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HISTÓRIA DO BRASIL

Sumário
Dicas Iniciais ........................................................................................................................................ 2
Manuais básicos .............................................................................................................................. 2
Aprofundamento ............................................................................................................................. 2
Leituras avançadas .......................................................................................................................... 3
Colônia......................................................................................................................................... 3
Segundo Reinado e República ..................................................................................................... 3
Período pós-Vargas e Regime Militar .......................................................................................... 3
Resumos .......................................................................................................................................... 3
América Portuguesa do século XVI ao XVIII: Civilização do açúcar e expansão territorial ................. 4
Expansão Marítima Portuguesa .................................................................................................. 4
Descobrimento ............................................................................................................................ 5
Período pré-colonial – 1500-1530 ............................................................................................... 6
Período Colonial .............................................................................................................................. 7
Capitanias Hereditárias na América Portuguesa (1532-1808) .................................................... 7
Estrutura Administrativa ............................................................................................................. 8
A Legislação colonial era dividida em:......................................................................................... 9
Também se dividia a administração em quatro esferas: ............................................................ 9
Governo Geral ................................................................................................................................. 9
Câmaras Municipais .................................................................................................................. 10
Outros aspectos da Administração Colonial ............................................................................. 10
Ocupação do território por região ................................................................................................ 12
Capitanias hereditárias.............................................................................................................. 12
A ocupação da Foz do Rio Amazonas ........................................................................................ 12
A ocupação do centro-oeste ..................................................................................................... 13
A ocupação do sul ..................................................................................................................... 13
Tratados de Limites Territoriais .................................................................................................... 14
Tratado de Tordesilhas (1494) .................................................................................................. 14
Tratado de Madri (1750) ........................................................................................................... 14
Tratado de El Pardo (1761) ....................................................................................................... 14
Tratado de Santo Ildefonso (1777)............................................................................................ 15
Tratado de Badajoz (1801) ........................................................................................................ 15
As dimensões econômicas e sociais da América Portuguesa ........................................................... 15
A colonização portuguesa ............................................................................................................. 15

Dicas Iniciais
Manuais básicos
Depois disso, adotaria o manual mais completo da matéria, embora elementar: História do Brasil, de
Boris Fausto. Não a versão concisa, mas a completa. Aos iniciados na técnica dos mapas mentais
(vide link de artigo sugerido abaixo), usaria a estrutura do livro para montar meus mapas mentais
temáticos, ou seja, aqueles que são específicos a um só tema e são desenvolvidos ao longo de meses
de estudo, com base em várias leituras ou aulas sobre o assunto. Estude o livro inteiro. Cada capítulo
corresponde grosso modo a um macrotema do edital. Tome anotações e aproveite a estrutura do
Ubiwiki para contribuir para a versão pública do verbete do tema, bem como para organizar suas
anotações privadas sobre o assunto. Atualize seus mapas mentais temáticos a cada nova seção de
estudo, aula assistida ou sempre que for exposto a novas visões sobre o tema.

Terminada uma versão elementar de apostila pessoal com base nos estudos do livro do Boris Fausto,
aprofunde seus conhecimentos com o livro História Geral do Brasil, de Maria Yedda Linhares.
Revisite suas anotações pessoais sobre os temas, complemente seus mapas mentais, melhore os
verbetes públicos da Ubiwiki sobre cada tema. Escrever para que outra pessoa leia exige um esforço
de estilo que traz mais benefício do que a escrita egoísta!

Se o candidato estiver disposto a estender um pouco a etapa básica da preparação, sugiro ler o
interessantíssimo e polêmico manual do candidato da FUNAG organizado pelo brilhante professor
João Daniel Lima de Almeida.

A essa altura, o candidato já deverá ter produzido textos próprios sobre praticamente todos os temas
do edital. De preferência, organizado suas notas de estudo na própria estrutura da Ubiwiki, que
facilitará a categorização de informação e a sistematização dos estudos. Recomenda-se ainda que
explore os verbetes públicos de HB, do CACD, na Ubiwiki. Contribua para as versões públicas no
que for possível.

Aprofundamento
O candidato que quer se aprofundar mais, pode beber de uma fonte interessante: a coleção História
do Brasil Nação, organizado pela professora Lilia Schwarcz. Nem todos gostam de todos os livros.
Talvez o último da coleção pudesse ser eliminado do plano. Decida por si só. Eu leria todos.

Para cobrir a parte da história da política exterior do Brasil, que é nada mais que um aprofundamento
transversal daquilo que o candidato já terá estudado na história política, duas obras reinam: História
da Política Exterior do Brasil, de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno) e o fenomenal livro do
embaixador Rubens Ricupero, A Diplomacia na Construção do Brasil, melhor livro que conheço para
o estudo do tema.

Sobre o método de estudos adequado para compreensão dessas obras, sugiro escrever sobre a PEB
em seus artigos/anotações pessoais. Como disse, desenvolva cada texto sobre cada tema ao longo dos
estudos que faz. Com o tempo, terá produzido uma apostila pessoal da matéria, cujo valor será
inestimável! Ela será o produto mais concreto de seus estudos, a versão do texto de que você gostaria
que a banca examinadora tomasse conhecimento.

Se quiser ir um pouco além, entregue-se ao estudo do livro fininho História das Relações
Internacionais do Brasil, de Francisco Doratioto.

O candidato terá, uma vez cumpridas as recomendações acima, coberto praticamente todo o programa
do edital. Esse é o momento de conhecer suas lacunas de conhecimento, por meio de simulados e
correção dos textos/apostilas que escreveu. A partir daí, selecionar novas leituras que terão por foco
suprir essas carências. Apresento uma relação não exaustiva de obras que podem ser bastante úteis
para candidatos avançados.

Leituras avançadas
A relação a seguir não está em ordem de prioridade nem de leitura. Dividi por macrotemas apenas à
guia de didática.

