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18/12/2023, 23:47 Estudando: Cuidador de Idosos | Prime Cursos

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Estudando: Cuidador de Idosos

A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa


A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa

Fonte: http://www.idoso.ms.gov.br/artigo.asp?id=76

Núcleo de Informação do Idoso


Governo Popular de Mato Grosso do Sul

“Rugas no rosto moreno, ondas no lago sereno, vento repentino, ares de menino. Fugas de brigas de rua, luas
e luas e luas, repentina paz, meu velho rapaz” (Gilberto Gil. O Mar e o Lago, 1996, in Quanta). Durante a
Segunda Assembléia Sobre Envelhecimento, em Madri, a ONU divulgou as projeções de uma revolução
demográfica: o número de pessoas com mais de 60 anos aumentaria de 600 milhões em 2000 para 2 bilhões
em 2050. Nos países em desenvolvimento, espera-se a quadruplicação de idosos no mesmo período. Para
melhor enquadrar a questão, mister conceber a sociedade moderna, geometricamente, como retangular, em
oposição à anterior e clássica forma piramidal; isto é dizer que em cada década de vida (0-9; 10-19 e assim
por diante) há número equivalente de pessoas (Stuart-Hamilton, 2002).

A busca responsável pelo equilíbrio entre tutela e autonomia, prerrogativas e privilégios, juventude e
senilidade, direitos e deveres é um desafio jurídico, além de social e ético. A Declaração Política da ONU
sobre o envelhecimento, produzida a partir daquele recente encontro em Madri, refere-se já em seu primeiro
artigo à meta de promover o desenvolvimento de uma sociedade para todas as idades e, naturalmente, a
contribuição das legislações para a formação de um novo paradigma de convivialidade, diante desta nova
ordem demográfica, não pode ser desprezada. Os Direitos Humanos, entendidos através de seu caráter
universalizante, apreendidos como verdadeiro movimento de globalização íntima, no qual são contemplados e
sacralizados apenas necessidades e interesses constantes – ainda que historicamente expansíveis –, porque
próprios da humanidade, são a referência legítima à limitação do Poder, inclusive em plano internacional, e se
prestam a nortear condutas neste diálogo intercultural e intergeracional.

Tais Direitos básicos nascem dos fins humanos, sobretudo daqueles de maior significação. Do ciclo vital
nascimento-crescimento-reprodução-morte derivam todos eles, embora com variações aduzidas pelo tempo e
pelo espaço. Pacificamente admitidos os direitos à vida, à igualdade, à alimentação, à liberdade (inclusive
procriativa, a render, no entanto, ainda calorosos debates acerca, por exemplo, do aborto, da seleção gênica,
etc.), impõe-se a nobilitação também do direito ao envelhecer. Assim estabelecidos os direitos, poder-se-ia
pensar que o direito da pessoa idosa corresponde ao homem em abstrato, direito, portanto, “de primeira
geração”. Entretanto, para que finalmente seja ultrapassada a era de direitos noctifloros, que surgem e
desaparecem em um único período porque não lhes foram asseverados sobrevivência e respeito no corpo
social, deve-se justificar estes valores na demonstração de que “são apoiados no consenso, o que significa
que um valor tanto é mais fundado quanto mais é aceito” (BOBBIO, 1992, p.27).

Isto equivale dizer que fundamentação e justificativa estão na imposição da realidade – envelhecida,
discriminada. Neste raciocínio – de que reconhecimento e eventual proteção de direitos estão intimamente
relacionados a um contexto social determinado –, crê-se que só foi possível cogitar Direitos de categorias
(idosos, mulheres ou trabalhadores) ulteriormente a certas mudanças que ensejaram o aparecimento destas
categorias. O direito, portanto, é antes social que natural, neste aspecto. Em nossa sociedade, a velhice difere
de outras categorias etárias basicamente no que se refere a inúmeras perdas de relacionamentos afetivos (por
afastamento ou por morte); profundas modificações familiares (com a ausência dos próprios pais, quiçá do

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cônjuge, e o surgimento de novas famílias constituídas pelos filhos); dificuldades quanto ao mercado de
trabalho ou opção por uma segunda carreira, especialmente sob um sistema coercitivo de aposentadoria e
subemprego; batalha contínua contra doenças crônicas e debilidades orgânicas, proximidade da morte,
ameaça à sexualidade, à inteligência e à integridade. (FRAIMAN, 1995, p.23).

Em 1970, quando Simone de Beauvoir escreveu seu famoso ensaio sobre a velhice, não havia ainda, assim
entendida, tal categoria de cidadãos seniores: Em política, o indivíduo conserva durante toda sua vida os
mesmos direitos e deveres. O Código Civil não faz qualquer distinção entre um centenário e um
quadragenário. Os juristas consideram que, fora os casos patológicos, a responsabilidade penal dos idosos é
tão integral quanto a dos jovens. Os velhos não são considerados uma categoria á parte e, por outro lado, isto
não lhes agradaria; existem livros, publicações, espetáculos, programas de tevê e de rádio destinados às
crianças e aos adolescentes; aos velhos, não. (BEAUVOIR, 1990, p.9). Além do homem em abstrato, senhor
dos direitos humanos de liberdade – os quais se consagraram como de “primeira geração” –, ganha então
espaço o homem específico, diferenciado quer por sua idade, quer por seu sexo ou sua posição na cadeia de
trabalho.

O Direito do Idoso, dessa forma, está catalogado como direito social, junto a todos outros direitos chamados
de “segunda geração”, que exigem ações – e não omissões – do Poder. Obviamente, são também direitos
seus – à medida que não perde a humanidade genérica quando envelhece – a vida, a liberdade religiosa, a
liberdade de expressão e demais direitos de liberdade negativa e igualdade, mas ao apresentar a condição
diferenciada, de idoso, autorizado está a exigir do Estado políticas igualmente especiais que lhe concedam
inclusive prerrogativas, privilégios. O envelhecimento é, assim, universal, tanto quanto a infância ou o
nascimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde: Em nosso mundo de diversidade e de
constantes mudanças, o processo de envelhecimento é uma das poucas coisas que nos unifica e nos define.

Nós todos estamos envelhecendo e devemos celebrar este processo natural. Uma vez que os seres humanos
precisam envelhecer, este é um assunto que a todos interessa. Não há, contudo, homogeneidade entre os
idosos - daí o mapeamento de suas necessidades especiais precisar observar tais dessemelhanças para ser
efetivo – recordando, a todo tempo, que pecados podem ser omissivos ou comissivos e ambos podem ser
intencionais; a desatenção às necessidades do idoso, igualando-o ao homem adulto em direitos e deveres, ou
supondo que a garantia de um caixa preferencial no supermercado é elemento bastante a aplacar qualquer
sofrimento, é o mesmo que enterrá-lo vivo, como faziam os dinkas do Sudão (BEAUVOIR, 1990, p.53).

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