Você está na página 1de 56

2014 Julho Ed.

14 1
2 2014 Julho Ed. 14
2014 Julho Ed. 14 3
Editorial

Edição de aniversário

Na edição passada iniciamos esta série sobre o Coaching de Equipes


que encerramos nesta segunda parte.
Luciano Lannes
Em pleno clima de Copa do Mundo, com nossa seleção tendo sido der-
Editor
rotada nas semi finais por um placar tão elástico, não faltaram discus-
sões nas redes sociais sobre os motivos que possam ter ocasionado o
que todos tem chamado de vexame. Nada mais oportuno do que es-
tarmos abordando o Coaching de Equipes e na edição anterior termos
falado tanto em emoções coletivas, que a equipe se comporta como
uma unidade, e que a unidade afeta o todo e vice versa.
Muitos aspectos deste episódio serão amplamente explorados na
área de administração, a começar pelo fenômeno da liderança, traba-
lho em equipe, comunicação, inteligência emocional, etc.

Explicações simplistas não cabem neste caso, como se em algum cou-


bessem. O que vimos acontecer com a equipe da nossa seleção pode
ser comparado com a queda de um avião: inúmeros fatores precisam
coincidir de uma forma e arranjo quase impossíveis para que o evento
ocorra.

Nesta edição continuamos a explorar o tema do Coaching em Equipes


e em nosso dossiê contamos com John Leary-Joyce que conta como
iniciou a pesquisa sobre este tema e destaca vários pontos que consi-
dera importantes. Rosa Krausz retorna às nossas páginas para nosso
deleite e fala sobre os mitos e a realidade do Coaching de Equipes.
Com sua vasta experiência, destaca que a técnica não pode ser enca-
rada como uma solução barata para trabalhar várias pessoas juntas,
sendo muito mais do que isto.
Nosso dossiê é fechado por Káritas Ribas, aprofundando conceitos so-
bre a importância dos vínculos e da alteridade neste processo.

Seguimos com dois artigos especiais na seção Para Refletir, de duas


pessoas muito queridas: Robson Santarém e Cleila Lyra, que já nos
brindou com outros textos antes.

Carlos Legal traz sua sensibilidade costumeira embalada por muita


emoção em um momento especial que vive com sua família e nos lem-
bra que “tudo pode acontecer”.

Nossa próxima edição falará sobre felicidade. Então prepare-se.


Boa leitura,

Luciano Lannes
Editor

4 2014 Julho Ed. 14


6 Dossiê: Coaching de Equipes - John Leary-Joyce
12 Dossiê: Mitos e Realidade- Rosa Krausz
18 Dossiê: Vínculos e Alteridade- Káritas de Toledo Ribas
22 Da Teoria à Prática: Tipos Psicológicos e Coaching - Lúcia Navarro
26 Ponto de Venda: Me formei em Coaching... e agora? - Lucila Ferraz Marques
28 Para refletir: A Jornada do Herói - Robson Santarém
30 Para refletir: A emergência do autor - Cleila E. Lyra
34 Eu cada vez melhor: No jogo, tudo pode acontecer - Carlos Legal
38 Como comecei - Gustavo Boog
40 Para mim foi assim - Danilo Timich
42 Quem contratar
52 Onde estudar

Expediente Editora Saraswati Fale conosco


Revista Coaching Brasil www.editorasaraswati.com.br Publisher
Publicação mensal da lannes@revistacoachingbrasil.com.br
Editora Saraswati Todas as edições da Revista Editorial
ano II – num. 14 – Julho 2014 contato@revistacoachingbrasil.com.br
Coaching Brasil estarão disponíveis no site
Diretor e Publisher Publicidade
para acesso exclusivo dos assinantes.
midia@revistacoachingbrasil.com.br
Luciano S. Lannes O conteúdo dos anúncios publicados é de
lannes@revistacoachingbrasil.com.br responsabilidade dos anunciantes.
Projeto gráfico e editoração A responsabilidade pelos artigos assinados é
Estúdio Mulata dos autores.
danilo@estudiumulata.com.br A Revista é um veiculo aberto para a expres-
Projeto de Site são de idéias e conceitos.
Mind Design
marcelo@minddesign.com.br

2014 Julho Ed. 14 5


John Leary-Joyce
Coach Executivo e de Equipes, CEO e Fundador da
Academy of Executive Coaching, de Londres
john.leary-joyce@aoec.com
Dossiê

Coaching de Equipes:
a resposta para as limitações do
Coaching individual nas organizações
Fiquei chocado quando minha coa- dos. Assim, eu não estava a par (e nem
chee, uma líder da alta gestão de uma a minha coachee) do que estava acon-
grande corporação, me contou que es- tecendo em um nível sistêmico.
tava sendo pressionada a se demitir. Como resultado dessa falta de ali-
Eu havia entendido, a partir de conver- nhamento entre os processos de
sas com ela e com o seu líder, que está- Coaching, a organização acabou por
vamos trabalhando, de forma bem su- perder uma gestora comprometida a
cedida, com os principais objetivos es- um alto custo financeiro para o negó-
tabelecidos na sua última avaliação de cio (multas de rescisão, custos de re-
desempenho. O que nem ela e nem eu crutamento/treinamento de um novo
sabíamos é que ela não estava geren- profissional e diminuição do desem-
ciando competentemente as relações penho organizacional). Se, ao invés
com seus colegas e outros stakehol- de coaches profissionais trabalhando
ders importantes. Em outras palavras, com processos individuais de forma
ela não estava sendo suficientemente fragmentada, fôssemos uma equipe
política nas suas relações. de Coaches de Equipe, teríamos per-
Outros coaches profissionais estavam cebido e lidado com as questões rela-
trabalhando com diferentes líderes da tivas à dinâmica interpessoal e, possi-
equipe de alta gestão da organização, velmente, auxiliado nossos coachees
mas devido a questões de confidencia- a atuarem de forma mais eficaz.
lidade e falta de conexão entre os co-
aches, não havia troca de informações Ao longo dos anos, como supervisor
sobre os problemas e temas aborda- de outros coaches, ouvi muitas histó-

6 2014
2014Julho
Maio Ed. 12
14
rias semelhantes. E percebi que mui-
tos coaches experientes, especializa-
dos em Coaching individual, também
apreciavam o valor e a riqueza de uma
intervenção com a equipe. O que fal-
tava era confiança, habilidade ou uma
metodologia que pudesse guiá-los
nessa abordagem.
Em 2009, conheci Peter Hawkins,
Presidente do Bath Consulting
Group e, começamos a conver-
sar sobre o poder do Coaching de
Equipes e a falta de metodologia
e referencial teórico claros nessa
área. O resultado desse encontro
sincrônico foi a criação do primei-
ro programa de treinamento em
Coaching de Equipes na Inglaterra.
Lançamos, naquele mesmo ano, um
curso pioneiro com coaches expe-
rientes para mapear os princípios
fundamentais e identificar as prin-
cipais habilidades necessárias a um
O Coaching
Coach de Equipes.
Sem dúvida, Coaching de Equipes é
de Equipes
uma nova e interessante abordagem amplia a
no mercado. Mas o que torna tão
atrativa? O que sabemos é que de- perspectiva
pois de mais de uma década de expe-
riência e sucesso no Coaching indivi- do Coaching
dual, nos deparamos com algumas
das suas limitações. Certamente, a individual
abordagem de Coaching individual é
ideal para aperfeiçoar a performan-
ce de um profissional, mas será que,
isoladamente, tem impacto real so-
bre a performance coletiva?

2014 Julho Ed. 14 7


Então, o que é o Coaching de Equipes?
Será que é a aplicação do Coaching indivi-
dual com membros de uma mesma equi-
pe? Coaching em grupo? Ou facilitação em
grupo? Será desenvolvimento de equipes,
focado na dinâmica do grupo? Ou ainda al-
guma intervenção de gestão da mudança
ou processos de consultoria em desenvol-
vimento organizacional?
Na verdade, nosso argumento é que o
Coaching de Equipes - ou melhor, Coa-
ching Sistêmico de Equipes- envolve to-
das as intervenções acima. Para ser efi-
caz, o Coach Sistêmico de Equipes deve
atuar em diversos níveis: individual, com
toda a equipe e com o amplo sistema or-
ganizacional.
Os seis níveis em que um Coach de Equi-
pes precisa atuar são:
1. Individual (velho conhecido dos coa-
ches individuais);
2. Interpessoal – trabalhando nas ques-
tões de relacionamento (muitos co-
aches individuais conseguem atuar
também neste nível);
3. Dinâmica da equipe – neste nível,
existe um envolvimento de relaciona-
mentos múltiplos;
4. Tarefa da equipe – definição da visão,
propósito, objetivos, metas, estraté-
gia, operações, etc.;
5. Envolvimento dos stakeholders– tra-
zendo o sistema organizacional para
“dentro da sala”;
6. Amplo contexto – perspectiva políti-
ca, econômica, social, tecnológica, le-
gal e ambiental.

8 2014 Julho Ed. 14


Para dar conta da complexi- um grupo? Quem decide?
dade dessa abordagem, meu Isso faz diferença?
colega Peter Hawkins de- • Quem está na equipe?Quais
senvolveu um modelo com são as fronteiras dessa
quatro quadrantes, que ex- equipe?
plicou em seu livro “Leader- • Que tipo de equipe é essa
e qual o papel dela na or-
ship Team Coaching” (ainda
ganização? Por exemplo,
não disponível em portu- Diretoria, Conselho, equipe
guês). Este modelo baseia- de gestão ou equipe de pro-
-se em seis níveis e pode ser jeto, etc.
usado como um guia para • É permanente ou temporária?
o processo de Coaching de • É presencial, virtual ou ambos?
Equipes. A primeira dimen- • Qual é a interface com a rede
são foca na compreensão de de stakeholders externos?
quem está dentro e quem • Qual é o nível de consciên-
está fora da equipe. cia e compreensão da equi-
Katzenbach e Smith, em pe sobre as forças sistêmi-
cas e o contexto ambiental?
seu livro “The Wisdom of
Fora da equipe, as questões
Teams”(ainda não disponível
importantes são:
em português) afirmam que
• A quem essa equipe precisa
“uma equipe envolve um nú- servir?
mero pequeno de pessoas • Quem são os stakeholders?
com habilidades complemen- (chefes, acionistas, clientes,
tares, comprometidas com fornecedores, etc.)
um propósito comum, um • Quem está demandando o
conjunto de objetivos de per- trabalho para a equipe? (lí-
formance, e uma abordagem der da equipe, o chefe do
pela qual são mutuamente líder, a Diretoria, etc.)
responsáveis”. Considerando • Quem está hierarquicamen-
essa uma boa definição do ter- te abaixo e como estes são
impactados pelo trabalho
mo “equipe”, podemos refletir
da equipe?
sobre as seguintes questões, • Como os stakeholders irão se
com relação ao processo de relacionar com a equipe que
Coaching de equipe: está recebendo o Coaching?
Dentro da equipe, as pergun- • O que está acontecendo no
tas importantes são: contexto, em um nível mais
• Será que é uma equipe ou amplo?

