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Apresentação
Os conflitos que podem ocorrer em uma comunidade são amplos e derivados de relações
complexas estabelecidas não só entre seus membros, mas entre comunidades. Os espaços
comunitários favorecem, em seus mais variados aspectos, o surgimento de determinados
conflitos. Dessa forma, a compreensão e o conhecimento das realidades vividas nas
comunidades criam a possibilidade de uma intervenção mais efetiva, com o objetivo de construir
uma boa convivência.
Objetivos
Compreender os conflitos na comunidade.
Estudar as relações de vizinhança.
Identificar os conflitos nas diferentes comunidades.
Relações de vizinhança e/ou urbanas
Em nossa aula, é importante estabelecermos que a comunidade é uma forma de ligação
entre os indivíduos, espontânea ou voluntária, a qual, por diferentes razões, estabelece
uma relação de dependência recíproca. Nessas relações, vamos encontrar as relações
de vizinhança.
Vários são os fatores que podem levar a uma situação conflitiva: pessoais, situacionais
e sociais (ROMERO, 2003 apud NATÓ; QUEREJAZU; CARBAJAL, 2006, p. 89-90).
Fatores pessoais
autopercepção;
percepção do outro;
atitudes básicas do indivíduo;
comportamentos;
habilidades sociais;
emoção;
valores.
Fatores situacionais
condição socioeconômica;
situação profissional e laboral;
questões de gênero;
integração social;
família;
poder;
idade.
Fatores culturais
Fazem referência aos aspectos ligados aos significados atribuídos pelas pessoas
às situações vividas. São eles:
crenças e valores;
identidades;
formas de comunicação;
formas de interação social.
De acordo com Nató, Querejazu e Carbajal (2006), os conflitos estão presentes em todos
os espaços urbanos, com baixa, média ou alta densidade de população.
Além disso, encontramos conflitos entre pessoas que apresentam baixos, médios ou
altos recursos econômicos, sociais e culturais. É claro que os fatores descritos
determinam os tipos de conflitos e o local em que as pessoas decidirão abordá-los,
como em centros comunitários, centros de resolução de conflitos particulares ou no
Judiciário.
Atenção
Contextos heterogêneos e
contextos homogêneos;
Contextos sociais
O que podemos compreender é que existe um enfraquecimento ou até mesmo um
rompimento dos laços culturais provenientes dessas novas condições socioculturais.
É a partir dessa dinâmica que observamos, cada vez mais, a exclusão do outro no
espaço urbano, colocando à prova a ideia de que o espaço público seria o encontro da
diversidade e do enriquecimento individual e social. Sendo assim, devemos considerar
os contextos sociais, de acordo com o seu grau de flexibilidade ou permeabilidade para
admitir o diferente. Nessa configuração social e urbana, descrita anteriormente, as
relações humanas ficariam definidas, em maior ou menor grau, pela dupla nós/eles.
A partir dessa lógica, os conflitos nas comunidades podem ser identificados em duas
dimensões, segundo Nató, Querejazu e Carbajal (2006):
Contextos econômicos alto e médio alto
Um processo que se desenvolveu nos grandes centros urbanos, principalmente nos
setores com recursos econômicos alto e médio-alto, foi a busca por uma vida social e
individual mais confortável e prazerosa, e, ao mesmo tempo, mais segura.
ligações personalizadas;
tendência à homogeneidade;
permanência do vínculo entre os integrantes do grupo;
relação de dependência entre seus membros;
liberdade e autonomia das crianças “dentro dos muros”;
relacionamento que requer um consenso através do diálogo.
Espécies de con ito nas comunidades ricas
Conflitos de diferentes espécies podem surgir, quando não há correspondência entre as
expectativas e a realidade.
No interior da comunidade:
Atenção
Como você pode notar, os conflitos emergem da mesma forma que nas
comunidades não planejadas. O que é necessário é a sua compreensão para que
sejam abordados de forma adequada.
Espécies de con ito nas comunidades
pobres
Uma diferença marcante em relação à comunidade rica, além da questão material, é a
luta pela sobrevivência. Não devemos esquecer que uma das consequências dessa
situação é o estigma social que as pessoas adquirem por viver nessas comunidades.
No interior da comunidade:
A situação foi levada a um centro de mediação, apesar de isso não ser muito
habitual. Vamos apresentar algumas expressões das vizinhas que dizem respeito
a como cada uma delas representa o bairro e suas expectativas quanto à
convivência. Ao final de sua leitura, você deve analisar o caso apresentado, de
acordo com as representações e expectativas de cada uma das protagonistas.
“Desde que você chegou não tenho mais sossego. Você fica fora de casa o dia
todo. O pobre do animal fica sozinho, não sei por que você tem um cachorro. Eu
adoro cachorros. O meu morreu um pouco antes de você chegar. Para mim foi
muito triste. Você vai trabalhar e não se importa com o que acontece em sua casa.
Parou até de me cumprimentar. Moro neste bairro desde que me casei e nunca tive
problemas com ninguém. O bairro já não é o mesmo. Antes todos se conheciam e
se ajudavam.”
Vizinha mais jovem:
“A senhora não tem nada o que fazer o dia inteiro e então fica me espionando. Me
mudei para esta casa quando me divorciei. Reformei esta casa de acordo com as
minhas necessidades e o cachorro é importante para a minha segurança. Está
treinado para latir quando vê qualquer movimento estranho na casa. Quero estar
tranquila em minha casa e a senhora não tem que se meter na minha vida. A
pessoa que trabalha em minha casa cuida do cachorro e tem, também, uma
pessoa que sai com ele. A senhora passa o dia falando com os vizinhos... Não me
interessa fazer amigos no bairro. Não peço nada a ninguém, porém também não
quero que se metam na minha vida.”
01
02
planejamento urbano;
03
invasão de terrenos;
1
04
05
06
Atividade
2 - Os conflitos fazem parte de nossa vida e do nosso cotidiano. Podemos dizer
que vivemos, no decorrer do nosso dia a dia, em permanente contato com
conflitos. Dessa forma, podemos ter uma visão positiva ou negativa do conflito. A
visão negativa que temos do conflito está mais ligada ao:
a) negativos e positivos;
b) interrogados e construtivos;
c) impositivos e especiais;
d) formulados e estruturados;
e) ignorados e assimilados.
Notas
Referências
BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2003.
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