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Lista de exercícios – Literatura. REVISÃO UNESP.

1. (Unesp 2023) The literary principle according to which the writing and criticism of poetry and
drama were to be guided by rules and precedents derived from the best ancient Greek and
Roman authors; a codified form of classicism that dominated French literature in the 17th and
18th centuries, with a significant influence on English writing, especially from c.1660 to c.1780.
In a more general sense, often employed in contrast with romanticism, the term has also been
used to describe the characteristic world-view or value-system of this “Age of Reason”, denoting
a preference for rationality, clarity, restraint, order, and decorum, and for general truths rather
than particular insights.

(Chris Baldick. The Concise Oxford Dictionary of Literary Terms, 2001.)

O termo literário a que o texto se refere é o


a) Renascimento.
b) Barroco.
c) Romantismo.
d) Naturalismo.
e) Neoclassicismo.

Leia o capítulo CXVII do romance Quincas Borba, de Machado de Assis.

A história do casamento de Maria Benedita é curta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a
pena dizê-la. Fique desde já admitido que, se não fosse a epidemia das Alagoas, talvez não
chegasse a haver casamento; donde se conclui que as catástrofes são úteis, e até necessárias.
Sobejam exemplos; mas basta um contozinho que ouvi em criança, e que aqui lhes dou em
duas linhas. Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona, — um triste molambo
de mulher, — chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo
a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
— É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo.
— Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?
O padre que me contou isto certamente emendou o texto original; não é preciso estar
embriagado para acender um charuto nas misérias alheias. Bom padre Chagas! — Chamava-
se Chagas. — Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos essa ideia
consoladora, de que ninguém, em seu juízo, faz render o mal dos outros; não contando o
respeito que aquele bêbado tinha ao princípio da propriedade, — a ponto de não acender o
charuto sem pedir licença à dona das ruínas. Tudo ideias consoladoras. Bom padre Chagas!

(Quincas Borba, 2012.)

2. (Unesp 2023) Para o narrador, no texto original do “contozinho” relatado no capítulo,


a) o homem não estava embriagado.
b) a mulher não estava chorando.
c) a mulher não era proprietária da choupana.
d) a choupana não estava em chamas.
e) o homem não fumava charuto.

3. (Unesp 2023) No capítulo, o estilo adotado pelo narrador caracteriza-se como


a) sentimental e utópico.
b) hiperbólico e dramático.
c) digressivo e irônico.
d) impessoal e objetivo.
e) subjetivo e moralizante.

Leia alguns trechos do “Prefácio Interessantíssimo” de Pauliceia Desvairada, de Mário de


Andrade, obra considerada marco do Modernismo brasileiro e publicada originalmente em julho
de 1922.

Leitor:
Está fundado o Desvairismo.

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Este prefácio, apesar de interessante, inútil.

Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me
grita. Penso depois: não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste
Prefácio Interessantíssimo.

E desculpe-me por estar tão atrasado dos movimentos artísticos atuais. Sou
passadista, confesso. Ninguém pode se libertar duma só vez das teorias-avós que bebeu; e o
autor deste livro seria hipócrita se pretendesse representar orientação moderna que ainda não
compreende bem.

Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o. Tenho pontos de contato com o
futurismo. Oswald de Andrade, chamando-me de futurista, errou. A culpa é minha. Sabia da
existência do artigo e deixei que saísse. Tal foi o escândalo, que desejei a morte do mundo.
Era vaidoso. Quis sair da obscuridade. Hoje tenho orgulho. Não me pesaria reentrar na
obscuridade. Pensei que se discutiriam minhas ideias (que nem são minhas): discutiram
minhas intenções.

Um pouco de teoria?
Acredito que o lirismo, nascido no subconsciente, acrisolado num pensamento claro ou
confuso, cria frases que são versos inteiros, sem prejuízo de medir tantas sílabas, com
acentuação determinada.

(Mário de Andrade. Poesias completas, 2013.)

