Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
COMARCA DE ITAJAÍ/SC
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
b) peculatos-desvio praticados em razão de servidores comissionados da
Prefeitura de Itajaí praticados pelo requerido em co-autoria com Thayana de Souza da Costa,
através de exigências de parte dos vencimentos dos servidores comissionados à disposição
do primeiro, para benefício do próprio requerido.
Até então apurado que a exigência, para fins de cumprimento mensal, dá-se
em desfavor dos seguintes servidores: Joel Antônio Ramos Júnior (desde março de 2023);
Jéssica Tavares Fagundes (entre agosto de 2022 e setembro de 2023); Susiane Cardoso
(desde maio de 2023); Leandro de Souza (mês de agosto de 2022); Samara Regina de
Jesus (desde maio de 2023); Eliane da Cunha (desde abril de 2023); Jairo da Rocha (de
janeiro de 2021 a abril de 2023); Carlos Henrique de Souza (desde janeiro de 2021); Igor
Ritchely Mirana (desde janeiro de 2021); Deivid Navel Mans Paixão (desde janeiro de 2021);
Leonardo de França (desde janeiro de 2021); Mayckon Alexandre Pereira Ramos (desde
janeiro de 2021); Guilherme Fernandes Joaquim (desde janeiro de 2021); Cristiano Castelo
da Silva (desde janeiro de 2021); Simone da Silva (desde junho de 2022); entre outros ainda
sem identificação completa.
2
Ante o deferimento cautelar de busca e apreensão e quebra de sigilos
diversos, foram amealhados uma série de documentos, além de diversos aparelhos
telemáticos e três computadores, cujas análises foram minuciosamente documentadas em
relatórios abrangentes, nos quais se destacaram fortes e numerosos elementos de prova
quanto à existência dos crimes inicialmente noticiados ao Ministério Público.
2. DOS FATOS
3
Contudo, pese os vencimentos devam servir à remuneração dos prestadores
de serviço, não é o que ocorreu no gabinete do Requerido Fábio, que, no intuito de desvio
de recursos públicos em proveito próprio e alheio, exigiu das três servidoras parte do valor
que por estas era recebido mensalmente, ação conhecida do público como “rachadinha”.
A prova dos autos é farta, inicialmente com a confirmação dos fatos pelas
três assessoras, senão vejamos:
Maria Helena Spronello: "que na época que ele (Fábio) chamou para ser
assessora já foi conversado que uma parte do salário iria para auxílio
assistenciais ou para a Thayana; que Thayana é uma assessora extra; que
na época ela trabalhava para o Fábio; que o salário dela os assessores
do gabinete que pagavam; que na época era 600 reais; que fazia pix na
conta da Thayana; que era uma obrigação; que para poder trabalhar
tinha que dar o valor".
5
De igual forma, visando o desvio de valores em proveito próprio e alheio, em
concurso material de crimes, o representado Fábio exigiu parte do salário do servidor. Do
depoimento de Gabriel extrai-se:
"que quando entrou para substituir a sua irmã; que o Fábio disse que teria
que ser feito essa devolução de valor; que seria para Thay; que Thay é
uma assessora de mídia dele; que tudo ia para essa conta da Thay; que
fazia por pix; que no começo era 620 reais; que era assessor
parlamentar; que o chefe de gabinete pagava a mais; que depois do
reajuste foi para 786 reais; que era em torno de 10% ou 15%; que não
sabe se o dinheiro era para uso só da Thay; que era uma exigência; que
a consequência era ser mandado embora".
6
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.003-00
Conversa entre Maria Spronello e Katia Regina Tavares
Como preferir
Maria
De 5.800 eu recebi
Deixa eu confirmar
2.030,30
7
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.003-00
Conversa entre Kátia Regina Tavares e Thayana Costa
Bom diaaa
Oi
Bom dia
8
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.003-00
Grupo de Whatsapp com Fabio, Fátia, Elenita, Thayana e Natália - mensagem de Fábio
9
Blza
10
O fato que este valor serviria ao pagamento por serviços de terceira pessoa
em nada diminui a gravidade do peculato cometido, ao contrário confirma o crime que faz
previsão do desvio de verba pública quer para o próprio agente dono do cargo, quer para
terceiro, devendo-se levar ainda em conta que Thayana servia a propósitos particulares do
representado Fábio, no caso, a exposição pública através da imagem propagada em mídias
sociais, ou seja, ao fim e a cabo servia a propósitos particulares, ademais que o valor
desviado para Thayana servia também ao representado Fábio, conforme se extrai das
mensagens abaixo:
Bom diaa
Pode deixar
“(...) eu acho que eu falei grego eu acho que a nossa reunião não serviu
para merda nenhuma, porque eu chamei todo mundo no gabinete conversei, oh estou
sendo grosso mesmo porque eu estou de saco cheio com isso que está acontecendo
11
(...) vocês tem que cuidar do cinco mil e quinhentos de vocês o resto tem que passar
tudo para Thay (...) com gabinete vocês tem que passar esse valor para Thay a Thay
vai tirar o dela e vai repassar o resto para mim, eu acho que fui claro gente, não quero
mais tocar nesse assunto, recebeu de manhã cedo passa no banco saca o dinheiro e
dá pra Thay” e continua “tô falando agora, se acontecer mais uma vez isso eu vou
começar a exonerar gente desse gabinete, ou minha palavra vale, porque quem manda
nessa merda sou eu, eu sou o vereador(...) e eu falei, fui claro com todo mundo(...)
então agora eu vou dizer para vocês o Fabio vai aparecer e vai sair de dentro do inferno
porque ou a coisa vai andar ou se não eu vou começar a ferrar com todo mundo
também (...) ah se já foi combinado tá combinado, merda, porra! (…)
Certíssimo vereador.
12
Em suma, o representado possuí a prerrogativa de nomear e exonerar os
servidores do gabinete e, a fim e a cabo tem a disponibilidade sobre o destino do salário
destes servidores, condição esta também observada pelo Ministro Roberto Barroso proferido
na Sessão do Pleno do STF do dia 03/11/2022, em voto de condenação de idêntico caso
apurado no âmbito da Câmara dos Deputados (AP 864).
