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INTERNAMENTO COMPULSIVO NO
ORDENAMENTO JURÍDICO PORTUGUÊS,
À LUZ DA LEI DA SAÚDE MENTAL
Criminal Law of madness: compulsory admission and
involuntary treatment of mentally ill patients in Portuguese
Legal System under the Mental Health Law
Vanessa Pelerigo*
1
Keywords: Mental Health – Compulsory Admission and Involuntary Treatment of Mentally Ill
PaƟents - Psychiatry – Mental Health Law – Mentally Ill - Insanity
Abstract: This paper addresses the issue of the compulsory admission and involuntary
treatment of mentally ill paƟents in portuguese legal system under the Mental
Health Law and discusses whether the inpaƟent care determining is a purely clinical
judgment.
Introdução*
*
Por vontade da autora, este texto não segue as regras do novo acordo ortográfico.
1 Assim: «Fernandes da Fonseca (1987) admite mesmo que o Direito Romano pode ter sido
o primeiro a estabelecer normas jurídicas relativamente ao comportamento dos cidadãos, ao
reconhecer os seus atributos de uma consciência moral e de uma responsabilidade»., AA.VV
(2009), p. 185; Mais desenvolvidamente, ANTÓNIO DOS REIS (2000), p. 114: «Esta aliança entre
a psiquiatria e os penalistas foi responsável pela noção dos estigmas patológicos que levavam à
loucura perigosa, dando guarida às teses penalistas em que a responsabilidade atinge não só os
actos cometidos, mas também o indivíduo e as suas características psicológicas que representassem
provável perigo social».
2 Diz CUNHA RODRIGUES (2000), p. 51: «As dificuldades suscitadas pela relação entre a pessoa
afectada por doença mental e a sociedade convocam-nos, assim, para áreas de problematização
que têm por epicentro a liberdade e onde, não obstante o progresso epistemológico verificado nos
vários ramos das ciências, subsistem extensas manchas de equívoco e de indefinição (...) mas é
necessário que a comunidade científica não desperdice a oportunidade para revisitar alguns lugares
de sombra e obscuridade».
3 A propósito das dificuldades no cruzamento entre Direito e Medicina, LUÍS GAMITO (2004), p.
12: «...onde a medicina sempre tem encontrado obstáculo no discernimento entre o normal e o
patológico. Propiciando assim, ao Direito um papel de desconforto nas expressões denominativas
a encontrar para a caracterização de fenómenos, chegando a resultados nem sempre consensuais
e, por vezes, esteticamente singulares».
Dita a CRP que “[n]inguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não
ser em consequência de sentença judicial condenatória pela práƟca de acto punido por lei
com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança” (arƟgo 27º)7. Quando,
em 1997, a Assembleia da República procedeu à revisão da CRP, abriu caminho à possi-
6 Esquirol é autor da Lei de Reforma Hospitalar em 30 de Junho de 1838 (e que esteve em vigor
até 27 Junho de 1990). Esta lei regulamentou a situação médico-jurídica na maioria dos países
ocidentais, diferenciando doentes mentais graves e criminosos. Criou um verdadeiro estatuto
jurídico para os doentes mentais.
7 Segundo MARIA JOÃO ANTUNES (2002) :«O Direito Penal saído do Século das Luzes é um direito
que assenta no princípio da responsabilidade moral e tem como destinatário o cidadão livre e
senhor dos seus actos da Declaração dos Direitos do Homem de 1789, assim se compreendendo
que o cidadão com tais anomalias seja um estranho para a justiça penal e que só aquele que, contra
a vontade geral expressa na lei, escolheu livremente a via do crime seja sancionado através da
aplicação de uma pena necessariamente ligada à culpa».
8 Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei
determinar, nos casos seguintes: «(...) h) Internamento de portador de anomalia psíquica
em estabelecimento terapêutico adequado, decretado ou confirmado por autoridade judicial
competente».
9 Posteriormente complementada pelo Decreto-Lei 35/99 e mais recentemente por todos os
documentos produzidos na sequência do Plano Nacional de Saúde Mental 2007-2016.
10 Até aí, esta prática era regulamentada pela Lei n. .º 2118, de 1963, a qual, ainda que considerada
muito avançada para a época, se tornou desadequada após a publicação da Constituição da
República, em 1976. Desde logo, por dificuldades de compatibilização, ainda que se pudesse
entender o reconhecimento da necessidade de uma intervenção judicial prévia.
11 Caracterizada pela desinstitucionalização e pela tentativa de implementação de serviços próximos
da comunidade, de modo a evitar a estigmatização do recurso a hospitais psiquiátricos.