2014 Julho Ed. 14 9


A segunda dimensão envolve o pelo trabalho (individualmente
Foco na Tarefa e o Foco nas Pesso- e como equipe)
as. Peter Hawkins adicionou diver- • Estilo e qualidade da liderança
sos elementos à definição de Kat- (individual ou coletiva) e dos
zenbach & Smith para relacioná-la que a seguem
com o nosso processo de Coaching Com este modelo, o Coach Sistêmi-
Sistêmico de Equipes:“…uma equi- co de Equipes busca facilitar o foco
pe de alta performance: se comuni- e a entrega da TAREFA junto ao
ca de forma eficaz para aumentar processo das PESSOAS para fazer
a moral e o alinhamento do time; com que o trabalho aconteça de
envolve os principais stakeholders; forma eficaz e eficiente. Quando
aprende constantemente e desen- unimos as duas dimensões, obte-
volve todos os seus membros. mos o modelo das Quatro Discipli-
Assim, se relacionarmos essas nas, de Hawkins:
1. Comissionar (demandar) o tra-
questões com o nosso modelo
balho requisitado à equipe, por
de quatro quadrantes, teremos o parte dos stakeholders;
Foco na Tarefa, em que a atenção 2. Clarificar a visão, propósito,
precisa estar centrada nas seguin- objetivos, sistemas e processos
tes questões: que precisam ser alcançados
• Objetivos e Metas – os resulta- para que a demanda comissio-
dos que a equipe precisa atingir nada seja atendida;
• Visão, Missão, Propósito e Es- 3. Co-criar os relacionamentos
tratégia entre os membros da equipe de
• Papeis e Responsabilidades – forma a construir um time dinâ-
poder e influência para fazer as mico e colaborativo, que possa
coisas acontecerem entregar os objetivos comparti-
• Processos e Sistemas Opera- lhados;
cionais – as engrenagens que 4. Conectar com os stakeholders,
fazem o sistema funcionar de de forma a construir relações
forma eficiente. positivas e produtivas.

No Foco nas Pessoas, a atenção Finalmente, temos a Quinta Disci-


deve ser centrada em: plina, que está muito próxima ao
• Relações interpessoais na equi- conceito de Peter Senge:
pe e com os stakeholders 5. Aprendizagem Central – para
• Dinâmica da equipe e estágio a equipe e para a organização.
de desenvolvimento (por exem- Refere-se à aprendizagem con-
plo, de acordo com o modelo de tínua e gestão do conhecimen-
Tuckman: Forming, Storming, to dos aspectos que fazem da
Norming, Performing) equipe eficaz e de alta perfor-
• Autoridade e Responsabilida- mance. É o que cria a Organiza-
de – considerar-se responsável ção de Aprendizagem.

10 2014 Julho Ed. 14


Para levar em consideração todos
esses conceitos, a AoEC definiu
Coaching Sistêmico de Equipes
da seguinte forma: “Um processo
de trabalho com todos os membros
de uma equipe, juntos e separados,
ao longo de um período de tempo
determinado, com um trabalho de
Coaching focado na colaboração e
desenvolvimento da sua liderança
coletiva, para que atinjam o propó-
sito compartilhado e seus objetivos
de performance, e relacionem-se
de forma eficaz com todos os prin-
cipais grupos de stakeholders para,
conjuntamente, transformarem o
negócio de forma mais ampla.”

Agora, proponho que você refli-


ta brevemente sobre uma equi-
pe com quem já trabalhou. Nesse
trabalho, foi possível desenvolver
as cinco disciplinas descritas aqui?
Se a resposta for positiva, acre-
dito que você já está fazendo o
Coaching de Equipes de Alta Per-
formance e obtendo resultados
surpreendentes. Se for negativa,
reflita sobre quais foram os níveis
trabalhados e o que foi deixado de
fora. Qual o nível de sucesso ob-
tido no trabalho? Poderia ter sido
maior? Como? O que faltou?
Como um convite final, deixo aqui
a minha sugestão: busque conhe-
cimentos, artigos e cursos sobre o
Coaching de Equipes. Estou certo de
que essa abordagem veio para ficar
e é o próximo passo no desenvolvi-
mento do Coaching Executivo.

2014 Julho Ed. 14 11


Rosa R. Krausz
Analista Transacional Didata,
Coach Executivo e Empresarial, Formadora de Coaches
Caminhando para o futuro
Dossiê rokra@terra.com.br

Coaching de Equipe:

Mitos e
Realidade
Introdução de e prontidão dos participantes, os
O uso crescente e impreciso do termo aspectos favoráveis e desfavoráveis do
“Coaching de Equipe” tem provocado contexto, as características da cultura
confusão, dúvidas e incertezas a respei- organizacional da empresa em ques-
to de sua utilização, metodologia, objeti- tão, para citar algumas.
vos e resultados.
No entanto, como ressalta Clutterbu-
Tal fato tem gerado preocupação en- ck, (2013) um dos poucos especialis-
tre os poucos profissionais da área tas na área, muitas consultorias e pro-
que acompanham o crescimento da fissionais “estão usando o termo para
oferta de Coaching de Equipe apoiada descrever formas de team building,
em promessas de obtenção de resul- facilitação de equipes, consultoria de
tados que poderiam ser caracteriza- processo ou fazer coaching com vá-
das como propaganda enganosa que rios indivíduos que por acaso perten-
acaba por atrair compradores ingênu- cem a uma mesma área”.
os e/ou desinformados em busca de
soluções rápidas, baratas e mágicas Coaching de Equipe passa a ser divul-
para suas dificuldades. gado como uma intervenção rápida,
barata, padronizada e indefinida, uma
Coaching de Equipe é uma intervenção espécie de panacéia para a maioria
complexa, delicada, cuja utilização re- das dificuldades que grassam nas
quer uma cuidadosa análise e prepa- empresas. O que menos se encontra
ração prévia que considere variáveis são conceitos claros, tanto de equipe
intervenientes tais como a real exis- como de Coaching de Equipe que per-
tência de uma equipe, a disponibilida- mitam compreender qual o sentido

12 2014 Julho Ed. 14


que os que oferecem este ser-
viço atribuem ao termo e quais
estratégico, com elevado po-
tencial de geração de resul- ... o Coaching
as especificidades e objetivos tados tangíveis e intangíveis
desta intervenção. de aprendizagem, desenvolvi- de Equipes não
mento e transformação indi-
O que entendemos por Coa-
ching de Equipe?
vidual, da equipe e da organi-
zação como um todo o que fa-
pode ser visto
Segundo Dunlop (2005, p.24)
que parafraseia Whitmore (2003,
vorece a sustentabilidade dos
benefícios alcançados.
como solução
p.3), Coaching de Equipe “é de-
sencadear o potencial de uma Sua utilização adequada, como
rápida, barata
equipe para maximizar seu pró-
prio desempenho. É mais ajudá-la
podemos inferir, está assenta-
da no conceito de equipe, ou e mágica para
a aprender do que ensiná-la”. seja, um conjunto de pessoas
que é: os problemas...
Para Hackman e Wageman (2005, 1. relativamente estável e que
p.269) “Coaching de Equipe é uma atua como um sub-sistema
interação direta com uma equi- no contexto de um sistema
pe com a finalidade de colaborar social mais amplo;
para que os membros utilizem, de 2. formado por pessoas que se
forma coordenada e adequada à propõem a produzir resulta-
tarefa, seus recursos coletivos na dos de caráter coletivo;
realização do seu trabalho”. 3. formado por pessoas inter-
dependentes;
Clutterbuck (2008, p.95) define 4. formado por pessoas que pos-
Coaching de Equipe como, “Aju- suem conhecimentos, habilida-
dar a equipe a melhorar seu de- des e experiências complemen-
sempenho e o processo pelo qual tares necessárias para a obten-
esse desempenho é alcançado, re- ção dos resultados coletivos.
correndo a reflexões e diálogos”.
A condição “sine qua non” para
Entendemos Coaching de Equi- qualquer intervenção de Coa-
pe como “um processo de apren- ching de Equipe é a existência
dizagem e desenvolvimento de de uma Equipe, pois esta é que
determinados agrupamentos de será a cliente do processo.
trabalho dentro de um contexto
organizacional determinado, com Características do Coaching
a finalidade de maximizar sua de Equipe
capacidade de gerar resultados, Embora o Coaching de Equipe
gerir sua aprendizagem, cresci- partilhe da mesma filosofia e
mento e contínua transformação princípios do Coaching Executivo
como pessoas, membros de uma e Empresarial, apresenta algu-
equipe e membros de uma orga- mas características distintivas,
nização.” (Krausz, 2008). dentre as quais destacamos:
Por sua amplitude tal defini- 1. Finalidade: Aproveitamen-
ção realça o alcance do Coa- to ótimo do potencial da
ching de Equipe, tornando-se equipe como um todo, em
uma intervenção de caráter particular da diversidade e

2014 Julho Ed. 14 13


complementaridade de seus
... o coach de membros, o que eleva a sus-
tentabilidade e as caracterís-
equipe facilita ticas únicas que provem des-
ta combinação;

a interação 2. Equilíbrio: dinamismo oriun-


do da interação entre as for-
ças de Coesão Interna (inte-
aberta entre gradoras) por um lado e Pres-
são Externa + Agitação Inter-
todos os na (desintegradoras) por ou-
tro. Tal movimento estimula

participantes... a mudança transformadora


e a sinergia constituindo um
antídoto da acomodação;
3. Foco: Ações e interações co-
ordenadas da equipe e seu
7. Ritmo das decisões: poderá impacto na performance e
exigir mais tempo uma vez que nos resultados, minimizando
a busca será pelo consenso no perdas e desperdícios huma-
sentido estrito da palavra. nos e materiais.
8. Auto-gestão que propor- 4. Orientação: Não diretiva,
cionará a maximização do contratual, participativa, igua-
aproveitamento do talento, litária, co-responsável com ên-
criatividade, conhecimento e fase na auto gestão;
experiência dos seus mem- 5. Feedback e feedforward:
bros. Como lembra Hackman, alimentando a reflexão, auto
(2005), “quando você tem conhecimento, respeito, con-
uma equipe, existe a possibili- fiança mútua e a solidariedade
dade desta gerar milagres ao entre os membros da equipe;
produzir algo extraordinário, 6. Confidencialidade: Por tra-
uma criação coletiva de qua- tar-se de uma atividade em
lidade ou beleza jamais imagi- grupo, será necessário in-
nada. No entanto, várias pes- vestir na construção de cli-
quisas indicam que as equipes ma de segurança sem o qual
tendem ao sub desempenho, a probabilidade de resis-
apesar dos recursos extraordi- tência dos membros para a
nários que dispõem. Em geral, abertura e compartilhamen-
são dificuldades de coordena- to poder emergir. Segundo
ção e motivação que limitam Lencioni (2.000), cinco são
os benefícios da colaboração”. as disfunções que tendem
a afetar as equipes de tra-
Para Diedrich (2001, p.238), o balho: a) falta de confian-
Coaching de Equipe constitui ça; b) conflitos; c) falta de
um processo de aprendizagem comprometimento; d) falta
(papéis, responsabilidades, en- de disponibilidade para as-
gajamento e metas/objetivos sumir responsabilidades; e)
claros) tanto da equipe como falta de foco nos resultados.

