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ENQUALAB-2006 – Congresso e Feira da Qualidade em Metrologia

Rede Metrológica do Estado de São Paulo - REMESP


30 de maio a 01 de junho de 2006, São Paulo, Brasil

FONTES DE INCERTEZA EM MEDIÇÕES DE MASSA

Ricardo Luís da Rocha Carmona 1, Milton Pereira 2


1
Instituto de Aeronáutica e Espaço, São José dos Campos, Brasil, carmona@iae.cta.br
2
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, Brasil, mpereira@ita.br

Resumo: A massa é uma propriedade bastante significativa medição;


para diversos cálculos em um projeto. Na área espacial, o (i) Valores inexatos de constantes;
custo da massa de um satélite é muito alto e uma diminuição (j) Aproximações e suposições incorporadas ao
da massa de 1 % pode significar uma economia de milhares método e procedimento de medição;
de dólares. Mas quando se fala em medição de massa, a (k) Variações do mensurando.
primeira impressão é de que o assunto está esgotado.
Além disso, não sendo necessariamente independentes,
Entretanto, como toda medida, o valor da massa deve ser
algumas fontes podem contribuir para outras [1].
considerado dentro de uma faixa variável, representativa do
seu grau de incerteza e associada a uma probabilidade. Toda A incerteza de um resultado de uma medição geralmente
medição sofre influência de várias fontes de incerteza, seja consiste na composição das incertezas advindas de várias
do ambiente, do operador, do sistema de medição, da cadeia fontes de influência. Essas fontes de incerteza podem ou não
de referências ou mesmo da própria definição inadequada do ser avaliadas por métodos estatísticos.
mensurando. Então, para se obter um resultado confiável é
necessário conhecer essas fontes de incerteza. Este artigo faz O processo de medição da massa de um objeto envolve
uma reflexão sobre as várias fontes de incerteza que podem diversos fatores que têm influência sobre a confiabilidade do
resultado da medição. Associando o resultado da medição
influenciar a medição de massa de um foguete e apresenta
como o efeito e esses fatores como as causas
recomendações obtidas da literatura para o uso correto de
correlacionadas, pode-se ilustrar os fatores de influência
balanças de massa.
sobre um processo de medição de massa por meio de um
Palavras chave: peso (massa); incerteza de medição;
foguetes; fontes de incertezas. diagrama espinha de peixe como na fig. 1.

