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Pastoral Litúrgica da Arquidiocese de Maringá-PR / Assessor: Pe. Donizeti Ap.

Pugin Souza (2023)

A MISSA A PARTIR DA INSTRUÇÃO GERAL DO MISSAL ROMANO [IGMR]


Org.: Dom Edmar Peron (adapt.: Pe. Donizeti)

“Concedei-nos, Senhor, a graça


de participar dignamente destes santos mistérios,
pois todas as vezes que celebramos
o memorial do sacrifício do vosso Filho,
realiza-se em nós a redenção”
(oração sobre as oferendas, Missa da Ceia do Senhor)

Proêmio com o supremo mistério eucarístico, e testemunhando


[01] Quando ia celebrar com seus discípulos a ceia uma contínua e ininterrupta tradição, ainda que
pascal, em que instituiu o sacrifício do seu Corpo e algumas novidades sejam introduzidas.
Sangue, o Cristo Senhor mandou preparar uma sala
ampla e mobiliada (Lc 22, 12). A Igreja sempre [02] Assim, no novo Missal, a regra de orar (lex
julgou dirigida a si essa ordem, estabelecendo como orandi) da Igreja corresponde à perene regra de crer
preparar as pessoas, os lugares, os ritos e os textos (lex credendi), que nos ensina a identidade, exceto
para a celebração da Santíssima Eucaristia. quanto ao modo de oferecer, entre o sacrifício da cruz
e sua renovação sacramental na Missa, que o Cristo
Assim, as normas atuais são provas da solicitude da Senhor instituiu na última Ceia e mandou os
Igreja, manifestando sua fé e amor imutáveis para Apóstolos fazerem em sua memória.

I. ESTRUTURA DA MISSA, SEUS ELEMENTOS E SUAS PARTES.

[27] Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é


convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote [40] Portanto, dê-se grande valor ao uso do canto na
[bispo ou presbítero] que representa a pessoa de Cristo, celebração da Missa, tendo em vista a índole dos povos
para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício e as possibilidades de cada assembleia litúrgica.
eucarístico (PO 5; SC 33). Por isso, a esta reunião local
da santa Igreja aplica-se, de modo eminente, a Os gestos e posições do corpo [42]
promessa de Cristo: “Onde dois ou três estão reunidos
no meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20),  devem contribuir para que toda a celebração
pois, é na celebração da Missa que se perpetua o resplandeça pelo decoro e nobre simplicidade, se
sacrifício da cruz. compreenda a verdadeira e plena significação de
suas diversas partes e se favoreça a participação de
Cristo está realmente presente tanto na assembleia todos. (SC 30, 34);
reunida em seu nome, como na pessoa do ministro, na
sua palavra, e também, de modo substancial e  são sinal de unidade dos membros da comunidade
permanente, sob as espécies eucarísticas (SC 7). cristã, reunidos para a sagrada Liturgia, pois e
exprimem e estimulam os pensamentos e os
[28] A Missa consta, por assim dizer, de duas partes, sentimentos do participantes.
a saber: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística,
tão intimamente unidas entre si, que constituem um [45] Oportunamente, como parte da celebração, deve-se
só ato de culto. De fato, na Missa se prepara tanto a observar o silêncio sagrado (SC 30). A sua natureza
mesa da Palavra de Deus como a do Corpo de Cristo, depende do momento em que ocorre em cada
para ensinar e alimentar os fiéis (SC 48 e 51; DV 21; celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite
PO 4). Há também alguns ritos que abrem e encerram a da oração [coleta], cada fiel se recolhe; após uma
celebração. leitura ou a homilia, meditam brevemente o que
ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a
[34] Sendo a celebração da Missa, por sua natureza, de Deus no íntimo do coração.
índole “comunitária” (SC 26-27), assumem grande
importância os diálogos entre o presidente e os fieis Convém que já antes da própria celebração se conserve
reunidos, bem como as aclamações, pois não o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo
constituem apenas sinais externos da celebração nos lugares mais próximos, para que todos se
comum, mas promovem e realizam a comunhão disponham devota e devidamente para realizarem os
entre o sacerdote e o povo. sagrados mistérios.
Assim, castiçais e flores encontram seu lugar melhor
O altar e sua ornamentação ao redor do Altar, mas não sobre ele, ainda que, se não
houver outra possibilidade se admita o contrário. A
[296] O altar, onde se torna presente o sacrifício da
cruz processional torna-se, normalmente, a cruz do
cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa do
altar [veja: IGMR 117; 122; 305; 307].
Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar
por meio da missa; é anda o centro da ação de graças
[306] Sobre a mesa do altar podem ser colocadas
que se realiza pela Eucaristia.
somente aquelas coisas que se requerem para a
celebração da Missa, ou seja: o Evangeliário (do
[305] Na ornamentação do altar, observe-se a
início da celebração até a proclamação do Evangelho);
moderação. “Nenhum objeto simbólico é mais
o cálice com vinho e a grande patena com o pão [331],
importante que o altar, por isso não se deve depositar
as âmbulas ou cibórios, se necessário, e o corporal, o
objetos alheios à ação ritual ou escondê-lo (com
sanguíneo, a pala e o missal (desde a apresentação das
toalhas, flores etc.) e nem impedir aos fiéis de verem o
oferendas até a purificação dos vasos sagrados) [306].
que se realiza sobre ele (CNBB, Estudo 106, n.29)”.