14 2014 Julho Ed. 14


de cada um dos membros. A que acabam provocando res-
proposta é contribuir para a sentimentos
construção e manutenção de • Marginalização entre os membros
relacionamentos que propi- • Perda de suporte/apoio de pesso-
ciem a liberdade para aprender as, falta de acesso a recursos,etc.
e compreender que a equipe é Estes e outros fatores cons-
dona dos problemas e das solu- tituem um desafio e exigirão
ções com foco no aqui e agora. algumas competências, capa-
cidades e expertise adicionais
O papel do Coach de Equipe do Coach de Equipe, dentre as
Como afirma Clutterbuck quais destacamos:
(2004), “O papel do Coach de
Equipe é muito diferente do Co- 1. Compreensão dos processos
ach individual. O Coach de Equi- que acontecem dentro e fora
pe facilita a interação aberta do espaço social da equipe;
e freqüentemente simultânea 2. Entender a equipe como um
entre todos os participantes sub-sistema social que afeta
em cenários de conflito explíci- e é afetado por outros com
to ou oculto”. os quais interage;
3. Capacidade de estimular a
Além disso, é preciso conside- equipe a manter-se compro-
rar a “incidência de pelo me- metida com um propósito
nos cinco doenças que podem comum;
afetar até mesmo as melhores 4. Possuir elevada capacidade
equipes” (Fischetti, 1998): de escuta, de questionamen-
• Amnésia coletiva – os pró- to, observação, testagem de
prios membros da equipe já hipóteses de trabalho;
não tem claro porque e para 5. Expertise em gestão de con-
que existem. Perdeu-se a no- flitos e negociação que faci-
ção de sentido e direção. litem a convergência de me-
• Miopia – Falta de metas cla- tas e objetivos da equipe e
ras e inspiradores que esti- da organização;
mulem os membros a man- 6. Competência relacional;
terem-se como uma equipe 7. Abertura e flexibilidade para
empenhada em obter resul- estimular a geração de op-
tados significativos para si e ções, ampliação de perspec-
para a organização. tivas e alternativas de ação;
• Fobia de liderança – Dificul- 8. Humildade e versatilidade
dade dos membros de tomar para lidar construtivamente
decisões, solucionar proble- com a diversidade em geral;
mas de forma partilhada. 9. Dar e receber feedback que
• Ambiente conflituoso – de- contribua para a construção
sentendimentos recorrentes de um sentimento de perti-
sobre questões irrelevantes nência na equipe;

2014 Julho Ed. 14 15


10. Possuir suficiente equilí- para a organização e satisfação
brio interno para atuar em e auto-realização para a equipe.
situações de ambigüidade
e incerteza; Trata-se pois, de uma expertise
11. Ter uma visão sistêmica; que ainda poucos profissionais
12. Capacidade de manter isen- dominam e cuja aquisição exige
ção, equidistância e neutra- tempo, experiência, dedicação,
lidade diante dos aconteci- estudo, seriedade e sensibilidade.
mentos;
13. Percepção clara dos even- Hawkins (2011, p. 208)) , espe-
tuais jogos de poder que cialista em Coaching de Equipes
poderão ocorrer entre os , escreve:
membros da equipe; “Se como um Coach de Equipe eu
14. Atenção constante com as estarei criando valor sustentá-
questões éticas envolvidas vel, precisarei ter clareza sobre
num trabalho de Coaching ao que e a quem meu trabalho
de Equipe como sigilo, ob- estará servindo. No mínimo, pre-
jetividade e profissionalis- cisarei assegurar que esta minha
mo no trato das questões; atividade de coaching estará à
15. Capacidade para manter-se serviço dos membros da equipe,
dentro das fronteiras de da equipe como um todo, da or-
sua atividade profissional; ganização e do sistema mais am-
16. Manter a coerência entre plo ao qual a organização serve”.
discurso e ação;
17. Construir e manter a Alian- Não podemos esquecer que
ça de Trabalho entre Coach como profissionais da área de
e Equipe, sem a qual não aprendizagem e desenvolvi-
haverá condições de reali- mento, o trabalho de Coaching
zar o Coaching da Equipe. de Equipe jamais será um fim
em si próprio. Será, sim, um
Coaching de Equipe significa meio através do qual a equipe
estimular a aprendizagem da gera valor para todos os dire-
equipe para que esta se capaci- ta e indiretamente envolvidos,
te a conduzir sua própria traje- contribuindo assim para elevar
tória de trabalho de forma sin- a sua qualidade de vida.
tônica e integrada com elevado
grau de eficácia cujos indicado- Manter esta postura, reter es-
res são resultados satisfatórios tes princípios que modelam

16 2014 Julho Ed. 14


nossa prática profissional pres-
supõem reflexão, aprendizagem
constante, flexibilidade e o culti-
vo de valores que ultrapassem o
mero pragmatismo econômico e
nos levem ao encontro da voca-
ção, da autonomia e da autoatua-
lização tal como preconizada por
Abraham Maslow (1975, p.43-47).
Referências

Clutterbuck, D. (2004). Coaching


the Team. In www.clutterbuckas-
sociates.com em 4/7/2006
Clutterbuck, D. (2008). Coaching
Eficaz. S.Paulo: Ed. Gente.
Clutterbuck, D. (2013). Time to
focus coaching on the team. In-
dustrial and Commercial Training,
45.1, 2013: 18-22.
Diedrich, R. (2001) Lessons lear-
ned: Guidelines for Coaching Exe-
cutive Teams. Consulting Psycholo-
gy Journal: Practice and Research,
35(4) 238-39
Dunlop, H. (2005). An exploratory
investigation in the perceived
effects of team coaching. Inter-
national J. of Mentoring and Coa-
ching 4(2).
Fischetti,M. (1998). Team Doc-
tors, Report to ER, Fast Company,
jan,13, p. 170.
Hackman, J.R. e Wageman, R.
(2005). A Theory of Team Coa-
ching. Academy of Management
Review, 269-287.
Hawkins, P. (2011). Leadership
Team Coaching. Londres:Kogan-
-Page, p.208.
Krausz, R. (2008). Coaching de
Equipe: Ênfase no individual ou
no coletivo? Boletim Informativo
ABRACEM, Ano 2, (1).
Lencioni, P. (2.002). The Five
Disfunctions of a Team. San
Francisco:Jossey-Bass.
Maslow, A. (1982). The Farther
Reaches of Human Nature. N.York:
Penguin Books, p.43-47

2014 Julho Ed. 14 17


Káritas de Toledo Ribas
Psicanalista, Coach com Formação Ontológica, Mestranda
Dossiê em Biologia Cultural, Bacharel em Filosofia.
contato@institutoappana.com.br

Coaching de Equipes,
vínculos e alteridade
Em nosso trabalho com grupos fica que não existirão conflitos
temos percebido a importância ou resistências, porém seus
de, desde os primeiros momen- integrantes compreendem a
tos com a equipe, investirmos importância do manejo dessas
no estabelecimento de vínculos situações de forma a colaborar
sólidos e benéficos que permi- com o seu desenvolvimento. A
tam que seus integrantes sin- aprendizagem contínua é umas
tam-se parte de algo maior, que das características marcantes
supere a meta e a aquisição dos dessas equipes.
objetivos iniciais, transforman-
do-se assim em uma equipe de Entendemos por vínculos be-
alto desempenho. néficos as relações que se esta-
Equipe de Alto Desempenho, belecem entre indivíduos, onde
em nosso contexto, diz respei- esses dão significado ao outro,
to às equipes que desempe- reconhecendo e valorando seus
nham suas tarefas de forma comportamentos, sem impor
eficaz, comprometida e com condições para que esses com-
qualidade, sem contudo per- portamentos sejam iguais aos
der de vista a continuidade da seus. Para que os vínculos bené-
equipe, a manutenção de um ficos possam ser constituídos,
clima que motive a permanên- existe o imperativo da criação
cia e o crescimento contínuo de de um espaço de reflexão e ob-
seus membros. Isso não signi- servação de condicionamentos

