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UNIABEU CENTRO UNIVERSITÁRIO

GRADUAÇÃO EM DIREITO

BRENA SOARES DE ALMEIDA CASEMIRO

A IMPUTABILIDADE DE UM HOMICIDA PATOLÓGICO

NILÓPOLIS
2019

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BRENA SOARES DE ALMEIDA CASEMIRO

A IMPUTABILIDADE DE UM HOMICIDA PATOLÓGICO

Trabalho de Conclusão de Curso, em


formato de artigo científico,
apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Direito, do Curso de Direito, da
UNIABEU Centro Universitário.

Orientador: Prof. Ms. Leonardo Rodrigues Coelho Monteiro

NILÓPOLIS
2019

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BRENA SOARES DE ALMEIDA CASEMIRO

A IMPUTABILIDADE DE UM HOMICIDA PATALÓGICO

Trabalho de Conclusão de Curso, em


formato de artigo científico,
apresentado à Banca Examinadora
como requisito parcial à obtenção do
grau de Bacharel em Direito, do Curso
de Direito, da UNIABEU Centro
Universitário.

Artigo científico apresentado e aprovado em _____ / ______ / 2019.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

______________________________________

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DEDICATÓRIA

Agradeço primeiramente a Deus por ter me ajudado e


permitido a chegar ao fim do curso, segundamente,
agradeço aos meus pais que sempre estiveram ali ao
meu lado me apoiando e me ajudando em tudo que
eu precisei em toda minha vida. Aos meus
professores que foram os melhores que eu pude ter
para minha carreira, e em especial alguns que se
tornaram meus amigos que levarei para vida, como
Mayra Vieira, Leonardo Monteiro e Marcelo
Resende, obrigada por terem surgido na minha vida.
Aos meus amigos e a todos meus familiares que
sempre torceram por mim. E por fim, dedico a mim
por ter conseguido passar por todas as fases com
glória, e o fim desse TCC será apenas mais uma
vitória para minha vida!

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A IMPUTABILIDADE DE UM HOMICÍDA PATOLÓGICO

Brena Soares de Almeida Casemiro

RESUMO: Este artigo tem como tema a imputabilidade de um homicida que traz
consigo uma série de transtornos psicológicos. Seu objetivo é verificar se esse
homicida diante de investigações, deve ser punido pelo sistema prisional legislado pelo
Código Penal ou se ele deve ser punido com tratamento psiquiátrico. Dividida em três
seções, a pesquisa procura mostrar as diferenças entre imputável, inimputável e semi-
imputável e, ainda, expor como nosso ordenamento jurídico deve ser posicionar diante
dos crimes cometidos por esse agente, avaliando o grau de sua periculosidade.
Utilizando o procedimento metodológico bibliográfico e documental, chega-se à
conclusão de que o a gente imputável, deve ser submetido a punições severas e
definitivas para que a ocorra uma proteção a sociedade, tenho em vista a utilização da
psicologia jurídica como fator importante na realização de toda investigação, para que
possa reabilitar e, tratar essas características psicológicas.

Palavras-chave: Direito Penal. Psicologia Jurídica. Imputabilidade de um Homicida.


Transtornos Psicológicos.

INTRODUÇÃO

De um modo geral, o homicida é traduzido como “alguém que mata outro


alguém”. Porém, esse gênero tem toda uma série de particularidades que se elevam
além do contato físico e se desdobram em várias outras etapas, como o processo que
forma a mente de um indivíduo que se discute a sua psicopatia. Essa discussão tem um
modo especial de ser tratado na criminologia no sistema penal brasileiro, sendo reunido
vários núcleos de pesquisas de maneira interdisciplinar para que se compreenda toda
estruturação psicológica do criminoso. A pesquisa geral e metodológica, terá como sua
principal função analisar toda a sistemática criminológica e psicopática do sujeito dado
como homicida patológico. O importante a ser discutido, é como essa base é formada
por uma pessoa aparentemente normal e o que a leva a ter tais transtornos
psicológicos. Tal questão, inicia se sempre através das primeiras formas
comportamentais de um indivíduo, que de início pode se demonstrar de forma mais
evidente ou de uma forma mais centrada, para convencer ser uma pessoa de boa
convivência e assim, atrair sua possível vítima. Terá foco principal nesses agressores

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que demonstram parcial ou total falta de empatia com a vítima, ostentando pouca ou
nenhum tipo de pena ou remorso ao praticar o ato de grande violência.
A relevância do tema abordado, trará uma forma real de estruturas
compreensivas sobre esses distúrbios e seus paradigmas normativos para determinar
seus padrões de uma possível normalidade e uma possível descrição de qual caráter
objetivo podemos determinar sua verdadeira face. Tendo suas formas preventivas e
punitivas determinas pela legislação brasileira. Essas características podem ser
abordadas de várias formas, de um jeito simples e complexo, elevando parâmetros para
a diferenciação de sujeitos imputáveis, semi-imputáveis e inimputáveis que serão
analisados em um sistema psico-jurídico. Aborda se também a forma da imputabilidade
e culpabilidade de seu agente e seus critérios para atuação do sistema legislativo penal
em casos concretos e de que tal forma, o Estado deveria atuar como maior garantidor
da segurança pública contra esses criminosos.