Não bastassem tais fatos, a prova dos autos revelou que a voracidade do
requerido em obter dinheiro público de forma ilegal e moralmente ilegítima foi além dos
valores desviado dos funcionários lotados na Câmara de Vereadores. Paralelo aos fatos já
narrados, que se circunscrevem ao âmbito de relação hierárquica direta, as investigações
demonstram que o requerido possuí verdadeiro esquema montado para fins de desvio
de dinheiro público que deveriam servir à remuneração de servidores do Município de
Itajaí, o que se dá por desvio de parte dos vencimentos de funcionários contratados no
âmbito do Poder Executivo do Município, e desvio de verbas públicas recebidas por
associação da qual o representado é o chefe de fato, conforme se verificará abaixo.
Em uma conversa inicial Cristiano solicita outro cargo para aumentar seus
ganhos, inclusive propondo aumento do repasse para o representado Fábio:
13
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00
Conversa entre Conversa entre Fábio e Cristiano Castelo da Silva
Aumente a mensalidade
14
Em mensagem de áudio o representado enviou resposta:
"... Ces ficam contente com o que vocês tem que ele tá querendo tirar meus cargos
tudo..." (Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00).
15
Logo, há uma outorga de cargos à disposição do Poder Executivo Municipal,
por seu mandatário máximo, em favor do representado, para fins de apoio político. Embora
prática questionável, importa ao presente pedido que, neste contexto, em semelhança ao
que acontece na Câmara de Vereadores, o requerido dispõe dos cargos e salários dos
servidores por si indicados, e a exemplo do que ocorre no Poder Legislativo o
representado se utiliza destes cargos para fins de desvio de valores em proveito
próprio e alheio.
16
De igual forma, também foram apreendidas anotações na residência do
representado Fábio, na qual se verificam listas similares, inclusive com a anotação
"Mensalidade":
17
De referidas anotações é possível verificar que parte dos valores eram
repassadas por transferências via sistema PIX enquanto outras eram pagas diretamente em
espécie ou "dim dim".
Quanto a Joel Antônio Ramos Júnior, a prova dos autos dá conta que, de
fato, este foi nomeado mediante indicação de Fábio para ocupar cargo na Prefeitura de Itajaí,
sob a condição de entrega de parcela de sua remuneração. O requerido se utilizou dos
serviços de seu gabinete para conduzir a contratação de Joel.
18
Em 13/02/23, Fábio cobra da assessora Elenita que verifique a contratação
de Júnior, pois já estaria acertado com a Dra. Paula (Audio 003). No mesmo dia, o requerido
Fábio compartilha com Elenita outro áudio que recebeu da “Dra. Paula”, no qual ela pede a
documentação do Júnior para a sua nomeação ainda naquela semana. Sendo assim, Fábio
manda Elenita ajudar Júnior com a documentação (Audio 004).
Na sequência, Elenita envia um áudio em que avisa Fábio que Júnior juntou
a documentação, mas precisa de R$ 100,00 para fazer um exame médico. O requerido Fábio
responde que mande a “THAY” fazer um PIX de R$ 100,00 para Júnior (Audios 005 e 006).
19
Após as tratativas, no dia 15/02/23, Joel Antônio Ramos Júnior foi nomeado
para ocupar o cargo de Secretário de Unidade de Ensino de Educação Infantil – CEI Maria
Regina Coppi Vicente.
[...] que ele tem 30 indicados dele dentro da prefeitura, então esse Júnior eu
conheci ele antes de nós começarmos a trabalhar; que ele é conhecido de um
menino que trabalhou comigo quando eu trabalhava na prefeitura, no
almoxarifado da saúde e dai esse rapaz, o Luciano, veio e disse "olha eu to
precisando trabalhar"; que dai disse que iria ajudar na campanha do Fábio
sem remuneração nenhuma; que ele disse "ó tem um menino assim, ele não
20
ta pedindo emprego, mas quer ver se futuramente consegue alguma coisa";
que esse Júnior foi prometido lá no primeiro ano; que é indicação do
Fábio dentro da Prefeitura; que o Fábio que prometeu; que eu só fiz a
ponte; que quando foi para contratar o menino ele disse "ó, chama o
rapaz, pede toda a documentação para apresentar na Prefeitura, e tu vai
conversar com ele referentes aos valores que ele tem que me da".
Sim
[...] que quando foi para contratar o menino ele disse "ó, chama o rapaz,
pede toda a documentação para apresentar na Prefeitura, e tu vai
conversar com ele referentes aos valores que ele tem que me da"; que
não sabe o valor; que o menino não foi falar comigo; que ele conversou com
a Thay e a Thayana conversou com ele sobre o valor que ele ia depositar;
que sabe que ainda Fábio emprestou cem reais para ele; que o Fábio ainda
disse "tu diz para ele pagar esse valor ai e mais a mensalidade do mês senão
vou exonerar ele"; que sempre foi na base disso " se não fizer como eu quero
eu vou exonerar"; que todo mundo da a mensalidade e mais um cartão
alimentação dos funcionários da prefeitura.
22
Outras conversas foram localizadas tratando da devolução de valores de
Joel, das quais se verifica a participação de Thayana. Em uma das conversas, Thayana fala
diretamente com Joel sobre a "contribuição" de R$ 250,00, ocasião em que Joel diz que iria
depositar R$ 50,00, ao que Thayana diz que teria como o salário veio completo ele deveria
depositar o valor total exigido, senão vejamos:
Sou Joel
Oiee
Pode ser?
Ninguém me falou
23
Thay, eu já ou mandar uma mensagem aqui
pro Fábio e dai já te retorno já.
Segue comprovante
Simmmmm
24
Portanto, das conversas extraídas dos celulares, do depoimento de Elenita,
bem como dos documentos apreendidos na residência de Thayana, se extrai o modus
operandi de atuação do representado no esquema criminoso, o qual alcança não apenas
Joel Júnior mas um enorme número de funcionários da Prefeitura Municipal.
Tranquilo.
Posso marcar
25
Falamos depois
Falamos
[...] que sua filha era auditora na Controladoria; que sua filha foi exonerada;
que ela era cargo em comissão na prefeitura indicada por Fábio; que o Fábio
já havia outra vez colocado ela na prefeitura para assumir o cargo do suplente
dele; que era o Sandro; que ela ficou 30 dias; que ela ficou na ouvidoria; que
depois ele já tinha prometido que ia conseguir um emprego para ela; que
ele estava em uma situação para fazer a faculdade; que ele não sabia
fazer a faculdade; que em troca era para a Jessica ajudar ele na
faculdade, nas matérias; que dai ele conseguiria o emprego.
