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com Painel Sair

JOZIAS BENEDICTO
C R Ô N I C A S & C O M E N T Á R I O S S O B R E A R T E S V I S U A I S , A M I G O S , C U LT U R A , L I V R O S ,
MÚSICA, VIAGENS, VIÑOS & OUTROS HEDONISMOS

PESQUISAR ESTE BLOG DOMINGO, 27 DE JUNHO DE 2010

Pesquisar O Projeto Acervo (e a lua cheia)


O convite veio
meio misterioso,
QUEM SOU EU
sem data e local.
Mas logo depois
recebi email do
Leonardo
Videla
J O Z I A S B E N E D I C TO
esclarecendo: a
RIO DE JANEIRO, RJ,
primeira edição
BRAZIL
do Projeto
Artista visual, estudou
Acervo que seria
com Ivan Serpa, Anna
feita na casa do
Bella Geiger, Rubens
colecionador, um espaço privado, com isso não seria tão aberto como os
Gerchman, John
anteriores, a maioria feita no fantástico Espaço Bananeiras.
Nicholson, Chico Cunha,
Sou um fã do Projeto Acervo, sou um feliz colecionador de uma edição
José Maria Dias da Cruz,
(apresentada no Bar do Mineiro, também em Santa Teresa), acho uma
Katie Van Scherpenberg.
ótima alternativa para romper o viciado circuito artístico, veiculando
Exposições individuais na
trabalhos de qualidade para novos colecionadores. O trabalho que o Leo
Galeria Macunaíma 1981 e
Videla faz, de colocar lado a lado os artistas e os colecionadores, sem
na EAV Parque Lage 1982.
interferência do mercado, mas ao mesmo tempo sem detonar o mercado
Na década de 1980
e sim entrando em um nicho, em uma lacuna deste mesmo mercado, é
participa com desenhos,
ímpar. E os resultados estão aí: 2 anos de Projeto Acervo, uma fila de
Super8 e instalações, do
espera de pelo menos 6 meses, artistas que fazem a diferença,
Salão Nacional de Artes
colecionadores que também fazem a diferença; e cada vez mais, ousadia.
Plásticas, Salão Carioca,
Enfim, um táxi (eu que não vou mais
Mostra de Desenho
de carro para a night, a Lei Seca é
Brasileiro do Paraná e da
feroz e eu acredito nela) que nos leva
XVI Bienal de São Paulo
do Corneteiro (aggrrhh) da Visconde
1981. Na década de 1990
de Pirajá até o Curvelo. O portão é
trabalha com multimeios,
misterioso, mas é o numero que eu
design gráfico, webdesign
tenho; o táxi não pode subir; OK,
e tecnologia da
subo a ladeira, resfolegando, no
informação, retornando ao
meio da mata aparecem construções modernistas, meu deus, será que
desenho e à pintura em
estou no parque da Glass House? mas a paisagem é linda, as árvores,
2003. Em 2004 participa
um bosque, mata atlântica, bem mais viçosas que na Glass House.
do Salão de Paraty e de Aqui estamos, é um sábado a noite, o táxi nos deixou na entrada,
coletiva de pintura na subimos a pé uma ladeira fatal para os cardíacos. No meio da mata, aos
EAV. Em 2005 e 2006 poucos, vemos uma casa, moderna, concreto, espaços. Como pronta,
participa de coletiva na como a fazer, como um vir-a-ser, sobre o morro, vigilante, cúmplice da
Galeria Gentil Carioca e de luz cheia, guardiã de uma vista que mostra, de um lado, o centro da
eventos com o Grupo cidade com a ponte Rio-Niterói e uma promessa de montanhas e Dedo
Pyrata (Rio) nas barcas de Deus em dias de céu claro e do outro, um Pão de Açúcar majestoso.
Rio-Niterói e no Parque A casa é linda, maravilhosa; e a
Lage. Entre 2006 e 2010, coleção do Projeto Acervo está lá, em
em Brasília, se entediou e frente de uma parede de concreto.
gerenciou um Projeto em Ah mas a inveja mata e enterra; eu
Inteligência Artificial. No sempre achei que a minha edição do
Rio em 2010, retoma os Projeto Acervo era o máximo,
cursos no Parque Lage quando vejo uma nova edição fico
(João Magalhães, Malu louco. Fico louco mesmo, de inveja,
Fatorelli, Suzana de ódio, de ciúme, todas as emoções... vendo o objeto do Fernando de la
Queiroga, João Atanásio, Rocque, vendo o objeto sonoro do Franz Manata e do Saulo Laudares,
Gianguido Bonfanti) e tem vendo o desenho do Pedro Varela... Claro que nesta hora eu rezo a Deus,
ateliê na antiga fábrica da peço perdão, me lembro de como minha edição também foi excelente;
Bhering. Trabalha como mas colecionadores são assim, nunca satisfeitos.
editor de livros sobre arte, Beleza, vamos beber um vinho, vamos conversar, vamos olhar a lua
a coleção Pensamento em cheia que está colocada exatamente na linha do projeto de arquitetura,
Arte, da Editora Apicuri. E na verdade parece que a luz cheia é um adereço da casa. Vamos
continua vampiro. conversar sobre arte, sobre desejos, sobre a vida.