1. O HOMICIDA E SUA IMPUTABILIDADE

Com a crescente população e o índice de criminalidade cada vez maior, temos


de forma significativa o grande crescimento da violência de forma acerbada empregada
pelos indivíduos, tais esses psicopatas. Estudos realizados pelo canadense Robert D.
Hare (1999, p, 98 ) revelam que o transtorno da psicopatia está presente em 1% na
população em geral, podendo chegar a 20% em comparação com os indivíduos presos.
Não há algum tipo de determinação para esse tipo de comportamento, como o fator
classe social que em nada se aplica para esse diagnóstico, e apesar uma doença
mental, pois essa análise é feita de acordo com o modo de agir e de ser discutido por
diversos estudiosos da área, não se chegou a uma conclusão 100% específica. No
âmbito geral, a psicopatia é tratada como transtorno psicológico e não como todo
comportamento do sujeito que cometeu tal delito, se manifestando por comportamentos
contrários da normalidade, não podendo ser identificada por sintomas.
A imputabilidade não se tornou causa para que fosse desconsiderado o caráter do
indivíduo em razões de determinar ou não o ato ilícito cometido, pois a maioria deles
conhece exatamente como funciona as regras da sociedade. Para Hare, a

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imputabilidade é uma anomalia psíquica, que apesar das funções e características de
transtorno de personalidade, é atingida pelo convívio social que altera sua patologia.
Alguns elementos foram observados por Blackburn (1998) para avaliar os graus e
gravidade desses psicopatas, seus graus podem ser leves, moderados ou graves,
enquanto seus níveis podem ser primários ou secundários. Em análise de graus,
podemos ter um demonstrativo de grande falta de sentimentos e grande desprezo por
suas vítimas, tendo atitudes rígidas e inflexíveis, seguidas de uma grande
agressividade. Em comparação aos seus níveis, temos em seu nível primário uma
ostentação de violência extrema, altos índices de crueldade e recuperação árdua,
sendo um distúrbio biológico com mais impulsividade, trazendo consigo o desejo e
inquietação de buscar essas sensações sem se preocupar com as punições que podem
lhe acarretar. São capazes de dissimular seus atos a todo instante, sendo dominadores,
cruéis, amáveis, sedutores e sociais ao mesmo tempo, isso porque para eles as
palavras e atitudes, não causam o mesmo efeito e não tem o mesmo significado que
tem para nós. Já em nível secundário, o distúrbio é diagnosticado de acordo com
experiências presenciadas pelo psicopata, como traumas ou situações ruins
vivenciadas na infância. Apesar de serem também destemidos, são mais fáceis de se
flexibilizarem ou talvez, terem algum sentimento de culpa ou arrependimento por tal
crime cometido. Esses psicopatas de nível secundário, usam o ato de cometer o delito
como forma de amenizar a dor ou superar os traumas, porém são incapazes de resistir
a tentação de cometer o desejo de causar algum dano a outro. Nesse grupo, são
encontrados dependentes e antissociais, causadores de delitos menos planejados, com
grandes consequências e tendem a maior demonstração de raiva diante de ameaças
físicas e verbais dos que os psicopatas de níveis primários. Os psicopatas de ambos
níveis, apresentam subdivisões como:
1. Psicopata explosivo ou descontrolado: Demonstram grande decepção e falta
de vontade diante de acontecimentos durante a vida, tendo maiores sentimentos de
vingança e maior facilidade de irritação aos demais subtipos. Também ocorrem para
esses psicopatas surtos parecidos aos ataques de epilepsia, vontade e impulsos
sexuais exageradamente fora do normal, desejos fortes como vício em drogas, pedofilia
e todo tipo de atividade ilícita. São capazes de expressar enorme falta de sutileza.

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2. Psicopata carente de princípios: São associados a personalidades narcisista,
pois demonstram um sentimento de arrogância ao extremo. Não se importam com o
outro, exibindo de maneira cruel suas técnicas de vingança. São geralmente amáveis e
polidos.
3. Psicopata dissimulado ou carismático: Nunca admitirão a existência de
problemas pessoais ou familiares, são donos da negativa. Geralmente, obtém talentos
e são mestres em manipular e usar as pessoas com seu domínio quase que demoníaco
de persuasão de maneira que até os próprios psicopatas, acreditam nessa mentira.
Sempre culpam os terceiros por seus erros e fracassos.
4. Psicopata ambicioso: Esse nunca se satisfaz com as coisas que têm. São
invejosos e buscam de forma incessante o sucesso, achando que os outros possuem o
que deveria ser dele, o que os levam a cometer roubos, furtos e destruição das coisas.
A respeito da psicopatia, podemos inserir a compreensão que de acordo com o
psiquiatra canadense Robert Hare, os psicopatas têm toda noção dos seus atos, ou
seja, sabem perfeitamente que cometendo crimes contra a sociedade, e o porquê
cometendo o crime. (SILVA, 2014, p.35). Ele diz que:

A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos e


das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar
alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que
esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos
desprezíveis são resultados de uma escolha, diga-se de passagem,
exercida de forma livre e sem qualquer culpa. (SILVA, 2014, p.35). […]
exige a constatação de um padrão permanente de experiência interna e de
comportamento que se afasta das expectativas da cultura do sujeito,
manifestando-se nas áreas cognoscitiva, afetiva, da atividade interpessoal,
ou dos impulsos, referido padrão persistente é inflexível, desadaptativo,
exibe longa duração de início precoce (adolescência ou início da idade
adulta) e ocasiona um mal-estar ou deteriorização funcional em amplas
gamas de situações pessoais e sociais do indivíduo. (GOMES; GARCÍA-
PABLOS DE MOLINA, 2008, p. 284).