26
no caso, este exigiu o repasse mensal de R$ 2.000,00 para que Jéssica se mantivesse no
cargo.
[...] que dai ele conseguiria o emprego; que depois ele disse "conversa
com o Jairo que ele vai passar o valor"; que era o valor do diretor; que
Jairo passou o valor; que ele disse que o valor era R$ 1.500,00 mais o
cartão; que então teria que dar o cartão mais o dinheiro; que não deixava
sua filha ter contato direto com o Fábio; que fez um acordo com ele de
ficar com o cartão, mas dava o valor em dinheiro; que ele deixou; que
ficou por R$500,00; que ficou R$2.000,00 redondo; que ela dava para
mim; que seis horas da manhã a Thayana já cobrava.
[...] que começaram a bater de frente; que não iam pagar; que mesmo assim
pagou julho e agosto; que sofreu pressão psicológica; que pagou R$ 786,00
em julho e agosto pagou R$ 586,00; que ele ficou furioso porque acabou
pagando a menos; que em setembro não pagou; que ele chamou e falou "po
dona Kátia, vamos fazer esse pagamento da Thay"; que ele disse "poxa
coloquei sua filha ai para trabalhar"; que disse "opa, minha filha tem um
acordo com você, minha filha paga os dois mil reais"; que era mil e quinhentos
do salário e mais quinhentos do cartão-alimentação; que quanto a conversa
que Fábio enviou dia 7 explica que Fábio mandou Jairo na sua casa; que
foi referente a sua filha; que o leite derramado que eu ia chorar era a
exoneração dela; que ela foi exonerada.
27
E, de fato, as ameaças de Fábio foram concretizadas, porquanto Jéssica foi
exonerada do cargo em comissão:
3) Susiane Cardoso:
28
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00
Conversa entre Susiane e Fábio
Por sua vez, a solicitação dos valores está demonstrada por conversas
existentes entre Samara da Rocha (com quem Fábio mantém uma relação amorosa) e o
requerido Fábio. Do celular apreendido de Samara, extraiu-se conversas com o vereador
Fábio, tais quais a de 02/06/2023, às 12h04min54s, Fábio pergunta para Samara se sua
amiga Suzi não saberia da mensalidade. Por sua vez, Samara responde que iria
verificar a situação e retornaria com a resposta em seguida. Fábio continua a conversa
dizendo que o valor é 250. Samara retorna com a resposta de que Suzi não teria a chave
PIX cadastrada, e por isso não estava conseguindo efetuar os pagamentos. Fábio desta vez
cita que a Thay já havia falado com Suzi que não poderia mais ser PIX e sim por cédula
(dinheiro). Samara confirma com um “OK”.
29
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00
Conversa entre Samara da Rocha e Fábio
Oi
Nega
Já vou ver isso até sabe mas não falei que era cedo
Já ligo lá
250 ta nega.
Ok
Obrigado ta nega
30
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.006-00
Conversa entre Thayana e Susiane
Blzzz
Obrigadoooo
31
No mesmo mês, no dia 16/05/2023, Susiane faz um novo PIX para Thayana,
no valor de R$ 200,00, conforme demonstra a imagem impressa a seguir:
32
O nome de Susiane, sob o apelido de Susi, também foi encontrado na
listagem contida nas anotações da "mensalidade" em um caderno apreendido na casa de
Thayana:
Desse modo, inexistem dúvidas de que Susiane foi indicada por Fábio para
exercer cargo em comissão na Prefeitura, porém mediante repasse de percentual de seu
salário, conforme esmiuçado acima.
4) Leandro de Souza
Boa tarde
Tudo certo?
Entendi
Blz
Não esquenta
33
No início das tratativas, Fábio menciona que o cargo seria para 31 dias e, no
mesmo instante, informa que essa indicação é justamente para rachar o salário. Ou seja,
Leandro foi contratado justamente para o vereador se beneficiar de parcela de seu salário -
diga-se, valores que saíram dos cofres públicos.
Entendi
Vamos conversar
Ok
34
Conforme tratativa anterior, decorridos os 31 dias, Fábio envia uma
mensagem a Leandro cobrando os valores.
Bom dia primo tudo bem por ai? Quando der vc pode
fazer o pix do restante agradeço, blza
Tudo certo
35
Nem sabia que tinha mais
E por ai?
Eu faço
Fecho
Obrigado
36
Em conversa de 08 de maio de 2023 entre o representado Fábio e a pessoa
de Mayckon, também servidor comissionado indicado, cujo contato se anota com o
pseudônimo de "Mayckon Biriba", há pedido de Fábio para que Mayckon verifique a
nomeação de três pessoas indicadas para ocupar cargo em comissão, dentre eles um cargo
destinado à ocupação de Sâmara Regina de Jesus:
Ok
37
Acha a nomeação de Samara Regina de Jesus pra
mim
Ok
38
O Portal Transparência do Município de Itajaí confirma a nomeação:
39
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.006-00
Conversa entre Samara e Thayana
O valor é de R$ 250,00
Mando no pix
Isso
05076306962
40
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.006-00
Conversa entre Samara e Thayana
Pode ser
Tranquilo
Por fim, é possível verificar o nome de Samara anotado em meio a lista com
vários comissionados e que se refere aos valores pagos mensalmente por estes em função
do esquema criminoso engendrado pelo representado.
6) Eliane da Cunha:
Segundo prova dos autos Eliane da Cunha alcançou cargo público por
intervenção do representado e, de igual forma, era instrumento para fins de desvio de
dinheiro público.
41
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00
Conversa entre Fábio e Jairo
Td certo?
Eliane da Cunha
42
Como parte do esquema de desvio de valores público engendrado, também
a Eliane se exigiu que entregasse ao vereador Fábio parte de seu salário.
Oiiiiii
05076306962
43
Bom diaaaa
Obrigadaaaa
05076306962
Só confirma
É esse o pix
7) Jairo da Rocha:
Segundo prova dos autos Jairo da Rocha alcançou cargo público por
intervenção do requerido e, de igual forma, era instrumento para fins de desvio de dinheiro
público.
Deus abençoe
45
Por sua vez, embora Jairo se apresentasse como um braço do vereador
Fábio na estrutura da Prefeitura, também a este se exigia o depósito de valores mensais.
