dos seus fazeres artísticos e técnicos você poderá
materializar ideias, sejam elas conceituais ou reais. Se você tem alguma ideia, a coloque no papel. É um pri-
meiro passo para a sua realização.
Construa seu acervo de ideias. A memória é fluida. O papel, este, no mínimo, se permite a um registro ini-
cial dessa ideia. Construído esse acervo, ele se tornará um banco de ideias, pronto para consulta e realização.
Um projeto de médio grau de complexidade conterá um elenco de elementos que vão dos croquis iniciais,
passando por estudos preliminares pré-dimensionados a partir de um levantamento da área útil de encenação
(altura, largura e profundidade, no mínimo).
Memoriais descritivos e justificativos são necessários conforme o desejo do cenógrafo em acrescentá-los ao
corpo do projeto cenográfico. Como você já estudou e produziu nos módulos anteriores e já tem conhecimen-
to, memoriais descritivos conterão os elementos vinculados à técnica, com dimensionamentos, quantificações,
especificações técnicas e apreçamentos, no mínimo. Estas informações garantirão uma utilização adequada e
sensata, racionalizada, dos montantes disponíveis para investimento no espetáculo.
A partir do conteúdo de uma maquete mais elaborada, será possível até mesmo definir técnicas e mate-
riais para a marcenaria cênica, para a construção de acessórios e adereços de palco e também se realizar um
pré-dimensionamento no que tange aos materiais que serão utilizados, como tecidos, madeiras, ferragens etc.

34 – Maquete para cenografia. Espetáculo: “Carmen y Carmen” – Teatro Escola Basileu França (2014). Papel e leds.
Escala 1:50. Projeto e maquete: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2014. Fonte: Acervo do autor
27

A escala entrará definitivamente na proposta cenográfica,


oferecendo uma visualização técnica do que será executado,
com suporte em condicionantes ergonômicos e antropomé-
tricos. Essas atribuições conferirão um caráter adequado no
que diz respeito aos confortos físicos e psicológicos da equipe
que forma a encenação, os atores, músicos e outros perfor-
máticos. Elas são essenciais para um desempenho na ence-
nação que corresponda às limitações e desenvolturas plenas
físicas dos participantes do espetáculo.
Tais considerações a respeito de ergonomia e antropome-
tria são também fundamentais para a definição (e quantifica-
ção) dos tipos de materiais que serão utilizados na construção
do conjunto cenográfico. Otimizar tempo de produção e ade-
quar custos, mão de obra e implantação do cenário na caixa
cênica serão essenciais para o todo da encenação, inclusive 35 – Maquete para cenografia. Espetáculo:
para o andamento correto de um cronograma de atividades “Carmina Burana” – Teatro Escola Basileu França
(2013). Papéis. Escala 1:50. Maquete: Luis
preestabelecido. Observe na imagem 35, detalhe de escada Guilherme Barbosa dos Santos, 2014.
para acesso ao palco. A quantidade de degraus correspon- Fonte: Acervo do autor
de exatamente à altura pretendida para o tablado principal. Sem essa regra e aplicação técnica, poderá
acontecer uma divergência entre a quantidade de degraus e a altura a ser vencida nos movimentos de
subida e descida, prejudicando o trabalho de corpo de quem for subir ou descer do palco.

Já com o conhecimento de escala e


proporção, assimilados através da sua
experimentação conceitual, prática real e
embasamento teórico, o profissional em
cenografia poderá construir o que quiser,
com os materiais que desejar, com a téc-
nica da qual se aproximou por desejo ou
necessidade profissional.
Os componentes cenográficos, sejam
eles quais forem, obedecerão a regras
de escala e proporção, mais uma vez re-
forçando, para que tempos de trabalho e
custos permitidos sejam otimizados e res-
peitados, respectivamente.

36 – “Manjedoura” para cenografia. Espetáculo: “Auto de Natal”


Anápolis (2013). Papel, corda e raspas de madeira. Escala 1:1.
Projeto e execução: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2014.
Fonte: Acervo do autor
28

Na sequência de imagens abaixo, temos uma ordem de execução de componentes cenográficos. Foram
utilizados materiais alternativos, coletados em diversas fontes, ajustados em escala ao que se propunha
para a encenação.