Colônia
Navegantes, Bandeirantes e Diplomatas, Synésio Sampaio Gois

Segundo Reinado e República


O Brasil Republicano — volume 1, Jorge Ferreira

A Construção da Ordem, José Murilo de Carvalho

A Formação das Almas, José Murilo de Carvalho

O Teatro das Sombras, José Murilo de Carvalho

Maldita Guerra, Francisco Doratioto

A Invenção Republicana, Renato Lessa

Da Monarquia à República, Emilia Viotti da Costa

Período pós-Vargas e Regime Militar


Brasil: de Getúlio a Castello, Thomas Skidmore

Brasil: de Castello a Tancredo, Thomas Skidmore

Resumos
Por fim, caso se interesse e haja tempo, algumas obras são interessantes, mas, pensando de forma
pragmática, não são essenciais para a aprovação no concurso. Nesse caso, recomendo a leitura de um
resumo de cada uma das obras abaixo. Caso disponha de tempo e paciência, convido a criar os
resumos das seguintes obras na própria Ubiwiki:

Casa Grande e Senzala, Gilberto Freire

Sobrados e Mucamos, Gilberto Freire

História Econômica do Brasil, Caio Prado Jr.

Formação do Brasil Contemporâneo, Caio Prado Jr.

O Corpo da Pátria, Demétrio Magnoli

Os Donos do Poder, Raimundo Faoro

Por fim, aos candidatos que mantêm contato com professores da matéria, sugiro que os convidem a
editar e expandir as orientações deste plano de estudos, bem como os outros verbetes relacionados
com os tópicos do edital da matéria. Recordo que este artigo é dinâmico e estará em constante
atualização. Não estranhe se perceber mudanças no texto a cada nova leitura.

América Portuguesa do século XVI ao XVIII: Civilização do


açúcar e expansão territorial

Expansão Marítima Portuguesa


A Europa era um continente nascido das ruínas do Império Romano com a presença de povos
chamados pelos romanos de "bárbaros" que começa a se modificar pela expansão agrícola e
comercial. A expansão agrícola foi possível com a abertura de novas regiões cultivadas (derrubada
de florestas, secagem de pântanos) e o incentivo a expansão comercial gerando com isso excedentes
de produtos passíveis de comércio, aliado à especialização e o luxo crescente dos aristocratas.

Batalhas na Europa definiram fronteiras, Estados organizaram uma política centralizada, processo
esse que durou séculos (1450-1550) mais a expansão geográfica da Europa cristã. O Mediterrâneo se
tornou rota comercial. No entanto, esse expansionismo encontrou suas limitações instaurando uma
crise na Europa com escassez de alimentos, epidemias (Peste negra 1347-1351), declínio da
população. A maneira de tirar essa Europa da crise era expandir novamente a base geográfica e de
população a ser explorada.

Mas por que Portugal? Havia lá uma burguesia empreendedora acostumada com o comércio de longa
distância, a posição geográfica era um ponto forte contando com correntes marítimas favoráveis,
próximo as ilhas do Atlântico e da costa Africana, já possuía uma política centralizada (os “Mestres
de Avis”) podendo se tornar grandes financiadores das viagens que eram muito caras, o gosto
possuído pelos portugueses por aventura, a atração por ouro e pelas especiarias, explicado pelos
limites das técnicas de conservação existentes na época e também pelos hábitos alimentares (o alto
preço de mercado do sal), além do desenvolvimento das técnicas de navegação, como o
aprimoramento das cartas de navegação e da arquitetura naval.

Dentre as principais conquistas lusitanas estão a Conquista de Ceuta, em 1415, que seria o ponto de
partida de sua expansão marítima. Em seguida, Portugal iniciou a sua expansão pelas ilhas atlânticas:
Madeira em 1420, Açores em 1427 e Cabo Verde em 1460. Quanto ao continente africano, os
portugueses iniciaram sua conquista através da navegação de cabotagem visando contornar pelo Sul
a grande massa de terra. Em 1433, Gil Eanes conquista o Cabo Bojador, dando fim as superstições
da existência de um abismo. Em 1443, Nuno Tristão alcança a ilha de Arguim, onde são
protagonizados os primeiros “resgates” (escravos por ouro). A escravidão é praticada a partir do
século XV e as trocas são comerciais. As próprias lideranças africanas se organizam para fazer essas
trocas. Portugal então passou a arrendar a exploração da costa da Guiné, na forma de monopólio
comercial, em 1469, por cinco anos (mais um ao fim do contrato). O primeiro arrematante foi um
comerciante lisboeta, Fernão Gomes, que, além da renda, ficava obrigado à descoberta anual de 100
léguas da costa, a partir da serra Leoa. Foi durante a vigência desse contrato, que se alcançou a região
da Mina. Por essa razão, aquele trecho do litoral passou a ser designado como Costa do Ouro nos
mapas da época. Mas o objetivo continuava a ser o de alcançar a Índia através da circunavegação da
África

• Bartolomeu Dias (1488): cabo das Tormentas (Boa Esperança);


• Tratados: Bula Inter-Coetera (1493) e Tordesilhas (1494)
• Vasco da Gama (1498): Calicute (especiarias);
• Pedro Álvares Cabral (1500): Brasil e Índias.

Como consequências tivemos o deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para os


oceanos Atlântico e Índico; a decadência das cidades Italianas; a consolidação do absolutismo;
crescimento do mercantilismo juntamente com o fortalecimento da burguesia mercantil; a
colonização da América; a escravidão negra e indígena; europeização do mundo; e a expansão do
cristianismo.

Descobrimento

Vasco da Gama, em 1498, chega às Índias (Calicute) e tenta trocar quinquilharia por especiarias, mas
não tem sucesso porque os indianos exigiam que pagasse com ouro. Tenta, ainda, em uma segunda
cidade, sem sucesso para, finalmente, conseguir fazer negócios na terceira cidade. Ao retornar para
Calicute, inicia uma guerra pelas especiarias.
Ao retornar a Portugal, informa ao rei que não fez negócios, mas sim guerra. O rei, ao tentar reverter
a situação, envia Pedro Alvarez Cabral, praticamente para uma missão diplomática. [Nota: É
discutível se o os portugueses já tinham indícios ou não da existência de terras a oeste.] Cabral ao se
dirigir para as Índias, chega à "ilha" que denomina "Ilha de Vera Cruz” e se depara com os ameríndios
existentes, cujos principais grupos eram os Tupis, os Guaranis e os Jês.