4. (Unesp2023) Ao enfatizar o papel do inconsciente na atividade criativa, o “Prefácio


Interessantíssimo” expõe uma poética que revela afinidades com a estética
a) cubista.
b) futurista.
c) impressionista.
d) expressionista.
e) surrealista.

5. (Unesp 2023) Mário de Andrade recorre à metalinguagem no seguinte trecho:


a) “Está fundado o Desvairismo.”
b) “Não me pesaria reentrar na obscuridade.”
c) “Este prefácio, apesar de interessante, inútil.”
d) “Sabia da existência do artigo e deixei que saísse.”
e) “Quis sair da obscuridade.”

6. (Unesp 2022) O tópico clássico do locus amoenus está bem exemplificado nos seguintes
versos do poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage:

a) O ledo passarinho, que gorjeia


D’alma exprimindo a cândida ternura,
O rio transparente, que murmura,
E por entre pedrinhas serpenteia:

b) Já sobre o coche de ébano estrelado


Deu meio giro a noite escura e feia;
Que profundo silêncio me rodeia
Neste deserto bosque, à luz vedado!

c) Ante a doce visão com que me enlaças,


Já murcho, estéril já, meu ser floresce:
Mas súbito fantasma eis desvanece
Chusma de encantos, que em teu sonho abraças:

d) Já o Inverno, espremendo as cãs nevosas,

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Geme, de horrendas nuvens carregado;


Luz o aéreo fuzil, e o mar inchado
Investe ao Polo em serras escumosas;

e) Quando por entre os véus da noite fria


A máquina celeste observo acesa,
Da angústia, de terror a imagens presa
Começa a devorar-me a fantasia.

7. (Unesp 2022) Tal movimento deriva quase todos os seus critérios de probabilidade do
empirismo das ciências naturais. Baseia seu conceito de verdade psicológica no princípio de
causalidade, o desenvolvimento apropriado da trama na eliminação do acaso e dos milagres,
sua descrição do ambiente na ideia de que todo e qualquer fenômeno natural tem lugar numa
interminável cadeia de condições e motivos, sua utilização de detalhes característicos no
método de observação científica – que não despreza circunstância alguma, por mais
insignificante e trivial que seja.

(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1994. Adaptado.)

O texto refere-se ao movimento


a) árcade.
b) simbolista.
c) realista.
d) romântico.
e) modernista.

8. (Unesp 2022) Tão variadas são as manifestações desse movimento que é impossível
formular-lhe uma definição única; mesmo assim, pode-se dizer que sua tônica foi uma crença
no valor supremo da experiência individual, configurando nesse sentido uma reação contra o
racionalismo iluminista e a ordem do estilo neoclássico. Seus autores exploravam os valores da
intuição e do instinto, trocando o discurso público do neoclassicismo, cujas formas compunham
um repertório mais comum e inteligível, por um tipo de expressão mais particular.

(Ian Chilvers (org.). Dicionário Oxford de arte, 2007. Adaptado.)

O movimento a que o texto se refere é o


a) Naturalismo.
b) Romantismo.
c) Barroco.
d) Arcadismo.
e) Realismo.

Leia o soneto de Luís de Camões.

Enquanto quis Fortuna1 que tivesse


Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento2
Me fez que seus efeitos escrevesse.

Porém, temendo Amor3 que aviso desse


Minha escritura a algum juízo isento4,
Escureceu-me o engenho5 com tormento,
Para que seus enganos não dissesse.

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos


A diversas vontades, quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,

Verdades puras são, e não defeitos6,


E sabei que, segundo o amor tiverdes,

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Tereis o entendimento de meus versos.

(Luís de Camões. 20 sonetos, 2018.)


1
Fortuna: entidade mítica que presidia a sorte dos homens.
2
suave pensamento: sentimento amoroso.
3
Amor: entidade mítica que personifica o amor.
4
juízo isento: os inocentes do amor, aqueles que nunca se apaixonaram.
5
engenho: talento poético, inspiração.
6
defeitos: inverdades, fantasia.

