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REFLEXÕES

Nº 2.322
16NOV2023
Ano 6

Adm: VM Augusto Eduardo Silva


Comissão de Ritualística e Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas Maçônicas
GOB-SP – Oriente de Sorocaba – ARLS Cavaleiros da Luz, 4048

SIMBOLISMO DO PELICANO

16 jun. 2012

O Pelicano é um dos principais símbolos dos Rosa-cruzes e na Maçonaria,


é o Grau 18 do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA), o
Cavaleiro Rosa Cruz ou Cavaleiro da Águia Branca e do
Pelicano. Representa a consagração à Grande Obra, ou
seja, o cultivo do centro espiritual de Cristo. É um
grau alquímico por excelência e eminentemente cris-
tão, fazendo-o símbolo do amor paterno e materno.

No simbolismo maçônico, é o emblema mais característico da caridade,


bem como da morte e do renascimento perpétuo da
natureza, pois esta ave atinge o máximo do sacrifício,
perfurando o peito para abrir o coração, permitindo
assim que seus filhotes possam se alimentar, quando
estão desmaiando de fome e sede.

Devido a essa característica de alimentar seus filhotes, passou a ser toma-


do como símbolo da matéria dos filósofos, como advertência aos interessados
no Magistério de que o misto contém em si mesmo, tudo o que é necessário ao
aperfeiçoamento da Pedra.

Diz Manlly P. Hall: “No simbolismo maçônico, o sangue do pelicano signifi-


ca a “Obra Secreta” pela qual o homem é elevado da escravidão da ignorância à
condição de liberdade conferida pela sabedoria”.
Por isso, na joia do Grau 18, o Pelicano é visto em-
baixo de uma rosa-cruz e do compasso, que apoia as su-
as pontas sobre um quarto de círculo que sustenta o seu
ninho.

Como o Grau Rosacruz (18º) é baseado no simbo-


lismo Rosacruz e Hermético, o pelicano é uma alegoria
do recipiente em que são realizadas as experiências da
alquimia e o sangue é a misteriosa tintura por meio da
qual os metais grosseiros são transmutados em ouro espi-
ritual. Tanto a rosa quanto o pelicano significam a expres-
são mais elevada do amor humano e divino.

É uma ave marinha que deve submergir nas águas


para obter alimento para si e para os seus filhos. Os filho-
tes, quando sete, representam os sete principais centros
de energia ou chakras, em relação às glândulas endógenas: pineal, hipófise, tire-
oide, timo, suprarrenais, pâncreas e gônadas. Em outras imagens aparecem três
ou cinco filhotes, correspondendo aos três corpos (físico, astral e espiritual) ou
os cinco elementos (Terra, Ar, Água, Fogo e Éter).

O oceano é uma alegoria das águas da vida que nos lembra o primeiro ca-
pítulo do Gênesis onde diz: “O Espírito de Deus movia-se sobre a face das
águas”. A água é a base de toda vida, de toda transformação e de toda possibili-
dade de evolução, é um símbolo que deve nos levar a meditar sobre o milagre
da vida.

Assim como a existência da água foi necessária no planeta para a manifes-


tação e evolução da vida, também no campo espiritual, diz a ciência esotérica, as
águas da existência estão representadas na esfera germinal, onde dormem todas
as possibilidades que estão latentes em o ser humano: o corpo, a saúde, o gênio,
a harmonia espiritual, o desenvolvimento da sensibilidade relativa e da consci-
ência.
Símbolo da natureza úmida que segundo a física antiga, desaparecia sob o
efeito do calor solar e renascia no Inverno,
assim como Lázaro. É por isso que a sua
imagem às vezes equivale à da Águia ou da
Fênix, por isso são equiparados na joia tra-
dicional do Grau 18, inclusive no próprio
título do Grau e, seus membros, em siste-
mas mais antigos, eram também chamados de “Cavaleiros do Pelicano”.

A Águia, rainha das aves, de natureza solar, coroa os estados anímicos su-
periores, é símbolo da ascensão, da percepção direta e arguta que nos faz tomar
consciência da divindade de nossos espíritos, muitas vezes, vista como pássaro
bicéfalo representando a união dos opostos complementares.

Na iconografia cristã é o símbolo de Cristo em sua res-


surreição, após o martírio e a morte, representa o seu as-
pecto sacrificial, ou seja, a sensibilidade. Ele deve mergulhar
nas águas alegóricas, para obter delas nutrição e poder, por-
que é aí que reside a força. Só a espiritualidade, só o centro
místico que está em relação ao coração, pode direcionar,
através do nosso endo consciente, alimento ou nutrição es-
piritual para cada um dos centros energéticos.

É por isso que se diz que Cristo se sacrifica para redimir o mundo, para nos
redimir dos nossos vícios, erros e nos salvar da escravidão da matéria, como o
expressou São Paulo em Gálatas 4, 19: “Meus filhinhos, por quem novamente
sofro as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós”. Também é símbo-
lo da abnegação com a qual os pais amam seus filhotes.

A associação entre Cristo e o pelicano vem também de sua chaga no cora-


ção, de onde jorra sangue e água, bebidas que alimentam a vida.