V E R M E U P E R F I L C O M P L E TO
Escrevi algumas vezes aqui no blog
sobre o Projeto Acervo, que mantém
sua proposta e a cada edição me
MARCADORES surpreende. Feliz o colecionador,
aquarelas (20) que leva trabalhos de alta qualidade

arquitetura (7) por um valor bem menor que o


mercado cobraria; e trabalhos que
ateliês (5)
tem uma ligação, uma curadoria,
auto-retrato (7)
que aparece na exposição mas que ao mesmo tempo não é excessiva
Barcelona (1)
Estão eles lá: a casa, clean; a arte; o conviver. Melhor que isso só dois
Bienal (2)
disso. Quero dois, quero mil, um milhão. Enfim.
blog (1) É a casa do colecionador, é o Projeto Acervo em sua primeira edição na
Brasília (19) casa do próprio colecionador. E que edição. Os artistas: Alexandre
carnaval (1) Vogler, Ana Holck, Arjan Martins, Fernando de La Rocque,
colagens (1) Franz Manata e Saulo Laudares, Guga Ferraz, Leo Videla,
colecionar (16) Luiza Baldan, Pedro Varela e Tatiana Grinberg.
coletivo (1) A história da casa: recente, nestes primeiros anos no terceiro milênio, o

conceitualismo (2) casal procura uma casa para comprar, em Santa Teresa onde sempre
moraram, em apartamentos alugados. Procura uma casa antiga, para
contos (1)
restaurar, bem no clima do bairro. Não é fácil, um dia encontram um
crônica (3)
terreno, um super terreno que sobe por uma encosta e, a cavalo desta,
cultura (5)
dança (4) tem uma face para o centro e outra para Botafogo: de um lado a Ponte
desenhos (35) Rio-Niterói e em dias limpos até o Dedo de Deus; do outro o Pão de
design (2) Açucar; no terreno, uma ruína apenas; e um desafio: construir uma casa,
ensino de arte (5) uma vida. Um colega de trabalho vê em uma revista obras de um
arquiteto paulista, mostra a revista; ele marca um encontro, o arquiteto
erotismo (1)
vem ao Rio, sobe a Santa Teresa, anda pelo terreno, sente o cheiro das
esculturas (13)
árvores, navega pelo visual. Semanas depois o arquiteto marca outro
exposições (122)
encontro, vem de carro e traz um objeto: uma maquete do que ele
família (1)
pensava como solução para a casa.
Feira de Arte (5) A maquete é um determinante, ela
festa (1) se impõe mais que um jogo de
filmes (6) plantas, ela é uma promessa e uma
fotografias (17) esperança, e assim o negócio se
galerias (9) fecha. Cercado de críticas: como
gastronomia (4) uma casa de arquitetura modernista

