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Ervas na Umbanda

Desenvolvido e Ministrado por Adriano Camargo

Aula Digitada 01 Parte 02


Obs.: este documento é a transcrição fiel do discurso das vídeo-aulas, portanto poderá conter erros
gramaticais mantendo a originalidade da origem.

Não falei que era rapidinho! Estamos de volta aqui falando sobre ervas na Umbanda, eu sou
Adriano Camargo, conhecido carinhosamente como Erveiro da Jurema.
Falar de ervas na Umbanda é legal a gente falar um pouco da nossa história, da nossa
origem. Eu comentei no primeiro bloco é o anúncio da Umbanda por Pai Zélio de Moraes, o Pai
Caboclo das Sete Encruzilhadas através do médium Zélio Fernandino de Moraes em 15 de
novembro de 1908, esse é o anúncio da Umbanda, é a data que nós entendemos como a Fundação
da Umbanda, mesmo sabendo que já havia outras manifestações espirituais, mesmo sabendo que
grupos já trabalhavam com entidades espirituais que se serviam dos elementos. Tem um marco
interessante nessa, nesse anúncio que é quando o jovem Zélio de Morares foi levado a uma
reunião espírita, na Federação de Niterói e lá ele sentado à mesa ele se levanta já mediunizado,
já ali sob a influência espiritual, sobre o “abraço” carinhoso de Pai Caboclo das Sete
Encruzilhadas, ele levanta e fala “Falta um elemento aqui” e vai até o jardim e pega uma rosa
branca. Então, esse é o marco do uso do primeiro elemento dentro de uma manifestação onde se
usou o nome: Umbanda, onde se falou de Umbanda. E o primeiro elemento usado de Umbanda foi
uma erva, foi uma flor. É legal a gente entender quando falamos ervas na Umbanda, ervas na
Umbanda – erva é elemento vegetal. Então, nós não distinguimos a erva da casca, da raiz, da
folha, pra nós tudo é erva. Eu tenho – eu falei de flor – eu tenho aqui, por exemplo, rosas
vermelhas – já está desidratada – depois eu vou mostrar as flores, as flores frescas - rosa vermelha
é pétala, é pétala de rosa está aqui, é erva pra nós. Tenho – vamos pegar uma fresca, eu já tinha
mostrado o guiné – então, guiné, folha do guiné – é erva/ folha é erva – outra flor aqui, está bem
bacana também. Depois eu vou falar de todas essas ervas aqui. A calêndula - olha já desidratada -
é erva pra nós também. Uma raizinha, uma raiz, a gente, é, tecnicamente falando dandá, ele é
um rizoma, é, mas pra nós está debaixo da terra, ele é considerado no meio popular como uma
raiz, a raiz da tiririca, dos Cyperus Rotundus, então o dandá, o dandá-da-costa - raiz pra nós - é
erva também. Ah o que mais aqui que eu tenho: a casca, a casca da jurema preta, pra nós é erva
também, casca; poderíamos ter o caule, tem mais flor aqui, camomila, flor, semente, flor de
semente: anis estrelado – semente também é erva, então, alfazema – olha que linda que está essa
alfazema aqui, azulzinha. Todas essas ervas que eu trouxe, ervas, chamamos de ervas e o uso da
erva na Umbanda como eu disse no primeiro bloco “banhos, defumações, benzimentos” de onde
nós herdamos isso? Se o anúncio lá do Caboclo das Sete Encruzilhadas ele apenas colocou uma
flor, como é que nós começamos dentro da Umbanda a adaptar, a trazer esses recursos litúrgicos,
essa forma de trabalhar? Como é que foi inserida a defumação? Como foi inserido o banho de
erva? Nós temos que lembrar que a Umbanda é uma religião bastante eclética. Eclética por quê?
Porque recebe a todos da mesma forma, recebe igual todo mundo, não há distinção e da mesma
que você vê eu não conheço nenhum Terreiro de Umbanda que tenha uma pessoa na porta, que
tem alguém na entrada escolhendo, falando: “Olha, você é batizado senta aqui, você é judeu
senta ali, você é Católico senta ali, você é branco senta aqui, você é negro senta ali”, não existe.