46
8) Carlos Henrique de Souza (Caveira):
47
A exemplo dos demais também a Carlos (Caveira) se exigia parte dos
vencimentos.
48
Carlos, sob o pseudônimo de Caveira, também é uma constante nas
anotações apreendidas nas residências de Thayana e Fábio:
As mensagens trocadas entre Fábio e Igor, dão conta que são pessoas de
relacionamento próximo, e tratam, frequentemente de questões ligadas a futebol e serviços
na horta comunitária, sendo que se denota a obrigação que Igor tem em prestar serviços
junto à Horta, em indício que tal serviço é uma das obrigações de Igor em face do cargo
comissionado que ocupa.
Conforme constatado pelo GAECO, de fato Igor foi nomeado para ocupar
cargo comissionado junto ao município de Itajaí e trabalha exercendo a função de Assessor
I na Secretaria de Desenvolvimento de Itajaí, cargo ao qual foi admitido em 25/01/2021 e
pelo qual recebe o salário líquido mensal de R$ 4.729,93.
49
A exemplo dos demais, também a Igor, como contraprestação pelo cargo
público, se exige parte dos vencimentos.
Faltou a horta
Oiiii
50
Bom dia
Troco e dou
Bom diaaa
51
Do celular de Thayana ainda possível verificar outros comprovantes de
pagamento realizados por Igor:
52
O nome de Igor também está presente nas listas de pagamentos nas
anotações apreendidas nas residências de Thayana e Fábio:
Opa primo
O arroz é diretor
53
Massa parabéns
Ele merece
54
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00
Conversa entre Fábio e Cristiano
Pq?
O normal qual é
Tu fez pix
Ou deu aqui?
Blza....se foi pix eu olho no extrato pra gente
saber
Não lembro
55
11) Leonardo da França:
56
Em consulta ao portal transparência se verifica que Leonardo ocupava
gerência na Secretaria de Saúde e foi promovido para ocupar cargo de Diretor junto à
Secretaria de Urbanismo.
Bom dia
05076306962
57
Manda pix thay
05076306962
Quando foi exigido a Leonardo um aumento do repasse, o próprio Fábio enviou mensagem
informando, senão vejamos (Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.006-00):
Por fim, Leonardo, que atende pelo apelido de Leo, é figura presente no
controle de recebimento de valores exercido por Thayana e por Fábio, conforme anotações
apreendidas:
58
12) Mayckon Alexandre Pereira Ramos:
59
A exemplo dos demais, Mayckon Alexandre Pereira Ramos repassava
valores de seu salário ao requerido Fábio.
Oiii
Como já teve pix...dessa vez pode ser...mas
na próxima pego em mãos.
Depois vou ai
Por fim, Mayckon, ora pelo nome Maickon, ora pelo apelido Biriba, está
arrolado entre os que mensalmente pagam parte de seus salários em favor do vereador
Fábio, conforme anotações apreendidas:
60
13) Guilherme Fernandes Joaquim:
Já faço
Amanhã cedo
61
Em consulta ao portal transparência se verifica que Guilherme ocupa cargo
de Assessor II junto à Secretaria Municipal de Obras.
62
Inclusive no Computador apreendido na Câmara de Vereadores foi
encontrado comprovante de repasse:
63
Por fim, também Guilherme está arrolado nas listas de controle de Thayana
e Fábio:
64
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.005-00
Conversa entre Fábio e Cristiano
Aumente a mensalidade
Kkkk
Me bote de diretor
65
Ademais da conversa já mencionada, há outras provas que Cristiano
repassava parte de seu salário ao requerido Fábio, como comprovante de depósito
encontrado em computador apreendido na Câmara de Vereadores, a saber:
66
15) Simone da Silva:
67
Bom dia irmão
Simone da Silva
Tudo bem?
Obrigada!
68
Entre final de 2022 e Início de 2023, o esquema se repete:
OK
Bom dia
69
Assim como os demais, também Simone se submete ao repasse de parte do
salário:
70
16) Os mesmos fatos ocorrem com outros funcionários comissionados da
Prefeitura de Itajaí, sem que se saiba ainda a qualificação completa, como por exemplo:
a) Fernanda de tal:
b) Theo de tal:
71
c) Dabaga:
72
Somam-se a estes nomes os prenomes ou seguintes apelidos: Ventura,
Paula, Sabrina, Débora, Bruna e Luciana, os quais podem ser extraídos das anotações
encontradas na residência de Thayana:
73
As provas listadas acima dão conta de organizado esquema que visa o
desvio de verbas publicas em favor do requerido Fábio, o qual se dá ante a exigência de
parte do valor dos vencimentos dos servidores comissionados por si indicados, valores estes
que são recebidos e gerenciados por Thayana Costa.
74
De fato, das conversas entre Samara e Fábio denota-se que este paga
contas em favor de Samara, senão vejamos:
Seja homem
75
Não não, não vou precisar de pix não, traz
dinheiro, dinheiro vivo, melhor
76
A ADESI, foi fundada em 28/04/2007, sendo presidida, a partir de 2017, por
Fábio Guedes, conforme o próprio destaca em seu perfil publicado no sítio eletrônico da
Câmara de Vereadores de Itajaí:
77
Após a renúncia em razão da vereança, assumiu a presidência da
associação a pessoa de Kátia Regina Tavares - assessora parlamentar do vereador – e como
vice-presidente a pessoa de Diego Fernandes – irmão do requerido. Logo na sequência, em
21 de agosto de 2021, Diego Fernandes foi eleito presidente da associação e, por sua vez,
o cargo de vice ficou para Kátia. Ainda, da Ata da Assembleia Geral Ordinária, verifica-se
que outros componentes da entidade são aqueles que foram vítimas da "rachadinha"
praticada pelo vereador, tais como Jairo da Rocha, Deivid Navel Mans Paixão, Jéssica
Tavares Fagundes, Eliane da Cunha. Isto demonstra que, mesmo deixando o cargo de
presidente da entidade associativa, o vereador deixou pessoas vinculadas a si, seja por
parentesco, seja por subordinação laboral, seja por favores de indicação política, para
compor a associação (fls. 188/189):
78
Entretanto, em que pese tenha renunciado formalmente ao cargo de
presidente da associação, o vereador continuou a controlar a mesma, sendo o responsável
pelas tomadas de decisões.