12 Sobretudo com a evolução dos tranquilizantes.
13 A própria denominação da lei é questionada por vários autores. Veja-se CUNHA RODRIGUES
(2000), p. 40: «O que, em rigor, parece questionável é a denominação da lei como “Lei de Saúde
Metal”, pela ambição que sugere, pois os princípios ligam-se mais à definição dos modelos de
protecção e de tutela que a alternativas médicas, sanitárias ou sociais. Em resumo, é um diploma
que consagra e regulamenta princípios de protecção e tutela de pessoas afectadas por anomalia
psíquica, designadamente doença mental. O diploma ordena separadamente os direitos e deveres
do internando e do internado, de molde a assegurar meios de defesa da liberdade e de manutenção
dos direitos cívicos consentâneos com o internamento»; No mesmo sentido, ADRIANO VAZ SERRA
(2000), pp. 55 e 56: «O seu verdadeiro nome deveria ser “Lei do Internamento Compulsivo”,
pois a maior parte do seu articulado é deste facto que trata. É uma lei de aplicação muito restrita,
que abrange e diz respeito a um escasso número de pessoas».; E, ainda, VIEIRA DE ANDRADE
(2000), pp. 80 e 81: «a lei pretende ser a lei da saúde mental, que regula com alguma densidade
o internamento compulsivo, porque se trata de uma matéria de reserva legislativa (de direitos
fundamentais) em que se exige um grau elevado de concretização, e que se limita a estabelecer
os princípios gerais da política de saúde mental, porque é assim, apenas através de princípios, que
o legislador deve intervir normativamente no plano da definição política. Não se tratará então de
uma regulação deficiente da política de saúde mental, mas da assunção pela legislador de uma
ideia de autocontenção normativa, pelo que esta será uma “lei da saúde mental”, tanto quanto é
uma “lei do internamento compulsivo”.
14 Com base nos relatórios dos grupos de trabalho, o governo apresentou à Assembleia da República
a Proposta de Lei n.º 121/VII, cuja discussão na generalidade está publicada no Diário da
República I Série, n.º 47, de 12 de Março de 1998. Os relatórios e pareceres da Comissão de
Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e da Comissão de Saúde, encontram-se
publicados no DR, II S, n.º 36, de 12 de Março de 1998.
15 Nesse mesmo sentido, DUARTE NUNO VIEIRA e GUILHERME DE OLIVEIRA (2000), p.5: «Esta lei
fez uma opção quanto ao melindroso problema de saber se se pode internar compulsivamente
um indivíduo que, apesar de exibir sintomas manifestos de uma anomalia psíquica grave, nunca
praticou um “acto punido por lei” e, assim não foi por esse facto julgado e condenado».
16 ADRIANO VAZ SERRA (2000), p. 57: «Estas circunstâncias ocorrem, na prática clínica, usualmente
em duas situações distintas. Uma delas, quando o indivíduo perde a crítica da realidade, como
pode acontecer num surto de Mania ou Esquizofrenia. Outra, quando determinado comportamento
compulsivo, sem controlo adequado, faz correr riscos ao próprio ou aos outros, ou tem como
consequência a delapidação de bens. Podem ser aqui incluídos certos Transtornos de Controlo
de Impulso».
mecanismos próprios do Direito Penal e do Direito Processual Penal17, neste caso do inter-
namento compulsivo está a fazer valer-se do Direito AdministraƟvo, pois estamos perante
uma medida administraƟva, revesƟda de um princípio de judicialidade.
Face ao que acabámos de expor torna-se necessário fazer uma pequena ressalva no
senƟdo de compreendermos as diferenças entre os procedimentos da Lei de Saúde Men-
tal e os do Código Penal quanto ao tratamento jurídico do portador de anomalia psíquica.
Assim, enquanto a Lei de Saúde Mental é orientada, em grande parte, para a regulamen-
tação do internamento compulsivo (com uma finalidade sobretudo terapêuƟca), o Código
Penal define os pressupostos da inimputabilidade e do respecƟvo internamento, mas num
contexto pós-delitual e com finalidade de aplicação da sanção penal.