1. INTRODUÇÃO
A massa é uma propriedade bastante significativa para
diversos cálculos em um projeto. Na área espacial, o custo
da massa de um satélite é muito alto e uma diminuição da
massa de 1 % pode significar uma economia de milhares de
dólares. Mas quando se fala em medição de massa, a
primeira impressão é de que o assunto já está esgotado.
Entretanto, como toda medição, também sofre a influência
de várias fontes de incerteza, seja do ambiente, do operador,
Fig. 1 - Fontes de incerteza para uma medição de massa com uma
do sistema de medição, do processo de medição, da cadeia
balança.
de referências e mesmo da própria definição inadequada
daquilo que se pretende medir, o mensurando. O A fig. 1 é apenas de uma representação didática, e
INMETRO, a ABNT e a SBM [1] citam as mesmas fontes exemplifica algumas componentes correlacionadas, como
de incerteza que o NAMAS [2], e fazem ressalva de que esta por exemplo, a pressão, a temperatura, a umidade e a
lista não é completa. As fontes citadas são: presença de impurezas no ar influenciam conjuntamente a
(a) Definição incompleta do mensurando; densidade do ar, que por sua vez influencia o empuxo do ar.
(b) Realização imperfeita do mensurando; Isso é bastante comum e quanto mais detalhado for o
(c) Amostra não inteiramente representativa do diagrama, mais fontes indiretas vão ser representadas.
mensurando; A fig. 1 mostra também que uma fonte de incerteza pode
(d) Conhecimento inadequado dos efeitos das influenciar o resultado de mais de um modo (a
condições ambientais ou medição imperfeita das condições reprodutividade e a repetitividade afetam tanto o operador
ambientais; como o mensurando).
(e) Erro de tendência pessoal;
(f) Limitação do instrumento; Há casos em que é possível estimar a incerteza de medição
(g) Valores inexatos dos padrões de medição; como se apenas uma fonte de incerteza existisse. Isso ocorre
(h) Mudanças nas características do instrumento de quando se trata de uma fonte dominante, cujos efeitos são
significativamente superiores aos das demais. A equação que fornece a medida da sensibilidade é dada
por:
A seguir serão abordadas as diversas fontes de incerteza que
podem influenciar o resultado de uma medição de massa, e ∆D
S= (2)
que devem ser cuidadosamente antes de serem ∆m
negligenciadas. Onde ∆D é o número de intervalos da balança que
corresponde a uma mudança da carga de ∆m.
2. FONTES DE INCERTEZA O erro de sensibilidade ∆S também pode ser causado pelo
uso de pesos inadequados na calibração da balança, o que
2.1 Ambiente torna a variação do número de intervalos diferente da
variação de pesos-padrão. Assim, por exemplo, se é
Segundo Boynton [3], um erro significativo pode resultar da
não consideração de fatores ambientais como latitude, utilizado um peso de massa de 100 g, e a balança apresenta
altitude, efeitos de maré, anomalia gravitacional, empuxo do um valor de 101 g, para uma variação de 3 intervalos de 0,1
mg, a sensibilidade foi de 0,0003 g/g. Se, para outro peso-
ar, entre aqueles mostrados na fig. 1.
padrão, a sensibilidade foi 0,0005 g/g, então o erro de
As influências destes fatores podem ser tratadas como efeito sensibilidade é de 0,0002 g/g ou 200 ppm.
combinado que afetam o resultado da medição com uma
Se os valores do zero e da sensibilidade se alteram com a
parcela de erro sistemático, com contribuições da latitude,
altitude e da anomalia gravitacional, passível de correção, flutuação da temperatura, utiliza-se o coeficiente de
portanto, e uma parcela de erro aleatório devida aos efeitos temperatura para caracterizar essa alteração. O coeficiente
de temperatura é dado pelo valor da variação do peso pela
de maré.
variação da temperatura.
No Brasil, recentes trabalhos têm sido feitos considerando a
Deve-se cuidar com os gradientes de temperatura que
parcela de erro sistemático do efeito gravitacional sobre a
aumentam as correntes de convecção, podendo afetar a
medição de massa [4-5], quando há mudança do local da
calibração para um local de medição diferente. Para Maciel, leitura da balança.
Guerreiro e Godoy [4], entretanto, a influência da gravidade
deve ser considerada para duas situações apenas: 2.3 Umidade
- para um sistema de medição que possua 10.000 ou Além de afetar a densidade, no caso da medição da massa do
mais intervalos de divisão ou foguete, a umidade tem influência sobre o propelente sólido
- para instrumentos que utilizem células de carga com do foguete, pois se trata de material higroscópico. Estudos
menos de 1.000 intervalos de divisão. recentes [8-9] mostraram que, para amostras de propelente,
Em ambos os casos se estes instrumentos e sistemas de quando totalmente expostas a um ambiente com umidade
medição forem transferidos para latitudes cuja distância do acima de 80%, podem adsorver 1 até cerca de 0,1 % em
local de ajuste exceda 1.000 km. massa de umidade em um período de 7 dias. Rezende [8]
recomenda “que os motores-foguetes sejam mantidos
Este é o caso quando se calibra uma balança no CTA [5] que fechados a maior parte do tempo possível, com sílica ativa
é utilizada em Alcântara. O erro estimado devido à em seu interior”.
influência da gravidade EG é de cerca de 0,61 g [6] para cada
quilograma considerado. Com estes cuidados, admite-se que esta fonte de incerteza
tenha influência praticamente nula.
A medição de apenas um dos 4 propulsores do 1º estágio do
VLS [7] teria um erro estimado de + 5,3 kg apenas pela 2.4 Densidade
diferença da gravidade. Considerando-se, grosso modo, o
veículo completo (cerca de 50.000 kg), o erro estimado seria A densidade do ar depende da temperatura, da umidade e da
de 26 % do valor da massa do satélite de coleta de dados pressão barométrica e “pode variar de 1,1 kg m-3 a 1,3 kg m-
3
SCD-1 (115 kg). , o que equivale a uma mudança de 25 mg no peso de um
quilograma de aço inoxidável de volume de 125 cm-3” [14].
2.2 Temperatura O método usual de determinação da densidade do ar é medir
Em geral, a temperatura afeta mais diretamente o resultado essas grandezas e calcular a densidade ρa do ar usando a
de uma medição de massa por meio do coeficiente de equação (3) recomendada pelo CIPM (derivada por
temperatura do zero (da balança) e da sensibilidade. Cada Giacomo [11] e modificada por Davis [12]), mas uma
um destes parâmetros mostra um maior ou menor impacto fórmula aproximada [13] que também pode ser utilizada é
sobre o resultado medido (peso), afetando ambos a balança e dada por:
os componentes eletrônicos com igual extensão.
0,34848 p − 0,009(hr ) 0,061t
A sensibilidade é a mudança no valor indicado pelo ρa = (3)
mostrador, dividida pela variação do sinal de carga gerado 273,15 + t
pela massa no prato da balança. Se uma balança tem o
mostrador digital corretamente ajustado, a sensibilidade será 1
sempre igual a 1. Adsorver é a “fixação das moléculas de uma substância (o
adsorbato) na superfície de outra substância (o adsorvente)” [10].
desta incerteza associada deve ser cerca de dez vezes menor
Onde: do que a incerteza expandida do sistema de medição a
ρa , densidade do ar obtida em kg.m-3; calibrar [16]. Ou seja:
P, pressão dada em hPa;
1
hr, umidade relativa do ar expressa em porcentagem; e UP = UC (4)
T, temperatura dada em ºC; 10

A equação (3) introduz uma incerteza relativa de 2x10-4 na Onde UP e UC são, respectivamente, as incertezas
faixa de 900 hPa < p < 1.100 hPa, 10 ºC < t < 30 ºC e hr < expandidas associadas, respectivamente, ao valor de
80 %. referência do padrão e à balança.