[...] que daí eles tiraram a declarante da presidência; que colocaram o Diego;
que quem cuidava de tudo era a declarante; que as ordens vinham do Fabio;
que o Diego só emprestava o nome; que Diego só ficava lá por ficar; que ele
nunca fez nada; que ele sabia o que assinava.
[…] que Diego é irmão do Fábio; que o Fábio já foi presidente da Adesi antes
de ser eleito; que na associação ele ganhou uma notoriedade; que ele fez
esse projeto da Horta; que quando ele sai ele coloca o irmão dele ali; que o
irmão dele era só uma figura, quem mandava era o Fábio; que a Katia era
vice-presidente; que a Katia é assessora do Fabio; que eu escrevi os projetos
de 2022 e 2023.
79
Maria Helena Spronello relata:
[…] que a horta é da Adesi; que no papel está o Diego, mas o Fábio e a dona
Katia que cuidavam.
Laudo Pericial n.
Conversa entre Diego Fernandes e Kátia
E o William também
80
Cheque CNPJ
Laudo Pericial n.
Conversa entre Kátia e Diego
Passa o nr
CNPJ 08.912.846/0001-00
Obrigado
81
A partir do mês de fevereiro do corrente ano, novamente Katia solicita
assinaturas de Diego, inclusive mencionando que enviaria os documentos por meio do
requerido Fábio:
Laudo Pericial n.
Conversa entre Kátia e Diego
Ademais, como prova que o vereador possuía total controle sobre a ADESI,
nos computadores apreendidos em seu gabinete (Mesa 01 e Mesa 02), encontraram-se
minutas de documentos referentes à ADESI, o que demonstra que a entidade era
gerenciada de dentro da Câmara de Vereadores.
82
Ainda, outros arquivos de documentos relativos a mesma associação eram
confeccionados a partir do dispositivo de patrimônio da Câmara de Vereadores de Itajaí.
83
Há vários outros documentos encontrados nos computadores que dão conta
da confusão entre ADESI e Gabinete do Vereador, ora requerido, Fábio Guedes.
[...] que o Fábio não escrevia nada, só pedia né; que ele optava pelo fomento;
que ele dizia que iria conseguir o fomento para Adesi; que se dizia que ele
ia conversar com o pessoal do Semasa; que realmente quando os projetos
eram inscritos eram aprovados.
Entretanto, grande parte das verbas públicas recebidas não eram utilizadas
para os fins previstos no projeto anteriormente apresentado, ao contrário, conforme será
narrado em detalhes abaixo, parte dos gastos eram simulados de forma que era possível o
retorno de dinheiro vivo à ADESI, em verdadeira apropriação do dinheiro público. Como
84
forma de justificar o emprego dos valores recebidos, as prestações de contas apresentadas
ao SEMASA eram falsificadas mediante a apresentação de notas fiscais fraudadas, bem
como pagamentos de funcionários que jamais trabalharam na associação.
85
Juntamente com o projeto foi anexada planilha, dando conta, em detalhes,
de quais seriam os gastos com encargos salariais de supostos funcionários que trabalhariam
na ADESI e seriam necessários para execução do projeto, em resumo se apresentou o
seguinte quadro:
86
Em face do projeto apresentado, a Autarquia Municipal SEMASA firmou com
a referida associação o Termo de Fomento n. 014/2021, no valor de R$ 54.398,62 (fls.
208/216):
87
Por sua vez, no início do ano de 2022, foi apresentada a prestação de
contas dos recursos utilizados. Contudo, verificou-se que a prestação de contas era em parte
ideologicamente falsa, em que pese a declaração firmada por Diego Fernandes alegando
que "os recursos públicos foram rigorosamente aplicados segundo o plano de trabalho".
88
THAYANA DE SOUZA DA COSTA (assistente particular de Fábio)
LUIZ ZICO FAGUNDES (esposo de Kátia)
89
90
91
Pese os documentos apresentados, constatou-se que os funcionários
constavam formalmente no quadro de empregados, mas nem sequer compareciam no local.
[…] que ele fazia o fomento e desviava o dinheiro; que não sabe valores;
que ele conseguia o fomento da Adesi; que realmente os projetos da Adesi
eram aprovados para receber do Semasa; que auxiliou a escrever o projeto
da Adesi com relação ao Semasa em 2022 e 2023; [...] que Hilda Klock é
sua mãe; que a Hilda fez a questão do fomento um ano antes de entrar; que
sabe que assinou a carteira dela; que acha que era só no papel; que recebia
92
o valor e repassava ao Fábio; que Luiz Zico é marido da Kátia; que imagina
que era a mesma situação da Hilda; que não trabalhava, nem recebia.
93
94
Inclusive, existia uma planilha sobre os valores pagos relativos a primeira
parcela do décimo terceiro salário de Deivid, Tchaira, Luiz Zico e Thayana no ano de 2021.
Chama a atenção a segunda coluna nomeada por “retornou”, onde é possível verificar que
os valores foram integralmente devolvidos:
95
A planilha demonstra que as notas fiscais da S3 Organização Contábil,
apresentadas na prestação de contas de 2021, são inverídicas.
Porém, não é só, observando a mesma planilha, fica claro que Roberto Yokio
também colaborou com o esquema, retornando o valor de R$ 2.000,00 à associação. A nota
fiscal da suposta prestação de serviços de Roberto também foi apresentada na prestação de
contas:
96
Corroborando que as notas fiscais são fraudadas, retirou-se conversa do
celular de Kátia com a contadora Daniela dos quais tratam de pagamentos e respectivos
comprovantes. Observa-se que Daniela pede o pix de Kátia para transferir valores.
Bom dia
Bom dia
Do beto?
Dois mil
Sim
É o CNPJ
37395751000164
É no nubank também
97
Laudo Pericial n. 2023.08.09171.23.007-00
Conversa entre Kátia e Daniela
Já vou fazer
Quero transferir
641.986.429-15
98
As próximas planilhas convergem com o que foi dito até aqui, tendo em vista
que os valores eram pagos e muitas vezes devolvidos de forma integral, como podemos
observar nas imagens colacionadas abaixo:
99
À vista do exposto, diante de tais práticas, caracterizados estão os crimes
de peculato-desvio e falsidade ideológica.