Desde logo, a Lei de Saúde Mental não estabelece como pressuposto da sua interven-
ção a práƟca de um qualquer facto ilícito ơpico pelo portador de anomalia psíquica, não se
confundindo, por isso, com as medidas de segurança criminais. Não é, assim, necessária a
práƟca de um facto ơpico e ilícito, qualificado pela lei penal como crime18. A dispensa desta
exigência é indicadora do escopo da Lei de Saúde Mental, o qual não passará pela prevenção
da ocorrência de factos ơpicos ilícitos, mas sim pela possibilidade de assegurar ao doente
o tratamento necessário, evitando assim pôr em risco bens jurídicos (seus e alheios). Esta
conclusão convoca o seguinte problema: se o propósito da intervenção é eminentemente
curaƟva, porque será o perigo um pressuposto daquela? Note-se que o Internamento Com-
pulsivo tem de ser concreƟzado nos termos no nº 2 do arƟgo 8º, em função do grau de
perigo e do bem jurídico em causa. Uma interpretação orientada para a asserção do escopo
da norma revela que a perigosidade deve ser analisada e verificada concretamente e não de
forma genérica. O perigo será, assim, uma condição apenas para a legiƟmidade da interven-
ção estatal. Pretende-se que o tribunal compreenda se o sujeito padece de uma anomalia
psíquica grave e se, através da consideração de determinados factos segundo um juízo de
perigosidade, é sustentada a conclusão de que o doente representa um perigo para bens
jurídicos importantes, próprios ou de terceiros.
No que diz respeito à medida de segurança de internamento de portador de anomalia
psíquica, esta encontra-se regulamentada nos arƟgos 91º e seguintes do Código Penal. É
necessária, para a sua aplicação, a verificação de dois pressupostos: o facto praƟcado seja
um facto ilícito ơpico, por alguém considerado inimputável, nos termos do arƟgo 20º e que
17 ANTÓNIO LEONES DANTAS (1998), p. 59: «O recurso ao sistema jurídico penal, na parte em que
enquadra estas medidas permitiu estender ao internamento compulsivo aspectos fundamentais do
regime de garantias construído no direito penal para aquelas medidas. O que está em causa com
esse recurso é a utilização daquele sistema de garantias para a protecção do doente e não para
confundir com um qualquer arguido de um processo penal».
18 No mesmo sentido, CUNHA RODRIGUES (2000), p.45: «(...) é evidente que não se exige uma
perigosidade especificamente criminal, no sentido da possibilidade da prática de factos ilícitos
típicos. Mas a Lei fala em “bens jurídicos, de relevante valor, próprios ou alheios, de natureza
pessoal ou patrimonial”, o que significa que há-de tratar-se de bens protegidos pelo direito e, ainda
aqui, de “relevante valor”. Não basta um juízo vago ou abstracto de “perigosidade social”, com o
que fica definitivamente arredada a aplicação de critérios baseados em princípios morais, em usos
ou em conceitos ou estereótipos de ordem ou de desvio e, ainda mais, a cedência a concepções
estéticas, de higiene social ou de honra familiar que historicamente justificaram e estimularam a
ocultação da loucura».
por virtude da anomalia psíquica e da gravidade do facto praƟcado, houver fundado receio
de que venha a cometer outros factos da mesma espécie19.
Ainda assim, não basta que exista doença mental, pois ela, per si, não dá lugar à inimpu-
tabilidade, sendo ainda necessário que se prove que é a doença mental que torna o agente
incapaz de avaliar o seu comportamento face ao ilícito.
Regressemos à Lei de Saúde Mental. O arƟgo 1º define o objecto da lei, estabelecendo
os princípios gerais de políƟca e de saúde mental e regulando o internamento compulsivo. É
notória a relevância, face ao número crescente de pessoas com problemas de saúde mental,
da necessidade de protecção, no âmbito das políƟcas de saúde, num modelo comunitário (a
contrapôr ao tradicional)20.
Os próprios direitos e deveres dos doentes mentais reflectem uma nova relação entre
o doente e o médico, convocando a problemáƟca do consenƟmento informado, do mero
direito à informação ou do direito à protecção da saúde.
Numa escala gradaƟva, apresenta-se, em primeiro lugar, o princípio da necessidade de
consenƟmento, seguido do consenƟmento informado21 e, como excepção, a intervenção
sem consenƟmento, a qual se jusƟfica quando, por força do problema psiquiátrico de que
padece, o doente perca a capacidade de compreender22.
19 Concluindo, MENEZES LEITÃO (2005), p. 132: «Daqui resulta que a medida de internamento
compulsivo tem pressupostos bastante mais latos do que aqueles que resultariam de uma medida
de segurança, dado que esta é avaliada em função da prática anterior de factos ilícitos tipificados
como crimes, enquanto a medida de internamento compulsivo tem apenas como pressuposto
uma situação de potencial perigosidade, ou até pode prescindir dela, bastando-se com os danos
causados ao doente com a ausência de tratamento».