37 – Componente cenográfico. Simulação para parede 38 – Componente cenográfico sob a luz, no palco.
de ‘taipa de pilão’. Espetáculo: “O Dia em que explodiu Observação do comportamento dos componentes em
Mabata-Bata” – Teatro Escola Basileu França (2016). relação a cores, texturas, volumetria, luz e sombra, claro
Bambu e manta acrílica caracterizada. Escala 1:1. e escuro, cheios e vazios. Simulação para parede de ‘taipa
Projeto e execução: Luis Guilherme Barbosa dos Santos. de pilão’. Espetáculo: “O Dia em que explodiu Mabata-
Fonte: Acervo do autor Bata” – Teatro Escola Basileu França (2016). Bambu e
manta acrílica caracterizada. Componente já locado na
vara de cenário. Escala 1:1. Iluminação cênica: Allan
Lourenço da Silva. Projeto e execução: Luis Guilherme
Barbosa dos Santos, 2016. Fonte: Acervo do autor

39 – Componentes cenográficos sob a luz, no palco.


Observação do comportamento do componente
em relação a cores, texturas, volumetria, luz e
sombra, claro e escuro, cheios e vazios. Simulação de
cupinzeiros, já na posição definitiva no palco e sob
a luz. Espetáculo: “O Dia em que explodiu Mabata-
Bata” – Teatro Escola Basileu França (2016). Estrutura
em madeira e papelão e manta acrílica caracterizada.
Escala 1:1. Iluminação cênica: Allan Lourenço da
Silva. Projeto e execução: Luis Guilherme Barbosa
dos Santos, 2016. Fonte: Acervo do autor
29

40 – Componentes cenográficos sob a luz, no palco.


Observação do comportamento do componente em
relação a cores, texturas, volumetria, luz e sombra, claro
e escuro, cheios e vazios. Simulação de cupinzeiros, já
na posição definitiva no palco e sob a luz. Palco circular
elevado. Espetáculo: “O Dia em que explodiu Mabata-
Bata” – Teatro Escola Basileu França (2016). Estrutura em
madeira e papelão e manta acrílica caracterizada. Escala
1:1. Iluminação cênica: Allan Lourenço da Silva. Projeto e
execução: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2016.
Fonte: Acervo do autor

O conjunto cenográfico sob a luz, sob a am-


bientação e potencialização dramática que ela
oferece aparecerá aos olhos de outra maneira,
distante da crueza com a qual os vemos sob a luz
fria, a olhos nus.
A iluminação cênica é fundamental para o “aper-
feiçoamento” da imagem da cenografia planejada.
Confere a ela o que for necessário para sua complementação dramática. Sem ela, a iluminação cênica, não
teríamos a imagem literalmente teatral do espetáculo. Cores, texturas e volumes são realçados.

41 – Componentes cenográficos já montados, sob a luz, no palco. Observação do conjunto cenográfico em relação a
cores, texturas, volumetria, luz e sombra, claro e escuro, cheios e vazios e complementação entre si. Espetáculo: “O Dia
em que explodiu Mabata-Bata” – Teatro Escola Basileu França (2016). Escala 1:1. Iluminação cênica: Allan Lourenço da
Silva. Projeto e execução: Luis Guilherme Barbosa dos Santos, 2016. Fonte: Acervo do autor

Na montagem da cenografia no palco é que se perceberá o conjunto cenográfico em escala real. As figuras
humanas desenhadas ou recortadas em papel darão lugar aos atores e atrizes e a encenação poderá acontecer
plenamente, de acordo com as orientações do diretor, satisfazendo as suas ideias planejadas para essa adap-
tação dramatúrgica.
30

Unidade III

A Complexidade em Projetos
Cenográficos
Um projeto cenográfico de complexidade considerável envolverá uma equipe especializada, da produção
gráfica à execução e montagem e verificação do produto final no espaço escolhido. O projeto apresentará ne-
cessariamente todo um conjunto de informações artísticas e técnicas de suporte para todas as etapas de cons-
trução da cenografia. Todos os profissionais deverão estar envolvidos e direcionados a um objetivo comum: a
unidade na encenação.

