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PRR1ª REGIÃO-MANIFESTAÇÃO-21670/2022

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA REGIONAL DA REPÚBLICA DA 1ª REGIÃO

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1010543-73.2020.4.01.3300/BA


APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

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APELADO: ZILKAR MENEZES WEBER
RELATOR(A): DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO RIBEIRO - 4ª TURMA

Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região,


Colenda Turma,

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PARECER

PENAL E PROCESSUAL PENAL. APELAÇÃO


CRIMINAL. ESTELIONATO MAJORADO. ART. 171, §
3º, DO CP. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO.
PROVAS SUFICIENTES DA AUTORIA DELITIVA.
PARECER PELO PROVIMENTO DO RECURSO.

I
RELATÓRIO
Trata-se de apelação interposta pelo Ministério Público Federal contra
sentença prolata pelo MM Juízo Federal da 17ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária da
Bahia (id. 177640555) que pronunciou a prescrição da pretensão punitiva do
Estado, declarando extinta a punibilidade do delito atribuído a Zilkar Menezes Weber e Zilda
Maria de Menezes, nos termos do Art. 107, inciso IV, c/c o Art. 109, III, ambos Do Código
Penal.
De acordo com o MPF, entre agosto de 1992 e julho de 2016, Zilkar Menezes
Weber e Zilda Maria De Menezes, obtiveram, para si e para outrem, vantagem ilícita em
prejuízo do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, consistente nos saques, após o óbito
do titular, de parcelas do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, titularizado
por Karlos Weber Filho, pai do primeiro e esposo da segunda denunciada. A obtenção da
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vantagem somente foi possível porque os denunciados dolosamente ocultaram do INSS a
morte de Karlos, ocorrida em 24/08/1992, o que permitiu que o órgão pagador, induzido em
erro, continuasse depositando os valores atinentes ao benefício de aposentadoria
Informou ainda que com essa conduta, os agentes causaram um prejuízo à
União estimado em R$ 979.819,32 (novecentos e setenta e nove mil, oitocentos e dezenove
reais e trinta e dois centavos), atualizado até 15/08/2017.
Convém destacar que, em sede de alegações finais, o MPF requereu a
condenação apenas de Zilkar Menezes Weber pela prática do crime, tendo em vista que
restou comprovado que Zilda Maria de Menezes não foi autora de saques indevidos.

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Em suas razões recursais (id. 177640560), sustenta o MPF a
inocorrência da prescrição da pretensão punitiva e a existência de provas suficientes para
comprovar que o apelado Zilkar Menezes Weber praticou o delito do art. 171, §3º, do
Código Penal, merecendo, portanto, reforma a sentença proferida pelo d. juízo.
A defesa apresentou contrarrazões (id. 177640570) e os autos foram enviados
para o TRF da 1ª Região.
É o relatório. Passo à manifestação.

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II
PRESCRIÇÃO
Registre-se que, para uma regular prestação jurisdicional, faz-se necessária a
análise da situação prescricional do crime em comento.
Inicialmente, cumpre destacar que, ao contrário do sustentado na sentença
combatida, o crime ocorreu até o ano de 2016, não tendo operado, portanto, a prescrição da
pretensão punitiva do Estado.
Pela excelência, destaca-se parte da insurgência ministerial a
qual afasta quaisquer argumentos contrários à execução da atividade criminosa nos períodos
entre 01/11/2003 a 31/05/2016:
"Como se vê, ao contrário do que entendeu o Juízo a quo, inexiste afirmação
no sentido de que os saques indevidos somente ocorreram entre 08/1992 e
31/10/2003. Ao contrário, o item 7 do citado relatório afirma que o 3
recebimento indevido se deu de 01/08/1992 a 31/05/2016 e o fato de ter
ocorrido uma atualização bancária em 10/11/2003 e uma atualização de
endereço em 06/01/2007 (cf. extratos de histórico de benefício às fls. 9/10
do id. 194129367) reforçam essa tese.
Além disso, o tão só fato de haver um ofício do INSS ao Banco Bradesco
solicitando o estorno da quantia creditada apenas entre 2003 e 2016 não é
suficiente para sustentar que nesse período não houve saques indevidos,
notadamente porque não consta nos autos a informação de que o Banco

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Bradesco encontrou algo na conta do falecido. Ao revés, a ausência de
resposta da instituição financeira, que recebeu o ofício do INSS em
21/08/2017, conforme faz prova o AR à fl. 3 do id. 194129371, é um indício
de que não houve estorno por parte do banco e que, portanto, os saques
perduraram até 31/05/2016, razão pela qual não há que se falar em
prescrição da pretensão punitiva.
Com efeito, é certo que uma informação tão importante quanto o
estorno de vultosa quantia acumulada na conta do falecido por 13 anos
faria parte dos autos caso esse valor realmente tivesse sido encontrado
pelo banco."
Passemos, então, a análise da prescrição.