O NPL [14] recomenda cuidado com a magnitude do efeito Albertazzi e Souza [17] consideram que há casos em que os
do empuxo do ar e se considere sua incerteza para a custos não permitem uma relação de dez vezes menor da
calibração de pesos por comparação. incerteza do padrão, e admitem que possam ser adotadas
relações de 1/5 e, em casos extremamente críticos, de até
A correção do empuxo é mais significativa quando: 1/3.
– calibrando massa de alta exatidão;
– empregando pesos cuja densidade não é próxima de Essa incerteza, dependendo dessa relação, poderá ter maior
8.000 kg.m-3 (exceto pequenas frações de pesos); ou menor impacto sobre a incerteza do resultado da
– em medições de outros materiais e líquidos medição, mas, por ser uma parcela bem significativa, deve
(densidades muito diferentes dos pesos padrões); sempre ser considerada.
– ou em medições em ambientes diferentes do ar O ajuste é sempre uma intervenção corretiva na balança para
normal (densidade entre 1,1 kg.m-3 e 1,3 kg.m-3). eliminar o erro existente tanto quanto possível. No ajuste, a
Apenas para ilustração, as correções efetivas das densidades leitura do peso é comparada com o valor correto do peso de
para o alumínio e o aço, recomendadas pelo NPL [14] são: calibração, e o fator de correção resultante é utilizado até o
próximo ajuste. É ajuste que mantém a correlação correta
entre o peso do corpo e o valor indicado na balança,
Tabela 1 – Correção do empuxo comparando materiais de influenciando a exatidão do resultado.
densidades dissimilares no ar [14].
No caso do ajuste não ser feito automaticamente pela
Material comparado com aço inox Correção efetiva do
convencional empuxo (ppm) balança, o resultado indicado tem que ser multiplicado por
um fator de calibração após cada pesagem, constituindo-se
Aço Inoxidável 2 7,5
em um dos fatores de correção do resultado.
Alumínio 294
A verificação é uma versão simplificada da calibração,
empregada para testar se o sistema de medição ou a medida
Em se tratando de medição de componentes do foguete, o
materializada (a massa) está de acordo com uma dada
propelente, com densidade específica 3 de 1.710 kg/m3, é o especificação técnica. Deve ocorrer nas mesmas condições
mais significativo, tanto pela diferença de densidade de normais de uso, e do mesmo modo como é utilizada na
quase cinco vezes quanto pela quantidade presente em um prática. Essas condições são essenciais para a balança
foguete típico [15].
forneça uma contribuição válida para um balanço de
incerteza das medições efetuadas. Aplicando-se um ou dois
2.5 Rastreabilidade padrões à balança quantificam-se os erros encontrados, que
As fontes de incerteza relacionadas à rastreabilidade são: são então confrontados com os limites de especificação
calibração, ajuste, verificação e cuidados na utilização. previstos em norma ou com os resultados das últimas
calibrações. Se os pontos verificados não estiverem dentro
A calibração, basicamente, verifica o desvio entre a leitura dos limites esperados, então a balança deverá ser submetida
da balança e um peso de referência (cujo valor é indicado no a uma calibração completa.
certificado de calibração). A calibração é a mais importante
fonte de informação para a verificação da incerteza de Quanto aos cuidados na utilização, deve-se considerar que
medição de uma balança sob as reais condições de todas as especificações de fabricante são baseadas em
instalação e operação. condições de pesagem idealizadas, até para permitir
comparações entre instrumentos diferentes. Mas os métodos
A calibração, por sua vez, pode sofrer influência usados no campo freqüentemente diferem daqueles usados
significativa do padrão utilizado para a comparação com os pelo fabricante. Variações dos métodos usados devem ser
valores indicados. apropriadamente documentadas e concessões precisam ser
Mesmo um padrão excelente contém incerteza e o valor feitas para os desvios na exatidão da pesagem daí
resultantes. No caso de um gancho de uma balança de baixa
capacidade ser usado na pesagem de uma amostra
2
Uma correção de até 7,5 ppm pode ser necessária quando magnetizada, as especificações do fabricante não podem ser
comparando pesos de aço inox de densidades diferentes. consideradas. Serão necessários testes preliminares usando