Daniel Goleman (2001, p. 122) também constata que os psicopatas são


“deslavados mentirosos, prontos a dizer qualquer coisa para conseguir o que querem, e
manipulam as emoções das vítimas com o mesmo cinismo. “ seguido de "a violência
deles parece ser um ato de terrorismo calculado”, e tais indivíduos “não se preocupam
com punições futuras pelos atos que praticam, e como eles próprios não sentem medo,

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não há lugar para a empatia – ou piedade – em relação ao medo e à dor de suas
vítimas” (GOLEMAN, 2001, p. 123).
Tendo essa relativização, podemos adaptar também a visão de Júlio Fabrini
Mirabete a respeito da culpabilidade, no que tange “reprovabilidade da conduta do
agente, que praticou um fato típico e ilícito, quando o direito lhe exigia um
comportamento diferente daquele praticado ou não”. (MIRABETE, 2010, p.181)", sendo
complementada pela visão de Rogério Greco:

Culpabilidade diz respeito ao juízo de censura, ao juízo de reprovabilidade que


se faz sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo agente. Reprovável ou
censurável é aquela conduta levada a efeito pelo agente, que nas condições se
encontrava, podia agir de outro modo. (GRECO, 2010, p.85).

Pode se também destacar de forma precisa, o modo que o fator psicopático


causa grande impacto na sociedade, como no caso real a seguir:

Pedro Rodrigo Filho, o "Pedrinho Matador", é um serial killer que afirma com
orgulho ter matado mais de 100 pessoas, inclusive seu próprio pai. Na
Penitenciária do Estado, em São Paulo, ele é temido e respeitado pela
comunidade carcerária. A primeira vez que matou, Pedrinho tinha apenas 14
anos e nunca mais parou. Com vários crimes nas costas, Pedro Rodrigo foi
preso aos 18 anos, em 1973, e continuou matando dentro da própria prisão. Ele
é considerado o maior homicida da história do sistema prisional e diz que só na
cadeia já matou 47 pessoas. Mata sem misericórdia quem atravessa o seu
caminho ou simplesmente porque não vai com a cara do sujeito. Pedrinho sabe
que matar é errado, mas justifica seus atos como algo que vem de família: pais
e avós também foram matadores. Para "Pedrinho Matador", tirar a vida de
alguém é somente mais um trabalho bem-sucedido. E para que ninguém se
esqueça do que é capaz, tatuou no braço a frase "Mato por prazer". Fontes:
Revista Época, ed. 259, Ed. Globo, 5/5/2003; Revista Ciência Criminal, Especial
Mentes Criminosas, Ed. Segmento, 2007.

Esses agentes não são incapazes de ter algum tipo de sistema racional,
normalmente são até mais racionais do que a média, pois eles se demonstram como
apenas razão e nenhuma emoção. São comparados a predadores, que gostam
demonstrar sua superioridade e total controle de tudo, ignorando as necessidades e
vontades dos outros como forma de alcançar a sua própria vontade e necessidade sem
se preocupar com as consequências de seus atos.

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2. A IMPUTABILIDADE DEFINIDA NO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Diante de tal polêmica, a doutrina e a jurisprudência vem trazendo todas as


formas de aplicar a lei como pena para quem pratica tal crime, levando em
consideração todas as características e o seu grau de culpabilidade para abranger e
suprir as necessidades do autor do fato e da vítima. Anteriormente ao Código Penal,
existiu o decreto 5.148/1927 que falava a respeito da psicopatia, que diz:

Art. 2º O psicopata, alienado ou não, poderá ser tratado em domicílio próprio ou


de outrem, sempre que lhe forem administrados os cuidados que se fizerem
mistérios.
Parágrafo único: Se, porém, a doença mental exceder de dois meses e se
tornar perigosa a ordem pública ou a vida do próprio doente ou de outrem, a
pessoa que tenha a sua guarda o enfermo comunicará o fato a comissão
inspetora, com todas as ocorrências relativas a doença e ao tratamento
empregado.

Art. 7º: É proibido manter psicopatas em cadeias públicas ou entre criminosos.


Parágrafo único: Onde quer que não exista manicômio, nem secção de hospital
comum destinada aos delirantes, a autoridade competente fará alojar o paciente
de perturbação mental em casa expressamente destinada a esse fim, até que
possa ser transportado para algum estabelecimento especial. (sic). (BRASIL,
1927, s. p).

Passando por todas disciplinas, pela história e por todo conceito relativo da
psicopatia, esse transtorno já vem sendo relatado em toda antiguidade. Na forma do
Artº 26 do Código Penal Brasileiro, temos a relação sobre a culpabilidade como forma
de isenção de pena, dizendo:
Art 26º - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,


em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar –se de acordo com o entendimento.