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O recebimento da denúncia deu-se em 28/02/2020 (id. 177640088, fl. 02),
sendo o primeiro marco interruptivo da prescrição. A sentença foi proferida em 24/04/2021
(id. 177640555).
Considerando que houve interposição de recurso por parte da acusação quanto
a absolvição do acusado, o prazo prescricional regula-se pela pena cominada em abstrato.
Na situação em tela, como a pena máxima aplicada ao crime é de 5 (cinco)
anos aumentada em 1/3 (um terço) pelo art.171, §3º do CP, de acordo com o art. 109, inciso

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III, do Código Penal, a prescrição opera-se em um prazo de 12 (doze) anos. Observa-se,
portanto, que, o último marco interruptivo da prescrição, foi o recebimento da denúncia
(28/02/2020), não transcorrendo mais de 12 (doze anos) desde então, a prescrição somente
ocorrerá em 27/02/2032.

III
MÉRITO
O recurso de apelação da acusação deve ser provido.
Segundo o Parquet, entre agosto de 1992 e julho de 2016, Zilkar Menezes
Weber obteve vantagem ilícita em prejuízo da União, ao ocultar, dolosamente, do INSS, a
morte de Karlos Weber Filho, ocorrida em 24/08/1992, o que permitiu que o órgão pagador,
induzido em erro, continuasse depositando os valores atinentes ao benefício de aposentadoria.
A materialidade está amplamente demostrada pelas provas juntadas aos
autos: Procedimento Administrativo do INSS, Certidão de óbito do beneficiário Karlos
Weber Filho (id. 177640084, fl. 19), extrato de histórico de benefício (id. 177640084, fls.
09/10), o qual registra a atualização da conta de depósito e de endereço, posteriores ao
falecimento do beneficiário (id. 177640084, fl. 19), a relação de valores recebidos
indevidamente (id. 177640084, fls. 22/30) e, especialmente, o depoimento
da testemunhas Karla Santos Weber, e, os interrogatórios dos denunciados, provas que
demonstram, sem dúvida, a vontade livre e consciente do apelado em praticar o crime dos

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autos.
Nesse ponto, destaca-se trecho das razões recursais do Ministério Público
Federal, o que ora ratifica em todos os seus termos, que bem esclareceu tais circunstâncias
(id. 177640560):
"A autoria delitiva por parte de ZILKAR MENEZES WEBER encontra-se
devidamente comprovada. Diferentemente do quanto entendido pelo Juízo a
quo, o fato de não constar nos autos prova documental que aponte
especificamente para o réu como autor dos saques não é suficiente para
concluir pela ausência de autoria, notadamente porque o consistente
depoimento de Karla Santos Weber aliado às inconsistências nos
depoimentos em sede policial e em Juízo do réu, apontam para

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ZILKAR como autor dos saques.
O Juízo a quo entendeu que o depoimento de Karla não poderia ser usado
como prova em razão do grau de parentesco e a animosidade existente entre
ela e o réu, seu pai, além de ter sido a única prova oral produzida pela
acusação. Todavia, não merece prosperar o argumento do Juízo.
Isso porque, uma vez não havendo prova documental do fato, já que
inexistia procurador cadastrado junto ao INSS, a prova testemunhal ganha
especial relevância, principalmente no caso em apreço em que a questão se

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restringiu ao âmbito familiar, ou seja, os familiares é que tinham
conhecimento próprio dos fatos.
Da leitura dos arts. 208 e 206 do CPP, infere-se que os parentes podem ser
ouvidos como testemunhas e, nessa condição, apesar de não prestarem o
compromisso de dizer a verdade e de haver uma presunção de parcialidade,
no caso em apreço ficou claro que o depoimento de Karla Santos Weber está
revestido de coerência e em conformidade com o restante da prova
produzida, merecendo ser considerado como meio de prova. Vejamos.
Ouvida na condição de declarante por ser neta e procuradora pública
de ZILDA e filha de ZILKAR, Karla Santos Weber, corroborando o
que já tinha declarado em sede policial (fls. 36/37 do id. 194129371),
explicou que seu pai, a esposa e os seis filhos foram morar com ela
(Karla) e seus avós (ZILDA e KARLOS) quando KARLOS adoeceu. A
partir de então, como KARLOS não tinha mais como ir ao banco, seu
cartão e senha foram repassados para ZILDA, mas era KARLOS quem
fazia os saques para evitar que sua avó idosa se dirigisse ao banco, por
medo. Ou seja, ZILKAR tinha acesso ao cartão e senha da
aposentadoria de seu pai, embora tenha negado tanto em Juízo quanto
em sede policial, aduzindo que apenas acompanhava sua mãe.
Karla também explicou que, quando seu avô faleceu, ZILKAR deu início
aos trâmites de inventário e reconhecimento da união estável entre
ZILDA e KARLOS. Após o reconhecimento da união (cf. Id. 455076393 –
documento de publicação da sentença de reconhecimento da sociedade de
fato), a advogada do caso comunicou que ZILDA teria direito ao benefício
do seu falecido esposo, razão pela qual ela pediu que ZILKAR fosse ao
INSS se informar sobre isso. Karla disse que na presença dela e de sua
avó, ZILKAR retornou do INSS dizendo que o órgão informara que
ZILDA não teria direito à aposentadoria por não ser casada com