100
Uma Nota Fiscal referente aos serviços da R$ 600,00
empresa S3 Organização Contábil
101
Posteriormente, no dia 26 de abril de 2022, o SEMASA determinou que o
plano de trabalho fosse refeito, bem como a readequação do cronograma de desembolso (fl.
531). Após as alterações, no dia 10 de junho de 2022, o SEMASA firmou com a ADESI o
Termo de Fomento n. 003/2022, no valor de R$ 98.450,54 (fls. 569/576):
102
Contudo, novamente, os valores não contaram com a destinação
anteriormente informada à Autarquia Pública, antes foram desviados para outras finalidades.
Sabe-se que, uma relevante parte do dinheiro recebido não se destinou ao
fim esperado, sendo que várias notas e informações prestadas ao SEMASA quando da
prestação de contas eram apenas fictícios e não encontraram respaldo na realidade.
Na relação de documentos apresentados, novamente, a Adesi listou os
gastos com funcionários que nunca laboraram na entidade, além de fictícios termos de
rescisão de contratos de trabalho, como por exemplo os documentos abaixo:
103
Conforme visto acima, tais funcionários não trabalhavam na entidade e,
segundo apurado, devolviam à Associação o dinheiro recebido. Ainda, juntou-se na
prestação de contas as guias de recolhimentos referentes ao Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço (fls. 631/634), valores que na rescisão foram devolvidos ao requerido Fábio,
conforme explicado por Kátia – depoimento transcrito quando do primeiro Termo de
Fomento.
Além disso, mais uma vez, a ADESI apresentou notas fiscais
ideologicamente falsas, a principiar pelas seguintes notas relacionadas aos supostos
serviços de contabilidade, visto que parte dos valores foram devolvidos à instituição e
repassados ao requerido.
104
Importante pontuar que, no dia 11 de junho de 2022, a ADESI contratou a
empresa S3 Organização Contábil, administrada por Daniela Keiku, para prestação de
serviços contábeis referentes ao Termo de Fomento n. 003/2022. No instrumento contratual,
ficou acordado que os pagamentos pelos serviços se dariam em cinco parcelas de R$
1.400,00:
105
No notebook apreendido de Kátia havia planilhas demonstrando que, de fato,
a contadora Daniela sempre devolvia parte dos valores recebidos, inclusive referente Nota
Fiscal no valor de R$ 1.400,00, emitida em julho de 2022:
106
Outras notas fiscais apresentadas e que ficaram comprovadas que são
ideologicamente falsas se referem àquelas em nome de Gerson Floriano, conhecido como
Abelha.
Nesse sentido, no dia 12 de junho de 2022, a ADESI firmou contrato de
prestação de serviços de coordenação, gestão de pessoal, plantio, colheita, distribuição,
assessoria e execução do projeto de constituição da Horta Comunitária, com a pessoa de
Gerson Floriano, referente à colaboração no Termo de Fomento n. 003/2022. No contrato
ficou acordado que Gerson receberia cinco parcelas no valor de R$ 12.290,60 – quantia
resultante do fomento- totalizando o valor de R$ 61.453,00 (fls. 656/660):
107
108
O contrato acima consta na prestação de contas apresentada pela ADESI
ao SEMASA, juntamente com notas fiscais nos valores das parcelas contratadas.
Entretanto, embora o instrumento contratual e as notas fiscais constarem no
valor mensal de R$ 12.290,60, restou comprovado que Gerson recebia efetivamente, o valor
mensal de R$ 2.500,00 em um primeiro momento e R$ 4.500,00 em um segundo momento,
sendo que o saldo era devolvido à ADESI.
A comprovação de que Gerson recebia menor valor do que o apontado nas
notas fiscais pode ser retirado de seu próprio depoimento nesta Promotoria de Justiça, no
dia 30 de junho deste ano:
[…] que em meados de fevereiro de 2022 começou a trabalhar com eles; que
na horta começou sozinho com outro funcionário pago pela Adesi; que
trabalhou com eles até outubro de 2022; que fez um contrato com a Semasa;
que tem empresa; que era repasso um dinheiro para o declarante do Semasa;
que era um contrato com a Adesi e com o Semasa; que da conta tirava o
seu valor e passava o restante para eles; que o valor do declarante era
R$ 4.500,00; que começou com R$ 2.500,00; que recebeu uns seis meses
assim; que depois contratou outra pessoa; que o Semasa passava uns 12 mil
reais; que o dinheiro era devolvido para a Katia; que o valor foi combinado
com o pessoal da Adesi; que tratou com o presidente que é irmão do Fabio
Negão; que eles falaram nós vamos precisar e você para fazer o contrato; que
como tinha uma MEI dai aceitou; que antes de ser vereador ele já trabalhava
com a horta; que com relação aos valores não falou com o Fábio.
109
Também resta claro que a responsável por administrar os valores recebidos
seria KATIA. Também foi possível constatar que Gerson (Abelha) já trabalhava para Fabio
em março de 2022, pois o mesmo solicitou adiantamento salarial (“vale”) no dia 18/03/2022.
Vale lembrar que KATIA ocupa cargo comissionado junto ao Gabinete do Vereador FABIO.
Vale ainda citar que ABELHA sempre solicita a FÁBIO permissão para pedir
algum valor para KATIA, conforme se verifica na conversa do dia 09/09/2022.
110
Boa noite irmão
111
Portanto, verifica-se que Fábio e Gerson possuíam contato com relação aos
assuntos da ADESI, inclusive falavam sobre os pagamentos referentes ao salário de
Gerson.
[...] que fazia sempre um recibo para ele; que era dois mil e quinhentos; que
o dinheiro retornava; que depois Fábio acordou com o Gerson de dar a
marmita para ele; que era comprado no restaurante da irmã do Fábio.
112
113
Logo, do controle de caixa elaborado por Kátia, mais uma vez, confirma-se
que Gerson recebia valor inferior do que constavam nas notas fiscais, o que era do
conhecimento, inclusive, de Gabriel Spronello (a partir dos 13 minutos):
114
o valor de três mil; que o resto era devolvido para o Fabio; que a
Katia foi com ele abrir conta bancária; que no dia que caia o dinheiro
pegava o valor, repassando a quantia de três mil reais; que o restante
ela trazia e devolvia para o Fábio.
Desse modo, as notas fiscais em nome de Gerson Floriano possuem
inserção de dados falsos, visto que o beneficiário não recebeu todo o valor constante nos
documentos, ao revés, o dinheiro, oriundo de verba pública foi desviado sob gerencia do
requerido.