20 Nesse sentido, HELDER ROQUE (2000), p.124: «...a Nova Lei de Saúde Mental assenta numa
concepção de cidadão passível de ser sujeito a internamento compulsivo, como de um ser afectado
na sua capacidade de avaliação e decisão, em face do qual a sociedade legitima a imposição de
restrições aos seus direitos fundamentais. Porém (...) os seus destinatários são cidadãos doentes,
carecidos de tratamento, e não, propriamente, autores de factos ilícitos penais típicos, pelo que
qualquer reacção social contra os mesmos pode correr o risco de ser inoportuna, desadequada
ou desenquadrada. É que o conceito de anomalia psíquica pressuposto pela nova Lei é o de um
estado de perturbação de consciência ou de perturbação do equilíbrio psíquico, relativamente a
um padrão de cidadão considerado normal, mas susceptível de tratamento adequado».
21 Embora possa haver situações de consentimento presumido a contrastar com o consentimento
efectivo expresso.
22 Nesse sentido, ANTÓNIO JOÃO LATAS e FERNANDO VIEIRA (2004), p. 36: «O legislador de saúde
mental deixa bem claro o entendimento de que a existência de patologia psiquiátrica só por si
não implica ausência da capacidade de entender ou decidir, reconhecendo para o doente utente
dos serviços de saúde mental, em termos idênticos aos dos restantes doentes, o abandono do
modelo paternalista e o respeito pela sua vontade, mostrando-se, assim, em sintonia com os
instrumentos jurídicos internacionais aludidos e, designadamente, com a CDHB»; pp. 45 e 46: «a
lei privilegia agora a perspectiva gradativa e casuística, segundo a qual são reconhecidos diversos
graus à capacidade de decidir, cabendo ao médico a sua identificação em cada caso, relacionando
a capacidade de decidir com as particularidades do acto médico e a maior ou menor exigência
imposta pelo mesmo».
O Internamento Compulsivo, isto é, não voluntário, consƟtui, ainda que para fins tera-
pêuƟcos, uma restrição à liberdade individual, a qual pode revesƟr, tendo em conta o con-
texto de doença mental, uma agravação da vulnerabilidade e exposição do doente, pelo que
a jusƟficação dessa privação de liberdade só se poderá fundamentar na prevenção do dano
para si próprio e para os outros23.
As condições de aplicação do Internamento Compulsivo encontram-se no Capítulo
II, todo ele dedicado ao Internamento Compulsivo, definindo-se, logo no arƟgo 6º, o seu
âmbito de aplicação. Este é, efecƟvamente, o capítulo mais significaƟvo da Lei da Saúde
Mental, onde se prevê e se regulamenta o regime do internamento compulsivo.
Detalhadamente, a Lei da Saúde Mental admite dois regimes de Internamento Compul-
sivo: o internamento compulsivo normal (arƟgo 12º e ss.) e o internamento compulsivo de
urgência (arƟgo 22º e ss.). Desde logo, o Internamento Compulsivo tem como pressupostos:
– que o portador de anomalia psíquica grave crie, por força dela, uma situação de
perigo para bens jurídicos e se recuse submeter ao tratamento necessário;
– que o portador de anomalia psíquica grave não possua o discernimento necessário
para sequer compreender o alcance do consenƟmento e quando a ausência de trata-
mento deteriorar o seu estado.
23 M. SIMÕES DE ALMEIDA (2011), pp. 103 e 104: «Reconhece-se que estes doentes não podem gozar
de todos os direitos fundamentais da mesma maneira que a generalidade das pessoas, pois que
a sua situação justifica e impõe restrições ou limitações especiais. Contudo, estas restrições ou
limitações têm que ser adequadas e na medida estritamente necessária ao fim a que se destinam.
Além disso, é necessário que não sejam desproporcionadas ou desproporcionais, ponderando o
custo da limitação com o benefício desse modo alcançado para os direitos dos outros ou para os
valores comunitários envolvidos».
24 Nesse sentido, ANTÓNIO LEONES DANTAS (1998), p. 56.
psíquica, designadamente de pessoas com doença mental”, por oposição à mera referência
a “anomalia psíquica” em todo o capítulo relaƟvo ao Internamento Compulsivo. No entanto,
a doutrina sobre as questões de inimputabilidade25 assenta numa noção de anomalia psí-
quica aberta à evolução do próprio conhecimento cienơfico, até porque se trata de um con-
ceito mais abrangente que “doença mental”26. A designação surge em todo o ordenamento
jurídico português27. Ainda assim, aquele conceito vago, mas abrangente, coloca dúvidas a
juristas e a médicos. Os juristas dizem ser um conceito clínico28. Os médicos dizem ser um
conceito jurídico. Seja qual for a sua génese, parece-nos que a uƟlização deste conceito é
profundamente úƟl, uma vez que permite englobar toda e qualquer alteração que nasça
de uma perturbação do funcionamento psíquico e que requeira, por isso, um tratamento
médico-psiquiátrico. Isto é, abarca um leque extenso de psicopatologias, adaptando-se à
evolução da Psiquiatria.