18 2014 Julho Ed. 14


e automatismos, que se por um relações saudáveis e funcionais.
lado nos ajudam simplificando Sensibilizando os integrantes
nossa relação com o mundo, por dessas equipes para a importân-
outro nos limitam e impedem cia da manutenção de boas re-
nossa compreensão integral da lações interpessoais, tornando-
realidade, gerando uma visão de -os conscientes dos processos
mundo reducionista, fragmen- subjacentes de funcionamento
tada e esquemática. de um grupo e capacitando cada
membro para perceber quais in-
Se entendermos que as coisas tervenções são necessárias na-
são o que são, quando apoia- quele momento, provavelmente
das na percepção de quem as teremos mais chance que o gru-
observa de uma forma parti- po caminhe de forma diligente
cular, mas também são fruto rumo ao seus objetivos.
do contexto onde estão inse-
ridas e das relações recíprocas Quando falamos de alteridade,
que mantém entre si, podemos falamos sobre a capacidade
compreender que a partir das de percepção do outro em sua
relações de reciprocidade é plenitude, dignidade e diversi-
possível minimizar os precon- dade. O termo também pode
ceitos e estabelecer a reflexão ser entendido como a compre-
sobre a alteridade que permeia ensão genérica da figura do ou-
a equipe. A alteridade pres- tro, que ao mesmo tempo que
supõe que eu apenas exista a é gente como nós, manifesta-se
partir do outro, de sua ótica, o de forma muito diversa. Quan-
que me permite compreender to menos alteridade existe nas
o mundo a partir de um olhar relações entre as equipes, me-
diferenciado, partindo não so- nos vínculos são estabelecidos
mente da singularidade que me e mais difícil e truncada torna-
define, quanto da pluralidade -se a comunicação e o entendi-
que me rodeia. mento entre seus integrantes.
Entendemos a reflexão sobre a A probabilidade de uma equipe
alteridade como um tema cuja estabelecer um desempenho
abordagem é fundamental para satisfatório nessas condições
que possamos trabalhar o desen- é, portanto restringida. Quan-
volvimento da equipe através de do um indivíduo submerge nas
inúmeras ferramentas, que fa- águas turvas do individualismo,
zem usos desse conceito e que obscurecendo sua visão da al-
tenham como objetivo melhorar teridade, se estabelece uma
as competências interpessoais. relação de sujeito para objeto,
Ferramentas como feedbacks e não de sujeito para sujeito.
integradores, comunicação ge- Neste momento, perde-se a
nuína e os fundamentos de uma capacidade de aprender com o
liderança autêntica, se forem tra- outro, e deixamos de exercer
balhadas apenas como técnicas, aquilo que nos é mais caro, pois
correm o risco de perderem sua desde os primórdios da filoso-
essência, que é a de estabelecer fia afirmamos que o ser huma-

2014 Julho Ed. 14 19


no é um ser social. Essa capaci- dades de atuação, onde suas
dade de colocar-se como apren- competências possam ser ma-
diz é uma das bases de equipes nifestas e a qualidade de suas
flexíveis e que se adaptam às presenças possa ser validada,
realidades das mudanças cons- fazendo com que cada inte-
tantes das organizações. grante torne-se um modelo de
Se a alteridade permeia a equi- autenticidade interpessoal.
pe, cada membro pode emergir Se olharmos através das lentes
como líder quando a situação da filosofia, percebemos que a
exigir uma competência que ética, além de nos falar sobre
pertença àquele membro espe- a melhor maneira de viver, nos
cífico, e essa liderança é valida- fala principalmente sobre a me-
da pelos demais, pois através lhor maneira de conviver, pois
de seu estilo de intervenção ele a maior parte de nosso contato
poderá ensinar aos demais e com o mundo se dá através do
contribuir para a construção de contato com pessoas como nós.
um conhecimento que pode ser É por meio do outro que somos
partilhado por toda a equipe. capazes de nos perceber e corri-
gir nosso comportamento – esse
Partilhamos da crença de que é o fundamento por trás das fer-
o estabelecimento dos víncu- ramentas de feedback, tão utili-
los de alteridade possam ser zada para o desenvolvimento de
estimulados, majorados e auto- indivíduos e equipes e de incre-
rizados pelos gestores. Talvez mento de sua performance.
um dos grandes desafios seja o
de fundir perspectivas de dois Talvez não seja possível cons-
universos que geralmente se truir uma equipe de alto de-
evitam – o da experiência prá- sempenho sem o estabeleci-
tica em administração e os co- mento de vínculos que permi-
nhecimentos advindos da filo- tam a liberdade de expressão e
sofia. Possibilitar o contato dos a geração de um clima de cres-
membros da equipe com temas cimento e aprendizagem. A in-
que possam desenvolvê-los tegração terá menores chances
como seres humanos, além de de se realizar e a criatividade
permitir vivências que possam do grupo poderá não ser ma-
trazer uma maior envergadura nifesta enquanto as relações
de seus pensamentos, é o que entre os integrantes não forem
chamamos de desenvolvimen- baseadas em vínculos sólidos,
to. Desenvolver uma equipe é comunicações abertas, ajusta-
muito mais do que transmitir das e confiantes. Se os mem-
informações técnicas ou teóri- bros de uma equipe mantêm
cas. Desenvolver uma equipe é o outro à distância, impedindo
possibilitar que seus membros a possibilidade do estabeleci-
experienciem novas possibili- mento desses vínculos, essa

20 2014 Julho Ed. 14


separação vai gradativamente
tornando-se intransponível e
o outro passa a ser percebido
como incompatível. O estabele-
cimento de vínculos benéficos
e a possibilidade de uma comu-
nicação eficaz demandam tem-
po e é uma atitude que pode
ser aprendida. Acreditamos
que o investimento em pro-
gramas de desenvolvimento
mais extensos seja uma medida
necessária para a obtenção de
um salto de qualidade no de-
sempenho da equipe, pois rees-
truturações comportamentais
sólidas e aprendizagem efetiva
exigem longos períodos para
solidificarem-se e tornarem-se
orgânicos e naturais.

Bibliografia
Abbagnano N. Dicionário de fi-
losofia. São Paulo: Martins Fon-
tes. 2007.
Kofman F. Metamenagemant:
O sucesso Além do Sucesso - A
Nova Consciência nos Negó-
cios. 6ª Edição. Rio de Janeiro:
Campus, 2004. 320p.
MAILHIOT, Gerald Bernard.
Dinâmica e gênese dos grupos.
7. ed. São Paulo: Duas Cidades,
1991.
PICHON-RIVIÈRE, E. Teoria do
vínculo. São Paulo: Martins Fon-
tes, 6. ed. 2000.

2014 Julho Ed. 14 21


Lucia Navarro
Coach, palestrante, instrutora, qualificada em MBTI
“Quem olha pra fora sonha, quem olha pra dentro desperta”
Carl G. Jung
Da teoria à Prática www.lucianavarrobrasil.wordpress.com
lucianava@uol.com.br

Tipos Psicológicos
Escolha da Carreira
Quais atividades são mais aderentes ao opostos (quatro escalas):
meu perfil? Posso exercer qualquer fun- • Foco de Energia - determinado pela
ção que quiser? Como entender qual área extroversão(E) quando o foco é no
/ profissão seria mais motivadora? Onde mundo externo, e pela introversão(I)
minha produtividade seria maior? quando o foco é no mundo interior
Este texto vai explicar como a combinação (edição 10)
das funções psíquicas, principal e auxiliar • Funções Psíquicas de Percepção - de-
presentes no seu tipo psicológico, pode terminam a forma como coletamos
ajudar você a entender melhor suas áreas informações do mundo ao nosso re-
mais produtivas, suas motivações, as ati- dor, e pode ser através da sensação(S)
vidades que serão mais prazerosas e de- quando utilizamos os cinco sentidos
mandarão um gasto menor de energia. E, ou da intuição(N), quando utilizamos
poderá também auxiliar o Coach no pro- o 6º sentido (edição 11);
cesso de Coaching, a buscar junto com seu • Funções Psíquicas de Julgamento - re-
coachee quais são as áreas mais afins. ferente à forma como tomamos deci-
são, se através do pensamento(T) ou
Farei um pequeno resumo dos tipos psi- do sentimento(F) (edição 12);
cológicos do que foi explicado nas edi- • Estilo de Vida – determina qual é a
ções anteriores a respeito da teoria dos função dominante e como você se re-
tipos psicológicos, criada pelo psiquiatra laciona com o mundo exterior, e pode
Carl Gustav Jung (1875-1961). Na edição ser identificado pelo julgamento(J) ou
8 escrevi uma visão geral sobre a teo- pela percepção(P) (edição 13);
ria, que é composta por quatro pares de

22 2014 Julho Ed. 14


O tipo psicológico contém uma
letra para cada escala descrita ...as áreas mais
produtivas são
acima(E/I, S/N,T/F, J/P), sendo que
as duas letras centrais identificam
as funções psíquicas(S/N e T/F), e
estas representam as funções prin-
cipal e auxiliar. Embora na repre-
mais prazerosas
sentação do tipo tenhamos ape-
nas duas funções psíquicas (S/N e
e demandam
T/F), as demais funções também
estão implícitas em cada perfil, e
menor gasto de
representam as funções terciária e
inferior. energia...
Se a função principal é uma função
Os tipos psicológicos que possuem
de “percepção” (S ou N), a função
essa combinação são: ESTJ, ESTP,
auxiliar será de julgamento (T ou
ISTJ e ISTP.
F) e vice-versa. A função principal
Os tipos ST gostam de concentrar
carrega junto o foco de atitude, se
sua atenção em fatos e os analisam
extrovertido ou introvertido.
de forma impessoal. Possuem um
As funções terciária e inferior são
senso de realização muito forte, e
funções pouco desenvolvidas. A
tendem a ser melhor aproveitados
terciária é o oposto da função au-
em atividades onde a praticidade
xiliar e a inferior é oposta à função
seja necessária, são conhecidos
principal.
como grandes gestores/adminis-
A seguir, falarei sobre os pares
tradores. Gostam de ver de seus
compostos pelas funções psíqui-
projetos serem implementados,
cas presentes em cada tipo, sua di-
possuem uma aptidão forte para
nâmica interna, seus motivadores,
planejamento e sistematização de
e as atividades que são mais atra-
áreas e processos.
entes, qual é o tipo de demanda
Possuem também um senso de
que respondem melhor, as combi-
justiça muito forte, tem um com-
nações são:
promisso com a verdade e com a
transparência.
• ST – Sensação/Pensamento
• SF – Sensação/Sentimento
De maneira estruturada poderí-
• NT – Intuição/Pensamento
amos dizer que os tipos que pos-
• NF – Intuição/Sentimento
suem as funções ST tem as seguin-
tes características:
Destacarei em cada combinação
• Concentram-se em “fatos”;
quais são os tipos psicológicos
• Lidam com os fatos analisando-
possíveis, sendo que cada um de-
-os objetivamente e consideran-
les tem suas especificidades, mas
do experiências anteriores;
serão destacadas apenas as suas
• São práticos e analíticos;
características comuns.
• Gostam de exercer atividades
que possam ser acompanhadas,
ST – Sensação/Pensamento
medidas, avaliadas de maneira