Período pré-colonial – 1500-1530


Período caracterizado pelo escambo, ou seja, trocas comerciais sem o uso de moeda.

A troca do pau-brasil, peles e animais por produtos oferecidos pelos portugueses. Esse pau-brasil
extraído pelos indígenas era armazenado em fortificações chamadas feitorias na região costeira, que
serviam também para proteger contra possíveis ataques estrangeiros. A primeira feitoria foi a de Cabo
Frio.

Também nesse momento já havia as Bandeiras ou Entradas – Missões ao interior do território, em


busca de riqueza (Metais, índios e drogas do sertão – sertão como era conhecida a floresta e drogas
não só pelas finalidades medicinais, mas também para culinária, como especiarias)

Por que Portugal não colonizou o Brasil até esse momento? Porque o comércio com a Índia era muito
mais lucrativo à época. Além de não haver riquezas interessantes no Brasil.

Havia também (além das bandeiras e entradas) expedições guarda-costas para afugentar corsários das
costas brasileira.

A partir de 1530 (terceira década do século XVI), porém, o cenário começa a mudar e novos fatores
que incentivam a colonização na América surgem. O principal é a decadência da lucratividade e do
comércio com a Índia, decorrido da grande concorrência com outros Estados, a saber: Holanda,
França e Inglaterra. Portugal não consegue implementar o Mare Clausum (fechamento das rotas
marítimas para uso exclusivo). Outro fator foi a ameaça ao domínio português representada por
piratas e corsários.

Devido a esses fatores Portugal decide pela ocupação (Colonização) das novas terras para não as
perder.

Portugal ao decidir pela colonização, já em 1534, utiliza-se da terceirização, tendo em vista a falta de
recursos para gerir esta administração. Replica-se o sistema que foi utilizado nas Ilha da Madeira e
Cabo Verde, as Capitanias Hereditárias (terceirização da administração a donatários). A divisão das
capitanias usou como base de informações a expedição de Martim Afonso de Souza em 1530. (Logo
foi anterior ao sistema de capitanias - Já cobrado em TPS)

Período Colonial
Capitanias Hereditárias na América Portuguesa (1532-1808)

Convicções políticas levaram a Coroa Portuguesa à convicção de que era necessário colonizar a nova
terra. Para isso foi mandada uma expedição, onde se encontrava Martim Afonso de Souza, com uma
série de objetivos a serem cumpridos. São eles, patrulhar a costa, exploração do litoral até o Rio da
Prata, busca de metais preciosos, estabelecer uma colônia através da concessão de terras aos
povoadores que trazia (fundada São Vicente - 1532).

Os portugueses tiveram receio de perderem suas terras conquistadas para outros europeus que já
estavam negociando com os indígenas e buscavam se fixar ali. Para tanto, a Coroa Portuguesa
imediatamente adotou medidas para povoar a colônia (processo de interiorização), evitando, dessa
maneira, possíveis ataques e invasões.

Além disso, em 1531 chega o boato da presença do ouro nas terras do Rio de Janeiro somando-se a
presença de franceses na região, o que torna o local impreterível aos portugueses.

Com isso se instituiu as Capitanias Hereditárias, uma forma de promover a ocupação sem assim gerar
custos à Metrópole que seria repassado a particulares. Esse método foi escolhido por haver uma
experiência anterior por parte de Portugal em outras de suas colônias, as Ilhas Atlânticas. Havia sido
implementado pelos portugueses na Ilha da Madeira, nos Arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde.

Assim, ficou estabelecido a criação de 15 capitanias, divididas por uma série de linhas paralelas ao
equador que iam do litoral ao meridiano de Tordesilhas e seus 12 donatários, uma vez que uns
receberam mais que uma porção de terra e as Capitanias do Maranhão e São Vicente foram divididas
em duas porções.

Os donatários, que seriam gente da pequena nobreza, burocratas e comerciantes, teriam a posse das
terras, juntamente com poderes econômicos, tributários e administrativos. Do ponto de vista
administrativo, eles tinham o monopólio da justiça, autorização para fundar vilas, doar sesmarias
alistar colonos para fins militares e formar milícias sob seu comando.

1. A sesmaria foi conceituada no Brasil como uma extensão de terra virgem cuja propriedade
era doada a um sesmeiro, com a obrigação de cultivá-la no prazo de 5 anos e de pagar o
tributo devido à coroa. Isso é importante pois deu origem à formação de vastos latifúndios.
Também havia a cultura da plantation: agricultura voltada à exportação, principalmente
voltado ao açúcar.
Os donatários recebiam dois documentos: a Carta de Doação, que atribuía ao donatário a posse da
terra e a capacidade de explorar; e a Carta Foral, de direitos e deveres.

A implantação das capitanias no Brasil foi um fracasso, exceto por Pernambuco e São Vicente, por
falta de interesse dos donatários e de recursos, desentendimentos internos, inexperiência na atividade
agrícola, ataque dos índios, a distância da Metrópole e a falta de comunicação entre as capitanias.

Isto leva Portugal a criar o Governo Geral e as capitanias foram sendo retomadas pela Coroa, se
transformando em capitanias reais, sendo completado o processo entre 1792 e 1794 pelo Marquês de
Pombal com a centralização do poder.