9. (Unesp 2022) No soneto, Amor teme que


a) o eu lírico perca sua inspiração.
b) a poesia do eu lírico não seja sincera.
c) a poesia do eu lírico não seja compreendida.
d) o eu lírico esqueça sua amante.
e) o eu lírico divulgue seus enganos.

10. (Unesp 2022) Segundo o eu lírico, Amor torna os amantes


a) mesquinhos.
b) melancólicos.
c) submissos.
d) imprudentes.
e) insensatos.

11. (Unesp 2022) No soneto, o eu lírico dirige-se, mediante vocativo,


a) àqueles que não entendem seus versos.
b) a Amor.
c) àqueles que nunca se apaixonaram.
d) aos amantes.
e) a Fortuna.

12. (Unesp 2022) Sem dúvida, o capital não tem pátria, e é esta uma das suas vantagens
universais que o fazem tão ativo e irradiante. Mas o trabalho que ele explora tem mãe, tem pai,
tem mulher e filhos, tem língua e costumes, tem música e religião. Tem uma fisionomia humana
que dura enquanto pode. E como pode, já que a sua situação de raiz é sempre a de falta e
dependência.
Narrar a necessidade é perfazer a forma do ciclo. Entre a consciência narradora, que sustém a
história, e a matéria narrável, sertaneja, opera um pensamento desencantado, que figura o
cotidiano do pobre em um ritmo pendular: da chuva à seca, da folga à carência, do bem-estar à
depressão, voltando sempre do último estado ao primeiro. É a narração, que se quer objetiva,
da modéstia dos meios de vida registrada na modéstia da vida simbólica.

(Alfredo Bosi. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica, 2003. Adaptado.)

O comentário aplica-se com precisão à obra


a) Vidas secas, de Graciliano Ramos.
b) Macunaíma, de Mário de Andrade.
c) Os sertões, de Euclides da Cunha.
d) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
e) A hora da estrela, de Clarice Lispector.

13. (Unesp 2021) Futurismo. O Manifesto Futurista, de autoria do poeta italiano Filippo
Tommaso Marinetti (1876-1944), foi publicado em Paris em 1909. Nesse manifesto, Marinetti
declara a raiz italiana da nova estética: “queremos libertar esse país (a Itália) de sua fétida
gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários”. Falando da Itália para o
mundo, o Futurismo coloca-se contra o “passadismo” burguês e o tradicionalismo cultural. A
exaltação da máquina e da “beleza da velocidade”, associada ao elogio da técnica e da ciência,
torna-se emblemática da nova atitude estética e política.

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(https://enciclopedia.itaucultural.org.br. Adaptado.)

Verifica-se a influência dessa vanguarda artística nos seguintes versos do poeta português
Fernando Pessoa:

a) Mas, ah outra vez a raiva mecânica constante!


Outra vez a obsessão movimentada dos ônibus.
E outra vez a fúria de estar indo ao mesmo tempo
[dentro de todos os comboios
De todas as partes do mundo,
De estar dizendo adeus de bordo de todos os navios,
Que a estas horas estão levantando ferro ou
[afastando-se das docas.

b) O sonho é ver as formas invisíveis


Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esprança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

c) O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...


Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso...
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso...

d) Não me compreendo nem no que, compreendendo, faço.


Não atinjo o fim ao que faço pensando num fim.
É diferente do que é o prazer ou a dor que abraço.
Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.

e) Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena


[cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como
[o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam
[a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre
[correria,
E sempre iria ter ao mar.

14. (Unesp 2021)

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A obra Paisagem italiana (1805), do pintor alemão Jakob Philipp Hackert (1737-1807), remete,
sobretudo, ao ideário do
a) Realismo.
b) Romantismo.
c) Arcadismo.
d) Barroco.
e) Naturalismo.