graffiti (2) em pleno enclave de arquitetura


colonial? Como uma casa de
gravuras (5)
arquitetura paulista em pleno Rio de Janeiro? Como, como, como? As
imagens (1)
críticas dificultam o andar da obra, a comunidade de Santa Teresa
instalações (60)
reivindica um projeto mais dentro da arquitetura tradicional... mas o
internet (1)
casal segue em sua tarefa, construindo o que para mim é um
Ivan Serpa (3) monumento, uma obra prima da arquitetura.
jornal (1) O Rio na verdade acaba tendo
literatura policial (1) poucas obras-primas de arquitetura,
livros (17) e desfigura as que tem, em um
Londres (2) processo autofágico. O Rio é
MAC (2) maravilhoso, a paisagem é linda, a

mail-art (1) montanha e o mar; e confia nisso,


não cuida de sua arquitetura,
MAM-Rio (15)
desmonta coisas que deram certo,
MAM-SP (2)
deixa a pobreza e a irregularidade invadirem bairros interessantes (a
mitologia (2)
Gávea, por exemplo) e depois tem soluções urbanísticas de quinta
moda (4)
categoria. Neste processo louco, Santa Teresa é um bairro que resiste,
modernismo (3) muito por conta dos moradores, tudo contra todos. A luta pelo bondinho
montagens (1) é um exemplo, o poder público adoraria desligar o bondinho, trocá-lo
multiplos (1) por linhas de ônibus que trazem mais caixa 2 para as eleições; mas aqui
musica (2) não, Santa Teresa resiste e o bondinho permanece.
música (5) Da casa podemos sentir, do lado direito, outra boa ocupação do morro
NYC (9) que foi a Chácara do Céu, do Castro Maia, hoje um museu; abaixo, na
direção do Centro da cidade, lembramos de outra boa ocupação de um
objetos (11)
terreno em Santa, a casa/ateliê do artista José Tannuri. Sem medo de
opera (1)
ser feliz eu poderia dizer que são os pontos altos arquitetônicos deste
Paço Imperial (3)
bairro, tão carioca e ao mesmo tempo tão modernos ou
Paris (1)
contemporâneos.
penetráveis (2) Fico muito feliz de estar nesta casa, bebendo um vinho e tomando um
performance (10)
pessoas (10) caldinho de feijão, conversando com os simpáticos donos da casa, com o
Philippe de Champaigne Leo Videla, com os artistas. Penso que a vida é isso, e que existem
(16) alternativas, fora do viciado circuito de arte, para veicular trabalhos
Pinacoteca (11) artísticos. Que arte e vida estão juntas, e se completam, mas que é muito
pintura (106) difícil cuidar disso agora, nestes anos 10 do terceiro milênio; que ser

poesia (3) artista é isso, batendo nas grades, tentando expandir espaços,
derrubando as grades que nos prendem, as grades que são mais fortes
Projeto Acervo (15)
quanto menos visíveis. Uma arte que venha não para validar o que está
retrato (1)
aí e sim para questioná-lo, para ser uma fissura no estabelecido, para ser
Rio (82)
o que falta, o que mina as estruturas, o que pergunta.
SP (31)
A lua está cheia e seu brilho cai sobre a piscina como uma noite de prata.
tecnologia (2) Os objetos de arte do Projeto Acervo adquirem vida própria e se
Thesouro da Juventude (3) espalham pela casa pós-moderna, como objetos, como náufragos, como
vanitas (18) coisas.
viagens (17) Respiro fundo, a noite é fatal. A casa fica, as obras de arte ficam, mas
video (22) tenho que ir embora, é tarde e tenho compromissos para o domingo. Um
vinhos (6) adeus me diz que estive em um momento fora da minha realidade, e que

xilogravura (5) esta é uma realidade em paralelo. Gosto. Gosto muito.


Respiro fundo, sigo a trilha de volta, no caminho para casa. Bom. E
perfeito, é a vida.
E S TAT Í S T I C A S P O S TA D O P O R J O Z I A S B E N E D I C TO À S 0 7 : 3 0
M A R C A D O R E S : P R O J E TO A C E RV O

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