• No século XVI: 17 capitanias hereditárias, 4 capitanias reais (entre elas, BA e RJ)


• No século XVII: 18 capitanias hereditárias e 9 capitanias reais (6 delas no Estado do Brasil e
3 no Estado do Maranhão);
• No século XVIII: Com o Marquês de Pombal: extingue as capitanias hereditárias, tornando-
se capitanias reais.
• No século XIX: as capitanias reais tornam-se capitanias gerais: Grão-Pará, Maranhão,
Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo.
O fim das capitanias não trouxe o fim da divisão político-administrativa do Brasil em
capitanias. Antes eram capitanias hereditárias (particulares) e capitanias reais (coroa) e depois eram
capitanias gerais (coroa). Só após a independência essas divisões serão transformadas em províncias.

Ao fim do século XIX haveria as capitanias subalternas, subordinadas as capitanias gerais na divisão
civil, militar e eclesiástica. Seriam 8: São José do Rio Negro, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Espirito Santo, Paraíba, Rio Grande São Pedro e Santa Catarina.

O grande legado das capitanias hereditárias foi a colonização consolidada em São Vicente e
Pernambuco, que se destacaram pela boa administração.

Estrutura Administrativa
A estrutura administrativa da colônia era dividida em:
1. Governadores e vice-reis: composta por colonizadores que recebiam o direito de exploração
do Rei;
2. Legislação Colonial: um emaranhado de leis que tinha por finalidade ordenar a exploração
para o melhor interesse da metrópole
Uma das funções do governador era de defesa da soberania portuguesa e do catolicismo na colônia.
Porém, esse era um trabalho árduo com a dificuldade de comunicação entre a colônia e a metrópole,
e até mesmo com as vilas da própria colônia devido as grandes distâncias e as dificuldades de
locomoção.

A Legislação colonial era dividida em:


1. Ordenações: conjunto de regras determinadas pelo rei que externa como deveria ser a conduta
na colônia;
2. Normas do direito Canônico;
3. Normas do direito Romano;
4. Jurisprudência metropolitana e colonial;
5. Costumes;
6. Regimentos: direito administrativo à nível local;
7. Leis ordinárias: fixadas pelo Rei;
8. Cartas régias;
9. Decretos, provisões e consultas.

Também se dividia a administração em quatro esferas:


1. Governo metropolitano
2. Administração central colonial
3. Administrações regionais (capitanias)
4. Administração local (vilas: câmaras municipais)
Estas eram interdependentes, mas em constante conflito.

Governo Geral
Um primeiro ponto a ser destacado aqui é que a implementação do Governo Geral não representava
um fracasso das capitanias hereditárias, mas sim um papel auxiliar/complementar daqueles
desempenhados pelos donatários.

Este acompanha as divisões administrativas e compõe um primeiro corpo administrativo do Brasil:


1. Governador
2. Provedor-mor (financeiro)
3. Ouvidor-mor (justiça)
4. Capitão-mor da costa (defesa)

Entre 1549 e 1763, Salvador é a capital, o centro administrativo da colônia, responsável por coordenar
as atividades colonizadoras.

Os três primeiros governadores são Tomé de Sousa (1549-1553) – com alianças e desavenças com os
indígenas, foi o fundador de Salvador – Duarte da Costa (1553-1557) – tinha um apoio mais
consistente dos jesuítas, foi o governador mais representativo no processo de interiorização - e Mem
de Sá (1557-1572) – responsável por expulsar os franceses do litoral do RJ, tinha a missão de pacificar
a colônia das invasões estrangeiras e das desavenças indígenas.

Em 1572-1578, houve uma primeira tentativa de dividir a atividade administrativa da colônia em duas
frentes: RJ e BA. O RJ teria Antônio Salema como governador e a BA, Luiz de Brito. O objetivo era
de dar maior eficácia a administração da colônia, a busca por ouro, fortalecer a ocupação do RJ e São
Vicente, em constante ameaça dos franceses e espanhóis e a tentativa de conquistar Sergipe e Paraíba
(ato frustrado por não conseguirem superar a resistência indígena)

Essa divisão, frustrada por não encontrar ouro, termina pelos altos custos demandados retomando-se
a centralização da administração em Salvador, com o governador Lourenço da Veiga.

OBS: Em 1578, Portugal perde sua independência política com a morte do Rei Dom Sebastião (da
dinastia de Avis). Em 1580, há a União Ibérica, quando o Rei Filipe da Espanha assume o trono
português. Aqui há o fim da hegemonia portuguesa sobre o seu território.

No século XVII há uma nova tentativa de divisão administrativa, tentando-se criar uma nova
repartição no Sul. Em 1620, a colônia é dividida entre o Estado do Brasil, com sede em Salvador, e o
Estado do Maranhão, com sede em São Luís, que presta informações diretamente a Lisboa.

Câmaras Municipais
Menor unidade administrativa local instaladas nas vilas, sendo sua primeira criada em 1532,
em São Vicente. Tinham sua instalação por autorização régia pelos donatários. Era predominante a
presença de homens bons, figuras vinculadas a sociedade colonial que possuem propriedade dentro
da colônia com posses e prestígio, escolhidos pelo voto local.

Outros aspectos da Administração Colonial

a) Administração-fazendária:
a) Provedor-mor
b) Juntas da fazenda: pós Pombal
I. Chanceler da relação
II. Provedor
III. Procurador
IV. Tesoureiro-geral
V. Contador-geral

b) Administração Judiciária:
a) Dificuldade de cuidar do interior
b) Séc. XVII: Juiz de fora
c) Séc. XVII: Tribunais de Relação = papel de supervisionar os ouvidores e monitorar a atuação
de juízes de fora.
c) Organização Militar
a) Primeira linha
I. Soldados profissionais
II. Ampliadas no séc. XVII com divisão em regimentos conforme modelo prussiano;
III. Cavalaria + infantaria

b) Segunda linha:
I. Milícia: função militar e social – divisão da milícia por privilégios
II. Defesa da terra
III. Recebiam soldo

c) Terceira linha
I. Homens livres - as ordenanças
II. Homens de 18 a 60 anos

d) Organização Eclesiástica (O Real Padroado)


a) Mesa da consciência e ordens
i. Órgão metropolitano de supervisão das atividades religiosas e controle das ordens
religiosas-militares (Ordem de São Bento)

b) Tribunal do Santo Ofício


i. De nível metropolitano, serve como instrumento de mobilização – pertencer a este
tribunal trazia status.

c) Tribunal da Inquisição
i. Braço paraestatal, de função discriminatória e condenatória contra a reforma cristã
(judeus, ciganos, novos cristãos).