Essa condição de imputabilidade caracteriza a forma de sanção penal para todo


aquele que por sua via, comete ato ilícito por virtude de sua capacidade mental. Tal
compreensão leva essa conduta como ato impeditivo para que esse agente tenha uma

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pena comum, o caracterizando como inimputável, já que o mesmo não demonstra
inteira capacidade de compreender sua conduta como ilícita. Nesses atos, a simples
existência desses sintomas, leva a um total diagnóstico de inimputabilidade, junto com
a hipótese conhecida pelo Código Penal como teoria biopsicológica ou mista. Para
Barbosa,
O melhor critério é o biopsicológico, considerando-se que a idade de dezesseis
anos é a idade da aquisição facultativa dos direitos políticos, (...) se a mulher
casada se emancipa civilmente com o casamento aos dezesseis anos e se o
projeto de lei visa que o maior de dezesseis anos possa dirigir veículos, não se
compreende que não se possa responder pelos seus atos ilícitos que por
ventura praticar.

Esse critério é híbrido, tendo como o fator biológico responsável por toda
individualização da pena, generalizando o entendimento do caráter ilícito cometido pelo
menor de idade.
A percepção tratada no artigo 26º do Código Penal, busca a forma de redução
para os agentes inimputáveis decorrente de várias perturbações ou retardo mental. No
caput, demostra como será aplicada de forma total a isenção da pena por causa de
uma total incapacidade de compreensão do crime cometido. Já em sei parágrafo único,
é demonstrado uma pequena redução decorrente de sua relativa falta de compreender
o ato cometido por causa de suas condições mentais. Para esses pressupostos, foram
feitos diversos tipos de diferenças para distinguir cada modalidade, concretizando suas
aplicações, periculosidade, prazos e todo o tipo de prova pericial que possa ajudar a
averiguar o agente. Analisando também a jurisprudência, pode destacar sobre alguns
transtornos que não influenciam no crime e sobre isso se trata a jurisprudência a seguir:

APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. SEMI-IMPUTABILIDADE.


CONDENAÇÃO. INSURGÊNCIA MINISTERIAL. ALEGAÇÃO DE ERRO OU
INJUSTIÇA NO TOCANTE À APLICAÇÃO DA PENA.

Verificada a reprimenda aplicada na origem, tem-se que a mesma não atendeu


aos critérios da razoabilidade, necessidade e suficiência para a
prevenção/reprovação do crime, motivo pelo qual a pena deve ser exasperada
na primeira e na terceira fase.

Ademais, considerando que o transtorno de personalidade antissocial não


influenciou na capacidade de entendimento quanto à ilicitude do fato praticado;
que inexistem outros comprometimentos patológicos; e que a parcial
capacidade de autodeterminação também se deve ao uso voluntário de

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entorpecentes, desde a adolescência; é de rigor a aplicação da minoram-te do
parágrafo único do artigo 26 do Código Penal, na fração de um terço (1/3). (TJ-
RS, Ap. crim. 70037449089, rel. Des. Odone Sanguine, 17.03.2011).

Em outro caso foi destacado que o transtorno foi necessário para que houvesse
a redução da pena como a seguir:

APELAÇÃO CRIMINAL. JÚRI. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO.


ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO. LATROCÍNIO TENTADO.
IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA. TRANSTORNO ANTI-SOCIAL DE
PERSONALIDADE. REDUÇÃO OBRIGATÓRIA DA PENA. NÃO INCIDÊNCIA
DA PROIBIÇÃO DE INSUFICIÊNCIA.

1. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.


DELITO DE LATROCÍNIO TENTADO. NÃO RECONHECIMENTO. O princípio
constitucional da soberania dos veredictos do Tribunal do Júri (art 5º, XXXVIII,
alínea ‘c’, CF) impede a revisão do mérito da decisão do Conselho de Sentença
pelo Tribunal Estadual, exceto nas restritas hipóteses arroladas no art. 593,
inciso III, do CPP. Veredicto do júri que encontrou respaldo probatório nos
autos, não cabendo a este Tribunal questionar se a prova foi corretamente
valorada, bastando a plausibilidade entre as respostas dos jurados e a
existência de indícios de autoria para que a decisão seja válida. Evita-se, assim,
a arbitrariedade, respeitando, contudo, a íntima convicção dos jurados na
tomada da decisão.

2. TRANSTORNO ANTI-SOCIAL DE PERSONALIDADE. IMPUTABILIDADE


DIMINUÍDA. REDUÇÃO OBRIGATÓRIA DA PENA.

2.1. As modernas classificações internacionais consideram as psicopatias como


transtornos da personalidade e as definem como alterações da forma de viver,
de ser e relacionar-se com o ambiente, que apresentam desvios extremamente
significativos do modo em que o indivíduo normal de uma cultura determinada
percebe, pensa, sente e particularmente se relaciona com os demais. O
transtorno antissocial de personalidade coincide com o que tradicionalmente se
denomina psicopatia. As personalidades psicopáticas se enquadram no rol das
perturbações da saúde mental, anomalia psíquica que se manifesta em
procedimento violento, regulando-se conforme o disposto no parágrafo único do
art. 22, do Código Penal.