Leia o texto extraído da primeira parte, intitulada “A terra”, da obra Os sertões, de Euclides da
Cunha. A obra resultou da cobertura jornalística da Guerra de Canudos, realizada por Euclides
da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada
apenas em 1902.

Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos,
fugindo à monotonia de um canhoneio1 frouxo de tiros espaçados e soturnos, encontramos, no
descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale
único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de
flores rutilantes, davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao
lado uma árvore única, uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela – braços
largamente abertos, face volvida para os céus – um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher4 estrondada, o
cinturão e o boné jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta
corpo a corpo com adversário possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada que lhe
sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos,
não fora percebido. Não compartira, por isto, a vala comum de menos de um côvado de fundo
em que eram jogados, formando pela última vez juntos, os companheiros abatidos na batalha.
O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da
promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses – braços
largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros,
para as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de
modo a incutir a ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à
sombra daquela árvore benfazeja. Nem um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da
matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante,
numa exaustão imperceptível. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas sugestivo, a
secura extrema dos ares.

(Os sertões, 2016.)

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1
canhoneio: descarga de canhões.
2
icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom verde-pálido e frutos bacáceos.
3
palmatória: planta da família das cactáceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte
inferior vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas.
4
Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher.

15. (Unesp 2021) Além da primeira parte intitulada “A terra”, outras duas partes, intituladas “O
homem” e “A luta”, compõem Os sertões. Verifica-se assim, na própria estrutura da obra, uma
nítida influência do
a) Determinismo.
b) Idealismo.
c) Iluminismo.
d) Socialismo.
e) Liberalismo.

16. (Unesp 2021)

A obra Prisão de Tiradentes (datada de 1914), do pintor brasileiro Antônio Parreiras (1860-
1937), remete a evento histórico relacionado ao seguinte movimento literário brasileiro:
a) Barroco.
b) Arcadismo.
c) Romantismo.
d) Realismo.
e) Modernismo.

17. (Unesp 2021) Escritor refletido e cheio de recurso, a sua obra é uma das minas da literatura
brasileira, até hoje, e embora não pareça, tem continuidades no Modernismo. Nossa
iconografia imaginária, das mocinhas, dos índios, das florestas, deve aos seus livros muito da
sua fixação social; de modo mais geral, para não encompridar a lista, a desenvoltura inventiva
e brasileirizante da sua prosa ainda agora é capaz de inspirar.

(Roberto Schwarz. Ao vencedor as batatas, 2000. Adaptado.)

O comentário refere-se ao escritor


a) Raul Pompeia.
b) Manuel Antônio de Almeida.
c) José de Alencar.
d) Tomás Antônio Gonzaga.
e) Aluísio Azevedo.

Leia o trecho do romance Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

Sei que estou contando errado, pelos altos. Desemendo. Mas não é por disfarçar, não
pense. De grave, na lei do comum, disse ao senhor quase tudo. Não crio receio. O senhor é
homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é criatura de pôr denúncia. E meus
feitos já revogaram, prescrição dita. Tenho meu respeito firmado. Agora, sou anta empoçada,
ninguém me caça. Da vida pouco me resta – só o deo-gratias; e o troco. Bobeia. Na feira de
São João Branco, um homem andava falando: – “A pátria não pode nada com a velhice...”
Discordo. A pátria é dos velhos, mais. Era um homem maluco, os dedos cheios de anéis velhos

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sem valor, as pedras retiradas – ele dizia: aqueles todos anéis davam até choque elétrico...
Não. Eu estou contando assim, porque é o meu jeito de contar. Guerras e batalhas? Isso é
como jogo de baralho, verte, reverte. Os revoltosos depois passaram por aqui, soldados de
Prestes, vinham de Goiás, reclamavam posse de todos os animais de sela. Sei que deram
fogo, na barra do Urucuia, em São Romão, aonde aportou um vapor do Governo, cheio de
tropas da Bahia. Muitos anos adiante, um roceiro vai lavrar um pau, encontra balas cravadas. O
que vale, são outras coisas. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos,
cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar
seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que
eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse
diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto. [...] Tem
horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras, de recente data. O senhor
mesmo sabe.