A Igreja na América é um clero secular, processo por meio do qual a religião perde a sua influência
sobre as variadas esferas da vida social, com atribuições religiosas e civis. Em 1554 é criado o
Bispado de Salvador, que se transformou em Arquidiocese, dirigida por um vigário-geral, em 1676.

Outros bispados surgiram a partir de 1676, subordinados à Arquidiocese de Salvador, que era capital
do Estado do Brasil, tais como: 1676 – Bispado do RJ e de Olinda; 1745 – Bispado de Mariana e de
São Paulo. Também surgiram os Bispados de Maranhão, 1677, e de Belém, 1719, ambos
subordinados diretamente a Lisboa.

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 como um clero regular, com atribuição de expandir a fé
católica no mundo, os chamados “Soldados de Cristo”. Fundada em 1534, na Espanha, por Inácio de
Loiola, a ordem dos jesuítas tem como seu maior protagonista no Brasil a “Companhia de Jesus”.
Eram contrários à escravidão indígena, criavam aldeamentos e catequizavam índios. Começam os
aldeamentos em 1557 e, em 1570, conseguem a carta régia, que proíbe a escravidão indígena, exceto
em guerras justas. Começam pequenos, recebendo ajuda do Estado, mas vão crescendo, se tornando
um “estado dentro do Estado” cujos objetivos muitas vezes concorrem com os objetivos Portugueses,
possuindo muitas terras, riquezas e indígenas.

No século XVII, inicia-se um processo sistêmico de expulsão da ordem. Em 1759, a Cia de Jesus é
expulsa de Portugal; em 1762, é expulsa da França; em 1767, a Espanha e o Reino de Nápoles também
os expulsa; em 1773, o Papa Clemente XIV põe fim provisório a ordem, que é restaurada somente no
correr do pós-guerra napoleônico, em 1814.

Ocupação do território por região


Capitanias hereditárias
A efetiva ocupação portuguesa em nosso território teve início quando o então Rei, D. João III, em
1534, cedeu capitânias hereditárias a alguns nobres portugueses, com a intenção de ocupar grande
parte do litoral e impedir assim a colonização por outros reinos.

Um novo ciclo se formou com a criação das capitanias, o pau-brasil já era escasso e a necessidade de
um novo mercado surgiu. Começaram os cultivos de cana e, da metade do século XVI até quase o
final do século XVII, a maior parte de nossas terras foram ocupadas com a monocultura do açúcar,
com exceção de algumas regiões que criavam gado (Nordeste) ou tabaco. A extensão territorial não
era problema, principalmente após o ano de 1580, no período de União Ibérica, onde mesmo Portugal
e Espanha mantendo personalidade jurídica distinta, a divisão de seus territórios não era tão vigorosa.
Como tinham terra disponível em abundância, o que impedia os portugueses de avançarem ainda mais
no território? Segundo Rubens Ricupero (A Diplomacia na Construção do Brasil, 2017, p 43):

“A carência de mão de obra, de braços para a lavoura, é o que entorpecia o avanço da


agricultura...”.
Para solucionar este problema a corte portuguesa encontrou no tráfico de escravos uma solução
fundamental para continuar com seu crescimento agrícola e com sua expansão territorial.

A ocupação da Foz do Rio Amazonas


No séc. XVII inicia-se a ocupação do Norte. Até 1612, os portugueses não haviam demonstrado
interesse pela região, mas os riscos de perda territorial levaram à luta contra os franceses, que já
ocupavam o Maranhão. Assim, as capitanias de Belém e Maranhão encontraram resistência para
ampliar seu território ao Norte. O então governador do Grão-Pará ordenou uma empreitada pelo Rio
Amazonas e, em 1616, há a fundação de Belém, que foi a base para uma gradual penetração na região.
Os potenciais ganhos da ocupação eram muito maiores que os riscos, apenas alguns homens e barcos,
frente à possibilidade de encontrar uma rota fluvial que permitisse o trânsito de metais preciosos com
o Peru. A ocupação da foz do Rio Amazonas ganha destaque com a viagem de Pedro Teixeira ao Peru
em 1637. Em resumo, três elementos determinam a ocupação norte do país, de acordo com Synesio
Sampaio Goes Filho (Navegantes, Bandeirantes, Diplomatas):

Drogas; índios; missionários (1644 - 1755)


Nessas expedições foram encontradas as drogas do sertão, o que fortaleceu o comércio da região.
Além disso, índios foram escravizados sem gerar grande resistência e houve grande número de
missões de fé orquestradas pelos Jesuítas.

A ocupação do centro-oeste
A oeste do território brasileiro uma aventura, desbravada pelos Bandeirantes paulistas, trouxe à corte
portuguesa uma solução econômica. A descoberta das minas nas regiões de Minas Gerais (bandeira
de Antônio Rodrigues Arzão, em 1695), e posteriormente em Goiás e Mato Grosso, iniciou o ciclo
do ouro no Brasil, tornando uma terra essencialmente agrícola em uma região de exploração. O
interesse lusitano pelo que Sergio Buarque de Holanda chamou de: “colher o fruto, sem plantar a
árvore”, atraiu centenas de milhares de imigrantes a nossas terras, saltando de uma população
estimada em 300 mil, para cerca de 3 milhões. Nossos centros urbanos se expandiram, a capital, na
época do açúcar Salvador, foi mudada para o Rio de Janeiro, e a soberania Portuguesa frente aos
Espanhóis nunca foi tão grande

