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A visita

domiciliar
SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................................................................... 3

2. Importância da Visita Domiciliar................................................................................. 3


2.1 - Programa Melhor em Casa................................................................................... 3

3. Planejamento da Visita Domiciliar............................................................................... 4

4. Realização da Visita Domiciliar................................................................................... 5

5. Avaliação e Monitoramento......................................................................................... 6

6. Conclusão...................................................................................................................... 9

Referências....................................................................................................................... 10
Autora: Erika Marcelly Araujo dos Santos

1. INTRODUÇÃO

A visita domiciliar é uma ferramenta essencial na atenção primária à saúde, per-


mitindo que os profissionais de saúde avaliem o ambiente do paciente e forneçam
cuidados personalizados. Este artigo discutirá a importância da visita domiciliar, como
planejá-la e realizá-la, e como avaliar e monitorar seus resultados.

2. IMPORTÂNCIA DA VISITA DOMICILIAR

A Atenção Domiciliar (AD) é uma modalidade de atenção à saúde, seja substitutiva


seja complementar, que possui como característica ser um conjunto de ações com
a finalidade de promover a saúde, prevenção e tratamento de doenças prestadas
em domicílio. Em decorrência disso, a visita domiciliar possibilita a desinstitucio-
nalização de pacientes internados nos serviços hospitalares, além de evitar hospi-
talizações desnecessárias.
A visita domiciliar permite que os profissionais de saúde entendam melhor o
contexto do paciente, incluindo fatores sociais, ambientais e familiares que podem
afetar sua saúde. Ela também permite que os profissionais de saúde forneçam
educação em saúde personalizada e intervenções de saúde pública.
O aumento da expectativa de vida associada a diminuição das taxas de fecundidade
e mortalidade trouxeram como consequência o envelhecimento populacional. Devido
a isso, a nova transição epidemiológica traz consigo a necessidade de políticas de
saúde que englobem esse segmento da população uma vez que há prevalência de
doenças crônicas, além da necessidade de haver desinstitucionalização do cuidado
e o descongestionamento de hospitais.
Sendo assim, a visita domiciliar está pautada em três ações: (1) atenção subs-
titutiva e complementar; (2) promoção, prevenção, tratamento e reabilitação em
saúde; e (3) continuidade do cuidado na tentativa de acolher essa população em
todos os âmbitos.

2.1 - Programa Melhor em Casa


O Programa Melhor em Casa presta atendimento diretamente no domicílio de pa-
cientes que apresentam dificuldades sejam temporárias sejam definitivas para sair de
casa e poder ir até uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e ainda contempla indivíduos
que são vítimas de doenças nas quais o tratamento domiciliar é o mais indicado.

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Os benefícios do programa incluem cuidado continuado em domicílio, minimi-
za as intercorrências clínicas e mantém um cuidado sistemático por equipe de
Atenção Domiciliar, diminui os riscos de infecções hospitalares além de oferecer
suporte emocional para os pacientes em estado grave ou em cuidados paliativos.
Assim, o Programa Melhor em Casa não apenas melhora como também amplia a
assistência do Sistema Único de Saúde (SUS) a pacientes que possuem agravos de
saúde de forma a oferecer a eles um atendimento humanizado, domiciliar, e perto
da sua família.
As equipes de AD que compõem o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) são o Equipe
Multiprofissional de Assistência Domiciliar (EMAD) ou Equipes Multiprofissional de
Apoio (EMAP) havendo diferença entre a composição da equipe e carga horária.
A EMAD terá a composição mínima de profissional médico, enfermeiro, fisiote-
rapeuta, assistente social e técnico ou auxiliar de enfermagem, no qual nenhum
profissional componente poderá ter a carga horária semanal inferior a vinte horas
de trabalho. Ademais, cada EMAD atenderá uma população adstrita de 100.000
(cem mil) habitantes.
A EMAP terá a composição mínima de três profissionais de nível superior, além
da soma das cargas horárias dos seus componentes acumularem noventa horas de
trabalho, no mínimo. Assim, fazem parte do EMAP: assistente social, fisioterapeu-
ta, fonoaudiólogo, nutricionista, odontólogo, psicólogo, farmacêutico e terapeuta
ocupacional.