(Grande sertão: veredas, 2015.)

18. (Unesp 2021) No texto, o narrador


a) sugere que a narração de eventos significativos não permite uma visão abrangente da vida.
b) admite que sua narrativa sinuosa visa confundir e enganar o seu interlocutor.
c) sugere que a narração de eventos significativos não cabe em uma narrativa linear.
d) alega que sua narrativa linear busca conferir coerência e sentido a uma vida de desacertos.
e) alega que uma narrativa sinuosa conduz a uma compreensão limitada da existência.

19. (Unesp 2021) No trecho “O senhor é homem de pensar o dos outros como sendo o seu,
não é criatura de pôr denúncia”, o narrador caracteriza seu interlocutor como
a) desrespeitoso.
b) distraído.
c) presunçoso.
d) indulgente.
e) perseverante.

20. (Unesp 2021) Para a formação do neologismo “vivimento”, o narrador recorreu ao mesmo
processo de formação de palavras observado em
a) “desemendo”.
b) “velhice”.
c) “denúncia”.
d) “reverte”.
e) “adiante”.

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
[E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]


O texto se refere ao movimento que contrastou com o romantismo (“often employed in contrast
with romanticism”) e que buscava associar-se à ideia da “Era da Razão”, valorizando a
racionalidade (“the term has also been used to describe the characteristic world-view or value-
system of this “Age of Reason”, denoting a preference for rationality, clarity, restraint, order, and
decorum, and for general truths rather than particular insights”). Dessa forma, trata-se do
Neoclassicismo.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Inglês]


É explica no texto, no trecho “The literary principle according to which the writing and criticism
of poetry and drama were to be guided by rules and precedents derived from the best ancient
Greek and Roman authors; a codified form of classicism [...]”, sobre o princípio literário segundo
o qual a escrita e a crítica da poesia e do drama deveriam ser guiados por regras e
precedentes derivados dos melhores autores gregos e romanos antigos. Ainda, que é uma
forma codificada de classicismo.
Assim, confirma que o termo literário a que o texto se refere é o Neoclassicismo, estando a
letra [E] correta.

Resposta da questão 2:
[A]

As opções [B], [C] [D] e [E] são incorretas, pois, no “contozinho” relatado pelo narrador, não há
ressalvas relativamente ao pranto da mulher, à sua condição de proprietária da choupana,
ocorrência do incêndio ou ao fato de o homem fumar charuto. Assim, é correta a opção [A],
pois, segundo o narrador, o homem não estava embriagado: “O padre que me contou isto
certamente emendou o texto original; não é preciso estar embriagado para acender um charuto
nas misérias alheias”.

Resposta da questão 3:
[C]

As opções [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois

[A] o estilo adotado nem demonstra que o narrador se comove facilmente com os problemas
dos outros, nem revela preocupações idealizadoras do comportamento humano.
[B] O relato não apresenta exageros nem aspectos que acentuem a gravidade da situação.
[D] O narrador emite opinião sobre os fatos mencionados, posicionando-se em primeira
pessoa, como no uso do pronome “me” e nos termos verbais “ouvi” e “dou”.
[E] Não existe intenção de propagar ideias que visem aos bons costumes da sociedade.

Assim, é correta a opção [C], na medida em que o relato apresenta características digressivas
na menção ao conto que o narrador ouviu na infância e também ironia, na descrição do
comportamento do homem que pede licença para acender o charuto nas chamas do incêndio.
De forma sarcástica, Machado expõe a crueldade humana em que o respeito às leis prevalece
à empatia com o sofrimento humano.