2014 Julho Ed. 14 23


prática e precisa; para seus interesses de for-
• Encontram um propósito ma a buscar conhecimentos
para seus interesses de for- técnicos para trabalhar em
ma a buscar conhecimentos prol das pessoas;
técnicos sobre fatos e obje-
tos; As profissões mais afins seriam:
• Saúde (Médicos, enfermei-
As profissões mais afins seriam: ros, fisioterapeutas, paramé-
• Ciências aplicadas (ciências dicos, etc);
que visam resolver o pro- • Serviço social;
blema de forma prática, ex: • Serviços Comunitários;
matemática aplicada, física • Ensino;
aplicada, tecnologia da in- • Área comercial (Vendas);
formação, áreas de Pesquisa
• Serviços de Suporte (atendi-
& Desenvolvimento, etc);
• Negócios/Gestão; mento à cliente, ouvidoria,
• Administração; suporte técnico);
• Serviços Financeiros; • Relações Públicas;
• Área jurídica; • Educação Física;
• Economia;
• Produção; NT – Intuição/Pensamento
• Construção; Os tipos psicológicos que pos-
suem essa combinação são:
SF – Sensação/Sentimento ENTJ, ENTP, INTJ e INTP.
Os tipos psicológicos que pos- Os tipos NT gostam de concen-
suem essa combinação são: trar sua atenção nas possibili-
ESFJ, ESFP, ISFJ e ISFP. dades e no desenvolvimento de
Os tipos SF também gostam de conceitos teóricos e técnicos.
concentrar sua atenção em fa- São lógicos e analíticos, e são co-
tos, mas os analisam de forma a nhecidos como visionários e es-
atender às necessidades das pes- trategistas. Possuem um senso
soas. Possuem um senso de reali- de inovação muito forte, e por-
zação, mas tendem a ser mais to- tanto, costumam ser inventores,
lerantes e amigáveis. Gostam de empresários e empreendedo-
profissões que possibilitem uma res. Podem antecipar tendên-
ajuda prática para outras pesso- cias de mercado/demanda, com
as, ou tenham uma interação di- isso, este perfil vai buscar pro-
reta com as pessoas, mas gostam fissões que dêem abertura para
de avaliar a contribuição que seu a implantação de mudanças.
trabalho possibilita na vida dos
envolvidos, e tendem de medir De maneira estruturada pode-
esse avanço de forma precisa. ríamos dizer que os tipos que
possuem as funções NT tem as
De maneira estruturada pode- seguintes características:
ríamos dizer que os tipos que • Concentram-se em “possibi-
possuem as funções ST tem as lidades”;
seguintes características: • Lidam com as possibilidades
• Concentram-se em “fatos”; para desenvolver teorias e
• Lidam com os fatos e como identificar tendências;
eles podem afetar/atender • São lógicos e analíticos;
às necessidades das pessoas; • Encontram um propósito para
• São práticos e compassivos; seus interesses na busca de co-
• Encontram um propósito nhecimentos teóricos e técnicos;

24 2014 Julho Ed. 14


As profissões mais afins seriam: • Encontram seu propósito
• Ciências médicas (pesquisa); quando conseguem desen-
• Pesquisa;Administração(pl volver atividades que me-
anejamento estratégico);T lhoram a vida do outro;
ecnologia(identificação de
tendências, inovação, estra- As profissões mais afins seriam:
tégia); • Psicologia;
• Direito; • Recursos Humanos;
• Engenharia (pesquisa e ino- • Ensino;
vação); • Literatura;
• Economia(identificação de • Teologia;
padrões mais complexos); • Aconselhamento;
• Publicidade e propaganda; • Artes e Música;
• Jornalismo;
NF – Intuição/Sentimento • Filosofia;
Os tipos psicológicos que pos- • Saúde;
suem essa combinação são:
ENFJ, ENFP, INFJ e INFP. Esse texto não tem a inten-
Os tipos NF gostam de concen- ção de ser uma tabela de
trar sua atenção em possibili- profissões versus os tipos
dades e as analisam de forma psicológicos, pois as profis-
a compreender as aspirações sões possuem grande ampli-
alheias. São entusiasmados e tude de atuação, mas o que
costumam ter muitos insights. deve ser observado é o que
Estão sempre voltados para o cada combinação tem como
entendimento e a comunica- foco, como fator motivador,
ção com o outro, exercendo pois este deve ser o caminho
fortemente a compaixão e a para se buscar profissões/
empatia. As atividades/profis- funções/carreiras que darão
sões que mais os encantam são mais prazer no seu exercício,
aquelas que podem contribuir e que exigirão um menor gas-
de forma genuína com o bem to de energia por aplicar as
estar do outro sem, contudo, funções que são mais fortes
ter uma preocupação em medir em cada tipo, e nessa análise
esses avanços, e possuem um o coach pode ser um grande
forte espírito de “servir”. aliado para auxiliar o coachee
na construção de um caminho
De maneira estruturada pode- mais promissor.
ríamos dizer que os tipos que
possuem as funções NF tem as Com esse texto encerro a série
seguintes características: de textos a respeito dos “ti-
• Concentram-se em “possibi- pos psicológicos”! Espero ter
lidades”; contribuído com o seu conhe-
• Lidam com as possibilidades cimento a respeito dessa teo-
para melhor entender e ser ria, que a meu ver, pode ser um
compreendido pelo outro; grande aliado no caminho do
• São mais compassivos e to- autoconhecimento e no pro-
lerantes; cesso de Coaching!

2014 Julho Ed. 14 25


Lucila Ferraz Marques
Coach, Facilitadora, Palestrante e Marketing
Diretora da ICF São Paulo
Podemos nos reinventar a todo momento, basta querer!
Ponto de Venda lucila@lucilamarques.com.br

Me formei em coaching...

E AGORA?
O email marketing é um bom investimento?

Muitos coaches quando decidi- sobre determinados assuntos; direcionar qual meio de comu-
ram por uma carreira solo não neste caso o jeito é fazer por si nicação: TV, rádio, internet,
tinham a menor idéia do que os próprio, buscar ajuda de paren- revista ou jornal e quando es-
esperava. Foi nesse momento tes e amigos que tenham conhe- colhido, definir qual o veículo:
que descobriram que teriam cimento da área. Quando você programa de TV, título de revis-
que jogar em todas as frentes: recruta um suporte, você pode ta, tipo de inserção de internet:
abrir a empresa legalmente, focar no seu interesse e manter blog, adwords, site, email e etc.
dar nome, fazer divulgação, o seu negócio atraente, mas nem Existem alguns critérios para
captar clientes, vender o servi- sempre se consegue essa ajuda, poder eleger qual a ação que
ço, entregar o processo, emitir e o jeito é fazer por si próprio. irá fazer, uma delas é levantar
a NF, cobrar o cliente, controlar o custo X beneficio que esta
a contabilidade, participar de Quando o assunto é a divulga- ação pode proporcionar; quan-
reuniões e ainda continuar es- ção do Coaching sempre apare- to de investimento será feito e
tudando, Ufa! ce uma questão: em qual mídia quanto de retorno financeiro
devo investir tempo e dinheiro? ele poderá te dar. Atualmente o
O começo é sempre mais difícil Como dissemos anteriormen- email marketing é um dos mais
e o investimento nem sempre é te, para poder saber qual mídia cotados, por seu baixo custo e
compatível com a necessidade. usar é necessário conhecer seu principalmente, do acesso mi-
Muitas vezes vem o sentimento publico potencial, pois a partir nucioso aos resultados de cada
de solidão e até de ignorância desta informação é possível ação que esse meio oferece. O

26 2014 Julho Ed. 14


crescimento do email marketing publicação, a chance é grande incentivar as empresas a gastar
é contínuo e reflexo do aumen- de que não verá mais o conteú- mais com seus Promoted Posts
to, cada vez mais presente, do do, por outro lado, o e-mail é as- e, com isso, conseguir fazer suas
acesso à internet. Além disso, a síncrono e não se perde. É muito publicações apareçam nas time-
consolidação das redes sociais comum dispararmos uma cam- lines da maioria dos seus fãs.
também contribui com o grande panha e ainda termos aberturas 5- Com e-mail, é possível au-
potencial de mercado a ser ex- e cliques vários dias depois. tomatizar parte do marketing
plorado. Quanto mais pessoas 3- Um relacionamento mais digital
conectadas, mais chances de no- profundo Isso é conseguido com uma
vos emails, usuários, acessos etc. Ao mesmo tempo em que é fácil prática mais avançada de ma-
O email marketing como a ação é começarmos a seguir uma em- rketing digital, é o disparo de
a mais vantajosa no meio digital. presa no Twitter ou curtir sua uma sequência de e-mails de
página no Facebook, é bastante forma automatizada a partir
Em tempos de redes sociais, comum não clicarmos nos links de ações tomadas pelo usu-
podemos pensar em 5 razões ou mesmo parar de seguir sem ário e/ou seu perfil demo-
para apostar nesta ferramenta uma razão evidente. Por e-mail gráfico (cargo, tamanho da
de marketing digital. Não há o compromisso é maior. Somos empresa, tipo de negócio,
dúvidas de que as mídias so- mais relutantes em nos inscre- etc.).Apesar de haver experi-
ciais revolucionaram boa parte ver para alguma lista, mas em ências de automação via mí-
do marketing. Seus resultados compensação investimos mais dias sociais, essa automação
continuam justificando a aten- atenção nos e-mails que rece- hoje só é possível de ser feita
ção e recursos dispendidos com bemos. Por isso, de uma forma em escala e de forma confiá-
esse canal. Veja abaixo5 razões geral, os cliques de uma campa- vel através de e-mail.
para dedicar recursos para fa- nha de e-mail ficam entre 10x a
zer e-mail marketing de uma 50x mais altos do que os cliques 10 dicas de como fazer email
forma séria e assertiva em um post em mídia social marketing
(para um mesmo tamanho de 1. Não compre listas de emails
1- Todo mundo tem e-mail base de assinantes). 2. Seja Pessoal
Por mais que sejamos um dos 3. Escreva um título que seja
países líderes no uso do Twitter 4- Lista de e-mails é um ativo impossível de não abrir
4. Se possível, personalize seus
ou Linkedin - que em geral são próprio e estável
emails com o nome da pessoa
as redes de uso mais profissio- Por mais que tenhamos que nos que irá recebê-los
nal – a proporção ainda é um apoiar em um software para fa- 5. Não envie emails com alta
pouco baixa se comparada com zer e-mail marketing da forma frequência
o tamanho da população online. certa, temos controle total so- 6. Menos é mais. Evite emails
No entanto, todo mundo tem bre a lista de assinantes. Nas mí- longos e vá direto ao ponto
e lê e-mail com frequência. Faz dias sociais também temos esse 7. Diga aos leitores porque eles
parte do nosso dia a dia há anos. ativo, mas estamos submetidos recebem seus emails e onde
às regras de terceiros e que po- se cadastraram
2- Mídias sociais são como um rio dem mudar significativamente 8. Ofereça uma recompensa:
O stream de atualizações de em pouco tempo. Um exemplo artigo, dicas, e-book...
9. Se possível, evite imagens
uma rede social é como um rio: é o Facebook, que apertou os
10. Deixe seus dados de conta-
se você não está lá na hora da critérios do seu algoritmo para to Visível.