A ocupação do sul
Com o fim da União Ibérica, o aumento de concorrentes na produção de açúcar e a balança comercial
portuguesa cada vez mais desfavorável, em grande parte devido a importação de tecidos e produtos
manufaturados da Inglaterra, Portugal se viu na necessidade de recorrer aos seus antigos hábitos
mercantilistas. Em uma desesperada ação em busca de ouro e prata resolveram criar a Colônia de
Sacramento, em 1680, à margem leste do Rio da Prata. O território a oeste já era dominado por
espanhóis desde 1580 quando da fundação de Nuestra Señora del Buen Aire. Diferente do
crescimento gradual da região norte, a escalada no Sul foi drástica e a soberania espanhola na região
era evidente. Enquanto o porto espanhol mais próximo estava a apenas um dia de navegação,
atravessando o Rio da Prata, o centro lusitano de Santa Catarina estava a sete dias de barco. Ao norte
de Sacramento, onde hoje está localizado o oeste gaúcho, foi fundada por padres jesuítas espanhóis a
região do povo das Sete Missões. Os dois territórios sofreram com disputas e mudaram de Coroa
diversas vezes, sendo sua posse definida pelos diversos tratados assinados ao longo do século XVIII.
Tratados de Limites Territoriais
Tratado de Tordesilhas (1494)
O processo de delimitação territorial do que viria a ser o território brasileiro teve início antes ainda
da chegada dos europeus a este continente. Ainda no ano de 1494, o Tratado de Tordesilhas, celebrado
pelo então papa Espanhol Alexandre VI, determinou que uma linha meridional seria traçada no globo,
dividindo todas as terras entre Espanha, a oeste da linha, e Portugal, a leste da linha. Com a chegada
de Cabral à ilha de Vera Cruz, pouco se explorou dos territórios nos primeiros anos. Como principal
fonte econômica os portugueses retiravam o pau-brasil de nossas costas, utilizando mão de obra
indígena em troca de alguns utensílios, prática conhecida como escambo.

Tratado de Madri (1750)


Comandado em grande parte por Alexandre de Gusmão, nele eram propostas divisões territoriais
entre os reinos Ibéricos. A Espanha ficaria com a Colônia de Sacramento e Portugal afirmaria sua
soberania na Amazônia e no Centro-Oeste, além de receber da Espanha a região dos Sete Povos das
Missões, região a oeste do Atual Rio Grande do Sul, explorada por Jesuítas. Com exceção de alguns
territórios anexados já no século XIX, a região delimitada pelo Tratado de Madri muito se assemelha
com nosso território nos dias de hoje.

Contrário ao acordo firmado em 1750, e graças a morte do Rei José I, Marquês de Pombal ganhou
poder em Portugal. Como muitos dos comerciantes lisboetas, que lucravam com o contrabando de
prata em Sacramento, Pombal era contra entregar a região aos espanhóis e por vezes usou de
subterfúgios, por exemplo, declarar que a os Sete Povos das Missões não tinha sido completamente
desbravado e que ali ainda existiam muitos indígenas hostis. Este tipo de atitude colocou em dúvida
a real propensão portuguesa a cumprir com o acordo e levou a mais alguns anos de disputa entre os
países Ibéricos.

O Tratado de Madri foi o documento responsável por legalizar boa parte das posses de territórios
brasileiros que, atualmente, correspondem aos estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e
Amazônia, regiões situadas a ocidente da linha de Tordesilhas; remarcou o meridiano de referência
para a linha imaginária que dívida os dois territórios (Espanhol e Português), de 100 para 370 léguas
a oeste de Cabo Verde. Esse tratado dividiu um continente, uma situação sem precedentes no Direito
Internacional, fixando os limites do Brasil e as fronteiras dos dez Estados vizinhos.

Tratado de El Pardo (1761)


Em 1761, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de El Pardo, cancelando o Tratado de Madri e
todos os atos dele decorrentes. Voltava-se, em tese, às incertezas da divisão de Tordesilhas, mas, na
prática, nenhuma nação pretendia renunciar a suas conquistas territoriais ou a seus títulos jurídicos.
Assim, no período pombalino foram construídos grandes fortes nas fronteiras do Brasil, como
Macapá, São Joaquim, Tabatinga, Coimbra e Príncipe da Beira. Considera-se que o Tratado de El
Pardo era apenas uma pausa enquanto se aguardava uma conjuntura favorável a um novo acordo sobre
os limites territoriais das colônias.
Tratado de Santo Ildefonso (1777)
Em 1777, após anos de conflitos na região leste do Rio da Prata os portugueses se viram obrigados a
firmar mais um acordo, desta vez o Tratado de Santo Ildefonso. Devido ao enfraquecimento de
Portugal, que não podia contar mais com a ajuda de sua usual aliada Inglaterra, abriram mão não só
da Colônia de Sacramento, como também da região do leste do Rio Uruguai e de mais algumas
colônias na África. Diferente do Tratado em Madri, o de Santo Ildefonso não havia sido oficializado,
nem praticado de fato, portanto seu caráter foi mais político do que efetivamente geográfico.

Tratado de Badajoz (1801)


Com o fim do ciclo do ouro e a Guerra das Laranjas na Europa, surgiu o Tratado de Badajoz, que
devolvia a Portugal a região dos Sete Povos das Missões, que nunca deixou efetivamente de ser
portuguesa, e reafirmava a soberania espanhola no Rio de Prata, que embora ameaçada durante o
Império de D. Pedro I, com a Guerra da Cisplatina, nunca voltou a pertencer aos portugueses.