Ritos iniciais: reunir-se como Igreja para tornar presente o Senhor que vem ao nosso encontro.

[46] Os ritos iniciais visam estabelecer a comunhão As imagens sagradas (expostas


entre os fiéis reunidos, dispô-los a ouvir devidamente a em ocasiões especiais) são
Palavra de Deus e celebrarem dignamente a Eucaristia. incensadas depois da
incensação do altar, só no início
Enquanto o povo vai se reunindo pode acontecer o da celebração [CB 95].
“aquecimento”: primeiro, um pequeno ensaio da
assembleia que muito ajuda a criar um clima festivo e [50] Pela saudação, quem
leva à participação ativa, consciente e frutuosa; depois preside, expressa à comunidade
o silêncio, ao menos de alguns minutos. reunida a presença do Senhor. Essa saudação e a
resposta do povo exprimem o mistério da Igreja
[47] Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com reunida.
o diácono e os ministros começa o canto de entrada. A
finalidade deste canto é abrir a celebração [manifeste Feita a saudação ao povo, o sacerdote, o diácono ou
a alegria do encontro da comunidade com seu Senhor], outro ministro, pode com brevíssimas palavras,
promover a união da assembleia [fácil, para que todos introduzir os fiéis na Missa do dia.
dele participem, ao menos do refrão], introduzir no
mistério do tempo litúrgico ou da festa [não serve [51] Em seguida, o sacerdote convida para o ato
qualquer canto ou sempre o mesmo] e acompanhar a penitencial que, após breve pausa de silêncio, é
procissão de entrada [ritmo processional]. realizado por toda a assembleia através de uma fórmula
de confissão geral e concluído pela absolvição do
[120] A procissão de entrada [expressa de modo sacerdote. Tal absolvição, contudo, não possui a
especial que a Igreja é um povo de peregrino, rumo à eficácia do sacramento da Penitência.
Casa do Pai, ao Reino definitivo] possui uma ordem:
Ato Penitencial
– à frente o turiferário com o turíbulo fumegante
(incenso: reverência e oração: Sl 140, 2; Ap 8,3 [276]; - convite do presidente
– depois: os que levam as velas e entre eles quem leva I. Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e
a cruz; os acólitos e os outros ministros; o Diácono (ou, irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e
em sua ausência, um leitor) com o Evangeliário um palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha
pouco elevado; culta, minha tão grande culpa. E peço à Virgem
– ao final, o ministro que vai presidir a Missa . Maria, aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que
rogueis por mim a Deus, nosso Senhor.
[49] Chegando ao presbitério, o presidente e os demais
ministros saúdam o altar com uma inclinação II. Tende compaixão de nós, Senhor.
profunda. Em seguida, em sinal de veneração, o Porque somos pecadores.
presidente e os demais ministros ordenados beijam o Manifestai, Senhor, a vossa misericórdia.
altar e, se for oportuno, o que preside incensa a cruz e o E dai-nos a vossa salvação.
altar.
III. Senhor, que viestes salvar...
Senhor, tende piedade de nós.
2
Cristo, que viestes chamar os pecadores... Senhor e imploram a sua misericórdia; executado por
Cristo, tende piedade de nós. todos, alternando o povo e um cantor.
Senhor, que intercedeis por nós...
Senhor, tende piedade de nós. [53] Glória: hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a
Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e
- absolvição: suplica a Deus e ao Cordeiro. O texto deste hino não
Deus todo-poderoso tenha compaixão de nós... pode ser substituído por outro. É cantado ou recitado
aos domingos, exceto no tempo do Advento e da
Para a terceira fórmula, existem invocações alternativas Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em
para os diversos tempos litúrgicos, no ordinário da Missa. celebrações especiais mais solenes.