Ainda na prestação de contas referente ao fomento de 2022,
evidenciou-se que outra nota fiscal era falsa, cuja emitente foi a empresa Celso
Ricardo de Oliveira EPP, nome fantasia, Itapema Jardinagem, no valor de R$ 12.997,54:
115
A falsidade da referida nota fiscal está demonstrada por diversos elementos
colhidos ao longo da investigação dentre eles o depoimento de Kátia Regina Tavares (a partir
dos 46 minutos):
[...] que do Celso só foi pago o imposto; que o resto voltou; que é
a nota de 28.07.22; que esse dinheiro foi pagando coisas que o Fábio
pagava, comprado verdura que são dadas para o pessoal junto com a
colheita da horta; que ele incrementava com essas verduras.
116
Não bastassem as notas falsas até então listadas, a fraude perpetrada pelo
requerido, mediante a utilização da Associação ADESI foi repetida na nota fiscal em nome
de Jucemar Limas Teixeira Ferragens:
117
Ressalta-se, que Jucemar é sócio da empresa Lu Materiais de Construção e
labora na Prefeitura de Itajaí.
Kátia Regina Tavares, pessoa de confiança de Fábio, assim declarou (a
partir dos 51 minutos):
[...] que quanto a nota fiscal de R$ 11.990 em nome do Jucemar informa
que essa foi a que retornou; que só foi paga o imposto; que essa é a
do Lu.
Quanto a referida nota, há conversas entre Kátia e o requerido confirmando
o que até então tem se alegado. Em uma das conversas, Fábio fala com Kátia sobre o
"negócio da nota". Em primeiro lugar, chama a atenção duas mensagens de voz que FÁBIO
envia pelo aplicativo WhatsApp para KÁTIA, afirmando que a loja Lú Materiais de Construção
faria “o negócio da nota que eles precisavam”.
A exemplo do fomento anterior, ante a fraude apresentada, as contas foram
julgadas regulares pelo Semasa, o qual foi induzido em erro:
118
Logo, o requerido, mandante de fato da ADESI, é o responsável pelo
esquema fraudulento criado para desviar recursos públicos, bem como, em comunhão de
esforços, pela fraude na prestação de contas levadas à autarquia pública SEMASA, à qual
se apresentaram documentos particulares ideologicamente falsos, com o fim de alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante, diante da emissão de diversas notas fiscais
descrevendo a prestação de serviços ou aquisição de produtos que jamais existiram, ou que
apenas existiram parcialmente (contabilidade).
Sobressai, portanto, que houve desvio de finalidade quanto ao uso da verba
pública oriunda do SEMASA, bem como uma série de falsos ideológicos que serviram à
prestação de contas.
Total: R$ 89.594,83
119
Diante disso, no dia 9 de maio de 2023, o Semasa firmou com a Associação
o Termo de Fomento n. 007/2023, no valor de R$ 34.900,00:
120
Nada obstante o SEMASA não encaminhou a prestação de contas a esta
Promotoria, há indícios de que o requerido está reiterando na prática criminosa. Tal indício
se denota das palavras de Kátia Regina, que em seu depoimento informou que:
Que Fábio em seguidinha falou rapidamente da Adesi; que ele disse que
havia conversado com o diretor da Adesi que viria dinheiro novamente no
mês de setembro e que iria fazer pagamentos; que então a declarante
perguntou a Fábio “ que dinheiro?”; que a declarante inclusive chamou o
Diego e William pra ir até sua casa porque ia explicar exatamente isso, ou
seja, que acabou o fomento; que Fábio queria que fizesse um novo fomento;
que Fábio disse “A mas a senhora vai fazer um novo projeto né?”; que então
ficou quieta; que disse “não”.
OK
Bom dia Lu
A caminho
121
CPF/CNPJ 42551860000163
Banco Alios: 085
Agência: 0101-5
Conta 1301719-5
Tipo: conta corrente
Por último, como já mencionado, consta uma nota fiscal emitida dois dias
depois (02/06/2023) em nome da Associação ADESI para a empresa Jucemar Limas Teixeira
Ferragens, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais):
122
Logo, há indícios suficientes que o requerido está reiterando na prática
criminosa, utilizando de recursos públicos em favor da ADESI, salientando que as hortas
comunitárias e a própria ADESI são fatores de publicidade para o requerido, conforme é
possível verificar em simples pesquisa de internet.
3. DO PERICULUM LIBERTATIS
123
A prisão preventiva, modalidade de medida cautelar pessoal, está
condicionada à presença do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. O primeiro
requisito enseja a análise judicial da plausibilidade da medida pleiteada ou percebida como
necessária a partir de critérios de mera probabilidade e verossimilhança e em cognição
sumária dos elementos disponíveis no momento, ou seja, basta a existência de elementos
que confirmem a presença de prova da materialidade e indícios de autoria do delito. E ambos
se fazem presentes, conforme se demonstrou claramente nos vastos tópicos anteriores
deste pedido.
O periculum libertatis, ora examinado, é necessário para o deferimento de
ambas as modalidades de prisão cautelar. O requisito citado caracteriza-se pelo risco
emergente da situação de liberdade do agente. Em outras palavras, compreende o perigo
concreto que a permanência do suspeito em liberdade acarreta para a investigação criminal,
o processo penal, a efetividade do direito penal, a segurança social e a ordem pública.
In casu, a permanência em liberdade do investigado FÁBIO GUEDES,
macula muitos desses importantes valores fundamentais, uma vez que a conveniência da
instrução criminal e a garantia da ordem pública restarão abaladas, conforme se passa a
demonstrar separada e minuciosamente:
124
125
E, de fato, não se trata apenas de divulgação vazia de fontes, eis que a
reiteração criminosa está comprovada, pois, nos depoimentos colhidos na data de 27/09/23,
nesta Promotoria de Justiça, Elenita e Kátia afirmaram que após a busca e apreensão o
vereador chamou as depoentes e “EXIGIU A CONTINUIDADE DOS PAGAMENTOS”,
porque “ISSO NÃO IRIA DAR NADA” – referindo-se as investigações. Além disso, o
vereador disse “Ó a Natalia já pagou”, demonstrando que outros servidores continuam
devolvendo parte dos salários. Segundo as testemunhas, no dia 5 de setembro do corrente
ano, as exigências para a devolução de parte do salário foram reiteradas.
