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Sumário

Carta aos Delegados 3


O CSNU 4
Ladakh: uma disputa territorial 5
Motivações do conflito 6
Raízes históricas 8
Demarcação legal de Ladakh 9
Alteração no cenário político global 10
Posicionamento das Nações Unidas 11
Envolvimento Internacional 12

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Carta aos Delegados

Senhoras e Senhores Delegados, é com prazer que damos início ao SJONU11 e ao Conselho de Segurança
das Nações Unidas, de tema “A Escalada das Tensões no Ladakh”. A simulação da ONU, evento preparado
pelos alunos para os alunos, tornou-se uma tradição do Colégio São José ao longo desses orgulhosos onze
anos. O mais esperado evento do ano traz a oportunidade de os alunos participarem e agirem de forma
autônoma, desafiando e ultrapassando seus próprios limites.
O CSNU propõe o debate do confronto sino-indiano acerca da demarcação fronteiriça no Ladakh,
permitindo aos alunos um olhar mais atencioso sobre os eventos do hemisfério oriental e uma melhor
compreensão de culturas tão diversas e plurais. O debate buscará a proposta de solução que respeite o
Direito Internacional e, essencialmente, os Direitos Humanos. O verdadeiro desafio e propósito do SJONU é
a proposta de deixar de lado as individualidades, crenças e ideologias para abraçar, compreender e defender
pontos de vista diversificados de forma respeitosa e resiliente. Ao assumir uma Delegação, o Delegado está
comprometido a representar sua cultura e política apesar de crenças individuais.
Cada ano de debate representa um ciclo de desafios, um novo país, comitê e tema; a cada ano de debate os
Delegados encontram em si mesmos o potencial e habilidades necessárias para tirarem proveito máximo do
debate. Aos Delegados do terceiro ano que encontram aqui o último ciclo, os Senhores colhem hoje os frutos
dessa jornada, parabéns por onde chegaram. Àqueles do primeiro e segundo ano, os Senhores detém aqui a
oportunidade de tornarem essa jornada memorável, vivendo o projeto em sua totalidade.
Nós da ORG fizemos nosso melhor para oferecer um evento grandioso e inesquecível para os Senhores,
temos a esperança de que desfrutem do SJONU11 e que se lembrem do mesmo com carinho e orgulho.
Esperamos que encarem esse desafio de forma nobre, aproveitando este evento emocionante e a liberdade
que terão para se superarem. Desejamos, acima de tudo, que descubram a paixão pelo projeto que aqueles
que vieram antes de vocês também descobriram.
Atenciosamente,
Secretária geral Acadêmica:
Isabella Tomsic
Diretoras de Mesa:
Beatriz Gollegã,
Bruna Bence,
Camila Calil,
Ludmylla Rezende,
Luisa Brovini.

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O CSNU

Neste ano o SJONU11 sediará o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) sob o pretexto de
discutir a “Escalada das tensões no Ladakh”, situação essa que coloca em risco a segurança internacional e
ameaça a diplomacia entre os membros constituintes do CSNU.
A Organização das Nações Unidas é uma organização intergovernamental criada para promover a
cooperação internacional. Para conduzir assuntos relacionados à paz e segurança internacional, a ONU geou
um órgão de composição reduzida, contando com cinco membros permanentes (os P5), sendo eles China,
Estados Unidos, Rússia, França e Reino Unido; e outros dez membros honorários convidados de acordo com
o tema do comitê.
Com base nos Capítulos VI e VII da Carta das Nações Unidas, o Conselho de Segurança pode decidir sobre
medidas a serem adotadas em relação aos estados cujas ações não condizem com as normas do Direito
Internacional, delimitado pela Carta. Dentre as decisões que podem ser tomadas ao amparo do Capítulo VII
estão o embargo de armas, sanções abrangentes e mesmo a autorização de intervenção armada. Essas
medidas são manifestações impositivas da autoridade do CSNU, pois dispensam o consentimento das partes
em conflito.
Durante todo o comitê, cada participante deve assumir integralmente o posicionamento oficial de sua
delegação, sendo esse um princípio irremediável. Para que tal dever seja plenamente cumprido, os Senhores
e Senhoras Delegados devem, de forma comprometida, estudar a política e história do país ou ONG que lhes
foram designados. O domínio sobre as características de suas delegações é crucial para o próprio
desenvolvimento do debate.
Os Delegados devem utilizar esse documento apenas como base e direcionamento de estudo, é
imprescindível o estudo íntegro de cada um dos tópicos aqui apresentado, direcionando as pesquisas ao
contexto de sua delegação e de como a se dá a relação da mesma com o assunto e com as demais delegações,
analisando leis, tratados e ligações culturais e econômicas. As fontes de pesquisa devem ser confiáveis e
reconhecidas nacional e internacionalmente.