2.2. Comprovado pelo laudo psiquiátrico que o réu ao tempo do crime padecia
de transtorno antissocial de personalidade, a redução de pena é obrigatória, o
que é facultativo é o quantum maior ou menor(1/3 a 2/3) dessa diminuição de
pena.

2.3. A consequência legal da capacidade relativa de culpabilidade por


perturbação da saúde mental ou por outros estados patológicos, é a redução
obrigatória da pena, pois se a pena não pode ultrapassar a medida da
culpabilidade, então a redução da capacidade de culpabilidade determina,
necessariamente, a redução da pena. Argumentos contrários à redução da pena
no sentido do cumprimento integral da pena são circulares, inconvincentes e
desumanos porque o mesmo fator determinaria, simultaneamente, a redução da
culpabilidade (psicopatias ou debilidades mentais explicariam a culpabilidade) e
a agravação da culpabilidade (a crueldade do psicopata ou débil mental como

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fator de agravação da pena). Não incidência na medida em que o legislador não
atuou de maneira deficiente, mas sim ponderada.

DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO DEFENSIVO. UNÂNIME. (TJ-RS,


Ap. crim. 70041554122, rel. Dra. Rosane Ramos de Oliveira Michels,
29.01.2013).

O crime cometido pelos agentes pode ser visto de diversos modos, que, para
Julio Fabbrini Mirabete (2001, p. 95) “existe o aspecto formal e material, sendo que o
primeiro vê o crime como sendo fato contrário a lei”. Na percepção de Giusepppe
Maggiore “crime é qualquer é qualquer ação legalmente punível”, levando em
consideração apenas o fato de praticar ato contrário a legislação. Em seu segundo
aspecto material, é averiguado as razões que levaram o autor do fato praticar tal ato e
os motivos que levarão o legislador aplicar tal tipo de pena. Podemos observar de
acordo com Julio Fabrinni Mirabete algumas teorias como a da vontade, da
representação e a do assentimento nos crimes dolosos. Para Fabrinni, o agente,
Age dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente, já
a da representação afirma que o dolo é a simples previsão do resultado e, em
última análise, na teoria do assentimento (consentimento), existe dolo,
simplesmente quando o indivíduo consente em causar o resultado ao praticar a
conduta.
Toda conduta antijurídica cometida pelo agente censurada pela legislação, será
indagada pelo sistema jurídico como modo de descobrir se ele o causou o delito
simplesmente por querer (dolo), ou se poderia pelo menos prever o resultado final da
ação. Algumas coisas serão apreciadas, como segundo Mirabete é importante saber:

Se o agente tem capacidade psíquica quem lhe permitia ter consciência e


vontade dentro do que se determina autodeterminação, diante de suas
condições psíquicas, a antijuridicidade de sua conduta de adequar essa
conduta à sua compreensão, essa capacidade psíquica, denomina-se a
imputabilidade.

Em todo seu conteúdo, temos além do artigo 26º do Código Penal, os artigos 20
§ 1º, 21, 22, 26, 27 e 28 § 1º como formas de excludentes de culpabilidade, porém o
grande problema, é identificação desses agentes para que se possa determinar e
diagnosticar se são realmente inimputáveis decorrente de doenças psicológicas ou não.

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Importante destacar o artigo 27º que diz:
Art. 27º - Os menores de 18 (dezoito) anos, são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

Neste artigo, o fato da inimputabilidade é a menoridade penal, não levando em


consideração se existe ou não algum tipo de doença mental ou não do agente, ficando
à disposição do Estatuto da Criança e do Adolescente, que lhe aplicará as medidas
educativas.
Em todos os casos, esses agentes na maioria das vezes, costumar apresentar
maior grau de periculosidade do que criminosos comuns, levando a psicologia como
base de determinação na categoria que o sujeito se aplica.
Para alguns pesquisadores,
O crime pode ser conceituado em sob os aspectos material e formal ou
analítico”. (CAPEZ, 2011, e-book).

Esses aspectos concernem como:


1) Aspecto formal: a respeito do crime, é toda e qualquer infração penal que o
legislador impor como tal, considerando a existência do crime sem levar em
consideração a essência do princípio da dignidade humana;
2) Aspecto analítico: busca acima de tudo o respaldo jurídico, para que se estabeleça
todas as formas criminais. O fato principal desse aspecto, é diferenciar e buscar a
forma mais justa de condenação para o indivíduo infrator, tendo o raciocínio feito por
fases e etapas. Irá ser verificado se há ilicitude ou não, e posteriormente, surgirá a
infração penal;
3) Aspecto material: busca a todo momento estabelecer o conceito do fator que o
criminoso causou ou não, buscando definir a causa e motivos para o crime, se de
alguma forma irá prejudicar ou não um bem jurídico, causando problemas gerais no
convívio em sociedade.
Nos tribunais brasileiros, vem sendo aplicado diversos modos punitivos para
esses agentes. De acordo com o grau de periculosidade cometido pelo agente, alguns
são levados a presídios comuns sendo privados de sua liberdade, levando como base
sentencial o artigo 26º do Código Penal em que aplicam a semi-imputabilidade (não se
ausenta a culpa do agente que cometeu o crime, porém o mesmo tinha seu