3. PLANEJAMENTO DA VISITA DOMICILIAR

O planejamento da visita domiciliar envolve a identificação dos pacientes que


se beneficiariam mais dela, a coordenação com a equipe de saúde e a preparação
para possíveis situações que possam surgir durante a visita. Dessa forma torna-
-se preciso analisar os tipos de chamados que possam surgir da população como
doenças agudas, agudização de problemas crônicos, limitações que dificultam a
locomoção, para após classificar se os pacientes precisarão de visitas periódicas,
busca ativa e/ou internação domiciliar.
Seguindo a divisão supracitada, os pacientes que se enquadram nas visitas perió-
dicas são aqueles que possuem dificuldade de locomoção, deficiências físicas e/ou
mental, famílias com acesso restrito ou pacientes acamados. Os que necessitarão
de busca ativa serão aqueles em que é preciso melhorar o vínculo entre o paciente
e a UBS, pacientes com difícil adesão, famílias com recém-nascidos e puérperas,
além de verificar e notificar exames subsidiários. Por fim, pacientes que necessitarão
de internação domiciliar serão aqueles com problemas de saúde descontrolados
ou descompensados.

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No Brasil, a AD é organizada em três modalidades de cuidados, são elas: Atenção
Domiciliar tipo 1 (AD1), Atenção Domiciliar tipo 2 (AD2); e Atenção Domiciliar tipo
3 (AD3), de forma que elas apresentem níveis crescentes não apenas em relação a
carda horária dedicada de acordo com as necessidades de saúde do paciente como
também a densidade tecnológica.
O perfil do paciente AD1 é aquele que apresenta problemas de saúde controlados/
compensados, dificuldade de locomoção e que necessitam de cuidados de menor
complexidade. Assim, a equipe de atenção básica é a responsável por prestar a as-
sistência à saúde desses pacientes, realizando visitas regulares em domicílio uma
(01) vez por mês, no mínimo. Ademais, as equipes serão apoiadas pelos Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF) e ambulatórios de especialidades e de reabilitação.
A modalidade AD2 engloba os pacientes que possuem dificuldade ou impossi-
bilidade de locomoção, além de necessitarem de maior frequência de cuidados e
recursos, como adaptação de usuários ao uso de sondas e ostomias, juntamente
com um acompanhamento contínuo até a estabilização do quadro. A prestação de
assistência desses pacientes é de responsabilidade da Equipe Multiprofissional
de Assistência Domiciliar (EMAD) ou Equipes Multiprofissional de Apoio (EMAP).
O perfil do paciente AD3 é aquele que possui pelo menos uma das situações de
cuidados da modalidade AD2 somado a necessidade da realização de pelo menos
um dos procedimentos especiais: diálise peritoneal, paracentese ou suporte venti-
latório não invasivo (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP) ou Pressão
Aérea Positiva por dois Níveis (BIPAP)). A prestação de assistência à saúde desses
pacientes também é responsabilidade da EMAD ou EMAP.

4. REALIZAÇÃO DA VISITA DOMICILIAR

Durante a visita domiciliar, os profissionais de saúde devem avaliar o ambiente


do paciente, fornecer cuidados de saúde conforme necessário e educar o paciente
e sua família sobre a gestão de sua saúde.
Primeiramente, o domicílio traz informações valiosas sobre o paciente, neste
caso conta a sua forma de viver. A casa do paciente conta a história dele de forma
bastante íntima, revelando se é um ambiente onde possui memórias felizes, sendo
uma rede de cuidados, ou se é um lugar onde nasceram alguns traumas. Assim, é
importante durante a visita domiciliar entender a dinâmica familiar e, através dela,
planejar intervenções possíveis e reais voltadas para as necessidades específicas
do paciente e da família.
Em segundo lugar, é preciso analisar se o paciente possui ou não cuidador. Caso haja
cuidador, este pode ou não ser da família. O cuidador possui como algumas atribui-
ções realizar o cuidado corporal do paciente, alimentação, transferências, administrar