A Umbanda recebe todo mundo da mesma forma, no máximo uma divisão entre homens e
mulheres, enfim, todo mundo é muito bem recebido no Terreiro de Umbanda, no Templo de
Umbanda, essa é a nossa definição. Então, da mesma forma a Umbanda recebeu nesses 100 e
poucos anos o conhecimento e recebeu a influência, a interferência de várias vertentes, existem
quatro origens básicas que eu gosto sempre de falar na Umbanda. E as quatro têm a sua
importância, começa com a origem Africana, nós herdamos da cultura africana, das várias nações
africanas. Aqui no Brasil nós conhecemos como “Candomblés”, são os vários Candomblés, as
nações, a Nação Gegê, Nagô, o Angola, nações Yorubá de um modo geral, cada uma tem a sua;
Ketu eu diria que um dos mais difundidos, mais conhecido pelo menos aqui no eixo Rio-São Paulo-
Sul. Então, essas nações, a cultura africana interferiu diretamente na Umbanda e tanto interferiu
que nós saudamos - a base da Umbanda, a base de divindades da Umbanda – são as divindades
africanas, são os sagrados Pais e Mães Orixás.
Não há uma forma de ser diferente, não há Umbanda sem saudar, sem cantar pra Pai
Oxóssi, pra Pai Oxalá. Oxalá – se eu uso termo Oxalá – Oxalá divindade do Panteão Africano: Pai
Oxalá. No sincretismo – a Umbanda é uma religião sincrética, eu vou falar dessa outra origem, a
nossa origem branca, origem europeia – que estabelecia um sincretismo entre a cultura africana e
aquilo que era difundido e aquilo que era mais fácil de nós, seres ocidentais, entendermos. A
ligação entre o Orixá, uma divindade de uma religião, de uma forma de religiosidade e a
divindade predominante, a divindade mais conhecida, no caso Jesus Cristo há o sincretismo com
Oxalá - então, estou falando de uma origem, já fui pra outra. Então, origem Africana nós
herdamos a presença do Orixá, a presença do negro na Umbanda, o Preto Velho. Tem muita gente
que fala “Não, mas você acha que os Guias espirituais tem essa distinção de cor?”, tem nada. Um
Caboclo, um Caboclo não é branquinho, não é alemão. Então, a presença do negro, do Preto
Velho na Umbanda é uma forma das mentes direcionadoras, dos mestres do astral que regem a
nossa amada religião honrar, uma forma deles honrarem as nossas origens. Então, a presença do
africano na força ali do Preto Velho, na força, no nome, em toda cultura do Orixá inserida na
religião: o arquétipo da divindade. Da cultura branca, dessa cultura ocidental, nós temos duas
vertentes básicas que é o Catolicismo que emprestou para nós e até hoje é uma base, um
parâmetro de referência com o sincretismo. E o Kardecismo, o Kardeccismo, a origem Espírita
tradicional, ninguém explicou melhor mediunidade, quem colocou a “cara pra apanhar” falando
sobre mediunidade, falando sobre o mundo espiritual foi Allan Kardec e os livros “Livro do
Médium”, “Livro dos Espíritos” é base, é base para o entendimento da mediunidade dentro da
religião. Então, essas nossas origens tem trazido pra dentro do nosso contexto, nossa liturgia,
muito daquilo que feito de forma empírica, de forma natural. Naturalmente se incorpora,
naturalmente se desenvolve mediunidade, naturalmente se trabalha com o plano espiritual.
Ninguém precisa pegar lá o “Livro dos Espíritos” e falar assim “Espera aí o Caboclo está vibrando,
está encostando, deixa eu ver aqui no livro o que está acontecendo”, não. Isso se tronou natural,
mas a forma de explicar aquilo que pra nós na Umbanda é natural tem sim as suas origens. Nós
herdamos de todos esses meios, herdamos também do meio indígena, a cultura indígena, a raça
vermelha – eu falei cultura africana, raça negra; a cultura ocidental, a raça branca – a raça