2014 Julho Ed. 14 27


Robson Santarém
Palestrante, Escritor, Coach, Consultor em Gestão de Pessoas
Humanização com Alta Performance
robson.santarem@animah.com.br

Para refletir

A jornada
do HERÓI

Feliz aquele que empreende a jornada da própria transformação.


Será reconhecido pela transformação que provocou ao seu redor.

Você deve ter assistido ao filme ou ao e padrões internalizados que podem


menos conhecer a estória do Pinoc- não ser mais adequados para o novo
chio, escrita pelo italiano Carlo Collo- momento que é desconhecido. Embo-
di em 1881. Trata-se de uma metáfo- ra desconhecido e por isso temeroso,
ra encantadora do que chamamos “a ao mesmo tempo, exerce em Pinoc-
jornada do herói”. Essa estória ficou chio e em cada um de nós um intenso
consagrada com a adaptação feita por fascínio capaz de despertar energias
Disney em 1940. adormecidas e vontade de arriscar
Talvez nunca tenha se dado conta de que nos levam na direção do nosso
que a estória de Pinocchio é a sequên- destino.
cia da vida de todos nós. Como Pinoc-
chio, passamos por um tempo de alie- Entretanto, assim como o boneco de
nação, de não compromissos, de viver madeira, muitas vezes não percebe-
inconsciente a própria vida. Esse é o mos os perigos que nos espreitam e
tempo do boneco sem vida na oficina deixamo-nos seduzir por outros cha-
do Gepeto. No entanto, trata-se ape- mados. Pinocchio deixa-se enganar
nas de um tempo transitório. Há uma e passa por terríveis momentos. Não
voz que nos desperta e nos chama a acontece o mesmo conosco? Por mais
viver a vida de maneira consciente e de uma vez, a Fada Azul surge, como
cumprir uma missão digna do ser hu- auxílio sobrenatural, para orientar e
mano. É quando aparece a fada azul conduzir o Pinocchio de volta ao ca-
em nossa vida e chega o momento minho da vida. Embora algumas vezes
de sair de casa e assumir as rédeas do resista, ele sabe que pode contar com
destino e logo aparecem os perigos a o Grilo Falante que é o seu aliado de
serem enfrentados. Deixar a “casa pa- todas as horas e o ajuda a vencer os
terna” significa abandonar conceitos inimigos. Quem não passou por tudo

28 2014 Julho Ed. 14


isso? Quem não viveu experiências se- também compreender os estágios
melhantes, encontrando tanto pesso- da caminhada de cada um. E assim,
as que pretendem nos derrubar quan- como líderes bem-aventurados, sa-
to àquelas dispostas a nos ajudar? beremos como apoiar e contribuir
para o pleno desenvolvimento da-
Após se desvencilhar das armadilhas queles que caminham conosco. A
que criam para ele, Pinocchio decide grande bem-aventurança se dará
retornar para casa e nesse momento quando primeiro percebermos o he-
enfrenta a maior das provações. E é rói que reside em nosso interior. Ele
nesse momento que coloca seus in- nos ajudará a dar significado a cada
teresses pessoais de lado e empreen- estágio da jornada e a compreender
de todos os seus esforços e energias o fardo que carregamos. Isso pode
para combater o maior dos inimigos ser suficiente para aliviar o peso. E
– a Baleia Monstra – e salvar a vida assim, como líderes, entender a jor-
do pai. Aqui ele descobre que ao dar nada do outro e ajudá-lo a fazer com
a própria vida para salvar o pai, ele en- consciência a sua própria jornada.
contra a humanidade que estava “es-
condida” e a Fada o torna um “menino Pois como disse Joseph Campbell, o
de verdade”. Assim também acontece maior de todos os mitólogos: -“Não
ou pode acontecer com cada um: a precisamos nem mesmo nos arriscar so-
vida nos dá inúmeras possibilidades zinhos na aventura, pois os heróis de to-
de nos humanizarmos. Aproveitar es- dos os tempos já foram à nossa frente.
ses momentos e descobrir o significa- O labirinto é bem conhecido, só temos
do maior nos dá a certeza de que, não que seguir os passos do herói.”.
obstante os perigos, seremos huma- Reconhecer o mito de nossa vida, não
nos mais plenos quando nos doarmos pelos acontecimentos e pelo que está
e nos colocarmos a serviço do outro, ao nosso redor, mas sim pelas expe-
de uma causa que seja nobre, do que riências interiores, pode nos ajudar a
realmente importa nessa vida. sermos seres humanos melhores e as-
É preciso olhar para a nossa própria sim tornar a vida melhor para todos.
história como a jornada do herói que Se seguirmos cada etapa da jornada
caminha em busca da bem-aventu- – Campbell identificou como sendo
rança. Porque, se trabalharmos de doze – podemos assumir o protago-
forma consciente o herói que nos nismo da nossa história, escrevendo
habita, podemos alterar o resulta- e reescrevendo os capítulos da vida,
do final de nossa jornada. Eis por- dando-lhes significado e encontrando
que o mito é pedagógico e seguir os os recursos que estão presentes den-
seus passos é abrir-se para a possi- tro de cada de um de nós para realizar-
bilidade de viver a vida em toda a mos a missão que a vida nos confiou.
sua riqueza e descobrir o quanto o Se essa é uma missão para todos, mui-
ser humano pode se desenvolver to mais para os líderes, pois “a quem
e transcender para realizar o seu muito foi dado, muito será pedido; a
propósito. À medida que refletimos quem muito foi confiado, muito mais
sobre a nossa história saberemos será exigido” (Jesus Cristo).

2014 Julho Ed. 14 29


Cleila Elvira Lyra
Coach e Consultora para Desenvolvimento Humano
“Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida.”
Sócrates
Para refletir www.lyraconsultores.com.br

A emergência
do autor
Para começar desejo falar de pre- tecer uma relação e ascender um
sença, vez que propicia a abertura campo energético, libertador da
que possibilita a emergência do coragem. Coragem aqui não signi-
sujeito, na verdade da relação. fica: virtude, bravata (disfarce do
medo).
Esse sujeito, autor, não nasce
pronto, precisa ser des-coberto, Coragem é o sangue que irriga o
des-envolvido, em um parto auto- corpo permitindo seu funciona-
governado, mas multi-estimulado. mento. Para R. May -“coragem é
No processo cada um faz o que necessária para que o homem possa
pode, alguns podem mais e outros vir a ser”. Venho aprendendo que a
menos, mas raros alcançam a ple- Coragem está no coração, do latim
nitude do potencial que estava na cor, cordis.
semente. Para os que desejam ser
mais daquilo que vieram ser, existe Sempre gostei da idéia de O. Wil-
entre outras formas, o Coaching. de: -“a vida imita a arte” muito mais
Caminho que demanda vínculo do que “a arte imita a vida”. Assim,
entre corações, onde o coach se uma boa metáfora é o filme Up in
desarma, por exemplo, de instru- the air, mal traduzido como Amor
mentos e o coachee, da sua zona sem escalas. Cloney G. protagoniza
de conforto com suas justificati- um executivo (Ryan) que viaja pe-
vas. Ambos dispostos a se entre- los EUA demitindo pessoas. Nos
gar, alargando suas fronteiras para poucos intervalos em solo, faz

30 2014 Julho Ed. 14


...a vida imita
palestras sobre mochila vazia. Muito
convincente, exemplifica os incon-
venientes de apegar-se a qualquer

a arte muito objeto ou pessoa. Seu coração está


endurecido. Acontece que a vida lhe
prega uma peça e vê-se obrigado a
mais do que viajar com uma jovem, recém contra-
tada. Curioso é que supostamente ela

a arte imita a o acompanha para aprender sobre a


importância da presença no momento
difícil de uma demissão. Outra surpre-
vida... sa, encontra uma executiva viajante,
aparentemente igual a ele, o que lhe
possibilita “baixar a guarda”, sem sa-
ber que isso leva a formação de laços.
No caso dele, realmente se desenrola
em surpresa, admiração, alegria e en-
cantamento.

Na trama vemos um executivo mu-


dando sua atitude, gradativamente,
em função de duas mulheres que apa-
recem simultaneamente e surpreen-
dentemente na sua vida, provocando
novas experiências. Ele vai literalmen-
te aterrissando e se implicando (assu-
mindo sua participação) no tecido das
relações. O outro vai lhe convidando
a entrar em um campo desconhecido,
ou travado até então e ele vai se dei-
xando levar.

A coragem vence o medo, lhe permite


se conscientizar e aceitar o que lhe vai
no coração. Ao fazer sua famosa pales-
tra motivacional já não consegue sus-
tentar o argumento da mochila vazia
das relações e sai correndo em busca
da “amada”. A platéia perplexa. Mas
nem sempre os caminhos se abrem
assim, sem mais... e ele se depara
com o fantasma até aqui encober-
to pelo seu sintoma, o pavor. Aquilo
que sempre tentou evitar através do
seu desapego e frieza: a decepção e
o sofrimento. A mulher desejada não
estava na mesma trilha. Ele mudou a
sua para encontrá-la como na musica

2014 Julho Ed. 14 31


de Chico ... ajeitava o meu caminho pra
encostar no teu... e te veria confusa por
me ver chegando assim mil dias antes
de te conhecer, mas ela não mudou a
dela e aliás, nem suspeitou dessa ex-
pectativa. Razão pela qual, revela sem
constrangimento sua verdade (ma-
rido e filhos), e nesse ato desnuda o
vazio da vida de Ryan, dizendo: pensei
que você havia se inscrito para o mes-
mo que eu... e, diante do desconcerto
dele, segue: você é uma fuga, esta é
minha vida real.

Sabemos que a forma mais eficiente


de adquirirmos conhecimento apro-
fundado sobre nós mesmos é pelo
olhar do outro. No filme, desse de-
sencontro com a outra, abre-se um
encontro consigo. Um ser humano
emerge. Diria Pichon-Rivière a emer-
gência do sujeito, sempre e unicamen-
te acontece no vinculo social.

Na metáfora de Ryan abrir o coração


(e depois o ser inteiro) significa risco,
sofrimento, mas é o único caminho
para a consciência e a plenitude. Pare-
ce paradoxal, mas a plenitude somen-
te é alcançada quando entendermos e
habitarmos, com serenidade, na “cor-
da bamba” da existência.