3
Valor típico de densidade específica, utilizado no segundo estágio amostras de referência para verificar o grau de exatidão
do VSB-30 e em alguns dos estágios do VLS1, conforme atingível.
informação obtida da Divisão de Química do IAE.
2.6 Procedimento pareça recomendável utilizar um número muito grande de
medições, na prática, o tempo necessário para tal número de
Quando medições são feitas, as indicações obtidas estão
medições implicaria custo proibitivo. Além disso, tal
afetadas de erros aleatórios e sistemáticos do processo de
vantagem torna-se progressivamente menor com o aumento
medição. Os erros sistemáticos podem ser corrigidos, mas os
do número de medições, não sendo “necessário fazer mais
aleatórios não. Entretanto, as influências destes últimos
do que 10 medições e freqüentemente 4 medições são
podem ser diminuídas através da repetição das medições e
suficientes” [18].
emprego do cálculo da média, uma vez que o erro aleatório
da média é menor do que o erro de cada medida Outra fonte de incerteza ligada ao procedimento é a norma
individualmente. A relação entre o desvio padrão da média e adotada para uma medição. A norma trata processos
o desvio padrão da medida (amostra) é dada por: repetitivos baseados em experimentos estudados sob
condições específicas. A aplicação de uma norma implica
σx considerar requisitos, hipóteses e condições que, se
σx = (5)
n desrespeitadas, terão impacto sobre o resultado.
Onde: No caso da medição de massa, o tempo de medição também
σ x , o desvio padrão das médias de n medidas; pode ser considerado uma fonte de incerteza porque afeta a
estabilidade da balança e da massa, se não for respeitada a
σ x , o desvio padrão da medida (amostra); e estabilização. Também afeta a leitura se não se aguardar a
estabilização do mostrador da balança.
n, o número de medidas ou amostras utilizadas no
cálculo da média. Mesmo a estratégia de medição pode ser uma fonte de
incerteza como a medição feita com o peso de teste sendo
Com a equação (5) pode-se calcular o desvio padrão da colocado em um dos cantos de um prato de balança, sem
média por meio do desvio padrão das amostras. Quanto verificar se pode ocorrer erro de excentricidade. Uma boa
maior o número de medições (amostras) para calcular a estimativa é o valor médio obtido entre as medições feitas
média, menores serão as variações entre as diferentes nos cantos e no centro da bandeja. Esse tipo de erro não foi
médias. Isto significa, por exemplo, que se forem feitos três detectado na balança utilizada na medição dos motores-
séries de medições de massa de um motor-foguete S30, com foguetes do VLS [6].
três medições (amostras) em cada série, as variações entre as
médias de cada série serão maiores do que se as séries O nivelamento também deve ser considerado na estratégia
fossem de nove medições. Ao comparar as médias entre as do procedimento, visto que a balança medirá o valor do peso
séries de medições, estas apresentarão um desvio padrão da projetado sobre o seu eixo de medição, isto é, o peso
ordem de três vezes menor do que o desvio padrão das multiplicado por um cosseno.
medições:
2.7 Mensurando
σx σx
σx = = (6) A definição do mensurando pode implicar em erro quando
9 3 não se considera a grandeza específica que realmente
Da mesma forma, a incerteza padrão da média pode expressa o fenômeno de interesse, seja valor médio, de pico,
ser calculada por: instantâneo, máximo ou mínimo. Além disso, dependendo
u da resolução da balança, a variação pode não ser percebida.
uI = (7)
n A qualidade superficial vai permitir a remoção mais fácil de
n impurezas e deposições feitas pela exposição ao manuseio
∑ (I −I)
2
i inapropriado e ao ambiente. No caso de remoção difícil, por
uI = i =1 (8) exemplo, a própria limpeza removerá minúsculas
n(n − 1)
quantidades de massa que, com o tempo, serão percebidas
sendo: pela balança mais sensível, afetando a leitura.
uI , a incerteza padrão da média das n medições repetidas;
u, incerteza padrão das medições em si, sem o cálculo da 2.8 Volume
média; O volume tem relação direta com a densidade e sua
Ii, i-ésima medida (amostra); e incerteza afeta a incerteza da densidade e, por conseguinte a
I , média das medições. incerteza do empuxo do ar, que se contrapõe à força peso.