Aos domingos, particularmente no Tempo Pascal, em [54] Em seguida, o sacerdote convida o povo a rezar,
lugar do ato penitencial de costume, pode fazer, por todos se conservam em silêncio com o sacerdote por
vezes, a bênção e aspersão da água em recordação alguns instantes, tomando consciência de que estão na
do batismo (Missal, 3.ed., pág. 1249-1252). presença de Deus e formulando interiormente os seus
pedidos. Depois o sacerdote diz a oração que se
[52] Depois do ato penitencial, inicia-se sempre o costuma chamar “coleta”, pela qual se exprime a índole
Kyrie ou Senhor, tende piedade, a não ser que já tenha da celebração. O povo, unindo-se à súplica, faz sua a
sido rezado no próprio ato penitencial [3ª fórmula]. oração pela aclamação Amém.
Sentido: é um canto em que os fiéis aclamam o

LITURGIA DA PALAVRA: Ouçamos, Deus está falando!

[29] Quando se leem as Sagradas exemplo, antes de se iniciar a própria Liturgia da


Escrituras na Igreja, o próprio Deus Palavra, após a primeira e a segunda leitura, como
quem fala ao seu povo, e Cristo, também após o término da homilia (IELM 28).
presente em sua palavra, anuncia o
Evangelho. Por isso, todos devem O que mais contribui para uma adequada comunicação
escutar com veneração as leituras da da Palavra de Deus à assembleia por meio das leituras
Palavra de Deus, elemento de máxima importância da é a própria maneira de proclamar dos leitores, que
Liturgia (SC 7, 33, 52). devem fazê-lo em voz alta e clara, tendo conhecimento
do que leem (IELM 14).
[55] Nas leituras, explanadas pela homilia, Deus fala
ao seu povo, revela o mistério da redenção e da O ambão
salvação e oferece o alimento espiritual; e o próprio [309] A dignidade da Palavra de Deus requer na Igreja
Cristo, por sua Palavra, se acha presente no meio dos um lugar condigno de onde se possa ser anunciada e
fiéis (SC 7). para onde se volte espontaneamente a atenção dos fiéis
no momento da Liturgia da Palavra. Do ambão são
[55] A parte principal da Liturgia da Palavra é proferidas somente as leituras, o salmo responsorial e o
constituída pelas leituras da Sagrada Escritura e pelos precônio pascal [e também o Anúncio da Páscoa e das
cantos que ocorrem entre elas, sendo desenvolvida e festas móveis, na Epifania do Senhor, e as Letras
concluída pela homilia, a profissão de fé e a oração Apostólicas, na ordenação episcopal, cf. CB 1143];
universal ou dos fiéis. Pelo silêncio e pelos cantos, o também se podem proferir a homilia e as intenções da
povo se apropria dessa Palavra de Deus e a ela adere oração universal ou oração dos fiéis. A dignidade do
pela profissão de fé; alimentado por essa palavra, reza ambão exige que a ele suba somente o ministro da
na oração universal pelas necessidades de toda a Igreja Palavra.
e pela salvação do mundo inteiro.
[61] O salmo responsorial, parte integrante da
[56] A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal Liturgia da Palavra, tem grande importância litúrgica e
modo que favoreça a meditação; por isso, deve ser de pastoral, pois favorece a meditação da Palavra de
todo evitada qualquer pressa que impeça o Deus; seja cantado, ao menos o refrão. Se o salmo não
recolhimento. puder ser cantado, seja recitado do modo mais apto a
favorecer a meditação da Palavra de Deus.