As dimensões econômicas e sociais da América Portuguesa


A colonização portuguesa
No período anterior a chegada dos portugueses, os chamados povos indígenas encontravam-se
espalhados pelo território que veio a ser definido como o espaço colonial português. Os grupos
conhecidos mais tarde por tupi-guaranis (grupo etno-linguístico) encontravam-se dispersos pelo
litoral do território, desde o atual Ceará até o que veio a ser o Rio Grande do Sul. Os grupos tapuias,
de forma alguma homogêneos, que antagonizavam os tupi-guaranis, habitavam o interior em sua
maioria. A ocupação territorial pré-colonial tem grande relevância, pois veio a ter forte impacto no
padrão de ocupação territorial e mesmo práticas econômicas absorvidas pelo europeu. A ocupação
territorial pré-colonial tem grande relevância, pois veio a ter forte impacto no padrão de ocupação
territorial e mesmo práticas econômicas absorvidas pelo europeu

As primeiras três décadas da colonização portuguesa na América caracterizaram-se pela relativa


ausência de ímpeto administrativo. Dizia-se ser uma terra sem metais preciosos, o que alijava o
interesse da metrópole pela colônia americana. Desenvolveram-se, no entanto, as primeiras atividades
produtivas, especialmente, aquelas vinculadas ao comércio de peles, de animais e do pau-brasil.
Fernão de Noronha destacou-se pelo estanco da madeira que dera nome à colônia.

Passado esse período de 30 anos após a expedição descobridora de Pedro Álvares Cabral, organizou-
se o primeiro esforço colonizador por intermédio das Capitanias Hereditárias, em 1532. A
necessidade de reverter esses revezes, obrigou os portugueses a lançar mão de alternativas para
substituir o declínio desta fonte de renda. Além disso, havia o risco de uma possível invasão do
território por potências rivais, o que precipita a coroa portuguesa a lançar mão desse instituto já
utilizado no arquipélago da Madeira.
O vislumbre da possibilidade de lucro na nova colônia foi despertado pelo sucesso parcial da
expedição de Martim Afonso de Sousa, em 1530, que reacendeu os ânimos quanto à sua ocupação
territorial; afinal, as primeiras mudas de cana de açúcar trazidas ao Brasil começavam a render
dividendos econômicos. Este é o marco do início da efetiva ocupação e colonização do Brasil, quando
D. João III então divide o território em quinze capitanias hereditárias, que são entregues a fidalgos
portugueses, que poderiam assim explorar os recursos da terra, mas ficavam encarregados de povoar,
proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. Os direitos e deveres dos capitães-donatários eram
regulamentados pelas Cartas de Doação e do Foral, ambos documentos jurídicos que visavam
assegurar direitos e deveres aos donatários. A exploração de terras deveria seguir os comandos da Lei
de Sesmarias e parte dos dividendos extraídos deveriam ser entregues à Coroa.

Após as experiências positivas de cultivo na atual região Nordeste e na capitania de São Vicente, ao
sul, com a cana adaptando-se bem ao clima e ao solo, teve início o plantio em larga escala. O açúcar
era um produto de grande aceitação na Europa, onde alcançava grande valor de venda. Seria uma
forma de Portugal lucrar com o comércio, além de começar o povoamento de sua colônia americana.
Em meados do século XVI, quando o açúcar de cana se tornou o mais importante produto de
exportação da colônia, os portugueses deram início à importação de escravos africanos, comprados
nos mercados escravistas da África ocidental e trazidos, inicialmente, para lidar com a crescente
demanda internacional do produto, durante o chamado Ciclo do Açúcar. No início do século XVII,
Pernambuco, então a mais próspera das capitanias, era a maior e mais rica área de produção de açúcar
do mundo. Dentre as capitanias, apenas as de Pernambuco e São Vicente prosperaram, como propôs
Boxer. Segundo João Fragoso, houve também sucesso no cultivo do cacau nas capitanias da Bahia e
Ilhéus.

Em que pese o sucesso ou fracasso desta ou daquela capitania, todos atendiam ao escopo
metropolitano consubstanciado pela tríade ocupar, explorar e defender. Nesse sentido, a historiografia
recente, no que concerne à colonização de 1500-49, caracteriza a presença portuguesa na América
como fruto de uma iniciativa descentralizadora. Haveria transferência em benefício dos donatários da
tríade administrativa entabulada por Lisboa.

Ainda neste sentido de adensamento da máquina burocrática, começavam a existir câmaras


municipais, órgãos políticos compostos pelos "homens bons". Estes eram os ricos proprietários que
definiam os rumos políticos das vilas e cidades. As instituições municipais eram compostas por um
alcaide que tinha funções administrativas e judiciais, juízes ordinários, vereadores, almotacés e os
"homens bons". As juntas do povo decidiam sobre diversos assuntos da Capitania. Os povoados que
alcançassem o estatuto de vila passariam a dispor de uma Câmara Municipal. Tratava-se do espaço
por excelência para o diálogo entre os interesses locais e as diretrizes da Coroa. Às posturas
municipais, instrumento legislativo das câmaras, somava-se o direito de arrecadação tributária.

O aparelho burocrático continuou a ser incrementado com a constituição de novas entidades


administrativas. O ouvidor-mor encarregar-se-ia das questões de justiça; o provedor-mor, das
temáticas tributárias e financeiras; e o capitão-mor, dos assuntos militares. Em 1551, fundou-se o
bispado da Bahia, dando início a presença jesuíta no Brasil, não sem vincular a colônia à jurisdição
religiosa do Santo Ofício, que, no entanto, manteve sua sede em Évora. Mais tarde, em 1609, fundou-
se o Tribunal de Relação da Bahia, o que significava trazer a lei para as localidades coloniais.

A instalação das primeiras capitanias no litoral brasileiro trouxe consigo ainda uma consequência
trágica: junto a alguma assimilação, ocorre também os conflitos com os indígenas do litoral que, se
até então foram aliados de trabalho, neste momento passam a ser um entrave, uma vez que disputavam
com os recém-chegados o acesso às melhores terras. Destes conflitos entre portugueses e ameríndios
o saldo é a mortandade indígena causada por confrontos armados ou por epidemias diversas.

