Direito Ambiental Avaliação 1º Bimestre Turma 2021.4 – T102018
Luís Eduardo Corrêa Assunção – n° de matrícula 201706140118
Belém-PA Junho 2021
VALOR: 10,0 (DEZ PONTOS)
1) Explique a tese do Crescimento Zero, a tese Desenvolvimentista e a tese do
Ecodesenvolvimento debatidas na Convenção de Estocolmo de 1972 (3,0 pontos).
Com uma participação muito grande de diversos países, a Convenção de
Estocolmo de 1972 foi organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse encontro foi arquitetado para se debater a proposta do Clube de Roma, que foi uma reunião de especialistas com o escopo de avaliar questões de ordem política, econômica e social com relação ao meio ambiente. A proposta entregue pelo Clube de Roma era o chamado Crescimento Zero, devendo ser aplicado indiscriminadamente a todos os países, para forçar uma disrupção no processo produtivo, evitando assim uma escassez dos recursos naturais. No contexto da Convenção de Estocolmo, os países desenvolvidos – com suas economias estabelecidas, níveis baixíssimos de pobreza e miséria – sentiam-se relativamente confortáveis em aderir à tese do Crescimento Zero, no entanto, o Brasil resolveu aderir a tese Desenvolvimentista que tem como enfoque a melhoria da qualidade de vida atrelada ao desenvolvimento econômico; não estando, entretanto, vinculada a um desenvolvimento sustentável. Ao contrário do que se pode imaginar, nenhuma das teses apresentadas saíram como vitoriosas. A partir dessa dicotomia a tese do Ecodesenvolvimento foi criada e consolidada com a ideia de desenvolvimento econômico e preservação ambiental compatíveis, trazendo como ponto chave o conceito de “externalidades negativas” que seriam os impactos ambientais e sociais negativos que as empresas causam e a sua posterior internalização, devendo encontrar maneiras de soluciona-los. 2) Analise o caso apresentado e responda as perguntas a seguir. Fundamente todas as respostas. Uma empresa solicitou licença prévia para atividade de mineração no Município de Barcarena. O Estudo de impacto ambiental demonstrou que o projeto vai se desenvolver também na área de uma RESEX federal no próprio município de Barcarena e o projeto possui porte poluidor dentro do previsto como impacto local pela Resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Pará. O Estudo realizou o diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, com a completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, considerando o meio físico, o meio biológico, mas não analisou o meio social e econômico. Não foram realizadas audiências públicas, embora o Ministério Público tivesse solicitado. A licença Prévia foi concedida com condicionantes. As condicionantes foram cumpridas e Licença de Instalação concedida. Ainda na fase de implantação foram identificados vários danos sociais não previstos e o Ministério Público ajuizou ação para cancelamento das licenças e paralisação das obras. a) Quais os princípios de direito ambiental diretamente desprezados no caso concreto? (explique o conteúdo, indique a fundamentação legal e faça a relação com o caso concreto) (4,0 pontos). Apresentar a diferença entre texto e norma para esse caso é importante. O texto é aquilo que se vê objetivamente no papel, suas descrições e penalidades dos delitos quando houver, já a norma é o que se obtém a partir da interpretação do texto em análise. Dito isso, a maior parte dos princípios do Direito Ambiental estão presentes no art. 225 e seus parágrafos e incisos da CF. As interpretações sobre o texto desse artigo geram diversas designações e compilações distintas por parte dos doutrinadores, nada que dificulte o entendimento. Destarte, nota-se que os princípios que foram dispensados de qualquer análise ou consideração nesse caso concreto são: o princípio da prevenção e da precaução (art. 225, § 1°, IV da CF/ princípio 15 da Declaração do Rio/ art. 3°, 3 da Convenção sobre Mudança Climática), mais especificamente a parte da prevenção, pois, a não observância de consequências sociais e econômicas pelo referido Estudo de impacto ambiental, que são situações totalmente previsíveis, tornam cristalina a não observância desse princípio; o princípio da informação e da participação (art. 225 caput/ princípio 10 da declaração do Rio) também foi desconsiderado no que toca a não realização de audiências públicas solicitadas pelo MP que poderiam dispor de alguma elucidação sobre o assunto por parte de pessoas notoriamente bem instruídas sobre assuntos específicos, bem como a própria participação dessas pessoas que não foi observada, que poderiam estar de alguma forma representando a sociedade. É nítido que as medidas de mitigação tomadas não foram suficientes para evitar os danos que já são uma realidade, por isso, o princípio do poluidor pagador (art. 225, § 3° da CF/ princípio 16 da Declaração do Rio) recairá inevitavelmente sobre os responsáveis no caso em questão, devendo esses repararem o dano causado fundamentalmente no que diz respeito à indenização das vítimas.
b) Qual o órgão competente para o licenciamento ambiental? (fundamente
sua resposta) (3,0 pontos).
O licenciamento é um procedimento administrativo pelo qual determinado órgão
competente vai aprovar as obras/operações dos empreendimentos. Dessa forma, fica devidamente enfatizado a importância que um órgão como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) tem para as regulamentações de normas de licenciamento sobre o meio ambiente, se tratando de um órgão colegiado que aprova tais normas. No uso das atribuições e competências que lhe são dispostas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentadas pelo Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990, é conferido ao CONAMA, por exemplo, estabelecer critérios, normas e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, como também estabelecer critérios e normas para o licenciamento de atividades potencial ou efetivamente poluidoras, mediante proposta do IBAMA e ser concedido pelos Estados.
Direito Ambiental: aplicação dos princípios ambientais como fundamento das políticas públicas e entendimentos jurisprudenciais para efetivação da proteção ambiental