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medicações, comunicar à equipe as intercorrências e oferecer suporte psicológico.
Na maioria das vezes, apenas um cuidador é eleito pela família e, consequentemente,
isso pode trazer prejuízos.
Na prática, é observado que nem sempre há divisão de responsabilidade do
cuidador, principalmente se for um membro da família responsável por tal função.
Essa tarefa é complexa e permeada por diversos sentimentos, podendo ocasionar
sobrecarga e estresse do cuidador. Sendo assim, torna-se de suma importância
durante a visita domiciliar ofertar cuidados para com o cuidador, além de oferecer
a oportunidade de escutá-lo, sendo alvo de orientação, cuidado e avaliação.
Em terceiro lugar, é preciso avaliar a família e rede de apoio do paciente. Durante
a visita domiciliar, é necessário envolver ativamente a família e reconhecer que, ape-
sar da mesma possuir influência no processo saúde-doença do paciente, é preciso
delimitar o que e quais são os cuidados responsáveis da família ao mesmo tempo
em que se define quais são as responsabilidades da equipe de saúde, sempre esti-
mulando a autonomia, empoderamento e participação ativa de todos os envolvidos.
Por último, mas não menos importante, o foco da atenção domiciliar é na pessoa
que recebe o cuidado. Assim, é necessário que, independentemente do paciente
apresentar limitações nas relações interpessoais, o paciente deve estar presente
e participando ativamente durante a realização das visitas domiciliares, sempre
lembrando de por em prática o método clínico centrado na pessoa.
Durante o cuidado domiciliar, após avaliar o paciente como um todo, é de suma
importância ter um momento de privacidade com o paciente para proporcionar a ele
um momento seguro em que ele possa falar abertamente sobre dúvidas, queixas e
preocupações, caso tenha.

5. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO

Após a visita domiciliar, os profissionais de saúde devem avaliar sua eficácia e


monitorar o progresso do paciente. Isso pode envolver o acompanhamento com o
paciente e sua família, a revisão dos cuidados prestados e a modificação do plano
de cuidados conforme necessário.
Dessa forma, o médico, juntamente com a equipe, pode estabelecer os diagnósti-
cos do paciente e iniciar a construção de uma lista de problemas para, assim, poder
identificar quais profissionais deverão ser envolvidos nos cuidados do paciente e da
família, além de estabelecer um plano terapêutico.
Um perfil de complexidade do caso pode ser traçado após a visita, avaliando se o
paciente se enquadra em curta permanência, média permanência ou longa perma-
nência por meio da análise das atividades de vida diária básicas, função cognitiva,

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presença de úlcera, humor, atividades de vida diária instrumental, risco cardiovascular,
estado nutricional e funcionalidade familiar.
O paciente será classificado como curta permanência caso necessite de dias a
poucas semanas de cuidados intensivos, como em casos de broncopneumonia, in-
fecção do trato urinário, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e insuficiência
cardíaca congestiva (ICC) descompensado, infecção de partes moles, ou em casos
da necessidade de antibioticoterapia endovenosa domiciliar.
O paciente de média permanência é aquele vítima de doenças que podem ocasio-
nar ou ocasionaram sequelas, por exemplo, a citar úlceras de pressão complicadas,
reabilitação por acidente vascular encefálico (AVE), anticoagulação com heparina ou
via oral, osteomielite e recuperação nutricional.
O paciente de longa permanência é o que foi diagnosticado com doenças neuro-
degenerativas ou cuidados paliativos, necessitando de maior atenção.
Assim, a avaliação pode ser feita através de um protocolo que, ao sistematizar as
avaliações, criou pontuações e estipulou qual o nível de cuidado que se deve ter com o
paciente contribuindo na orientação da equipe de saúde ao realizar a visita domiciliar.
Além desse protocolo, também pode ser utilizado o Escore de Risco Familiar,
também chamado de escala de coelho ou Savassi, para averiguar o risco familiar de
forma simples e também auxiliar na organização da equipe de saúde ao priorizar o
atendimento das famílias durante a visita domiciliar.

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Quadro 1. Instrumento de avaliação de complexidade do paciente e
organização do processo de trabalho a partir do nível de apoio.