Uma vida sem consciência de si – da


própria vida e das danças dos atores
nela, parece tão sem sentido! Mas a
reflexão precisa de um antecedente,
o desejo da abertura e para isso tam-
bém está o outro... do Coaching. A
porta de entrada é o coração, porém
somos mais complexos. O processo
de ampliação da consciência, ali, acon-
tece sob a “guiança” do coach, que uti-
lizará além sua sensibilidade e perícia,
um arcabouço teórico, instrumentos e
metodologias. Tudo isso em um ritmo
finamente sintonizado para possibili-
tar gradualmente mais abertura, im-
plicação e insights.

32 2014 Julho Ed. 14


Nesse ponto, estamos com Galwey:
-“A arte e a prática de conseguir um
impacto benéfico no diálogo interno
dos alunos tornaram-se meu principal
tema-tese como coach.

A esfera pessoal e a profissional estão


tão imbricadas no tecido complexo das
nossas vidas que quase sempre escuta-
mos sobre mudanças pessoais gerando
impactos muito além, como o trabalho.

Dessa maneira, a constituição do su-


jeito e seu desenvolvimento têm
também a colaboração do trabalho,
na função do outro. Este desafia para
despertar outra parcela da consciên-
cia, a do seu propósito. Em decorrência
mais questões surgem, por exemplo, o
grau em que alguém se dispõe a ceder
de seus valores pessoais deixando-se
levar (com ou sem ciência) por interes-
ses alheios, às vezes conflitantes.

O processo de Coaching contribui na


compreensão da complexidade da au-
toria do script, na cena organizacional.
Propicia o fortalecimento da coragem
para assunção de escolhas de valor
das quais o autor deseja se orgulhar.

O caminho difícil da manutenção da


presença (verdade) pela consciência lhe
trará recompensa no futuro, enquanto
que o da alienação (ausência), só lhe
trará mais sintomas no presente.

2014 Julho Ed. 14 33


Carlos Legal
Coach, consultor e palestrante.
Sócio da Legalas Desenvolvimento de Lideranças
O que for a tua vontade, esse será teu destino
Eu, cada vez melhor carloslegal@legalas.com.br

No jogo,

tudo pode
acontecer
“O sonho de ser campeão não acabou”
- Neymar Jr.-

Dia 17/06/2014. Recebo em casa o algum momento da vida, passamos


exame de ressonância magnética de ou passaremos por alguma crise. Não
minha filha adolescente, que neste tenhamos dúvidas disso. E no jogo da
ano de 2014 se preparava para pres- vida, tudo pode acontecer. Uma crise,
tar o vestibular para medicina. O seja ela qual for, é um acontecimento
diagnostico. Neoplasia cerebral. Dia que abala nossas bases. Desde a crise
05/07/2014. No jogo entre Brasil e Co- econômica mundial até finanças pes-
lômbia, Neymar Jr é atingido pelo jo- soais, relacionamentos, crises exis-
gador adversário e sofre uma lesão na tenciais, de carreira, de identidade,
coluna. Está fora da Copa do Mundo. sejam qual for a crise, sempre vem
para sacudir. Em sua origem grega –
Poderíamos expor aqui diversas his- Krisis – significa ação ou faculdade de
tórias de pessoas comuns que viven- distinguir, escolher, decidir, separar,
ciam momentos cruciais em suas vi- julgar. Para os chineses o ideograma
das, situações de crise que ameaçam que simboliza crise é representado
seus sonhos e aspirações. Não quero pela combinação de dois símbolos –
parecer fatalista, mas todos nós, em “perigo” e “oportunidade”. Em uma

34 2014 Julho Ed. 14


das definições dos dicionários,
encontra-se no Michaelis: “perí-
odo difícil na vida de uma pes-
Na crise,
soa ou de uma sociedade de
cuja solução depende à volta a
um estado normal”. Mas afinal,
o que é
o que é um estado normal?
conhecido e
Normal é tudo aquilo que é
previsível, regular, padroniza-
do. Quase todo mundo quer
confortável é
um padrão, pois naturalmente,
nos gera mais conforto. O pro-
ameaçado
blema é que há muita coisa es-
tranha que consideramos nor-
mais, principalmente no que movimento (translação e rota-
diz respeito ao comportamen- ção). Por estarmos dentro de
to humano. O padre francês um “organismo” submetido ao
Jean Leloup cunhou o termo movimento, tudo que está con-
“normose” para definir a situa- tido nele também estará sub-
ção em que o individuo tem ou metido às mesmas leis. Tudo
aceita certos comportamentos que se expande, num certo mo-
como normais, mesmo que no- mento terá de recolher-se. Para
civos, só porque é adotado pela inspirarmos temos de expirar.
maioria. O individuo se acos- O conflito entre o pensamento
tuma tanto com determinadas linear e as leis naturais também
situações ou padrões que nem é uma “normose”. Ao aprender-
pensa em questioná-las, incor- mos que “quero viver feliz para
porando-as em seu cotidiano sempre”, “minha filha é a mais
inconscientemente. Numa cri- linda do mundo”, “a economia
se a normalidade é abalada, os vai crescer 5%,” estamos ado-
referenciais são perturbados. A tando um modelo que conside-
crise é o prelúdio da mudança e ra uma só dimensão, com base
a mudança é uma das grandes em expectativas.
dificuldades do ser humano, Resiliência é a capacidade que
pois tudo o que é conhecido e nos habilita a lidar com mudan-
confortável tornar-se ameaça- ças e que pode ser explicada por
do. Mas então, como lidar com duas perspectivas. A primeira é
a mudança? a capacidade de um individuo
ou organização de superar, dar
Primeiramente, desenvolver a a volta por cima, quando passa
percepção sobre a natureza cí- por uma adversidade ou revés.
clica da vida e que tudo está em Útil quando enfrentamos mu-
movimento. O próprio planeta, danças involuntárias, como o
em sua magnitude, nunca é o diagnostico de uma doença, a
mesmo todos os dias, ele está perda do emprego, a perda de
submetido a forças que geram um ente querido, um novo che-

2014 Julho Ed. 14 35


fe que chega são exemplos de afirmam que entre os fatores
mudanças involuntárias que, de promoção encontram-se os
dependendo da qualidade de vínculos significativos. São
enfrentamento da pessoa, faz aquelas pessoas que nos prestam
dela uma pessoa mais ou me- socorro no momento critico, que
nos resiliente. Numa situação oferecem apoio emocional, que
de mudança involuntária, as mostram caminhos ou facilitam
pessoas passam por quatro es- acesso a certas soluções. Ou sim-
tágios distintos – choque, nega- plesmente nos fazem companhia,
ção, reconhecimento e adapta- oferecem sua amizade sincera.
ção. A qualidade e o tempo que Quando as bases são abaladas,
o individuo leva do choque para encontrar apoio em pessoas que
a adaptação vai dizer se ele foi confiamos ou que nos inspiram
resiliente ou não. A segunda confiança é a única coisa que nos
perspectiva para resiliência é dá o tempo suficiente para reunir
quando falamos da capacidade nossas forças para desenvolver os
do individuo antecipar tendên- recursos que precisamos para en-
cias ou acontecimentos e se frentar a situação.
relacionam com as mudanças
voluntárias, programadas. Por O teórico norte-americano Ken
exemplo, eu determino que Wilber afirma que os desafios
daqui há cinco anos eu queira da vida moderna nos exigirão
iniciar uma carreira como pro- um pensamento mais integral,
fessor universitário, mas não holístico e menos linear. O con-
tenho ainda o mestrado. Tenho ceito de integral / holístico su-
um tempo para me preparar e gere que tudo está de alguma
daqui um tempo, estarei pron- forma, conectado no planeta.
to para me desenvolver numa Há uma co-dependência en-
nova carreira. Ou sou um médi- tre animais e vegetais, onde
co e percebo uma tendência da cada árvore arrancada do solo
medicina utilizar cada vez mais representa mais desconforto
a tecnologia e então resolvo, para nós humanos. O “viver fe-
por exemplo, que vou me es- liz para sempre” é impossível,
pecializar em cirurgia robótica pois a vida terá um fim, mas é
e com isso, como médico, terei possível viver feliz agora; mi-
um diferencial importante de nha filha é apenas linda e se a
especialização. economia cresceu há grande
probabilidade de ela encolher.
O mais difícil, naturalmente, é li- O pensamento integral nos aju-
dar com as mudanças involuntá- da a compreender a natureza
rias, pois o problema é que, mui- cíclica e finita das coisas e que
tas vezes, não temos os recursos tudo está em constante mu-
internos disponíveis para lidar dança, independente de nossa
com os acontecimentos que sur- vontade. Aqui distinguimos o
gem. Em resiliência, os teóricos normal (mentalidade linear) do

36 2014 Julho Ed. 14


natural (mentalidade integral / primento dos deveres, equa- harmonia. Se nada é permanen-
holística). nimidade) são algumas das te, como podem nossas crises
Há muitos conceitos para nos qualificações mentais encon- perdurar? Como disse o célebre
ajudar nos dilemas cotidianos. tradas em textos de Vedanta. Albert Einstein “nenhum proble-
ma pode ser resolvido a partir da
O Vedanta (uma das mais im- Por essas e por outras, a crise consciência que o criou. È neces-
portantes e antigas tradições não aponta algo ruim ou destru- sário aprender a ver o mundo de
de conhecimento filosófico tivo, mas um momento especial, uma maneira nova e revigorada”.
do oriente) afirma que todo marcante e oportuno. Extrair
ser humano é, essencialmen- aprendizados de crises não é Neymar Jr demonstrou grande
te, livre de limitações. Na vida tarefa fácil, depende de um cui- maturidade em lidar com sua
prática, essa afirmação nos dá dadoso exercício da razão, de crise, sem revolta, sem temeri-
a plena capacidade e confian- ampliação da mentalidade e vi- dade, com aceitação, tranquili-
ça para solucionarmos ou su- são de mundo, buscando um po- dade e respeito. Nas inúmeras
perarmos qualquer situação. sicionamento mais realista dian- conversas que tive com minha
Porém, apenas a crença nesta te das situações. Então encon- filha, diante de um futuro incer-
afirmação não é suficiente. É tramos uma importante função to, ela me disse: “pai, eu não te-
preciso uma evolução intima para os valores e as virtudes, em nho medo de morrer, nem medo
alinhada com ação diligente. fortalecer nossa mente, tornan- da doença, nem medo do trata-
Compreensão da natureza, do-a mais coerente e resiliente mento. Meu único medo é não
juntamente com valores e para lidar com adversidades. realizar os meus sonhos”.
virtudes criam a base para a Ao nos conectarmos com nossa E o sonho ainda não acabou.
formação dessa capacidade. falibilidade não há crise, mas
Discriminação entre o eterno aceitação e presença. Passamos Que essas reflexões lhe ajudem
e o não-eterno, desapego pe- pelas situações e acontecimen- a ser cada vez melhor. Tudo de
los frutos das ações, virtudes tos com compreensão dos fatos, melhor em sua vida.
para a vida (tranquilidade não deixando que tais acon-
mental, autocontrole, cum- tecimentos consumam nossa Carlos Legal