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Ladakh: uma disputa territorial

O conflito histórico entre a China e a Índia é enraizado em uma complexa teia de eventos, disputas
territoriais e rivalidades geopolíticas que remontam a muitos séculos. Esses dois gigantes asiáticos, cada um
com rica herança cultural e histórica, têm compartilhado uma fronteira conturbada e muitas vezes
contestada, que ao longo do tempo deu origem a tensões e confrontos periódicos. Para entender o contexto
do atual conflito no Ladakh, é crucial traçar as linhas das histórias desses países e examinar como elas se
entrelaçaram até o presente.
Tanto a China quanto a Índia possuem uma rica história que remonta a milhares de anos. A China, com sua
civilização antiga, desenvolveu um império vasto e influente ao longo dos séculos, moldando a política e a
cultura da região. Da mesma forma, a Índia também teve um passado marcado por uma rica diversidade de
culturas, impérios e sistemas de governo.
As fronteiras entre a China e a Índia ao longo do Himalaia nunca foram claramente definidas, e isso deu
origem a uma série de disputas territoriais ao longo dos anos. Desde o século XIX, quando o império
britânico estava em ascensão, as fronteiras foram delimitadas de maneira incompleta e muitas vezes sem
tomar em consideração os aspectos culturais e geográficas de cada área, levando a mal-entendidos que
persistem até os dias atuais.
No século XX, a China passou por transformações políticas drásticas, culminando na ascensão do Partido
Comunista Chinês ao poder. Após a fundação da República Popular da China em 1949, os laços sino-
indianos oscilaram entre a cooperação e a competição, frequentemente centradas em questões territoriais.
Um dos pontos mais sensíveis é a região do Aksai Chin, uma vasta área no Ladakh que a Índia considera
parte de seu território, enquanto a China a administra.
Os conflitos fronteiriços entre a China e a Índia eclodiram em 1962, culminando em uma breve, mas intensa,
guerra. Desde então, ambos os países têm mantido uma vigilância constante em suas fronteiras, resultando
em combates ocasionais e tensões persistentes.
O conflito atual no Ladakh, com seus confrontos em Galwan e movimentações militares significativas, é um
lembrete pungente dessa relação histórica complexa. Enquanto os dois países buscam ativamente o
desenvolvimento econômico e tecnológico, as preocupações de segurança e as ambições geopolíticas
continuam a influenciar suas interações. A questão das fronteiras, especialmente no contexto da
modernização das forças armadas e do aumento da influência global, permanece um ponto de choque
potencial.
Em 2020, houve um confronto entre soldados chineses e indianos no vale de Galdwan, região disputada de
Ladakh, em que as patrulhas se chocaram com “pedras e paus”, deixando pelo menos 20 soldados indianos
mortos. Segundo Nova Delhi, também houveram feridos do lado chinês, mas Pequim não confirma esta
informação. A batalha se deu desta forma pois os países possuem um acordo de não armamento nos locais
de patrulha fronteiriça e, mesmo durante o choque, tal acordo não foi rompido.
De acordo com Nova Delhi, ainda em maio, perceberam-se movimentações na patrulha chinesa para locais
que a Índia reconhece como seu território. Isto ocorre após a construção de uma nova rodovia que se liga a
uma base aérea, reativada em 2008 pelos indianos, questão na qual Pequim opõe-se fortemente. Estas ações
têm sido vistas como projetos para obter vantagem tática na região criando um clima de tensão por ambos os
Estados.

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À medida que a Índia e a China navegam por um cenário geopolítico em rápida mutação, a história
compartilhada dessas nações desempenha um papel fundamental em moldar suas percepções mútuas e a
maneira como buscam resolver as tensões atuais no Ladakh. A resolução desse conflito histórico requer não
apenas negociações delicadas, mas também uma compreensão profunda da história e das motivações de
ambos os lados.