Se do ponto de vista teórico parece a solução adequada, a verdade é que coloca alguns
problemas aos profissionais de saúde, uma vez que a estes – e apenas a estes – caberá a
verificação, caso a caso, da existência de “anomalia psíquica”. Será, assim, um juízo mera-
mente clínico. Não há aqui uma enumeração de que diagnósƟcos estarão incluídos29 nesta
categoria, o que em alguns casos poderá ser uma fonte de dificuldades30. Como vemos, as
fronteiras não são fáceis de definir.
25 Assim, CUNHA RODRIGUES (2000), p. 43: «O quadro de perturbações da vida mental que Eduardo
Correia enumerou, a este propósito, incluía as doenças mentais, as personalidades anormais
e ainda certas perturbações singulares, traduzidas em tendências e reacções psicopáticas, as
perturbações de consciência e as neuroses. Esta enunciação visava apurar o critério determinante
da imputabilidade, aproveitando a ideia de Mezger, e associava elementos descritivos a elementos
normativos ou valoradores».
26 Criticamente, pela incorrecção da designação anomalia psíquica vide JOSÉ MANUEL JARA (1997),
p. 123.
27 Cfr. Constituição da República: artigos 27.º, n.º 3 e 30.º, n.º 2; Código Penal: artigos 20.º, 91.º,
104.º a 108.º; Código do Processo Penal: artigo 202.º; Código Civil, artigos 138.º e 152.º; LOFTJ
aprovado pela Lei 3/99, de 13 de Janeiro: artigo 91.º, n.º 1, alínea b; Lei de Saúde Mental 36/98:
artigos 12.º e 22.º.
28 Vide VERA JARDIM, na discussão da Proposta da Lei 121/VII, na Assembleia da República:
«conceito estritamente médico suficientemente genérico, de uso generalizado na prática médica,
cobrindo um vasto leque de psicopatologias».
29 E o problema não termina aqui no conceito de anomalia psíquica. Várias são as perguntas
pertinentes que podemos fazer. Vejamos VIEIRA DE ANDRADE (2000), p. 84: «Que dizer da forma
como a Lei regula os pressupostos do internamento compulsivo? Será que satisfaz as exigências
de densificação normativa que a Constituição estabelece (...) para as leis restritivas de direitos,
liberdades e garantias? A pergunta é pertinente, na medida em que se utilizam conceitos imprecisos
na definição legal das hipóteses de internamento: o que são anomalias psíquicas graves? Quando
são causa adequada de uma situação de perigo? Quais são os bens jurídicos de relevante valor
(sobretudo em autolesão)? Quando se pode afirmar que há falta do discernimento necessário?
Quando se pode dizer que a ausência de tratamento é susceptível de causar deterioração acentuada
do estado do internado?».
30 Com maior profundidade acerca dos possíveis problemas, F ERNANDO V IEIRA e S OFIA
BRISSOS (2007), pp. 47 e 48: «Aliás, achamos que não raras vezes, as próprias classificações
psiquiátricas complicam a vida aos peritos e aos tribunais, não conseguindo mesmo assim os
médicos especialistas explicar que algumas “anomalias psíquicas” se enquadram dentro de uma
eventual “normalidade”, leia-se, são mais compreensíveis do que explicáveis do ponto de vista
psicopatológico. Com efeito, costumamos referir, em jeito de introdução nalgumas exposições,
que há uma dúzia de anos tudo era bem mais simples. Dantes havia pessoas normais, tristes
e deprimidas; actualmente não, quase se perdendo o direito à natural tristeza. A tirania das
classificações torna difícil introduzir em audiência de julgamento um ponto de vista técnico,
fundamentado evidentemente, mas tão só na experiência clínica e científica. É que se alguém em
exame pericial verbaliza não estar “contente” com o seu dia-a-dia, e fizer relatos subjectivos de
eventual vontade de chorar, de estar mais “parado”, de pensar na sua vida antes de adormecer,
não tirando prazer de actividades de outrora, dificilmente podem os psiquiatras fugir a um
“diagnóstico” de Depressão. Com esse rótulo indicia-se desde logo um maior risco de suicídio,
podendo facilmente nessa sequência, preencherem-se pressupostos de dano grave justificativo
do pagamento de uma indemnização no caso de um processo civil, ou se em sede penal, poder
conduzir eventualmente até à libertação de um recluso.»; «As classificações taxonómicas em
psiquiatria devem constituir um instrumento de trabalho que facilite a comunicação entre os
técnicos, tendo constituído um freio necessário à excessiva subjectividade e individualidade (que
dificultava o desenvolvimento desta especialidade), mas que não estão, de modo algum, isentas
de problemas; a ditadura, não dos peritos, mas da visão necessariamente rígida dos sistemas
classificativos, pode levar à impossibilidade do não-diagnóstico médico (ou de um Tribunal não