Resposta da questão 4:
[E]

As opções [A], [B], [C] e [D] são incorretas, pois, sucintamente,

[A] o Cubismo privilegia a fragmentação do discurso e a geometrização da realidade,


destruição da sintaxe e fim da linearidade através do uso de palavras soltas e inclusão de
flashes cinematográficos.

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[B] O Futurismo tem como principal característica a valorização da tecnologia e velocidade,


manifestando-se na literatura pelo uso de onomatopeias, exclamações e interjeições, versos
livres e vocabulário tecnológico.
[C] O Impressionismo caracteriza-se pela valorização das emoções e sensações, presença de
sinestesias e prosopopeias, exposição de sentimentos individuais, valorização da memória
na busca de um tempo perdido através do uso de verbos no pretérito imperfeito do
indicativo e gerúndio.
[D] O Expressionismo revela-se literatura através da linguagem expressiva de emoções e
sentimentos de forma exagerada, mostrando o seu aspecto mais terrível e explorando
temáticas até então proibidas, como a sexualidade, a doença, a morte e o macabro.

Assim, é correta a opção [E], na medida em que, ao enfatizar o papel do inconsciente na


atividade criativa, o “Prefácio Interessantíssimo” expõe uma poética que revela afinidades com
a estética surrealista.

Resposta da questão 5:
[C]

As opções [A], [B], [D] e [E] são incorretas, pois, partindo do princípio que a metalinguagem se
configura quando a mensagem faz referência à própria linguagem utilizada nela,

[A] existe ironia e não metalinguagem no uso do neologismo “Desvairismo” para caracterizar os
movimentos estéticos do início do século XX.
[B] O autor não faz referência ao estilo nem à forma de escrever, o que caracterizaria a
metalinguagem.
[D] O autor refere-se a texto de Oswald de Andrade, o que configura intertextualidade e não
metalinguagem.
[E] O autor faz referência a si mesmo e não estilo que usa para escrever.

Assim, é correta a opção [C], pois, na frase “Este prefácio, apesar de interessante, inútil. ” faz
referência ao prefácio, analisando o próprio prefácio.

Resposta da questão 6:
[A]

O tópico do locus amoenus, expressão latina que designa “paisagem ideal” e está presente na
poesia lírica amorosa e bucólica do Arcadismo, valoriza a vida campesina, natural e simples
que diferia do artificialismo da civilização das novas cidades, como exemplificado nos versos
transcritos na opção [A].

Resposta da questão 7:
[C]

A referência a “eliminação do acaso e dos milagres”, “descrição do ambiente” e “detalhes


característicos no método de observação científica” indicam que o texto se refere ao
movimento realista, como transcrito em [C].

Resposta da questão 8:
[B]

No trecho, vemos a caracterização do romantismo e podemos destacar duas de suas várias


definições: esse movimento literário privilegiava “a crença no valor supremo da experiência
individual”, valorizando, assim, a subjetividade e o “eu”; e “explorava os valores da intuição e do
instinto, trocando o discurso público do neoclassicismo”. Inclusive, o romantismo foi o
movimento literário que veio logo após o neoclassicismo, apresentando, assim, divergências a
esse outro movimento.

Resposta da questão 9:
[E]

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O poema fala sobre os momentos em que o eu lírico exprimia os seus sentimentos que lhe
alimentavam a esperança de ser feliz junto da amada. No entanto, o Amor, (grafado com inicial
maiúscula para representar uma entidade mítica, diferente do amor de uma vivência concreta,
grafado com inicial minúscula no segundo verso do último terceto) perturbou a sua escrita com
medo do engano que suas palavras poderiam produzir nos que nunca se haviam apaixonado,
sujeitos assim aos perigos da paixão. Ao concluir o texto, o autor nos fala que somente
poderemos entender seus versos, se estivermos igualmente amando, já que as contradições
são do próprio Amor e não do discurso amoroso do eu lírico. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 10:


[C]

Segundo o eu lírico, por desconhecer as estratégias adotadas pelo Amor ao interferir na


realidade amorosa dos mortais, o Amor torna os amantes submissos ao seu poder. Assim, é
correta a opção [C].