O número de graus de liberdade (ν) da incerteza padrão da O volume, assim como a densidade, também é dependente
média é calculado por: da temperatura. Esta dependência é dada pela fórmula:

ν=n-1 (9) Vt(t)= Vt(t0 )[1 + αt ( t - t0 )] (10)

Embora nenhuma correção possa ser feita para um Onde:


componente aleatório da incerteza, a equação do desvio αt, o coeficiente de expansão térmica;
padrão da amostra dada pela equação (5) mostra a vantagem t0, a temperatura de referência do volume (usualmente, 20
de se aumentar o número de medições. Mas ainda que
ºC); Esta fonte de incerteza, mesmo em balanças menos sensíveis
Vt(t), o volume do mensurando a uma temperatura t; e pode ser considerável se houver incidência de luz solar, por
Vt(t0 ), o volume do mensurando a temperatura t0. isso é desejável aguardar a estabilização térmica da massa
em ambiente protegido, ao abrigo da luz solar direta.
A exemplo do volume, a composição do material também
afeta tanto a densidade quanto o empuxo do ar.
2.12 Operador
2.9 Repetitividade Diferentes níveis de habilidade, dos cuidados, da aplicação
correta da técnica, da experiência, da própria condição física
De acordo com o VIM [19], repetitividade é o grau de
do operador, como a acuidade visual, têm influência, em
concordância entre os resultados de medições sucessivas de
maior ou menos grau, sobre os erros sistemáticos e
um mesmo mensurando efetuadas sob as mesmas condições
aleatórios.
de medição. A repetitividade está associada à probabilidade
de que o valor do erro esteja dentro de uma determinada Existem sistemas de medição cuja dependência do operador
faixa. Assim, uma probabilidade de 95,45%, a repetitividade é praticamente nenhuma como a balança eletrônica digital
correspondente a 2σ. Para compensar a estimativa baseada computadorizada, entretanto, outros sistemas são muito
em um número finito de dados, a repetitividade é calculada sensíveis às intervenções do operador, como aqueles com
multiplicando-se a estimativa do desvio padrão por um indicador analógico, sujeitos, por exemplo, ao efeito de
número maior que 2. Este número é o fator t de Student. A paralaxe cujo grau de interferência é difícil de quantificar.
repetitividade é calculada pela fórmula [17]: Para se detectar se a influência do operador é grande, as
variações obtidas com diferentes operadores são verificadas,
Re = ± t.s (11)
mantendo-se os mesmos mensurando, sistema de medição e
Onde: condições ambientes. Se essas variações obtidas para o
Re, repetitividade conjunto dos operadores forem muito maiores do que para
t, coeficiente t de Student para 95,45% de probabilidade e um operador apenas, então a influência do operador no
n-1 graus de liberdade. sistema é significativa, e alguma ação de treinamento deve
s, desvio padrão experimental. ser empreendida.
É de se supor que um número muito grande de medições Outra influência do operador é relacionada ao modo como a
repetidas deixaria praticamente nulo o erro aleatório da massa é posicionada no prato da balança. Se a massa é
média, mas o custo é proibitivo na maioria das vezes. colocada com força adicional (carregamento brusco), um
erro pode ser induzido na indicação devido ao efeito de
A repetitividade é determinada nas mesmas condições de
histerese na balança.
medição que incluem a redução ao mínimo das variações
devidas ao operador e a manutenção do mesmo operador. Na medida em que o operador, adequadamente treinado, vai
realizando medições cuidadosas, observando os resultados,
2.10 Reprodutibilidade reconhecendo efeitos sistemáticos e aleatórios, ele se torna
capaz de identificar detalhes que conduzem a resultados
A reprodutibilidade, também segundo o VIM [19], “é o grau mais adequados, explorando melhor as capacidades da
de concordância entre os resultados das medições de um balança, atentando para o aparecimento de eventuais fontes
mesmo mensurando efetuadas sob condições variadas de de incerteza esporádicas.
medição”. Ou seja, difere da repetitividade apenas pela
variação das condições de medição, empregando a mesma Os fabricantes de balanças alertam também para o ajuste do
equação (13), “expressa, quantitativamente, em função das alinhamento da aceleração da gravidade com o eixo do
características da dispersão dos resultados” [19]. Para que sensor da balança e a atenção ao nivelamento da balança.
tenha um significado, a reprodutibilidade tem que ter as
condições variadas selecionadas bem especificadas quanto 2.13 Balança 4
aos princípios de medição, ao uso de padrões distintos,
De acordo com Albertazzi e Souza [17], os efeitos dos erros
diferentes locais de medição, diferentes momentos,
sobre a balança são os mais críticos e normalmente são
diferentes operadores, e assim por diante, para que seu valor
avaliados por calibrações em laboratório, diferentes das
expresse o comportamento da balança nas condições de uso.
condições de uso. Por isso há que se considerarem
cuidadosamente as demais condições em que se desenrola o
2.11 Deformação térmica do material do peso-padrão processo de medição.
As massas padrões têm que ser levadas bem próximas da
A OIML [21] recomenda que as balanças sejam submetidas
balança, até mesmo dentro da câmara da balança quando
a uma avaliação e a uma calibração completas, por um corpo
possível, para assegurar o equilíbrio térmico com a balança e apropriadamente acreditado, periodicamente, em função da
com o ambiente em torno, antes da calibração. Isto se torna aplicação e da freqüência de uso. A balança deve ter o zero
mais crítico para balanças e pesos de alta exatidão. A
ajustado antes do uso. Se houver um dispositivo interno de
recomendação internacional R 111-1 [20] sugere submeter
calibração este deve ser usado antes da medição. Uma
pesos a estabilização térmica que pode chegar a 79 horas,
dependendo do emprego desejado, da massa nominal, da 4