vermelha herdamos de várias etnias, várias culturas. Se nós formos para o Nordeste nós vamos
encontrar o Culto a Jurema, chamado também por alguns de Catimbó, nós herdamos na
Umbanda, a presença dos mestres Catimbozeiros, os mestres de Jurema – vamos falar bastante de
jurema, daqui a pouco ainda dentro desse curso – os mestres da jurema, não tem como a gente
negar a presença do sagrado mestre Zé Pelintra, nosso sagrado pai na Umbanda, muitas vezes se
manifesta na linha de Baiano, de Exu, até Preto Velho eu já vi Zé Pelintra se manifestar dentro da
vibração de Preto Velho. Então, a presença de mestre Zé Pelintra, mestre Pena Branca, mestre
Arranca Toco, mestra Maria Padilha, mestre Tranca Ruas. Eu diria que Catimbó é vovô da
Umbanda, é uma forma de religiosidade da qual nos herdamos muito e tem essa herança
indígena. O uso das ervas se nós observamos está em todas essas vertentes, da raça amarela, da
cultura oriental, nós herdamos muito da magia, muitos processos de magia, muito também de
banho de erva, não só da cultura africana e da indígena, herdamos também da cultura oriental
muito do banho de erva, o uso da defumação, os incensos. Nós falamos a cultura branca, mas nós
temos que lembrar que a cultura oriental, muito dessa cultura egípcia - dos egípcios nós
herdamos - é óbvio o Egito está no continente Africano, eu falei da cultura oriental – mas, a
herança, por exemplo, do uso das resinas, o uso das defumações, todas essas culturas, todas as
raças tinham, tem algum envolvimento com as ervas, todas as religiões tem algum envolvimento
com aa ervas. Nós vemos na igreja Católica a defumação, a defumação feita com resinas, pode
ser resina do olíbano, o copal, o beijoim, todas usadas para defumação na abertura de uma missa,
um momento litúrgico onde é feita aquela defumação. Eu lembro, eu gosto de usar esse exemplo
nas aulas, eu lembro lá do funeral do João Paulo II, o cardeal adequado lá pra fazer isso, foi
defumou, defumou lá o corpo de João Paulo II, os outros cardeais só não cantaram pra Jurema, só
faltou um pontinho de defumação, mas o resto foi tudo igual. As visitas do Papa no Brasil sempre
a gente vê o processo de defumação, então tudo isso nós herdamos na Umbanda. Assim como
herdamos também a presença do Pai Nosso, da Ave Maria. E tudo isso é ruim? É bom? Na verdade
tudo isso é adequado para que nós possamos ir desenvolvendo parâmetros de condução religiosa.
Se nós observamos sobre idade de religião, a Umbanda é uma religião absurdamente nova, uma
religião com cento e poucos anos, se a gente pegar esses mil e tantos anos da igreja Católica,
mais não sei quantos anos do Budismo, do Islamismo, somos um bebê religioso. No entanto, nós
temos algo que está a nosso favor – foi o que eu falei no primeiro bloco – nós temos a velocidade
da informação, a comunicação hoje é, ela é muito diferente do que era cem atrás, do que era
duzentos anos atrás, do que era mil e quinhentos anos atrás. Então, hoje nós temos uma forma
diferente, esses cem anos de Umbanda equivalem há alguns séculos para outras religiões em nível
de crescimento, de disseminação de informação, de aculturamento – aculturamento porque nós
estamos criando uma cultura Umbandista, a presença da erva, a força da erva na Umbanda está
criando esta cultura, toda esta forma de trabalhar. Então, essas são algumas origens básicas da
Umbanda e as ervas vem dessas origens. Vou falar um pouquinho, é, eu falei de Egito, vou falar
um pouquinho aqui de Grécia, de como é que as ervas chegaram para nós. E no próximo bloco a
gente volta falando um pouquinho sobre isso, está bom? Até já.

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EAD

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