Integrem-na também breves momentos de silêncio, de
acordo com a assembleia reunida, pelos quais, sob a [64] Nos domingos da Páscoa e de Pentecostes [e, se
ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra for oportuno, na solenidade do Corpo e Sangue de
de Deus e se preparar a resposta pela oração. Convém Cristo e na memória de Nossa Senhora das Dores],
que tais momentos de silêncio sejam observados, por canta-se a sequência antes do Aleluia.
3
observe-se oportunamente um breve espaço de
[62] A aclamação ao Evangelho é sempre o «Aleluia» silêncio.
[menos na Quaresma]; é um rito pelo qual a assembleia
dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe vai falar no [67] Profissão de fé. Finalidade: permitir ao povo
Evangelho, e professa a sua fé; o versículo do dia é sua reunido responder à palavra de Deus anunciada nas
primeira interpretação. leituras e exposta na homilia, e recordar e professar os
grandes mistérios da fé, antes de os celebrar na Oração
Durante a quaresma, mesmo nas solenidades, ao invés do Aleluia, Eucarística.
canta-se uma invocação ao Cristo, Verbo do Pai. Não é um canto
sobre a palavra. Ex:
[69-71] Na oração universal ou dos fiéis, o povo
Louvor a vós, ó Cristo, rei da eterna glória! responde, de algum modo à Palavra de Deus recebida
O homem não vive somente de pão, na fé e, exercendo a função do seu sacerdócio
mas de toda palavra da boca de Deus. batismal, apresenta preces a Deus pela salvação de
todos. Normalmente esta é a ordem das intenções: a)
[60] A proclamação do Evangelho constitui o ponto pelas necessidades da Igreja; b) pelos poderes públicos
alto da Liturgia da Palavra. A própria Liturgia ensina e pela salvação de todo o mundo; c) pelos que sofrem
que se lhe deve manifestar a maior veneração, uma vez qualquer dificuldade; d) pela comunidade local.
que a cerca, mais do que as outras leituras, de honra
especial, tanto por parte do ministro delegado para As intenções que se propõem, formuladas de forma
anuncia-la, que se prepara pela bênção ou oração, sóbria, com sábia liberdade e em poucas palavras,
como por parte dos fiéis, que ouvem de pé a leitura ou devem exprimir a súplica de toda a comunidade.
ainda pelos sinais de veneração prestados ao Habitualmente são enunciadas do ambão.
Evangeliário.
A tradição da liturgia romana pede que as intenções, além de
breves e sóbrias, sejam propostas à assembleia, para esta,
Na tradição cristã, o Evangeliário sempre se revestiu de exercendo sua função sacerdotal, transforme-as em súplica ao Pai.
uma dignidade ímpar. Ele não contém todos os textos
bíblicos da celebração, mas apenas as palavras de A estrutura de uma intenção é normalmente esta:
Cristo, os evangelhos. Em algumas tradições litúrgicas, - por quem se pede;
ele é tão importante quanto o sacrário, pois conserva - o que se pede;
em si Cristo, o Verbo encarnado. Sua capa é feita de - a quem se pede.
metal ou tecido, com pedrarias ou esmalte, uma
pequena obra de arte, em razão de seu valor simbólico Ex: (Missal Romano, p. 1005)
na celebração. O Evangeliário é a Palavra do Cristo, o Pela santa Igreja de Deus,
celebrante na Eucaristia. Deveria ser usado em todas as para que ele a proteja e sustente,
celebrações dominicais, bem como nas festas e demais rezemos ao Senhor.
solenidades, ainda que sem a presença do diácono.