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KARLOS. Como não tinha conhecimento, Karla acreditou na informação,
pois achava que, para o INSS, não era suficiente o reconhecimento da união
estável. Ela e sua avó então ficaram alheias a quaisquer outras questões
envolvendo o INSS, afinal, quando ZILKAR se dirigiu ao INSS,
presumiram que ele informou o óbito de KARLOS.
A declarante então explicou que somente em 2016 ficaram sabendo que a
aposentadoria de KARLOS ainda estava ativa, quando sua avó, após ser
expulsa da própria casa por ZILKAR, foi morar com ela e Karla passou a
cuidar dos proventos de ZILDA, que era aposentada pela Prefeitura e pelo
Estado. Em um almoço familiar, Karla comentou com a mãe de sua amiga
ÚRSULA HID DA SILVA – que, em Juízo, confirmou os fatos (cf. Arquivo
de vídeo de id. 473677488), dando credibilidade às declarações de Karla –

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que o INSS disse que sua avó ZILDA não tinha direito à aposentadoria do
seu falecido avô. A mãe de ÚRSULA, que era funcionária aposentada do
INSS, achou estranho a informação e pediu os dados de KARLOS para
verificar com algum amigo do INSS que ainda estava na ativa. Foi então que
Karla recebeu a informação de que a aposentadoria de seu avô KARLOS
ainda estava ativa, ou seja, que alguém estava recebendo os proventos do
benefício do falecido.
Assim, com receio de que sua avó fosse acusada de estar fazendo esses
saques e para demonstrar sua boa-fé, Karla, orientada pela vizinha e

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advogada BRUNA DA SILVA COELHO – que, em Juízo, também
confirmou tais informações (cf. Arquivo de vídeo de id. 473597904),
respaldando mais uma vez o depoimento de Karla –, fez a denúncia na
Ouvidoria-Geral do INSS, elaborou uma carta ao órgão explicando o que
descobrira e ainda registrou um Boletim de Ocorrência sobre os fatos. A
declarante disse ainda que procurou o INSS para que sua avó ZILDA
começasse a receber a aposentadoria do seu avô, mas o pedido foi
negado, razão pela qual entrou com ação judicial e ZILDA vem
recebendo o benefício desde 2018.
Indagada pelo MPF, Karla explicou que os documentos e cartões de seu
avô KARLOS ficaram com ZILKAR para ele resolver as pendências, já
que seus avós não eram casados e para ele, na condição de filho, seria
mais fácil. Ela disse ainda que ZILKAR não sacava só o benefício de seu
avô, mas também os proventos das duas aposentadorias que ZILDA
recebia e transferia uma parte dos valores sacados para a conta de sua
esposa, de modo que para sua avó ZILDA não sobrava nada e ela vivia
para cobrir os gastos domésticos. Os 50 comprovantes de transferências
bancárias juntados por KARLA no id. 435901853 corroboram as
informações trazidas pela declarante em seu depoimento judicial,
tornando seu depoimento ainda mais verossímil.
Tal fato, atrelado ao consistente trilhar factual indicado por Karla, o qual foi
subsidiado pelos depoimentos de outras testemunhas – que, apesar de terem
sido arroladas pela defesa de ZILDA, auxiliaram na comprovação dos fatos
alegados pela acusação, afinal, a prova é do processo e não da parte –,
demonstram que o réu ZILKAR MENEZES WEBER era quem detinha,
controlava e usufruía dos cartões que deveriam estar em posse da sua
genitora, utilizando-se, inclusive, do cartão do seu falecido pai, sem o
conhecimento de ZILDA ou de sua neta Karla.
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Além disso, as inconsistências nos depoimentos em sede policial e em Juízo
do réu, arrematam a prova de que ele foi o único autor dos saques.
Ouvido pela autoridade policial, ZILKAR MENEZES WEBER disse que
sua mãe ZILDA era quem possuía o cartão e a senha do benefício de seu pai
e ele, ZILKAR, apenas a acompanhava durante os saques. Disse que sua
mãe foi quem ficou na posse de todos os documentos relativos ao seu pai,
inclusive cartão e senha do benefício previdenciário, acreditando que Karla
Santos Weber foi a responsável pelos saques. O réu também disse que sua
mãe era quem arcava com as despesas da casa e apenas as despesas
alimentares que eram partilhadas com ele e sua esposa (fl. 32 do id.
194129371 e fl. 31 do id. 194129375).
Em Juízo (cf. Arquivo de vídeo de id. 473597904), com o intuito de tentar