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discernimento prejudicado por razão de problemas mentais), tendo apenas a sua pena
base reduzida conforma indica o artigo, ou nos piores casos, ter sua pena convertida
em medida de segurança para que possa ser levado o agente que cometeu o delito, a
hospitais psiquiátricos de custódia, onde receberá tratamento adequado.
No geral, o Direito Penal tem o dever de impor os limites ao poder de punição,
definindo todas as hipóteses que a criminologia irá aplicar sua punição diante das
sanções penais cometidas, pois ainda não existe apenas uma forma de concretizar a
punição, o que acaba levando os tribunais a terem diversos posicionamentos. Sendo
assim, tem sido bastante discutido para que se possa definir e caracterizar uma pena
definitiva, baseado no artigo 5º da Constituição Federal, que tem fixado em sua base o
princípio da individualização da penam pois assim o Estado teria um novo institucional
jurídico com respaldo em lei para aplicar em casos como esse em que o a gente
comete crime decorrente de doenças psicológicas. Importante também destacar que
para que um indivíduo fosse considerado inimputável, seria obrigatório que o sistema
de psicopatia fosse visto e tratado como sendo doença mental ou tendo seu
desenvolvimento incompleto. Desse modo, podemos concretizar que esse “novo”
padrão complexo e objetivo de avaliações e pesquisa, poderia ajudaria a padronizar um
novo sistema mais organizado na qual facilitaria a aplicação adequada para essas
ocorrências, com monitoramento e segurança coletiva.

3. A PSICOLOGIA JURÍDICA E SEUS EFEITOS NA IMPUTABILIDADE PENAL

Em nossa atualidade, a psicologia jurídica tem crescido em diversos aspectos no


ramo do direito, junto com as ciências psicológicas e for comparada com outras
atuações de pesquisas. Nesse mundo jurídico, o maior objetivo é observar as
características para que se possa chegar a uma melhor avaliação psicológica, e, assim,
ter meios de buscas teóricas para chegar a conclusões que se possa identificar a
personalidade psicopática, com análises corretas para que descobrir se existe alguma
forma de influência na genética do indivíduo com esses tipos de comportamentos.
No século XIX, a palavra psicopatia (do grego: psyché = alma; pathos = paixão,
sofrimento), foi criada por médicos especialistas da época para identificar os que

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sofriam doenças raras mentais, sem conexão com personalidade antissocial e
psicopatia. Com a evolução dos tempos, o termo sofreu alterações e se transformou na
real forma para que se pudesse expressar o que é psicopatia, sendo pessoas capazes
de cometer atos de loucuras, de infringir as regras e as leis, cometendo todo tipo de
insanidade capaz e alcançar poder, pois esses indivíduos não calculam a gravidade e o
tipo de ato que irá cometer e, muito menos o que irá causar a outro. De acordo com
Narloch (2006), existem diversos indivíduos que tem essas características destacadas
em casos verídicos com personagens que estão nos cenários culturais, como Franciso
de Assis que se destacou com Hanniball Lecter de “O silêncio dos Inocentes”, que
demonstram claramente como o mal se manifesta através de comportamentos ruins.
Esses indivíduos psicopatas, geralmente conseguem disfarçar seus comportamentos
antissociais, apresentando se como um homem (ou mulher) completamente normal,
para que assim, consigam manipular e distorcer toda uma realidade de acordo com
suas vontades e desejos. Indivíduos esses que sofrem de temperamentos
extremamente impulsivos, sem controle emocional, facilidade em não se importar com o
outro, porém com uma grande habilidade de fragilizar suas vítimas. O Dr. Robert D.
Hare psicólogo Canadense, especialista em psicologia criminal e psicopatia, relatou em
sua obra “Without Consciente” (Sem Consciência) a seguinte frase, dizendo que:

O psicopata é como um indivíduo daltônico que vê as cores como acinzentadas,


mas com isso aprende a gerenciar um mundo de cores, como por exemplo, ao
parar no trânsito ao sinal vermelho do semáforo, esse indivíduo não contempla
a cor vermelha, mas para ao ver a luz superior do semáforo, porque aprendeu
maneiras de compensar o seu problema, como pessoas daltônicas os
psicopatas carecem de um elemento experimental importante, nesse caso a
experiência emocional, mas podem aprender as palavras que os outros usam
para descrever as experiências que eles não podem. (HARE, 1993, p. 337).

Apesar de todas essas atitudes de crueldade que esses indivíduos têm, o que se
pode observar, é o tipo de problema que eles causam em convívio social, tendo
diversas discussões para qual medida pode ser aplicada para esses comportamentos
psicopáticos, pois apesar de tamanho grau de periculosidade, muitos acabam

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recebendo tratamento e punição inferior ao tamanho de seu ato, não medindo de forma
correta sua imputabilidade. Como forma de avaliação, estudos comprovam que as
chances para a reincidência para o psicopata é bem maior do que um criminoso
comum, por isso tem se causado tanta discussão esse tema, por ser considerado
perigo no âmbito penal. Existe uma incompatibilidade sobre o tema na legislação, uma
vez que não há apenas uma forma concreta para que se possa definir apenas uma
punição, uma vez que a psicopatia é incidida como "características do comportamento
humano". Para Oliveira (2011, p. 2),

Esses indivíduos convivem em nosso meio social sem direcionar qualquer


suspeita para os predadores que realmente são, tendo em vista a facilidade
com que manipulam a realidade em seu favor, geralmente oferecendo para a
sociedade tranquilidade, confiança e generosidade. Com esse perfil, se
aproxima de suas vítimas até encontrar seu foco de instabilidade, para assim
começar a agir e retirar-lhe seus proveitos.