classe de exatidão do peso e do diferencial de temperatura. Neste trabalho, as balanças são todas consideradas de leitura
direta.
leitura sem carga deve ser feita (z1) seguida da leitura com de referência de uma densidade especificada (a 20 ºC) que
carga na bandeja (r1) e uma leitura final sem carga (z2). Isso produzirá uma leitura equilibrada igual àquela produzida
permite ao usuário compensar qualquer deriva de zero do pelo objeto se as medições fossem feitas no ar com
instrumento. A correção da deriva de zero (rd) é dada por: densidade de 1,2 kg/m3 a 20 ºC.
rd = r1 – (z1+z2)/2 (12) O objeto sob medição desloca um volume de ar cuja
densidade pode variar devido às condições ambientais e
Onde: reage com uma força resultante para cima que é função do
rd, correção da deriva de zero; tamanho do objeto. Para objetos grandes de baixa densidade,
r1, leitura com carga. a falha em corrigir o empuxo pode resultar em erros de 0,5
Z1, leitura inicial sem carga. % ou maior. Para Davidson e Perkin [22], a medição da
Z2, leitura final sem carga. densidade do ar é necessária para permitir correções,
particularmente importantes, quando se compara pesos de
As balanças utilizadas no IAE operam pelo método da
diferentes materiais ou medidas de massa de excelente
indicação, de acordo com Albertazzi e Souza [17], o de pior
exatidão. Outra razão, apontada por Boynton e Wiener [23],
estabilidade das características metrológicas, pois a balança
para as propriedades de massa medidas de grandes objetos
fica mais exposta à degradação pelo uso, desgaste,
leves serem diferentes dos valores calculados é que o ar tem
envelhecimento e contaminação dos componentes. Segundo
massa significativa e, retido dentro da carga útil, aumentará
os mesmos autores, os sistemas de medição (balanças) por
a massa total de uma quantidade igual ao volume não
indicação direta “são também mais intensamente afetados
ocupado vezes a densidade do ar (1,207792 kg/m3). Por
por um número consideravelmente maior de fontes de erro,
exemplo 5, o ar retido em um satélite de diâmetro de 1,2192
principalmente pela temperatura”. Entretanto, são as
m e um comprimento de 0,6096 m pesa aproximadamente
balanças que apresentam um custo de aquisição elevado,
1,8 kgf (17,8 N). Este efeito é chamado de efeito ar
menores dificuldades de manipulação inerentes ao emprego
aprisionado.
de massas e padrões grandes, além de implicar tempo menor
de teste. Davidson e Perkin [22] apresentam as fórmulas da correção
do empuxo para massa verdadeira e massa convencional.
A balança, após um período de inatividade, deve ser
Quando comparando valores de “massa verdadeira”, a
submetida a uma pré-carga substancialmente próxima da sua
correção do empuxo a ser aplicada entre duas massas pode
carga operacional máxima, para que possa liberar suas peças
ser dada pela seguinte equação:
do atrito causado pela eventual concentração de partículas,
poluentes, graxa, etc. BC = (V1 – V2).ρAR (13)
Em locais menos freqüentados, como o prédio do
Onde:
Acabamento, na UCA, a possibilidade de interferência
BC, a correção do empuxo;
animal não deve ser descartada, notadamente durante a
calibração. Vn , volume da “massa verdadeira” m (ou seja, Mm / ρm);
ρAR , densidade do ar no momento da comparação.
2.14 Empuxo do Ar (Buoyancy) A correção calculada devida ao empuxo é:
Um outro ponto que precisa ser levado em conta na Mt1 = Mt2 + BC (14)
calibração e uso de padrões de massa é o empuxo ou efeito Onde: Mtm é a “massa verdadeira” do objeto m.
de flutuação do ar. Um corpo imerso em qualquer fluido é
impulsionado para cima por uma força igual à força da A calibração de pesos-padrão por comparação geralmente é
gravidade no fluido deslocado. Dois corpos de massas realizada utilizando valores da “massa convencional”. Neste
iguais, se colocados um em cada prato de uma balança de caso a correção do empuxo depende da diferença da
braços iguais, equilibrará um ao outro no vácuo. Uma densidade do ar em relação ao valor convencional de 1,2
comparação no vácuo com uma massa-padrão conhecida kg/m3, e, portanto, se ocorrem em local onde o ar tem
fornece a “massa verdadeira”. Se comparada no ar, contudo, densidade exatamente igual a 1,2 kg/ m3, nenhuma correção
elas não se equilibrarão a menos que tenham também é requerida, não importando a diferença de volume entre os
volumes iguais. Se forem de volumes desiguais, o corpo pesos comparados. Para essas comparações em base de
maior deslocará um volume de ar maior e será empurrado “massa convencional”, a correção do empuxo é calculada
para cima por uma força maior do que será o corpo menor, e pela seguinte equação:
o corpo maior aparentará ter massa menor do que o corpo BC = (V1 – V2) x (ρAR – 1,2 x 10-3) (15)
menor. Quanto maior for a diferença dos volumes, e maior
a densidade do ar no qual se faz a comparação de peso, A correção do empuxo é aplicada da mesma forma para a
maior será a diferença aparente em massa. Por esta razão, ao correção da “massa verdadeira”:
se estabelecer um valor numérico preciso de massa para um Mc1=Mc2 + BC (16)
padrão, é necessário basear este valor em valores definitivos
para a densidade do ar e a densidade do padrão da massa da
referência.
5
A massa aparente de um objeto é igual à massa do material Os valores mencionados no exemplo, obtidos de Boynton, foram
convertidos para o Sistema Internacional.
A equação para a correção do empuxo da “massa Dependendo da estabilidade do ponteiro do mostrador
convencional” é mais complicada que para a “massa analógico e do espaçamento entre as divisões sucessivas,
verdadeira” e deve-se tomar cuidado com o sinal da admitem-se leituras de 1/2 DE, 1/5 DE, ou, em alguns casos
correção. Se o objeto 1 tem um volume maior que o objeto 2 extremos, 1/10 DE, conforme está ilustrado na fig.3 a seguir.
e a comparação ocorre em ar com densidade maior que 1,2
kg/m3, a correção BC será positiva.