Com efeito, a primeira premissa a se considerar neste pedido é que
nenhuma das demais medidas cautelares previstas na legislação seriam suficientes
para impedir o avanço do sistema, bem como garantir que as investigações
transcorressem como demanda o princípio republicano. Apenas com a medida extrema
da segregação preventiva os direitos dos cidadãos de Itajaí estarão devidamente
resguardados.
Isso porque o Requerido detém, além de notório poder sobre seus
subordinados, influência direta entre vários servidores municipais, razão pela qual restam
insuficientes quaisquer das medidas no art. 319 do Código de Processo Penal.
126
No que diz respeito à hipótese de “garantia de ordem pública”, que autoriza
a segregação preventiva, Renato Brasileiro de Lima esclarece que:
127
Reitera a convicção que, sem a intervenção judicial, o requerido continuará
na senda de delitos, o fato que esta não é a primeira ocorrência que o envolve em atividade
criminosa contra a administração pública. O requerido Fábio já foi denunciado nesta
Comarca pelo delito de corrupção passiva nos autos n. 5026387-87.2021.8.24.0033, em
razão de ter exigido do empresário Nelson Nantes vantagem indevida, consistente em
receber valores decorrentes do Contrato n. 005/2015, firmado entre a Empreiteira de
Mão de Obras Nantes Ltda. ME., de propriedade do empresário, e o Município de Itajaí,
para prestação de serviços de jardinagem.
Retira-se da denúncia:
128
Logo, segundo o andamento da negociação os requeridos visavam
receber, a partir do mês de maio de 2019, um valor mensal equivalente
ao recebido pelo empresário em face de 08 (oito) funcionários que
estariam na prestação de contas embora não tivessem prestado o
serviço. É possível estimar que os requeridos visavam a obtenção de
vantagem em torno de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mensais.
129
Diante deste cenário, a possibilidade de reiteração criminosa deve ser
dissipada com a decretação da custódia antecipada do requerido, de modo a evitar a
sequência de delitos e o rombo nos cofres do Município, e como modo de evitar que se siga
com a as reiteradas práticas ilegais como se esta fossem legítimas, quando, ao revés, são
criminosas.
Referente a caso análogo, pode-se transcrever a ementa parcial do seguinte
acórdão do Superior Tribunal de Justiça:
130
O poder de influência em razão do cargo de vereador, ocupando posição de
ascendência em relação as dezenas de servidores públicos do Município de Itajaí que foram
por si indicados, certamente influenciará nos depoimentos que ainda serão tomados.
[…] que procurou um colega e ele pediu para que eu tivesse uma
proteção; que perguntou se ele podia orientar se poderia ter alguma
proteção; que tem medo que aconteça algo com a sua mãe porque
é idosa; que ele tem a fama de ser traficante; que ele continua
sendo traficante; que as pessoas comentam que ele não é flor que
se cheira; que ele tem um passado.
131
De igual forma, Katia disse:
[…] que tem medo; que tem medo dele fazer alguma coisa; que ele não
é gente pequena; que mora na mesma rua dele; que ele passa na frente
da sua casa todo dia; que seu marido fez uma cirurgia do coração; que
tem muito medo; que seu marido disse “Kátia cuida, nós não temos
segurança nenhuma”; que o Jairo ficou atrás da depoente antes da filha
ser exonerada; que Jairo ia na sua casa.
132
As mensagens trocadas com a ex-servidora Maria Spronello, com quem o
requerido manteve relações amorosas também dão conta da personalidade deste, conforme
bem se anota em relatório apresentado pelo GAECO:
133
Evidente que se trata de pessoa violenta, que não mede suas palavras, aliás,
o relatório apresentado dá conta de uma série de ofensas em desfavor da ex-servidora Maria
Spronello.
Excelência, por mais grave que seja a privação cautelar de um vereador, não
se pode olvidar que, no caso concreto, o investigado, como revelou detalhadamente a
apuração, foi o maior beneficiário do esquema criminoso por si engendrado,
enriquecendo ilicitamente sob as custas do patrimônio público. Também ficou
evidenciado que Fábio visa ocultar dos olhos da população as condutas por ele praticadas
conscientemente contra a lei, sob o manto da “caridade” e por fim, que apresenta real
ameaça às testemunhas, à investigação e à instrução criminal.
Colhe-se da Jurisprudência:
134
FEDERAL SOBRE O CONCEITO DE SALA DE ESTADO-MAIOR.
IMPROPRIEDADE DOS ARGUMENTOS. DESNECESSIDADE DO
RECOLHIMENTO SE DAR EM SALA DE INSTITUIÇÃO MILITAR.
PRECEDENTES DA SUPREMA CORTE. INFORMATIVO 778.
INFORMAÇÕES PRESTADAS PELO GERENTE DA UNIDADE PRISIONAL
NO SENTIDO DE QUE O PACIENTE ESTÁ RECOLHIDO EM LOCAL COM
INSTALAÇÕES E COMODIDADES CONDIGNAS COM A PROFISSÃO.
AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRECEDENTES.
APONTAMENTO SOBRE O ESTADO DE SAÚDE DE FAMILIARES
[ESPOSA E FILHOS]. DOCUMENTOS ANEXADOS QUE NÃO EVIDENCIAM
A GRAVIDADE RECLAMADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
VERIFICADO. ORDEM CONHECIDA EM PARTE E DENEGADA. (TJSC,
Habeas Corpus (Criminal) n. 4027655-69.2019.8.24.0000, de São Bento do
Sul, rel. Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, Quinta Câmara
Criminal, j. 26-09-2019, grifou-se).
Enfim, com esteio no art. 313, inciso I, do Código de Processo Penal, verifica-
se que está presente hipótese de cabimento da medida, pois, os delitos imputados ao
requerido possuem pena privativa de liberdade abstratamente cominada muito superior a 4
(quatro) anos.
135
Ressalta-se, para arrematar, este país tem sido assolado com crimes cada
vez mais graves praticados por ocupantes de cargos políticos, privando que os entes
públicos exerçam sua missão de possibilitar o bem comum do povo brasileiro, de modo que
se exige dos órgãos públicos, dentre eles o Ministério Público e o Poder Judiciário, forte
atuação repressiva, dando-se à sociedade a resposta que se espera.
4. PEDIDO
136