Isso nos leva a compreender que os psicopatas não são doentes mentais, pois
eles possuem capacidade mental de raciocinar e entender a maioria dos seus atos,
diferente dos doentes mentais que não fazem ideia do que estão fazendo.
Diante das questões do sistema punitivo, podemos notar que para que o
magistrado possa se convencer de que o indivíduo tem que sofrer tal punição, ele
precisará avaliar diversas situações como por exemplo, a infância do indivíduo, uma
vez que muitos comportamentos adultos são causados por traumas na infância. Terá
também a de forma imprescindível a atuação de outros especialistas com formações
em outras áreas, como um perito médico, psiquiatras e psicólogos para que se possa
chegar uma conclusão coerente e assim por se obter uma sentença justa. Para o
Psicólogo Christian Costa, é totalmente mascarada a sanidade do indivíduo infrator,
pois para ele,

Após anos de evolução do conceito, hoje, pode-se resumir o conceito de


Personalidade psicopática, atual Antissocial, caracterizada principalmente por
ausência de sentimentos afetuosos, amoralidade, impulsividade, principalmente
falta de adaptação social e incorrigibilidade (COSTA, 2008).

No Direito atual, existe uma forte abertura para a psicologia, como forma de

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diagnóstico e compreensão para um melhor entendimento jurídico. No Brasil, é muito
utilizado o termo Psicologia Forense, pois ele é ligado diretamente ao foro da justiça,
fazendo com que essa psicologia seja atuação direta nos processos criminais que
tratam desse tema de psicopatia. Cabe ressaltar que esse profissional do ramo da
psicologia, é uma forma para que se possa ajudar uma decisão judicial, uma vez que se
é recomendado meios para a solução do problema e não utilizado como decisão judicial
final, pois a decisão é tomada por juiz e não por psicólogo. É muito importante que se
possa destacar isso, pois acabam se confundido a função do psicólogo como detentor
do "poder" de decidir sobre a impunidade e a imputabilidade do agente que cometeu tal
delito. Esse psicólogo, atuará com avaliações para que se possa esclarecer de uma
melhor forma quais são as relações que foram formadas na cabeça do psicopata para
que fosse cometido o crime, para que se possa centrar e assim consiga se obter um
subsídio ao trâmite desse processo judicial. Para França (2004), é importante avaliar
diversas considerações, pois a psicologia é "uma ciência nova que não teve tempo
ainda de apresentar teorias acabadas e definitivas, que permitam determinar com maior
precisão seu objeto de estudo", levando o contexto de que a psicologia é o melhor
método para definições comportamentais, pois para França a subjetividade dessa teoria
é crucial, pois “seu objeto de estudo devem ser as consequências das ações jurídicas
sobre o indivíduo”.
Temos também uma melhor definição de subjetividade, tendo em vista como:

A síntese singular e individual que cada um de nós vai construindo conforme


vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e
cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos
iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são
experiências no campo comum da objetividade social. Esta síntese – a
subjetividade – é o mundo de ideias, significados e emoções construído
internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e
de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas
e comportamentais (BOCK; FURTADO e TEIXEIRA, 1999, p. 23).

Com todo esse material técnico do especialista psicólogo jurídico, será levado
para os tribunais e serão utilizados todos e quaisquer informações extraídas por ele,
pois será importante na decisão judicial arbitrada pelo magistrado, como forma de
perícia psicóloga judicial. Informações essas extraídas através de visitas individuais,

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testes clínicos e psicológicos, e todos os afins determinados pela justiça.
No Brasil, podemos observar que exista diversos tipos de benefícios para os
presidiários, tais como indultos e comutação da pena que são oferecidos após
avaliações médicas, comportamentos e etc. Avaliações estas que indiquem de forma
clara e segura uma possível reincidência, para que o benefício não facilite a prática do
crime novamente e que não traga mais nenhum perigo a sociedade. Tendo a visão a
legal da situação, podemos levar em conta a situação da inimputabilidade e
imputabilidade, que são completamente relevantes e previstas em sistema de
legislação penal, pois serão determinadas medidas punitivas ou medida de segurança
para o agente cometedor do ato infracional. A imputabilidade se refere a toda e
qualquer culpa do agente sobre o delito, com responsabilidade penal desde diante do
crime, enquanto a inimputabilidade é a total ausência desses requisitos para os
psicólogos. Avaliar e determinar essas situações, são precisas assessorias técnicas,
perícias de especialistas da área, principalmente a psicológica. Levando em
consideração essas pesquisas e aplicações psicológicas, temos dois tipos de
instrumentos para o diagnóstico que são os instrumentos psicométricos: o PCL – R e a
Medida Interpessoal de Psicopatia (IM – P). Essa psicometria se relativa na técnica das
questões quantitativas, se fundamentando nas questões de ciência em geral nas
formas de linguagem e fenômenos naturais, (PASQUALI, 2009). O inglês Francis
Galton, para a psicologia foi considerado o criador e mentor da psicometria, pois o
mesmo além de criar, evoluiu e desenvolveu vários testes comportamentais para a
definição do processo mental. A psicometria explica de forma clara qual foi o real
sentido da resposta dada pelo indivíduo na fase de testes (conhecida como itens), se
fundamentando em uma série de fases mentais. Já o PCL–R (Hare Psychopathy
Checklist-Revised, HARE, 2003), foi o primeiro exame feito utilizado exclusivamente no
sistema de legislação penal brasileira, por ele ajudar a compreender melhor de forma
precisa uma possível reincidência do indivíduo e, ajuda também a entender a
personalidade do preso e conseguir separar os presos comuns dos verdadeiros
psicopatas. As características do PCL-R são divididas em escalas, com divisões
dimensionais e metodológicas, em grupos de fatores que são: 1) questões pessoais,
afetivas, seus tipos de manipulações, mentiras, excesso de egocentrismo, falta de