[65-66] A homilia é parte da Liturgia e necessária


para alimentar a vida cristã. Depois da homilia,
LITURGIA EUCARÍSTICA: Demos graças ao Senhor, nosso Deus!

[72] Cristo tomou o pão e o cálice, pronunciou a ação Pela fração do pão e pela Comunhão, os fiéis, embora
de graças, partiu o pão e deu-o aos seus discípulos, muitos, recebem o Corpo e o Sangue do Senhor de um
dizendo: Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este só pão e de um só cálice, do mesmo modo como os
é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de Apóstolos, das mãos do próprio Cristo.
Mim. Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo
que a Igreja ordenou toda a celebração da liturgia [73] No início da Liturgia Eucarística, são levadas ao
eucarística. altar as oferendas que se converterão no Corpo e
Sangue de Cristo. Ao iniciar o canto, (1) prepara-se o
[73-76] Na preparação dos dons, altar, que é o centro de toda a liturgia eucarística; (2)
levam-se ao altar o pão e o vinho com ao mesmo tempo são trazidas as oferendas. Além do
água, isto é, aqueles elementos que pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e
Cristo tomou em suas mãos. outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto
podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro
Na Oração eucarística, rendem-se graças a Deus por da Igreja. Estes dons serão dispostos em lugar
toda a obra da salvação, e as oferendas se tornam conveniente, fora da mesa eucarística. É de louvar que
Corpo e Sangue de Cristo. o pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis. (3) O
pão e o vinho são depostos sobre o altar por quem
4
preside (com as orações previstas). (4) Em seguida são
incensados: os dons, a cruz e o próprio altar [para Olhai com bondade a oblação da vossa Igreja e
significar que a oblação e oração da Igreja se elevam, reconhecei nela o sacrifício que nos reconciliou
como fumaça de incenso, à presença de Deus]; quem convosco; concedei que, alimentando-nos com o Corpo
preside [por causa do sagrado ministério], e o povo e o Sangue do vosso Filho, repletos do Espírito
[em razão da dignidade batismal]. (5) Por fim, quem Santo, nos tornemos em Cristo um só corpo e um só
preside lava as mãos, ao lado do altar [para exprimir o espírito (oração eucarística III).
desejo de purificação interior].
Narrativa da instituição e consagração: mediante as
[30-32] Entre as partes da Missa que pertencem a palavras e gestos de Cristo, realiza-se o sacrifício que o
quem preside, em primeiro lugar está a Oração próprio Cristo instituiu na última Ceia, quando
eucarística, ponto culminante de toda a celebração; ofereceu o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão
estas orações sejam proferidas em voz alta e clara e e do vinho e os deu a comer e a beber aos Apóstolos,
escutadas por todos com atenção. Portanto, enquanto ao mesmo tempo que lhes confiou o mandato de
quem preside as profere, não se hão-de ouvir nenhumas perpetuar este mistério.
outras orações ou cânticos, nem o toque de
instrumentos musicais. Anamnese: em obediência a este mandato, recebido de
Cristo Senhor através dos Apóstolos, a Igreja celebra a
[78] Oração Eucarística, momento central e memória do mesmo Cristo, recordando de modo
culminante de toda a celebração, oração de ação de particular a sua bem-aventurada paixão, gloriosa
graças e de consagração. Sentido: toda a assembleia ressurreição e ascensão aos Céus.
dos fiéis se una a Cristo na proclamação das
maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício. Por sua Celebrando agora, ó Pai, o memorial da paixão
natureza, a Oração eucarística exige que seja só quem redentora do vosso Filho, da sua gloriosa ressurreição e
preside, em virtude da ordenação, a dizê-la. O povo, ascensão ao céu, e enquanto esperamos sua nova vinda,
porém, associe-se a ele, na fé e em silêncio, com as nós vos oferecemos em ação de graças este sacrifício
intervenções previstas na Oração Eucarística: as vivo e santo (oração eucarística III).
respostas ao diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação
depois da consagração e a aclamação amém depois da Oblação: neste memorial, a Igreja, de modo especial
doxologia final, e ainda com outras aclamações [147]. aquela que está aí reunida, oferece a Deus Pai, no
Espírito Santo, a hóstia imaculada. A Igreja deseja que
[79] Elementos principais da Oração Eucarística. os fiéis não somente ofereçam a hóstia imaculada, mas
aprendam a oferecer-se também a si mesmos e, por
Ação de graças (expressa principalmente no Prefácio): Cristo mediador, se esforcem por realizar de dia-a-dia
glorifica a Deus Pai e dá-Lhe graças por toda a obra da a unidade perfeita com Deus e entre si, até que
salvação ou por algum dos seus aspectos particulares, finalmente Deus seja tudo em todos (SC 48; PO 5).
conforme o dia, a festa ou o tempo litúrgico.
Olhai com bondade, a oblação que destes à vossa Igreja
Santo: toda a assembleia, em união com os coros e concedei aos que vamos participar do mesmo pão e
celestes – Maria, Anjos e Santos – aclama a Deus, sua do mesmo cálice que, reunidos pelo Espírito Santo
santidade e glória (Is 6,3), e faz ressoar o grito de num só corpo, nos tornemos em Cristo uma oferenda
triunfo messiânico para acolher o Salvador (Mt 21,9). viva para o louvor da vossa glória (oração euc. IV)

Epiclese: invocações especiais, pelas quais a Igreja Intercessões: por elas se exprime que a Eucaristia é
implora a ação do Espírito Santo, para que (a) os dons celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto do
do pão e do vinho, apresentados pelos homens, se Céu como da terra, e que a oblação é feita em proveito
tornem o Corpo Eucarístico do Senhor (b) e os muitos, dela e de todos os seus membros, vivos e defuntos,
que comungarão da Eucaristia (Corpo entregue e chamados todos a tomar parte na redenção e salvação
Sangue derramado) se tornem um só corpo e um só adquirida pelo Corpo e Sangue de Cristo.
espírito, isto é, o Corpo eclesial do Senhor (cf. 1Cor
10,16-17). Doxologia final: No fim da Oração eucarística, o
sacerdote toma a patena com a hóstia e o cálice e,
Por isso, ó Pai, nós vos suplicamos: santificai pelo elevando-os, diz, sozinho, a doxologia: Por Cristo.
Espírito Santo as oferendas que vos apresentamos Exprime a glorificação de Deus e é ratificada e
para serem consagradas, a fim de que se tornem o concluída pela aclamação amém do povo.
Corpo e o Sangue de vosso Filho, nosso Senhor
Jesus Cristo.