poder dar como não provado) de uma Perturbação de Stress Pós-Traumático (PTSD), mesmo
quando em termos de senso-comum ou de experiência médica, existe a convicção (e certeza) da
ausência deste quadro. Acontece que os critérios diagnósticos previstos nas classificações5 para
PTSD são unicamente apurados através de relatos, não existindo exames complementares que
comprovem, sem margem para dúvidas, o diagnóstico, ou que o excluam, por exemplo, em virtude
de simulação. As classificações são ainda, em nosso entender, perigosas quando não ponderadas
clinicamente (ao serem olhadas por não médicos), em situações de charneira como o caso das
Perturbações de Personalidade; estas, não sendo doenças mentais em sentido estrito, sempre
poderão ser enquadradas na definição de Anomalia Psíquica, grave pelo comportamento, mas não
grave patologicamente. É defensável clinicamente portanto, que as perturbações da personalidade
dificilmente possam preencher pressupostos médico-legais, seja para internamento compulsivo,
seja de inimputabilidade, o que nem sempre será compreendido juridicamente».
31 A propósito desta questão “por força dela”, a Dra. Luísa Figueira, no III Curso de Pós-Graduação
de Direito da Medicina e Justiça Penal da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, referiu
que é necessário vir na avaliação clínica porque pode haver casos em que os doentes podem
oferecer perigo, mas esse perigo não é por resultado da doença. Assim como, a patologia não ser
clinicamente grave ao ponto de deteriorar a capacidade de avaliação.
32 Desenvolvidamente, ANTÓNIO JOÃO LATAS e FERNANDO VIEIRA (2004), pp. 89 e 90: «Quanto
ao que tradicionalmente se vem chamando de avaliação da perigosidade, pode dizer-se que,
do ponto de vista clínico-psiquiátrio, assiste-se recentemente a uma mudança do paradigma da
“perigosidade” para o de “risco de violência”, sendo os principais cultores desta tendência autores
norte-americanos e anglo-saxónicos. Explica-se que esta simples mudança de conceitos mude o
foco da atenção de uma “qualidade vitalícia” para uma “probabilidade”, que será maior ou menor
consoante um manejo clínico a ser executado, reduzindo-se também o estigma associado e fazendo
apelo à fundamentação científica psicológica. Se a “Perigosidade” era algo de categorial binário
inconsistente com a realidade do dia a dia, enquanto constructo estável e inerente, o “Risco de
Violência” aponta para um continuum, passível de ser classificado em risco baixo, médio ou alto,
que se revela da maior importância na avaliação clínico-psiquiátrica».
33 Nesse sentido, VIEIRA DE ANDRADE (2000), p. 82: «A lei afirma o carácter subsidiário do
internamento compulsivo no contexto da política global e, mais que isso, enfatiza a necessidade
da medida, ao defini-la como a ultima ratio, uma intervenção para tratamento que só em último
caso pode ser utilizada, ao mesmo tempo que assegura a sua adequação e proporcionalidade,
respectivamente, em função do grau de perigo e em função da importância do valor ameaçado
– deste modo, a decisão de interenamento implica uma séria e complexa ponderação de bens,
pressupondo o valor da liberdade e só permitindo a sua constrição quando o perigo seja de molde
a implicar o tratamento compulsivo e o desvalor que para a liberdade resulta do internamento não
seja desproporcionado em relação ao valor que se visa proteger».
quando for a única forma de garanƟr a submissão a tratamento do internado e quando ter-
minarem os fundamentos que lhe deram origem. De qualquer modo, só pode ser validado
se for proporcional ao grau de perigo e ao bem jurídico em causa. Sempre que exista essa
possibilidade, o Internamento Compulsivo deverá ser subsƟtuído por tratamento em regime
de ambulatório.
Para assegurar este mesmo desígnio, a Lei de Saúde Mental adoptou um modelo misto
de decisão médica e judicial, e fez depender o internamento da conjugação de dois juízos:
por um lado, uma decisão médica especializada e, por outro lado, uma decisão judicial. No
entanto, é ao juiz que cabe a decisão final, seja na primeira decisão ou na confirmação do
internamento urgente34. É evidente que a avaliação clínico-psiquiátrica tem um peso deci-
sivo, pois o parecer psiquiátrico é obrigatório e vinculante, mas o juíz deve especificar as
razões clínicas e os moƟvos do internamento. Ou seja, isso não significa que o juiz tenha
necessariamente que decretar o internamento face a uma avaliação médica favorável a este,
devendo jusƟficar a intervenção judicial atendendo a todos os pressupostos legais.