Motivações do conflito

Ladakh é uma região montanhosa localizada no norte da Índia, pertencente ao estado de Jammu e Caxemira.
É um local geograficamente isolado, situado entre as cadeias de montanhas do Himalaia e do Caracórum.
O território detém plurais comunidades étnicas e abriga monastérios e locais sagrados ao budismo tibetano,
representando, assim, um local de profunda relevância cultural. Além de suas riquezas naturais e culturais,
Ladakh é estrategicamente relevante por consequência a sua posição fronteiriça entre Índia, China e
Paquistão.
O conflito sino-indiano que permeia tal região possui diversas motivações, podem ser pontuadas o/a/os/as:

1. Disputas Territoriais: Uma das principais motivações é a disputa territorial sobre a região do Ladakh,
especificamente a área conhecida como Aksai Chin. Ambos os países reivindicam partes desse território.
2. Rivalidade Geopolítica: A Índia e a China são duas das principais potências asiáticas, e suas rivalidades
geopolíticas influenciam o conflito. Ambos os países buscam aumentar sua influência regional e global, o
que muitas vezes coloca seus interesses em rota de colisão.
3. Estratégia de Fronteira: A China tem uma estratégia de segurança que envolve expandir suas fronteiras e
reivindicar áreas que considera historicamente suas. Isso se alinha com sua política de "integridade
territorial", que pode entrar em conflito com os interesses territoriais da Índia.

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4. Infraestrutura e Acesso Estratégico: A construção de infraestrutura militar, como estradas e bases
avançadas, no Ladakh, é uma motivação para ambas as partes. Ter acesso rápido e eficiente a essa região
montanhosa é de importância estratégica para a defesa e a projeção de poder.
5. Preocupações de Segurança: A proximidade das regiões fronteiriças à China e Índia pode levantar
preocupações de segurança para ambos os países. Questões como a militarização da região, a movimentação
de tropas e a presença de bases militares podem ser vistos como ameaças potenciais.
6. Nacionalismo e Prestígio: Questões de nacionalismo e prestígio também desempenham um papel
importante. Governos de ambos os países muitas vezes precisam mostrar resoluções fortes em relação às
disputas territoriais para manter o apoio interno e a imagem externa.
7. Equilíbrio de Poder na Ásia: O resultado desse conflito pode ter implicações para o equilíbrio de poder na
Ásia. Tanto a Índia quanto a China estão buscando consolidar sua influência na região, e o controle sobre o
Ladakh pode afetar suas capacidades de fazerem isso.
8. Acesso a Recursos Naturais: A região do Ladakh é rica em recursos naturais, como minerais e água, que
podem ter implicações econômicas e estratégicas para ambos os países.

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Raízes históricas

1. Colonialismo britânico
O colonialismo britânico nas áreas que agora compreendem a Índia, o Paquistão e outras partes da região do
sul da Ásia teve um impacto significativo na forma como as fronteiras e as divisões territoriais foram
estabelecidas. A Índia colonial era uma colônia da Coroa Britânica por quase dois séculos e os britânicos
desempenharam um papel fundamental na redefinição das fronteiras e divisões territoriais na região.
A Companhia Britânica das Índias Orientais estabeleceu seu domínio sobre partes da Índia a partir do século
XVII, adotando uma política de "dividir para governar", explorando diferenças religiosas, culturais e étnicas
para manter o controle sobre a população. Eles frequentemente acentuavam as divisões entre comunidades, o
que teve um impacto duradouro nas relações intercomunitárias.
Durante o século XX, a Índia testemunhou um forte movimento de independência liderado por figuras como
Mahatma Gandhi e Jawaharlal Nehru. Em 1947, o Reino Unido concedeu a independência à Índia e também
dividiu o subcontinente em dois estados independentes: a Índia, de maioria hindu, e o Paquistão, de maioria
muçulmana.
A divisão territorial e as fronteiras traçadas durante a partição foram baseadas em várias considerações
políticas e demográficas, mas não levaram em consideração a complexidade das identidades culturais,
étnicas e religiosas das regiões. Isso criou tensões duradouras e disputas, incluindo a disputa sino-indiana
sobre o Ladakh.
2. A relação sino-indiana
A relação histórica entre a China e a Índia é complexa e multifacetada, com altos e baixos ao longo dos
séculos. Ela foi marcada por momentos de cooperação, interação cultural e também por tensões e conflitos.
Disputas territoriais em regiões como o Himalaia criaram atritos. O conflito mais significativo foi a guerra
de 1962, quando as forças chinesas invadiram a região de Ladakh, levando a um conflito armado entre os
dois países.
Durante a Guerra Fria, a China comunista e a Índia independente assumiram posições diferentes no cenário
geopolítico global. Enquanto a Índia buscou um caminho não alinhado, mantendo laços estreitos com a
União Soviética, a China se alinhou mais à União Soviética no início e posteriormente se aproximou dos
Estados Unidos (tópico este que será melhor discutido em outro momento).
Ambos os países reconhecem a importância de sua cooperação econômica e comercial e têm trabalhado em
iniciativas conjuntas, como o BRICS (grupo de países emergentes) e a Cooperação Econômica Regional
Abrangente (RCEP).