Critérios de
0 1 2 3
avaliação
Independente Dependente Dependente Dependência
AVDB* para todas as AVDB para até 2 AVDB para até 4 AVDB para 5 ou 6 AVDB
(escore 6) (escore 4-5) (escore 2-3) (escore 0-1)
Sai de casa sem Necessita de ajuda
Não sai de casa, mas
ajuda para sair de casa,
realiza as tarefas de
para realizar para realizar as Não tem nenhuma
AVDI* casa sem ajuda/ou
atividades atividades sociais autonomia
controla
sociais e controlar econtrolar as
suas finanças
as finanças finanças
Função
Sem total
cognitiva Sem alterações
Alterações cognitivas Alterações cognitivas funcionalidade
(MEEM)/ cognitivas e
ou sensoriais e sensoriais cognitiva
audição, sensoriais
(vida vegetativa)
visão e fala
Escore de Risco moderado
Baixo risco < 10% Alto risco > 20% –
Framingham 10% a 20%
Presença de Ausente e sem Ausente e com
Presente –
úlcera de pele fatores de risco fatores de risco
Perda de peso Caquexia ou
Estado
Eutrófico Baixo peso (IMV > acentuada obesidade
nutricional
IMC entre 22 e 27 30) (> 5% em 1 mês ou mórbida que impeça
(IMC)
> 10% em 6 meses) deambulação
Incontinência de
Incontinência Incontinência Incontinência
Ausente estresse, urgência ou
urinária transitória funcional
sobrefluxo
Presença de fatores Depressão clínica ou Depressão clínica
Avaliação Sem alterações
de risco ou indícios escores sugestivos associada a risco de
do humor no humor
de depressão de gravidade suicídio
Boa funcionalidade
Funcionalidade Mora sozinho e sem
Família funcional familiar, mas pouco Família disfuncional
familiar auxílio familiar
recurso
Nível de
Suporte oferecido pela equipe
cuidados
Pontuação de 0 Paciente com sua capacidade funcional preservada e baixo risco de agravos à saúde, sem
a3 indicação para assistência domicial. Acompanhamento habitual da eSF
Visita mensal da ACS
Pontuação de 4 Visita da enfermagem trimestral
a 6 (nível 1) Atendimento médico semestral (ou pelo tempo máximo pertinente à prescrição médica) e
em casos de intercorrências
Visita mensal da ACS
Visita da enfermagem bimestral e atendimento em casos de intercorrências
Atendimento quadrimestral e atendimento em casos de intercorrências
Pontuação de 7
Atendimento do técnico de enfermagem ou enfermeiro quando indicado e prescrito pela
a 18 (nível 2)
equipe (exemplo: cobertura para ulceras de membros)
Acionar a EMAD-1 em casos extremos, quando a necessidade de atenção superar a
capacidade de oferta da eSF
Visita mensal da ACS
Pontuação Visita da enfermagem mensal e atendimento em casos de intercorrências
maior que 19 Atendimento médico bimestral e atendimento em casos de intercorrências
(nível 3) Atendimento do técnico de enfermagem ou enfermeiro quando indicado e prescrito pela equipe
Acionar a EMAD-1 em caso da necessidade de atenção superar a capacidade de oferta da eSF

*AVDB: Atividade de Vida Diária Básica; **AVDI: Atividade de Vida Diária Instrumental
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Savassi, 2012.

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Quadro 2. Escore de Risco Familiar, também chamada
de escala de coelho ou Savassi.

Dados Escore

Acamado 3

Deficiência Física 3

Deficiência Mental 3

Baixas condições de saneamento 3

Desnutrição (grave) 3

Drogadição 2

Desemprego 2

Analfabetismo 1

Menor de seis meses 1

Maior de 70 anos 1

Hipertensão Arterial Sistêmica 1

Diabetes Mellitus 1

Se > 1 3

Relação morador/cômodo Se = 1 2

Se < 1 0

Pontuação e Risco

Escore 5 ou 6 Risco 1 (R1)

Escore 7 ou 8 Risco 2 (R2)

>9 Risco 3 (R3)

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Savassi, 2012.

6. CONCLUSÃO

A visita domiciliar é uma ferramenta valiosa na atenção primária à saúde, permitindo


que os profissionais de saúde forneçam cuidados personalizados e eficazes, sendo uma
importante alternativa terapêutica e viável. Com planejamento adequado e avaliação, a
visita domiciliar pode melhorar significativamente a saúde e o bem-estar dos pacientes.

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REFERÊNCIAS
Guia Prático de Visita Domiciliar na Atenção Primária à Saúde (APS) Para Profissionais
de Nível Superior - Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Disponível em: ribeiraopreto.
sp.gov.br
Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: bvsms.saude.gov.br. Acesso em 24/07/23.
Manual de Assistência Domiciliar na Atenção Primária à Saúde. Disponível em: bvsms.
saude.gov.br
Visita Domiciliar - BVS Atenção Primária em Saúde. Disponível em: aps-repo.bvs.br.
Acesso em 24/07/23.
GUSSO, G. et al. Tratado de Medicina da Família e Comunidade. 2 ed. Porto Alegre.
Artmed, 2019.

Escrito por Erika Araújo dos Santos em parceria com inteligência artificial via chat GPT 4.0.

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