2.15 Estabilidade ou Deriva


Para Albertazzi e Souza [17], “a estabilidade expressa a
aptidão de um sistema de medição em conservar constantes
suas características metrológicas geralmente ao longo do
tempo”. Diz-se geralmente, porque também pode ser
expressa em função de alguma outra grandeza de influência, Fig. 3 – Leituras admissíveis em mostradores analógicos.
como a temperatura.
2.17 Histerese
A estabilidade é expressa por uma taxa de variação da massa
que ocorre de modo lento e uniforme ao longo do tempo ou As balanças contêm peças móveis, que são movidas pela
da variação de outra grandeza de influência. No primeiro ação do mensurando produzindo a indicação. Se o valor do
caso, é chamada de deriva temporal (estabelecida em kg/h, mensurando (a massa) é crescente com o ajuntamento, e na
por exemplo) e no segundo, a grandeza poderia ser a seqüência, é decrescente com a retirada de massas (ou vice-
temperatura, e nesse caso é chamada de deriva térmica (dada versa), o sentido destes movimentos das peças é invertido,
em kg / K). Estas são as derivas mais comuns de serem produzindo indicações que são afetadas pela histerese,
usadas. originando um erro. Balanças bem projetadas, e
providências tais como a manutenção periódica visando
A deriva temporal diz respeito à necessidade de se levar em
eliminar folgas, possibilitam manter o erro de histerese
conta a provável mudança na massa dos pesos de referência
dentro de limites reduzidos, que não provoquem
desde a calibração anterior. Essa mudança pode ser estimada
interferências nos resultados.
a partir dos resultados das sucessivas calibrações dos pesos
de referência. Se esse histórico não está disponível, então é
usual assumir que eles podem ter a massa mudada de uma 2.18 Resolução
quantidade igual a suas incertezas de calibração entre Pode-se definir a resolução de um sistema de medição como
calibrações [24]. o limite da habilidade deste sistema responder a pequenas
mudanças na quantidade sendo medida. Esse limite é tratado
A deriva térmica está relacionada com o erro de
como um componente sistemático da incerteza. Em uma
sensibilidade.
balança com indicação digital, cuja resolução é de um
dígito, por exemplo, a incerteza pode ser considerada como
2.16 Divisão de escala
± ½ do menor dígito significativo ao qual a balança
Nos instrumentos com indicadores analógicos, a divisão de responde na faixa em uso. Para uma balança com indicador
escala (DE) é a diferença entre os valores da escala entre analógico, a resolução é determinada pela habilidade prática
duas marcas sucessivas. O gráfico Indicação versus de ler a posição do ponteiro na escala. A presença de ruído
Mensurando (fig. 2) deveria dar uma reta inclinada, mas em elétrico causando flutuações nas leituras da balança
alguns casos, devido às limitações do usuário para interpolar comumente determina a resolução útil.
os valores entre as divisões, resulta em um gráfico em
escada. 2.19 Erro sistemático
É a parcela do erro de uma medição correspondente ao seu
valor médio, considerando um número infinito de
indicações. Como não se dispõe de um número infinito de
indicações, nem tampouco o valor verdadeiro do
mensurando, calcula-se uma estimativa do erro sistemática
chamada tendência Td:
(17)
Td = I − VVC

