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 A má elaboração do processo de separação do casal

O ex casal leva suas questões ao judiciário para dirimir os seus conflitos,


carências e dificuldades, e ambos os cônjuges acabam por agredir-se mutuamente,
perpetuando, através de litígios intermináveis, a relação conjugal conflituosa já existente
no período do matrimônio.

É preciso que sejam muito maduros para colocarem seus filhos em primeiro
lugar. Eu digo aos pais que são divorciados que o que aconteceu, aconteceu, mas que
agora, por causa dos filhos, eles têm uma ligação para o resto da vida. Eles são parentes
e fazem parte da mesma família, gostem ou não. E uma questão de se eles vão se dar
bem e serão civilizados ou não, em nome das crianças, ou vão prejudicá-las. Os filhos
precisam dos dois pais. Alguns pais necessitam de terapia continua. Outros são capazes
de elaborar por conta própria.

 Incapacidade de entrar em um entendimento, pois existe a


necessidade entre as partes de prejudicar um ao outro

O conflito decorre de expectativas, valores e interesses contrariados. Embora


seja contingência de condições humanas e, portanto, algo natural, numa disputa
conflituosa costuma-se tratar a outra parte como adversária, infiel ou inimiga. Cada
parte da disputa tende a concentrar o raciocínio e elementos de prova na busca de novos
fundamentos para reforçar a sua posição unilateral, na tentativa de enfraquecer ou
destruir os argumentos da outra parte. Esse estado emocional estimula as polaridades e
dificulta a percepção do interesse comum. Quando assim, as partes querem que um
terceiro decida por eles e que seja a favor de cada um, o que é impossível.

 Guarda compartilhada

Na guarda compartilhada, aquele que não fica diariamente com a criança, tem
direito à convivência e dever de se fazer presente e influenciar na criação e decisão de
tudo que se refira aos filhos. Exige muita maturidade dos pais e esses devem estar
atentos à rotina da criança, para que essa seja mantida e não seja impactada.

 Usar o filho como instrumento de vingança

Quando os pais assumem o divórcio de maneira responsável, isso se torna um


fator de amadurecimento para todos: os pais conseguem lidar melhor com seus
sentimentos pessoais (ao invés de projetá-los nos cônjuges), e os filhos conseguem,
apesar das provações, conservar sua afeição pelo pai e pela mãe – um avanço na direção
do amadurecimento social e da autonomia, pois aprendem a ser mais flexíveis (por
serem obrigados a encarar duas realidades diferentes, a do pai e da mãe), e realistas sem
projetar ressentimentos nem idealizar os pais, e por isso mais preparados para lidar com
as mudanças sem se desestruturarem.
 As partes se enxergam apenas como ex marido e ex mulher, nunca
como pai e mãe, por isso são incapazes de ver o filho na relação

O membro da família afetivamente mais sensível é a criança; por isso percebe


mais facilmente os efeitos nocivos de uma desestruturação familiar, e por esse motivo
sofre os maiores prejuízos emocionais e comportamentais. Além disso, os ex cônjuges
tentam punir-se mutuamente através dos filhos, utilizando-os como instrumento de
vazão às suas frustrações e dificuldades, ou como um “troféu’’ diante da “derrota’’ do
outro no litígio. Ora, existe ex marido, ex esposa, ex casal; porém jamais se fala em ex
pai, ex mãe ou ex filho.

 Dificuldade de comunicação entre as partes e eternização do litígio

Após a separação, podem surgir competições e rivalidades entre si, cada um


tentando impedir que o outro o domine, havendo dificuldades de comunicação (não há
diálogo porque falam ao mesmo tempo e não se permitem escutar) e de entrega
recíproca (cada um faz exigências abusivas e frequentes ao outro, sem oferecer nada em
troca). Essa luta constante afasta intimamente o ex casal, e a separação (física e /ou
legal) não se caracteriza pelo rompimento definitivo da relação: ocorrem ataques
mútuos até o limite do suportável (as tréguas existem apenas para que as partes se
preparem para os novos ataques), porque o objetivo não é destruir o ex parceiro e sim
mantê-lo no vínculo do litígio .

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