O juiz é o garante da liberdade e do respeito pelos princípios fundamentais que possam
restringir direitos. No entanto, antes da sua intervenção está a do psiquiatra. Se o tribunal
entender, poderá ainda determinar a realização das diligências que considerar oportunas.
Este modelo de decisão radica num tronco garanơsƟco.
Dispõe o art 25º que se esta avaliação clínico-psiquiátrica “concluir pela necessidade
de internamento e o internado a ele se opuser, o estabelecimento comunica de imediato ao
tribunal judicial com competência na área a admissão daquele, com cópia do mandado e do
relatório da avaliação”. No entanto, quando “a avaliação clínico-psiquiátrica não confirme
a necessidade de internamento, a enƟdade que Ɵver apresentado o portador de anomalia
psíquica resƟtui-o de imediato à liberdade, remetendo o expediente ao Ministério Público
com competência na área em que se iniciou a condução”.
Esta subsƟtuição dependerá da aceitação, por parte do doente, das condições fixa-
das pelo psiquiatra para o tratamento em regime ambulatório e é comunicada ao tribunal
competente. Sempre que o portador da anomalia psíquica deixe de cumprir as condições
estabelecidas, o psiquiatra assistente comunica o incumprimento ao tribunal competente,
retomando-se o internamento e, caso seja necessário, o estabelecimento solicita ao tribunal
competente a emissão de mandados de condução a cumprir pelas forças policiais.
O internamento terminará quando cessarem os pressupostos que lhe deram origem
e a cessação ocorre por alta dada pelo director clínico do estabelecimento, fundamentada
em relatório de avaliação clínico-psiquiátrica do Serviço de Saúde onde decorreu o interna-
mento, ou por decisão judicial, sendo a alta imediatamente comunicada ao tribunal compe-
tente (vide arƟgo 34º). Junta ao processo a avaliação, é realizada a sessão conjunta, da qual
resultará a decisão sobre a manutenção do internamento. Este relatório tem de ser assinado
por dois psiquiatras e conter os factos que permitam ao tribunal concluir que se mantêm os
pressupostos do internamento.
Procedimento Responsabilidade
Pedido (a um Tribunal) Elemento da família, autoridade de saúde,
tutor, médico, Ministério Público
NoƟficação (família, Ministério Público) Tribunal
Atribuição de um advogado independente
Avaliação Psiquiátrica Dois psiquiatras (hospital público)
Sessão conjunta Tribunal + Advogado independente
+ Ministério Público
Decisão Tribunal
Admissão/Internamento Equipa psiquiátrica (polícia, se necessário)
Procedimento Responsabilidade
Condução do doente a um Serviço de Urgência Polícia
1ª Avaliação psiquiátrica Psiquiatra (Serviço de Urgência)
Pedido (a um Tribunal) Psiquiatra (Serviço de Urgência)
Confirmação (num período de 48 horas) Tribunal
NoƟficação (família, Ministério Público) Tribunal
Atribuição de um advogado independente
2ª Avaliação Psiquiátrica (num prazo de 5 dias) Dois psiquiatras (hospital público)
Sessão conjunta Tribunal + Advogado independente +
Ministério Público
Decisão Tribunal
III. O Caso de C.
o seu estado de saúde se Ɵnha “deteriorado”, que representava perigo e se recusava a ser
tratado.
No caso de C., foram os pais, o irmão e cunhada, que é médica, quem pediu o seu inter-
namento por estarem convencidos de que sofria de uma doença mental de evolução prolon-
gada, uma “perturbação delirante”. Na base da convicção dos familiares estaria informação
que Ɵnha colocado na Internet, assim como o facto de haver na família um esquizofrénico.
C. afirma que, à data do internamento, estava de relações cortadas com os seus pais,
precisamente por andarem a dizer aos seus amigos, filha menor e contactos profissionais
que sofria de doença mental, algo que o descredibilizou e lhe trouxe vários problemas de
trabalho.
Já os seus familiares defenderam em tribunal que C. sofria de “ideias delirantes” e que
o tentaram levar ao psiquiatra e este não aceitou.