Onde:
I , a média de um número finito de indicações do
mensurando e
VVC, o valor verdadeiro convencional.
Fig. 2 – Gráfico da Indicação versus Mensurando. Há sempre uma incerteza associada à tendência.
2.20 Erro de Linearidade 2
n
 ∂f 
O máximo desvio entre a curva característica real e a rampa Ea = ∑  u ( xi ).  (19)
i =1  ∂X i 
linear entre dois pontos – o zero e a máxima capacidade –
define o erro de linearidade. No caso da curva característica
ideal, a massa colocada na balança é sempre igual à massa 3. RECOMENDAÇÕES PARA O USO CORRETO DE
indicada pelo mostrador. Se o zero está correto e a balança UMA BALANÇA DE MASSA
foi corretamente calibrada e ajustada (para a capacidade
máxima), o erro de linearidade pode ser determinado pelo As balanças utilizadas atualmente para a medição das
desvio positivo ou negativo do valor no mostrador em massas das partes do foguete são balanças de indicação
relação à carga colocada sobre a balança. O erro de direta. Esse tipo de medição é adequado para aplicações de
linearidade é inevitável, posto que é causado pelas exatidão mais baixa do que para calibração, mas tal fato não
propriedades construtivas do próprio sistema de medição. exime o laboratório de seguir a boa prática. Como em
qualquer forma de medição de massa é essencial ter a
Dois dos tipos de curvas mais freqüentemente encontradas balança calibrada em uma base regular.
na representação desta relação são curvas de 2a (curva
convexa ou côncava) e 3a ordens (em forma de “S”), tal Recomenda-se que a balança seja submetida a uma completa
como mostradas na fig. 6: avaliação além da calibração, por um corpo técnico
adequadamente credenciado, periodicamente, dependendo
2.21 Instabilidade de massa do protótipo e dos padrões da aplicação e da freqüência de uso.
nacionais É importante que a escala da balança tenha a “tara” ajustada
Mesmo o protótipo internacional não é estável, admite-se antes do uso, e se existir um dispositivo interno de
um aumento relativo da massa do protótipo internacional de calibração da balança, este deve ser ajustado da medição.
1 x 10-9 devido ao acúmulo de poluentes sobre sua É extremamente importante acompanhar o uso e o desgaste
superfície. O próprio Comitê Internacional admite a massa do sistema de medição estabelecer referências e influências
do protótipo internacional como “aquela que segue sobre o funcionamento do sistema. Este acompanhamento
imediatamente à limpeza e lavagem segundo o método periódico permitirá a otimização dos intervalos de
BIPM [...]” [26]. É essa massa “instantânea” que serve de calibração, a percepção de eventual deriva temporal e até da
referência para calibrar os padrões nacionais de platina influência da calibração feita por terceiros ou de padrões
iridiada. No caso de se utilizar padrões de aço inoxidável, a inadequados.
mesma fonte diz que:
O operador deve passar por treinamento adequado de modo
[...] a incerteza relativa da comparação dos padrões a capitalizar a exatidão e a precisão das balanças.
do quilograma é limitada a 1 x 10-8, devido à
incerteza relativa da correção do empuxo do ar. Os O operador deve colocar a peça a ser medida no meio do
resultados das comparações no vácuo devem ser prato da balança para se evitar erros de carga excêntrica.
submetidos a outras correções, para levar em conta O operador deve buscar manter a repetitividade
variações da massa dos padrões quando da especificada.
passagem do vácuo para a pressão atmosférica [26].
O operador deve manter a balança nivelada para prevenir
2.22 Combinação de Fontes de Incerteza erro sistemático de sensibilidade.
O erro resultante da combinação das diversas fontes de Recomenda-se ainda que após uma mudança de temperatura
incerteza pode ser obtido de duas maneiras diferentes, de 1 a 2 ºC, um novo ajuste seja feito se a balança for de alta
dependendo de se considerar os limites de erros absolutos ou resolução.
estatísticos tais como limites de ± 3σx, erros prováveis e as O ajuste de uma balança pode ser realizado com pesos de
incertezas. Utilizando-se os limites de erros absolutos, a diferentes tamanhos para obter a melhor exatidão, na
incerteza combinada é obtida pela equação [28]: principal região de uso da faixa de medição. Se, por
exemplo, uma balança com uma carga máxima de 5 kg é
∂f
E a = ∑ u ( xi ). (18) usada predominantemente na faixa de 800 a 1.200 kg, o
∂X i ajuste deve ser feito para 1 kg e não para 5 kg.

Onde:
f, função matemática contínua e derivável que relaciona o 4. CONCLUSÃO
mensurando com as grandezas de influência; Cada sistema de medição é único, da sua fabricação a
u(xi), incerteza padrão da i-ésima grandeza de influência operação nas condições em que funciona, e é isso que torna
combinada; a identificação e quantização das fontes de incerteza um
∂f(Xi)/∂Xi, derivada parcial da função f em relação à i-ésima problema complexo e meticuloso. Foram comentadas vinte e
grandeza de influência que está sendo combinada. uma fontes de incerteza julgadas significativas para a
Utilizando-se os limites de erros estatísticos, aplica-se a estimativa de massa que, adequadamente avaliadas,
fórmula da raiz quadrada da soma quadrática [28]: permitirão uma estimativa confiável da massa final de um
foguete. Foram feitas recomendações genéricas encontradas [10] Ferreira, Aurélio B. H. Novo dicionário da língua
na literatura e que se aplicam a qualquer balança de medição portuguesa. 1ª ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, [1975].
de massa. P.40.

AGRADECIMENTOS [11] Giacomo, P. “Equation for the density of moist air”.


Metrologia, v.18, n.1, p. 33-40, 1982.
Os autores gostariam de agradecer a FAPESP - Fundação de [12] Davis, R. S. “Equation for the density of moist air”.
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (processo Metrologia, v.29, n. 1, p. 67-70, 1992.
05/00136-3), a AEB – Agência Espacial Brasileira, ao
Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA), ao [13] Tsimitras, P. “Calibration of electronic nonautomatic
Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA) e especialmente weighing instruments: error analysis”. OIML Bulletin,
Troyes, v.XLIV, n.2, apr. 2003. Disponível em:
ao Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), por todo apoio
http://www.oiml.org/bulletin/2003/04/oiml_bulletin_apr_200
recebido. 3.pdf. Acesso em: Oct. 2005.
[14] National Physical Laboratory (NPL). “Good practice
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[3] Boynton, R.; Wiener, K. “How to calculate mass properties
(an engineer’s practical guide)”. Space Electronics, Berlin, [17] Albertazzi, A.; Souza, A. “Fundamentos de metrologia
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[25] Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
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Vila das Acácias, CEP 12228-904, São José dos Campos, São
[26] Davis, R. "The SI unit of mass”, Metrologia, vol.40, pp. 299-
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Doutor em Ciências pela Universidade Católica de Santa Catarina,
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