MÍDIAS INTEGRADAS
Conheça um teatro de alta
tecnologia em transformação
e adaptação do seu espaço, de
acordo com as especificidades
de cada espetáculo:
https://youtu.be/p4DeZir8Pdc?list=PL2n5N
wmXNoLB-cW7ri87sYBb4xpTBWZA1

Croquis, plantas, cortes, vistas, perspectivas: todos estes elementos farão parte de um conjunto de ideias
organizadas, hierarquizadas, para uma realização cenográfica. Aproveite o conhecimento adquirido. Desenvol-
va e aperfeiçoe a sua maneira de se expressar artisticamente e atuar como agente construtor de cenografia
também, colocando em prática todo o conhecimento que você já adquiriu. Um laboratório de produção ceno-
gráfica é um espaço de experimentações.
Os autores sugeridos nas bibliografias básica e complementar deste caderno serão o seu suporte técnico
e teórico. Resta a você praticar, conforme seu interesse e curiosidade, e transformar ideias em cenários em
escala real, não necessariamente no espaço da caixa cênica, mas utilizando todo e qualquer lugar. Expresse-se.
Materialize as suas ideias de torne reais os seus projetos cenográficos.
Sustente-se na produção de um material, para esta unidade, que agremie todas as variáveis artísticas e
técnicas possíveis, considerando os elos
entre as necessidades específicas da en-
cenação planejada e as suas possibilida-
des, individuais ou em grupo, de realizar
esse planejamento e projeto.
Ordene as suas ideias. Uma hierar-
quização para elas é fundamental para
a percepção da ordem da criação de um
projeto cenográfico. O ponto de partida
para o projeto poderá ser o qual você ele-
ger como tal. Esta é uma especificidade da
sua maneira de trabalhar, que se diferen-
cia de indivíduo para indivíduo, de equipe
42 – Material para maquete com acabamento realista. Fonte: https://
para equipe. davidneat.files.wordpress.com/2013/09/horizontal_6532sm.jpg?w=584&h=438
31

Escolha materiais que sejam adequados técnica e artisticamente para o já potencializado grau de conhe-
cimento. Evite os que possamos considerar desnecessários ou até mesmo ingênuos, no sentido de irem a um
caminho contrário à especialização das suas atividades profissionais.

43 – Produção de Maquete.
Fonte :http://hofferdesign.weebly.com/uploads/3/2/0/4/3204213/_____hoffer_la_mancha_top_view_model_1024.jpg

44 – Diorama ou maquete cenográfica.


Fonte: http://windling.typepad.com/.a/6a00e54fcf738588340191043fa252970c-800wi
32

Referências
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

MANTOVANI, Ana. Cenografia. Série Princípios. São Paulo – SP: Ática, 1989.

MONTENEGRO, Gildo A. Desenho Arquitetônico. Edgard Blücher, 2001.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ARISTÓTELES, et. al. A poética clássica. São Paulo: Cultrix, 1995.

CARLSON, M. Teorias do teatro: estudo histórico-crítico dos gregos à atualidade. São Paulo: UNESP, 1997.

GOMES, Filho, João. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica - 2ª Edição. Editora Escrituras,
2011.

RATTO, Gianni. Antitratado de Cenografia - 2ª Edição - São Paulo: SENAC SP, 2011.

SILVA, Robson Jorge Gonçalves da Silva. 100 Termos Básicos de Cenografia: Caixa Italiana. 3a ed. Rio de Janeiro:
FUNARTE, 2003.

WONG, Wucius. Princípios de forma e desenho. Ed. Martins Fontes – São Paulo, 2010.

SILVESTRE, Armando Araújo. Reforma Protestante. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/re-


forma-protestante/ > Acesso em: 10/03/2017.
Léo lince do Carmo Almeida
Acesse: www.ead.go.gov.br

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