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Demarcação legal de Ladakh

Ladakh é historicamente uma região com uma rica herança cultural e esteve sob o domínio de diferentes
governantes ao longo dos séculos. No entanto, em tempos modernos, Ladakh estava sob o controle indiano
quando a Índia se tornou independente do domínio colonial britânico.
Durante o período colonial britânico, a região de Ladakh estava sob a administração indireta do Império
Britânico, dentro do que era conhecido como o "Princely State of Jammu and Kashmir" (Estado Principe de
Jammu e Caxemira). Essa região era governada por um líder local chamado Maharaja Hari Singh.
Quando a Índia e o Paquistão conquistaram independência em 1947, a questão da soberania sobre os estados
principescos, como Jammu e Caxemira (incluindo Ladakh), se tornou um ponto crucial. O Maharaja Hari
Singh, que liderava o Jammu e Caxemira, enfrentou a decisão de escolher entre se juntar à Índia, ao
Paquistão ou permanecer independente.
Em outubro de 1947, Ladakh e a região de Caxemira foram invadidos por tribos armadas apoiadas pelo
Paquistão. Diante dessa situação, o Maharaja Hari Singh decidiu se unir à Índia, buscando ajuda para lidar
com a invasão. Em resposta, a Índia enviou tropas para a região e um conflito armado eclodiu entre a Índia e
o Paquistão, que ficou conhecido como a Primeira Guerra Indo-Paquistanesa.
O conflito resultou em um cessar-fogo temporário em 1948 e na linha de cessar-fogo que separa as partes
controladas pela Índia e pelo Paquistão, conhecida como a "Linha de Controle". Esta linha também passa
pelo Ladakh, deixando uma parte da região sob o controle do Paquistão, chamada de Gilgit-Baltistão.
A China, por sua vez, reivindica parte de Ladakh, especificamente a área conhecida como Aksai Chin, como
parte de sua província de Xinjiang. A China defende sua reivindicação com base em argumentos históricos e
geográficos. A área de Aksai Chin estava sob controle chinês antes do conflito fronteiriço de 1962 com a
Índia. Defendendo, então, que essa área estava sob sua administração antes do conflito e, portanto, deveria
permanecer sob seu controle.
Portanto, Ladakh e a maior parte da região de Jammu e Caxemira estão sob o controle indiano desde a
independência. No entanto, a disputa territorial persiste, com o Paquistão controlando uma parte da região e
a China reivindicando a área de Aksai Chin, também parte de Ladakh. A situação continua sendo uma fonte
de tensão e disputa na região.

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Alteração no cenário geopolítico global