Numa outra versão, o pelicano, segundo o “Physiologus” paleo cristão, o


pássaro mata os filhotes que o desobedecem (ou são mortos por serpentes),
mas pode fazê-los reviver após três dias com o sangue de seu próprio coração,
simbolizando a autoimolação, morrendo em seguida, o que o acaba aproximan-
do com o simbolismo do Solstício de Inverno.

Na alegoria alquímica, o pelicano equivale a uma fase anterior à Fênix, à


natureza úmida destruída pelo fogo e renascida das próprias cinzas, são emble-
mas que, através da morte, anunciam a ressureição, sugerindo a imortalidade da
alma em seu eterno e dolorosa caminho de aprendizado.

Da esfera das águas emerge radiante uma cruz branca. É a “Cruz Branca
do Redentor” como disse Eliphas Levi. A redenção é obtida quando se trabalha
com inteligência os quatro estados simbólicos da matéria, representados pela
cruz, cuja brancura radiante é a pureza, a espiritualidade e o sentido místico de
quem percorre conscientemente o caminho do enobrecimento e da perfeição
espiritual.

Esta cruz corresponde à Cruz do Calvário, aquela que tem a base mais
comprida que as extremidades. A cruz não representa exclusivamente o Cristia-
nismo, pois segundo H. P. Blavatsky, ela já era conhecida e utilizada para fins
místicos, milhares de anos antes de nossa era. Era um símbolo cósmico e fisioló-
gico, que apareceu indispensável em diversos rituais do Egito, Grécia, Babilônia,
Índia, China, México e Peru.

No Egito, Hórus às vezes aparece com a longa cruz latina, bem como com
a cruz pastoral grega, que também é egípcia. A Cruz do Calvário, tão comum no
mundo cristão, foi encontrada no peito das múmias.

As letras simbólicas INRI, da Cruz do Calvário relacionadas com a crucifica-


ção, significam esotericamente em latim: “Igne
Natura Renovatur Integra”, significando que
“Toda a natureza se renova pela ação do fo-
go”. Verdade profunda, porque o calor nos seus
diferentes graus de atividade, permite todas as funções, físicas, químicas e bio-
lógicas, atuarem nos quatro estados da matéria: sólido, líquido, gasoso e ígneo.
Do ponto de vista hebraico:

• O I é “Ian” (água);
• N é Nour (fogo);
• R é Ruach (ar) e
• O I é Iabehah (terra)

São os quatro estados da dualidade Matéria Energia, que permitem a


constituição molecular e biológica e a atividade psicoanímica do Ego em evolu-
ção, pois existem quatro elementos biogênicos absolutamente indispensáveis
para toda a vida: carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio.

A Rosa no centro da cruz é o ideal místico dos Rosa-


cruzes. É o símbolo da alma, da harmonia e da beleza interna
que o estudante sincero do espiritual aspira desenvolver dia
após dia.

A rosa é uma flor que, quando cultivada e cuidada, é aromática, perfuma-


da, de grande beleza, com encantos sutis e delicados, mas se crescer selvagem,
sem atenção, fica pequena, sem aroma e passa quase despercebida. Esta é a al-
ma. O ser humano que se cultiva internamente torna-se magnético, atraente e
esplêndido para todos aqueles que com ele entram em contato; quem não culti-
va a sensibilidade, a bondade e a harmonia, mas sim as emoções destrutivas, a
mente racional, o egoísmo, o ódio e as paixões de todos os tipos, então a sua
alma, a sua rosa espiritual murcha, transformando-se num ser eléctrico e desa-
gradável de quem todos fogem.

Fazer a rosa florescer no centro da cruz é seguir o caminho do amor fra-


terno e consciente.

O caminho de espinhos em que nos picamos com nossas ações negativas é


o caminho da dor, que nos leva a refletir quando estamos trilhando o caminho
errado.
O amor e a dor são exatamente as duas formas que promovem o desper-
tar espiritual da humanidade. O amor possibilita a elevação emocional e a dor
como reação às nossas ações erradas, nos leva a meditar que existem coisas
mais importantes na vida e na natureza do que o nosso egoísmo.

No topo da cruz há uma coroa. É a cons-


ciência que devemos atualizar dia após dia com
sabedoria e inteligência, para conhecer todos os
mistérios da Vida. Dele surge uma bússola, sím-
bolo maçônico, que representa a capacidade da
consciência de aumentar o conhecimento e de-
senvolver maior inteligência e sabedoria; o céu
infinito é a Vida Universal, a Alma do Mundo.

Da consciência humana normal devemos passar à supraconsciência, que


nos coloca em contato com o nosso passado e nos faz intuir profeticamente o
nosso futuro, mas, da supraconsci-
ência devemos um dia alcançar a
ultra consciência, a consciência
cósmica, que é o ideal de todos que
estão percorrendo um caminho es-
piritual. Vincular-se à consciência
Cósmica é unir-se a Deus, ao Divi-
no, para continuar se aperfeiçoan-
do no tempo e no espaço.

* Retirado do Portal Maçônico Guajiro.

** As imagens não fazem parte do artigo original, foram inseridas para fa-
cilitar seu estudo e compreensão.
Artigo disponível em:
https://publicacionesherbertore.blogspot.com/2012/06/simbolismo-del-
pelicano.html

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