Resposta da questão 11:


[D]

Mediante o vocativo inserido na expressão “Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos”, assim como
termos verbais na segunda pessoa do plural, “lerdes”, “sabei”, “tiverdes” e “Terei”, eu lírico se
dirige-se àqueles que estão submissos ao poder do Amor, ou seja, aos amantes, como
transcrito em [D].

Resposta da questão 12:


[A]

Ao referir-se à narrativa sertaneja, onde figura o cotidiano do pobre em um ritmo pendular (“da
chuva à seca, da folga à carência, do bem-estar à depressão, voltando sempre do último
estado ao primeiro”), Alfredo Bosi alude ao caráter cíclico da obra “Vidas secas”, cujo início e
final apresentam os retirantes perambulando pelo sertão em luta pela sobrevivência. Assim, é
correta a opção [A].

Resposta da questão 13:


[A]

É correta a opção [A], pois, no excerto de Álvaro de Campos, expressões como “raiva
mecânica constante”, “obsessão movimentada dos ônibus” e “a fúria de estar indo ao mesmo
tempo/dentro de todos os comboios” celebram a dinâmica da máquina e da velocidade e
consequente valorização do homem de ação, em forte contestação ao sentimentalismo
burguês e ao tradicionalismo cultural.

Resposta da questão 14:


[C]

É correta a opção [C], pois a pintura de Hackert remete ao ideário árcade, pelo
desenvolvimento em tela do pastoralismo e bucolismo – ideal de vida simples, junto à
natureza sintetizada no topo locus amoenus.

Resposta da questão 15:


[A]

A filosofia determinista parte do princípio segundo o qual tudo no universo está submetido a leis
necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente
predeterminado pela natureza. Os títulos das três partes que compõem a obra “Os sertões” já
indicam a construção de uma narrativa vinculada ao Determinismo: se a terra é fraca e o
homem é forte, como descrito com amplo rigor científico ao longo das duas primeiras partes, a
luta, título da terceira, é inevitável. Assim, é correta a opção [A].

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Lista de exercícios – Literatura. REVISÃO UNESP.

Resposta da questão 16:


[B]

A imagem remete ao episódio histórico da Inconfidência Mineira, movimento em que


participaram alguns autores, como Cláudio Manuel da Costa e Tomás António Gonzaga.
Influenciados por ideais iluministas do séc. XVII, afastaram-se das produções literárias
rebuscadas do Barroco, privilegiando o sujeito racional e ideais neoclássicos através do culto à
natureza,simplicidade e clareza, características do Arcadismo. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 17:


[C]

José de Alencar foi um escritor do período do romantismo e a sua obra é caracterizada por um
nacionalismo e indianismo, trazendo muito da flora brasileira e da figura do índio como
protagonista. Um dos trechos que comprova que Roberto Schwarz se refere a ele é “Nossa
iconografia imaginária, das mocinhas, dos índios, das florestas”, em que são abordadas as
principais figuras que aparecem na obra de Alencar e que servem ao seu propósito nacionalista
e indianista.

Resposta da questão 18:


[C]

É correta a opção [C], pois a frase “Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de
rasa importância” é bastante elucidativa sobre a forma como o narrador sugere que a narração
de eventos significativos não cabe em uma narrativa linear.

Resposta da questão 19:


[D]

Ao afirmar que o interlocutor é “homem de pensar o dos outros como sendo o seu, não é
criatura de pôr denúncia”, o narrador caracteriza-o como pessoa que perdoa, desculpa ou
releva facilmente, ou seja, clemente, tolerante ou indulgente, como mencionado em [D].

Resposta da questão 20:


[B]

É correta a opção [B], pois o termo “vivimento” resulta de derivação sufixal do adjetivo vivo,
como “velhice”, do adjetivo velho.

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