Se é verdade que há dissenso historiográfico quanto ao êxito das Capitanias de São Vicente, de
Pernambuco, de Ilhéus e da Bahia de Todos os Santos, não é matéria de discórdia o fracasso da
iniciativa descentralizadora. Alguns fidalgos donatários sequer rumaram para a colônia,
permanecendo em Portugal, e, de lá, orientando a administração de suas respectivas porções de terra.
Em resposta, a coroa portuguesa estabeleceu em suas possessões coloniais na América um governo-
geral, como forma de centralizar a administração, tendo mais controle da colônia. Mais tarde, em
1609, fundou-se o Tribunal de Relação da Bahia, o que significava trazer a lei para as localidades
coloniais.

Salvador, fundada em 1549, foi a primeira sede do Estado do Brasil. Situa-se na entrada da Baía de
Todos-os-Santos, uma região bastante acidentada do litoral. A escolha do local teve como objetivo
criar uma administração centralizada para o estado colonial português, em um ponto mais ou menos
equidistante das extremidades do território e com favoráveis condições de assentamento e defesa; e
teve também relação com a economia açucareira, uma vez que a Capitania de Pernambuco era o
principal centro produtivo da colônia. Salvador permaneceu capital colonial por mais de dois séculos,
porém, durante a primeira das Invasões holandesas no Brasil, o então Governador de Pernambuco,
Matias de Albuquerque, foi nomeado Governador-Geral do Estado do Brasil, administrando a colônia
a partir de Olinda entre 1624 e 1625. Em 1763, a sede do governo colonial foi transferida de Salvador
para o Rio de Janeiro. Ressalte-se que, com a ascensão de outras regiões econômicas, outros estados
coloniais foram criados, como o Estado do Maranhão e Piauí e o Estado do Grão-Pará e Rio Negro,
com capitais respectivamente em São Luís e Belém.

Desta forma, administrativamente, o território colonial português no atual Brasil dispôs de cinco sedes
até 1775: Salvador, Olinda e Rio de Janeiro no Estado do Brasil; São Luís no Estado do Maranhão e
Piauí; e Belém no Estado do Grão-Pará e Rio Negro. Ao Sul, os negócios da América portuguesa
ficariam assim sob os comandos do Estado do Brasil, com sede em Salvador. Nesse sentido, criaram-
se a Companhia Geral do Comércio do Brasil, em 1649, e a Companhia do Comércio do Maranhão,
em 1682.
Em grandes traços, os colonizadores definiram e executaram, na colônia os interesses metropolitanos.
Eram reinóis, burocratas, administradores e militares. Representantes da Coroa, em outras palavras,
que não por isso deixaram de operar em consórcio com a Igreja nos domínios coloniais. Em troca da
permissão para expandir o catolicismo nas colônias

Os colonizadores definiram e executaram, na colônia os interesses metropolitanos. Eram reinóis,


burocratas, administradores e militares. Representantes da Coroa, em outras palavras, que não por
isso deixaram de operar em consórcio com a Igreja nos domínios coloniais. Em troca da permissão
para expandir o catolicismo nas colônias, a Coroa portuguesa obteve do papa Calisto III, em 1456, o
instituto do padroado, consoante o qual a Igreja se subordinaria à legislação do monarca. Com o
padroado, a Coroa portuguesa poderia nomear bispos, recolher dízimos e fazer usufruto do
beneplácito, isto é, a possibilidade de acatar ou refutar as bulas papais. Nessa superposição
administrativa, o batismo consolidava-se como registro civil; o matrimônio, como união estável entre
cônjuges; e a freguesia, como a comarca administrativa.

A Igreja, a seu turno, também participou ativamente do processo colonial. A Companhia de Jesus
teve destaque na expansão do catolicismo na colônia. Fundava povoados, vilas e colégios religiosos,
adensando assim os negócios das missões jesuíticas. As irmandades religiosas, por sua vez,
articulavam a catequese da população em concorrência com os jesuítas. Multiplicaram-se no decorrer
do séc. XVIII, cumprindo cargo de identificação e socialização na hierarquia social, quando não se
ajustavam aos moldes de uma sociedade de auxílio mútuo.

Os colonos eram aqueles denominados "homens bons", que possuíam terras e escravos na colônia.
Participavam ativamente na composição das câmaras municipais. O grupo dos colonos era igualmente
conformado pelos senhores de engenho, que se agrupavam no litoral e, não raro, pelos comissários,
que articulavam o comércio entre a grande propriedade e os portos exportadores e importadores. No
séc. XVIII, os homens bons foram também os chefes de exploração das minas auríferas, cuja
concessão era autorizada diretamente pela Coroa. Nesse sentido, e somente a partir das duas últimas
décadas do séc. XVII, foi possível avistar a interiorização da população colonial.

Os colonizados eram os grupos sociais submetidos aos comandos dos colonizadores e dos colonos:
as populações indígenas, os cativos africanos e os homens livres de baixa renda.

À diferença do sistema sociopolítico europeu, no Brasil não se constituiu uma nobreza propriamente
dita, visto que não houve isenção tributária aplicada a nenhum grupo social. A "nobreza da terra" não
era a nobreza de títulos que caracterizou a sociedade portuguesa na Europa. É somente quando da
transmigração da Corte, em 1808, que se constitui classe nobiliária, e não hereditária, no Brasil.
Bibliografia

Capítulo 1, pp. 30-90. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2008.

Capítulo 1, pp. 44-90. YEDDA LINHARES, Maria (org). História geral do Brasil. 20a tiragem. Rio de Janeiro: Campus -
Elsevier, 2000.

Capítulo 2, pp. 95-109. YEDDA LINHARES, Maria (org). História geral do Brasil. 20a tiragem. Rio de Janeiro: Campus -
Elsevier, 2000.

Capítulos 4 (pp. 117-148) e 6 (p.188-143). ALENCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes. Formação do Brasil no
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Capítulo 5. Conquista do centro-sul: fundação de Colônia de Sacramento e “achamento das Minas”. ALMEIDA e
OLIVEIRA. Coleção O Brasil Colonial (FRAGOSO e GOUVEA), pp. 267-337.

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