Durante a Guerra Fria, que se estendeu aproximadamente do final da Segunda Guerra Mundial até o colapso
da União Soviética em 1991, a China e a Índia assumiram posições distintas no cenário global, o que
influenciou suas relações bilaterais.
A China comunista, sob a liderança de Mao Zedong, estabeleceu um governo socialista e buscou construir
uma economia planejada. Durante os primeiros anos após a Revolução Comunista de 1949, a China esteve
focada em consolidar seu governo e desenvolver suas instituições internas. Mao adotou uma
abordagem assertiva na política externa e estava menos inclinada à cooperação com potências ocidentais.
Por outro lado, a Índia, liderada por Jawaharlal Nehru, estava comprometida com o ideal do não-
alinhamento. Nehru procurou manter uma posição equidistante entre os dois blocos liderados pelos Estados
Unidos e pela União Soviética. A Índia não queria se alinhar completamente com nenhum dos superpoderes
e buscava construir relações independentes com várias nações.
A divergência nas posições ideológicas e geopolíticas das duas nações desempenhou um papel importante na
relação sino-indiana durante a Guerra Fria. No início, a China e a Índia mostraram certo grau de simpatia
mútua, como países recém-independentes com líderes carismáticos e populares. No entanto, as tensões
começaram a aumentar à medida que questões territoriais não resolvidas, como a disputa de fronteira sobre
Aksai Chin, começaram a causar atritos.
O agravamento das tensões culminou na Guerra Sino-Indiana de 1962, que durou cerca de um mês e
resultou em um conflito armado nas regiões fronteiriças do Himalaia. A guerra deixou cicatrizes nas
relações bilaterais e teve um impacto duradouro.
Embora as tensões tenham persistido por várias décadas, os dois países também buscaram normalizar suas
relações e cooperar em várias áreas. A visita do então Primeiro-Ministro indiano Rajiv Gandhi à China em
1988 foi um marco importante na tentativa de reconciliação, abrindo caminho para uma melhoria gradual
das relações bilaterais nas décadas seguintes.
Ainda hoje, as lembranças da Guerra de 1962 e outras questões históricas e contemporâneas continuam a
influenciar as relações sino-indianas. O equilíbrio delicado entre cooperação e competição, bem como a
abordagem diplomática e estratégica de ambas as nações, continua a moldar a natureza dessa relação
complexa.
A repercussão mundial do conflito de Ladakh foi considerável. A comunidade internacional estava
preocupada com a escalada das tensões entre duas potências energéticas e os riscos associados a um conflito
direto entre a Índia e a China. Várias nações expressaram preocupação e pediram moderação aos dois países,
incentivando o diálogo e a resolução da disputa.
Além disso, houve envolvimento externo no conflito de Ladakh, principalmente por meio de alianças e
acordos bilaterais. A Índia recebeu apoio diplomático e político de países como Estados Unidos, Japão e
Austrália, que são membros do chamado "Quad" (Quadrilateral Security Dialogue), uma aliança regional
para promover a estabilidade e a segurança no Indo-Pacífico. Por sua vez, a China também recebeu apoio de
alguns países, principalmente no contexto de suas relações bilaterais. No entanto, a postura mais agressiva
da China em relação às disputas territoriais e marítimas na região do Mar da China Meridional e o aumento
das tensões com várias nações, incluindo Estados Unidos e países do Sudeste Asiático, alcançaram o apoio
internacional à China mais limitado.
Em termos de intervenção direta no conflito, tanto a Índia quanto a China buscaram principalmente resolver
uma disputa por meio de negócios diplomáticos. Embora tenham ocorrido confrontos militares na região de
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Ladakh em 2020, os dois países concordaram com um desengajamento parcial e reduziram o sofrimento
através de várias rodadas de diálogo.

Posicionamento das Nações Unidas

A escala das tensões no Ladakh chama a atenção da Organização das Nações Unidas devido ao seu potencial
de choque. O desencadeamento de uma guerra armada entre a China e a Índia representaria uma ameaça a
todo o continente asiático pois constituem as duas maiores potências asiáticas no tocante populacional e
bélico.
A posição oficial da ONU em relação ao conflito sino-indiano em Ladakh, bem como à outras disputas
territoriais, é de encorajamento à proposta uma resolução pacífica e diplomática que contemple o direito
internacional e a soberania dos países envolvidos e, acima de tudo, respeitando os direitos humanos.
O Capítulo VI da Carta trata da solução pacífica de disputas internacionais. Ele estabelece que os Estados-
membros devem buscar resolver suas controvérsias por meios pacíficos, como negociação, mediação,
conciliação ou arbitragem; proíbe o uso da força em relações internacionais, exceto em casos de legítima
defesa individual ou coletiva, conforme estabelecido no Capítulo VII, qualquer ação militar deve ser
autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU.
É enfatizada a não intervenção nos assuntos internos dos Estados. Cada Estado tem o direito de determinar
seu próprio sistema político, econômico, social e cultural, sem interferência externa.