C. avançou com um processo contra os médicos, dizendo que foi internado injusta-
mente e que não sofre de qualquer problema mental e contesta sobretudo a uma informa-
ção clínica que deu origem ao internamento, que foi pedida pelos familiares e foi assinada
por uma médica interna de psiquiatria (em período de formação). Na nota, a clínica refere
que a informação que reproduz lhe foi passada pelos familiares e pela cunhada, “dignos de
credibilidade”, por ser “colega”.
Na informação clínica, apesar de nunca o ter visto, a médica toma como certo que C.
sofre de “perturbação delirante com grande tempo de evolução”. Alude ao seu isolamento
social e corte de relações com a família.
Na sua primeira avaliação psiquiátrica, nas urgências do Hospital São José, para onde foi
levado pela polícia, outra médica escreveu que C. sofre de “psicose delirante persistente”.
C. declara que a médica quase não falou consigo, leu a informação clínica da outra médica e
colheu informações apenas junto dos seus familiares.
O advogado de C., que veio, pela primeira vez, expor o caso num arƟgo de opinião na
comunicação social, disse que o documento que fundamenta o internamento foi pedido
desde o início pelo advogado mas foi sendo “intencionalmente ocultado durante seis
meses”. O director responsável pelo Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro
Hospitalar de Lisboa Ocidental exerceu o seu direito de resposta, na qual se destaca: “o
doente em causa foi internado compulsivamente na Urgência do Hospital de São José com
base em avaliação psiquiátrica que concluiu exisƟr perturbação psiquiátrica grave, ausên-
cia de consciência patológica, recusa de tratamento e risco de deterioração acentuada do
estado clínico na ausência de tratamento, sendo o internamento a única forma de garanƟr
o tratamento adequado”.
Da nossa análise do caso resultam as seguintes conclusões: o IC não parece adequado,
no quadro da LSM, quando o objecƟvo for apenas “garanƟr o tratamento adequado”, coer-
civamente, só porque um serviço acha que é melhor para o indivíduo. O internamento com-
pulsivo tem o seu escopo na existência de uma anomalia psíquica grave que, em consequên-
cia da mesma, põe em perigo bens jurídicos de relevante valor, seus e de terceiros; e que,
no quadro dessa mesma anomalia, o agente recusa o tratamento ou não tem discernimento
para compreender o alcance do discernimento. Ou seja, não se internam compulsivamente
pessoas para apenas lhes “garanƟr o tratamento adequado”. E no arƟgo em local nenhum se
refere o perigo para bens jurídicos.
Por conseguinte, o que o director responsável pelo Departamento de Psiquiatria e
Saúde Mental do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental disse foi que se internam pessoas
compulsivamente para lhes proporcionar o melhor tratamento, o que, per si, restringe fun-
damentalmente a liberdade do indivíduo. Há, também, o direito a não ser tratado, a não
ser que se verifiquem os pressupostos cumulaƟvos do regime do internamento compulsivo.
O que esteve na base da criação da lei é a salvaguarda do próprio e de terceiros tendo em
conta os possíveis danos que a falta de consciência psíquica determinará no comportamento
do doente, donde decorre da importância de um acompanhamento após o internamento
hospitalar.
IV. Conclusão
Estas exigências legais são cumulaƟvas e não podem ser ignoradas na práƟca jurídica.
A anomalia psíquica abrange todo o conjunto de afecções do intelecto ou vontade que
eliminam ou perturbam a capacidade do internando em compreender o alcance dos seus
actos. No que concerne à verificação da anomalia psíquica grave, esta comportará todas as
afecções e perturbações que perturbem a capacidade psíquica do agente em compreender
o alcance dos seus comportamentos, tal como o valor daquilo que por eles possa ser afec-
tado, sendo que será a patologia a responsável pela perda dessa mesma autonomia indivi-
dual. No entanto, esta análise e juízo deverão ser estritamente médicas.
No que respeita ao requisito do perigo, traduzir-se-á na forte probabilidade, factual-
mente concreta, do agente vir a lesar bens jurídicos de relevante valor.
Assim, se se confirmar a anomalia psíquica, mas esta não for grave, mesmo que tenha
posto em perigo bens jurídicos relevantes, e não seja evidente o nexo de causalidade entre
aquela anomalia e a criação do perigo - ainda que se verifique uma situação de recusa volun-
tária e assumida de tratamento - não se pode decretar um internamento compulsivo.
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Latas
Ac. do Tribunal da Relação de Coimbra de 11/10/2017, processo 122/17.9T8TND.C1, relator Inácio
Monteiro
Ac. do Tribunal da Relação do Porto de 09/05/2018, processo 674/16.0T8OVR-M.P1, relator João Pedro
Nunes Maldonado
Ac. do Tribunal da Relação do Porto de 11/07/2018, processo 4644/18.6T8PRT-A.P1, relator Cravo Roxo