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empatia com o outro; 2) são predominantes as características impulsivas e antissociais
que para (SILVA, ROBERTA; VASCONCELLOS, SILVIO, 2010), são semelhantes ao
Transtorno de Personalidade Antissocial.
Para alguns pesquisadores, avaliar essa compreensão tem sido bastante
complicado e difícil, pois existem diversos fatores que influenciam a psicanálise, tendo
como total responsabilidade do examinador a dedução do especialista. Para ajudar a
amenizar essa subjetividade, foi criada o método Medida Interpessoal de Psicopatia
(Interpersonal Measure of Psychopathy [IM-P]; KOSSON et al., 1997), que é uma
medida padronizada para ajudar na compreensão dessa realidade. Essa medida MI - P
complementa os instrumentos já existentes para a avaliação junto com PCL - R,
incluindo a escala de HARE. No geral, essa organização das medidas psicólogas junto
com a legislação penal, e todos os testes atribuídos nas avaliações, são completamente
obrigatórios e necessários para uma conclusão final, para que se possa chegar ao
diagnóstico final e preciso que, com auxílio do magistrado, ajudará na sentença final.

CONCLUSÃO

Após toda uma análise concreta a respeito dos portadores dessas características
de imputabilidade, pode se fizer que a psicopatia é vista por alguns não como uma
doença mental e sim como uma maneira que o indivíduo tem de ver as situações e de
como irá reagir sobre ela, pois o agente imputável obtém capacidade de organizar as
ideias, e se saber exatamente o que está fazendo no momento em comete o delito. O
indivíduo psicopata, conhece as leis e as regras, porém sua capacidade psíquica de
assumir a responsabilidade, não o impede de praticar o ato. Nessa área, podemos
entender que a psicopatia por si só, não tem o poder nem o caráter que excluir a
culpabilidade do agente infrator, pois esse caráter possui o dolo.
No tocante a essa discussão, é tangível dizer que a própria psiquiatria aborda
esse tema de forma não muito clara, pois ainda padece de poucas respostas exatas,
tendo diversos tipos de questionamentos, o que acabou causando uma obrigação de
surgir uma tipificação penal para esses tipos de condutas. Na esfera penal, é totalmente
verificada a culpabilidade do agente e toda a ilicitude do fato, pois precisa ser apurado

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quem foi o responsável pelo fato ilícito e típico, para que se possa definir a
imputabilidade, exigibilidade da conduta diversa e o elemento potencial consciência de
ilicitude. Se for constado que o agente durante o fato ilícito tinha total capacidade de
compreensão e de responsabilidade de seu ato, ele será considerado imputável. É bem
importante e necessário verificar que o Código Penal Brasileiro trate a psicopatia como
algo bastante complexo e perigo, uma vez que o convívio livre desses indivíduos em
sociedade, possam causar um dano irreparável.
Em causas diferencias, se o indivíduo, praticante do fato ilícito, receber laudos
periciais e for informado que ele sobre de algum transtorno mental ou qualquer retardo
mental, esse não poderá ser considerado imputável, ele será considerado inimputável,
pois a psicopatia não se dá em razão de doenças mentais. Para isso, o nosso sistema
de tipificação penal, se utiliza de diversas maneiras para que possa chegar a
conclusões sólidas, como por exemplo é a inclusão da psicologia jurídica nessa
sistemática como forma de apoio para que se possa ser esclarecida de forma mais
abrangente os caráteres que formam na cabeça de um agente inimputável ou um
imputável. Sendo assim, a psicologia que é uma ciência sistemática e metódica,
ajudará no processamento de pesquisas de comportamentos humanos e os resultados
de seus processos mentais.
Diante dos fatos, é válido analisar todas e quaisquer formas que o Estado impõe
a respeito do sistema punitivo, uma vez que ele será o pilão para que essas questões
penais e sociais, ajudem na constituição de uma sociedade mais segura e protegida,
não só para quem possa ser vítima, mas também para que o indivíduo infrator, possa
receber a punição e tratamento adequado para suas problemáticas.

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