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contradizer o que Karla havia declarado, no sentido de que o dinheiro das
aposentadorias de ZILDA era todo empregado nas despesas domésticas, o
réu declarou que a única despesa paga por sua mãe era o condomínio, em
contradição com o que havia declarado à autoridade policial. Tal
circunstância já coloca em cheque a verossimilhança das suas alegações e
corrobora o consistente depoimento de Karla.
Além disso, ZILKAR disse em seu interrogatório judicial que quando seu
pai faleceu ele mesmo orientou sua mãe e Karla a irem ao banco para
receber o benefício de aposentadoria do seu falecido pai, mas que sua mãe

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não lhe falou se obteve êxito ou não, mesmo ambos ainda residindo na
mesma casa. Disse que então pensou que ZILDA já estava recebendo o
benefício em seu próprio nome.
Todavia, não fazem sentido as declarações do réu. Ora, se ZILKAR
realmente tivesse dado essa orientação a sua mãe, era óbvio que ela
teria se dirigido aos órgãos necessários para receber a aposentadoria do
seu falecido esposo, uma vez que ela realmente fazia jus ao benefício e a
advogada do inventário já havia alertado sobre isso. Se fosse verdadeiro
o quanto dito por ZILKAR, ZILDA não teria demorado tanto para
começar a receber o benefício – o que somente aconteceu em 2018, após
ação judicial, pois o INSS negou administrativamente – e Karla não
teria registrado denúncias no próprio INSS e na polícia ao descobrir
que o benefício seu avô ainda estava ativo. Além disso, não faz sentido
acreditar que ZILDA se prestaria a receber o benefício de forma
irregular durante tanto tempo, sendo que ela sabia que tinha direito a
ele.
Como se vê, as circunstâncias acima relatadas, verdadeiros indícios da
autoria delitiva, demonstram claramente que o interrogatório do réu não se
mostra apto a infirmar todo o conjunto probatório contido nos autos, o qual
revela que ZILKAR MENEZES WEBER dolosamente ocultou do INSS
a morte de seu genitor, ocorrida em 24/08/1992, passando-se, inclusive
por ele em algumas provas de vida, o que permitiu que o órgão
pagador, induzido em erro, continuasse depositando os valores
atinentes à pensão por morte."

Igualmente, a autoria da conduta restou-se incontroversa. Zilkar Menezes

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Weber foi o responsável pelos trâmites do inventário bem como pelo reconhecimento da
União estável entre seu pai falecido (Karlos) e sua mãe (Zilda), dirigindo-se ao INSS,
posteriormente, a fim de verificar a possibilidade de Zilda receber os valores, por ser
companheira supérstite. Permaneceu com todos os documentos do falecido, inclusive cartões
e senhas, a fim de realizar os citados procedimentos, sendo o único capaz de receber os
valores sacados indevidamente, já que Zilda, mal conseguia arcar com as despesas básicas do
mês, em que pese também recebesse uma aposentadoria. Conforme documento juntado pela
testemunha Karla, Zilkar quem sacava a aposentadoria de sua mãe e depois depositava apenas
parte desta quantia para a mesma.
Ademais, repita-se, "se fosse verdadeiro o quanto dito por ZILKAR, ZILDA

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não teria demorado tanto para começar a receber o benefício – o que somente aconteceu em
2018, após ação judicial, pois o INSS negou administrativamente – e Karla não teria
registrado denúncias no próprio INSS e na polícia ao descobrir que o benefício seu avô
ainda estava ativo. Além disso, não faz sentido acreditar que ZILDA se prestaria a receber o
benefício de forma irregular durante tanto tempo, sendo que ela sabia que tinha direito a
ele".
Assim, ante à comprovação da autoria e materialidade delitiva a sentença

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merece ser reformada para que o apelado, Zilkar Menezes Weber, seja condenado pelo crime
do art. 171, § 3º do CP.

IV
CONCLUSÃO
Tais as circunstâncias, o Ministério Público Federal manifesta-se pelo
conhecimento e provimento da apelação.

Brasília/DF, data da assinatura eletrônica

ANDREA SILVA ARAUJO


Procuradora Regional da República

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