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Envolvimento Internacional

Em 2020, o porta-voz do Exército de Libertação Popular chinês ressaltara que a soberania sobre a região do
vale do Galwan era “da China” e denunciara a violação dos acordos obtidos no nível mais alto, infringindo
os sentimentos do povo em ambas as nações. Ele convocara a Índia a “restringir estritamente suas tropas na
fronteira, parar todas as ações provocativas, encontrar o lado chinês no meio do caminho e voltar ao
caminho correto de solver as disputas via diálogo”. A China argumenta que Aksai Chin fez parte de
dinastias chinesas antigas e que há registros históricos que respaldam sua reivindicação sobre a região.
Em oposição, a posição oficial da Índia sobre o conflito e a soberania do território em Ladakh é que a região
é uma parte integral de seu território e rejeita as reivindicações chinesas sobre Aksai Chin. A Índia alega que
Ladakh é uma parte intrínseca de sua história e cultura.
A Índia argumenta que Ladakh tinha ligações culturais e históricas com o subcontinente indiano ao longo
dos séculos. A presença do budismo na região e as conexões com o restante do subcontinente são citadas
como evidências de sua reivindicação.
O Paquistão é um país central na disputa devido à sua localização e cultura. Possui uma relação complexa
com a Índia e está envolvido em disputas territoriais com a mesma acerca da região da Caxemira. O
Paquistão reivindica partes da Caxemira que atualmente estão sob controle indiano e também é um aliado
próximo da China.
No tocante às interferências externas, alguns dos países membros se posicionaram oficialmente, enquanto
outros se relacionam de forma indireta com o conflito e seus envolvimentos devem ser analisados de acordo
com seus blocos econômicos, relações comerciais e aproximação cultural com as partes do conflito.
Os Estados Unidos têm se concentrado em fortalecer laços com parceiros na Ásia para equilibrar a
influência da China na região. Isso inclui o apoio a países como a Índia, Japão, Austrália e outros para
promover uma ordem regional baseada em regras e segurança.
Sob uma perspectiva geral, a posição política estadunidense segue um viés semelhante ao remanescente da
bipolarização global gerada pela Guerra Fria. Desta forma, a proximidade dos EUA com a Índia demonstra,
na realidade, uma tentativa de barrar a constante expansão da cultura oriental, em oposição às potências
China e Rússia.
Enquanto isso, a Rússia, que mantém relações fraternais com a China e a Índia, as quais considera parceiras
essenciais para seu projeto de integração euroasiática e de um mundo multilateral sob égide da Carta da
ONU, disse que os dois países “não necessitam de qualquer ajuda de fora” e podem “resolver por sua conta”
a crise.
Recebendo destaque no assunto devido ao colonialismo, o Reino Unido geralmente segue uma política
externa baseada em interesses nacionais e em alinhamentos estratégicos. Historicamente, o Reino Unido tem
sido um defensor do direito internacional, da resolução pacífica de conflitos e da estabilidade regional. O
Reino Unido teve relações mais próximas com a Índia, embora também tenha relações diplomáticas e
comerciais com a China.
A França e a Índia têm trabalhado para fortalecer laços diplomáticos, econômicos e de segurança. As
relações têm se aprofundado nas últimas décadas, abrangendo uma variedade de áreas inclusive a
modernização das forças armadas indianas.
No tocante à busca de uma solução que reúna os interesses de ambas as partes do conflito, alguns países
tomaram partido, tendendo a apoiarem mais a China, como Paquistão, Nepal, Afeganistão, Camboja, Coreia
do Norte e Irã. De mesmo modo, tendem a se aliarem à Índia os países África do Sul, Brasil e Bangladesh.

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Apesar das tendências citadas, os países participantes do CSNU devem buscar o equilíbrio entre a defesa do
posicionamento da Delegação e a busca de soluções diplomáticas que respeitem o Direito Internacional e os
Direitos Humanos.

Países constituintes do SJONU11

• Membros Permanentes (P5) • Membro convidado


República Popular da China Região Autônoma do Tibete
Estados Unidos da América
Reino Unido da Grã-Bretanha
República Francesa
Federação Russa
• Membros não-Permanentes
Estado do Japão
Comunidade da Austrália
República da Índia
República Popular do Bangladesh
República Islâmica do Afeganistão
República Democrática Federal do Nepal
República Federativa do Brasil
República Islâmica do Paquistão
República Popular Democrática da Coreia
República Islâmica do Irã
República da África do Sul
Reino do Camboja

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