Ideograma Chinês para “crise”

2014 Julho Ed. 14 37


Gustavo G. Boog
Coach e Diretor do Sistema Boog de Consultoria
Quando integro minha luz com minha sombra,torno-me
inteiro.
Como comecei gustavo@boog.com.br

Em 1983 fundei a nossa consultoria, ajudaram a compreender melhor o


oferecendo um “sistema”. Porque mundo emocional dos profissionais, e
esse nome? Entendemos que diversos de como isso podia ser ajustado às ne-
serviços e produtos oferecidos preci- cessidades organizacionais. Um próxi-
sam ser integrados, pois são interde- mo passo foi a formação em Conste-
pendentes, e devem atender às ne- lações Organizacionais, com foco em
cessidades da boa gestão de pessoas Coaching Sistêmico, conduzido pelos
e equipes dos clientes. O Coaching é melhores professores europeus. Isso
um desses serviços. deu-me um novo olhar para apoiar a
busca de novos caminhos e a supera-
Desde o início de nossas atividades, ção de dificuldades que as pessoas
no início centradas em programas de enfrentam no ambiente organizacio-
treinamento e desenvolvimento de nal. Muitas ferramentas ajudam no
gestores, notei que programas cole- processo de Coaching, como a “inte-
tivos atendiam à uma boa parte dos gração de carreira” e o “tetralemma”.
participantes, mas alguns precisavam
de um algo mais, um apoio individual, Um obstáculo ao processo de Coaching
conduzido sob medida. E assim comei é a noção de que se destina a quem
com o Coaching. tem problemas, baixo desempenho ou
dificuldades de relacionamento, quan-
Inicialmente atuei de forma intuitiva, do na verdade o Coaching é um eficaz
muito baseado nas aulas de compor- processo de autoconhecimento, que
tamento organizacional dos meus estimula mudanças e autodesenvolvi-
programas de graduação e mestra- mento. Nas reuniões iniciais de Coa-
do. Uma forte influência foram meus ching procuro deixar claro ao cliente
estudos da Terapia Floral, que me que trabalharemos com três pergun-

38 2014 Julho Ed. 14


tas centrais, baseadas nas questões subordinados e da própria pessoa,
que ele traz: conduzido em ambiente Internet, em
• Onde estou hoje? balanço diversas competências de gestão, na
dos pontos fortes e pontos a identificação do “dar e receber”, nos
melhorar, histórico pessoal e tipos rei – guerreiro – mago – aman-
profissional te, comentários qualitativos e roteiro
• Onde quero chegar? visão de fu- de um projeto de mudança.
turo, tanto imediato quanto de
maior prazo Pessoalmente prefiro o Coaching
• Que ações devo concretizar? pla- individual ao Coaching de grupo,
nejamento realista de atividades a apesar de também realizá-lo. Acho
serem realizadas que a proximidade e a garantia
de confidencialidade no Coaching
Com essas bases, as solicitações individual cria as condições ideais
começaram a chegar, tanto de or- para a eficácia do processo.
ganizações que queriam “conser-
tar” o comportamento de alguns Eu fico receoso quando vejo pesso-
de seus gestores, em aspectos de as na faixa de 20 e poucos anos se
estilos de liderança, ora muito du- apresentarem no mercado como
ros, ora omissos, individualismo “coaches de vida”. Me parece que
x equipe, dificuldades de comu- a experiência vivida, o ter ocupado
nicação e feedback etc. Vieram cargos no mundo organizacional,
também de pessoas que individu- junto com uma boa formação são
almente procuravam esse serviço, essenciais para que o Coaching
buscando ter com quem trocar seja positivo, baseado não só em
ideias, discutir alternativas e clare- livros, mas sim na vivência con-
ar sua visão de futuro, para tomar creta. Isso leva algum tempo e al-
suas decisões. guns cabelos grisalhos são um dos
aspectos que devem também ser
Quanto a confidencialidade do levados em conta ao contratar o
Coaching, quando o cliente é or- Coaching. Isso é muito sério, pois
ganizacional, deixo claro que meu um Coaching mal conduzido pode
compromisso é com a pessoa, asse- prejudicar seriamente a vida e o
gurando integralmente o sigilo do destino do cliente.
processo. Quando é pessoa física, o
contrato é entre a pessoa e o coach, Para apoiar o desenvolvimento dos
não havendo uma terceira parte. outros, é fundamental você se auto
desenvolver, fazer Coaching, fazer
Integramos ao Coaching o assess- terapia, conhecer seus limites e seus
ment do Mapeamento 360°, basea- potenciais. Só assim poderemos con-
do na percepção dos chefes, pares, duzir o Coaching com sabedoria.

2014 Julho Ed. 14 39


Danilo Timich
Químico e Administrador
“Compreender e considerar a química humana é essencial”
danilo.timich@gmail.com
Para mim foi assim Danilo foi coachee de Gustavo Boog

À frente da filial brasileira de uma com a missão de desenvolver o novo


multinacional pelos últimos 9 anos, grupo de gestão nas suas habilidades
pude liderar e desfrutar da euforia do de liderança e trabalho em equipe. Ini-
crescimento acelerado. Com o cresci- ciamos o processo de Coaching– fase
mento veio porém também o aumen- 1 - com uma pesquisa de clima na em-
to da complexidade e a necessidade presa e avaliação 360 graus de cada
de rever processos, adequar o orga- membro do grupo de gestão de 8 pes-
nograma, adequar os recursos de in- soas contando comigo.
formática e investir em equipamentos
mais modernos e produtivos. A de- Ato seguinte, iniciamos processo de
manda ultimamente deixou de cres- Coaching individual dos membros
cer a passos largos, mas o crescimen- do grupo de gestão e em paralelo a
to anterior já havia atraído muitos no- análise e discussão dos resultados da
vos competidores. A lucratividade bai- pesquisa de clima, culminando com a
xou, junto com a taxa de crescimento definição de objetivos e metas para
e a redução de custos passou a ser um a empresa, para o grupo de gestão
grande foco, juntamente com a me- e individuais. Compartilhamos nos-
lhoria na gestão. Neste cenário decidi sas análises, conclusões, objetivos e
juntamente com o gestor de recursos metas com os demais funcionários e
humanos, efetuar algumas mudanças iniciamos a fase 2 com uma série de
na estrutura e no grupo de gestão e 5 módulos de treinamento e capacita-
buscar ajuda externa de um coach, ção para gestão, liderança e trabalho

40 2014 Julho Ed. 14


em equipe para um total de 30 líderes,
incluindo os 8 do grupo de gestão. Esta
fase não está concluída ainda, mas decor-
ridos 9 meses já pude amealhar algumas
conclusões e principais lições aprendi-
das. A primeira é que minha mudança de
postura foi e é essencial para catalisar a
mudança atitudinal nos demais membros
do grupo de gestão. Nunca imaginei que
um coach “iria brincar de Playmobil comi-
go”, mas personificar naqueles bonecos
situações do quotidiano da empresa me
ajudaram muito a compreender melhor
meu papel e atitudes necessárias. Tam-
bém compreendi que nossa força está
nas nossas diferenças, no genuíno res-
peito à individualidade e à contribuição
de cada membro do grupo de gestão.
Perceber e entender a “química humana”
de cada um e adequar meu processo de
comunicação, foi essencial para assegu-
rar o estabelecimento de confiança mú-
tua e comprometimento recíproco.

O trabalho paralelo de Coaching indi-


vidual ajudou a acelerar e consolidar o
processo de mudança e a adequação de
cada um ao seu papel de líder de equipe
e membro do grupo de gestão. A mudan-
ça individual ainda assim não é um pro-
cesso instantâneo, cada um é “tocado”
com maior ou menor profundidade e al-
terna avanços mais rápidos com recaídas.
Me incluo neste caso e a contribuição
da visão independente do coach assim
como o feedback aberto da equipe são
alavancas importantes. Nem tudo foram
“flores” até agora, mas estou hoje seguro
de que já fizemos avanços significativos,
pois noto nos membros do grupo de ges-
tão uma mais clara compreensão e exer-
cício de seu papel.

2014 Julho Ed. 14 41


Quem contratar

42 2014 Julho Ed. 14


Quem contratar

2014 Julho Ed. 14 43


Quem contratar Divulgue aqui seu trabalho de Coaching.
informações

44 2014 Julho Ed. 14


Quem contratar

2014 Julho Ed. 14 45


Quem contratar Divulgue aqui seu trabalho de Coaching.
informações

46 2014 Julho Ed. 14


Quem contratar

2014 Julho Ed. 14 47


Quem contratar Divulgue aqui seu trabalho de Coaching.
informações

Quem não aparece...


desaparece

Divulgue aqui seu trabalho de Coaching. Veja informações em nosso Midiakit.


Anuncie aqui.
Veja informações em nosso Midiakit

48 2014 Julho Ed. 14


Quem contratar

2014 Julho Ed. 14 49


Quem contratar Divulgue aqui seu trabalho de Coaching.
informações

50 2014 Julho Ed. 14


Quem contratar

Quem não aparece...


desaparece

Divulgue aqui seu trabalho de Coaching. Veja informações em nosso Midiakit.


Anuncie aqui.
Veja informações em nosso Midiakit

2014 Julho Ed. 14 51


Coloque sua empresa e seus cursos
Onde estudar na agenda de mais e mais alunos.
Anuncie aqui

52 2014 Julho Ed. 14


Onde estudar

2014 Julho Ed. 14 53


Coloque sua empresa e seus cursos
Onde estudar na agenda de mais e mais alunos.
Anuncie aqui

54 2014 Julho Ed. 14


Onde estudar

2014 Julho Ed. 14 55


Gostou da nossa
14º edição?
Curta a revista no Face
facebook.com/RevistaCoachingBrasil
Deixe seus comentários lá.

Compartilhe com aqueles


que gostam de Coaching.

56 2014 Julho Ed. 14

Você também pode gostar