5
Rito da Comunhão

[81] Na Oração dominical pede-se o pão de cada dia, [85] É muito para desejar que os fiéis, tal como quem
que para os cristãos evoca principalmente o pão preside é obrigado a fazer, recebam o Corpo do
eucarístico; O embolismo desenvolve o Senhor com hóstias consagradas na
«livrai-nos do mal» pedindo que a própria Missa e, nos casos previstos,
comunidade dos fiéis seja liberta do poder participem do cálice, para que a Comunhão se
do mal. manifeste, de forma mais clara, nos próprios
sinais, como participação no sacrifício que
[82] Segue-se o rito da paz, no qual a Igreja está a ser celebrado. [281] A sagrada
implora a paz e a unidade para si própria e Comunhão adquire a sua forma mais
para toda a família humana, e os féis plena, enquanto sinal, quando é feita sob as
exprimem uns aos outros a comunhão duas espécies.
eclesial e a caridade mútua.
[86] Enquanto quem preside recebe o Sacramento, dá-
[83] Quem preside parte o pão eucarístico. O gesto da se início ao cântico da Comunhão, que deve
fração, praticado por Cristo na última Ceia, e que exprimir, com a unidade das vozes, a união espiritual
serviu para designar, nos tempos apostólicos, toda a dos comungantes, manifestar a alegria do coração e
ação eucarística, significa que os fiéis, apesar de realçar melhor o caráter comunitário da procissão dos
muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do que vão receber a Eucaristia.
mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado
pela salvação do mundo (1Cor 10, 17). Este canto une a Liturgia da Palavra e a Liturgia
Eucarística – as quais formam um único ato de culto –
Enquanto quem preside parte o pão canta-se o Cordeiro quando se utiliza a proposta da CNBB (Hinários,
de Deus, a que todo o povo responde. A invocação especialmente o do Tempo Comum) em que o refrão é
acompanha a fração do pão, pelo que pode repetir-se sempre tomado do Evangelho do dia.
o número de vezes que for preciso, enquanto durar o
rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos [88] Terminada a distribuição da Comunhão, quem
a paz. preside e os fiéis, conforme a oportunidade, oram
alguns momentos em silêncio.
[84] Quem preside prepara-se para receber
frutuosamente o Corpo e Sangue de Cristo rezando a [89] Para completar a oração do povo de Deus e
oração em silêncio. Os fiéis fazem o mesmo orando em concluir todo o rito da Comunhão, quem preside diz a
silêncio. Depois mostra aos fiéis o pão eucarístico e oração depois da Comunhão, na qual implora os frutos
convida-os para o banquete de Cristo. do mistério celebrado.

Ritos finais: Vão em paz, a missão começa! Venham à próxima celebração! [90]

Aos ritos de encerramento pertencem: Despedida da assembleia, feita pelo diácono ou o


presidente; e beijo no altar por parte de quem preside e
Notícias breves, se forem necessárias;
do diácono.
Saudação e bênção de quem preside, a qual, em certos
dias e em ocasiões especiais, é enriquecida e Inclinação profunda ao altar por parte de quem
amplificada com uma oração sobre o povo ou com preside, do diácono, e dos outros ministros.
outra fórmula mais solene de bênção.

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Para aprofundar...
- INSTRUÇÃO GERAL DO MISSAL ROMANO E INTRODUÇÃO AO LECIONÁRIO. Texto oficial da terceira
edição típica do Missal Romano. Brasília: Edições CNBB, 2023.
- CNBB. As vestes litúrgicas. Brasília: Edições CNBB, 2023. (Estudos da CNBB, n. 115).
- CNBB. Orientações para projeto e construção de Igrejas e disposição do Espaço Celebrativo. Brasília: Edições
CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, n. 106)
- COMPÊNDIO DO VATICANO II. Constituições, decretos, declarações. 29.ed. Petrópolis: Vozes, 2000.
- BOSELLI, Goffredo. O sentido espiritual da liturgia. Brasília: CNBB, 2014.

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